Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Julia Paris Malaco – UCT19 Insuficiencia caridaca e miocardite Insuficiência cardíaca Funções do coração: bombear sangue, suprir a demanda de oxigênio sem elevar as pressões de enchimento. Definição de IC: síndrome clínica (conjunto de sinais e sintomas) por conta de uma desordem estrutural ou funcional que diminui a habilidade do ventrículo de se encher ou ejetar sangue. É basicamente a dificuldade do coração de manter um debito cardíaco adequado. Diástole: enchimento do ventrículo – relaxamento Sístole: ejeção do sangue pelo ventrículo – contração Tipos de IC Sistólica: diminuição força de contração - ejeção ruim – gera um DC baixo o Doença coronariana (1º), HAS, chagas Diastólica: diminuição do relaxamento - enchimento ruim – gera um DC baixo o Causas: HAS (1º), doença coronariana IC sistólica Dificuldade no bombeamento do sangue do coração para o corpo. Dilatação ventricular: Dificuldade de contração, por conta da dilatação ventricular – essa dilatação passa a não ser mais fisiológica e a sístole não é mais tão efetiva porque está ocorrendo uma dilatação excessiva. Fração de ejeção reduzida: Devido também a essa dilatação, a fração de ejeção (quantidade de sangue que sai do coração) vai estar diminuída porque não está tendo contração suficiente para mandar esse sangue o Fracção de ejeção = volume sistólico/volume diastólico final o Fisiologicamente: Sangue entra no VE (enchimento 100ml – volume diastólico final), quando o coração ejeta esse sangue para o corpo, geralmente é em torno de 60% do total (contração - volume sistólico) = 60/100 = 60%. DC também foi de 60% porque foi a quantidade ejetada e o coração fez seu trabalho correto. o Insuficiência sistólica: sangue entra no VE (100ml), mas o coração não consegue ejetar a quantidade normal, porque essa ocorrendo uma dilatação ventricular excessiva que não permite que o coração contraia corretamente, ejetando apenas 30% do total, portanto a essa fração de ejeção está baixa e consequentemente o DC também. Pressão de enchimento aumentada – sangue: muito volume, aumenta pressão B3: como a contração foi falha, ainda sobrou muito sangue no ventrículo, então o sangue que sai do átrio para ir para o ventrículo “bate” com o sangue que já estava no ventrículo, fazendo um turbilhonamento, que é B3 IC diastólica Dificuldade de enchimento do coração. Hipertrofia ventricular: dificulta a diástole, ou seja o relaxamento, é no relaxamento que o coração se enche, sem relaxamento, sem enchimento. Essa hipertrofia é grande e diminui também o tamanho da câmara cardíaca, fazendo com que caiba menos volume dentro (menos sangue), tendo pouco volume diastólico final Fração de ejeção normal: apesar do enchimento/relaxamento do ventrículo estar prejudicado por conta da hipertrofia, a contração/sístole ainda ocorre normalmente, então o sangue que entra, mesmo que seja pouco, será o sangue que vai sair, praticamente em seu volume total. o Dificuldade de enchimento: volume diastólico final/enchimento baixo, por exemplo 60ml, mas /contração/sístole normal, então desses 60ml, seriam ejetados mais ou menos 40% = 40/60% = 66%, portanto a fração de ejeção ainda continua boa mas apesar da conta, o debito cardíaco permanece baixo, porque a quantidade que está indo para o corpo ainda é de 40%. Pressão de enchimento aumentada – musculo: musculo hipertrofiado, excesso de musculo, aumenta a pressão B4: o sangue passa do átrio para o ventrículo por uma diferença de pressão, mas com a hipertrofia do ventrículo a pressão dele está mais alta, o que faz com que o átrio se distenda cada vez mais porque ele já está cheio e não está conseguindo mandar esse sangue para fora, com essa distensão tão grande, o átrio consegue fazer uma contração bem mais forte para conseguir mandar esse sangue para o ventrículo, essa Julia Paris Malaco – UCT19 distensão e contração do átrio forma uma bulha acessória, B4 Classificação topográfica: Direita: dependendo do grau da esquerda, falta de tratamento e etc, a pressão pulmonar começa a aumentar por conta do sangue que esta refluindo, passando a causar consequências no ventrículo direito, que terá que aumentar sua força por conta da pressão que está recebendo, ficando cada vez mais insuficiente por estar trabalhando em excesso, podendo levar a problemas congestivos. o Um exemplo de IC direita isolada é o cor pulmonale, que é causado pela hipertensão pulmonar. Também pode ocorrer por outras doenças que aumentam a pressão pulmonar e a consequência disso será afetar o VD. o A maioria das vezes ocorre secundário a IC esquerda mal tratada, que evolui para IC biventricular (direita e esquerda), tendo a clínica das duas ao mesmo tempo o Clínica da IC direita é mais congestiva e sistêmica o Edema de membros inferiores o Turgência jugular e hepatomegalia (ambas pelo sangue refluindo causando congestão) o Refluxo hepatojugular (pressão no fígado que faz com que a jugular aumente e fique visível) o Ascite Esquerda: sangue não consegue ir para frente/para o corpo, começa a turbilhonar e refluir para trás indo (voltando) para o pulmão, que foi de onde o sangue veio inicialmente, causando dispneia, ortopneia, dispneia paroxística noturna o Clínica da IC esquerda é mais pulmonar o Dispneia, cianose, fadiga, taquicardia, ortopneia, dispneia paroxística noturna o Hepatomegalia e turgência jugular – direita ou biventricular, esquerda isolada dificilmente causa o B3 Diferencia-se direita e esquerda pela etiologia, ver o porquê a doença começou IC de alto debito cardíaco Maior trabalho cardíaco Aumenta a demanda do fluxo ou desvio de sangue – DC aumenta para tentar compensar alguma patologia Ex: anemia, tireotoxicose, sepse. Tratar doença de base Patologia Lesão cardíaca baixo DC rim com má vascularização hipotensão rim libera sistema renina-angiotensina-aldosterona angiotensina faz vasoconstrição periférica aldosterona retém sódio e agua e ajuda no remodelamento cardíaco piora ainda mais a hipotensão suprarrenal libera catecolaminas para tentar ajudar aumenta toxicidade isquemia remodelamento apoptose necrose piora da lesão cardíaca Julia Paris Malaco – UCT19 *outra explicação para a IC* Doença cardíaca esgotam os mecanismos compensatórios fisiológicos ação na bomba cardíaca (fica insuficiente) causa hipoperfusão renal essa hipoperfusao ativa o sistema renina- angiotensina-aldosterona o sistema causa uma contratilidade cardíaca aumentada levando a hipertrofia cardíaca, depressão das catecolaminas cardíacas e piorar a função da bomba cardíaca o sistema SRAA libera aldosterona levando a retenção de sódio e agua (rim reconhece que precisa aumentar a volemia) aumenta pre carga (quantidade de sangue chegando no átrio) causa congestao e edema que fazem uma dilatação no coração piorando também a função de bombeamento cardíaco gera vasocontriçao que leva a hipoperfusoa tecidual também piorando a função de bombeamento. Diagnóstico Síndrome clínica: sinais e sintomas de IC Critérios de framingham: 2 critérios maiores ou 1 maior e 2 menores Abordagem laboratorial: Rotina de sangue. Raio X tórax ECG ECO Classificação da IC Estagio evolutivo (a, b, c, d) Classe funcional (nyha) Essas calcificações são usadas para saber o tratamento correto Classificação evolutiva (classificação de AHA): EstágioA: paciente só tem fatores de risco, sem a doença (HAS, DM, angina) Estágio B: paciente já é doente, tem disfunção VE mas é assintomático (ainda pode voltar a ser A com tratamento correto) Estágio C: paciente doente e sintomático (não retorna mais nos estágios) o Classificação Funcional NYHA – grau dos sintomas: o I - sem dispneia nas atividades habituais o II - com dispneia em atividades habituais o III – pequenos esforços causam sintomas, porém confortável ao repouso o IV - dispneia em repouso Estágio D: IC refratária Tratamento IECA ou BRA: bloqueia SRAA o Sempre começar com IECA porque além de inibir a enzima tem efeito vasodilatador também – enzima ECA é quem degrada a bradicinina, sem a ECA pela inibição do medicamento, não tem degradação de bradicinina, a qual tem efeito vasodilatador. Betabloqueador: bloqueia catecolaminas Vasodilatadores: inibe a vasocontrição Antagonista de aldosterona: impede remodelamento cardíaco Diuréticos: evita edema – furosemida Julia Paris Malaco – UCT19 Tratamento de acordo com classificação evolutiva e NYHA: Estagio A - assintomático: com FR o Tratamento individualizado, tratar fator de risco Estagio B – disfunção de VE e assintomático: o IECA e BB Estagio C – disfunção de VE e sintomático: NYHA o I – sem dispneia c/ atividades habituais: IECA + BB + diurético o II - com dispneia em atividades habituais: IECA + BB + diurético + espironolactona o III - dispneia com qualquer atividade (menos intensa que as habituais): IECA +BB + diurético + espironolactona + digital o IV - dispneia em repouso: IECA + BB + DIURÉTICO + ESPIRONOLACTONA + DIGITAL Estagio D – IC refratário o Todas as medicações anteriores 2 grupos de drogas: Drogas que aumentam a sobrevida: Beta-bloqueador IECA/BRA II Ant. da aldosterona Hidralazina + nitrato Ivabradina Valsartan + sacubitril Drogas sintomáticas Diuréticos Digital Miocardite Inflamação do miocárdio na ausência de isquemia, causando necrose e perda de miocitos Fisiopatologia: A miocardite é divindade em fase aguda, subaguda e crônica. Fase aguda: caracterizada pela viremia - lesão direta – necrose do miocito é causada pelo agente etiológico com a entrada do vírus na célula e replicação do mesmo dentro da célula, que acaba fazendo uma modulação na célula cardíaca e faz com que ela crie cada vez mais novos vírus e com isso ela acaba entrando em necrose porque perde sua função normal ou porque o excesso de replicação dentro dela faz com que ela “exploda”. Com a morte das células, ocorre recrutamento de células imunes para aquela região, nesse momento da fase aguda quem chega é o macrófago, fazendo uma reposta imune inata, para tentar remover o que a morte celular causou. O macrófago também inicia a sinalização para que essa resposta se adapte, ele então começa a liberar citocinas pro inflamatórias (IL1, IL2 TNF, IFgama). A fase aguda dura em torno de 7 a 10 dias e se sobrepõe a fase subaguda. Fase subaguda: começa mais ou menos a partir do 4º dia até 14 dias – depende da resposta imune. É nessa fase que ocorre a resposta imune adaptativa, com a presença de linfócitos T e B, esses linfócitos se infiltram no miocárdio, primeiro o T citotóxico que tem função de ativar a via de morte celular para matar a célula infectada, induzindo a consequente morte de mais miocitos. Os linfócitos B e T helper também chegam para opsonizar e neutralizar o vírus para que a infecção seja contida, mas os linfócitos B também reconhecem como estranhos os próprios componentes da célula (miocitos) - que são a miosina e actina (proteínas que fazem contração muscular) – e acabam matando essas proteínas também. Nessa fase é onde ocorre maior dano no miocárdio e onde é definido se o paciente terá sintomas ou não. Fase crônica: resolução/reparo da inflamação – substituição do tecido muscular por colágeno/tecido conjuntivo, que é a fibrose. A consequência dessa fibrose depende do quanto a resposta imune na fase anterior afetou o musculo cardíaco. Uma das consequências dessa fibrose, dependendo do tamanho, é a dilatação do ventrículo, pelo fato do tecido conjuntivo não conseguir fazer a contração que ocorria normalmente antes da fibrose, evoluindo para uma cardiomiopatia dilatada – aumento o volume diastólico e diminuição da fração de ejeção – podendo levar também a falência cardíaca. Julia Paris Malaco – UCT19 Manifestações clínicas: muito variável!! Assintomáticos Inespecíficos: Fadiga, dispneia, palpitações, dor torácica/precordial, síncope ou lipotimia e morte súbita – esses sintomas ocorrem por falta de bombeamento correto no coração, baixo fluxo de sangue e oxigênio para o cérebro e etc. 30% dos pacientes apresentam sintomas de infecção viral durante a fase aguda Suspeitar de miocardite quando: paciente juvem e hígido começa a ter sintomas de insuficiência cardíaca ou arritmia de início repentino. Evolução: Regressão completa do quadro sem sequelas Disfunção ventricular e insuficiência cardíaca crônica Diagnostico Suspeita clínica Exames laboratoriais: Marcadores séricos de inflamação: VHS, PCR, Leucograma (inespecíficos) Marcadores de necrose (dos miocitos): Troponina T e I (comportamento em platô – permanece alta sempre na fase aguda e subaguda = pior prognóstico) Marcadores de etiopatogenia: Fator antinúcleo (FAN), fator reumatoide (FR) HIV, hepatites B e C, EBV, CMV, parvovírus B19... Eletrocardiograma: Fase Aguda: o Bloqueios atrioventriculares o Infra ou supradesnível do segmento ST (doença coronariana) o Arritmias supraventriculares e ventriculares Fase Subaguda ou crônica: o Sobrecarga ventricular o Bloqueio de ramo esquerdo Ressonância Magnética: Melhor exame para avaliar a miocardite. T2: Edema miocárdico - miocardite aguda Realce tardio em meso-epicárdio: Necrose e fibrose (pior prognóstico) Biopsia endomiocárdica: padrão ouro
Compartilhar