Prévia do material em texto
Farmacologia III Caryne Margotto Bertollo Sumário Histórico Dados epidemiológicos Fisiopatologia Diagnóstico Farmacoterapia e Diretrizes Vírus da imunodeficiência símia Caçadores e comerciantes de animais silvestres Adaptação aos seres humanos Prevalência entre homossexuais masculinos (NY e SF) Estimada em 5% em 1978 Histórico Histórico 1981 – surto pneumonia (P. jirovecii) e sarcoma de Kaposi CDC - Síndrome dos 4 H’s Haitianos, Homossexuais, Hemofílicos e usuários de Heroína F Barre-Sinoussi, JC Chermann, F Rey, MT Nugeyre, S Chamaret, J Gruest, C Dauguet, C Axler- Blin, F Vezinet-Brun, C Rouzioux, W Rozenbaum, L Montagnier Science, 20/05/1983 RC Gallo, PS Sarin, EP Gelmann, M Robert-Guroff, E Richardson, VS Kalyanaraman, D Mann, GD Sidhu, RE Stahl, S Zolla-Pazner, J Leibowitch, M Popovic Science, 20/05/1983 1990 1991 2000 Tempo entre o diagnóstico e a morte era de seis meses... Zidovudina Síntese em 1964 Atividade antirretroviral em 1974 Atividade contra HIV em 1985 Aprovação pelo FDA em 1987 AZT Dados epidemiológicos Pessoas vivendo com AIDS (PVHA) - estimativas Total – 36,9 milhões (19 milhões desconhecem infecção) Adultos – 34,3 milhões Mulheres – 17,4 milhões Crianças (<15 anos) – 2,6 milhões http://www.unaids.org/en http://www.unaids.org/en Middle East & North Africa 2400 [1800 – 3300] Sub-Saharan Africa 190 000 [170 000 – 230 000] Eastern Europe & Central Asia 1200 [<1000 – 1600] Latin America 2000 [1300 – 2900] Caribbean <500 [<500 – <1000] Total: 220 000 [190 000 – 260 000] Asia and the Pacific 21 000 [16 000– 27 000] North America and Western and Central Europe <500 [<200 – <500] Número estimado de crianças (<15 anos) infectadas em 2014 http://www.unaids.org/en http://www.unaids.org/en Dados epidemiológicos Notificação compulsória desde 2014 734 mil PVHA no Brasil 25 a 39 anos – 54% (homens) e 50% (mulheres) dos casos Aumento na taxa de detecção em homens entre 15 e 24 anos e em mulheres entre 15 e 19 anos (últimos 10 anos) Transmissão vertical S, SE e CO; N, NE Transmissão Relação sexual desprotegida Transmissão vertical: de mãe infectada para o filho durante a gestação, o parto ou a amamentação Uso de seringa ou agulha contaminada por mais de uma pessoa Transfusão de sangue contaminado com o HIV Perfuro cortantes não esterilizados Desde o momento da aquisição do vírus, o indivíduo é transmissor Transmissão Aumentam risco de transmissão Carga viral detectável Ferimento ou lesão na região genital Sangramento DST Síndrome retroviral aguda Soroconversão (aparecimento de anticorpos): 30 a 60 dias (120) Síndrome Retroviral Aguda (SRA): 1ª a 3ª semana 50-60% dos indivíduos HIV+ Autolimitada (3-4 sem) Persistente Fase de latência x sintomática Latência clínica (~10 anos): Exame físico normal, exceto linfadenopatia Plaquetopenia comum + anemia e leucopenia leve comuns Contagem de linfócitos T-CD4 > 350 células/mm3: Episódios infecciosos bacterianos: infecções respiratórias, tuberculose Fase de latência x sintomática Progressão sintomática: Apresentações atípicas de infecções + resposta tardia aos ATB Reativação de infecções antigas Contagem de linfócitos T-CD4 entre 200 e 300 células/mm3: Febre baixa, perda ponderal, sudorese noturna, fadiga, diarreia crônica, cefaleia, alterações neurológicas, infecções bacterianas, lesões orais, leucoplasia oral pilosa, herpes-zoster Vírus Epstein baar Síndrome da Imunodeficiência Adquirida < 200 células/mm3 Infecções oportunistas: Pneumocistose (P. jirovecii) Neurotoxoplasmose TBC pulmonar atípica/disseminada Meningite criptocócica Retinite por citomegalovírus Neoplasias: Sarcoma de Kaposi Linfoma não Hodgkin Câncer de colo uterino Lesão direta (processo inflamatório): Miocardiopatia, nefropatia, neuropatia Síndrome da Imunodeficiência Adquirida Sarcoma de Kaposi • LT-CD4+ < 350 células/mm3 • Idade > 50 anos; • Coinfecção pelo VHC; • Diabetes ou resistência à insulina; • Doença cardiovascular; • Nível de escolaridade baixo. INICIAR, MANTER TERAPIA! Alteração neurocognitiva assintomática (ANI) Alteração de ≥ 2 domínios cognitivos S/ comprometimento funcional nas atividades diárias 15-30% Desordem neurocognitiva leve/moderada (MND) Alteração de ≥ 2 domínios cognitivos C/ comprometimento funcional leve a moderado 20- 50% Demência associada ao HIV (HAD) Alterações graves de ≥ 2 domínios cognitivos C/ comprometimento grave nas atividades diária. 2-8% HIV x Alterações neurocognitivas “Distúrbios da marcha, tremor e perda da habilidade motora fina são comuns, geralmente acompanhando os sintomas psiquiátricos. Em estágio avançado da doença, o paciente é incapaz de realizar atividades simples de forma independente e apresenta intensa dificuldade motora, frequentemente acompanhada de mielopatia e neuropatia periférica.” HIV x Alterações neurocognitivas Diagnóstico laboratorial 1 • Elisa 2 • Confirmatórios: teste western blot; imunofluorescência indireta, imunoblot. 3 • Aconselhamento pós-teste Detecção dos anticorpos anti-HIV Janela imunológica: 30 a 60 dias (120) Diagnóstico laboratorial Testes rápidos Sangue ou fluido oral Preferencialmente adotado em: populações que moram em locais de difícil acesso gestantes que não fizeram acompanhamento pré- natal situações de acidentes no trabalho (paciente-fonte) Testagem rápida por fluido oral Nenhuma atividade que deixe fluidos orais nos últimos 30’: Escovar os dentes Fumar Comer/beber Inalar substâncias Tirar batom Coleta passando swab na gengiva – 4 vezes em cima/ embaixo Leitura entre 10 e 25 minutos http://www.aids.gov.br/fluido_oral • Kit diagnóstico armazenado de 2-30ºC • Descarte em unidades básicas de saúde • Todos componentes do mesmo lote Primeiros trimestre + último trimestre de gestação (11/10/2014): • Teste para HIV, sífilis e hepatites • “Plano Global para Eliminar Novas Infecções por HIV em Crianças até 2015 e Manter suas Mães Vivas” • 2 crianças HIV+ para cada 100 mães soropositivas • Na hora do parto se não realizado antes Positiva no parto: AZT injetável para mãe + AZT oral para bebê (2 primeiras horas) Gestantes http://www.aids.gov.br/pcdt/protocolo-clinico Farmacoterapia Objetivos Controlar o máximo possível a replicação viral (<50 cópias/mL) pelo maior tempo possível Diminuir morbidade e mortalidade, melhorar a qualidade e a expectativa de vida Reduzir a transmissibilidade Farmacoterapia Início precoce Exceto em caso de tuberculose meníngea ASSINTOMÁTICO INDICAÇÃO OBSERVAÇÃO Qualquer LT-CD4+ Início precoce ADESÃO Coinfecção HIV-HBV Início precoce conter tenofovir e lamivudina Neoplasias Início precoce Em tratamento imunossupressor HCV + LT-CD4+ ≤ 500 cél/mm3 TARV HCV após LT-CD4+ > 500 cél/mm3 HCV + LT-CD4+ >500 cél/mm3 Adiar TARV Tratar HCV Enfuvirtida Maraviroque Antivirais combinações Inibidores de protease Inibidores de transcriptase reversa Outros Zidovudina+ lamivudina Arazanavir Efavirenz Enfuvirtida Lopinavir + Ritonavir Darunavir Nevirapina Raltegravir Fosamprenavir Etravirina Maraviroque Ritonavir Abacavir Saquivavir Didanosina Tipranavir Estavudina Lamivudina Tenofovir Zidovudinat Terapia antirretroviral (TARV) Terapia antirretroviral (TARV) Análogos de nucleosídeos e nucleotídeos Inibição da transcriptase reversa viral Forma trifosfato causa terminação da síntese de DNA viral Terapia antirretroviral (TARV) Combinação de fármacos: evita seleção de vírus resistentes (alta taxa de mutação) 3 fármacos de 2 classes dois ITRN/ITRNt associados a um ITRNN TDF/3TC +EFV Efeitos adversos Prós Tenofovira com lamivudinaC (TDF/3TC) Nefrotoxicidade Perfil favorável quanto à lipoatrofia e toxicidade hematológica (xAZT) Efavirenz (EFV)Tontura, alteração do sono, sonhos vívidos e alucinações (desaparecimento 2-4 semanas de uso) Meia vida longa: manutenção da supressão em caso de irregularidade de horário e perda de dose Dose fixa sempre que possível! Primeira linha de tratamento Tenofovir ITRNt Análogo de nucleotídeo (adenosina) Uso de pró-droga com melhor biodisponibilidade oral disoproxil fumarato Nefrotóxico Diabéticos, hipertensos, negros, idosos, Medicamentos nefrotóxicos (aciclovir, aminoglicosídeos, AINE) Contraindicado em doença renal prévia TDF Lamivudina ITRNt Análogo de nucleosídeo (citosina) Atravessa barreira placentária previne transmissão de HBV Considerada segura Cefaleia, náusea, diarreia, insônia, lipodistrofia Conveniente (dose única/dia) T1/2 plasmático (2,5h) < T1/2 intracelular (15h) 3TC TDF e 3TC Acidose láctica ou hepatotoxicidade nausea, vômito, dor abdominal, fraqueza Coinfecção HBV/HIV Exacerbação de hepatite em caso de descontinuação Necessidade de ajuste em caso de ClCr<50 mL/min Evitar em caso de ClCr<50 mL/min Reações adversas Afinidade moderada pela DNApol mitocondrial Anemia, granulocitopenia, miopatia, neuropatia periférica, pancreatite Acidose lática com/sem hepatomegalia e esteatose hepática (raro, potencialmente fatal): Estavudina, zidovudina e didanosina Lamivudina é a que menos interage com a DNApol mitocondrial Efavirenz ITRNN Longo T1/2 dose única diária Absorção aumenta com alimentos gordurosos Perfil de segurança favorável Não interage com DNApol humana Reações desaparecem 2-4 semanas de uso Uso cuidadoso em hepatopatia EFV Interações medicamentosas ITRN Não são substratos para CYP450 Tenofovir + Didanosina = acidose láctica Lamivudina + Cotrimoxazol = monitorar RAM 3TC ITRNN Efavirenz é indutor e inibidor enzimático (CYP450) múltiplas (citalopram, claritromicina, darunavir, doxorrubicina, estatinas, itraconazol) Resistência Lenta para análogos de timidina – ex: zidovudina Mais rápida para ITRNN e inibidor de protease Utilizar Situação Efeitos adversos AZT (zidovudina) Contraindicação ao TDF Toxicidade hematológica e lipodistrofia ABC (abacavir) Contraindicação ao TDF e AZT Maior risco de falha virológica se carga viral elevada ddI (didanosina com lamivudina) Contraindicação ao TDF, AZT e ABC Pancreatite e neuropatia periférica NVP (nevirapina) Contraindicação ou intolerância ao EFV Pacientes com ↑risco cardiovascular Hepatotoxicidade, exantema, Síndrome de Stevens-Johnson Alternativas terapêuticas Utilizar Situação Efeitos adversos/Contras LPV/r (lopinavir+ ritonavir) Uso de Efavirez e Nevirapina estiver impossibilidado Diarreia e dislipidemia ATV/r (atazanavir/ ritonavir) Contraindicação LPV/r Refrigeração ritonavir Dislipidemia, hiperbilirrubinemia FPV/r (fosamprenavir+ ritonavir) Contraindicação LPV/r e ATV/r Segunda linha de tratamento Tratamento das alterações neurocognitivas associadas ao HIV Escore de efetividade de penetração >8 Incluir, preferencialmente, 1 IP/r 2 medicamentos com elevada penetração no SNC (escores 3 ou 4) Escore da efetividade de penetração (CPE) Esquema 4 (>penetração) 3 2 1 (< penetração) ITRN Zidovudina Abacavir Didanosina Lamivudina Tenofovir ITRNN Nevirapina Efavirenz Etravirina IP Darunavir/r Fosamprenavir/r Indinavir Lopinavir/r Atazanavir Atazanavir/r Tipranavir/r Nelfinavir Ritonavir Saquinavir Saquinavir/r Tipranavir Inibidores da fusão/entrada Maraviroque Enfuvirtida Inibidores da integrase Raltegravir ↓ ligação proteica, ↓ peso molecular, boa lipossolubilidade Reações adversas Reações adversas Lipoatrofia Lipohipertrofia Perda de tecido subcutâneo • Preenchimento facial com polimetilmetacrilato (PMMA); • Lipoaspiração de gibosidade cervical, submandibular, abdominal ou dorsal; • Redução de mamas ou ginecomastia; • Implante de prótese glútea com lipoenxertia e/ou polimetilmetacrilato. Reações adversas Terapia antirretroviral (TARV) 6 primeiros meses: Melhora clínica e imunológica Supressão viral Infecções oportunistas Reações adversas aos medicamentos (sobretudo 3 primeiros meses) Síndrome Inflamatória de Reconstituição Imune (SIR) Síndrome inflamatória de reconstituição imune (SIR) Quadro clínico de caráter inflamatório Piora “paradoxal” de doenças infecciosas preexistentes Reações inflamatórias + infecções e neoplasias + fenômenos autoimunes Mais frequente após 4-8 semanas após início/modificação do tratamento Baixa contagem de LT-CD4: fator preditor para SIR Obs: excluir falha terapêutica (CD4 e carga viral) CASOS GRAVES: prednisona 1-2 mg/kg, ou equivalente, durante 1 a 2 semanas, com posterior retirada gradual Profilaxia pós-exposição ao HIV (PEP) Ampliar formas de intervenção para evitar novas infecções pelo HIV no mundo Avaliação de acordo com o risco da situação de exposição Possibilidade de icterícia (ATV) Tipo de material biológico envolvido Tipo de exposição Tempo entre a exposição e o atendimento (2-72 h) A condição sorológica para o HIV da pessoa exposta e da pessoa fonte (testes rápidos) “Em qualquer situação em que a infecção pelo HIV não possa ser descartada na pessoa fonte, a PEP está indicada.” Profilaxia pós-exposição ao HIV (PEP) COM ou SEM risco “Vale salientar que o PEP será uma nova ferramenta contra a infecção provocada pelo HIV, mas nada substitui o sexo seguro, feito com o uso de camisinha” Coordenadora do Programa Municipal de DSTs, Aids e Hepatites do Município de Salvador Apesar dos avanços em TARV... “(...) evidenciou-se o surgimento de complicações crônicas, tais como doenças cardiovasculares, alterações hepáticas, renais e ósseas, além de neoplasias e perda das funções neurocognitivas(...)” “(...) estima-se que o início mais precoce da TARV - e, portanto, em fases com maior capacidade de recuperação das células T - esteja inversamente relacionado ao desenvolvimento de complicações crônicas (...)” Filadélfia Paracoco https://www.youtube.com/watch?v=BOsqxwETPcE