Ética e Programa Televisivo

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Ética e Programa Televisivo
Julyanna SERRA[footnoteRef:2] [2: 	Estudante de Graduação 1º. semestre do Curso de Publicidade e Propaganda da UFRB, e-mail: serrajulyanna@gmail.com.] 
Thácia Evellin CARDOSO[footnoteRef:3] [3: 	 Estudante de Graduação 1º. semestre do Curso de Publicidade e Propaganda da UFRB, e-mail: thaciaevellinoficial@gmail.com] 
RESUMO
Nesse artigo discute-se sobre a ética nos reality shows, uma das formas de programa televiso que mais gera audiência e engaja nas mídias sociais durante a atualidade. O foco de analise está na vigésima primeira edição do Big Brother Brasil, reality show transmitido pela Rede Globo. O modo que o programa é pensado e realizado é altamente propenso a situações onde a ética é questionada. Existe um limite para o entretenimento? Até que ponto um programa pode ir para gerar audiência? 
PALAVRAS-CHAVE: ética; programa televisivo; reality show; big brother brasil.
ABSTRACT
Thisarticlediscussesethics in reality shows, oneof the formsoftelevisionprogramthatgenerates the mostaudience and engages in social media today. The focusofanalysisison the twenty-firsteditionof Big Brother Brasil, a reality show broadcast by Rede Globo. The way the programisdesigned and carriedoutishighlypronetosituationswhereethics are questioned. Isthere a limittoentertainment? Howfar can a programgotogenerateanaudience?
KEYWORDS: ethic; television program; reality show; Big Brother Brazil.
TEXTO DO TRABALHO
 Ética, segundo Aurélio Ferreira (2005, p. 383), pode ser definida como “O estudo dos juízos de apreciação referentes à conduta humana, do ponto de vista do bem e do mal”. Ou ainda, segundo o mesmo autor, um “Conjunto de normas e princípios que norteiam a boa conduta do ser humano”. A ética acabou virando uma preocupação universal e entrou no vocabulário de várias pessoas, o que acabou banalizando o seu real significado. Cortina (2003, p. 18) afirma que: “embora a ética esteja na moda, e todo mundo fale dela, ninguém chega realmente a acreditar que ela seja importante, e mesmo essencial para viver”. Os conceitos de ética costumam ser superestimados pois carregam consigo significados idealizados sobre o que é certo e errado, retratam uma sociedade utópica e a sociedade ao não conseguindo atingir tais níveis, leva os indivíduos a julgarem uns aos outros, mas sem ensinarem a forma “correta” de agir, incentivando assim a “Cultura do Cancelamento”, termo esse que se refere a uma nova forma de justiça social praticada na internet, onde programas televisivos, pessoas e marcas são julgadas virtualmente por posicionamentos, falas e atitudes que são consideradas erradas.
1. CONTEXTO HISTÓRICO
Contextualizando, os programas televisivos brasileiros surgiram no dia 18 de setembro de 1950, a primeira transmissão foi realizada na TV Tupi com apresentação da jornalista Assis Chateaubriand. Sendo lançados no mesmo ano os telejornais, transmissões esportivas e os teleteatros. As transmissões eram feitas em preto e branco, ao vivo, caracterizavam-se pela improvisação, adaptando a linguagem que antes era utilizada pelos rádios, para as televisões. Naquela época, poucas pessoas tinham acesso a esses aparelhos, grande parte dos telespectadores assistiam nas vitrines das lojas porque não tinham condições financeiras de ter um aparelho de televisão em suas casas. Com o passar do tempo, esses aparelhos foram aperfeiçoados, chegando a uma ultra qualidade que é encontrada nos dias de hoje nas televisões e outros aparelhos, que foram popularizados e atualmente cerca de 97% da população brasileira tem aparelho de televisão em suas residências. Esse dado mostra a enorme influência que a televisão tem na sociedade, já que quase toda população do Brasil tem acesso a televisão e assiste os programas exibidos por diversas emissoras. Esses programas podem possuir diversos objetivos e servem como forma de entretenimento e informação. Entre os gêneros de programa de TV destacam-se os Reality Shows, gênero em que se exibe uma representação da vida real. O primeiro Reality foi exibido em 1973 pela emissora americana PBS, “An American Family” (Uma família americana) mostrava a rotina de um casal americano e seus cinco filhos. Os Reality foram evoluindo e se destacando, ganhando espaço na mídia e despertando o interesse dos telespectadores, exemplo disso é o Big Brother que foi exibido em 17 países, inclusive no Brasil.
 Os Reality Shows possuem um elevado nível de qualidade técnica, entretanto, a maioria deles não transmite seu conteúdo de forma ética. Esse gênero de programa televisivo é conhecido por ter o lucro como objetivo principal. Tendo isto em vista, pode-se dizer também que esse tipo de programa tem como grande característica a manipulação e alienação, tanto de seus participantes, que estão em busca de um prêmio em dinheiro ou da exposição midiática que o programa oferece. Tanto de seus telespectadores, que se fascinam com a "realidade" manipulada exibida nos programas, que tem a intenção de captar audiência e lucrar em cima disso, um grande exemplo disso é o Big Brother Brasil (BBB). O programa é transmitido pela Rede Globo desde 2002, inspirado em um reality produzido pela produtora holandesa Endemol, onde os participantes são postos à prova durante o programa que tem duração de 3 meses, possui edições anuais e é transmitido 24hrs por dia, tanto nas televisões como nas redes sociais e com prêmio final de 1,5 milhão de reais.
Exemplo desse sucesso todo é o ibope que o programa gera, Big Brother Brasil chega à marca 25 pontos de audiência na sua primeira exibição de sua vigésima edição, segundo dados oficiais do programa, a audiência da final foi de 11 milhões de pessoas só nas regiões metropolitanas de São Paulo e do Rio (as medições do Ibope são locais, só computam os maiores mercados), sendo que em 2019, o ano antecessor, foram realizados 3 pontos a menos, considerada uma das piores edições. Dito isto, observa-se que o ano de 2020 foi suscetível a esse aumento por conta da pandemia causada pela Covid-19, que ocasionou o isolamento social de grande parte da população brasileira fazendo com que os cidadãos procurassem maneiras de se entreter durante a quarentena. Ouve também uma mudança ocorrida na estrutura do programa, onde dividiam os participantes em dois grupos Camarote (famosos) e Pipoca (anônimos). Portanto, o BBB20 teve estes dois fatores de importância atrelados a seu início, pois gerou curiosidade nos telespectadores para saber como um famoso se comportaria no programa e se eles eram aquilo que mostravam nas redes sociais. 
2. ESTRATÉGIAS
O programa dispõe de métodos para captar a atenção dos telespectadores como a criação de um cronograma onde estas pessoas “controlam” o andamento do reality por meio das votações eletrônicas, denominados paredões, exemplo disso é a contabilização do paredão entre os participantes Felipe Prior, Manu Gavassi e Mari Gonzalez que obteve exatamente 1.532.944.337 votos, segundo o G1. Acontece um paredão por semana, ou seja, toda semana alguém é eliminado do programa de acordo com a votação, feita pelo público no site do Gshow. Um ponto a ser observado são os acontecimentos dentro da casa e a forma como estes acontecimentos são rapidamente discutidas nas redes sociais, principalmente no Instagram e Twitter. Exemplo disto é o momento em que KarolConká, uma das participantes, expulsa Lucas Penteado da mesa de almoço, alegando que não gostaria de almoçar olhando para ele. Essa atitude feita pela cantora gerou muitos comentários sobre o ocorrido, em sua grande maioria negativos, que pontuavam a pressão psicológica que o seu parceiro de confinamento estava sofrendo por parte da cantora e alguns outros participantes do programa. Lucas não suportou os ataques e foi ao confessionário para pedir sua saída do programa após uma das festas. Mais um exemplo fruto da possível pressão psicológica que os participantes estão expostos no reality foi levantado em um post no site do Jornal Metrópoles sobre o emagrecimento perceptível dos participantes Gilberto e Caio do BBB21(abreviação que se refere a vigésima primeira edição do Big Brother Brasil, exibida em 2021), gerando muitas opiniões entre os internautas sobre a saúde mental deles, a fome que poderiam estar passando devido a alimentação da Xepa e até onde pode-se considerar entretenimento privar as pessoas de alimento já que a casa do bbb possui uma divisão entre dois grupos: Vip, grupo privilegiado que tem acesso a uma maior quantidade de comida e Xepa, grupo que tem uma alimentação mais restrita em relação a quantidade e qualidade. Um caso polêmico ocorreu na edição de 2020, onde a participante Thelma Assis, acordou chorando e reclamando de fome. O ex participante Pyong Lee também comentou no Flow, poadcast transmitido no Youtube, sobre as limitações do programa relacionados a comida por causa da divisão entre a Xepa e o Vip. 
2.1 INFLUÊNCIA DA DECORAÇÃO NO EMOCIONAL
Uma característica marcante do Big Brother Brasil é a decoração da casa onde os participantes ficam confinados. A decoração é maximalista, os ambientes possuem cores fortes, várias texturas, temas e diversas informações. Isto é um tipo de estratégia utilizada para influenciar o psicológico dos participantes e afetar suas emoções. A intenção de um reality show é trazer um ambiente dinâmico e que estimule os participantes a estarem ativos no jogo, daí surge a necessidade de modificar a arquitetura e os interiores da Casa do BBB. Caroline Sautchuk, arquiteta e designer de interiores que faz parte da coluna da Veja, diz que a estratégia utilizada na casa é contrária ao que é feito, a utilização de um projeto que dialogue com as necessidades de cada ambiente. Exemplificando, o quarto é um ambiente onde comumente se utiliza cores claras e menos informações pois as cores afetam o emocional das pessoas, ambientes muito coloridos e com muitos matérias não passam uma sensação de conforto e faz com que o cérebro não descanse, o que seria a funcionalidade primordial de um quarto. O uso de cores vivas e intensas como as cores primárias (vermelho, azul e amarelo) em excesso interfere no humor e na produtividade, além de também atrapalhar o sono e deixar a pessoa sem conseguir descansar, o que pode despertar a ansiedade e o estresse. Esse é um fator que muitas vezes é ignorado, mas todo o projeto da casa foi idealizado e executado no intuito de causar essas intervenções do cotidiano dos participantes, o que desregula suas emoções e acaba por promover possíveis conflitos entre eles. As cores não são as únicas coisas a serem analisadas na decoração da casa do Big Brother Brasil, a Arquiteta Priscilla Bencke conta em uma matéria para a Casa Vogue que a biofilia e iluminação também são fatores bem consideráveis quando se trata na influência do organismo humano. Benke Afirma:
“No BBB, todos os ambientes mantêm uma mesma estratégia de iluminação – o que talvez tenha a ver com a própria filmagem - mas sabemos que, se a pessoa fica imersa em um ambiente que não tem janelas e é exposta a um único tipo de temperatura de cor, ela pode sofrer um impacto em seu relógio biológico. Isso porque o relógio do nosso corpo é regulado a partir da cor da luz do Sol. Então manter uma pessoa sem esse contato com a luz externa e em contato apenas a um tipo de temperatura de cor é algo que traz consequências emocionais.” 
Conforme a análise feita por Benke, entende-se que além da personalidade de cada participante e da situação de estar confinado em um reality show, que tem altos níveis de audiência, estando sob os olhares de milhares de brasileiros julgando os atos e falas de cada um dos participantes. A escolha da decoração do ambiente no qual eles estão confinados é um fator de extrema importância e que impacta, mesmo que indiretamente, no modo de agir dos participantes, que devido a esses estímulos podem se sentir mais estressados e ansiosos. 
2.2 INTERFERÊNCIA DO PROGRAMA
A ética do programa é questionada com frequência. Nas redes sociais, os internautas pontuam diversos momentos onde a direção do programa se omite e não comenta sobre atitudes ou falas de seus participantes que estão repercutindo desenfreadamente na internet. Falas estas que são problematizadas pelos telespectadores que anseiam por uma intervenção do programa, já que o reality se tornou um dos meios mais relevantes na sociedade nos dias atuais, e os assuntos vistos e debatidos durante o programa alcançam um número significativo da população. Questiona-se se essa omissão da direção do programa em intervir em determinadas situações não seja com o objetivo de gerar lucro ou fazer com que essas situações repercutam mais e mais, visto que isso gera mais debate e mais comentários sobre o reality, aumentando assim a sua importância e audiência. Quanto mais audiência mais fácil se torna lucrar, tendo isso em vista, para o programa interessa o porquê desta audiência estar interessada, mesmo que seja através de polêmicas ou atitudes antiéticas não repreendidas, o que importa é gerar audiência e lucro.
2.3 ESCOLHA DOS PARTICIPANTES
Existem diversas estratégias nos bastidores de um reality show. Cada prova ou jogo tem a intenção de provocar reações nos participantes, como um lembrete que aquilo é uma competição, aumentando assim o nível de competividade e estresse entre eles. Pode-se citar as festas, que tem enormes quantidades de álcool, para deixá-los se expor ainda mais para gerar entretenimento para o público. Indo além disso, a própria escolha dos participantes é uma estratégia em si. A cada edição do Big Brother Brasil pode-se observar alguns padrões de participantes que são como se fossem personagens. Geralmente com personalidades bem distintas um dos outros, como “vilões” e “heróis”, trazidos com o objetivo de gerar conflitos entre si por serem personalidades bem distintas. Esse tipo de estratégia é para “movimentar” o jogo e captar a atenção da audiência, que fica extasiada e durante as discussões passa a tomar lados.Felipe Prior, Petrix, Guilherme, Lucas e Hadson, foram excelentes exemplos de participantes vistos como os vilões na edição de 2020, que teve como grande foco a discussão de assuntos como o machismo, já que a formação desses vilões foi dada por atitudes e falas machistas ditas por eles se referindo a maioria das participantes mulheres, que foram as “heroínas” da edição. A edição de 2020 inclusive contou com uma final apenas com participantes mulheres; Thelma Assis, Manu Gavassi e Rafa Kalliman foram as finalistas do programa. Os participantes tidos como “vilões” da ediçãoacabam gerando grandes movimentações por parte dos telespectadores, que geralmente fazem mutirões para que eles saiam do programa com rejeições (o valor da porcentagem da votação do paredão) altíssimas. 
2.4 A ESCOLHA DO QUE É EXIBIDO
Observa-se que toda a edição do programa exibido ao vivo em horário nobre é feita extremamente calculada, alguns momentos importantes são editados e cortados, o que acaba gerando uma grande distorção dos fatos para o público. Nego Di, um dos participantes do Camarote do BBB21, relata em um Podcast realizado dentro do Youtube, denominado Flow, que é apresentado por Bruno “Monark” e Igor “3K”, como ocorreu essa manipulação. Ele conta que quando andava pela casa durante a madrugada, horário que ele passava mais acordado, as câmeras viravam para outro foco mesmo que ele estivesse sozinho no ambiente, ou seja, não era interessante para o reality mostrar outras versões do Nego Di. Isto condiz com teorias que o público debate nas redes sociais, sobre como esse tipo de episódio acontecia como forma de alienar e direcionar o telespectador a acreditar na construção do programa, que levava o público a ver Nego Di como um dos vilões, o colocando em foco apenas quando suas falas reforçavam as características de arrogância, preconceito e egocentrismo que ajudam a montar uma narrativa alternativa aos acontecimentos para que eles possam dar os resultados esperados. Esse tipo de manipulação visual é uma das grandes características de um Reality Show, afinal são 24 horas de um dia que são resumidas em poucos minutos e porisso é necessário fazer diversos cortes no que acontece na casa para que possa ser feito um resumo à noite, quando o programa vai ao ar na TV Globo. 
2.5 ÉTICA NAS PROVAS 
Correlacionando à ética e o programa, deve-se relembrar o conceito de ética citado anteriormente, e complementando com Oliveira (apud José Trasferetti, 2006, p. 94) as pessoas, ao ouvirem a palavra ética, pensam em “[...] um código de deveres, em um fardo pesado que torna a vida diminuída, sem gosto, sem qualidade.”, ou seja, esse termo é descartado, dentro de todo contexto, afinal o público procura por um bom entretenimento, mas sem terem noção do quanto é tóxico, o espelho disso é o Quarto Branco, que foi uma prova realizada dentro do programa. O Quarto branco foi uma prova onde três indivíduos ficavam presos dentro de um quarto totalmente branco, onde os participantes vestiam mesma roupa, de cor branca, o quarto tinha uma iluminação forte e constante, enquanto o teto ia descendo e deixando o quarto menor. Essa prova tinha a finalidade de fazer algum dos participantes ceder e a apertar o botão presente, gerando alguma penalidade, como a ida ao paredão. Segundo o site Super Interessante, esse tipo de prova foi moldado em cima de um tipo de tortura usada pelas Forças Armadas dos EUA, da Venezuela e do Irã, onde usam o artifício em prisioneiros para obter confissões, pois ele desregula o ciclo circadiano, responsável por diferenciar o dia e a noite, e conseqüentemente a hora de dormir, ou seja, sem ela regulada a pessoa não dorme, o que a leva ao estresse absoluto que pode desencadear a insanidade. Muitas dessas informações não chegam ao público, e a maioria dos telespectadores não se interessam em buscar mais informações, focam apenas no “entretenimento” gerado, o que os qualificam como seres alienados e coniventes com tais atitudes. 
3. OBJETIVO DO REALITY
Por ser um dos programas mais vistos e comentados da televisão brasileira atualmente, as cotas de patrocínio do BBB21 alcançaram valores exorbitantes. A quantia que os anunciantes pagaram para patrocinar o “Big dos Bigs” foi divido em cotas: Big, Anjo e Especiais, além das cotas de participação e os comerciais. As cotas Bigs se referem as empresas que tem maior destaque e aparecem em todos conteúdos relacionados ao BBB no Grupo; Anjo é a cota das empresas que tem aparições frequentes em atividades cotidianas do reality e em provas e Especiais é a cota de ações avulsas. Segundo o site da UOL, as empresas interessadas em se tornar anunciantes tiveram que desembolsar R$78 milhões para fazer parte da cota Big, R$59 milhões para a cota anjo e R$18 milhões para a cota Especiais. Em 2020 a cota máxima do programa era de R$46 milhões, mas com o enorme destaque que a edição do ano obteve, o valor foi quase duplicado para a cota máxima o ano seguinte. Apostou-se que o BBB21 seria ainda rentável em termos de audiência e alcance dentro das redes sociais do que o BBB20, logo, a 21° edição do programa foi divulgada como “Big dos Bigs” para causar impacto nos telespectadores e despertar interesse nos anunciantes, que tinham visto na edição de 2020 o enorme potencial de alcance e mídia que ser um dos patrocinadores pode trazer para a empresa. Caso o objetivo seja expor a marca durante os comerciais do programa, o valor a ser pago era cerca de R$508 mil em um comercial de 30 segundos. Levando em consideração que cada intervalo comercial tem cerca de 3 minutos, em cada intervalo desse o programa consegue lucrar duas vezes o valor do Prêmio do campeão do reality, que é de R$1,5 milhão. 
4. ÉTICA ALÉM DO PROGRAMA
Além da análise do BBB, deve-se analisar também a falta de ética por parte dos telespectadores do programa, que se tornam “juízes” das atitudes e falas dos participantes. A partir desses julgamentos, ocorrem diversos debates nas redes sociais onde analisam cada atitude e fala dos participantes, em alguns casos chegam a ocorrer linchamentos virtuais dos participantes, cujos quais anteriormente foram citados como os que são transformados em “vilões” da edição. A produção do programa não demonstra preocupação em intervir nessas movimentações com algum posicionamento, pois esses casos geram mais audiência, que é algo levado como positivo, independente do motivo. No caso da cantora e participante do BB21, Karol Conká, foram relatadas ameaças que a família da cantora sofreu por causa das atitudes egocêntricas e narcisistas delas dentro da casa. Surge então o questionamento: Qual é o limite?
 “Não acredito que destruir a vida de uma pessoa com linchamento virtual resolva o problema original. Pelo contrário! Ao tentar resolver o problema espancando, você acaba criando outro, gerando ainda mais ódio e violência” (Leifert, Thiago. 2020)
Desabafou Tiago Leifert após a #ForaThiago chegar aos Trendind Topics do Twitter durante a exibição do programa em 2020. Essa frase dita por Leifert se enquadra perfeitamente no caso de Karol Conká, que foi extremamente criticada por seus atos egocêntricos e narcisistas dentro do programa. A cantora sofreu inúmeras ofensas em sua eliminação do programa, que bateu o recorde com a maior porcentagem de votos da história do BBB, eliminada com 99,17% dos votos. Karol se manteve distante das redes sociais após a sua eliminação do programa e lançou um documentário junto com a Globo Play intitulado “Depois do Tombo”.Pode-se citar Friedrich Nietzsche, “É mais fácil lidar com uma má consciência do que com uma má reputação.”. Toda a exposição que os Reality Shows trazem para seus participantes pode ser considerada tanto um fator positivo como um fator negativo, como no caso de Konká, que após o programa passa por uma fase de Rebranding (termo usado para definir uma estratégia de marketing em que se modifica a identidade visual, valores ou posicionamento de uma marca ou personalidade) para poder reconstruir sua imagem e carreira, que foram altamente afetados por sua participação no BBB21. 
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Acerca de tudo que foi dito a cima, pode-se citar Friedrich Nietzsche, “É mais fácil lidar com uma má consciência do que com uma má reputação.”. Pôde-se observar que diversas vezes o programa subestima à ética, seja durante a construção ou exibição, para que assim consiga aumentar os níveis de audiência e consequentemente aumentar a margem de lucro obtida. Nota-se que existe um “peso” em cima do significado de ética que “dificulta” a sua execução, e que mesmo sendo subjugado à uma realidade platônica, ela não deveria ser descartada, afinal o Big Brother Brasil tem uma forte influência na sociedade atual por ser um dos programas mais assistidos e bater recordes de audiência. Não pensar ou não se importar como as ações e fazer com reflitam do lado externo da casa, nos telespectadores nos seus participantes, é preocupante. Toda a construção do Big Brother Brasil evidencia que o programa é uma experiência social que não tem como único objetivo entreter a população. O objetivo primordial do programa é gerar lucros, e tendo isso vista se torna simples entender os motivos de cada uma das estratégias descritas neste artigo. São técnicas utilizadas para manipular participantes e telespectadores, aumentar a audiência e gerar lucros. Esse tipo de comportamento de um programa televiso deveria ser normalizado? 
REFERÊNCIAS
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