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Abdome agudo inflamatório: Colecistite Aguda e Apendicite Aguda Autor: Pedro V.F. Medrado Colecistite Aguda - Impactação por cálculo biliar definitiva no infundíbulo da vesícula ou no ducto cístico, e que desenvolve alterações importantes. - Inflamação química por colecistina - Infecção por gram negativos e anaeróbios do conteúdo da vesícula biliar - Isquemia – perfuração da vesícula (o fundo) e a proliferação por microrganismos Quadro clínico - Cólica biliar por mais de 6h - Febre até 38,7ºC na forma aguda, em formas mais graves costumam aumentar mais - Leucocitose de 12 a 15.000/mm³ - Sinal de Murphy – patognomônico – parada na inspiração por dor no hipocôndrio direito por irritação do peritônio parietal - Massa palpável (25 a 50% dos casos) sugere que o omento está tentando bloquear o processo inflamatório - Icterícia – menos da metade dos pacientes podem desenvolver, isso ocorre pelo aumento de linfonodos que estão drenando o processo infeccioso, e esse aumento causa uma compressão do colédoco. · Normalmente a Icterícia associada à colecistite tem níveis <5 · Icterícia com níveis >5 – suspeita-se de: · Coledocolitíase concomitante à colecistite · A Sd de Mirizzi – obstrução por contiguidade a via biliar obstruindo-a Diagnóstico - Ultrassonografia – sinais ultrassonográficos que sugerem coleciste: · Espessamente da parede (> 4mm) · Coleção pericolecistica · Sinais de Murphy sonográfico – faz a pressão com o transdutor do US · Não é o padrão ouro · S= 85% e E= 95% - O padrão ouro quase nunca é usado, porque a clínica e US já nos fornece o diagnóstico - Colecistigrafia – Cintigrafia biliar para casos duvidosos · Princípio: Ácido iminodiacético marcado na veia e excretado na bile · Se a vesícula biliar aparecer na cintigrafia indica que o ducto cístico não está obstruído – não é uma colecistite aguda calculosa · S= 97% e E=90% Tratamento - Se tivermos uma Colecistite Aguda não complicada · Hidratação e analgesia · Antibioticoterapia · Cefalosporina de 3º geração (Ceftriaxone) + Metronidazol – cobrir gram negativos · Ampicilina/Sulbactam – cobrir produtoras de betalactamases (cobre anaeróbicos · Colecistectomia videolaparoscópica em 2 a 3 dias - Colecistite aguda enfisematosa – infecção da bile predominantemente por anaeróbicos (Clostridium) · Halo na vesícula · Presente em homens idosos e diabéticos – mais prevalente · Colecistectomia videolaparoscópica de forma imediata - Empiema de vesícula – colecistite com infecção por germes que produzem pus (sepse grave e eventualmente choque séptico) · Lembra a colangite bacteriana – taquipneico, taquicardíaco, leucocitose, febre grave · Colher hemoculturas – UTI · Repor volume e antibioticoterapia · Colecistectomia por via aberta de forma imediata - Coleciste aguda alitiásica – sem cálculo c/ acúmulo de bile, com distensão, inflamação, proliferação bacteriana e isquemia. · Em algumas situações: · Paciente em terapia intensiva com doença intercorrente grave; · Pacientes em uso de nutrição parenteral exclusiva; · Deve desconfiar quando o paciente começa a ter febre, elevação de PCR, pró-calcitonina – não costuma ter quadro de dor · São pacientes muito graves – risco cirúrgico proibitivo · Punção da vesícula de biliar guiado por imagem com drenagem do conteúdo biliar – Colecistostomia · Se o risco cirúrgico não for proibitivo · Colecistostomia percutânea c/ ATB terapia · Colecistectomia em 3 a 6 meses (eletiva) Apendicite Aguda - Pequena obstrução intestinal em alça fechada do apêndice (do óstio para ser exato). - Apêndice é uma estrutura alongada tubular (2 a 20 cm) que serve de encontro das tênias (três) do cólon (confluência das tênias). - É irrigado pela artéria ileoceco-apendicocólica (mesoapêndice) - 30% dos apêndices são pélvicos, na maioria das vezes são retrocecais (dobra para trás do ceco), podem ser pré-ileal, e cerca de 7% são retroperitoneais (manobra de Cattel-Braasch). - Causas: fecálito, hiperplasia linfoide, corpo estranho e tumores - A obstrução causa um aumento da pressão luminal –> diminui o retorno venoso –> congestão venosa –> isquemia –> em 48horas necrose e por fim perfuração, por isso a intervenção deve ser feita em até 48horas. Quadro clínico - Principal alteração é anorexia (perda de apetite), mas não é patognomico e pode não estar presente. - A dor abdominais inicial é difusa, causado pelo plexo esplâncnico, normalmente peri-umbilical - A evolução é para náuseas e vômitos, costumeiramente pela própria dor, ou seja, a dor precede a náuseas e vômitos. - Quando a dor é localizada em fossa ilíaca direita (apêndice colou na FID e parede abdominal), por comprometimento do peritônio parietal que inflama e facilita a localização essa dor é após 12h - Demorou – febre e leucocitose são sinais específicos, mas demoram a surgir como resultado de sepse - Se demorar ainda mais o paciente costuma ter uma massa palpável e plastrão (abscessos) após 48horas - Sinais semiológicos · Sinal de Blumberg – descompressão dolorosa em FID · Sinal de Rovsing – dor à direta (ordenha) na palpação esquerda – muito sensível e específico · Sinal de Lapinsky – dor na FID quando eleva o MID esticado · Sinal de Lenander – diferença de temperatura retal maior que a axilar maior que 1º - inflamação da região do peritônio · Sinal do psoas – dor à extensão/abdução da coxa direita · Sinal do obturador – dor à flexão/rotação interna da coxa · Sinal de Dunphy – dor em FID com a tosse · Sinal do calcanhar – dor em FID após queda do calcanhar - O diagnóstico é CLÍNICO – não tem essa de padrão-ouro ESCALA MODIFICADA DE ALVARADO – pontuar/probabilidade pré-teste (acurácia de 83%) · Dor que migra para FID – 1 ponto · Anorexia – 1 pontos · Náuseas/vômito – 1 pontos · Dor à palpação em FID – 2 pontos · Descompressão brusca dolorosa em FID – 1 pontos · Temperatura >37,5ºC – 1 pontos · Leucocitose (depende do laboratório) – 2 pontos - Se Alvarado maior ou igual a 4 – Tomografia (duvidosos ou idoso que mascara) - Se Alvarado maior ou igual a 7 – Apendicectomia Investigação diagnóstica - A USG é solicitada para todos os pacientes? · É operador-dependente, é ruim para obesos, logo só é solicitado em alguns casos específicos ou em dúvida · Sinal do Alvo – inflamação com fecálito na luz do apêndice no USG (>7mm) - Qual é o melhor exame? · Tomografia de abdome com contraste (apêndice com >7mm, e presença de fecalito) · Não solicita para todos, só para casos duvidosos e idosos - O diagnóstico nunca depende de imagem, pois tal é CLÍNICO Diagnóstico diferencial - A principal causa de dx diferencial é a linfadenite mesentérica – em crianças é comum após infecção viral - Doença inflamatória pélvica é dx diferencial comum em mulheres. · A única forma de diferencial é videolaparoscopia – mulher nova com quadro de apendicite, se ele estiver normal, avalia o útero e tuba uterina que se estiver inflamada sugere DIP · Leucorreia - Cisto ovariano – a USG transvaginal confirma diagnóstico, ao encontrar massa anexial - Síndrome de Mittelschmerz – dor do meio do ciclo ovariano (frequente), ou dor da rotura folicular. - Gastroenterite e a litíase biliar (punho percussão e/ou tomografia) – diarreia e dor lombar/ tratamento não cirúrgico - Divertículo de Meckel – é uma anomalia congênita mais comum do delgado (mucosa gástrica ectópica do delgado – sofre mais e vai simular uma apendicite aguda). - Tubária rota – prenhez ectópica – quadro subagudo · Toda mulher com dor abdominal deve-se solicitar HCG e hemograma (sobretudo se estiver anêmica) · Solicitar USG Tratamento– em si é cirúrgico, prefere-se a via laparoscópica - Acesso via laparoscópico · Acesso umbilical · Acesso suprapúbico · E um acesso contralateral ao apêndice (na esquerda) - Acesso por via aberta · Ponto de McBurrney (1/3 distal da linha que liga a cicatriz umbilical à crista ilíaca) · Incisão de Davis-Rockey – linha transversa do ponto de McBurney · Incisão de McBurney – linha oblíqua do ponto de McBurney NEOPLASIAS DE APÊNDICE - Tumor carcinoide · Se origina de células enterocromafins – neoplasias neuro-hormonais · Paciente de 40 anos· Apendicectomia – tumor de ponta e menor/igual a 1cm · Hemicolectomia/tiflectomia – tumor de base e maior que 2cm · Ressecar o final do íleo junto com o ceco do paciente - Adenocarcinoma mucinoso · É o tumor mais comum · Apendicectomia – se menor que 1 cm · Hemicolectomia – se maior ou igual a 1cm - Mucocele · Acúmulo de mucina – cisto de retenção · Apendicectomia – se o cisto tiver menor que 2 cm · Hemicolectomia – se o cisto tiver maior que 2 cm · adenocarcinoma – risco de estar escondido atras da mucocele · Tumores mucinosos – podem cursas com um pseudomixona peritoneal
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