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DIREITO DAS COISAS 1. CONCEITO DO DIREITO DAS COISAS -> Maria Helena Diniz: “Direito das coisas é o conjunto de normas que regem as relações jurídicas concernentes aos bens materiais (corpóreos) e imateriais (incorpóreos) suscetíveis de apropriação pelo homem.” -> mas não é exaustivamente tratado no direito das coisas, há várias legislações próprias que regulamentam também, exemplo: direito autoral, direito industrial (com relação às marcas e patentes), ou seja, muitos bens tem autonomia legislativa. *São legislações especiais, que fazem com que esses bens imateriais não sejam estudados propriamente no direito das coisas, já que estavam legislados por lei extravagante e cabe ao CC somente função suplementar. ->Beviláqua: É o complexo das normas reguladoras das relações jurídicas referentes às coisas suscetíveis de apropriação pelo homem. Tais coisas são, ordinariamente, do mundo físico (tangível), porque sobre elas é que é possível exercer o poder de domínio (uso, dispor da coisa). *Relação jurídica de uso da coisa. *Ordinariamente do mundo físico, mas há as intangíveis. ->Disposições que formam a regulamentação da propriedade = Direito das Coisas. COISAS X BENS -> Há divergência sobre as diferenças entre coisas e bens. Alguns entendem que coisa é gênero do qual bem é espécie. É tudo o que existe objetivamente, com exclusão do homem. É tudo aquilo que pode ser objeto de relações jurídicas. Bens são coisas que, por serem úteis e raras, são suscetíveis de apropriação e contém valor econômico. Somente interessam ao direito das coisas suscetíveis de apropriação exclusiva pelo homem (conceito restrito de coisas), sobre as quais possa existir um vínculo jurídico, que é o domínio. As que existem em abundância no universo, como o ar atmosférico, e a água dos oceano deixam de ser relevantes ao direito das coisas. *Nem todos os bens são coisas. *Ora conceito de coisa pode ser mais amplo que o conceito de bem (se bem for caracterizado como valor econômico). Nesse caso, ar, água, não tem valor econômico, seriam, por tanto, coisas. Agora, outra versão, se ora o conceito de bens é mais amplo - se eu digo que honra, dignidade das pessoas é um bem jurídico tutelado pelo direito, sob uma perspectiva moral, é mais amplo que o conceito de coisas, pois envolve bens tutelados juridicamente que não podem ser denominados coisas - porém, uma coisa não há dúvida: coisas e bens não se confundem. 2. CONTEÚDO DO DIREITO DAS COISAS � de �1 112 -> O direito das coisas não pode ser compreendido exatamente como sinônimo de direitos reais, pois o seu conteúdo mais amplo que a matéria de direitos reais (inclui outras matérias). Possui configuração mais ampla, abrangendo, além dos direitos reais propriamente ditos, capítulos destinados ao estudo da posse - cuja natureza jurídica é controversa, tida por alguns como de direito obrigacional ou sui generis - e dos direitos de vizinhança, que possui várias regras estabelecendo obrigações mistas ou propter rem. *Direitos reais -> é o campo do direito patrimonial cujas regras tratam do poder dos homens sobre as coisas apropriáveis. *Direito das Coisas = Posse e Direitos Reais e Direito de vizinhança. Art. 1225 CC: São direitos reais (11): a) Propriedade; b) Superfície c) Servidões d) Usufruto; e) Habitação; f) O direito do promitente comprador do imóvel; g) O penhor; h) A hipoteca i) A anticrese; j) Concessão de uso especial para fins de moradia; k) Concessão de direito real de uso. 3. CLASSIFICAÇÃO DOS DIRETOS REAIS A propriedade é a chave para a compreensão dos demais direitos reais; a partir do desdobramento dos poderes dominiais, brotam os direitos de fruição, garantia e aquisição. 1) Direitos reais sobre a coisa própria (propriedade): Único direito real originário, de manifestação obrigatória - manifestação primária e fundamental dos direitos reais. 2) Direitos reais sobre coisa alheia: somente se manifestam quando do desdobramento eventual das faculdades contidas no domínio - manifestação facultativas e derivadas dos direitos reais, pois resultam da decomposição dos poderes jurídicos contidos no domínio - sua existência jamais será exclusiva, eis que na sua vigência convivem com o direito de propriedade, mesmo estando ele fragmentado. *O domínio é suscetível de desmembramento, e cada poder desmembrado, culmina por constituir um novo direito real. ex: hipoteca -> fragmenta poderes ao hipotecário. *O titular se priva de alguns poderes dominiais, mas não reduz em momento algum sua condição de proprietário - ele reduz a sua carga dominical em prol de terceiros que temporariamente contam com certos poderes do domínio. � de �2 112 *Gravame: retrata a transferência das faculdades de domínio, gerando o nascimento de direitos reais limitados. *Direitos reais em coisa alheia são temporários. a) De gozo ou fruição: usufruto (direito de usar e fruir da coisa), servidão, uso (mais restrito que usufruto) e habitação, superfície (uso da superfície de bem alheio), concessão do direito real de uso e concessão de uso especial para fins de moradia. b) De garantia: Penhor (bens móveis), hipoteca (bens imóveis), anticrese (garantir o pagamento de uma dívida com o rendimento de um determinado bem imóvel), e alienação fiduciária (esta é sobre coisa própria: adquirir automóvel com um financiamento e vou construiu um direito real de garantia em favor do banco, compra na concessionária e transfere a propriedade fiduciária ao banco - é sobre coisa própria, pois quem é o proprietário é o próprio banco - só que é uma propriedade resolúvel: se for pago tudo, se extingue o direito de propriedade do banco). c) De aquisição: compromisso irretratáveis de compra e venda (só se constitui a partir do registro). -> Os direitos reais em coisa alheia possuem dentro de si uma carga relevante de relações de índole obrigacional. 4. DIFERENÇAS ENTRE DIREITOS REAIS E DIREITOS OBRIGACIONAIS DE CRÉDITO a) Teoria Realista (ou impersonalista) -> O Direito Real significa o poder da pessoa sobre a coisa, numa relação jurídica que se estabelece diretamente e sem intermediário. - Já o obrigacional de crédito requer sempre a interposição de um sujeito passivo, devedor da prestação, independentemente de consistir esta na entrega de uma coisa, na realização de um fato ou uma abstenção. - O termo obrigação significa um dever específico que vincula determinada pessoa em relação à outra. O credor coloca-se em posição de exigir um comportamento do devedor. Os direitos obrigacionais pedem a cooperação do sujeito passivo no sentido da satisfação do débito (direitos subjetivos relativos/ direito real é absoluto). *Princípio da aderência ou inerência: Conforme a teoria realista, os direitos reais estabelecem vínculo, uma relação de senhoria entre o sujeito e coisa, não dependendo da colaboração de nenhum sujeito passivo para existir. b) Teoria Personalista -> Não aceita a instituição de uma relação jurídica diretamente entre a pessoa do sujeito e a própria coisa, uma vez que todo direito, correlato obrigatório de um dever, é necessariamente uma relação entre pessoas. No direito real estabelece-se uma relação jurídica (admite-se) com a coisa, pois que esta é o objeto do direito, mas tem a faculdade de � de �3 112 opô-la erga omnes, por isso há um “sujeito passivo”: a generalidade anônima dos indivíduos ou um sujeito passivo universal” (coletividade). *Relação jurídica pressupõe direitos subjetivos contrapostos a deveres recíprocos: enquanto a comunidade indeterminada de pessoas exerce o dever genérico de abstenção, compete ao titular do direito subjetivo a missão de satisfazer o seu interesse, sem sacrificar o interesse coletivo. -> A ciência que separa o direito real e direito obrigacional se torna insuficiente para explicar a obrigacionalização da propriedade, em relação que a titularidade dos bens impõe deveres jurídicos a seu titular perante a coletividade - os direitosreais, sem exceção, abrigam em sua estrutura uma relação jurídica de direito real (domínio do titular) e outra obrigacional (cooperação entre o titular e a coletividade). CARACTERÍSTICAS DIREITOS OBRIGACIONAIS DE CRÉDITO/ PESSOAIS (Direito a uma coisa) DIREITOS REAIS (Direito à coisa) QUANTO AO SUJEITO Realista e Personalista: Se dá entre o sujeito ativo (credor) e o sujeito passivo (devedor) Realista: Não há sujeito passivo - ocorre uma relação jurídica entre sujeito e coisa, diretamente. Entende que há um princípio da aderência ou inerência entre sujeito e coisa (relações de senhoria). Personalista: Existe uma relação jurídica entre um sujeito passivo (sujeito passivo universal) e ativo (titular do direito real) - base da teoria diz: não existe um direito sem que tenha correlato um dever - e o dever não pode ser constituído sobre uma coisa - tem que ser uma relação entre pessoas, tendo como objeto a coisa. O sujeito passivo que teria obrigações seria toda a comunidade que tem o de ver de respeitar o direito real constituído. � de �4 112 QUANTO À AÇÃO OU ABSOLUTIDADE Já se tem certo contra quem é a ação (exemplo: contrato) - tem ação pessoal contra a pessoa determinada desde o início da relação jurídica, que é o contratante. Vige o princípio do efeito relativo dos contratos: o contrato faz lei entre as partes, em princípio não beneficia nem prejudica terceiros, só vincula as partes contrantes. Ação real oponível erga omnes (oponível contra todos: todos devem se abster de molestar). Em princípio, não tem ação contra ninguém, mas no momento que alguém violar o direitos real, é contra essa pessoa que se propõe a ação. Só surge com a violação e pode ser qualquer pessoa da coletividade. Vige o princípio do absolutismo: É o poder de exigir de todos um dever de abstenção - O sujeito de direito real uma vez violado o seu direito, poderá propor ação. Surge daí o direito de sequela, isto é, de perseguir a coisa e de reinvidicá-la em poder de quem quer que esteja (submissão do bem ao titular do direito real), bem como o direito de preferência. QUANTO À SEQUELA Não atribuem direito de sequela, porque são oponíveis inter partes, somente àqueles que se vincularam. Apenas tem o patrimônio do devedor como garantia. Não existe publicidade, justamente porque é oponível inter partis. Atribuem direito de sequela (jus perseguindi) - direito do titular do bem de o perseguir quando em poder de terceiros onde quer que se encontre - justamente porque são direitos absolutos. Ex. O compromisso de compra e venda devidamente registrado em cartório dá direito de sequela, pois há direito real. Por serem oponíveis contra todos, obedecem ao princípio da publicidade ou visibilidade: *Art. 1267: é a tradição que dá visibilidade (bens móveis). *Art. 1245: registro (bens móveis e imóveis) que dá publicidade a qualquer terceiro. -> Se faz necessário que toda a coletividade possa conhecer os seus titulares, para não molestá- los - por isso se liga ao princípio da sequela: uma vez que ninguém pode ser perseguido sem saber o porque. � de �5 112 QUANTO AO OBJETO Uma prestação debitória (dar, fazer ou não fazer). *Art 104, II: a validade do negócio jurídico pode ter como objeto determinável. *Admite também coisa futura: as partes podem celebrar contratos aleatórios com coisas futuras. São coisas corpóreas ou incorpóreas suscetíveis de apropriação pelo homem. O bem sobre o qual o titular exerce ingerência sócio- econômica: o direito de usufruir da coisa. Sempre coisa determinada e, como regra, não admite coisa futura - a coisa tem que estar individualizada. A doutrina fala em sempre determinado, mas para o Eliseu, há uma exceção, pois de acordo com a lei de Alienação Fiduciária, é possível que haja alienação fiduciária antes da existência do bem, é uma exceção. QUANTO AO LIMITE São ilimitados os direitos obrigacionais, quanto aos tipos (art. 425 CC) e quanto às formas (não tem forma delimitada - art. 107 CC). Se a lei exigir, daí obedece a forma. Obedece o princípio da autonomia da vontade: as partes podem fazer o contrato como quiserem, desde que atendam aos princípios gerais do direito. São chamados de NUMERUS APERTOS: não são taxativamente definidos pelo legislador (cláusula aberta). Não há liberdade de criação de outros direitos reais não definidos em lei - são taxativamente definidos pelo legislador, ou seja, são NUMERUS CLAUSUS (art. 1225 CC, alguns dizem que ainda podem estar previstos em outras legislações extravagantes). E possuem forma típica (art. 108) Princípio da taxatividade: Os direitos reais são criados taxativamente por lei e não ensejam aplicação analógica. Desse modo, o nº dos direitos reais é, pois, limitado, sendo assim considerados somente os elencados na lei Princípio da tipicidade: Os direitos reais existem apenas de acordo com os tipos legais e são constituídos conforme as formas previstas na legislação. QUANTO À FRUIÇÃO Para fruir a prestação, exige que o devedor realize a prestação - exige intermediário para realizar a prestação debitória. Ingerência sócio-econômica se realiza independentemente de participação de qualquer intermediário, assim, fruição se dá diretamente entre o sujeito titular do direito e coisa. � de �6 112 QUANTO AO ABANDONO Credor não quer receber - devedor pode depositar judicialmente (não pode renunciar o crédito sem anuência do devedor) - apenas pode deixar de exercer o seu direito pela prescrição extintiva do seu crédito, não pode renunciar unilateralmente os seus créditos. Devedor, logicamente, também não pode abandonar a prestação. O titular do direito real pode abrir mão do seu direito, renunciando/ abandonando, por tanto, cabe renúncia e abandono (art. 1275, II e III). QUANTO À EXTINÇÃO Se o titular permanecer inerte quanto ao seu crédito - se extingue o direito (prescrição extintiva). Em regra, são transitórios. Não se extinguem pela inércia ou pelo não uso, como regra geral. Mas, apenas, se ocorrer a aquisição por outrem, por exemplo, usucapião (prescrição aquisitiva). Em regra, não são transitórios - Princípio da perpetuidade, até porque se transmitem com sucessões - sentido de perenidade, não nascem para se extinguir. -Exemplo de exceção de quando um direito real não tem prescrição aquisitiva: artigo 1389, II. QUANTO À USUCAPIÃO Não são passíveis de usucapião porque não são passíveis de posse, como regra geral. Em regra, são passíveis de usucapião porque são passíveis de posse, como regra - ex: propriedade, servidão, usufruto. *Hipoteca não é passível de usucapião. QUANTO À POSSE Não são suscetíveis de posse, como regra - não cabe ação de reintegração de posse. Cabe ação anulatória de título de crédito. São suscetíveis de posse, como regra - cabe ação de reintegração. � de �7 112 5. FIGURAS INTERMEDIÁRIAS OU HÍBRIDAS -> Híbridos: Aqueles que levam características de direito obrigacional e reais. a) Obrigação “Propter Rem” ou anulatórias: São aquelas que recaem sobre uma pessoa por força de um determinado direito real. Exemplos: 1) Art. 1297, §1º CC: O proprietário tem que concorrer com a despesas de construção e conservação de muro ou cerca divisória: João e Paulo são vizinhos, João reformou a cerca, mas Paulo não quis dividir o valor dela, como Paulo vendeu o terreno para José, José sendo o novo dono, terá obrigação de pagar o valor da conservação da cerca. § 1o Os intervalos, muros, cercas e os tapumes divisórios, tais como sebes vivas, cercas de arame ou de madeira, valas ou banquetas, presumem-se, até prova em contrário, pertencer a ambos os proprietários confinantes, sendo estes obrigados, de conformidade com os costumes da localidade, a concorrer, em partes iguais, para as despesas de sua construção e conservação. 2) Art. 1336, I CC: São deveres do condômino: I - contribuir para as despesas do condomínio naproporção das suas frações ideais, salvo disposição em contrário na convenção. -> Proprietário de um apartamento cria a obrigação de pagar as contribuições condominiais. Se vende o imóvel com dívidas, o que adquiriu-o fica obrigado a pagá-las. Art. 1.345. O adquirente de unidade responde pelos débitos do alienante, em relação ao condomínio, inclusive multas e juros moratórios. 3) Art. 1285: O dono do prédio que não tiver acesso a via pública, nascente ou porto, pode, mediante pagamento de indenização cabal, constranger o vizinho a lhe dar passagem, cujo rumo será judicialmente fixado, se necessário. QUANTO À PREFERÊNCIA OU PREVALÊNCIA Não atribuem preferência dos créditos no caso de insolvência ou falência do devedor. Atribuem preferência ou prevalência no caso de insolvência do devedor. - direito de preferência consiste no fato de o direito real superar todas as situações jurídicas com o mesmo incompatíveis, posteriormente constituídas sobre a coisa em que incide e sem o concurso da vontade do titular daquele - um crédito real tem preferência de cobrança sobre um crédito obrigacional. � de �8 112 -> Vizinho é obrigado a dar passagem ao proprietário que tem imóvel encravado (que não sai pra rua nenhuma). b) Obrigação com eficácia real (contra terceiro): São aquelas que sem perder o caráter de direito a uma prestação (obrigacional), transmitem-se e são oponíveis a terceiros que adquiram direito sobre determinado bem (característica do direito real). Exemplos: 1) Art. 505 e 507 (princípio da publicidade) CC: Art. 505. O vendedor de coisa imóvel pode reservar-se o direito de recobrá-la no prazo máximo de decadência de três anos, restituindo o preço recebido e reembolsando as despesas do comprador, inclusive as que, durante o período de resgate, se efetuaram com a sua autorização escrita, ou para a realização de benfeitorias necessárias. Art. 507. O direito de retrato, que é cessível e transmissível a herdeiros e legatários, poderá ser exercido contra o terceiro adquirente. -> Cláusula de Retrovenda: direito potestativo de recobrar a coisa do vendedor, restituindo o preço - propriedade sob condição resolutiva. Direito de recobrar a coisa pode ser exercido contra qualquer terceiro que eventualmente tenha adquirido o bem. -> Art. 1359: Resolvida a propriedade pelo implemento da condição ou pelo advento do termo, entendem-se também resolvidos os direitos reais concedidos na sua pendência, e o proprietário, em cujo favor se opera a resolução, pode reivindicar a coisa do poder de quem a possua ou detenha. 2) Art. 30/33 da Lei 8245/91 (Lei de Locações): Permite que se averbe o contrato de locação junto à matrícula do imóvel locado, fazendo isso, se garante o direito de preferência do locatário sob o direito de aquisição do imóvel locado, se o proprietário quiser vender- esse direito de preferência também pode ser exercido contra terceiro (eficácia real) que venha a adquirir o imóvel (se o proprietário anterior não notificar etc), desde que tenha sido averbado junto a matrícula do imóvel, 30 dias antes dessa compra e venda. - tem compromisso de compra e venda registrado junto à matrícula do imóvel, se o proprietário alienar para terceiro - terceiro não pode alegar boa fé - direito de sequela - direito do real promitente comprador do imóvel. 6. POSSE: Art. 1196 a 1124 CC 1. DEFINIÇÃO: -> CC não define a posse, mas apenas quem é o possuidor: � de �9 112 Art. 1.196. Considera-se possuidor todo aquele que tem de fato o exercício, pleno ou não, de algum dos poderes inerentes à propriedade. Art. 1.204. Adquire-se a posse desde o momento em que se torna possível o exercício, em nome próprio, de qualquer dos poderes inerentes à propriedade. -> Posse, na verdade, é o exercício de fato de uma ou algumas das faculdades de dono (uso, gozo ou fruição). Todo aquele que tem de fato ou a possibilidade do exercício pleno ou não, em nome próprio, de algum dos poderes inerentes a propriedade (uso, fruição, disposição) tem posse. -> Posse é o poder de fato, que se manifesta por atos de uso e fruição sobre a coisa, servindo-se o possuidor de suas utilidades econômicas, sem que isto implique qualquer conexão com o direito de propriedade. 2. DEFINIÇÃO DOUTRINÁRIA Venosa: A doutrina tradicional enuncia ser a posse relação de fato (uso, fruição e disposição da coisa) entre pessoa e coisa - já define qual é a natureza jurídica, que é uma relação de fato e não de direito. A nós, parece mais acertado afirmar que a posse trata de estado de aparência juridicamente relevante, ou seja, estado de fato protegido pelo direito: ex - tutela sobre os frutos das coisas, possibilidade de usucapião -> Posse é um estado de fato protegido pelo direito em relação aos seus efeitos. * Concretamente, é um estado de fato, mas é também um de direito que o sustenta, é um misto entre os dois para Venosa. Caio Mario da Silva Pereira: É uma situação de fato, em que uma pessoa, independentemente de seu ou de não ser proprietária, exerce sobre uma coisa poderes ostensivos, conservando-a e defendendo-a. Em toda posse, há pois uma coisa e uma vontade, traduzindo uma relação de fruição. *Faculdades de um proprietário: usar, fruir/gozar, dispor e reivindicar. Art. 1.228. O proprietário tem a faculdade de usar, gozar e dispor da coisa, e o direito de reavê-la do poder de quem quer que injustamente a possua ou detenha. 3. TEORIAS SOBRE OS ELEMENTOS DA POSSE 1) Teoria Subjetivista (Savigny): Toda posse tem 2 elementos: *Corpus: Elemento material da posse, caracterizado como faculdade real e imediata de dispor fisicamente da coisa a hora que quiser e defendê-la das agressões de outrem. Em razão disso, essa teoria exige que para alguém ter posse, tem que ter contato físico com a coisa: tem o poder físico sobre a coisa/ contato físico, direto. � de �10 112 - Dificuldade da teoria em explicar a posse quando se está longe da coisa. *Animus domini ou animus possidendi: É o elemento interior ou psíquico, que é a intenção do possuidor de ter a coisa como sua, vontade de dono (mesmo não sendo) / de exercer o direito como se proprietário fosse - afasta a ingerência de terceiro. - Alguém que atue sobre a coisa sem o animus, se considera mero detentor: locatário, comodatário, depositário -> não tem a coisa como sua, mas em nome alheio. Detentores não fariam jus à tutela possessória justamente pela carência do animus. - Crítica: Não se admite a posse do locatário, do depositário, comodatário, uma vez que esses sujeitos não tem a coisa como sua/ intenção de dono. -> Definição considerando esses dois elementos: Posse é o poder que tem a pessoa de dispor fisicamente da coisa, com a intenção ou vontade de dono. Por isso, se chama teoria subjetivista porque para saber se alguém tem posse, teria que fazer um exame psicológico para ver se a pessoa tem a intenção de dono ou não. -> Ainda é mantido na situação da usucapião o segundo elemento: tem que ter a intenção de dono. 2) Teoria Objetivista (Ihering): Toda a posse tem 2 elementos: * Corpus: Definição distinta da do Savigny, aqui, seria a exteriorização das faculdades/ poderes de proprietário/dono: uso, fruição, disposição e reivindicação. * Poder de fato: não precisa ter poder físico sobre a coisa (contato físico), poder de fato pode ser exercido ainda que não tenta o contato físico = Teoria adotada pelo CC. * Toda posse é como se fosse visibilidade do domínio. * Toda posse tem o animus - também é o elemento interno, psíquico, só que dizia ele que todo aquele que tem corpus tem íncito o animus - todo aquele que está no exercício das faculdades de dono, age como habitualmente age o proprietário -> age porque tem vontade de agir desse modo, ou seja, já possui o animus. * Essa vontade se percebe de forma objetiva, se examina no agir e isso basta para saber que tem a vontade -> origem do nome. * Dispensa exame do elemento psicológico - todo aqueleque está no exercício das faculdades de dono (corpus), porque o animus está intrínseco no corpus: se � de �11 112 alguém está procedendo como age o proprietário, é porque ele tem vontade de proceder desse modo. -> Para verificar quando alguém não tem posse, tem que observar se a coisa mantém a sua destinação sócio econômica. Para verificar se alguém mantém o poder de fato sobre a coisa, mesmo não estando no exercício direto, físico, sobre ela, Ihering defende que é necessário verificar se a coisa mantém a sua destinação sócio econômica. Ex: Se estou andando na calçada e encontro tijolos, areia, e uma casa em construção, o senso comum diz que alguém mantém posse. Agora, se encontro próximo da lata de lixo um sapato, percebe-se que ninguém mantém posse sobre ele, porque pelo senso comum, a coisa não exerce mais a sua destinação sócio econômica. Ex: Toras de madeira empilhadas no meio da floresta tem um possuidor, afinal, mantém a destinação sócio econômica, e o senso comum nos diz que é comum fazer isso com toras de madeira que estão sendo cortadas. Mas, uma carteira caída no meio da floresta não mantém a destinação econômica, o senso comum nos diz que ela está perdida, portanto, ninguém tem posse sobre ela. Um carro no estacionamento tem possuidor, ora, é comum que se estacione um carro para usá- lo quando quiser, está a sua disposição, mantém a destinação econômica. -> Nesse caso, quando se tiver o contato físico se diz que há a posse direta, quando estiver apenas mantendo a destinação econômica, ocorre a posse indireta. -> Para Ihering, posse é a exterioridade da posse de dono, poder de fato sobre a coisa e essa é a teoria adotada pelo CC. Nesse sentido, posse é a relação de fato entre pessoa e coisa, tendo em vista a sua utilização sócio econômica. *A posse é a porta que conduziria à propriedade -> Ao dispensar o elemento psicológico do animus, estende-se a condição de possuidores àqueles que seriam considerados mero detentores pela teoria de Savigny (locatários, arrendatários), deferindo a eles, proteção possessória direta e imediata. 4. “JUS POSSESSIONIS” (juízo possessório) X “JUS POSSIDENDI” (juízo petitório) 1) Jus Possessionis (juízo possessório ou posse natural, ou formal, autônoma, sem título): Posse decorrente de uma relação de fato entre o sujeito e a coisa. Bastava proteger a coisa independente de título - reconhece um direito subjetivo de proteção daquela situação fática, a tutela se baseia na situação de fato: de exploração e uso da coisa. � de �12 112 -> Posse é um direito subjetivo, atribuído àquele que exerce o poder fático de ingerência sócio econômica sobre a coisa, independente de qualquer direito real ou obrigacional. *Posse é um direito autônomo em relação a qualquer direito obrigacional ou real. * Garante o direito em caso de terceiro que não tem qualquer posse - não em relação ao que foi esbulhado. Ex: vizinho não pode apredejar o invasor de uma propriedade -> pode promover ação contra ele. * Tutela por meio dos interditos (ações possessórias), hoje em dia: - Ação de Reintegração de Posse (contra esbulho) - Ação de Manutenção de Posse (turbação) - Ação de Interdito Proibitório (contra ameaça). *Art. 1210, §2º CC: Art. 1.210. O possuidor tem direito a ser mantido na posse em caso de turbação, restituído no de esbulho, e segurado de violência iminente, se tiver justo receio de ser molestado. § 2o Não obsta à manutenção ou reintegração na posse a alegação de propriedade, ou de outro direito sobre a coisa. -> Se é uma questão de fato, de uso e fruição da coisa, não adiante levar ao juiz um título que comprova a minha posse. Não se indaga a existência do direito, a lei socorre a posse enquanto o direito do proprietário não desfizer esse estado de coisa e se sobreleve como dominante. O jus possesionis perseverá até que o jus possidendi o extinga. * Art. 923. Na pendência do processo possessório, é defeso (proibido), assim ao autor como ao réu, intentar a ação de reconhecimento do domínio. ->Proibido durante a discussão da situação de fato, promover uma ação para reconhecer o título (questão de direito). 2) Jus Possidendi (juízo petitório, posse causal, ou ainda titulada): -> Posse decorrente da relação jurídica, de um título jurídico que lhe atribui, sendo direito real (propriedade, servidão, usufruto…) ou direito obrigacional/ pessoal (locação, comodato, depósito..) *Nesses casos, a posse não tem qualquer autonômia. -> Juízo Petitório: ação reivindicatória da propriedade -> vai ter que fazer prova que possui a propriedade, tem que comprovar o título que garante a posse. => Ainda hoje, o direito brasileiro faz essa distinção ente os juízos. 5. DISTINÇÃO ENTRE POSSE E DETENÇÃO � de �13 112 -> Teoria Subjetivista: Detentor é aquele que tem o corpus, mas não o animus domini. -> Teoria Objetivista: Diferencia detentor do possuidor pela regulamentação do direito objetivo -> o detentor seria aquele que perdeu a proteção possessória em decorrência de óbice legal, uma opção legislativa, não se diferenciando pelo elemento volitivo como defendia Savigny, pois mesmo o detentor teria animus. *O legislador que desqualifica determinadas situações que revelam exercício de faculdades do proprietário como não sendo de posse, mas mera detenção (portanto, se nega ao detentor a tutela possessória). *O detentor seria aquele que preenche os requisitos para a posse, mas encontra óbice legal que não garante a proteção possessória a ele, mesmo estando na apreensão física da coisa etc. -> Tem-se 4 hipóteses definidas em lei em que o legislador reconhece a DETENÇÃO: a) Os servidores (ou gestores/ fâmulos/ servos): Art. 1.198. Considera-se detentor aquele que, achando-se em relação de dependência para com outro, conserva a posse em nome deste e em cumprimento de ordens ou instruções suas. -> Aqueles que apreendem a coisa, detendo o poder de fato sobre ela, em razão de uma relação de subordinação para com o terceiro -> apreende a coisa em cumprimento de ordens ou instruções emanadas dos reais possuidores ou proprietários; não concedem a destinação econômica da coisa. -> Exercem os poderes de proprietários em nome alheio - mero instrumento da vontade do outro, sem autonomia. Se, eventualmente, permanecem com o poder físico sobre o bem pelo correspondente prazo da usucapião - sempre em cumprimento de ordens - quem adquirirá a propriedade por usucapião será seu empregador, na qualidade de real possuidor, jamais o detentor subordinada. -> Ex: caseiro, capataz, empregado preposto etc. -> Se eventualmente o caseiro sofre uma ação possessória - cabe ao detentor alegar a sua ilegitimidade e fazer NOMEAÇÃO À AUTORIA do legítimo possuidor (ônus de indicar o real possuidor). *Não tem legitimidade ativa para propor ação possessória para defesa da posse do patrão juridicamente e nem são legitimados passivos para responder pela ação possessória. � de �14 112 *No entanto, enquanto longa manus do titular da posse, podem exercer atos materiais de desforço imediato e legítima defesa da posse - desde que o faça logo e no exato limite da recuperação da coisa. § 1o O possuidor turbado, ou esbulhado, poderá manter-se ou restituir-se por sua própria força, contanto que o faça logo; os atos de defesa, ou de desforço, não podem ir além do indispensável à manutenção, ou restituição da posse. Ex: o vigia pode expulsar a pessoa que entrou na propriedade. -> Existe a possibilidade de inversão do animus do detentor: mero detentor alega-se titular da coisa e passa a gerir em nome próprio. Nesse momento, ele passa a ter a posse injusta, deixando de ser detentor (posse precária adquirida com abuso de confiança) - agora, pode sofrer uma ação possessória de reintegração de posse. *Se o proprietário não propor ação contra o possuidor injusto, começa a contar o tempo para usucapião. b) Os atos de permissão ou tolerância: Art. 1.208. Não induzem posse os atos demera permissão ou tolerância assim como não autorizam a sua aquisição os atos violentos, ou clandestinos, senão depois de cessar a violência ou a clandestinidade. -> Permissão: Caracteriza-se pela autorização expressa do possuidor para que terceiro (parente, amigo, vizinho…) utilize a coisa, transitoriamente e de modo efêmero, sem que se forme entre ambos um negócio jurídico e a configuração de uma relação jurídica de direito real ou obrigacional. Ex: Vizinho pede verbalmente para deixar o carro na minha garagem e eu permito (mera permissão) - e ele foi molestado no seu uso por um terceiro - não cabe ação possessória, porque ele tem mera detenção. *Se emprestar a garagem já seria um comodato. -> Tolerância: Ocorre quando o possuidor admite tacitamente o uso da coisa por terceiro, nas mesmas condições da permissão (transitoriamente, de modo efêmero, sem configurar negócio jurídico). Normalmente, é posterior. *O usuário obtém a apreensão material da coisa, independentemente de qualquer ordem direta do real possuidor, porém, esse usuário tem consciência que está sobre a esfera de vigilância daquele que é condescendente com a sua atividade. Ex: O vizinho não fala nada comigo e o carro dele está na garagem e eu deixo - nem conversou. � de �15 112 *A qualquer momento o real proprietário pode destituir o uso unilateralmente e o detentor não tem nenhum direito subjetivo de permanência, não pode se opor - situação de sujeição. *E se permanecer de longo prazo? Até que ponto não poderia gerar a expectativa que o real possuidor não vai exercer mais poder sobre a coisa? Nesses casos, tem quem defenda que quando gerar uma expectativa no usuário de permanência dessa situação, darem a supressio: direito subjetivo de permanência do uso pela expectativa do que tolerou. *Deveria ter feito um contrato de comodato; e se eu quero que ele entregue, ele é obrigado. c) Também não geram posse, os atos violentos e clandestinos, enquanto durar a violência ou clandestinidade: Art. 1.224. Só se considera perdida a posse para quem não presenciou o esbulho, quando, tendo notícia dele, se abstém de retornar a coisa, ou, tentando recuperá-la, é violentamente repelido. -> Aquele que invadir uma fazendo, durante o período conflituoso, enquanto o real possuidor tentar recuperar a coisa, não é possível ainda o invasor adquirir posse. * Violento = uso da força física ou coação moral (roubo). * Clandestino = tomada ocultamente, sem ninguém ver (furto). -> Enquanto permanecer clandestino em relação ao titular, tem mera detenção - desde que ele não tenha dito condições de saber quem é. Ex: Um vizinho 1 expande a sua adega para debaixo da casa do vizinho 2, e fica nessa situação durante anos, mas enquanto o vizinho 2 não souber dessa situação de clandestinidade, o vizinho 1 não terá a posse desse subsolo do terreno, e sim mera detenção. ->Enquanto os atos de clandestinidade e violência ainda existem, impedem a aquisição da posse por parte de quem delas se aproveita; só será possível, com a cessação dos atos antijurídicos. -> A posse consequente à cessação da violência ou da clandestinidade terá sempre a qualificação de posse injusta. -> O caso dos servidores e do detentor por permissão ou tolerância é de detenção de dependência (lícita) a uma posse alheia, mesmo que uns satisfaçam interesses alheios e outros, interesses próprios. Já quem usa da violência ou clandestinidade pratica atos com total autonomia - detenção independente (ilícita). � de �16 112 d) Em relação aos bens públicos, também existe situações em que a pessoa tem a mera detenção: -> Mera permissão de uso do bem público, não poderia opor ações possessórias contra o poder público para garantir a sua posse. -> Admite-se posse por particulares sobre os bens públicos dominicais ou patrimoniais -> esvaziados de destinação pública e alienáveis. O fato de a propriedade ser pública não veda a posse por particulares, apenas a usucapião. ->Mesmo bens públicos de uso comum e especial com contrato administrativo de concessão de uso ou de permissão pode manejar pretensões possessórias na vigência dessas relações jurídicas. 6. OBJETO DA POSSE -> É suscetíveis de proteção possessória, tudo aquilo que for puder ser apropriado e exteriormente demonstrado (uso, fruição, gozo). Assim, se protege tantos bens materiais e imateriais, desde que suscetíveis de apropriação (tem que ser demonstrado o uso). *Bens materiais: corpóreos - móveis, imóveis e semoventes - as que podem ser visualizadas e tocadas. *Bens imateriais: incorpóreos - marcas e patentes de invenção. OBS: existe divergência na doutrina e jurisprudência, sendo a grande maioria contrária aos bens imateriais (incorpóreos) poderem ser objeto da posse, passíveis de tutela possessória. *Bens semi-incorpóreos (alguns defendem isso): ex - furto de energia elétrica por meio de gato ou de sinal de TV (gato net), linha telefônica (Súmula do STJ diz que o direito de uso da linha telefônica é suscetível de usucapião; se é suscetível de usucapião, é também suscetível de posse), ondas de frequência do rádio e TV, linhas de internet… *Bens acessórios: são ainda suscetíveis de posse, separadamente dos bens principais, sem alteração da substância do bem principal. Aquele que tem posse de bens imóveis, tem presunção de ter a posse dos bens móveis que o acompanham. Art. 1.209. A posse do imóvel faz presumir, até prova contrária, a das coisas móveis que nele estiverem. *Direitos Obrigacionais (contrato de comodato, locação, depósito): em si, não são passíveis de posse, mas podem gerar desmembramento da posse do bem, objeto ao qual incidem. � de �17 112 *Direitos Reais: são passíveis de posse (propriedade, usufruto..).Mas, não são todos, tipo a hipoteca não é passível. 7. NATUREZA JURÍDICA DA POSSE - 3 correntes: 1) Uma defende que a posse é mera situação/ relação de fato, sua existência indecente das regras de direito; 2) Além de ser uma situação de fato, quando observada em si mesma, também configura uma relação jurídica de direito, quando observado em relação aos seus efeitos; - Posse tem proteção jurídica dentro do ordenamento jurídico, quanto aos seus efeitos. - Ex: Em relação aos frutos, benfeitorias, posse prolongado de longo tempo… - Estabelecendo um direito subjetivo. 3) Entende que é apenas um direito subjetivo (minoritária). - Discutem se a posse é um direito real ou obrigacional, porque a posse se aproxima dos direitos reais em relação à 3 características: incide sobre o objeto determinado, é oponível erga omnes, seu exercício se dá diretamente entre sujeito e coisa. - Porém, não configura direito real, porque não foi reconhecido no rol taxativo e a matéria precede a regulamentação dos direitos reais. -> Situação de propriedade: pode ter ação reividicatória do titular: caberia contra terceiro ainda que de boa fé, porque é um direito real. -> Terceiro de boa fé, que não sabia da situação, que recebe a coisa - antigo titular da posse não consegue reaver - só cabe ação possessória contra o esbulhador. Art. 1.212. O possuidor pode intentar a ação de esbulho, ou a de indenização, contra o terceiro, que recebeu a coisa esbulhada sabendo que o era. -> A (esbulhador - mera situação de fato) invade o terreno de B (legítimo titular). Em face de A, B tem direito à ação possessória. Se A transferir a terceiro de boa fé C, em relação a C, não pode sofrer ação possessória por B (não oponível) = situação de exceção à oponibilidade erga omnes. 8. CLASSIFICAÇÃO DA POSSE: ESPÉCIES DE POSSE 1) Quanto à extensão da garantia possessória ou quanto à fruição do seu conteúdo a) Posse Plena: aquela em que o possuidor exerce os atos possessórios por si mesmo, diretamente sobre a coisa. � de �18 112 b) Posse desmembrada/paralela/múltiplas: Ocorre quando há um desmembramento da posse decorrente da instituição de um direito real ou obrigacional/pessoal sobre o bem. *Posse Direta/Imediata- Aquele que recebe o uso, gozo, fruição da coisa, recebe o bem para ingerência sócio econômica, é o possuidor direto - de quem recebe. *Posse Indireta - Titular do direito real que transfere/sede o uso para terceiro - de quem entrega. Ex de direito real: O proprietário instituiu um usufruto - usufrutuário será possuidor direto; instituída a alienação fiduciária, possuidor direto é o devedor fiduciante; no compromisso irretratável de compra e venda, promitente comprador, se ele recebe antes de pagar o preço e já entra na posse, tem a posse direta do bem; Ex de direito obrigacional: locação, o possuidor direto é o locatário e o indireto é o locador - em caso de inadimplemento pelo locatário, a ação correta para reaver a posse será o despejo. Comodato - comandatário tem posse direta e comodante tem indireta. Ex posse indireta: Nu-proprietário (aquele que tinha a posse plena, passa a ter indireta), aquele que detém a propriedade, institui um usufruto e ocorre um desmembramento: como se ela fosse nua, não tem mais o direito de uso, fruição, que passou ao usufrutuário (posse direta), mas só o de disposição da coisa (não perde a posse). Compromisso de compra e venda, é o compromissário vendedor. Alienação fiduciária, é o credor fiduciário tem posse indireta - nesse caso, caso haja inadimplemento pelo devedor, a ação correta para o credor será busca e apreensão. *Usufrutuário, que passou a ter a posse direta, pode deixar de a tê-la e eventualmente fazer um desmembramento, mediante locação -> onde agora o usufrutuário passa a ser possuidor indireto e o locatário o direto, aquele que tem a posse imediata. *Locatário eventualmente pode fazer sublocação, e ele passa a ser possuidor indireto e o sublocatário, direto. => Por tanto, pode haver uma CADEIA GRADATIVA DE POSSE -> por isso, se chama de POSSE PARALELA, porque qualquer um dos possuidores indiretos, tem o direito de ação possessória. Art. 1.197. A posse direta, de pessoa que tem a coisa em seu poder, temporariamente, em virtude de direito pessoal, ou real, não anula a indireta, de quem aquela foi havida, podendo o possuidor direto defender a sua posse contra o indireto. *Possuidor direto pode defender a posse contra o indireto - reintegração de posse. � de �19 112 *O sublocatário tem ação possessória contra o locatário, usufrutuário e nu- proprietário. *Usufrutuário temporário, expirou o prazo, e o nu-proprietário quer devota o bem - vai se extinguir toda a cadeia de direito constituído e o sublocatário não vai mais ter o direito de permanecer na posse do bem. Cabe ação possessória do nu- proprietário contra sublocatário: o possuidor direto tem direito de ação possessória para proteger sua posse, e vice e versa, também o possuidor indireto tem direito (enunciado 76 da jornada). *Compra e venda com reserva de domínio: cabe ação de reintegração de posse. Na compra e venda simples, não há desmembramento de posse porque é a tradição transfere a propriedade. 2) Quanto à simultaneidade do exercício A) Posse Exclusiva: Quando o próprio titular/dono da coisa ou assemelhado, frui diretamente com exclusividade sua posse, individualmente, exercendo os atos possessórios. B) Posse Composta/Compossessão: É a situação em que duais ou mais pessoas, simultaneamente, exercem atos possessórios sobre a MESMA COISA - mais de um titular no exercício da posse. - Alguns a dividem em: 1) Composse Pro Diviso: Quando há uma divisão de fato, em que cada um dos possuidores exerce posse exclusiva na situação tática, já possuindo/utilizando sua parte certa e determinada sobre a coisa, ainda que em relação ao título do direito em questão, encontra-se em composse (em relação ao título, mas na situação real já está dividido). - Ex: Um terreno comprado por várias pessoas, e cada uma já faz seu muro separando, exercendo sua posse exclusiva, mas no registro ainda não. - Efeito: Cada um pode proteger a sua posse exclusiva. resolve fazer um plantio de laranja na sua parte já estabelecida, não vai ter que repartir com o vizinho, porque cada um já exerce os atos de posse com exclusividade - atribui com a situação fática, posse exclusiva, mas o bem continua indiviso no título. 2) Composse Pro Indiviso: Quando as pessoas que possuem em conjunto, simultaneamente, mantém o estado de indivisão, tanto na situação fática e de direito. Cada um é titular somente de fração ideal, sem saber qual parcela concreta compete a cada um. - Ex: Condomínio: posse de garagens rotativas - ninguém pode exercer posse exclusiva, cada possuidor não pode excluir o outro do uso e exercício dos atos possessórios, sob pena de sofrer ação possessória. � de �20 112 Art. 1.199. Se duas ou mais pessoas possuírem coisa indivisa, poderá cada uma exercer sobre ela atos possessórios, contanto que não excluam os dos outros compossuidores. 3) Quanto aos vícios objetivos da posse a) Posse Justa: Aquela que não repugna o direito, isenta de vícios de origem. Art. 1.200. É justa a posse que não for violenta, clandestina ou precária. b) Posse Injusta: Se instala por modo proibido e vicioso, que tem característica de violência, clandestinidade ou precariedade. *Posse Violenta -> Aquela que se adquire por ato de força ou ameaça (força física ou coação moral). - Só pode cogitar na posse violenta quando o possuidor esbulhado não mais resistir à ocupação. * Posse Clandestina -> Adquirida por um processo de ocultamento, às escondidas, em relação ao que exerce a posse atual - mesmo que a ocupação seja eventualmente constatada por outras pessoas. -Necessário demonstrar que o invasor deseja camuflar o ato de subtração, praticando condutas que evidenciam manter o atual possuidor em completa ignorância. - Ex: A tenha de viajar ao exterior por um longo período, a invasão de seu imóvel por parte de B não será considerada ato de clandestinidade, se as circunstâncias demonstrarem que funcionários, parentes e amigos de A poderiam tomar conhecimento do fato e levá-lo ao conhecimento de A. Isso não ocorre quando da inexistência dessas pessoas em localidade isolada. - Não pode ser confundida com a apreensão física da coisa em momento posterior ao abandono desta pelo possuidor. => Quem adquire com violência ou clandestinidade, com a continuidade da violência não adquire a posse (fase de conflito), é mero detentor. No momento de convalescimento (quando cessado a violência/clandestinidade), o invasor passa a ser o possuidor com posse INJUSTA. * Posse Precária -> Aquela adquirida com abuso de confiança, ou seja, daquele que recebe a coisa com obrigação de restituir e arroga-se legítimo titular dela = recebe a posse legitimamente, mas não a entrega. Equiparada à apropriação indébita. - Ex: Caseiro que é mero detentor, está cuidando da casa em nome alheio, e ele resolve se arrogar como dono e diz que vai usucapir -> possuidor precário e posse injusta. � de �21 112 - Ex: Posse do comandatário (tinha prazo para entregar o bem), passado o prazo, não entrega - possuidor precário, arrogando-se titular da coisa. - Precariedade: Existe divergência jurisprudencial e doutrinária com relação ao convelescimento/interversão (inversão da detenção em posse). Para alguns autores, sendo possuidor precário nunca poderia contar prazo para usucapião. Porém, para outros (pensamento majoritário), assim, como nos casos de violência ou clandestinidade, há o convalescimento, a partir do momento que há o abuso de confiança, ele torna-se possuidor injusto -> essa divergência ocorre porque no art. 1208 CC não há previsão sobre a precariedade. 4) Quanto aos vícios subjetivos da posse a) Posse de boa-fé (em sentido amplo): Art. 1.201. É de boa-fé a posse, se o possuidor ignora o vício, ou o obstáculo que impede a aquisição da coisa -> IGNORA O MELHOR DIREITO DE OUTREM SOBRE A COISA. Parágrafo único. O possuidor com justo título tem por si a presunção de boa-fé, salvo prova em contrário, ou quando a lei expressamentenão admite esta presunção - cabe prova em contrário. *Justo título: todo documento ou ato formalmente adequado a transferir o domínio ou outro direito real de que trata, mas deixa de produzir tal efeito em virtude de um vício intrínseco que impede essa transferência - ex: testamento nulo, quando o vendedor não é o titular da coisa. -> Quando o possuidor não tem ciência de que o bem é de outro. Encontra-se na crença de que pode adquirir legitimamente. Art. 1.202. A posse de boa-fé só perde este caráter no caso e desde o momento em que as circunstâncias façam presumir que o possuidor não ignora que possui indevidamente. -> Aquele que estava na posse de boa fé e produziu frutos na coisa, os frutos colhidos até aquele momento em que ficou sabendo que não era dele a posse, são dele -> depois, que sofre o processo, na citação é o momento em que aquele que tinha o justo título, deixa de ter boa fé, não tem mais como alegar que não havia ciência. -> Existe uma divergência entre: *Teoria Psicológica: que entende que basta a crença de que está realmente adquirindo a posse legitimamente. *Teoria Ética: que entende que esta crença deve ser recorrente de erros escusáveis da pessoa diligente, erro a que qualquer pessoa normal incorreria -> � de �22 112 não poderia ser um erro grosseiro (não poderia alegar boa fé) em relação à situação. Ex: adquiro a propriedade de um imóvel e se quer fui no registro de imóveis para ver no nome de quem estava. b) Posse de má-fé: Aquela que o possuidor tem ciência da ilegitimidade da aquisição da posse, em razão de vício ou obstáculo impeditivo de sua aquisição. Ex: Quando sabe que está entrando no uso e fruição de um bem público. -> As vezes, a pessoa pode ter boa fé, mas com posse injusta, e vice e versa - não se confundem: vícios objetivos e subjetivos não se confundem. Ex: o sujeito pode usar de violência pensando que a coisa é sua; ou que seja de má fé, mas não tenha vícios objetivos. 5) Quanto aos efeitos da posse a) Posse Ad Interdicta: Aquela que dá direito às ações possessórias (interditos possessórios). ex: locatário, comodatário, depositário… b) Posse Ad usucapionem: Aquela que dá direito a adquirir a propriedade ou outro direito real, pela usucapião. - Com animus domini: tendo a coisa como sua, posse mansa (sem oposição do titular), pacífica (sem violência/ clandestinidade) e de longo prazo (que varia de acordo com a espécie de usucapião, de acordo com boa ou má fé). 6) Quanto à idade a) Posse Nova: Aquela que tiver menos de ano e dia. Ex: Proprietário propõe ação reividicatória, quem tivesse na posse nova não ia ser mantido na posse. b) Posse Velha: Aquela com mais de ano e dia. -> Alguns autores usam essa classificação para dizer que aquele que adquiriu a posse e foi passando por ano e dia, quando tem a posse velha, ela convalesceu - adquire a posse. -> Não confundir posse velha e posse nova com ação de força nova: aquela em que o possuidor propõe dentro do prazo de ano e dia contado da data da turbação/esbulho e que, por tanto, lhe dá direito à liminar possessória. E ação de força velha, que não tem o procedimento liminar, mas continua sendo ação possessória. 7) Quanto à produtividade da posse ou atividade laborativa � de �23 112 a) Posse Produtiva/ Posse Trabalho: Aquela em que o possuidor efetiva o cumprimento da função sócio econômica da posse,seja tendo nela sua MORADIA HABITUAL ou realizando OBRAS ou SERVIÇOS de caráter produtivo ou INVESTIMENTOS de interesse social ou econômico. *Agindo desse modo, poderá ter como efeito a redução do prazo para usucapir, na ordinária, cai de 10 anos para 5. b) Posse Improdutiva: Aquela que o possuidor não cumpre com a função sócio econômica da posse - podendo ter como efeito, a desapropriação-sanção, quando se tratar de área urbana e ainda, na propriedade rural, atende a função social, quando torna produtiva. Ex: manutenção para fins especulativos. 8) Quanto à origem da posse a) Posse Natural/ sem título/ posse originária: Ocorre pela apreensão ou ocupação da coisa. Titular faz sua a posse independentemente de um ato de transmissão, independe de título. Ex: a pessoa pesca um peixe no mar. b) Posse Civil ou Jurídica/ posse derivada: Aquela adquirida por um título jurídico que transfere a posse Ex: aquele que adquire pela compra e venda, locatário… 9. MODOS DE AQUISIÇÃO DA POSSE -> O próprio CC não enumerou/ não estabelece quais são os modos de aquisição da posse. O art. 1204 apenas expressa de modo genérico. Art. 1.204. Adquire-se a posse desde o momento em que se torna possível o exercício, em nome próprio, de qualquer dos poderes inerentes à propriedade -> uso, fruição, disposição (faculdades de dono). Ex: Sucessão hereditária ou testamentária, atos judiciais como arrematação em hasta pública, modo originário e derivado etc. a) Considerando os modos de aquisição de direitos subjetivos de modo geral: -> Adquire-se posse por atos inter vivos (compra e venda, doação em pagamento), por atos causa mortis (herança, legado), por atos judiciais (arrematação, adjudicação, sentença). b) Considerando a origem, modo originário de aquisição da posse: -> Independe de transferência. � de �24 112 1) Pela apreensão/ ocupação da coisa: res derelicta (coisa abandonada) ou pode ser por res nullius (coisa de ninguém, sem dono)- ex: pescar peixes. 2) Pelo exercício ou disposição do direito de outrem: ex -servidão, passar um aqueduto pelo terreno do vizinho (servidão, permite usucapião) -> está exercendo a faculdade de dono de uso do terreno, ainda que cometendo um ato sem autorização nenhuma e demonstra que tem posse. Ex: dar em comodato terreno alheio: argentino tem um terreno próximo do meu e não cuida, não vai lá, chega uma pessoa e quer usar o terreno, e eu cedo o uso desse terreno do vizinho - estou no exercício de uma das faculdades de dono (disposição), ainda que ilicitamente -> é uma forma de adquirir posse. c) Considerando a origem, modo derivada de aquisição da posse: -> Aquela que requer transferência ou em decorrência de sucessão; por força de um título jurídico (contrato) - ato bilateral. 1) TRADIÇÃO: pode ser - *Real: aquela que ocorre quando a transmissão efetiva de mão a mão. *Simbólica: aquela que vai ter um ato representativo da tradição, entrega da coisa. Ex: entrega das chaves de um apartamento e já se teria transferido a posse pelo ato de entrega, sem entregar a coisa em si. *Traditio Longa Manu: não havia uma formalidade, mas havia apenas a posse de uma propriedade de longa extensão, basta colocar o bem a disposição de quem recebia a coisa para que se tivesse a tradição. *Traditio Brevi Manu: alguém já se encontra na posse direta (ou apenas detenção) por ocasião do negócio jurídico, mas tem a posse em nome de outrem, é somente animus de possuidor, e adquire a posse plena por ter adquirido a titularidade do bem. Ex: inversão do animus, que se transforma em animus domino, poderes em nome próprio. *Não será necessário devolver ao dono, para que este novamente lhe faça a entrega do mesmo. Basta a demissão voluntária da posse indireta pelo transmitente, para que se repute efetuada a tradição. *Constituto Possessório: clausula constituti inserida no contrato- é o inverso da brevi manu, aquele que possuía em nome próprio, com animus domini, passa a possuir em nome alheio, remanescendo o seu poder material sobre a coisa, mas não mais como proprietário, porém a outro título (ex. comodatário, locatário). � de �25 112 *Alguém adquire a posse indireta do bem, sem que no mundo dos fatos nada se modifique, pois o controle material sobre a coisa persiste com o alienante. Ex: Alienação fiduciária - proprietário faz contrato que passa a propriedade para outro, mas continua com a posse direta.\ => Tirando a real, são modalidades de tradição fícta. Art. 1.267. A propriedade das coisas não se transfere pelos negócios jurídicos antes da tradição.Parágrafo único. Subentende-se a tradição quando o transmitente continua a possuir pelo constituto possessório; quando cede ao adquirente o direito à restituição da coisa, que se encontra em poder de terceiro; ou quando o adquirente já está na posse da coisa, por ocasião do negócio jurídico. 2) SUCESSÃO: Art. 1.206. A posse transmite-se aos herdeiros ou legatários do possuidor com os mesmos caracteres. Art. 1.207. O sucessor universal continua de direito a posse do seu antecessor; e ao sucessor singular é facultado unir sua posse à do antecessor, para os efeitos legais. * Legítima: Aquela que ocorre de acordo com a ordem da vocação hereditária estabelecida na legislação -> descendente, herdeiros necessários: reserva 50% dos bens, só pode testamental 50% dos outros bens). - Será sempre universal. * Testamentária: Aquela que decorre de testamento, quando não tem herdeiros legítimos ou quando tem, pode deixar 50% do patrimônio para outras pessoas. 1) Universal: Deixa no testamento um percentual ou uma quota parte do patrimônio ou ainda quando deixa a totalidade dos bens (quando não tem herdeiros legítimos), tem a sucessão universal por testamento. *Aquele que for sucessor universal, ele recebe de direito, recebe com os mesmo caracteres da posse do antecessor, boa fé ou má fé, injusta ou justa. * Recebem automaticamente a mesma posse. 2) Singular: Ocorre quando o testamento designa bem certo e determinado no patrimônio do de cujus. Além da sucessão singular que decorre da herança, ainda pode ter por atos inter vivos. *É facultado unir sua posse à do antecessor - pode unir ou não (acessio possessionis), se unir, leva com todos os caracteres. � de �26 112 *Se não unir - sua posse obterá a vantagem de se liberar de vícios que existiam. *Terá efeito para contagem de prazo para usucapião ordinária - se só quer contato seu tempo na posse, não as une. - QUEM PODE ADQUIRIR A POSSE? Art. 1.205. A posse pode ser adquirida (rol não taxativo): I - pela própria pessoa que a pretende ou por seu representante; II - por terceiro sem mandato, dependendo de ratificação posterior. -> Pensamento majoritário é que o menor (incapaz) pode adquirir posse originária (apreensão obtenção da coisa) por si só, mas a posse derivada (titulada) que requer um negócio jurídico, tem que ser por meio de um representante. Crítica: Um menor ao comprar uma bala, faz negócio jurídico. Porém, quem defende o pensamento acima diz que uma compra como essa é um ato-fato jurídico e não um negócio jurídico propriamente dito. 10. MODOS DE PERDA DA POSSE - Não há um rol taxativo. Art. 1.223. Perde-se a posse quando cessa, embora contra a vontade do possuidor, o poder sobre o bem, ao qual se refere o art. 1.196. a) Voluntários: Decorrente da própria vontade do possuidor. - Ex: Abandono, renúncia, tradição, constituto possessório. b) Involuntários: Não decorre da vontade do possuidor. - Ex: pela perda da coisa, destruição, posse de outrem, alguns colocam também - alienabilidade. - Também é possível por representação (procurador); - Perda da posse de direitos reais - ex: pelo desuso de servidão. - Pela impossibilidade do exercício das faculdades de dono, ex: campo tomado pelas águas. - Clandestinidade ou conflito: só perde a posse quando toma conhecimento e se abstém de recuperar a coisa ou quando cessa a situação e não consegue a recuperar. 11. EFEITOS DA POSSE 1 . A proteção possessória abrangendo a auto tutela da posse e as ações possessórias a) A auto tutela ou autodefesa da posse: � de �27 112 § 1o O possuidor turbado, ou esbulhado, poderá manter-se ou restituir-se por sua própria força, contanto que o faça logo; os atos de defesa, ou de desforço, não podem ir além do indispensável à manutenção, ou restituição da posse. * Legítima defesa da posse: Será exercida toda vez que o possuidor sofrer um ato de TURBAÇÃO (molestado na sua posse), podendo manter-se na posse por sua própria força. Ex: Se sua cerca for derrubada, pode imediatamente recompor. * Desforço imediato ou incontinente: Aquele possuidor que sofrer um ato de ESBULHO (perda da posse), ele poderá restituir-se por sua própria força (pode ser com auxílio de terceiros, ex: vigilantes, inclusive armados). -> Requisitos para a autotutela: 1 - Desde que faça logo: “no calor dos acontecimentos” - desde que não tenha passado tempo suficiente para o pedido da tutela jurisdicional, sob pena do crime de exercício arbitrário das próprias razões. Não pode deixar se consolidar a situação. 2 - Os atos não podem ir além do indispensável: utilizar-se de meios moderados para repelir a injusta agressão - poderá eventualmente responder pelo excesso. Art. 1.224. Só se considera perdida a posse para quem não presenciou o esbulho, quando, tendo notícia dele, se abstém de retornar a coisa, ou, tentando recuperá-la, é violentamente repelido. *Quando tomar conhecimento - a partir dai é que tem que fazer logo - pode ter passado o tempo que for até esse momento. Legítima defesa e desforço imediato podem ser exercidos mesmo passado um tempão, desde que o titular possuidor não tinha conhecimento. b) Ações possessórias ou interditos possessórios (interditos possessórios é gênero, não confundir com os interditos proibitórios, que é uma espécie): 1. No caso de ESBULHO (tomada da posse ou detenção dela por ato de força, violência, clandestinidade, precariedade): Cabe a AÇÃO DE REINTEGRAÇÃO DE POSSE, visando restituir a coisa. - Quem tem legitimidade para propor é o possuidor, tanto o direto como indireto. - O pedido principal é o mandado de reintegração de posse. - Pode-se pedir a reintegração da posse mediante liminar também (procedimento especial), quando proposta dentro de ano e dia. � de �28 112 - Antecipação de tutela: passado ano e dia (1 ano e 1 dia), no procedimento ordinário, pode-se pedir ainda a tutela antecipada, mas para isso é necessário verossimilhança das alegações e risco de dano irreparável ou abuso do direito de defesa ou manifesto propósito protelatório. - O que deve ser provado: Art. 927. Incumbe ao autor provar: I - a sua posse; Il - a turbação ou o esbulho praticado pelo réu; III - a data da turbação ou do esbulho; IV - a continuação da posse, embora turbada, na ação de manutenção; a perda da posse, na ação de reintegração. 2. TURBAÇÃO (molestar,/perturbar/obstaculizar/ causar algum tipo de interferência prejudicial sem levar a perda da posse. ex: derrubada de um muro): AÇÃO DE MANUTENÇÃO DA POSSE, visando manter a posse. Turbação pode ser: a) Direta: Quando exercida sobre a própria coisa, já teve atos concretos sobre a coisa. Ex: Chego na minha fazenda e vejo o vizinho tirando lenha -> já teve o ato concreto. b) Indireta: Quando exercida em terceira pessoa. Ex: alguém que quer colocar seu imóvel em locação, aí tem um vizinho que não gosta do locador e frusta todas as negociações do locador com possíveis locatários. => Nesses casos, a posse se mantém, mas não está se conseguindo tê-la de forma mansa e pacífica. =>Pedido: Mandado de manutenção de posse, medida liminar ou antecipação de tutela (da mesma forma que ocorre na reintegração). 3. Quando há AMEAÇA OU RISCO IMINENTE DE TURBAÇÃO/ESBULHO (justo receio), tem-se o direito de interpor AÇÃO DE INTERDITO PROIBITÓRIO, visando proibir e exerce uma coerção para que não seja praticado ato. - Como se fosse uma tutela preventiva, para evitar que ocorra a concretização do esbulho ou turbação. - Juiz vai fixar um preceito combinatório - multa pecuniária- caso se concretize o ato de turbação ou esbulho. - Tem que efetivamente comprovar esse justo receio. Medida liminar: nesse caso, o juiz não observará o prazo de ano e dia, ao contrário da manutenção e reintegração de posse, mas sim se há justo receio. - Ex: Recebo uma carta do vizinho dizendo que ele vai derrubar o meu muro - não há nenhum ato concreto anda, é justo receio. � de �29 112 - A propositadade uma ação possessória ao invés de outra, não impedirá que o juiz conheça do pedido e conceda tutela, caso os requisitos da correta tenham sido preenchidos - juiz aplicará o Princípio da Fungibilidade das ações possessórias: diante do equívoco do advogado, o juiz poderá receber de outra forma. Art. 920. A propositura de uma ação possessória em vez de outra não obstará a que o juiz conheça do pedido e outorgue a proteção legal correspondente àquela, cujos requisitos estejam provados CARÁTER DÚPLICE DAS AÇÕES POSSESSÓRIAS: Art. 922. É lícito ao réu, na contestação, alegando que foi o ofendido em sua posse, demandar a proteção possessória e a indenização pelos prejuízos resultantes da turbação ou do esbulho cometido pelo autor. -> O réu, na contestação, poderá pedir: proteção possessória (pode dizer que ele que foi turbado ou esbulhado) e ainda indenização de prejuízos resultantes do esbulho ou turbação (pedidos contrapostos). -> Se o réu quiser pedir outras coisas, então tem que fazer mediante reconvenção (Doutrina atual). PEDIDOS CUMULADOS AO PEDIDO POSSESSÓRIO POSSÍVEIS AO AUTOR: Art. 921. É lícito ao autor cumular ao pedido possessório o de: I - condenação em perdas e danos; Il - cominação de pena para caso de nova turbação ou esbulho; III - desfazimento de construção ou plantação feita em detrimento de sua posse. *Indenização por frutos ou benfeitorias, imposição de medidas para evitar nova turbação ou esbulho, medidas para cumprir a tutela liminar ou final. DIREITO À LIMINAR POSSESSÓRIA: Caráter de antecipação de tutela - próprio bem da vida que o juiz vai entregar de imediato. Art. 924. Regem o procedimento de manutenção e de reintegração de posse as normas da seção seguinte, quando intentado dentro de ano e dia da turbação ou do esbulho; passado esse prazo, será ordinário, não perdendo, contudo, o caráter possessório. Art. 928. Estando a petição inicial devidamente instruída, o juiz deferirá, sem ouvir o réu, a expedição do mandado liminar de manutenção ou de reintegração; no caso contrário, determinará que o autor justifique previamente o alegado, citando-se o réu para comparecer à audiência que for designada. � de �30 112 *Nem vai ouvir o réu e pode dar direito à liminar do procedimento especial, desde que ação seja intentada no ano e dia. Se passado esse prazo de ano e dia, continua sendo possessório, mas no procedimento ordinário. MUDANÇAS NO NCPC -> Processo coletivo: várias famílias que invadiram um determinado local, várias pessoas no polo passivo): § 1o No caso de ação possessória em que figure no polo passivo grande número de pessoas, serão feitas a citação pessoal dos ocupantes que forem encontrados no local e a citação por edital dos demais, determinando-se, ainda, a intimação do Ministério Público e, se envolver pessoas em situação de hipossuficiência econômica, da Defensoria Pública. *Necessidade do MP integrar a ação e da defensória pública. -> Art. 565 NCPC: Art. 565. No litígio coletivo pela posse de imóvel, quando o esbulho ou a turbação afirmado na petição inicial houver ocorrido há mais de ano e dia, o juiz, antes de apreciar o pedido de concessão da medida liminar, deverá designar audiência de mediação, a realizar-se em até 30 (trinta) dias, que observará o disposto nos §§ 2o e 4o. * Litígio coletivo - audiência de mediação OBRIGATÓRIA, antes da concessão da medida liminar. * Poderão ser intimados para a audiência, os órgãos responsáveis pela política agrária e urbana, para que se manifestem - solução para o conflito (eventualmente, designar uma outra área para essas famílias). 4. OUTRAS AÇÕES QUE PERMITEM A TUTELA DA POSSE: a) Ação de Nunciação de Obra Nova: Art. 934. Compete esta ação: I - ao proprietário ou possuidor, a fim de impedir que a edificação de obra nova em imóvel vizinho Ihe prejudique o prédio, suas servidões ou fins a que é destinado; II - ao condômino, para impedir que o co-proprietário execute alguma obra com prejuízo ou alteração da coisa comum; III - ao Município, a fim de impedir que o particular construa em contravenção da lei, do regulamento ou de postura. -> No NCPC não há uma previsão legal específica, mas não significa que acabará. -> Ao proprietário e possuidor. � de �31 112 ->Pleitea o embargo da obra nova (pedido principal) que esteja sendo feita de forma irregular, quando está em fase de levantamento da obra. -> Ex: Ninguém pode abrir varanda a menos de metro e meio do terreno do vizinho - pode-se ingressar com a ação. Art. 935. Ao prejudicado também é lícito, se o caso for urgente, fazer o EMBARGO EXTRAJUDICIAL, notificando verbalmente, perante duas testemunhas, o proprietário ou, em sua falta, o construtor, para não continuar a obra. -> CPC prevê que o embargo da obra pode ser extrajudicial (não tem no NCPC) -> podia se comparecesse junto a obra e dizer que não continue e depois ir a juízo (em 3 dias). -> Proponho ação e a obra já se encontra no FINAL (na fase de arrematação), o objeto da ação é o embargo da obra, se ela já foi erguida, há perda do objeto (no interesse de agir). b) Ação de Embargos de Terceiro: Art. 1.046. Quem, não sendo parte no processo, sofrer turbação ou esbulho na posse de seus bens por ato de apreensão judicial, em casos como o de penhora, depósito, arresto, seqüestro, alienação judicial, arrecadação, arrolamento, inventário, partilha, poderá requerer Ihe sejam manutenidos ou restituídos por meio de embargos. -> Alguém que não é parte no processo sofre uma constrição no seu bem, pode, nesse mesmo processo, opor-se à situação por meio de embargos (senhor e possuidor ou apenas possuidor). ->Se não for intimado, quando tiver que se manifestar no eventual processo, tem direito ao embargo de terceiro. ->Mesmo a garantia hipotecária não se apõe ao promitente comprador - entendimento do STF. c) Ação de Caução de Dano Infecto: Art. 1.280. O proprietário ou o possuidor tem direito a exigir do dono do prédio vizinho a demolição, ou a reparação deste, quando ameace ruína, bem como que lhe preste caução pelo dano iminente. Art. 1.281. O proprietário ou o possuidor de um prédio, em que alguém tenha direito de fazer obras, pode, no caso de dano iminente, exigir do autor delas as necessárias garantias contra o prejuízo eventual. � de �32 112 -> O pedido de caução pelo risco do dano iminente (valor que deve ser depositado em juízo, para caso se concretize o dano) - já tem uma garantia da responsabilidade civil com a caução, já se previne de eventual indenização. -> Aquele que se sentir prejudicado, ameaçado, em decorrência de um prédio vizinho que está ruindo ou de obra, tem direito de ingressar em juízo. -> Se não for causado nenhum dano, depois de comprova que o risco de ruína acabou, pode levar a caução. -> Quando posso permitir que alguém entre na minha posse (meu terreno): Art. 1.313. O proprietário ou ocupante do imóvel é obrigado a tolerar que o vizinho entre no prédio, mediante prévio aviso, para: I - dele temporariamente usar, quando indispensável à reparação, construção, reconstrução ou limpeza de sua casa ou do muro divisório; II - apoderar-se de coisas suas, inclusive animais que aí se encontrem casualmente. § 1o O disposto neste artigo aplica-se aos casos de limpeza ou reparação de esgotos, goteiras, aparelhos higiênicos, poços e nascentes e ao aparo de cerca viva. § 2o Na hipótese do inciso II, uma vez entregues as coisas buscadas pelo vizinho, poderá ser impedida a sua entrada no imóvel. § 3o Se do exercício do direito assegurado neste artigo provier dano, terá o prejudicado direito a ressarcimento. d) Ação de imissão na posse: daquele que tem um título jurídico de adentrar na posse material da coisa, entretanto não houve o ingresso efetivo na posse, concreto das faculdades de dono (juízo petitório). -> Ela restringe a contestação à validade ou não do título. -> Ex: Adquiri o imóvel, mas encontro lá uma terceirapessoa residindo (que não é o vendedor). ->Não tem previsão legal específica, mas ela existirá: a todo direito tem uma ação correspondente. e) Ação Publiciana: Ação daquele que já teria direito de usucapião, mas não promoveu o processo ainda e não registrado - é paralela a ação reivindicatória do proprietário. � de �33 112 Ex: alguém invadiu minha posse, a qual tenho animus domini, e não tenho o registro da propriedade - ação que quer reaver de quem injustamente o detenha e quer discutir com base na usucapião, porque ele não tem título. 2º EFEITO DA POSSE: PERCEPÇÃO (ou recebimento) DOS FRUTOS -> CC estabelece uma proteção em relação ao possuidor e aos frutos. *Produtos: São utilidades que se retiram da coisa, diminuindo-lhe a quantidade principal, porque não se reproduzem periodicamente, como as pedras e metais que se extraem das pedreiras e minas, petróleo dos poços - ao serem retirados exaurem a substância do bem. *Frutos: São utilidades que a coisa produz periodicamente (periodicidade). Nascem e renascem da coisa, sem acarretar-lhe a destruição no todo ou em reparte (inalterabilidade da substância principal). São passíveis de separação do bem principal (separabilidade do bem principal). Não se confunde com pertenças (veículo, máquinas, não são frutos). CLASSIFICAÇÃO DOS FRUTOS a) Quanto à ORIGEM: *Frutos Naturais -> São os que se desenvolvem e renovam periodicamente em virtude de força orgânica da própria natureza. Ex: frutos das árvores, cereais, crias dos animais *Frutos Industriais -> aqueles que aparecem em decorrência da atuação humana, como exemplo a fabricação de objetos numa fábrica. *Frutos Civis -> São as rendas/rendimentos produzidos pela coisa em virtude de sua utilização por outrem que não seja o proprietário. Ex: aluguéis, arrendamento, juros.. -> Fruto é natural, mas foi proveniente de clonagem ou inseminação artificial (tem interferência humana e da força orgânica) - dizem que é industrial - essa nomenclatura hoje já está ultrapassada. -> Art. 1.215. Os frutos naturais e industriais reputam-se colhidos e percebidos, logo que são separados; os civis reputam-se percebidos dia por dia. *Goiaba que ainda está no pé, ainda não percebi - se cai no chão, já percebi (colhi). -> Na qualidade de coisas acessórias, normalmente pertencerão os frutos ao proprietário ou ao titular da coisa ao tempo em que forem colhidos. b) Quanto ao ESTADO: � de �34 112 *Frutos Pendentes -> Quando ainda não separados do bem principal - unidos a coisa que os produziu - aqueles não colhidos ainda. *Frutos Percebidos ou Colhidos -> Se separam da coisa por atuação da mão humana (percebidos) ou colhidos, quando naturalmente se separam => os separados do bem principal. Ex: a cria do animal que já nasceu. *Frutos Estantes -> aqueles que foram colhidos e estão armazenados para consumo ou para a venda. *Frutos Percipiendos -> os que deveriam ter sido colhidos ou percebidos, mas não foram, por culpa do possuidor -> deixa que apodreça tudo - vai responder por isso. Ex: foi citado na ação e deixa de colher de propósito. *Frutos Consumidos -> já tiveram a sua destinação, não existem mais porque já foram utilizados. d) Quanto ao REGIME JURÍDICO: *Possuidor de boa-fé -> Art. 1.214. O possuidor de boa-fé tem direito, enquanto ela durar,(depois da citação não - até o momento que seja confrontado judicialmente) aos frutos percebidos. Parágrafo único. Os frutos pendentes ao tempo em que cessar a boa-fé devem ser restituídos, depois de deduzidas as despesas da produção e custeio; devem ser também restituídos os frutos colhidos com antecipação. -> Possuidor de boa fé tem direito quanto aos frutos percebidos/colhidos e, quanto aos frutos pendentes ao tempo da cessação da boa fé, ele terá direito APENAS aos custos que teve para produzi-los, assim, como os frutos colhidos com antecipação (ex. aluguéis recebidos antecipadamente). *Possuidor de má-fé: Art. 1.216. O possuidor de má-fé responde por todos os frutos colhidos e percebidos, bem como pelos que, por culpa sua, deixou de perceber, desde o momento em que se constituiu de má-fé; tem direito às despesas da produção e custeio. -> Quando as circunstâncias façam presumir que já tenho ciência dos obstáculos para atingir a posse. � de �35 112 ->Ele invadiu a terra, planou e colheu, gastou para produzir, mas foi invasão de má fé -> tem direito somente as despesas de produção e custeio (para evitar o enriquecimento ilícito). 3º EFEITOS DA POSSE: DIREITO DE INDENIZAÇÃO DE BENFEITORIAS Art. 96. As benfeitorias podem ser voluptuárias, úteis ou necessárias. § 1o São voluptuárias as de mero deleite ou recreio, que não aumentam o uso habitual do bem, ainda que o tornem mais agradável ou sejam de elevado valor. Ex: chafariz. § 2o São úteis as que aumentam ou facilitam o uso do bem: ampliação das utilidades. Ex: Fazer uma calçada na casa já existente, “puxadinho” para a garagem, muro. § 3o São necessárias as que têm por fim conservar o bem ou evitar que se deteriore. *Benfeitorias: são obras, despesas ou melhoramento efetuadas numa coisa já existente para conservá-la, melhorá-la ou apenas embelezá-la. Não são coisas, porém são ações que originam despesas e bens. Tudo que se incorpora permanentemente à coisa já existente é benfeitoria. *Tem que analisar o lugar que o objeto foi inserido, nas circunstâncias. Ex: uma piscina, em uma aula de natação, é necessária. Já numa casa, é voluptuária, já numa escola seria útil. *Benfeitorias se distinguem de ACESSÕES INDUSTRIAIS: que são obras ou plantações que criam coisas novas, diferentes, ainda que venham a aderir a coisa já existente, como por exemplo: a edificação de uma casa num terreno baldio -> é modo de aquisição da propriedade. Como construir mais um andar numa casa => não é uma benfeitoria, tudo tem que registrar. INDENIZAÇÃO POR BENFEITORIAS: a) Possuidor de boa fé: Art. 1.219. O possuidor de boa-fé tem direito à indenização das benfeitorias necessárias e úteis, bem como, quanto às voluptuárias, se não lhe forem pagas, a levantá-las, quando o puder sem detrimento da coisa, e poderá exercer o direito de retenção pelo valor das benfeitorias necessárias e úteis. -> Tem direito a indenização das necessárias, úteis. -> Quando não for indenizado pelas voluntárias (faculdade do reivindicante de indenizar ou não - se não pagar, terá que anuir para que seja levantado), terá direito de levantá-las => desde que não deteriore a coisa principal. � de �36 112 -> Tem direito à retenção em relação às benfeitorias úteis e necessárias: reter a coisa alheia, mantendo-a em seu poder direto e imediato, até ser indenizado pelos valores gastos. *Requisitos para a retenção: 1 - Tem que se encontrar na posse da coisa de boa fé; 2 - Deduzir a alegação na contestação ou na reconvenção especificando as benfeitorias e os respectivos valores (tem que fazer prova do crédito na ação); *Discussão: caberia a propositura dos embargos de retenção por benfeitorias? art. 621 c/c 745, §1º. *Caso não tenha alegado na contestação/reconvenção, a retenção para permanecer na posse, caso não seja indenizado, pode promover ação de indenização/cobrança autônoma. 3 - Deve existir uma relação de conexão entre o seu crédito e a própria coisa que deve ser restituída, ou seja, deve ser um crédito exigível decorrente de benfeitorias necessárias ou úteis. *Ou seja, se era um empréstimo em dinheiro - não cabe, tem que ser conexo com o próprio bem que você precisa restituir: um gasto na própria coisa. 4 - Inexistência de cláusula convencional ou legal de exclusão do direito de retenção: pode ser que já tenham contratado a exclusão da indenização por benfeitorias. Ex: comodato -> é difícil alguém cobrar alguma coisa -> comandatário se fez qualquer mudança na coisa do comodante, sem autorização, não pode cobrar indenização. Ex: locação de casa -> locatário fez despesas, teve que colocar um azulejo
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