Buscar

Direito das Coisas: Conceito e Classificação

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 112 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 112 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 112 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

DIREITO DAS COISAS 
1. CONCEITO DO DIREITO DAS COISAS 
-> Maria Helena Diniz: “Direito das coisas é o conjunto de normas que regem as 
relações jurídicas concernentes aos bens materiais (corpóreos) e imateriais 
(incorpóreos) suscetíveis de apropriação pelo homem.” -> mas não é 
exaustivamente tratado no direito das coisas, há várias legislações próprias que 
regulamentam também, exemplo: direito autoral, direito industrial (com relação 
às marcas e patentes), ou seja, muitos bens tem autonomia legislativa. 
*São legislações especiais, que fazem com que esses bens imateriais não sejam 
estudados propriamente no direito das coisas, já que estavam legislados por lei 
extravagante e cabe ao CC somente função suplementar. 
->Beviláqua: É o complexo das normas reguladoras das relações jurídicas 
referentes às coisas suscetíveis de apropriação pelo homem. Tais coisas são, 
ordinariamente, do mundo físico (tangível), porque sobre elas é que é possível 
exercer o poder de domínio (uso, dispor da coisa). 
*Relação jurídica de uso da coisa. 
*Ordinariamente do mundo físico, mas há as intangíveis. 
->Disposições que formam a regulamentação da propriedade = Direito das 
Coisas. 
COISAS X BENS 
-> Há divergência sobre as diferenças entre coisas e bens. Alguns entendem que 
coisa é gênero do qual bem é espécie. É tudo o que existe objetivamente, com 
exclusão do homem. É tudo aquilo que pode ser objeto de relações jurídicas. 
Bens são coisas que, por serem úteis e raras, são suscetíveis de apropriação e 
contém valor econômico. Somente interessam ao direito das coisas suscetíveis 
de apropriação exclusiva pelo homem (conceito restrito de coisas), sobre as 
quais possa existir um vínculo jurídico, que é o domínio. As que existem em 
abundância no universo, como o ar atmosférico, e a água dos oceano deixam 
de ser relevantes ao direito das coisas. 
*Nem todos os bens são coisas. 
*Ora conceito de coisa pode ser mais amplo que o conceito de bem (se bem for 
caracterizado como valor econômico). Nesse caso, ar, água, não tem valor 
econômico, seriam, por tanto, coisas. Agora, outra versão, se ora o conceito de 
bens é mais amplo - se eu digo que honra, dignidade das pessoas é um bem 
jurídico tutelado pelo direito, sob uma perspectiva moral, é mais amplo que o 
conceito de coisas, pois envolve bens tutelados juridicamente que não podem ser 
denominados coisas - porém, uma coisa não há dúvida: coisas e bens não se 
confundem. 
2. CONTEÚDO DO DIREITO DAS COISAS 
� de �1 112
-> O direito das coisas não pode ser compreendido exatamente como sinônimo de 
direitos reais, pois o seu conteúdo mais amplo que a matéria de direitos reais 
(inclui outras matérias). Possui configuração mais ampla, abrangendo, além dos 
direitos reais propriamente ditos, capítulos destinados ao estudo da posse - cuja 
natureza jurídica é controversa, tida por alguns como de direito obrigacional ou 
sui generis - e dos direitos de vizinhança, que possui várias regras estabelecendo 
obrigações mistas ou propter rem. 
*Direitos reais -> é o campo do direito patrimonial cujas regras tratam do poder 
dos homens sobre as coisas apropriáveis. 
*Direito das Coisas = Posse e Direitos Reais e Direito de vizinhança. 
Art. 1225 CC: São direitos reais (11): 
a) Propriedade; 
b) Superfície 
c) Servidões 
d) Usufruto; 
e) Habitação; 
f) O direito do promitente comprador do imóvel; 
g) O penhor; 
h) A hipoteca 
i) A anticrese; 
j) Concessão de uso especial para fins de moradia; 
k) Concessão de direito real de uso. 
3. CLASSIFICAÇÃO DOS DIRETOS REAIS 
A propriedade é a chave para a compreensão dos demais direitos reais; a partir do 
desdobramento dos poderes dominiais, brotam os direitos de fruição, garantia e 
aquisição. 
1) Direitos reais sobre a coisa própria (propriedade): Único direito real 
originário, de manifestação obrigatória - manifestação primária e 
fundamental dos direitos reais. 
2) Direitos reais sobre coisa alheia: somente se manifestam quando do 
desdobramento eventual das faculdades contidas no domínio - manifestação 
facultativas e derivadas dos direitos reais, pois resultam da decomposição dos 
poderes jurídicos contidos no domínio - sua existência jamais será exclusiva, 
eis que na sua vigência convivem com o direito de propriedade, mesmo 
estando ele fragmentado. 
*O domínio é suscetível de desmembramento, e cada poder desmembrado, 
culmina por constituir um novo direito real. ex: hipoteca -> fragmenta poderes ao 
hipotecário. 
*O titular se priva de alguns poderes dominiais, mas não reduz em momento 
algum sua condição de proprietário - ele reduz a sua carga dominical em prol de 
terceiros que temporariamente contam com certos poderes do domínio. 
� de �2 112
*Gravame: retrata a transferência das faculdades de domínio, gerando o 
nascimento de direitos reais limitados. 
*Direitos reais em coisa alheia são temporários. 
a) De gozo ou fruição: usufruto (direito de usar e fruir da coisa), servidão, uso 
(mais restrito que usufruto) e habitação, superfície (uso da superfície de bem 
alheio), concessão do direito real de uso e concessão de uso especial para 
fins de moradia. 
b) De garantia: Penhor (bens móveis), hipoteca (bens imóveis), anticrese 
(garantir o pagamento de uma dívida com o rendimento de um determinado 
bem imóvel), e alienação fiduciária (esta é sobre coisa própria: adquirir 
automóvel com um financiamento e vou construiu um direito real de garantia 
em favor do banco, compra na concessionária e transfere a propriedade 
fiduciária ao banco - é sobre coisa própria, pois quem é o proprietário é o 
próprio banco - só que é uma propriedade resolúvel: se for pago tudo, se 
extingue o direito de propriedade do banco). 
c) De aquisição: compromisso irretratáveis de compra e venda (só se constitui 
a partir do registro). 
-> Os direitos reais em coisa alheia possuem dentro de si uma carga relevante de 
relações de índole obrigacional. 
4. DIFERENÇAS ENTRE DIREITOS REAIS E DIREITOS OBRIGACIONAIS DE CRÉDITO 
a) Teoria Realista (ou impersonalista) -> O Direito Real significa o poder da 
pessoa sobre a coisa, numa relação jurídica que se estabelece diretamente e 
sem intermediário. 
- Já o obrigacional de crédito requer sempre a interposição de um sujeito 
passivo, devedor da prestação, independentemente de consistir esta na 
entrega de uma coisa, na realização de um fato ou uma abstenção. 
- O termo obrigação significa um dever específico que vincula determinada 
pessoa em relação à outra. O credor coloca-se em posição de exigir um 
comportamento do devedor. Os direitos obrigacionais pedem a cooperação do 
sujeito passivo no sentido da satisfação do débito (direitos subjetivos 
relativos/ direito real é absoluto). 
*Princípio da aderência ou inerência: Conforme a teoria realista, os direitos 
reais estabelecem vínculo, uma relação de senhoria entre o sujeito e coisa, não 
dependendo da colaboração de nenhum sujeito passivo para existir. 
b) Teoria Personalista -> Não aceita a instituição de uma relação jurídica 
diretamente entre a pessoa do sujeito e a própria coisa, uma vez que todo 
direito, correlato obrigatório de um dever, é necessariamente uma relação 
entre pessoas. No direito real estabelece-se uma relação jurídica (admite-se) 
com a coisa, pois que esta é o objeto do direito, mas tem a faculdade de 
� de �3 112
opô-la erga omnes, por isso há um “sujeito passivo”: a generalidade anônima 
dos indivíduos ou um sujeito passivo universal” (coletividade). 
*Relação jurídica pressupõe direitos subjetivos contrapostos a deveres 
recíprocos: enquanto a comunidade indeterminada de pessoas exerce o dever 
genérico de abstenção, compete ao titular do direito subjetivo a missão de 
satisfazer o seu interesse, sem sacrificar o interesse coletivo. 
-> A ciência que separa o direito real e direito obrigacional se torna insuficiente 
para explicar a obrigacionalização da propriedade, em relação que a titularidade 
dos bens impõe deveres jurídicos a seu titular perante a coletividade - os direitosreais, sem exceção, abrigam em sua estrutura uma relação jurídica de direito real 
(domínio do titular) e outra obrigacional (cooperação entre o titular e a 
coletividade). 
 
CARACTERÍSTICAS 
DIREITOS OBRIGACIONAIS DE 
CRÉDITO/ PESSOAIS (Direito a 
uma coisa)
DIREITOS REAIS (Direito à 
coisa)
QUANTO AO SUJEITO
Realista e Personalista: Se dá 
entre o sujeito ativo (credor) e o 
sujeito passivo (devedor)
Realista: Não há sujeito passivo - 
ocorre uma relação jurídica entre 
sujeito e coisa, diretamente. 
Entende que há um princípio da 
aderência ou inerência entre 
sujeito e coisa (relações de 
senhoria).
Personalista: Existe uma relação 
jurídica entre um sujeito passivo 
(sujeito passivo universal) e ativo 
(titular do direito real) - base da 
teoria diz: não existe um direito 
sem que tenha correlato um 
dever - e o dever não pode ser 
constituído sobre uma coisa - tem 
que ser uma relação entre 
pessoas, tendo como objeto a 
coisa.
O sujeito passivo que teria 
obrigações seria toda a 
comunidade que tem o de ver de 
respeitar o direito real constituído.
� de �4 112
QUANTO À AÇÃO OU 
ABSOLUTIDADE
Já se tem certo contra quem é a 
ação (exemplo: contrato) - tem 
ação pessoal contra a pessoa 
determinada desde o início da 
relação jurídica, que é o 
contratante.
Vige o princípio do efeito 
relativo dos contratos: o 
contrato faz lei entre as partes, 
em princípio não beneficia nem 
prejudica terceiros, só vincula as 
partes contrantes.
Ação real oponível erga omnes 
(oponível contra todos: todos 
devem se abster de molestar). 
Em princípio, não tem ação 
contra ninguém, mas no momento 
que alguém violar o direitos 
real, é contra essa pessoa que se 
propõe a ação.
Só surge com a violação e pode 
ser qualquer pessoa da 
coletividade.
Vige o princípio do 
absolutismo: É o poder de exigir 
de todos um dever de abstenção - 
O sujeito de direito real uma vez 
violado o seu direito, poderá 
propor ação. 
Surge daí o direito de sequela, 
isto é, de perseguir a coisa e de 
reinvidicá-la em poder de quem 
quer que esteja (submissão do 
bem ao titular do direito real), 
bem como o direito de 
preferência.
QUANTO À SEQUELA
Não atribuem direito de 
sequela, porque são oponíveis 
inter partes, somente àqueles que 
se vincularam. Apenas tem o 
patrimônio do devedor como 
garantia.
Não existe publicidade, 
justamente porque é oponível 
inter partis.
Atribuem direito de sequela (jus 
perseguindi) - direito do titular do 
bem de o perseguir quando em 
poder de terceiros onde quer que 
se encontre - justamente porque 
são direitos absolutos.
Ex. O compromisso de compra e 
venda devidamente registrado 
em cartório dá direito de 
sequela, pois há direito real. 
Por serem oponíveis contra 
todos, obedecem ao princípio 
da publicidade ou visibilidade:
*Art. 1267: é a tradição que dá 
visibilidade (bens móveis).
*Art. 1245: registro (bens móveis 
e imóveis) que dá publicidade a 
qualquer terceiro.
-> Se faz necessário que toda a 
coletividade possa conhecer os 
seus titulares, para não molestá-
los - por isso se liga ao princípio 
da sequela: uma vez que 
ninguém pode ser perseguido 
sem saber o porque.
� de �5 112
QUANTO AO OBJETO
Uma prestação debitória (dar, 
fazer ou não fazer).
*Art 104, II: a validade do negócio 
jurídico pode ter como objeto 
determinável.
*Admite também coisa futura: as 
partes podem celebrar contratos 
aleatórios com coisas futuras.
São coisas corpóreas ou 
incorpóreas suscetíveis de 
apropriação pelo homem.
O bem sobre o qual o titular 
exerce ingerência sócio-
econômica: o direito de usufruir 
da coisa.
Sempre coisa determinada e, 
como regra, não admite coisa 
futura - a coisa tem que estar 
individualizada.
A doutrina fala em sempre 
determinado, mas para o Eliseu, 
há uma exceção, pois de acordo 
com a lei de Alienação Fiduciária, 
é possível que haja alienação 
fiduciária antes da existência do 
bem, é uma exceção.
QUANTO AO LIMITE
São ilimitados os direitos 
obrigacionais, quanto aos tipos 
(art. 425 CC) e quanto às formas 
(não tem forma delimitada - art. 
107 CC). Se a lei exigir, daí 
obedece a forma.
Obedece o princípio da 
autonomia da vontade: as 
partes podem fazer o contrato 
como quiserem, desde que 
atendam aos princípios gerais 
do direito.
São chamados de NUMERUS 
APERTOS: não são 
taxativamente definidos pelo 
legislador (cláusula aberta).
Não há liberdade de criação de 
outros direitos reais não definidos 
em lei - são taxativamente 
definidos pelo legislador, ou seja, 
são NUMERUS CLAUSUS (art. 
1225 CC, alguns dizem que ainda 
podem estar previstos em outras 
legislações extravagantes).
E possuem forma típica (art. 108)
Princípio da taxatividade: Os 
direitos reais são criados 
taxativamente por lei e não 
ensejam aplicação analógica. 
Desse modo, o nº dos direitos 
reais é, pois, limitado, sendo 
assim considerados somente os 
elencados na lei
Princípio da tipicidade: Os 
direitos reais existem apenas de 
acordo com os tipos legais e são 
constituídos conforme as formas 
previstas na legislação.
QUANTO À FRUIÇÃO
Para fruir a prestação, exige que 
o devedor realize a prestação - 
exige intermediário para realizar a 
prestação debitória.
Ingerência sócio-econômica se 
realiza independentemente de 
participação de qualquer 
intermediário, assim, fruição se 
dá diretamente entre o sujeito 
titular do direito e coisa.
� de �6 112
QUANTO AO ABANDONO
Credor não quer receber - 
devedor pode depositar 
judicialmente (não pode renunciar 
o crédito sem anuência do 
devedor) - apenas pode deixar de 
exercer o seu direito pela 
prescrição extintiva do seu 
crédito, não pode renunciar 
unilateralmente os seus 
créditos.
Devedor, logicamente, também 
não pode abandonar a prestação.
O titular do direito real pode abrir 
mão do seu direito, renunciando/
abandonando, por tanto, cabe 
renúncia e abandono (art. 1275, 
II e III).
QUANTO À EXTINÇÃO
Se o titular permanecer inerte 
quanto ao seu crédito - se 
extingue o direito (prescrição 
extintiva).
Em regra, são transitórios.
Não se extinguem pela inércia 
ou pelo não uso, como regra 
geral. Mas, apenas, se ocorrer a 
aquisição por outrem, por 
exemplo, usucapião (prescrição 
aquisitiva).
Em regra, não são transitórios - 
Princípio da perpetuidade, até 
porque se transmitem com 
sucessões - sentido de 
perenidade, não nascem para se 
extinguir.
-Exemplo de exceção de quando 
um direito real não tem prescrição 
aquisitiva: artigo 1389, II.
QUANTO À USUCAPIÃO
Não são passíveis de 
usucapião porque não são 
passíveis de posse, como regra 
geral.
Em regra, são passíveis de 
usucapião porque são passíveis 
de posse, como regra - ex: 
propriedade, servidão, usufruto.
*Hipoteca não é passível de 
usucapião.
QUANTO À POSSE
Não são suscetíveis de posse, 
como regra - não cabe ação de 
reintegração de posse.
Cabe ação anulatória de título 
de crédito.
São suscetíveis de posse, como 
regra - cabe ação de 
reintegração.
� de �7 112
5. FIGURAS INTERMEDIÁRIAS OU HÍBRIDAS 
-> Híbridos: Aqueles que levam características de direito obrigacional e reais. 
a) Obrigação “Propter Rem” ou anulatórias: São aquelas que recaem sobre uma 
pessoa por força de um determinado direito real. 
Exemplos: 
1) Art. 1297, §1º CC: O proprietário tem que concorrer com a despesas de 
construção e conservação de muro ou cerca divisória: João e Paulo são vizinhos, 
João reformou a cerca, mas Paulo não quis dividir o valor dela, como Paulo 
vendeu o terreno para José, José sendo o novo dono, terá obrigação de pagar o 
valor da conservação da cerca. 
§ 1o Os intervalos, muros, cercas e os tapumes divisórios, tais como sebes vivas, 
cercas de arame ou de madeira, valas ou banquetas, presumem-se, até prova em 
contrário, pertencer a ambos os proprietários confinantes, sendo estes obrigados, 
de conformidade com os costumes da localidade, a concorrer, em partes iguais, 
para as despesas de sua construção e conservação. 
2) Art. 1336, I CC: São deveres do condômino: 
I - contribuir para as despesas do condomínio naproporção das suas frações 
ideais, salvo disposição em contrário na convenção. 
-> Proprietário de um apartamento cria a obrigação de pagar as contribuições 
condominiais. Se vende o imóvel com dívidas, o que adquiriu-o fica obrigado a 
pagá-las. 
Art. 1.345. O adquirente de unidade responde pelos débitos do alienante, em 
relação ao condomínio, inclusive multas e juros moratórios. 
3) Art. 1285: O dono do prédio que não tiver acesso a via pública, nascente ou 
porto, pode, mediante pagamento de indenização cabal, constranger o vizinho a 
lhe dar passagem, cujo rumo será judicialmente fixado, se necessário. 
QUANTO À PREFERÊNCIA OU 
PREVALÊNCIA
Não atribuem preferência dos 
créditos no caso de insolvência 
ou falência do devedor.
Atribuem preferência ou 
prevalência no caso de 
insolvência do devedor.
- direito de preferência consiste 
no fato de o direito real superar 
todas as situações jurídicas 
com o mesmo incompatíveis, 
posteriormente constituídas 
sobre a coisa em que incide e 
sem o concurso da vontade do 
titular daquele - um crédito 
real tem preferência de 
cobrança sobre um crédito 
obrigacional.
� de �8 112
-> Vizinho é obrigado a dar passagem ao proprietário que tem imóvel encravado 
(que não sai pra rua nenhuma). 
b) Obrigação com eficácia real (contra terceiro): São aquelas que sem perder o 
caráter de direito a uma prestação (obrigacional), transmitem-se e são oponíveis 
a terceiros que adquiram direito sobre determinado bem (característica do 
direito real). 
Exemplos: 
1) Art. 505 e 507 (princípio da publicidade) CC: 
Art. 505. O vendedor de coisa imóvel pode reservar-se o direito de recobrá-la no 
prazo máximo de decadência de três anos, restituindo o preço recebido e 
reembolsando as despesas do comprador, inclusive as que, durante o período de 
resgate, se efetuaram com a sua autorização escrita, ou para a realização de 
benfeitorias necessárias. 
Art. 507. O direito de retrato, que é cessível e transmissível a herdeiros e 
legatários, poderá ser exercido contra o terceiro adquirente. 
-> Cláusula de Retrovenda: direito potestativo de recobrar a coisa do vendedor, 
restituindo o preço - propriedade sob condição resolutiva. Direito de recobrar a 
coisa pode ser exercido contra qualquer terceiro que eventualmente tenha 
adquirido o bem. 
-> Art. 1359: Resolvida a propriedade pelo implemento da condição ou pelo 
advento do termo, entendem-se também resolvidos os direitos reais concedidos 
na sua pendência, e o proprietário, em cujo favor se opera a resolução, pode 
reivindicar a coisa do poder de quem a possua ou detenha. 
2) Art. 30/33 da Lei 8245/91 (Lei de Locações): Permite que se averbe o 
contrato de locação junto à matrícula do imóvel locado, fazendo isso, se garante 
o direito de preferência do locatário sob o direito de aquisição do imóvel 
locado, se o proprietário quiser vender- esse direito de preferência também pode 
ser exercido contra terceiro (eficácia real) que venha a adquirir o imóvel (se o 
proprietário anterior não notificar etc), desde que tenha sido averbado junto a 
matrícula do imóvel, 30 dias antes dessa compra e venda. 
- tem compromisso de compra e venda registrado junto à matrícula do imóvel, se 
o proprietário alienar para terceiro - terceiro não pode alegar boa fé - direito 
de sequela - direito do real promitente comprador do imóvel. 
6. POSSE: Art. 1196 a 1124 CC 
1. DEFINIÇÃO: 
-> CC não define a posse, mas apenas quem é o possuidor: 
� de �9 112
Art. 1.196. Considera-se possuidor todo aquele que tem de fato o exercício, 
pleno ou não, de algum dos poderes inerentes à propriedade. 
Art. 1.204. Adquire-se a posse desde o momento em que se torna possível o 
exercício, em nome próprio, de qualquer dos poderes inerentes à propriedade. 
-> Posse, na verdade, é o exercício de fato de uma ou algumas das faculdades de 
dono (uso, gozo ou fruição). Todo aquele que tem de fato ou a possibilidade do 
exercício pleno ou não, em nome próprio, de algum dos poderes inerentes a 
propriedade (uso, fruição, disposição) tem posse. 
-> Posse é o poder de fato, que se manifesta por atos de uso e fruição sobre a 
coisa, servindo-se o possuidor de suas utilidades econômicas, sem que isto 
implique qualquer conexão com o direito de propriedade. 
2. DEFINIÇÃO DOUTRINÁRIA 
Venosa: A doutrina tradicional enuncia ser a posse relação de fato (uso, fruição e 
disposição da coisa) entre pessoa e coisa - já define qual é a natureza jurídica, 
que é uma relação de fato e não de direito. 
A nós, parece mais acertado afirmar que a posse trata de estado de aparência 
juridicamente relevante, ou seja, estado de fato protegido pelo direito: ex - 
tutela sobre os frutos das coisas, possibilidade de usucapião -> Posse é um estado 
de fato protegido pelo direito em relação aos seus efeitos. 
* Concretamente, é um estado de fato, mas é também um de direito que o 
sustenta, é um misto entre os dois para Venosa. 
Caio Mario da Silva Pereira: É uma situação de fato, em que uma pessoa, 
independentemente de seu ou de não ser proprietária, exerce sobre uma coisa 
poderes ostensivos, conservando-a e defendendo-a. Em toda posse, há pois uma 
coisa e uma vontade, traduzindo uma relação de fruição. 
*Faculdades de um proprietário: usar, fruir/gozar, dispor e reivindicar. 
Art. 1.228. O proprietário tem a faculdade de usar, gozar e dispor da coisa, e o 
direito de reavê-la do poder de quem quer que injustamente a possua ou 
detenha. 
3. TEORIAS SOBRE OS ELEMENTOS DA POSSE 
1) Teoria Subjetivista (Savigny): Toda posse tem 2 elementos: 
*Corpus: Elemento material da posse, caracterizado como faculdade real e 
imediata de dispor fisicamente da coisa a hora que quiser e defendê-la das 
agressões de outrem. Em razão disso, essa teoria exige que para alguém ter 
posse, tem que ter contato físico com a coisa: tem o poder físico sobre a coisa/ 
contato físico, direto. 
� de �10 112
- Dificuldade da teoria em explicar a posse quando se está longe da coisa. 
*Animus domini ou animus possidendi: É o elemento interior ou psíquico, que é 
a intenção do possuidor de ter a coisa como sua, vontade de dono (mesmo não 
sendo) / de exercer o direito como se proprietário fosse - afasta a ingerência 
de terceiro. 
- Alguém que atue sobre a coisa sem o animus, se considera mero detentor: 
locatário, comodatário, depositário -> não tem a coisa como sua, mas em nome 
alheio. Detentores não fariam jus à tutela possessória justamente pela carência 
do animus. 
- Crítica: Não se admite a posse do locatário, do depositário, comodatário, uma 
vez que esses sujeitos não tem a coisa como sua/ intenção de dono. 
-> Definição considerando esses dois elementos: Posse é o poder que tem a 
pessoa de dispor fisicamente da coisa, com a intenção ou vontade de dono. Por 
isso, se chama teoria subjetivista porque para saber se alguém tem posse, teria 
que fazer um exame psicológico para ver se a pessoa tem a intenção de dono ou 
não. 
-> Ainda é mantido na situação da usucapião o segundo elemento: tem que 
ter a intenção de dono. 
2) Teoria Objetivista (Ihering): Toda a posse tem 2 elementos: 
* Corpus: Definição distinta da do Savigny, aqui, seria a exteriorização das 
faculdades/ poderes de proprietário/dono: uso, fruição, disposição e 
reivindicação. 
* Poder de fato: não precisa ter poder físico sobre a coisa (contato físico), poder 
de fato pode ser exercido ainda que não tenta o contato físico = Teoria adotada 
pelo CC. 
* Toda posse é como se fosse visibilidade do domínio. 
* Toda posse tem o animus - também é o elemento interno, psíquico, só que dizia 
ele que todo aquele que tem corpus tem íncito o animus - todo aquele que 
está no exercício das faculdades de dono, age como habitualmente age o 
proprietário -> age porque tem vontade de agir desse modo, ou seja, já 
possui o animus. 
* Essa vontade se percebe de forma objetiva, se examina no agir e isso basta 
para saber que tem a vontade -> origem do nome. 
* Dispensa exame do elemento psicológico - todo aqueleque está no exercício 
das faculdades de dono (corpus), porque o animus está intrínseco no corpus: se 
� de �11 112
alguém está procedendo como age o proprietário, é porque ele tem vontade de 
proceder desse modo. 
-> Para verificar quando alguém não tem posse, tem que observar se a coisa 
mantém a sua destinação sócio econômica. Para verificar se alguém mantém o 
poder de fato sobre a coisa, mesmo não estando no exercício direto, físico, sobre 
ela, Ihering defende que é necessário verificar se a coisa mantém a sua 
destinação sócio econômica. 
Ex: Se estou andando na calçada e encontro tijolos, areia, e uma casa em 
construção, o senso comum diz que alguém mantém posse. Agora, se encontro 
próximo da lata de lixo um sapato, percebe-se que ninguém mantém posse 
sobre ele, porque pelo senso comum, a coisa não exerce mais a sua destinação 
sócio econômica. 
Ex: Toras de madeira empilhadas no meio da floresta tem um possuidor, afinal, 
mantém a destinação sócio econômica, e o senso comum nos diz que é comum 
fazer isso com toras de madeira que estão sendo cortadas. Mas, uma carteira 
caída no meio da floresta não mantém a destinação econômica, o senso comum 
nos diz que ela está perdida, portanto, ninguém tem posse sobre ela. Um carro no 
estacionamento tem possuidor, ora, é comum que se estacione um carro para usá-
lo quando quiser, está a sua disposição, mantém a destinação econômica. 
-> Nesse caso, quando se tiver o contato físico se diz que há a posse direta, 
quando estiver apenas mantendo a destinação econômica, ocorre a posse 
indireta. 
-> Para Ihering, posse é a exterioridade da posse de dono, poder de fato sobre 
a coisa e essa é a teoria adotada pelo CC. Nesse sentido, posse é a relação de 
fato entre pessoa e coisa, tendo em vista a sua utilização sócio econômica. 
*A posse é a porta que conduziria à propriedade 
-> Ao dispensar o elemento psicológico do animus, estende-se a condição de 
possuidores àqueles que seriam considerados mero detentores pela teoria de 
Savigny (locatários, arrendatários), deferindo a eles, proteção possessória direta 
e imediata. 
4. “JUS POSSESSIONIS” (juízo possessório) X “JUS POSSIDENDI” (juízo 
petitório) 
1) Jus Possessionis (juízo possessório ou posse natural, ou formal, autônoma, 
sem título): Posse decorrente de uma relação de fato entre o sujeito e a 
coisa. Bastava proteger a coisa independente de título - reconhece um 
direito subjetivo de proteção daquela situação fática, a tutela se baseia na 
situação de fato: de exploração e uso da coisa. 
� de �12 112
-> Posse é um direito subjetivo, atribuído àquele que exerce o poder fático de 
ingerência sócio econômica sobre a coisa, independente de qualquer direito real 
ou obrigacional. 
*Posse é um direito autônomo em relação a qualquer direito obrigacional ou real. 
* Garante o direito em caso de terceiro que não tem qualquer posse - não em 
relação ao que foi esbulhado. Ex: vizinho não pode apredejar o invasor de uma 
propriedade -> pode promover ação contra ele. 
* Tutela por meio dos interditos (ações possessórias), hoje em dia: 
- Ação de Reintegração de Posse (contra esbulho) 
- Ação de Manutenção de Posse (turbação) 
- Ação de Interdito Proibitório (contra ameaça). 
*Art. 1210, §2º CC: 
Art. 1.210. O possuidor tem direito a ser mantido na posse em caso de turbação, 
restituído no de esbulho, e segurado de violência iminente, se tiver justo receio de 
ser molestado. 
§ 2o Não obsta à manutenção ou reintegração na posse a alegação de 
propriedade, ou de outro direito sobre a coisa. 
-> Se é uma questão de fato, de uso e fruição da coisa, não adiante levar ao juiz 
um título que comprova a minha posse. Não se indaga a existência do direito, a lei 
socorre a posse enquanto o direito do proprietário não desfizer esse estado de 
coisa e se sobreleve como dominante. O jus possesionis perseverá até que o 
jus possidendi o extinga. 
* Art. 923. Na pendência do processo possessório, é defeso (proibido), assim ao 
autor como ao réu, intentar a ação de reconhecimento do domínio. 
->Proibido durante a discussão da situação de fato, promover uma ação para 
reconhecer o título (questão de direito). 
2) Jus Possidendi (juízo petitório, posse causal, ou ainda titulada): 
-> Posse decorrente da relação jurídica, de um título jurídico que lhe atribui, 
sendo direito real (propriedade, servidão, usufruto…) ou direito obrigacional/ 
pessoal (locação, comodato, depósito..) 
*Nesses casos, a posse não tem qualquer autonômia. 
-> Juízo Petitório: ação reivindicatória da propriedade -> vai ter que fazer 
prova que possui a propriedade, tem que comprovar o título que garante a posse. 
=> Ainda hoje, o direito brasileiro faz essa distinção ente os juízos. 
5. DISTINÇÃO ENTRE POSSE E DETENÇÃO 
� de �13 112
-> Teoria Subjetivista: Detentor é aquele que tem o corpus, mas não o animus 
domini. 
-> Teoria Objetivista: Diferencia detentor do possuidor pela regulamentação do 
direito objetivo -> o detentor seria aquele que perdeu a proteção possessória em 
decorrência de óbice legal, uma opção legislativa, não se diferenciando pelo 
elemento volitivo como defendia Savigny, pois mesmo o detentor teria animus. 
*O legislador que desqualifica determinadas situações que revelam exercício de 
faculdades do proprietário como não sendo de posse, mas mera detenção 
(portanto, se nega ao detentor a tutela possessória). 
*O detentor seria aquele que preenche os requisitos para a posse, mas encontra 
óbice legal que não garante a proteção possessória a ele, mesmo estando na 
apreensão física da coisa etc. 
-> Tem-se 4 hipóteses definidas em lei em que o legislador reconhece a 
DETENÇÃO: 
a) Os servidores (ou gestores/ fâmulos/ servos): 
Art. 1.198. Considera-se detentor aquele que, achando-se em relação de 
dependência para com outro, conserva a posse em nome deste e em 
cumprimento de ordens ou instruções suas. 
-> Aqueles que apreendem a coisa, detendo o poder de fato sobre ela, em razão 
de uma relação de subordinação para com o terceiro -> apreende a coisa em 
cumprimento de ordens ou instruções emanadas dos reais possuidores ou 
proprietários; não concedem a destinação econômica da coisa. 
-> Exercem os poderes de proprietários em nome alheio - mero instrumento da 
vontade do outro, sem autonomia. Se, eventualmente, permanecem com o poder 
físico sobre o bem pelo correspondente prazo da usucapião - sempre em 
cumprimento de ordens - quem adquirirá a propriedade por usucapião será seu 
empregador, na qualidade de real possuidor, jamais o detentor subordinada. 
-> Ex: caseiro, capataz, empregado preposto etc. 
-> Se eventualmente o caseiro sofre uma ação possessória - cabe ao detentor 
alegar a sua ilegitimidade e fazer NOMEAÇÃO À AUTORIA do legítimo possuidor 
(ônus de indicar o real possuidor). 
*Não tem legitimidade ativa para propor ação possessória para defesa da posse do 
patrão juridicamente e nem são legitimados passivos para responder pela ação 
possessória. 
� de �14 112
*No entanto, enquanto longa manus do titular da posse, podem exercer atos 
materiais de desforço imediato e legítima defesa da posse - desde que o faça 
logo e no exato limite da recuperação da coisa. 
§ 1o O possuidor turbado, ou esbulhado, poderá manter-se ou restituir-se por sua 
própria força, contanto que o faça logo; os atos de defesa, ou de desforço, não 
podem ir além do indispensável à manutenção, ou restituição da posse. 
Ex: o vigia pode expulsar a pessoa que entrou na propriedade. 
-> Existe a possibilidade de inversão do animus do detentor: mero detentor 
alega-se titular da coisa e passa a gerir em nome próprio. Nesse momento, ele 
passa a ter a posse injusta, deixando de ser detentor (posse precária adquirida 
com abuso de confiança) - agora, pode sofrer uma ação possessória de 
reintegração de posse. 
*Se o proprietário não propor ação contra o possuidor injusto, começa a contar o 
tempo para usucapião. 
b) Os atos de permissão ou tolerância: 
Art. 1.208. Não induzem posse os atos demera permissão ou tolerância assim 
como não autorizam a sua aquisição os atos violentos, ou clandestinos, senão 
depois de cessar a violência ou a clandestinidade. 
-> Permissão: Caracteriza-se pela autorização expressa do possuidor para que 
terceiro (parente, amigo, vizinho…) utilize a coisa, transitoriamente e de modo 
efêmero, sem que se forme entre ambos um negócio jurídico e a configuração 
de uma relação jurídica de direito real ou obrigacional. 
Ex: Vizinho pede verbalmente para deixar o carro na minha garagem e eu permito 
(mera permissão) - e ele foi molestado no seu uso por um terceiro - não cabe 
ação possessória, porque ele tem mera detenção. 
*Se emprestar a garagem já seria um comodato. 
-> Tolerância: Ocorre quando o possuidor admite tacitamente o uso da coisa por 
terceiro, nas mesmas condições da permissão (transitoriamente, de modo 
efêmero, sem configurar negócio jurídico). Normalmente, é posterior. 
*O usuário obtém a apreensão material da coisa, independentemente de 
qualquer ordem direta do real possuidor, porém, esse usuário tem consciência 
que está sobre a esfera de vigilância daquele que é condescendente com a sua 
atividade. 
Ex: O vizinho não fala nada comigo e o carro dele está na garagem e eu deixo - 
nem conversou. 
� de �15 112
*A qualquer momento o real proprietário pode destituir o uso unilateralmente e o 
detentor não tem nenhum direito subjetivo de permanência, não pode se opor - 
situação de sujeição. 
*E se permanecer de longo prazo? Até que ponto não poderia gerar a 
expectativa que o real possuidor não vai exercer mais poder sobre a coisa? 
Nesses casos, tem quem defenda que quando gerar uma expectativa no usuário de 
permanência dessa situação, darem a supressio: direito subjetivo de 
permanência do uso pela expectativa do que tolerou. 
*Deveria ter feito um contrato de comodato; e se eu quero que ele entregue, ele 
é obrigado. 
c) Também não geram posse, os atos violentos e clandestinos, enquanto durar a 
violência ou clandestinidade: 
Art. 1.224. Só se considera perdida a posse para quem não presenciou o esbulho, 
quando, tendo notícia dele, se abstém de retornar a coisa, ou, tentando 
recuperá-la, é violentamente repelido. 
-> Aquele que invadir uma fazendo, durante o período conflituoso, enquanto o 
real possuidor tentar recuperar a coisa, não é possível ainda o invasor adquirir 
posse. 
* Violento = uso da força física ou coação moral (roubo). 
* Clandestino = tomada ocultamente, sem ninguém ver (furto). 
-> Enquanto permanecer clandestino em relação ao titular, tem mera detenção 
- desde que ele não tenha dito condições de saber quem é. 
Ex: Um vizinho 1 expande a sua adega para debaixo da casa do vizinho 2, e fica 
nessa situação durante anos, mas enquanto o vizinho 2 não souber dessa situação 
de clandestinidade, o vizinho 1 não terá a posse desse subsolo do terreno, e sim 
mera detenção. 
->Enquanto os atos de clandestinidade e violência ainda existem, impedem a 
aquisição da posse por parte de quem delas se aproveita; só será possível, com a 
cessação dos atos antijurídicos. 
-> A posse consequente à cessação da violência ou da clandestinidade terá sempre 
a qualificação de posse injusta. 
-> O caso dos servidores e do detentor por permissão ou tolerância é de detenção 
de dependência (lícita) a uma posse alheia, mesmo que uns satisfaçam interesses 
alheios e outros, interesses próprios. Já quem usa da violência ou clandestinidade 
pratica atos com total autonomia - detenção independente (ilícita). 
� de �16 112
d) Em relação aos bens públicos, também existe situações em que a pessoa tem 
a mera detenção: 
-> Mera permissão de uso do bem público, não poderia opor ações possessórias 
contra o poder público para garantir a sua posse. 
-> Admite-se posse por particulares sobre os bens públicos dominicais ou 
patrimoniais -> esvaziados de destinação pública e alienáveis. O fato de a 
propriedade ser pública não veda a posse por particulares, apenas a usucapião. 
->Mesmo bens públicos de uso comum e especial com contrato administrativo de 
concessão de uso ou de permissão pode manejar pretensões possessórias na 
vigência dessas relações jurídicas. 
6. OBJETO DA POSSE 
-> É suscetíveis de proteção possessória, tudo aquilo que for puder ser apropriado 
e exteriormente demonstrado (uso, fruição, gozo). Assim, se protege tantos bens 
materiais e imateriais, desde que suscetíveis de apropriação (tem que ser 
demonstrado o uso). 
*Bens materiais: corpóreos - móveis, imóveis e semoventes - as que podem ser 
visualizadas e tocadas. 
*Bens imateriais: incorpóreos - marcas e patentes de invenção. 
OBS: existe divergência na doutrina e jurisprudência, sendo a grande maioria 
contrária aos bens imateriais (incorpóreos) poderem ser objeto da posse, 
passíveis de tutela possessória. 
*Bens semi-incorpóreos (alguns defendem isso): ex - furto de energia elétrica 
por meio de gato ou de sinal de TV (gato net), linha telefônica (Súmula do STJ diz 
que o direito de uso da linha telefônica é suscetível de usucapião; se é suscetível 
de usucapião, é também suscetível de posse), ondas de frequência do rádio e TV, 
linhas de internet… 
*Bens acessórios: são ainda suscetíveis de posse, separadamente dos bens 
principais, sem alteração da substância do bem principal. Aquele que tem posse 
de bens imóveis, tem presunção de ter a posse dos bens móveis que o 
acompanham. 
Art. 1.209. A posse do imóvel faz presumir, até prova contrária, a das coisas 
móveis que nele estiverem. 
*Direitos Obrigacionais (contrato de comodato, locação, depósito): em si, não 
são passíveis de posse, mas podem gerar desmembramento da posse do bem, 
objeto ao qual incidem. 
� de �17 112
*Direitos Reais: são passíveis de posse (propriedade, usufruto..).Mas, não são 
todos, tipo a hipoteca não é passível. 
7. NATUREZA JURÍDICA DA POSSE 
- 3 correntes: 
1) Uma defende que a posse é mera situação/ relação de fato, sua existência 
indecente das regras de direito; 
2) Além de ser uma situação de fato, quando observada em si mesma, também 
configura uma relação jurídica de direito, quando observado em relação aos 
seus efeitos; 
- Posse tem proteção jurídica dentro do ordenamento jurídico, quanto aos seus 
efeitos. 
- Ex: Em relação aos frutos, benfeitorias, posse prolongado de longo tempo… 
- Estabelecendo um direito subjetivo. 
3) Entende que é apenas um direito subjetivo (minoritária). 
- Discutem se a posse é um direito real ou obrigacional, porque a posse se 
aproxima dos direitos reais em relação à 3 características: incide sobre o 
objeto determinado, é oponível erga omnes, seu exercício se dá diretamente 
entre sujeito e coisa. 
- Porém, não configura direito real, porque não foi reconhecido no rol taxativo e 
a matéria precede a regulamentação dos direitos reais. 
-> Situação de propriedade: pode ter ação reividicatória do titular: caberia contra 
terceiro ainda que de boa fé, porque é um direito real. 
-> Terceiro de boa fé, que não sabia da situação, que recebe a coisa - antigo 
titular da posse não consegue reaver - só cabe ação possessória contra o 
esbulhador. 
Art. 1.212. O possuidor pode intentar a ação de esbulho, ou a de indenização, 
contra o terceiro, que recebeu a coisa esbulhada sabendo que o era. 
-> A (esbulhador - mera situação de fato) invade o terreno de B (legítimo titular). 
Em face de A, B tem direito à ação possessória. Se A transferir a terceiro de boa 
fé C, em relação a C, não pode sofrer ação possessória por B (não oponível) = 
situação de exceção à oponibilidade erga omnes. 
8. CLASSIFICAÇÃO DA POSSE: ESPÉCIES DE POSSE 
1) Quanto à extensão da garantia possessória ou quanto à fruição do seu 
conteúdo 
a) Posse Plena: aquela em que o possuidor exerce os atos possessórios por si 
mesmo, diretamente sobre a coisa. 
� de �18 112
b) Posse desmembrada/paralela/múltiplas: Ocorre quando há um 
desmembramento da posse decorrente da instituição de um direito real ou 
obrigacional/pessoal sobre o bem. 
*Posse Direta/Imediata- Aquele que recebe o uso, gozo, fruição da coisa, recebe 
o bem para ingerência sócio econômica, é o possuidor direto - de quem recebe. 
*Posse Indireta - Titular do direito real que transfere/sede o uso para terceiro - 
de quem entrega. 
Ex de direito real: O proprietário instituiu um usufruto - usufrutuário será 
possuidor direto; instituída a alienação fiduciária, possuidor direto é o devedor 
fiduciante; no compromisso irretratável de compra e venda, promitente 
comprador, se ele recebe antes de pagar o preço e já entra na posse, tem a posse 
direta do bem; 
Ex de direito obrigacional: locação, o possuidor direto é o locatário e o indireto 
é o locador - em caso de inadimplemento pelo locatário, a ação correta para 
reaver a posse será o despejo. Comodato - comandatário tem posse direta e 
comodante tem indireta. 
Ex posse indireta: Nu-proprietário (aquele que tinha a posse plena, passa a ter 
indireta), aquele que detém a propriedade, institui um usufruto e ocorre um 
desmembramento: como se ela fosse nua, não tem mais o direito de uso, fruição, 
que passou ao usufrutuário (posse direta), mas só o de disposição da coisa (não 
perde a posse). Compromisso de compra e venda, é o compromissário vendedor. 
Alienação fiduciária, é o credor fiduciário tem posse indireta - nesse caso, caso 
haja inadimplemento pelo devedor, a ação correta para o credor será busca e 
apreensão. 
*Usufrutuário, que passou a ter a posse direta, pode deixar de a tê-la e 
eventualmente fazer um desmembramento, mediante locação -> onde agora o 
usufrutuário passa a ser possuidor indireto e o locatário o direto, aquele que tem 
a posse imediata. 
*Locatário eventualmente pode fazer sublocação, e ele passa a ser possuidor 
indireto e o sublocatário, direto. 
=> Por tanto, pode haver uma CADEIA GRADATIVA DE POSSE -> por isso, se 
chama de POSSE PARALELA, porque qualquer um dos possuidores indiretos, 
tem o direito de ação possessória. 
Art. 1.197. A posse direta, de pessoa que tem a coisa em seu poder, 
temporariamente, em virtude de direito pessoal, ou real, não anula a indireta, de 
quem aquela foi havida, podendo o possuidor direto defender a sua posse contra 
o indireto. 
*Possuidor direto pode defender a posse contra o indireto - reintegração de posse. 
� de �19 112
*O sublocatário tem ação possessória contra o locatário, usufrutuário e nu-
proprietário. 
*Usufrutuário temporário, expirou o prazo, e o nu-proprietário quer devota o bem 
- vai se extinguir toda a cadeia de direito constituído e o sublocatário não vai 
mais ter o direito de permanecer na posse do bem. Cabe ação possessória do nu-
proprietário contra sublocatário: o possuidor direto tem direito de ação 
possessória para proteger sua posse, e vice e versa, também o possuidor indireto 
tem direito (enunciado 76 da jornada). 
*Compra e venda com reserva de domínio: cabe ação de reintegração de posse. 
Na compra e venda simples, não há desmembramento de posse porque é a 
tradição transfere a propriedade. 
2) Quanto à simultaneidade do exercício 
A) Posse Exclusiva: Quando o próprio titular/dono da coisa ou assemelhado, frui 
diretamente com exclusividade sua posse, individualmente, exercendo os atos 
possessórios. 
B) Posse Composta/Compossessão: É a situação em que duais ou mais pessoas, 
simultaneamente, exercem atos possessórios sobre a MESMA COISA - mais de 
um titular no exercício da posse. 
- Alguns a dividem em: 
1) Composse Pro Diviso: Quando há uma divisão de fato, em que cada um dos 
possuidores exerce posse exclusiva na situação tática, já possuindo/utilizando 
sua parte certa e determinada sobre a coisa, ainda que em relação ao título 
do direito em questão, encontra-se em composse (em relação ao título, mas 
na situação real já está dividido). 
- Ex: Um terreno comprado por várias pessoas, e cada uma já faz seu muro 
separando, exercendo sua posse exclusiva, mas no registro ainda não. 
- Efeito: Cada um pode proteger a sua posse exclusiva. resolve fazer um plantio 
de laranja na sua parte já estabelecida, não vai ter que repartir com o 
vizinho, porque cada um já exerce os atos de posse com exclusividade - atribui 
com a situação fática, posse exclusiva, mas o bem continua indiviso no 
título. 
2) Composse Pro Indiviso: Quando as pessoas que possuem em conjunto, 
simultaneamente, mantém o estado de indivisão, tanto na situação fática e 
de direito. Cada um é titular somente de fração ideal, sem saber qual parcela 
concreta compete a cada um. 
- Ex: Condomínio: posse de garagens rotativas - ninguém pode exercer posse 
exclusiva, cada possuidor não pode excluir o outro do uso e exercício dos atos 
possessórios, sob pena de sofrer ação possessória. 
� de �20 112
Art. 1.199. Se duas ou mais pessoas possuírem coisa indivisa, poderá cada uma 
exercer sobre ela atos possessórios, contanto que não excluam os dos outros 
compossuidores. 
3) Quanto aos vícios objetivos da posse 
a) Posse Justa: Aquela que não repugna o direito, isenta de vícios de origem. 
Art. 1.200. É justa a posse que não for violenta, clandestina ou precária. 
b) Posse Injusta: Se instala por modo proibido e vicioso, que tem característica 
de violência, clandestinidade ou precariedade. 
*Posse Violenta -> Aquela que se adquire por ato de força ou ameaça (força física 
ou coação moral). 
- Só pode cogitar na posse violenta quando o possuidor esbulhado não mais 
resistir à ocupação. 
* Posse Clandestina -> Adquirida por um processo de ocultamento, às 
escondidas, em relação ao que exerce a posse atual - mesmo que a ocupação 
seja eventualmente constatada por outras pessoas. 
-Necessário demonstrar que o invasor deseja camuflar o ato de subtração, 
praticando condutas que evidenciam manter o atual possuidor em completa 
ignorância. 
- Ex: A tenha de viajar ao exterior por um longo período, a invasão de seu imóvel 
por parte de B não será considerada ato de clandestinidade, se as 
circunstâncias demonstrarem que funcionários, parentes e amigos de A 
poderiam tomar conhecimento do fato e levá-lo ao conhecimento de A. Isso não 
ocorre quando da inexistência dessas pessoas em localidade isolada. 
- Não pode ser confundida com a apreensão física da coisa em momento 
posterior ao abandono desta pelo possuidor. 
=> Quem adquire com violência ou clandestinidade, com a continuidade da 
violência não adquire a posse (fase de conflito), é mero detentor. No momento de 
convalescimento (quando cessado a violência/clandestinidade), o invasor passa a 
ser o possuidor com posse INJUSTA. 
* Posse Precária -> Aquela adquirida com abuso de confiança, ou seja, daquele 
que recebe a coisa com obrigação de restituir e arroga-se legítimo titular dela = 
recebe a posse legitimamente, mas não a entrega. Equiparada à apropriação 
indébita. 
- Ex: Caseiro que é mero detentor, está cuidando da casa em nome alheio, e ele 
resolve se arrogar como dono e diz que vai usucapir -> possuidor precário e 
posse injusta. 
� de �21 112
- Ex: Posse do comandatário (tinha prazo para entregar o bem), passado o prazo, 
não entrega - possuidor precário, arrogando-se titular da coisa. 
- Precariedade: Existe divergência jurisprudencial e doutrinária com relação ao 
convelescimento/interversão (inversão da detenção em posse). Para alguns 
autores, sendo possuidor precário nunca poderia contar prazo para usucapião. 
Porém, para outros (pensamento majoritário), assim, como nos casos de 
violência ou clandestinidade, há o convalescimento, a partir do momento que 
há o abuso de confiança, ele torna-se possuidor injusto -> essa divergência 
ocorre porque no art. 1208 CC não há previsão sobre a precariedade. 
4) Quanto aos vícios subjetivos da posse 
a) Posse de boa-fé (em sentido amplo): 
Art. 1.201. É de boa-fé a posse, se o possuidor ignora o vício, ou o obstáculo 
que impede a aquisição da coisa -> IGNORA O MELHOR DIREITO DE OUTREM 
SOBRE A COISA. 
Parágrafo único. O possuidor com justo título tem por si a presunção de boa-fé, 
salvo prova em contrário, ou quando a lei expressamentenão admite esta 
presunção - cabe prova em contrário. 
*Justo título: todo documento ou ato formalmente adequado a transferir o 
domínio ou outro direito real de que trata, mas deixa de produzir tal efeito em 
virtude de um vício intrínseco que impede essa transferência - ex: testamento 
nulo, quando o vendedor não é o titular da coisa. 
-> Quando o possuidor não tem ciência de que o bem é de outro. Encontra-se na 
crença de que pode adquirir legitimamente. 
Art. 1.202. A posse de boa-fé só perde este caráter no caso e desde o momento 
em que as circunstâncias façam presumir que o possuidor não ignora que possui 
indevidamente. 
-> Aquele que estava na posse de boa fé e produziu frutos na coisa, os frutos 
colhidos até aquele momento em que ficou sabendo que não era dele a posse, são 
dele -> depois, que sofre o processo, na citação é o momento em que aquele 
que tinha o justo título, deixa de ter boa fé, não tem mais como alegar que não 
havia ciência. 
-> Existe uma divergência entre: 
*Teoria Psicológica: que entende que basta a crença de que está realmente 
adquirindo a posse legitimamente. 
*Teoria Ética: que entende que esta crença deve ser recorrente de erros 
escusáveis da pessoa diligente, erro a que qualquer pessoa normal incorreria -> 
� de �22 112
não poderia ser um erro grosseiro (não poderia alegar boa fé) em relação à 
situação. Ex: adquiro a propriedade de um imóvel e se quer fui no registro de 
imóveis para ver no nome de quem estava. 
b) Posse de má-fé: Aquela que o possuidor tem ciência da ilegitimidade da 
aquisição da posse, em razão de vício ou obstáculo impeditivo de sua aquisição. 
Ex: Quando sabe que está entrando no uso e fruição de um bem público. 
-> As vezes, a pessoa pode ter boa fé, mas com posse injusta, e vice e versa - 
não se confundem: vícios objetivos e subjetivos não se confundem. 
Ex: o sujeito pode usar de violência pensando que a coisa é sua; ou que seja 
de má fé, mas não tenha vícios objetivos. 
5) Quanto aos efeitos da posse 
a) Posse Ad Interdicta: Aquela que dá direito às ações possessórias (interditos 
possessórios). 
ex: locatário, comodatário, depositário… 
b) Posse Ad usucapionem: Aquela que dá direito a adquirir a propriedade ou 
outro direito real, pela usucapião. 
- Com animus domini: tendo a coisa como sua, posse mansa (sem oposição do 
titular), pacífica (sem violência/ clandestinidade) e de longo prazo (que varia 
de acordo com a espécie de usucapião, de acordo com boa ou má fé). 
6) Quanto à idade 
a) Posse Nova: Aquela que tiver menos de ano e dia. 
Ex: Proprietário propõe ação reividicatória, quem tivesse na posse nova não ia ser 
mantido na posse. 
b) Posse Velha: Aquela com mais de ano e dia. 
-> Alguns autores usam essa classificação para dizer que aquele que adquiriu a 
posse e foi passando por ano e dia, quando tem a posse velha, ela convalesceu - 
adquire a posse. 
-> Não confundir posse velha e posse nova com ação de força nova: aquela em 
que o possuidor propõe dentro do prazo de ano e dia contado da data da 
turbação/esbulho e que, por tanto, lhe dá direito à liminar possessória. E ação de 
força velha, que não tem o procedimento liminar, mas continua sendo ação 
possessória. 
7) Quanto à produtividade da posse ou atividade laborativa 
� de �23 112
a) Posse Produtiva/ Posse Trabalho: Aquela em que o possuidor efetiva o 
cumprimento da função sócio econômica da posse,seja tendo nela sua 
MORADIA HABITUAL ou realizando OBRAS ou SERVIÇOS de caráter produtivo ou 
INVESTIMENTOS de interesse social ou econômico. 
*Agindo desse modo, poderá ter como efeito a redução do prazo para usucapir, na 
ordinária, cai de 10 anos para 5. 
b) Posse Improdutiva: Aquela que o possuidor não cumpre com a função sócio 
econômica da posse - podendo ter como efeito, a desapropriação-sanção, 
quando se tratar de área urbana e ainda, na propriedade rural, atende a 
função social, quando torna produtiva. 
Ex: manutenção para fins especulativos. 
8) Quanto à origem da posse 
a) Posse Natural/ sem título/ posse originária: Ocorre pela apreensão ou 
ocupação da coisa. Titular faz sua a posse independentemente de um ato de 
transmissão, independe de título. 
Ex: a pessoa pesca um peixe no mar. 
b) Posse Civil ou Jurídica/ posse derivada: Aquela adquirida por um título 
jurídico que transfere a posse Ex: aquele que adquire pela compra e venda, 
locatário… 
9. MODOS DE AQUISIÇÃO DA POSSE 
-> O próprio CC não enumerou/ não estabelece quais são os modos de aquisição 
da posse. O art. 1204 apenas expressa de modo genérico. 
Art. 1.204. Adquire-se a posse desde o momento em que se torna possível o 
exercício, em nome próprio, de qualquer dos poderes inerentes à propriedade -> 
uso, fruição, disposição (faculdades de dono). 
Ex: Sucessão hereditária ou testamentária, atos judiciais como arrematação em 
hasta pública, modo originário e derivado etc. 
a) Considerando os modos de aquisição de direitos subjetivos de modo geral: 
-> Adquire-se posse por atos inter vivos (compra e venda, doação em pagamento), 
por atos causa mortis (herança, legado), por atos judiciais (arrematação, 
adjudicação, sentença). 
b) Considerando a origem, modo originário de aquisição da posse: 
-> Independe de transferência. 
� de �24 112
1) Pela apreensão/ ocupação da coisa: res derelicta (coisa abandonada) ou pode 
ser por res nullius (coisa de ninguém, sem dono)- ex: pescar peixes. 
2) Pelo exercício ou disposição do direito de outrem: ex -servidão, passar um 
aqueduto pelo terreno do vizinho (servidão, permite usucapião) -> está 
exercendo a faculdade de dono de uso do terreno, ainda que cometendo um 
ato sem autorização nenhuma e demonstra que tem posse. 
Ex: dar em comodato terreno alheio: argentino tem um terreno próximo do meu e 
não cuida, não vai lá, chega uma pessoa e quer usar o terreno, e eu cedo o uso 
desse terreno do vizinho - estou no exercício de uma das faculdades de dono 
(disposição), ainda que ilicitamente -> é uma forma de adquirir posse. 
c) Considerando a origem, modo derivada de aquisição da posse: 
-> Aquela que requer transferência ou em decorrência de sucessão; por força de 
um título jurídico (contrato) - ato bilateral. 
1) TRADIÇÃO: pode ser - 
*Real: aquela que ocorre quando a transmissão efetiva de mão a mão. 
*Simbólica: aquela que vai ter um ato representativo da tradição, entrega da 
coisa. Ex: entrega das chaves de um apartamento e já se teria transferido a posse 
pelo ato de entrega, sem entregar a coisa em si. 
*Traditio Longa Manu: não havia uma formalidade, mas havia apenas a posse de 
uma propriedade de longa extensão, basta colocar o bem a disposição de quem 
recebia a coisa para que se tivesse a tradição. 
*Traditio Brevi Manu: alguém já se encontra na posse direta (ou apenas detenção) 
por ocasião do negócio jurídico, mas tem a posse em nome de outrem, é 
somente animus de possuidor, e adquire a posse plena por ter adquirido a 
titularidade do bem. 
Ex: inversão do animus, que se transforma em animus domino, poderes em nome 
próprio. 
*Não será necessário devolver ao dono, para que este novamente lhe faça a 
entrega do mesmo. Basta a demissão voluntária da posse indireta pelo 
transmitente, para que se repute efetuada a tradição. 
*Constituto Possessório: clausula constituti inserida no contrato- é o inverso da 
brevi manu, aquele que possuía em nome próprio, com animus domini, passa a 
possuir em nome alheio, remanescendo o seu poder material sobre a coisa, mas 
não mais como proprietário, porém a outro título (ex. comodatário, locatário). 
 
� de �25 112
*Alguém adquire a posse indireta do bem, sem que no mundo dos fatos nada se 
modifique, pois o controle material sobre a coisa persiste com o alienante. 
Ex: Alienação fiduciária - proprietário faz contrato que passa a propriedade para 
outro, mas continua com a posse direta.\ 
=> Tirando a real, são modalidades de tradição fícta. 
Art. 1.267. A propriedade das coisas não se transfere pelos negócios jurídicos 
antes da tradição.Parágrafo único. Subentende-se a tradição quando o transmitente continua a 
possuir pelo constituto possessório; quando cede ao adquirente o direito à 
restituição da coisa, que se encontra em poder de terceiro; ou quando o 
adquirente já está na posse da coisa, por ocasião do negócio jurídico. 
2) SUCESSÃO: 
Art. 1.206. A posse transmite-se aos herdeiros ou legatários do possuidor com os 
mesmos caracteres. 
Art. 1.207. O sucessor universal continua de direito a posse do seu antecessor; e 
ao sucessor singular é facultado unir sua posse à do antecessor, para os efeitos 
legais. 
* Legítima: Aquela que ocorre de acordo com a ordem da vocação hereditária 
estabelecida na legislação -> descendente, herdeiros necessários: reserva 50% 
dos bens, só pode testamental 50% dos outros bens). 
- Será sempre universal. 
* Testamentária: Aquela que decorre de testamento, quando não tem herdeiros 
legítimos ou quando tem, pode deixar 50% do patrimônio para outras pessoas. 
1) Universal: Deixa no testamento um percentual ou uma quota parte do 
patrimônio ou ainda quando deixa a totalidade dos bens (quando não tem 
herdeiros legítimos), tem a sucessão universal por testamento. 
*Aquele que for sucessor universal, ele recebe de direito, recebe com os mesmo 
caracteres da posse do antecessor, boa fé ou má fé, injusta ou justa. 
* Recebem automaticamente a mesma posse. 
2) Singular: Ocorre quando o testamento designa bem certo e determinado no 
patrimônio do de cujus. Além da sucessão singular que decorre da herança, 
ainda pode ter por atos inter vivos. 
*É facultado unir sua posse à do antecessor - pode unir ou não (acessio 
possessionis), se unir, leva com todos os caracteres. 
� de �26 112
*Se não unir - sua posse obterá a vantagem de se liberar de vícios que existiam. 
*Terá efeito para contagem de prazo para usucapião ordinária - se só quer contato 
seu tempo na posse, não as une. 
- QUEM PODE ADQUIRIR A POSSE? 
Art. 1.205. A posse pode ser adquirida (rol não taxativo): 
I - pela própria pessoa que a pretende ou por seu representante; 
II - por terceiro sem mandato, dependendo de ratificação posterior. 
-> Pensamento majoritário é que o menor (incapaz) pode adquirir posse originária 
(apreensão obtenção da coisa) por si só, mas a posse derivada (titulada) que 
requer um negócio jurídico, tem que ser por meio de um representante. 
Crítica: Um menor ao comprar uma bala, faz negócio jurídico. Porém, quem 
defende o pensamento acima diz que uma compra como essa é um ato-fato 
jurídico e não um negócio jurídico propriamente dito. 
10. MODOS DE PERDA DA POSSE 
- Não há um rol taxativo. 
Art. 1.223. Perde-se a posse quando cessa, embora contra a vontade do 
possuidor, o poder sobre o bem, ao qual se refere o art. 1.196. 
a) Voluntários: Decorrente da própria vontade do possuidor. 
- Ex: Abandono, renúncia, tradição, constituto possessório. 
b) Involuntários: Não decorre da vontade do possuidor. 
- Ex: pela perda da coisa, destruição, posse de outrem, alguns colocam também 
- alienabilidade. 
- Também é possível por representação (procurador); 
- Perda da posse de direitos reais - ex: pelo desuso de servidão. 
- Pela impossibilidade do exercício das faculdades de dono, ex: campo tomado 
pelas águas. 
- Clandestinidade ou conflito: só perde a posse quando toma conhecimento e se 
abstém de recuperar a coisa ou quando cessa a situação e não consegue a 
recuperar. 
11. EFEITOS DA POSSE 
1 . A proteção possessória abrangendo a auto tutela da posse e as ações 
possessórias 
a) A auto tutela ou autodefesa da posse: 
� de �27 112
§ 1o O possuidor turbado, ou esbulhado, poderá manter-se ou restituir-se por sua 
própria força, contanto que o faça logo; os atos de defesa, ou de desforço, não 
podem ir além do indispensável à manutenção, ou restituição da posse. 
* Legítima defesa da posse: Será exercida toda vez que o possuidor sofrer um ato 
de TURBAÇÃO (molestado na sua posse), podendo manter-se na posse por sua 
própria força. 
Ex: Se sua cerca for derrubada, pode imediatamente recompor. 
* Desforço imediato ou incontinente: Aquele possuidor que sofrer um ato de 
ESBULHO (perda da posse), ele poderá restituir-se por sua própria força (pode 
ser com auxílio de terceiros, ex: vigilantes, inclusive armados). 
-> Requisitos para a autotutela: 
1 - Desde que faça logo: “no calor dos acontecimentos” - desde que não tenha 
passado tempo suficiente para o pedido da tutela jurisdicional, sob pena do crime 
de exercício arbitrário das próprias razões. Não pode deixar se consolidar a 
situação. 
2 - Os atos não podem ir além do indispensável: utilizar-se de meios moderados 
para repelir a injusta agressão - poderá eventualmente responder pelo excesso. 
Art. 1.224. Só se considera perdida a posse para quem não presenciou o esbulho, 
quando, tendo notícia dele, se abstém de retornar a coisa, ou, tentando 
recuperá-la, é violentamente repelido. 
*Quando tomar conhecimento - a partir dai é que tem que fazer logo - pode ter 
passado o tempo que for até esse momento. Legítima defesa e desforço imediato 
podem ser exercidos mesmo passado um tempão, desde que o titular possuidor 
não tinha conhecimento. 
b) Ações possessórias ou interditos possessórios (interditos possessórios é 
gênero, não confundir com os interditos proibitórios, que é uma espécie): 
1. No caso de ESBULHO (tomada da posse ou detenção dela por ato de força, 
violência, clandestinidade, precariedade): Cabe a AÇÃO DE REINTEGRAÇÃO 
DE POSSE, visando restituir a coisa. 
- Quem tem legitimidade para propor é o possuidor, tanto o direto como 
indireto. 
- O pedido principal é o mandado de reintegração de posse. 
- Pode-se pedir a reintegração da posse mediante liminar também 
(procedimento especial), quando proposta dentro de ano e dia. 
� de �28 112
- Antecipação de tutela: passado ano e dia (1 ano e 1 dia), no procedimento 
ordinário, pode-se pedir ainda a tutela antecipada, mas para isso é necessário 
verossimilhança das alegações e risco de dano irreparável ou abuso do direito 
de defesa ou manifesto propósito protelatório. 
- O que deve ser provado: 
Art. 927. Incumbe ao autor provar: 
I - a sua posse; 
Il - a turbação ou o esbulho praticado pelo réu; 
III - a data da turbação ou do esbulho; 
IV - a continuação da posse, embora turbada, na ação de manutenção; a 
perda da posse, na ação de reintegração. 
2. TURBAÇÃO (molestar,/perturbar/obstaculizar/ causar algum tipo de 
interferência prejudicial sem levar a perda da posse. ex: derrubada de um 
muro): AÇÃO DE MANUTENÇÃO DA POSSE, visando manter a posse. Turbação 
pode ser: 
a) Direta: Quando exercida sobre a própria coisa, já teve atos concretos sobre a 
coisa. Ex: Chego na minha fazenda e vejo o vizinho tirando lenha -> já teve o 
ato concreto. 
b) Indireta: Quando exercida em terceira pessoa. Ex: alguém que quer colocar 
seu imóvel em locação, aí tem um vizinho que não gosta do locador e frusta 
todas as negociações do locador com possíveis locatários. 
=> Nesses casos, a posse se mantém, mas não está se conseguindo tê-la de 
forma mansa e pacífica. 
=>Pedido: Mandado de manutenção de posse, medida liminar ou antecipação de 
tutela (da mesma forma que ocorre na reintegração). 
3. Quando há AMEAÇA OU RISCO IMINENTE DE TURBAÇÃO/ESBULHO (justo receio), 
tem-se o direito de interpor AÇÃO DE INTERDITO PROIBITÓRIO, visando proibir e 
exerce uma coerção para que não seja praticado ato. 
- Como se fosse uma tutela preventiva, para evitar que ocorra a concretização 
do esbulho ou turbação. 
- Juiz vai fixar um preceito combinatório - multa pecuniária- caso se concretize 
o ato de turbação ou esbulho. 
- Tem que efetivamente comprovar esse justo receio. Medida liminar: nesse 
caso, o juiz não observará o prazo de ano e dia, ao contrário da manutenção e 
reintegração de posse, mas sim se há justo receio. 
- Ex: Recebo uma carta do vizinho dizendo que ele vai derrubar o meu muro - 
não há nenhum ato concreto anda, é justo receio. 
� de �29 112
- A propositadade uma ação possessória ao invés de outra, não impedirá que o 
juiz conheça do pedido e conceda tutela, caso os requisitos da correta tenham 
sido preenchidos - juiz aplicará o Princípio da Fungibilidade das ações 
possessórias: diante do equívoco do advogado, o juiz poderá receber de outra 
forma. 
Art. 920. A propositura de uma ação possessória em vez de outra não 
obstará a que o juiz conheça do pedido e outorgue a proteção legal 
correspondente àquela, cujos requisitos estejam provados 
CARÁTER DÚPLICE DAS AÇÕES POSSESSÓRIAS: 
Art. 922. É lícito ao réu, na contestação, alegando que foi o ofendido em 
sua posse, demandar a proteção possessória e a indenização pelos prejuízos 
resultantes da turbação ou do esbulho cometido pelo autor. 
-> O réu, na contestação, poderá pedir: proteção possessória (pode dizer que ele 
que foi turbado ou esbulhado) e ainda indenização de prejuízos resultantes do 
esbulho ou turbação (pedidos contrapostos). 
-> Se o réu quiser pedir outras coisas, então tem que fazer mediante reconvenção 
(Doutrina atual). 
PEDIDOS CUMULADOS AO PEDIDO POSSESSÓRIO POSSÍVEIS AO AUTOR: 
Art. 921. É lícito ao autor cumular ao pedido possessório o de: 
I - condenação em perdas e danos; 
Il - cominação de pena para caso de nova turbação ou esbulho; 
III - desfazimento de construção ou plantação feita em detrimento de sua 
posse. 
*Indenização por frutos ou benfeitorias, imposição de medidas para evitar nova 
turbação ou esbulho, medidas para cumprir a tutela liminar ou final. 
DIREITO À LIMINAR POSSESSÓRIA: Caráter de antecipação de tutela - próprio 
bem da vida que o juiz vai entregar de imediato. 
Art. 924. Regem o procedimento de manutenção e de reintegração de posse 
as normas da seção seguinte, quando intentado dentro de ano e dia da turbação 
ou do esbulho; passado esse prazo, será ordinário, não perdendo, contudo, o 
caráter possessório. 
Art. 928. Estando a petição inicial devidamente instruída, o juiz deferirá, 
sem ouvir o réu, a expedição do mandado liminar de manutenção ou de 
reintegração; no caso contrário, determinará que o autor justifique previamente 
o alegado, citando-se o réu para comparecer à audiência que for designada. 
� de �30 112
*Nem vai ouvir o réu e pode dar direito à liminar do procedimento especial, desde 
que ação seja intentada no ano e dia. Se passado esse prazo de ano e dia, 
continua sendo possessório, mas no procedimento ordinário. 
MUDANÇAS NO NCPC 
-> Processo coletivo: várias famílias que invadiram um determinado local, várias 
pessoas no polo passivo): 
§ 1o No caso de ação possessória em que figure no polo passivo grande 
número de pessoas, serão feitas a citação pessoal dos ocupantes que forem 
encontrados no local e a citação por edital dos demais, determinando-se, ainda, a 
intimação do Ministério Público e, se envolver pessoas em situação de 
hipossuficiência econômica, da Defensoria Pública. 
*Necessidade do MP integrar a ação e da defensória pública. 
-> Art. 565 NCPC: 
Art. 565.  No litígio coletivo pela posse de imóvel, quando o esbulho ou a 
turbação afirmado na petição inicial houver ocorrido há mais de ano e dia, o juiz, 
antes de apreciar o pedido de concessão da medida liminar, deverá designar 
audiência de mediação, a realizar-se em até 30 (trinta) dias, que observará o 
disposto nos §§ 2o e 4o. 
* Litígio coletivo - audiência de mediação OBRIGATÓRIA, antes da concessão da 
medida liminar. 
* Poderão ser intimados para a audiência, os órgãos responsáveis pela política 
agrária e urbana, para que se manifestem - solução para o conflito 
(eventualmente, designar uma outra área para essas famílias). 
4. OUTRAS AÇÕES QUE PERMITEM A TUTELA DA POSSE: 
a) Ação de Nunciação de Obra Nova: 
Art. 934. Compete esta ação: 
I - ao proprietário ou possuidor, a fim de impedir que a edificação de obra 
nova em imóvel vizinho Ihe prejudique o prédio, suas servidões ou fins a que é 
destinado; 
II - ao condômino, para impedir que o co-proprietário execute alguma obra 
com prejuízo ou alteração da coisa comum; 
III - ao Município, a fim de impedir que o particular construa em 
contravenção da lei, do regulamento ou de postura. 
-> No NCPC não há uma previsão legal específica, mas não significa que acabará. 
-> Ao proprietário e possuidor. 
� de �31 112
->Pleitea o embargo da obra nova (pedido principal) que esteja sendo feita de 
forma irregular, quando está em fase de levantamento da obra. 
-> Ex: Ninguém pode abrir varanda a menos de metro e meio do terreno do 
vizinho - pode-se ingressar com a ação. 
Art. 935. Ao prejudicado também é lícito, se o caso for urgente, fazer o 
EMBARGO EXTRAJUDICIAL, notificando verbalmente, perante duas testemunhas, 
o proprietário ou, em sua falta, o construtor, para não continuar a obra. 
-> CPC prevê que o embargo da obra pode ser extrajudicial (não tem no NCPC) -> 
podia se comparecesse junto a obra e dizer que não continue e depois ir a juízo 
(em 3 dias). 
-> Proponho ação e a obra já se encontra no FINAL (na fase de arrematação), o 
objeto da ação é o embargo da obra, se ela já foi erguida, há perda do objeto 
(no interesse de agir). 
b) Ação de Embargos de Terceiro: 
Art. 1.046. Quem, não sendo parte no processo, sofrer turbação ou esbulho 
na posse de seus bens por ato de apreensão judicial, em casos como o de 
penhora, depósito, arresto, seqüestro, alienação judicial, arrecadação, 
arrolamento, inventário, partilha, poderá requerer Ihe sejam manutenidos ou 
restituídos por meio de embargos. 
-> Alguém que não é parte no processo sofre uma constrição no seu bem, pode, 
nesse mesmo processo, opor-se à situação por meio de embargos (senhor e 
possuidor ou apenas possuidor). 
->Se não for intimado, quando tiver que se manifestar no eventual processo, tem 
direito ao embargo de terceiro. 
->Mesmo a garantia hipotecária não se apõe ao promitente comprador - 
entendimento do STF. 
c) Ação de Caução de Dano Infecto: 
Art. 1.280. O proprietário ou o possuidor tem direito a exigir do dono do prédio 
vizinho a demolição, ou a reparação deste, quando ameace ruína, bem como que 
lhe preste caução pelo dano iminente. 
Art. 1.281. O proprietário ou o possuidor de um prédio, em que alguém tenha 
direito de fazer obras, pode, no caso de dano iminente, exigir do autor delas as 
necessárias garantias contra o prejuízo eventual. 
� de �32 112
-> O pedido de caução pelo risco do dano iminente (valor que deve ser depositado 
em juízo, para caso se concretize o dano) - já tem uma garantia da 
responsabilidade civil com a caução, já se previne de eventual indenização. 
-> Aquele que se sentir prejudicado, ameaçado, em decorrência de um prédio 
vizinho que está ruindo ou de obra, tem direito de ingressar em juízo. 
-> Se não for causado nenhum dano, depois de comprova que o risco de ruína 
acabou, pode levar a caução. 
-> Quando posso permitir que alguém entre na minha posse (meu terreno): 
Art. 1.313. O proprietário ou ocupante do imóvel é obrigado a tolerar que o 
vizinho entre no prédio, mediante prévio aviso, para: 
I - dele temporariamente usar, quando indispensável à reparação, construção, 
reconstrução ou limpeza de sua casa ou do muro divisório; 
II - apoderar-se de coisas suas, inclusive animais que aí se encontrem 
casualmente. 
§ 1o O disposto neste artigo aplica-se aos casos de limpeza ou reparação de 
esgotos, goteiras, aparelhos higiênicos, poços e nascentes e ao aparo de cerca 
viva. 
§ 2o Na hipótese do inciso II, uma vez entregues as coisas buscadas pelo vizinho, 
poderá ser impedida a sua entrada no imóvel. 
§ 3o Se do exercício do direito assegurado neste artigo provier dano, terá o 
prejudicado direito a ressarcimento. 
d) Ação de imissão na posse: daquele que tem um título jurídico de adentrar na 
posse material da coisa, entretanto não houve o ingresso efetivo na posse, 
concreto das faculdades de dono (juízo petitório). 
-> Ela restringe a contestação à validade ou não do título. 
-> Ex: Adquiri o imóvel, mas encontro lá uma terceirapessoa residindo (que não é 
o vendedor). 
->Não tem previsão legal específica, mas ela existirá: a todo direito tem uma 
ação correspondente. 
e) Ação Publiciana: Ação daquele que já teria direito de usucapião, mas não 
promoveu o processo ainda e não registrado - é paralela a ação reivindicatória 
do proprietário. 
� de �33 112
Ex: alguém invadiu minha posse, a qual tenho animus domini, e não tenho o 
registro da propriedade - ação que quer reaver de quem injustamente o detenha 
e quer discutir com base na usucapião, porque ele não tem título. 
2º EFEITO DA POSSE: PERCEPÇÃO (ou recebimento) DOS FRUTOS 
-> CC estabelece uma proteção em relação ao possuidor e aos frutos. 
*Produtos: São utilidades que se retiram da coisa, diminuindo-lhe a quantidade 
principal, porque não se reproduzem periodicamente, como as pedras e metais 
que se extraem das pedreiras e minas, petróleo dos poços - ao serem retirados 
exaurem a substância do bem. 
*Frutos: São utilidades que a coisa produz periodicamente (periodicidade). 
Nascem e renascem da coisa, sem acarretar-lhe a destruição no todo ou em 
reparte (inalterabilidade da substância principal). São passíveis de separação do 
bem principal (separabilidade do bem principal). Não se confunde com pertenças 
(veículo, máquinas, não são frutos). 
CLASSIFICAÇÃO DOS FRUTOS 
a) Quanto à ORIGEM: 
*Frutos Naturais -> São os que se desenvolvem e renovam periodicamente em 
virtude de força orgânica da própria natureza. 
Ex: frutos das árvores, cereais, crias dos animais 
*Frutos Industriais -> aqueles que aparecem em decorrência da atuação humana, 
como exemplo a fabricação de objetos numa fábrica. 
*Frutos Civis -> São as rendas/rendimentos produzidos pela coisa em virtude de 
sua utilização por outrem que não seja o proprietário. 
Ex: aluguéis, arrendamento, juros.. 
-> Fruto é natural, mas foi proveniente de clonagem ou inseminação artificial 
(tem interferência humana e da força orgânica) - dizem que é industrial - essa 
nomenclatura hoje já está ultrapassada. 
-> Art. 1.215. Os frutos naturais e industriais reputam-se colhidos e percebidos, 
logo que são separados; os civis reputam-se percebidos dia por dia. 
*Goiaba que ainda está no pé, ainda não percebi - se cai no chão, já percebi 
(colhi). 
-> Na qualidade de coisas acessórias, normalmente pertencerão os frutos ao 
proprietário ou ao titular da coisa ao tempo em que forem colhidos. 
b) Quanto ao ESTADO: 
� de �34 112
*Frutos Pendentes -> Quando ainda não separados do bem principal - unidos a 
coisa que os produziu - aqueles não colhidos ainda. 
*Frutos Percebidos ou Colhidos -> Se separam da coisa por atuação da mão 
humana (percebidos) ou colhidos, quando naturalmente se separam => os 
separados do bem principal. 
Ex: a cria do animal que já nasceu. 
*Frutos Estantes -> aqueles que foram colhidos e estão armazenados para 
consumo ou para a venda. 
*Frutos Percipiendos -> os que deveriam ter sido colhidos ou percebidos, mas não 
foram, por culpa do possuidor -> deixa que apodreça tudo - vai responder por 
isso. 
Ex: foi citado na ação e deixa de colher de propósito. 
*Frutos Consumidos -> já tiveram a sua destinação, não existem mais porque já 
foram utilizados. 
d) Quanto ao REGIME JURÍDICO: 
*Possuidor de boa-fé -> 
Art. 1.214. O possuidor de boa-fé tem direito, enquanto ela durar,(depois da 
citação não - até o momento que seja confrontado judicialmente) aos frutos 
percebidos. 
Parágrafo único. Os frutos pendentes ao tempo em que cessar a boa-fé devem 
ser restituídos, depois de deduzidas as despesas da produção e custeio; devem 
ser também restituídos os frutos colhidos com antecipação. 
-> Possuidor de boa fé tem direito quanto aos frutos percebidos/colhidos e, 
quanto aos frutos pendentes ao tempo da cessação da boa fé, ele terá direito 
APENAS aos custos que teve para produzi-los, assim, como os frutos colhidos com 
antecipação (ex. aluguéis recebidos antecipadamente). 
*Possuidor de má-fé: 
Art. 1.216. O possuidor de má-fé responde por todos os frutos colhidos e 
percebidos, bem como pelos que, por culpa sua, deixou de perceber, desde o 
momento em que se constituiu de má-fé; tem direito às despesas da produção e 
custeio. 
-> Quando as circunstâncias façam presumir que já tenho ciência dos obstáculos 
para atingir a posse. 
� de �35 112
->Ele invadiu a terra, planou e colheu, gastou para produzir, mas foi invasão de 
má fé -> tem direito somente as despesas de produção e custeio (para evitar o 
enriquecimento ilícito). 
3º EFEITOS DA POSSE: DIREITO DE INDENIZAÇÃO DE BENFEITORIAS 
Art. 96. As benfeitorias podem ser voluptuárias, úteis ou necessárias. 
§ 1o São voluptuárias as de mero deleite ou recreio, que não aumentam o uso 
habitual do bem, ainda que o tornem mais agradável ou sejam de elevado valor. 
Ex: chafariz. 
§ 2o São úteis as que aumentam ou facilitam o uso do bem: ampliação das 
utilidades. 
Ex: Fazer uma calçada na casa já existente, “puxadinho” para a garagem, muro. 
§ 3o São necessárias as que têm por fim conservar o bem ou evitar que se 
deteriore. 
*Benfeitorias: são obras, despesas ou melhoramento efetuadas numa coisa já 
existente para conservá-la, melhorá-la ou apenas embelezá-la. Não são coisas, 
porém são ações que originam despesas e bens. Tudo que se incorpora 
permanentemente à coisa já existente é benfeitoria. 
*Tem que analisar o lugar que o objeto foi inserido, nas circunstâncias. Ex: uma 
piscina, em uma aula de natação, é necessária. Já numa casa, é voluptuária, já 
numa escola seria útil. 
*Benfeitorias se distinguem de ACESSÕES INDUSTRIAIS: que são obras ou 
plantações que criam coisas novas, diferentes, ainda que venham a aderir a 
coisa já existente, como por exemplo: a edificação de uma casa num terreno 
baldio -> é modo de aquisição da propriedade. Como construir mais um andar 
numa casa => não é uma benfeitoria, tudo tem que registrar. 
 INDENIZAÇÃO POR BENFEITORIAS: 
a) Possuidor de boa fé: 
Art. 1.219. O possuidor de boa-fé tem direito à indenização das benfeitorias 
necessárias e úteis, bem como, quanto às voluptuárias, se não lhe forem pagas, 
a levantá-las, quando o puder sem detrimento da coisa, e poderá exercer o 
direito de retenção pelo valor das benfeitorias necessárias e úteis. 
-> Tem direito a indenização das necessárias, úteis. 
-> Quando não for indenizado pelas voluntárias (faculdade do reivindicante de 
indenizar ou não - se não pagar, terá que anuir para que seja levantado), terá 
direito de levantá-las => desde que não deteriore a coisa principal. 
� de �36 112
-> Tem direito à retenção em relação às benfeitorias úteis e necessárias: reter a 
coisa alheia, mantendo-a em seu poder direto e imediato, até ser indenizado 
pelos valores gastos. 
*Requisitos para a retenção: 
1 - Tem que se encontrar na posse da coisa de boa fé; 
2 - Deduzir a alegação na contestação ou na reconvenção especificando as 
benfeitorias e os respectivos valores (tem que fazer prova do crédito na ação); 
*Discussão: caberia a propositura dos embargos de retenção por benfeitorias? art. 
621 c/c 745, §1º. 
*Caso não tenha alegado na contestação/reconvenção, a retenção para 
permanecer na posse, caso não seja indenizado, pode promover ação de 
indenização/cobrança autônoma. 
3 - Deve existir uma relação de conexão entre o seu crédito e a própria coisa que 
deve ser restituída, ou seja, deve ser um crédito exigível decorrente de 
benfeitorias necessárias ou úteis. 
*Ou seja, se era um empréstimo em dinheiro - não cabe, tem que ser conexo com 
o próprio bem que você precisa restituir: um gasto na própria coisa. 
4 - Inexistência de cláusula convencional ou legal de exclusão do direito de 
retenção: pode ser que já tenham contratado a exclusão da indenização por 
benfeitorias. 
Ex: comodato -> é difícil alguém cobrar alguma coisa -> comandatário se fez 
qualquer mudança na coisa do comodante, sem autorização, não pode cobrar 
indenização. 
Ex: locação de casa -> locatário fez despesas, teve que colocar um azulejo

Continue navegando