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..... .,FUNDAC~O ~ GlTULIO VARGAS Biblioteca Mtario Henrique Simonsen FUNDAÇÃO 6ETUUO VARGAS INSTITUTO DE ESTUDOS AVANÇADOS EM EDUCAÇÃO DEPARTAMENTO DE ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR ALZIRA MARIA BARBOSA PINHEIRO NUNES ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL NO BRASIL TIIESAE N9720 Rio de J' aneiro, 1982 I I r r t r r , r t t ! I r r ~ r ~ r r ~ ~ ~ ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL NO BRASIL Dissertação submetida corno requisito parcial para a obtenção do grau de Mestre em Educação Orientador: Manoel de Jesús Araújo Soares RIO DE JANEIRO FUNDAÇÃO GETOLIO VARGAS INSTITUTO DE ESTUDOS AVANÇADOS EM EDUCAÇÃO DEPARTAMENTO DE ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR 1982 , , 11 Ao Sydney e Aldney pelo longo tempo que estive raro privados da minha presença. I ! I ( k ~ I f I f f f f t • , , r , , i , , , MEUS AGRADECIMENTOS ao Professor Manoel de Jesus Araújo Soares, orien tador de tese, pelo apoio e incentivo. - a minha mae e irmãos, pelo apoio e compreensao. - a Rosalina Verissimo, pelo constante estimulo. - a Jovina e Socorro, que arcaram com os serviços domésticos em minha casa, possibilitando a reali zação desta dissertaç~o. - a Osvaldino Bitencourt pela paciência com que da tilografou. III I ! I I I I i I I I I I i I , ! I S U M 1\ R I O Pago INTRODUÇAO. • . . . . . . . . . . . . . . . . . • • . . . • . . . . • . • • . • . . . • .• - 1 Capítulo 1 - RAIzES HISTÓRICAS DA ORIENTAÇÃO EDUCA- CIONAL. . . . . . . . . . . . • . . . . . . . . . . . . . . . . . .. - 7 1.1. Movimentos Propulsores da Orient~ ção Educacional ...•.............. - 7 1.2. Instalação dos Primeiros Serviços 1.3. A Orientação Educacional como um Serviço de Assistência a Alunos .. - 1.4. Tipos de Serviços de Orientação Educacional. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. - 1.5. A Orientação Educacional Segundo o Modelo Americano... . . . . . . . . . . .. - Capítulo 2 - A ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL NO BRASIL E O CONTEXTO HISTÓRICO ••.••.••..••••.... - 2.1. Antecedentes do Estado Novo •..... - 2.2. O Estado Novo .....•.............. - 2.3. A Educação e o Estado Novo ....... - Capítulo 3 - A ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL NO BRASIL SE- GUNDO A LEGISLAÇÃO DO ENSINO •.••...•.• - 3.1. Gênese da Orientação Educacional: Leis Orgânicas do Ensino .••••...• 3.1.1. Antecedentes às Leis Orgâ- nicas do Ensino ..•.•...... - 3.1.2. Leis Orgânicas do Ensino .. - 3.2. A Evolução Histórica da Orienta- ção Educacional e as Reformas do Ensino de 19 e 29 Graus .•.•...... - 3.2.1. Movimentos de Divulgação e Consolidação da Orientação Educacional. • . • • . . • • . . . . •. - 3.2.2. Lei n9 4.024}61 - Lei de Diretrizes e Bases da Edu cação Nacional - LDBN .... : - IV 12 15 21 25 31 31 37 45 54 54 54 65 72 72 82 3.2.3. Lei n9 5.692/71 - Reforma do Ens ino de 19 e 29 Graus - Capitulo 4 - A ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL NO BRASIL: UMA VISÃO DE SUA LITERATURA •••••••••. - 4.1. As Correntes Pedagógicas Domina~ tes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. - Capitulo 5 - A ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL E SUAS REAIS FUNÇÕES NO SISTEMA DE ENSINO BRASILE! RO. . . . . . • . . . . . . • . . . . . . . • • . . . . . . . • • . •• - 5.1. O Pensamento Liberal e a Educa- çio Brasileira ..•.••••.••..••••• - 5.2. As Reais funções da Orientaçio Educacional no Brasil .•..••••... - 5.3. Conclusões...................... - BIBLIOGRAFIA ..................•..............•.... - V Pago 88 103 103 148 148 162 182 189 R E S U M O Este trabalho pretende mostrar as funções exerci das pela Orientação Educacional junto ao Sistema de Ensino Brasileiro, a partir da análise de sua gênese e institucio nalização. Como prática oriunda das sociedades industriais vol tadas para a organização da vida social em torno da eficiên cia da produção, a Orientação Educacional - que surge como orientação Profissional - nasceu para atender à demanda das empresas capitalistas. Sua integração à ação escolar agora como Orientação Educacional e/ou Orientação Vocacio- nal - tem objetivado a racionalização dos meios de asseg~ rar a adequação das estruturas de educação à estrutura so cial. Deixando de levar em conta, na discussão de sua problemática, a divisão social do trabalho, a dominação e exploração econômica, portanto, a Orientação Educacionalno Brasil vem produzindo um discurso ideológico calcado na "li berdade de escolha" do indivIduo, conforme suas potenciali- dades, aptidões e interesses. Na realidade, as funções da Orientação Educacional brasileira tem validado e reforçado os mecanismos de seleção e exclusão existentes ao longo do processo educacional, sempre em conexão com a posição de classe dos alunos. Constitui-se, portanto, um dos mecanis- mos de normalização de condutas, aspirações e expectativas do indivíduo, tendo em vista o seu ajustamento, sem confli tos, à ordem estabelecida. VI I f i ! , I I I i i I t , , J i ! t r , I t f I I I I R E S U M E Ce travail a pour but de montrer quelles sont les fonctions exercées par l'Orientation Educationnelle ~ aupres du Systime d'Enseignement Brésilien, en analysant sa genise et son institutionnalisation. C'est une technique qui prend sa source dans les sociétés industrialles dédiées à l'organisation de la vie sociale dans le sens de l'efficacité de la production: l'Orientation Educationnelle - à l'origine Orientation Professionnelle - est née pour satisfaire les exigences des entreprises capi talistes. Son intégration à I 'action scolaire - maintenant sous le nom d'Orientation Educationnelle et/ou Orientation Vocationnelle - a pour objectif de rationaliser les moyens d' assurer I' adapta tion des structures de I 'éducation aux structures sociales. Ne tenant aucun compte, dans la discussion de ses problimes, de la division sociale du travail, ni de la domination et l'exploitation économique, l'Orientation Educationnelle au Brésil produit donc un discours idéologique basé sur le "libre choix" de I' individu suivant ses capacités, ses apti tudes et ses intérêts. En réali té le fonctionnanent de l'Orientation Educationnelle au Brésil a justifié et renforcé les mêcanismes de sélection et d'exclusion qui existent tout au long du processus educationnel, et toujours sur la base de la classe sociale de l'élive. Elle constitue donc un des mécanismes destinés à normaliser les conduites, les aspirations et les expectatives de l'individu, toujours dans l'intérêt de son ajustement sans conflit avec l'ordre établi. VII I ! I I I I ! ! I f t t i f ! INTRODUÇÃO O presente estudo nasceu de nossa própria experiê~ cia em Orientação Educacional. Muitos foram os question~ mentos por nós levantados, permanecendo a maioria deles sem respostas satisfatórias. Em várias situações nos foi permitido constatar que entre os orientadores educacionais nem todos possuem uma vi são crítica sobre a realidade social brasileira. Os problemas que geralmente os orientadores educa cionais apontam como obstáculos ao desenvolvimento de suas atividades são vistos, via de regra, pelos mais diferentes ângulos (escassez de recursos materiais, humanos e financei ros, necessidade de treinamento e especialização, não acei tação do serviço por parte dos demais especialistas que atuam na escola, etc). -Tais problemas, quando questionados, sao isolados do seu contexto mais amplo, mais global, ou seja, a socieda de como um todo. Assim, as alternativas de solução estão sempre voltadas para a correção dos "desvios" que dificul- tam o equilíbrio, a eficácia e eficiência do sistema de en sino considerado em si mesmo. Em geral, para a maioria dos orientadores educacio nais,a sociedade brasileira não é entendida como uma forma çao social marcada pelo antagonismo de classes. Os que as- sim pensam proclamamisenção ideológica. Entretanto, con- tradizem-se na prática, quando utilizam determinados instru mentos e certas formas de interpretação da realidade educa cional. A literatura existente nessa área é bastante limi tada e em geral se apresenta como uma produção inexpressi- va, sem originalidade e sem perspectiva crítica. I I I I t I f t t I 2 Face a essa realidade nasceu a preocupaçao de rea lizar um estudo através do qual nos fosse possível analisar a Orientação Educacional brasileira a partir do lugar por ela ocupado dentro da totalidade da realidade humano-soei aI. ~,pois, a função da Orientação Educacional, dentro ~ sa totalidade, o que nos propomos a examinar neste traba- lho. va de A análise do objeto do tracalho segue a perspect! que os fenômenos do mundo objetivo possuem movimen to próprio. ~ Nesse sentido o conhecimento do objeto so ~ e possível a partir do seu conteúdo interno e de suas rela- ções com outros fenômenos, pois a causa fundamental do de senvolvimento dos fenômenos ocorre no seu interior e não na sua exterioridade. l Assim, procuramos estudar a Orientação Educacional no Brasil levando em conta a sociedade onde ela está inseri da. Ao considerar o problema do ponto de vista de uma so- ciedade de classes, a análise volta-se para aquilo que é ca racterístico nesse tipo de sociedade: relações sociais con traditórias, no contexto de apropriação do excedente econô mico e da luta de classes. Se o pressuposto básico do qual 1 "C ••• ) no estudo éb desenvolvimento dum fen&eoo, deve-se partir éb seu oonteúéb interno, das suas relações cnm outros fenânenos, quer di- zer, deve oonsiderar-se o desenvolvi.m:mto dos fenânenos a::m:> senéb o seu I'OCJV'ÍlDento próprio, recessário, interno, enoontranoo-se atrás de ca' da ff>.n~ no seu novirrento, em ligação e interação cnm os outros fen§ Irenos. A causa fundamental 00 desenvolvimento dos fenârenos não é ex- terna, .mas inte rna; ela reside no oontradi tório 00 interior ébs pró- prios fenQnenos. No interior de toéb fenâreno há contradições, daÍ o seu nvvimento e desenvolvimento C ••• l as causas puraroonte externas são cap3.zes de provocar o noviIrento rrecânioodos fenânenos" . SAMPAIO, carlos Augusto. Filosofia de Mao Tse Turtg..;,Refo.rneroc>s nosso' estuoo da prática da contradição. te· onde provên' aS . idéias· corretas. Contra o culto do livro. Belêm. Ed. Boit:Emfx:>, 1979 - p. 32. 3 parte o estudo é G de que a sociedade brasileira é uma for -maçao social marcada pelo antagonismo de classes, a funç50 da orientação Educacional no Sistema de Ensino Brasileiro é manter e reproduzir a ideologia da classe detentora do po- der, trazendo, portanto, na legitimação de suas funções, as mesmas concepções ideológicas dessa mesma classe. As sociedades capitalistas se caracterizam pela PQ larização de classes que mantém entre si relações antagôn! cas resultantes dos modos desiguais com que se desenvolve a produção da existência. Nesse tipo de sociedade, a burgu~ sia para se manter como dominante e hegemônica carece da existência de algo que desempenhe o papel de um laço entre ela e o proletariado, a fim de que a sociedade não venha a despedaçar-se. Este papel é dado ao Estado. A burguesia, através do Estado cria instrumentos que, como diria Gramsci,2 se acham subdivididos em duas es feras: a sociedade política na qual se encontra o poder re pressivo da classe dirigente (tribunais, exército, polícia, etc) e a sociedade civil, constituida pelas associações ch~ madas privadas (igreja, sindicatos, clubes., escolas, meios de comunicação de massas, etc).3 ~ na sociedade civil que a classe dominante procura a obtenção do consentimento dos governados através da difusão de uma ideologia que funcione como elo entre a classe dirigente e a classe dirigida. -Para Gramsci, a sociedade civil enquanto expressa0 2GRAMSCI , A. Maquiavel, a Política eo EstadcM:X!erno. Rio de Janeiro, Ed. Civ. Brasileira S.A., 1978 - p. 149. 3para Gramsci, as duas esferas, em oonjunto, fannam o Estaoo em sentido amplo e define cx:m:> "sociedaoo poli tica + sociedade ci vj 1'~ isto é, he- gemonia revestida de ooerção. Essas duas esferas servem para ccnservar em pronover uma detenninada. base eoonânica. Entretanto, o nodo. pelo qual se encaminha essa p.ra:oção ou oonservação varia nos oois casos. ~ na sociedade civil que as classes procuraIll ~cer ~ h.e9.emorúa!.ou s~. ja, buscam ganhar aliaOOs para as suas p:>si~oes atraves da dbt.eç.a.o e 00 COMeMO. Através da sociedade IX'lItica e exercida sanpre urna dita- dura, ou seja, uma dom..úta.ç.ão rrediante a ooerção. Cf. ccu.rINHO, Carlos Nelson. A Darocracia a::m:::> valor universal. S . Paulo • Li v . Editora Ciên- cias Humanas, 1980. - p. 52. 4 de persuasao e de consenso e a sociedade política, de re pressão e violência, conj untame:1te atuam, para manter a es trutura de poder, ou seja, o Estado. Na sociedade civil, a dominação aparece sob a form~ de hegemonia, na sociedade P2 litica expressa-se como ditadura. Entendidas sociedade civil e hegemonia a partir do ponto de vista de Gramsci é possível conceber a educação não apenas como instrumento de dominação e reprodução das relações de produção capitalistas. Ela poderá,também, con~ tituir-se instrumento de emancipação das camadas dominadas, pois na sociedade civil não circula somente a ideologia da classe dominante. Outras ideologias também circulam ai. Ocorre que a classe hegemônica para manter-se como tal im- põe à classe dominada a sua concepção de mundo que é aceita e assimilada por esta, constituindo o que Gramsci chama de senso comum. Desta forma, a hegemonia burguesa se efetiva através das instituições privadas, dentre elas a escola. A classe dominada, portanto, poderá tornar-se heg~ mônica, através de uma estratégia política que vise o con- trole da sociedade civil com objetivo de consolidar uma con tra-hegeroonia. A classe dominada através da refuncionaliza ção das instituições privadas, poderá divulgar uma outra can - 4 cepçao de mundo que destrua o senso comum. Nessa perspectiva, nosso estudo busca mostrar que a Orientação Educacional, uma prática que se desenvolve no 4"A filosofia da práxis não busca manter os 'simplórios' na sua filoso- fia primitiva éb senso cx:mum, roas busca, ao rontrário, ronduzi-los a uma concepção de vida superior. Se ela afirma a exigência do rontato entre os intelectuais e os s:iroplários não é para limitar a atividade científica e para manter uma unidade ao nível inferior das massas, roas justanEnte para forjar um bloro intelectual-moral, que torne politica- IlEnte possível um progresso intelectual de,massae não apenas de ~ nos ~ intelectuais". GRAMSCI, A.COrtéeEÇãoDialética da' , Histó= ria. p. 2Q. I I i I I 1 I I 1 1 5 âmbito da escola, possui, como a própria escola, funções de manter a reprodução das desigualdades sociais, muito embora tenda aparecer às demais classes como um serviço que cumpre funções sociais comuns. Entretanto, ao admitirmos a exis tência de uma relação dialética entre as coisas, admitimos também que a escola produz contradições. Nesse sentido nao é mais possivel pensar que a esola se constitui apenas ins trumento de manutenção e reprodução das relações de produ- ção capitalistas. Ela também pode ser instrumento e lugarde produção de contra-ideologias. Mostrar o modo pelo qual a Orientação Educacional deve atuar em favor das camadas pop~ lares é o segundo objetivo de nosso trabalho. A concretização dos propósitos do nosso estudo, dá- se, por confronto das leis e reformas do ensino com outros documentos legais e trabalhos publicados, principalmente na área de Orientação Educacional. A escolha desse material, justifica-se pela riqueza de elementos que ele oferece para o alcance de nosso objet! vo primeiro, ou seja, mostrar que a Orientação Educaciona~ como atividade auxiliar do processoescolar tem como função básica reproduzir as relações de produção capitalistas. Mostramos no Capitulo ~ que a Orientação Educacio- nal tem suas raizes em paises estrangeiros. O seu surgime~ to está ligado ao progresso cientifico-tecnológico decorren te do processo de desenvolvimento industrial na Europa e nos Estados Unidos. Assim, a Orientação Educacional surge para atender às necessidades emergentes do processo de in- dustrialização. Dai, enfocamos os principais movimentos que contribuir para o seu surgimento e a instalação dos prime! ros serviços. A seguir, damos uma visão de como funciona a Orientação Educacional enquanto serviço de assistência a alunos e, também, outros tipos de serviços. Finalmente, pr~ curamos mostrar o modelo americano de Orientação Educacio nal, por ter sido ele inspirador de diversos outros modelos I I I I I I I I 6 em vários países, inclusive o Brasil. Para compreendermos qual têm sido as funções da Orientação Educacional no Sis terna de Ensino Brasileiro sentimos a necessidade de um exa me do modelo americano de Orientação Educacional. O CapItulo 2 trata da Orientação Educacional no Brasil e o contexto histórico no qual ela surge. De iní- cio, apontamos para alguns fatos que antecederam sua ori- gem e que com ela possuem estreitas relações. ~ nesse sen tido que se faz necessária uma rápida abordagem do movime~ to revolucionário de 1930. Em seguida, enfocamos o Estado Novo e o tipo de educação que é aI instituida para que te nhamos maior compreensão das causas que determinaram a ori gem da Orientação Educacional no Brasil. O CapItulo 3 trata de mostrar a Orientação Educa ; cional no Brasil, do ponto de vista legal. AI são examina das as leis e as reformas de ensino que marcam a evolução histórica da Orientação Educacional com o objetivo de mos trar que embora as diversas reformas de ensino tenham a ela dispensado tratamentos diferentes, suas funções perm~ necem as mesmas - manter e reproduzir a ordem soc ial vigente. No CapItulo 4 é analisada a literatura especIfica da area de Orientação Educacional. Procuramos mostrar as correntes pedagógicas presentes nos discursos dos diver sos autores nacionais. Finalmente, no CapItulo 5, mostramos que a Orienta çao Educacional no Brasil, no bojo de sua evolução histó rica, traz as mesmas concepções de educação predominantes nos diferentes perIodos que marcam o processo de desenvol- ~ vimento da sociedade brasileira. Em seguida, apos aprese~ tadas as conclusões a que chegamos neste estudo, propomos alguns pontos a serem considerados numa Orietanção Educa- cional-alternativa. ~ importante resaltar que as conclu- sões a que chegamos não pretendem encerrar a discussão do tema. Ao contrário, deverão elas constituir-se como ponto de partida para novos estudos. I I I I I 7 1. RA!ZES HISTORICAS DA ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL Neste capítulo procuramos mostrar que a Orientação Educacional possui suas raízes históricas, fora do Brasil. Num primeiro momento enfocamos os principais movi mentos que geralmente são apontados como aqueles mais que contribuiram para o surgimento e aperfeiçoamento da Orienta çao Educacional. Assim, no início do século XX,vários paí- ses da Europa e dos Estados Unidos instalaram os primeiros serviços e realizaram experiências no campo da Orientação Profissional. O modo pelo qual se dá a evolução da Orienta ção Educacional caracterizada como um serviço de assistên- cia a alunos é o que procuramos enfocar um segundo momento bem como os tipos de serviços e o modelo adotado pelos ame ricanos na área de Orientação Educacional. 1.1. Movimentos propulsores da Orientação Educacional Os acontecimentos apontados como propulsores dos primeiros movimentos da orientação,5 via de regra,são consi derados como movimentos de natureza científica e/ou de or- dem social. Os principais movimentos de natureza científica pa ra a maioria dos teóricos da área de orientação Educacional ocorridos tanto na Europa como nos Estados Unidos, são os seguintes: a) P~~comet~~a: No final do século XIX muitos fo- ram os estudos realizados nesse campo, na Europa e nos Esta dos Unidos com objetivo de conhecer cientificamente as dife renças individuais. Tais estudos tinham por finalidade um 5 O tenro orientação é usacb aqui, em s€.u senticb amplo, sem os adjeti- vos que normalmente o aa::mpanham (educacional, profissional, vocacio- nal) para especificar áreas distintas. Pontanto, quando usamos o teIm:> orientação, isoladanente, este não terá o mesno significado da expres são orientação edlcacional que significa o processo que tem c:x:IOO cbj~ tivo auxiliar o processo educativo. I ! 8 melhor conhecimento das aptid5es especIficas do indivíduo bem como a relação com sua atuação em diferentes setores de sua vida. Assim, desenvolveram-se métodos -cada vez mais aperfeiçoados de avaliação desses aspectos individuais qua~ do do aproveitamento de candidatos a cargos e empregos setores da vida pÚblica e privada. b) OIL.i.entaç.ã.o Vocac..i.ona.t: Â luz do princípio em de que o melhor desempenho profissional estaria relacionacb com adequação das aptidões do indivIduo ao tipo de atividades exigiáas pele trabalho, foi iniciado nos setores industri- ais, o movimento de seleção de candidatos a emprego para a escolha daqueles que melhor se ajustassem às atividades re- queridas pela profissão. c) P~.i.c.opedagog.i.a: A democratização da escola e o consequente acesso à escolarização de um elevado número de crianças de origem social e econômica diferenciadas, contr! buiram para que fosse percebida a incidência das diferenças individuais e a importância de seu atendimento pelo proce~ so educativo. Com a Psicometria, já avançada, foi possível o aperfeiçoamento das medidas de inteligência e as condi- ções gerais para aprendizagem, tais como: desenvolvimento psicomotor, desenvolvimento emocional, desenvolvimento so- cial, etc. d) P~.i.canãl.i.~e: No inIcio do século XX, as desco- bertas de Freud acerca do psiquismo humano, despertaram os cientIstas sociais sobre a influência do inconsciente no comportamento humano. A teoria da personalidade proposta por Freud encontrou um campo fértil, uma vez que na socieda de reinavam preocupações com o desenvolvimento e bem-estar do indivíduo. Estudos foram realizados com o objetivo de possibilitar uma melhor compreensão das causas dos portame~ tos anormais ou patológicos, surgindo, então, uma série de informações que tornaram possível a orientação de pessoas. e) P~.i.c.otelLap.i.a: A partir da teoria psicanalísti- ca de Freud, outras teorias sobre o desenvolvimento humano , r , f I ! I 9 surgiram e com elas as técnicas de abordar o tratamento nao médico para as pessoas tidas como doentes. Tais técnicas contribuiram para o movimento da orientação na medida em que traziam normas e regras para a melhor compreensão da pessoa humana. f) Movimento~ em p~ol da ~aúde mental: Iniciado na Europa e Estados Unidos em casas de saúde para doentes men tais, esse movimento objetivava a promoção da melhoria condições de bem-estar dos pacientes. Para alcançar objetivo era importante considerar o meio-ambiente do ente e os comportamentos tidos como fora da norma. preocupação ultrapassando os muros das casas de saúde, de esse pac,! Esta es- tendeu-se às pessoas em geral,em todos os setores de sua vi da. Os constantes estudos realizados nesse campo e aperfe,! çoando-se cada vez mais, muito contribuiram para que surgi~ sem novas concepções sobre a saúde mental e com estas, ou- tras tentativas de possibilitar ao indivíduo o crescimento total de suas potencialidades, o seu auto-conhecimento e sua auto-aceitação que em última instância, passaram a ser objetivos de todos aqueles que trabalham em prol da saúde mental, incluindo-se aí, a orientação. Quanto aos movimentosde ordem social, comumente, os teóricos da Orientação Educacional indicam como sendo os principais: a Revolução Industrial e a Segunda Guerra Mun- dial. a) Revolu.ç.ã.o I ndM:t~ial: Quando €sr.a introduziu um novo mecanisroo ena:mâniro de produção, determinou aexigencia de po- tencial humano cada vez melhor capacitado, contribuindo p~ ra que fosse diretamente reforçada a necessidade da orienta çao profissional. b) Segunda Gue~~a Mundial: A necessidade de testes aperfeiçoados para a seleção e distribuição de pessoas para os postos estratégicos durante a Guerra, contribuiu indire- tamente para que houvesse um grande avanço dos estudos e I realizações no campo da Psicometria. De forma direta, a I • la contribuição se deu apos a Guerra, quando se verificaram mudanças sociais bastante acentuadas e a necessidade de aten dimento para reabilitar tanto fIsica como emocionalmente,um grande número de pessoas, reforçando a necessidade da orien tação. Sobre os movimentos propulsores da Orientação Edu cacional diz Oswaldo de Barros: "O 'Guidance Movement' teve inIcio, ponem, na ânea exclu~iva de onientacão pno6i4~ional, pneocupando-4e Pan~on4 com a anâli4e de pno- Ói~4õe~ e com 04 mei04 pana diagnõ4tico da~ aptidõe4 individuai4. Sua4 ideia~ coincidi nam ou nonam, talvez, o neólexo do movimento de medida~ mentai~ então no na4cedouno, com o~ tnabalho~ de Binet, na Fnanca. A pneocu-, paCão e4~encial do~ tnabalho4 de Pan~on~ ena ~uplementan ã acão e~colan, então cannegada de um 6onmali~mo didático exce~4ivo, dando a04 adole~cente~ opontunidade~ de expne~4ao individual e de 4enem 40cial e economicamen- te apnoveitado4 na medida de 4ua4 capacida- de4. A4 idêia4 de Pan~on4, impul4ionada4 pon cin cun4tância~ ~ociai4 diven4a4, pelo~ pnimón- dio4 da P4icometnia e pon pneocupcaõe~ de ondem pedagógica, e4tendenam-4e napidamente ao 4eton e4colan pnopniamente dito( ... I. O advento da I Gnande Guenna, da cni~e econô mica de 1930, do ~ãpido de4envolvimento d04 ampliacão da4 opontunidade4 no mencado de t~abalho, co mo 6nuto da cne4cente indu4tnializacão e e4 pecializacão contnibuinam, 4en4ivelmente, p~ na uma ampla di6u4ão d04 pnoce~404 de 11 on~entação edueae~onat e pno6~~~~onat em e~~ • /i'" b lhO~, ~ehv~çu~ uu na~ e~cula~ ameh~cana6 . Ainda quanto aos movimentos que impulsionaram a orientação Rita Teixeira, em sua recente pesquisa assim se expressa: "Outno~ teõn~ eo~, entlLe.tanto, ta.ü eomo BtoeheJr. (1966), GOlLd~tlo (1972), H~tl (1973) e Tylen (1974) têm de~elL~to a e.votução da on~e.nta ção em te.nmo~ de ~ua cne~cente neee.~6~dade, atlLib~da ã eomplex~dade. da6 e.x~genc~a6 da v~da modelLna. A6 eon4tante6 6ol~c~taçõe6 da v~da 6oc~at, a6 nece64~dade eeonôm~ca6, a l~ ta pe.la6 opolLtun~dade4 e4colalLe.6 e plLo6i66i~ na~6, eoloeam o ~nd~vZduo em ~~tuaçõe6 de e6 colha con~tante~. E6te~ pnoce6606 6ão eada vez ma~6 con6l~tuo604 palLa a pe660a e. e6ta plLee~6a de ajuda palLa melholL 6e conhecelL e telL cond~çõe6 de optalL e. a66um~1L 6ua e6colha e mudança~ p06telL~olLe6 que podem V~IL a acon tecelL". 7 Tanto os movimentos de ordem científica como os de ordem social, quer sejam eles nos Estados Unidos, quer se- jam na Europa, todos são considerados como decisivos para que a orientação fosse concebida como útil e necessária e, se estendesse a nível da instituição escolar, uma vez que 6 7 SAN'KS, O,.:re B. Psicologia Aplicada à Orientação e Seleção Profis- sional. Sao Paulo - Livraria Pioneira Editora, 7 ed. 1979 - p. 4. TEIXEIRA, Ri ta Anélia. Para urra análise· crítica da Orien~ão Educa- cional: Subsídios ra a eensao e refini ao de sua ratica no Brasil. Tese de ~straéb - FGV IESAE. Rio cE Janeiro - 1979 - p .. 11 e 12. I 12 nu experiGncins rcnli~a~as em outros setores resultados satisfatórios. evidenciaram 1.2. Instalação dos primeiros serviços e primeiras exp~ riências. No início do século XX, teve a Orientação Profis- sional instalados seus primeiros serviços em países da Euro pa e dos Estados Unidos, como decorrência do movimento cien tífico verificado no século anterior e, também pelos acont~ cimentos históric0s que provocaram mudanças sociais nas di ferentes partes do Universo. Para Rui Carrington da costa,8 embora ·desde 1895, já existisse em Munich um tipo de serviço que se preocupava em colher informações dos adolescentes junto aos pais e pr~ fessores, soment~ em 1902,foi ali criado o primeiro Insti tuto de Orientação Profissional. Encontramos a mesma opi- ,- GIl' 9 nlao em eme 1. Após o Congresso Internacional de Higiene e Demo- I grafia, realizado em Bruxela, no qual foi defendida a neces sidade de proceder-se a um exame médico antes da escolha da profissão a fim de que pudesse a orientação estar em harmo nia com as aptidões do indivíduo,foi que diversos países t! veram a iniciativa de instalar oficialmente os institutos especializados na área da orientação profissional. Assim, a França teve seu primeiro Instituto de Ori entação Profissional, em 1906, na cidade de Strasbourg, por 8 CDSTA, da Carrington Rui. SUbsídios para a histéria Cb rrovinEnto da Orientação Profissional. in: RBEP. Vol. XVI - out./dez. 1951 - n9 44 p. 16. 9 GEMELLI, A. Orientação Profissional. Rio cE Janeiro - Ed. Livro ]))e ro-Arrericano, Ltda - 1963 - p. 20. 13 iniciativa de M.Fricderich e a Holanda (Haia) em 1908. A América do Norte, teve na pessoa de M. Frank Parsons o pioneiro do movimento Pró-Orientação Profissional (Vocational Guidance Movement). Suas primeiras observações e experiências estavam voltadas para análises das profis- sões, visando a pesquisa de métodos capazes de diagnosticar as aptidões específicas, em Boston, durante o ano de 1901, na Civic Service House, fundada por Bloam-field. Entretanto somente em 1908, foi fundada sob a orientação de Parsons, o "Boston Vocational Bureau". E, em 1910, também em Boston, foi realizado o primeiro Congresso de Orientação Profissio- nal. No ano seguinte, foi a Universidade de Harvard, cen- tro de estudos de Orientação Profissional, o que se consti tui o primeiro passo para a criação de cursos dessa especi~ lidade e, que posteriormente, foram estendidos a outras universidades. diversas A Inglaterra, em 1908, começou a interessar-se pe- la Orientação Profissional dos jovens e, em 1910, promulgou um conjunto de leis sobre essa matéria. De acordo com es- tas leis, as autoridades locais deveriam tomar medidas, ain da que sujeitas à aprovação ministerial, no sentido de auxi liar os jovens na escolha de um emprego, colocando-os, as- sim, a par das informações colhidas para tal fim e dar-lhes conselhos. Entretanto, ressaltamos que esta tendência de integrar o serviço de Orientação Profissional à escola, já era encontrada em 1908 na América do Norte, onde já existia em cada escola primária americana um serviço de consulta p~ ra a escolha da profissão. Os muitos problemas surgidos com a Guerra de 1914- 1918 vieram reforçar a necessidade de criação e organização de serviços de Orientação Profissional, principalmente qua~ do das constatações dos frequentes acidentes na aviação. Os estudos realizados pelos psicólogos evidenciaram que a maio ria dos pilotos dos aviões acidentados não possuíam as apt! dões requeridas para essa profissão. A partir de 1916, l 14 França, Bélgica, Itália e Alemanha passaram a selecionar seus aviadores. Houve então, preocupação de todos os paí- ses em criar ou aperfeiçoar seus serviços de Orientação p~ fissional, bastando para isso citar o exemplo da Alemanha que "em 1922 contava ji 592 Institutos de Orientação Pro- fissional".lO Vimos que tanto os serviços instalados em diferen tes países europeus e norte-americanos como as experiênc~ as por eles realizadas tinham como preocupação básica a orientação para a escolha de uma profissão. Ao longo des- sas experiências iniciais, constataram os especialistas que aorientação seria mais eficaz se processada em integração com a escola, muito embora não se tenha aí constituido ou se caracterizado um serviço especializado no âmbito da es cola, como os que hoje se encontram instituidos. Os prime~ ros serviços quer em centros ~ em institutos desenvolvi- colocando-aro suas atividade em seus próprios ~nteriores, se à disposição das escolas, para consultas. Os serviços hoje sao con a nível de escola, propriamente ditos e como cebidos, só muito mais tarde, apareceram. A expressão"ed~ cacional guidance" é pela primeira vez empregada em abril de 1912, num editorial da revista "Elementary School Teacher",ainda no sentido restrito de auxílio direto, que a eEcolha pudesse representar na direção dos jovens para o trabalho, segundo suas capacidades. Tentativa de mais com pleta de definição de orientação, aparece dois anos após, em "Educational Guidance" , trabalho de TRUMAN KELLEY, (tese de doutorado) nos Estados Unidos. Segundo Lourenço Filho, as idéias aí sustentadas, resumidamente sao as seguintes: "assim, como devemos orientar os jovens para ,determinado gênero de trabalho, devemos preliminarmente, orienti-los, 10 OJSTA, da Carrington Rui. op. cito - p. 18. 15 em seus estudos. O auxílio que se lhes preste, neste ca so, ser5 a orientação educacional base futura da orienta- - Ih -. - . - 11 çao para o traba o, nao alnda, porem, esta orlentaçao". Em síntese, constatamos que as primeiras experiê~ cias de orientação apresentaram duas etapas distintas: a primeira fase caracterizada pela seleção profissional e a segunda pela orientação profissional, se consideramos a se leção profissional como uma atividade na qual se parte de uma profissão para depois atingir o indivíduo, como bem mostrou o exemplo dos aviadores, na época de grande inci- dência de acidentes aéreos e, orientação profissional en- tendida como um processo de ajuda às pessoas na escolha de uma profissão. Nesse caso, dá-se o inverso, parte-se da pessoa para chegar-se a uma profissão. ~ nessa segunda fa se que a Orientação Educacional vai-se caracterizar como um serviço de assistência a alunos e já desenvolvida no próprio âmbito da instituição escolar. 1.3. A Orientação Educacional como um serviço de assis- tência a alunos. Para compreender a Orientação Educacional como um serviço de assistência a alunos, torna-se necessário o es clarecimento dos conceitos de seleção profissional, orien tação profissional e orientação educacional, uma vez que esta última nasceu no campo da penúltima e tendo esta se iniciado pela primeira, isto é, na seleção profissional. Inicialmente, "os conceitos de seleção e orienta- çao profissional foram promíscua e indiferentemente usa- dos, como também eram confusos os métodos adotados para um e outro fim".12 11 LOURENÇO FILHO. Orientação Educacional. in: RBEP. Vol V. jul. 1945. n9 13 - p. 6 e 7. 12 GEMELLI, A. op. cito p. 22 e 23. I I I I 16 Atualmente é reconhecida a distinção entre seleção e orientação profissional. Esta última, procura adaptar o homem a um lugar, ou melhor, a uma profissão enquanto a se leção se preocupa com o homem adaptado ou apto para um lu gar ou profissão. A orientação profissional preocupa-se, acima de tudo, com os interesses individuais, aos quais de ve orientar a profissão mais adequada, tendo por base a investigação de suas aptidões, de suas tendências, de suas aspirações e de uma preparação geral e especial. A sele ção, no seu sentido mais abrangente, nasce do interesse da coletividade, representada indiretamente, pelo empregador. Sobre a distinção entre seleção e orientação pro- fissional, Carrington diz: 13 " N a O Jt.<. e.n ta ç ã. o P Jto ó'<'.6 .6.<. anal P/LO cUJta - .6 e. .<. n d'<' c.aJt ao pac.<.e.nte. a caJtJte..<.Jta que. me.lhoJt.6e. adapta a.6 .6ua.6 pO.6.6'<'b'<'l.<.dade..6, que.Jt d.<.z e.Jt , paJtte. do i.nd.{vlduo pafta a pJtoó.{ . .6.6ã.o. Jã. na .6e.le.ção p~ ó.<..6.6.<.onal, ou S.P., pJtocuJta .6abe.Jt-.6e. .6e. o pa- c.<. e. n te. p o .66 ui 0.6 n e. c e..6 .6 ã.Jt.<. o .6 Jt e. q ti e..6 .<.t o .6 Jt e. q u ~ Jt.<.do.6 pafta c.ada caJtJte.'<'Jta, ou .6e.ja, paJtte.-.6e. da. pftOó'<'.6.6ã.o paJta o .<.ndivIduo. Como tal, a óun- çio da S.P., poJt .6e.Jt ma.<..6 l.<.m.<.tada, ~oJtna-.6e. de. ma.<..6 óã.c'<'l e.xe.c.uçao e., con.6e.que.nte.me.nte., ~ tâ ma.<..6 avançada no .6e.n~'<'do de., pOJt me..<.o de.- la, obte.Jte.m-.6e. Jte..6ultado.6 ple.namente. .6at.<..6ó~ t6Jt.<.o.6, como no ca.6o da.ó p~oó.<..6.6~e..6 de ~e.lo joe..<.Jto, conduto~ de. locomot'<'vd.6, guattda-óJte..<.o.6 e. motoJt.<..6ta. Né.6ta.6 tJtê.6 últ.<.ma.6 pJtoó'<'.6.6~e..6, como .6e. toftna .<.nd'<'.6pe.n.6âve.l um pode.Jt de. Jte.a- çã.o pJtonta e. e.xata da paJtte. de. que.m .6e. pJtopoe. .6e.gu'<'-la.6, a aU.6ênc.<.a de..6.6e pode.Jt ê mo~.<.vo de. o - , d' t " 13 e.xc~U.6ao ~me. ~a a • CDSTA, da CarrL'1<Jton Rrl.. Cp. ci t. - p. 47. I 17 De acordo com o "National Vocational Guidance Association", de New York, conforme a reprodução autorizada em tradução de Lourenço Filho: "0 teJrmO 'pttOÓ.i6-6-i.oruti' (IJoca..ü.ona1) a.pUc.a--6e. a. toda. e. qua.tque.~ p~o6.i6-6ão, ou tnaba.tho ~e.mun.e.~a.do, -i.nc.fu-6-i.ve. M a.tiIJ-i.da.du libeJUÚó, C.OM.ta.n..tU do Ce.Vl.-60 06-i.UCU de. p~o 6.i6-6õu, e. que. a.ó~nge. tambêm 0-6 ~ba.lho-6 do- mê-6lic.0-6 (. .. ) OJÚe.n..ta.çã.o P~o6.i6-6-i.on.a.R. é. o pttOC.U-60 de. M-6.i6~ a. um -i.ncüvZduo na. u c.olha. de. uma. pito 6.i6-6ão , ou ~~; de. p~e.~-R.o ra~ ela, de. 6a.zê-R.o ne.R.a. e.n.~ e. de. 6a.zê-.to ne.la. p~og~e.fu. V-i.z ~upej;to, u .6 e.n.uaime.n..te., a.o a.ux.J.Uo, que. -6 e. m-i.n.<.6 Úe. a. uma. pe.-6 -:- -6 oa..t, p~ que. tome. a. de.c..i6ão de u c.o.th~ uma c.~U ~ e de pfunejM a. -6ua. v-i.da. 6u.t~; .ta..e. dewã.o e u c.oR.ha. de.vem c.oVl.-6-i.d~, nec.u-6aJÚame.n..tet., o ma..i6 -6 a. fu 6a.tõJÚo a.j U-6ta.men..to de c.a.da. -i.ncüvZduo a. v-i.da. na. pltoó.i6.6ã.o ou c.~u~a.( ... ) OJÚe.n..ta.ção Educ.auona..t é. o }YLOC.U-60 -i.n..te.n.uoncU e. me..tõelico de. M-6-i.-6~ ao due.n voR.v-i.me.n..to -i.n..te.R.e.c.:tucU e. ã. 6o~a.ção da. pe.MonaLi.da.áe em ca.da. -i.ncüvZduo. Po~.i6.6 o qu.e. a. p~e.paJta.ção p~ uma. c.a.M~ ou plto6.i6-6ão, -i.mpUc.a. a. uco.e.ha. de um do.6, uc.oR.ha de pltog~ama..6, e. e.-6oc1.ha. de. Uc.olM ou ou. t~o.6 c.ent~o.6 de p~e.pa~a.çã.o, to~na.-.6e. e.v-i.denEe. que. a. orientação profissional(g~-i.6o do a.uto~) não pode .6e~ .6e.pa.~a.da da. orientação educacio- nal(glt-i.Óo do a.uto~) ( ... J A educação profissio nal(glt-i.~o do a.utOltJ v-i..6a a. ha.b~.t~ta.çã.o no tlta ba.R.ho; e. a. .6oma. de. toda..6 a..6 e.xpe.~-i.ênc.-i.a..6 do -i.nd-i.vZduo, que. o ca.pac-i.ta.m pa.~a. e.ncont~a.~-.6e. com êx-i..to numa. de.te.~m-i.na.da. p~o6~.6.6ão; ~e.6e.~e. .6e. ã. a.p~e.nd-i.za.ge.m de. p~oc.e..6.60.6 e. de. c.onhe.c~ mento.6, e. a. compltee.n-6ã.o ge.~a.R. que. o p~o6-i..6.6-i.o na.R. de.ve te~ com ~e.R.a.ção a. de.te.~m-i.na.da. a.t-i.vX da.de ou g~upO.6 de. a.t-i.v-i.da.de.-6 e.n.t~e. -6-i. ~e.R.a.c-i.o na.do.6. A orientação profissional(glt~6o do a.u .to~J, ma.-i..6 do que. -i.-6.60, d-i.z ~e..6pe.~.to a.o pro~ blema total(g~~6a do a.uto~l do a.{'u-6.ta.mento do -i.nd-i.vZduo na. v-i.da. pltOó-i.-6-6-i.ona.R.". 4 Desta feita, três correntes americanas se apresentam 14LOURENÇO FILHO. Princípios e Práticas da Orientação Edu- cacional e Profissional. In: RBEP. Vol V _. julj1945 - n9 13 - p.10 r I , 18 quanto aos conceitos acima abordados: a primeira delas é ca- racterizada inicialmente pelas idéias de Parsons e preteg dia limitar a expressão orientação apenas à área profissio- nal, mas que num segundo momento foi modificada e ampliada 15 ~ ~ ~ . por Mayers e outros. Para Mayers so e possJ.vel haver orJ.en - 16 -taçao se houver escolha a fazer e so deve haver orienta- ção profissional quando houver escolhas profissionais a fa zero Nesse caso o indivíduodeve ser assistido para que possa escolher criteriosamente. Quanto a escolha de cursos e currículos, disciplinas e planos de estudos são da ~ area da orientação educacional se nao estiverem ligados às consi derações de ordem profissional. Na opinião desses teóricos as diferentes orientações como moral, cívica, social, etc., nao se constituem orientação propriamente dita, mas educa çao simplesmente. 17 A segunda corrente tem como representantes Jones . 18 - -e Brewer. Para estes,a orientaçao significa educaçao in dividualizada, verificando-se aí que educação e orientação se confundem. A conseqüência da imprecisão desses concei- tos resulta numa subdivisão dos princípios da orientação co mo ramos da educação, tem-se: orientação profissional,orien tação moral, orientação religiosa, orientação vital, orien- tação do lazer, etc. A crítica mais forte a esta corrente gira em torno de educação moral e orientação moral e educa- ção religiosa e orientação religiosa. 15 MAYERS, George, E. ~inciplesand Techiniguês of Vocational Guidan..re.,. New York. Mac Graw Hill Book Co .. 1941 - p. 377. 16 Continuanos a usar o tenno orientação num sentiCb amplo, desti tuiCb de qualquer adjetivo, o que lllnitaria a um significaCb mais específioo. 17 _ JCNES, A.J. Princípios de orientàción y. assistência p:rsonal aI allltlI1O. Buenos Aires. Ed. universitãria. 1970. p.71-79. 18 BREWER, J.M. Education as GuidanCE. New York. Mac Millan C •• 1932. 19 Koos e Kefauwer19 são os representantes da tercei ra corrente e defendem que a orientação tem três funções b~ sicas: informar sobre as oportunidades escolares e profis- sionais; conhecer o estudante através de vários informes obtidos e guiar individualmente o estudante. Esta corrente apesar de admitir as diversas subdivisões da orientação, não confunde orientação com educação. o "Counsiling Psychology", Aconselhamento Psico16- gico, começa a ganhar corpo e expressão a partir de 1951, -nos Estados Unidos. Para Super essa nova expressa0 e resul tado do consenso geral de vários psicólogos em reunião no Congresso Anual da América Psychological Association, em 1951, em Northwestern University. O "Counsiling Psyd1olCX]Y" substitui antigos conceitos e métodos originários da orien- tação profissional modelada por Par sons e seus seguidores. O novo movimento consiste em coleta de dados teóricos e téc nicos da psicoterapia, incluindo a orientação profissional. Preocupa-se com o indivíduo como pessoa e procura ajudá-lo a adaptar-se co êxito aos vários aspectos da vida. Carl Rogers e seus colaboradores são os principais representan- tes desse movimento. 20 No que se refere à Europa, observamos que existe uma clara distinção entre orientação profissional e orienta ção educacional assim como há nítida distinção entre orien- tação e educação. O projeto de Reforma do Ensino Francês, 21 segundo Roger Gal, deixa claro que não é possível confun dir orientação profissional com orientação educacional que deve ter sentido estritamente escolar. 19 KOOS, L. V. and I<EFAUWER, G.N. Guidanc:e in Séccndary Sd1ools. New York. MacMillan, 1932. p. 640. 20 Conforme SANI'OS, O.B:. PsicolCXJia Aplicada à Orientação e Seleção Pro fissional. 7a. Ed. Sao Paulo, Livraria Pionei.:"a Editora, 1979. p. J.4 a 16. 21 GAL, lbger. La Orientation Soolaire. Paris. Press Universitaires de France. 1946. p. 1-2. t i I i 20 Levantadas algumas das principais quest5es que apresentaram inicialmente os conceitos de orientaçio, pode- mos destacar alguns aspectos que têm sido considerados como relevantes no que concerne à Orientação Educacional, como assistência a alunos, principalmente, sobre os princípios que devem nortear a ação da orientação em seus programas. Em termos administrativos, o trabalho da Orienta- -çao Educacional deve ser parte integrante da escola. Como tal, sua equipe deve constituir-se de especialistas qualif! cados para as diferentes áreas de sua atuação. Essa é a p~ sição de Kowitz e Kowitz e outros. 22 Ressaltam eles ainda, que qualquer que seja o nível administrativo em que a orien tação se desenvolva, deve ela procurar atender não apenas à filosofia das escolas, mas também aos seus aspectos adminis trativos. Schertzer e Peters 23 abordam três questões básicas nas quais se evidenciam princípios da Orientação Educacio- nal. Em primeiro lugar fazem alusio à abrangência da responsabilidade da orientação Educacional, ou seja, ao ti po de população que ela deve atender: todos os alunos ou um grupo especial da população escolar. Justificam que o ate~ dimento a todos os alunos é importante pela necessida'de de ajuda no processo da aprendizagem e no processo de desenvol vimento das relaç5es inter-pessoais e intrapessoais. A orientação a um grupo especial se justifica porque nem sem pre todos os alunos conseguem desenvolver-se em condições 22 KCMITZ, Gerald. T.A & KOWITZ, No.nna Giess. Operating guidance service for nodern school. New York. Holt Rineha.rt & Ninst. 1968, p. 189. 23 SHERTZER, Bruce and PEI'ERS, Hennan.Guidánce: Pr?grann, Deselopnent and Managenent. eolumbus. <l1arles ~ril. Publishing. Co.. 1969, p. 102. 21 iguais. Alguns apresentam-·se ãesviados do geral, carecendo portanto de maior assistência. Desta forma, o princípio b~ sico desta questão reside no fato de que a Orientação Educa cional deve ser democrática. A segunda questão diz, respeito ao nível de ensino em que deva ser dada a orientação, se na escola primária ou na escola secundária. Acreditam Schertztr e Peters que a Orientação Educacional é necessária a todos os alunos e de todas as idades, nos diversos níveis de ensino. Acrescentam ainda, que duas serão as formas de atuação: diretamente ju~ to ao aluno como indivíduo e indiretamente, junto ao meio ambiente em que vive o aluno. Nessa questão, depreendemos que a Orientação Educacional deve ser contínua, isto é, de ve acompanhar o desenvolvimento do aluno em suas diferentes fases, sobretudo nos aspectos pessoal e social. A última questão acha-se em referência à primeira, ou seja, à Orientação Educacional como parte integrante do processo total da educação. Assim ccnsiderada a orientação Educacional, deve ser uma tarefa cooperativa onde alunos, pais, professores, administrativos, isto é, todos os agen- tes do processo educativo devem estar devidamente integra dos e embuidos dos mesmos objetivos. Podemos, pois,concluir que a Orientação Educacio- nal como processo de assistência ao aluno, conforme os teó ricos acima discutidos, deve levar em conta em seus progra- mas de ação os fins da educação e da sociedade a que a edu- cação está a servir. 1.4. Tipos de Serviço de Orientação Educacional A consulta a diferentes textos que tratam da Orien tação Educacional nos permite verificar que suas atividades não se restringem ao âmbito da escola,muito embora a idéia sobre ela venha sempre associada a essa instituição. Talvez 22 pelo fato de ter ela conseguido desenvolver-se mais ampl~ mente no contexto escolar, ou melhor, com o indivíduo em idade escolar. A Orientação Educacional, portanto, pode assumir outros aspectos, caracterizando-se em outros tipos de servi ços, como veremos a seguir. N E t d U 'd 24 1 os s a os nl os, por exemp o, o "Guidance Service~ ou Serviço de Orientação,se constitui um tipo de serviço com a acepção tipicamente clássica. Caracteriza-se por um conjunto de atividades gerais e específicas e,utili- za dados informativos que vão desde as oportunidades escol~ res e profissionais às diversas atividades que caracterizam a comunidade onde o orientando se encontra inserido. In- clui: exames do orientando através de testes, realiza entre vistas, colhe informações de várias fontes e o aconselhamen to que pode ser do tipo informativo ou psicológico. Tais serviços, via de regra, existem nas escolas ou em dos poderes pÚhlicos.~ -orgaos O "Student Personal Work" é o tipo de serviço que se adequa.às escolas superiores. Inclui, além das ativida- des do "Guidance Service", outras como: obtenção de emprego para os estudantes, bolsas de estudos, providências diver- sas como alojamento, viagens, alimentação, etc. Como um serviço integrante de empresas suas atividades estão mais ligadas aos deveres administrativos do departamento de pessoal e que são: admissão, registro, pagamento de soal, etc. 24 pes- Cf. GRINSPUNN, Miriam Paura Sobrosa Zippin. A imp?rtância da Orien- ão Educacional no cesso educativo. Tese de Mestrado. Rio, FGJ IESAE, 1976 - p. ·222 a 27. 23 o "Con.6e.I-tng Se.Jtv-tc.e." se caracteriza pelo trabalho de aconselhamento psicológico. Em suas atividades estão incluidas o estudo da comunidade, o conhecimento do indiví- duo que deseja orientação e, que tem como fundamental, os problemas e as técnicas de aconselhamento. Na maioria das vezes, este tipo de orientação é confundido com o "Guidance Service" • As CIZn-tc.a.6 P.6-tc.otóg-tc.a.6 sao destinadas essencial- mente à solução de problemas de ordem psicológica, mas de senvolvem também a orientação educacional, profissional, re creativa, etc. Caracterizam-se por desenvolverem ativida- des mais especializadas e, via de regra, utilizam mais os serviços de psicólogos que de orientadores. Suas ativida- des são programas mais à luz de princípios, de medidas ps~ cológicas e psicoterápicas. o "Oc.upac.-tonal In6oJtmaüon and Gu-tdanc.e. S e.Jtv-t c. e. 1/ foi um tipo de serviço reconhecido oficialmente nos Estados Unidos, em 1938, na divisão de Educação Vocacional da "Pede ral Security Agency" e que se expandiu rapidamente nas esco las americanas. Os programas de orientação desenvolvidos nas esco- las americanas, geralmente seguem os seguintes princípios: - o centro do processo é o aluno e que deve ser visto na sua totalidade; todo aluno, na escola, precisa de um certo servi ço de orientação; - participação e cooperação de todos os agentes do processo educativo; - todos os especialistas, em sua maioria, também como professores nas escolas; a orientação individual e o aconselhamento técnicas prioritárias; atuam, -sao 24 - a formação dos orientadores e o tip:> de escx:>las sao aspectos a serem considerados nos programas de orientação; - o treinamento dos orientadores é essencial . .. al, que o aconselhamento nos serviços Observamos de orientação nas escolas americanas é o mais enfatizado. O serviço de orientação educacional na França, bem distinto do modelo americano. ~ e Os orientadores educacionais, na França,inicialmen te,foram chamados de "psicólogos escolares"e, tinham como função ajudar os alunos em suas dificuldades de aprendiza- gem e na seleção. A orientação aí, está mais voltada para o ingresso da primeira série do segundo grau, a "6 éme". A idéia de orientação, inclui a orientação escolar e orientação profi~ sional. -Desde a aprovaçao do Projeto de Reforma de Ensi- 25 no, em agosto de 1947, na França, o serviço de Orientação tem como função básica o conhecimento do aluno "normal" pa ra melhor auxiliá-lo no seu desenvolvimento; assistência e orientação do aluno desajustado tendo em vista o seu 25 Em Conferencia proferida em 13 de setembro de 1948 na Associação Bra- sileira cE Educação, carlos Flexa Ribeiro fala sobre a Refonna. Iauge- vin na Educação Secundária, da França. Resumidamente sua idéia é: A refonna <b ensino médio, di vide-o em <bis ciclos. O 19 em 4 anos e o 29, _ em 3 anos... O 19 ciclo é ~<b de Orientação e o 29 &; reter- minaçao. No perlO<b cE Orientaçao, a Orientaçao Educacional e lm- ciada apSs Cbis anos, e a tarefa inicial é integrar o aluno no erga nisIro esrolar e sistematizar os ~ocessos cE acx::m:xlação e ajustarrento Cb indivíd\..t::) à Esrola. A assistencia prestada é individualizada. No 29 ciclo, já cx:m alunos cE 15 a 18 anos, é o ciclo da cEtenninação e é iniciada a Orientação Profissional. RIBEIRO, C.F. Refoma Iauge- vin na Educação SeClIDcBria. in: Educação. ABE. out./1948, n9 22 p. 5-13. Ver tarrbérn, Educação, ABE. out ./1949, n9 26 e Revista da Pe- dagogia. Volo VI, ano VI, jan./1960, n9 11 e 12. 25 atendimento dentro do seu contexto escolar. Desta forma, o psicólogo escolar eleve organizar o "dossier" psicológico e empregar esforços, sempre de comum acordo com o alunos e pais, para que sejam minimizadas as dificuldades correspog dentes à la. série ginasial (5a. série), uma vez que este período escolar,é considerado como aquele em que o atravessa maiores dificuldades. aluno Verificamos, então, que na França, o essencial no Serviço de Orientação Educacional é o que diz respeito aos problemas de aprendizagem e à escolha de uma profissão. 1.5. A orientação Educacional segundo o modelo ~ricano Nesse item trataremos da organização e funcionameg to dos serviços de orientação no sistema de ensino america no por acharmos que o tipo de orientação que vem sendo de- senvolvido em nosso país tem nele se apoiado. O serviço de orientação no sistema de ensino ameri cano tem por objetivo prover as escolas das necessárias ati vidades de orientação que sejam capazes de levar o aluno à compreensão e entendimento de si e do seu meio ambiente, bem como as demandas que este possa ter, de modo que lhe se ja favorecida uma integração harmoniosa ao aluno e seu ambiente externo à escola. Os serviços da orientação constituem-se de equipes especializadas através das quais buscam o desenvolvimento ao máximo das habilidades e potencialidades dos aluno, ten do em vista,a individualização da educação, a personaliza- ção da experiência educacional e adaptação do aluno às di versas situações de vida a fim de que seja ele seguro, in- tegrado, autônomo e auto-suficiente. Para tanto, a orienta ção auxIlia o aluno a: identificar objetivos para sua vida escolar, pe~ soaI, social e profissional; 1 I I t I t ; 1 1 , 1 1 i í I J 1 ! 1 1 I t I 1 1 j J ~ 1 H 26 conhecer, compreender e aceitar suas próprias qualidades e possibilidades no que se refere realização escolar e profissional; ~ a avaliar e rever seus objetivos em função do co- nhecimento real que alcançar de si. As atividades a serem desenvolvidas pelos servi- ços, via de regra,são constituidas de informações sobre os alunos: são colhidos e organizados informes detalhados so bre cada aluno,a fim de que possam ser atendidas suas neces sidades educacionais. Os informes, pois, referem-se a: a) família: constelação familiar, tipo e lugar de residência, profissão dos pais, situação sócio- econômica da família, relacionamento dos mem- bros da família. b) saúde: relatório da história clínica do aluno, seus desenvolvimentos físico, psiquico, mental, social bem como doenças infantis ou de outra na tureza sofridas pelo aluno. c) vida escolar: anos de escolarização, grau esco- lar, rendimento escolar, dificuldades apresent~ das, repetência, transferência e aprovações. d) testes: registro de resultado dos testes de ren dimento e psicológicos. e) interesses vocacionaisjprofissionais: conheci- mento dos interesses e aptidões de cada aluno. Essas informações sao de responsabilidade do pesso aI da orientação e são obtidas através dos recursos de que a escola dispõe. As técnicas utilizadas são a observação junto ao aluno e contatos com os seus familiares, questioná rios, entrevistas, aplicação de testes, exame médico, etc. Uma vez obtidos os dados, são estes registrados em fichas individuais, ou seja, nas fichas cumulativas, como geralmen te são mais conhecidas. I I ! i i I I I i \ I I I I I I I I I I i I I I I l 1 ~ ! t i 1 27 Com base nessas informações sao elaborados os pl~ nos de açao que por sua vez incluem atividades que se des tinam a auxiliar os alunos quantoao seu desempenho esco- lar e ao atendimento de suas necessidades, tais como pl~ nos de estudos condizentes com suas possibilidades (intel! gência, aptidões, interesses, disponibilidade); serviços de saúde, psicologia, assistência social, educação espe- cial, enfim, serviços especiais que atendam às necessida des específicas de cada aluno, tendo em vista um encaminha mento adequado; o aconselhamento, constitui o núcleo das atividades da orientação e, caracteriza-se pelo relaciona mento direto do "school conselor" com o aluno ou grupo de alunos que apresentem problemas e dificuldades que estão a impedir ou dificultando seu processo de crescimento e ama durecimento. O aconselhamento é aplicado em situações di versas: escolar, pessoal, social e vocacional. Em síntese, a programaçao dos serviços de orienta çao constitui-se de atividades de orientação escolar, ser viços especiais e aconselhamento, além de serviço de infor maçao e serviços de colocação e acompanhamento profissio- nal que inclui a ajuda na escolha da área profissional ou carreira pretendida pelo aluno. Quanto à colocação, trata se de ajudar o aluno a dar o próximo passo, ou no curso es colhido, ou no estágio a ser realizad~.ou no emprego que vai exercer. O acompanhamento, refere-se ao atendimento do aluno em sua iniciação profissional para ajudá-lo a su perar as dificuldades próprias de qualquer atividade nova, a adaptar-se à situação de trabalho e ajudá-lo a enfrentar mudanças que possam ocorrer em sua vida profissional. A maioria dos aspectos sobre a organização e fun cionamento dos serviços de orientação nas escolas america nas são descritos pela Profa. Aracy Muniz Freire,26 escre vendo em 1945. 26 FREIRE, Aracy Munj 'Z. Asp=ctos da Orientação Educacional nos EstaCbs UniCbs. in: RBEP. Vol V. jul. 1945, n9 13 - p. -150, 151 e 152. 28 Dizia Aracy Freire ao falar de uma escola pública secundária de Oak Parque, num dos subúrbios de Chicago: "A-<' o depaJttamento de oJt-<.entação, mu-<.to bem oJtgan-<.zado, tem um gJtande númeJto de pe~~oa~ nele tJtabalhando. O-<.to oJt-<.entadcJte~, ~endo um paJta cada ano. O cuJt~o ~ecundáJt-<.o é de quatJto ano~. Cada uma de~~a~ tUJtma~ tem do-<.~ oJt-<.entadoJte~: uma moça paJta a~ menina~ e um homem paJta o~ Jtapaze~. O tJtabalho de cada oJt-<'entadoJt é 6azeJt o e~tudo -<.nd-<.v-<'dual de ca da aluno( ... ) Há um gJtande cu-<'dado em e~tu daJt a v-<'da do aluno dentJto da e~cola paJta veJt como ~e e~tá adaptando. Há também a~ ne~~a e~cola o depaJttamento de educação 6Z~-<.ca, que é de gJtande auxZl-<'o paJta a oJt-<.entação, e~~e depaJttamento ~e ocupa mu-<.to do po-<.~ e~tudo -<.nd-<.v-<'dual de cada aluno, não ~Õ ~obJte o po~ to de vi~;ta da ~aúde como p~-<.colãg-<.co, auxZ l-<.ando com a~ ~ua~ -<.n6oJtmaçõe~ ao~ oJt-<.enta- doJte~( ... ) Há a-<.nda um oJt-<'entadoJt pJto6-<'~~-<'~ nal que dá -<.nóoJtma.çÕe4 ao~ aluno~ ~obJte a~ po~~-<.b-<'l-<'dade~ PJtOói~4-<.ona-<.~ e e~;tuda a~ ten- dênc-<.a4 de cada um pa.Jta e~;ta ou aquela pJt~ 6-<.~~ão e~colh-<'da; po-<.~ ã~ veze4 é a -<.n61uê~ c-<.a1da 6amZl-<.a ou outJta. -<.n61uênc-<.a qualqueJt, que deteJtm-<.na a e4colha; encam-<.nhá-lo paJta a pJto6-<.~~ão que lhe~ pO~4a daJt ~at-<'~6ação e na qual pO~4am daJt melhoJr. Jtend-<.mento ( ... ) em to- da~ a~ e~cola~ ou centJt04 de oJt-<.entação do~ E4tado~ Un-<'do~, há um cu-<.dado e4pec-<'al ne~~e e~tudo da~ tendênc-<.a~ do~ e~tudante4 p~Jta a~ d-<'óeJtente~ pJto6-<.~~õe~ ou p04~-<'b-<'l-<.dade~ de ação( ... ) O ameJt-<.cano tem pJtocuJtado -<.ncut-<.Jt no e~pZJt-<'to do~ aluno~ e do~ pa-<.~ que toda pJt06-<.~~ão é honJto~a, ~eja ela -<.ntelectual ou manual( ... } Há uma. ceJtta con6u~ão entJte oJt-<. entação e educação pJto6-<.4~-<.onal". I I , t I ~ t , I I l i I I I I 29 A equipe de orientaçio constitui-se de "guidance workcr" (especialista em área diversificada; licenciados em psicologia, serviço social, etc) e uma especializaçio em "school conseling" (aconselhador ou conselheiro). Esta equipe pode atuar tanto a nivel de escola ou de departa- mento,em distritos educacionais. Na escola a equipe atua também junto a professores e administradores, promovendo a integração de todos quanto se acham envolvidos na tare- fa educativa. o conselheiro ou orientador (school conselors), além do aconselhamento de alunos, trabalha com grupos, de- senvolvendo habilidades de relacionamento social, assiste os professores na observação de alunos, coopera com pais e comunidades, enfim, contribui para o programa total da escola. Ele é previamente treinado em técnicas de aconse lhamento, planejamento educacional e vocacional para que possa promover os programas de orientação escolar e pro- fissional dos alunos. -Os demais especialistas que compoem a equipe de orientação, em geral, são os próprios professores, o ps! cólogo escolar, o assistente social escolar e médicos. Resumindo, podemos dizer que a Orientação Educa cional nas escolas americanas desenvolve em seus progra- mas as atividades de coletas de dados, orientação esco- lar, informação ocupacional, aconselhamento, colocação e acompanhamento ou como diz Lourenço Filho: 27 "Pa~a a execuç~o de~~e p~og~ama, o me~mo o~ g~o ~uge~e ~e~~ ~ten~ e~~enc~a~~: 1) ~nóo~ mação ocupac~onal; 2) coleta de dado~ ~nd~ v~dua~~; 3) acon~elhamento; 4) de~cobe~ta e u~o da~ óac~l~dade~ educac~ona~~; 5) coloca ç~o; 6) acompanhamento".27 LOURENÇO FIUIO. Da orientação educacional e profissional à "conseling psychology". in: RBEP. Vol XXXII. jul./set., n9 75 - p. 105. 30 A Orientação Educacional no sistema de ensino americano, portanto, desenvolve programas com atividades voltadas para a obtenção de um melhor rendimento escolar e para a escolha de uma profissão, principalmente, através de orientação individual, em aconselhamento. Preocupa-se,~ bém, com a colocação e acompanhamento do orientando quando do inicio do exercicio da profissão. O exposto, assim, permitiu-nos ter uma visão das origens e evolução da Orientação Educacional nos paIses e~ trangeiros. Tal exposição, pareceu-nos necessária à me- lhor compreensão da análise do nosso objeto - as funções que a Orientação Educacional tem desempenhado junto ao Sis tema de Ensino Brasileiro. Tratamos no capitulo seguinte da gênese da Orien tação Educacional no Brasil e do contexto histórico em que ela surge. , I I I I ! l ! ! I I I , I I } t ! I ( I I i i ~ t t , I t I t l 1 t .~ 1 1 t ~ 1 t I I I ! I 31 2. A ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL NO BRASIL E O CONTEXTO HISTC- RICO. 2.1. Antecedentes do Estado Novo O movimento revolucionário de 193028 no Brasil que culmina com ascençao de Vargas ao poder, abre um período de intensas modificações aos níveis político e sócio-econô mico do país. Discorrendo sobre o movimento revolucionário de 1930, Ianni diz: 28 "No~ ano~ po~te~io~e~ ~ Revoluçio de 1930, a~ te~am-~e a~ 6unçõe~ e a p~õp~ia e~t~utu~a do E~tado b~a~ilei~o. Vevido à de~~ota, ainda que pa~eial, da~ oliga~quia~ dominante~ até entio, pela~ nova~ ela~~e~ ~oeiai~ u~bana~, a Revolução exp~imiu a~ ~uptu~a~ e~t~utu~ai~ a pa~ti~ da~ quai~ ~e to~nou po~~Ivel ~eela bo~a~ a~ ~elaçõe~ ent~e E~tado e a ~oeieda de( . .. ) o que ea~aete~iza o~ ano~ po~te~i~ ~e~ à Revolução de 1930 é o 6ato de que e~iá eondiçõe~ pa~a o de~envolvimento do E~tado bu~guê~, (g~i6o do auto~) eomo um ~i~tema que engloba in~tituiçõe~ polltiea~ e eeonômiea~, bem eomo pad~õe~ e valo~e~ ~oeiai~ e eultu- ~ai~ de tipo p~op~iamente bu~guê~ ( ... ) a No desenvolvimento deste i teu, utilizanos as seguintes obras: IANNI, O. Estado e Planejamento Econômico no Brasil(1930-1970). Rio de Ja- neiro. Ed. Civ. Brasileira S.A., 1979; PEREIRA, Iuiz C.Bresser. De- senvolvimento e crise no Brasil. são Paulo. Ed. Bras i liense, 1980; FAUSTO, Boris. A Revolu~o de 1930. são Paulo. Ed.Bras iliense, 1970; CARCNE, E. Revoluçoes no Brasil contemporâneo - 1922-1938. são Paulo. DIFEL. Difusao Editorial S.A., 1975; . A Terceira Re- pública (1937-1945). são Paulo. DIFEL. Difusão Editorial S.A., 1976; FREITAG, Bárbara. Escola, Estado e Sociedade. são Paulo. EDARl' Liv. Editora Ltda, 1978; SKIIM)RE, T. Brasil: de Getúlio a Castelo. Rio de Janeiro. Ed. Paz e Terra, 1979. ! J 1 1 i i I j ! i 1 ~ Revolução implicou na de~~ota Inão ~e t~ata p~op~iamente de liquidação) do E~tado oli- gã~quicolg~i6o do auto~) I ... ) o conjunto da~ atividade~ e~tatai~, no pe~Zodo de1930- 1945, a~~inala~am a agonia do E~tado de ti- po oligã~quico e o de~envolvimento do E~ta do p~op~iamente bu~gu~~".29 o Brasil até 1930, foi um país que possuia uma economia de tipo semi-colonial, como afirma Bresser perei 30 ra. A partir daí, passa a expandir seu mercado interno, 32 modifica rapidamente as estruturas do mercado externo, es pecialmente no campo das importações. Como país semi-colQ nial a exportação de produtos primários restringia-se à troca de manufaturas. O processo de industrialização de- sencadeado a partir de 1930 permite a realização de uma rá pida substituição de importações. Nesse sentido, o estudo de Freitag, apoiada em Maria da Conceição Tavares e Celso Furtado, apresenta uma periodização correspondente a três modelos específicos da economia brasileira: 29 "O p~imei~o ab~ange O Pe~Zodo Colonial, o 1m pê~io e a 1 RepúblicaI1500-1930). Pa~a e~~e pe~Zodo ê ca~acte~Z~tico o modelo ag~o-e~ po~tado~ de no~~a economia. Ao ~egundo IANNI, ~távio. Estado e Planejamento Econânico no Brasil (1930- 1970). Rio de Janeiro. Ed. Civ. Brasileira S.A., 1979. p. 13-14. 30 PEREIRA, llliz C. Bresser. Desenvolv:imento e crise no Brasil. são Paulo. Ed. Brasiliense, 1980. p. 27. pe~Zodo, que vai de 1930 a 1960 ap~oximada mente, eo~~e~ponde o modelo de ~ub~tituição da~ impo~taçõe~. O te~eei~o( ... ) vai de 1960 ao~ no~~o~ dia~( ... ) o pe~Zodo da ~n te~naeionalização do me~eado inte~no( ... ) A e~i~e mundial de 1929 eneaminha a~ mudança~ e~t~utu~ai~ que vão ea~aete~izan o modelo de ~ub~tituição de impo~taçõe~( ... ) E~~e mo dela óoi deeo~~êneia imediata da e~i~e ea- óeei~a p~ovoeada peta e~i~e mundial( ... ) E~ ~a ~ub~tituição da~ impo~taçõe~, além de p~oduzi~ uma dive~~ióieação da p~odução, ~e lativizou o pode~ eeonômieo do~ eaóeeieult~ ~u e óo~taleeeu out~o~ g~upo~ e~peeialmente uma nova bu~gue~ia du~t~ial".3l eeo nômieo~, u~bano-in 33 Em outras palavras, a economia de substituição de importações iniciada em 1930, com ajuda da conjuntura in- ternacional resultante da II Guerra Mundial, contribuiu p~ ra que o centro das decisões se processasse de fora para dentro, ou seja, anteriormente o desenvolvimento da econo- mia agro-exportadora sustentava-se no mercado mundial. As decisões não eram limitadas pelos produtores internos. A partir da substituição de importações, as decisões passa- ram a ser tornadas pelo mercado interno que passou a satis fazer as necessidades desse mercado, produzindo bens de consumo até então importados. No plano social, a sociedade brasileira a partir de 1930 torna um novo e decisivo impulso. Até então, a 31 FRElTAG, B. Escola, Estado e Sociedade. são Paulo. EDARl' • são Pau lo. Livraria Editora Ltda, 1978. p. 39 a 43. 34 nossa estrutura social, basicamente era na cons ti tuida de duas classes apenas, conforme Bresser Pereira: "Ante..6 de..6.6a data nO.6.6a e..6tJtutuJta .6oc.-<.al apJt~ .6e.ntava dua.6 c.la.6.6e..6 bá.6-<.c.a.6 ape.na.6: a d-<.Jt-<. ge.nte., do.6 .6e.nhoJte..6 de te.JtJta, -<.nt-<.mame.nte. l-<' gada ao alto c.omêJtc.-<.o e.xpoJttadoJt de. c.a6ê e. -<.mpoJttadoJt de. pJtoduto.6 manuóatuJtado.6; e. a do m-<.nada c.on.6t-<.tulda poJt um e.noJtme. .6ubpJtole.t~ Jt-<.ado JtuJtal( ••• ) EntJte. a d-<.m-<.nuta c.la.6.6e. d-<' Jt-<.ge.nte., totalmente al-<.e.nada ao.6 -<.nte.Jte..6.6e..6 e..6tJtange.-<.Jto.6, do.6 Qua-<..6 de.pe.nd-<.a, e. a -<.me.n.6a c.la.6.6 e. dom-<.nada, e.nc.ontJtamo.6 uma pe.Que.na c.la~ .6e. mêd-<.a v-<.ve.ndo na.6 c.-<'dade..6 - c.la.6.6e. mêd-<.a e..6.6a de c.unho paJta.6-<.táJt-<'o, apo-<.ada óundamen- talme.nte. no e.mpJte.go públ-<'c.o, já QUe. o E.6ta- do, e.ntã.o, m a-<-.6 do QUe. Q ualQ ue.Jt o utJta c.o -<..6 a, 6unc.-<.ona c.omo agênc.-<.a de. e.mpJte.go.6 e. pollc.-<.a, ã.6 oJtde.n.6 da ol-<.gaJtQU-<-a dom-<.nante".32 Com o processo de industrialização ativado a par tir de 1930, novos grupos de classes começaram a ser deli neados: a buguersia industrial e o proletariado urbano. A classe média, por sua vez, expandiu-se em virtude do cres- címento do setor terciário. Entretanto, continua ela, gra~ de parte, ligada ao funcionalismo público, apesar de enco~ trar na indústria e outras atividades que esta permite, um campo de trabalho. Face a esse novo quadro da sociedade brasileira, a antiga classe dirigente, passou a lutar con tra a ascenção dos novos grupos de classes. No plano pOlítico, verifica-se que o movimento re volucionário de 1930 ao derrubar a oligarquia, contribuiu 32 PEREIRA, Luiz C. Bresser. Op. cito p. 28-29. I J I j ] ~ i I I I i 35 para que ~s classes sociais se desenvolvessem rapidamente e, participassem do Governo, juntamente com as classes der rotadas em 1930, aderindo à nova ordem. A antiga oligar- quia, embora derrotada, de certa forma, continua detentora de uma enorme força econômica e política, o que dificulta uma franca política de oposição a ela. Daí, constatar-se o desenrolar de um drama, cujos contornos irão definir-se cada vez mais. De um lado, lutando por uma volta ao anti go regime, a agricultura latifundiária do café e o comer cio ligado ao café ou diretamente ao capitalismo internacio nal, recebe apoio da classe média ligada por laços econômi cos e sociais à antiga classe dominante. Do outro lado, en contra-se parte dos grupos de oposição que aderem a nova or dem a fim de poder lutar em benefício de seus interesses, juntamente com classe industrial, a classe proletária e a nova classe média. Instala-se, pois, um Governo de compr~ misso. As transformações verificadas no plano cultural também são profundas. Há uma tomada de consciência da rea lidade brasileira que põe em evidência: uma cultura trans plantada e inautêntica, ~epleta de categorias da cultura estrangeira; um transplante de instituições políticas es- trangeiras sem levar em conta as diferenças econômicas, so ciais e naturais do país; e finalmente, a importação de có pias das práticas econômicas e financeiras dos grandes cen tros industrializados. Basicamente são estes os aspectos que se sobressaem e que contribuem para que sejam desponta das novas perspectivas no plano cultural brasileiro, a pa~ tir de 1930. o setor educacional por sua vez, em função desse novo contexto, passa a ser alvo de atenções especiais. As- sim, em 1930, é criado o Ministério de Educação e Saúde e logo após o Conselho Nacional de Educação. Esses passam a partir daI a cuidar de todos assuntos e ~ -orgaos, aspectos ligados à educação. No novo Ministério, recém-criado, toma I j 1 I I J I I 1 ~ 1 , 1 I \ ! I I· i I l- I I I I I i 36 posse Francisco Campos, que imediatamente empreende uma r~ forma do ensino secund~rio e superior e, organiza também o currículo dos estudos econômicos. O curso secundário pa~ sa a ter a duração de sete anos, ficando dividido em dois ciclos. O primeiro ciclo em cinco anos e o segundo compr~ endendo um período de dois anos, subdividindo-se em três r~ mos que se articulam com os cursos superiores de direito, de engenharia ou de medicina e odontologia. Com relação ao ensino superior, é adotado o sistema universitário. Pa ra que qualquer universidade possa ter existência legal, exige-se que tenha três institutos de ensino superior: di reito, medicina eengenharia ou, na falta de um deles, a Faculdade de Educação, Ciências e Letras. Também é adota- do o critério da autonomia administrativa e didática das Universidades. Ao Conselho Nacional de Educação cabe sup~ rintender e controlar no que respeita à equiparação de ins titutos de ensino secundário e superior aos modelos ofi- ciais. No decorrer da República Velha, verificamos que o ensino público no Brasil constitui-se como um ensino lai- co. Entretanto, Vargas, rejeitando a política anterior ~ titui o ensino religioso facultativo nas escolas oficiais. Essa decisão, por certo, prende-se à necessidade de ser le vada em conta a força do Movimento Católico Leigo exatamen te no momento em que este se expandia. A Constituição de 1934, assim, ao adotar o ensino religioso facultativo, faz concessão aos católicos, apesar de quase em todo texto, no capitulo referente à educação encontrar-se de forma clara, uma influência bastante acen- tuada do "Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova" que além da laicidade do ensino, o movimento renovador reivin dicava a institucionalização da escola pública e sua expa~ são, assim como a igualdade de direito dos dois sexos à educação. Desta forma,a Constituição de 1934, evidencia as lutas ideológicas que se travam durante esse período do I , ! ! ! i i ~ t , ! • , t I I t I I i ! i f , R I l f 1 I I i I I I I I I 37 Governo Provisório, pois o movimento revolucionário de 1930, apenas consegue derrubar a velha ordem oligárquica sem contudo eliminá-la totalmente. O que se verifica ~ e apenas um regime que se estabelece à base de um compromis- so tácito entre o novo e o velho. Tal fato se obviamente, ao campo da educação. O movimento estende, renovador representa a nova ordem das coisas e a oposição ao tradi- cional. Analisando o significado histórico do "Manifesto", Romanelli diz: "Contitui e.le., na ve.lLdade., no tvr.lLe.no da e.du- eação e.JeolalLizada, a vangualLda, aquilo que. na polltiea e.lLa lLe.plLe.Je.ntado pe.la ala jove.m dOJ te.ne.nte.J e. da elaJJe. mêdia. EJtava a 6a- vOIL da olLde.m que. e.ntão Je. implantava e. não a'que.Jtionava. MaJ e.Jtava tambêm eonJeie.n- te. da de.6aJage.m e.xiJte.nte. e.ntlLe. a nova Ji tuação e.eonômiea e. Joeial e. a e.Jeola tlLadi- eional. A Jua luta e.lLa eontlLa a e.Jeo.ta tlLa dieional, não eontlLa o EJtado bUlLguêJ. Re.- plLe.Je.ntava o pe.nJame.nto daJ lide.lLançaJ jo ve.nJ na eompoJição daJ e.JtlLutulLaJ do pode.1L - rr 33 da e.poea As lutas ideológicas em torno dos problemas educ~ cionais a partir de 1937, com o estabelecimento do Estado Novo, passam por um estado de congelamento, uma vez que o regime aI instituido não oferece condições para que lutas dessa natureza tenham espaço de realização. 33 2.2. O Estado Novo O movimento da renovaçao educacional decresce entre Ra1ANELLI, 0.0. História da Educação no Brasil - 1930-1973. Rio de Janeiro. Editora Vozes Ltda, 1978. p. 151. t i I I I I 38 1935 e 1937 e, tem paralização ao ser instituido o Estado Novo em 1937. A implantação da ditadura do Estado Novo resulta da situação depressiva em que se encontra a agricultura e o progressivo desenvolvimento do setor industrial. A salv~ ção da agricultura e o patroclnio da industrialização ao lado das lutas pollticas nos anos imediatamente posterio- res à tornada do pOder?impõe que instale em 10 de novembro de 1937 um novo regime, o Estado Novo. 34 34 CAMPOS, Francisco e AZEVEIX), Amaral - escreveram, posteriOl:mente so bre as razões pollticas do golpe e da ditadura: "O Estado era tJIrã 'terra de ninguém', rna.is ou menos ao alcance dos imperialisrros esta duais, que medravam e cresciam à custa da unidade espiritual e r2 lítica da Nação. Era imperioso rarover os obstáculos que inpediam a ação, inediata e eficaz, necessária para recanpor e restaurar aque- la unidade, imprirnindo-lhe o sentido da ordem, da decisão e da vonta de, sem que o Estado, ao invés de aglutinação, se transforrrara em rrotivo de discórdia, de conflitos e, de divisões. Can a unidade ameaçada, sem ordem interna e sem segurança externa, ao Brasil fal~ vam os instrumentos adequados à sua própria restauração, e a tais circunstâncias acrescia ainda o fato de que se haviam artificiaJ..rren te estabelecido lutas e antagonisrros políticos e sociais, a que nãõ corresJ:X>I1diarn nenhum sentimento substancial e para os quais o pais não se encontrava preparado. O Brasil estava dotado de institui- ções em que não ressoavam as vozes claras da realidades e, ao rreSIOC> terrpo, criavarn-se, pelo artifício e pela rrentira, correntes de opi nião estranhas aos seus sentimentos, à sua lndole, à sua cultura e à sua forrração nacional". Citado por Ianni, op. cito p. 20-21. ! ! I I I I I ! I ! i [ i I ! I 1 1 i f I I ! i I I l- I I 39 A ditadura de Vargas tendo ocorrido num momento em que os regimes nazi-fascistas europeus tenham atingido seu apogeu, tal fato não significa que ela seja caracteri zada como puro fascismo. Também não é possivel negar que ela possua algumas afinidades exteriores com os regimes da Itália e da Alemanha. 35 ~ muito dificil escrever sobre o Estado Novo. ~ sempre oportuno começar com a advertência de Carone: 35 no E4tado Novo i um penlodo n~o e4tudado, 4e~ do eonhee~do e m~4t~6~eado pon algun4 a4pe~ t04 negat~v04: i a 11 Guenna Mund~al, i a een4una, é a tontuna, ê a pen40nal~dade de Getül~o Vanga4, 4~O a4 negoe~ata4 ... Ma~4 do que outn04 momento4 de n044a h~4tõn~a eontem ponânea, o E4tado Novo apaneee eomo uma ép~ ea nebulo4a, onde a aç~o ne6anda de 4eU4 d~ n~gente4 o tonna um d04 ma~4 ob4euno4 e Ob4- eunant~4ta4 da h~4tõn~a do Bna4~l. Cun~640 i o 6ato de que uma da4 6a4e4 ma~4 neeente4 de n044a v~da 4eja a ma~4 de4eonhee~da de to- da4. Além da 6alta de e4tudo4 40bne a ep~ ea, no entanto, eX~4tem outn04 6atone4 que expl~eam a 60nça do m~to: ê 60nte a Op04~Ç~O de uma pante da ol~ganqu~a eontna Getúl~o Vanga4 e 4~O 04 de44a ol~ganqu~a que l~de nam pante da pollt~ea apô4 a queda do E4tado liA composição ministerial reflete não só terrlências internas, mas principalmente preferências politicas externas • .Mesrro que o Brasil não tenha feito acordos politicos com o nazismo e fascismo - devido, principabnente ao problema da distância geográfica e também por cau- sa da nossa dependência com os Estados Unidos - há m::mentos em que o Brasil vai se aproximar concretamente do Eixo". CARCtlli, E. O Esta do Novo (1937-1945). são Paulo. DIFEL. Difusão Editorial, 1977 p. 266-267. I I I I 1 I I t i ! I t ! \ I ! ~ t f , í I I 1 ~ I I Novo. Ent~e tai~ g~upo~ ~e encont~a g~ande núme~o de intelectuai~ e polItico~ de nIvel e ~ua ação demolido~a cont~a Getúlio Va~ga~ é g~ande e contInua, o que ma~ca po~ição ne- gativi~ta ã ~ua ob~a e ao ~entido que tomou. Po~ ~ua vez, o~ pa~tidâ~io~ de Getúlio Va~ ga~ tenta~am c~ia~ idéia mI~tica ~ob~e o di tado~, ou nunca ~e p~eocupa~am em de6ende~ ~ua ob~a, ou nunca comp~eende~am o ve~dadei ~o alcance de ~ua~ ~ealizaçõe~. A~~im, a imagem que 6icou e mai~ ob~cu~a e negativi~ ta, devido ã incapacidade de un~ e ao~ ata- que~ malévolo~ e polltico~ do~ out~o~".36 40 o fato é que o golpe de estado de 1937 centrali- za em Getúlio todo o poder da naçao. Ele tinha consciên- cia disso, corno comprovam suas palavras no discurso de 10 de novembro: "Tenho ~u6iciente expe~iincia da~ a~pe~eza~ do pode~ pa~a deixa~-me ~eduzi~ pela~ exte~io~i dade~ e ~ati~6açõe~ de ca~âte~ pe~~oal. Ja- mai~ conco~da~ia, po~ i~~o, em pe~manece~ 6~ente do~ negõcio~ püblico~ ~e tive~~e -a de cede~ quotidianamente ã~ me~quinha~ ~njun çõe~ da acomodação polltica, ~em a ce~teza de pode~ t~abalha~, com ~eal p~oveito, pelo maio~ bem da coletividade". 37 36 o advento do Estado Novo nao representa a vitória CARCNE, Edgard. A Terceira
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