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Trombose Venosa Profunda Acadêmicos: Ana Carolina, Gabriel Ferreira, Gabriel Rezende, Ingra Torres, Isadora Alves, Isadora Gonçalves, Juliana Luiza, Jullyana Ricelly, Leticia Lacerda, Marcelo Medeiros, Tharine Sá e Vitória Rezende -Exames laboratoriais -Exames de Imagem -Algoritmo Introdução Sumário -Escore de Wells -Anticoagulantes - Filtro de veia cava -Seguimento do tratamento Epidemiologia Fatores de Risco 1 2 3 Classificação 4 Fisiopatologia Exame Físico Diagnóstico 5 6 7 Conduta 8 INTRODUÇÃO 1 Introdução A trombose venosa profunda (TVP) caracteriza-se pela formação de trombos dentro de veias profundas, com obstrução parcial ou oclusão, sendo mais comum nos membros inferiores As principais complicações são: Insuficiência venosa crônica/síndrome pós-trombótica, caracterizadas por: Edema e/ou dor em membros inferiores, mudança na pigmentação, ulcerações na pele Embolia pulmonar (EP) A rápida adoção de estratégias diagnósticas e terapêuticas é crucial para evitar essas complicações EPIDEMIOLOGIA 2 1 2 Epidemiologia TVP podem ocorrer em 2/1.000 indivíduos a cada ano, com uma taxa de recorrência de 25%. As complicações as quais a TVP está sujeita geram impactos sociais e econômicos. A EP, se não tratada, tem um índice de mortalidade entre 5 a 15%. 80 a 95% dos casos trata-se de acometimento dos membros inferiores. FATORES DE RISCO 3 Fatores de risco A incidência de TVP aumenta com a idade Fator mais determinante para um primeiro evento Podem se dividir em: Hereditários/Idiopáticos: Resistência a proeteína C Deficiência de antitrombina Deficiência de proteína C Deficiência de proteína S HIperhomocisteinemia Aumento de fator VIII Aumento de fibrinogênio Adquiridos/Provocados Sindrome do anticorpo antifosfolípidio Ca IDADE > 65 ANOS Obesidade Gravidez e puerpério Doenças mieloproliferativas Sindrome nefrótica Traumas Cirurgias Imobilização CLASSIFICAÇÃO 4 Classificação A TVP dos membros inferiores pode ser dividida, simplificadamente, segundo sua localização: Proximal Distal O risco de embolia pulmonar e a magnitude da Sd pós-trombótica são maiores decorrente de TVP proximal Existe um risco de progressão da trombose distal para segmentos proximais em até 20% A classificação do tipo de TVP suspeita é importante para guiar as estratégias de tratamento Proximal: quando acomete veia ilíaca e/ou femoral e/ou poplítea Distal: quando acomente as veias localizadas abaixo da poplítea Esse risco faz com que o diagnostico da TVP distal e da proximal sejam similares FISIOPATOLOGIA 5 Fisiopatologia Os principais fatores relacionados à formação dos trombos são os componentes da Tríade de Virchow: Lesão endotelial Hipercoagubilidade Estase sanguínea Condições que interferem nessas três condições e aumentam o risco da TVP são: Cancer Idade avançada Procedimentos cirúrgicos Imobilização Uso de hormônios estrogênio Gravidez Distúrbios de hipercoagubilidade hereditária ou adquirida EXAME FÍSICO 6 Exame Físico Ao exame físico pode ser possível identificar dor na panturrilha à dorsoflexão do pé (sinal de Homans), empastamento da panturrilha e alteração da coloração do membro. Podemos observar também o sinal da bandeira, que é representado pela menor mobilidade da panturrilha quando comparada com o outro membro. E por último, o sinal de Bancroft, representado por dor à palpação da panturrilha contra estrutura óssea. Quadro clínico: dor, edema, eritema, cianose, dilatação do sistema venoso superficial, aumento de temperatura, empastamento muscular e dor a palpação EXAME FÍSICO O score de wells é utilizado para predição clínica de TVP. Apresenta melhor resultado na avaliação de pacientes jovens sem comorbidades ou história prévia de tromboembolismo venoso (TEV), que em outros pacientes Para TVP recorrente é recomendado usar o escore de Wells modificado (que inclui pontuação extra para a história prévia de TVP)9(A) DIAGNÓSTICO 7 Exames Laboratoriais D Dímero (DD) Produto da degradação da fibrina (inespecífico para TVP) Apresenta ALTA sensibilidade e BAIXA especificidade Exame com importante Valor Preditivo Negativo (VPN) Se comparada com teste ELISA ; Látex quantitativo etc → DD é de moderada sensibilidade , apesar de ter a mais ALTA especificidade. Resultados negativos do D-dímero = corroboram fortemente para a ausência de TVP Porém, IMPORTANTE → Resultados positivos do exame não confirmam a hipótese de TVP (necessário outros exames de melhor acurácia para excluir ou concluir o diagnóstico) 1. Exames Laboratoriais D Dímero (DD) Resultados Geralmente divididos em: Negativo (<350 ng/ml) Intermediário (351-500 ng/ml) Positivo (>500 ng/ml) Exames Laboratoriais D Dímero (DD) Quando solicitar? Pacientes com BAIXA probabilidade clínica para TVP Uso do DD isolado* apresenta VPN ALTO no seguinte perfil de pacientes específicos → pacientes ambulatoriais, não recorrentes , adultos (não-idosos) e com curta duração de sintomas Não apresentam 100% sensibilidade (*) DD isolado → Sem combinação de escores pré-testes IMPORTANTE: Em pcts com alta probabilidade pré teste para TVP ou Embolia pulmonar → Uso do DD é questionável * Exames de Imagem Eco Doppler colorido (EDC) Venoso Vantagens: Não invasivo e não necessita de contraste Desvantagem: examinador dependente Mais utilizado para diagnóstico em pacientes sintomáticos Sensibilidade 96% e especificidade 98% Avalia: anatomia, fisiologia e características do fluxo venoso → combina imagem em tempo real e a análise espectral;Acurária menor para TVP assintomática; Repetir em 3 a 7 dias no paciente com escore de Wells alto, Ddímero alto e o EDC nao identificar. Nos casos de TVP recorrente ipsilateral, os critérios utilizados para o diagnóstico pelo EDC são: aumento do diâmetro do mesmo segmento acometido ≥ 4 mm, aumento de 9 cm de extensão do trombo ou em segmento venoso distinto do acometido previamente. Exames de Imagem Angiotomografia Paciente com suspeita de TVP Sensibilidade 96% e especificidade 95%; Não recomendado para diagnóstico inicial Opcional em relação ao EDC Eficácia semelhante a do Ecodoppler 2a escolha caso ECD quando este não estiver disponível. Exames de Imagem RM Utilizada no diagnóstico de TVP em casos onde o EDC oferece resultados inconclusivos Acurácia similar ao EDC no diagnóstico da TVP do segmento ilíaco-caval RM com imagem direta do trombo, baseada nas propriedades paramagnéticas da metahemoglobina → método de escolha para suspeita de recorrência aguda de TVP Distingue um evento novo de um antigo EDC → ecodoppler colorido Imagem → uma RM mostrando uma trombose de veia femoral artificial esquerda Exames de Imagem Venografia / Flebografia Venografia com contraste → Padrão-ouro para diagnóstico Reservado apenas quando os outros testes são incapazes de definir o diagnóstico Tem acurácia limitada nos quadros de TVP recorrente → Devido a limitações não é o exame de rotina utilizado na suspeita de TVP custo reações adversas ao contraste ser desconfortável para o paciente contra-indicado a pacientes com insuficiência renal A flebografia, também conhecida como venografia, é um procedimento no qual um raio-x das veias é realizado após a injeção de um contraste numa veia, usualmente do pé. O contraste deve ser injetado constantemente através de um catéter, o que configura o procedimento como invasivo. Algoritmo de Diagnóstico Em casos de forte suspeita, a sugestão é de introdução do tratamento até que os exames de confirmação ou exclusão do diagnóstico sejam realizados A exceção seria casos em que há contraindicação a anticoagulação plena Diagnóstico de TVP recorrente em MMII TVP recorrente é diagnosticada por EDC quando ocorre: Aumento do diâmetro do mesmo segmento acometido ≥ 4 mm Aumento de 9 mm de extensão do trombo ou em segmento venoso distinto do acometido previamente Em suspeita de TVP recorrente em indivíduos com EDC negativo, recomenda-se repetir o EDC em 3 a 7 dias EDC negativo → aumento do diâmetro residual ENTRE 2 e 4 mm Diagnóstico de TVP em MMII na gravidez Em pacientes grávidas com suspeita de TVP de MMII, recomenda-se avaliação inicial com EDC Se EDC negativo recomenda-se repetir o exame em 3 a 7 dias Em paciente grávidas com sintomas de trombose isolada de veia ilíaca sem evidência de TVP no EDC, recomenda-se a realização de mais testes com EDC de veia ilíaca ou RM direta Os sintomas de trombose isolada de veia ilíaca incluem principalmente edema de todo o membro inferior, incluindo ou não flancos, glúteos ou dorsalgia Após novo EDC, se persistir negativo, afasta-se TVP. Se EDC positivo, iniciar tratamento Diagnóstico de TVP em MMSS Recomenda-se avaliação inicial com EDC Se EDC negativo apesar da suspeita clínica, recomenda-se seguir com D-dímero, EDC em série ou imagem baseada em flebografia (tradicional, TC ou RM) Se EDC e subsequente exames (D-dímero ou TC ou RM) forem negativos, está afastada a TVP Se EDC for inconclusivo e D-dímero positivo, recomenda-se a flebografia TRATAMENTO 8 Protocolo de conduta Caso de fortes suspeitas de TVP aguardando confirmação do diagnóstico Introdução do tratamento em casos de forte suspeita de TVP até que os exames de confirmação ou exclusão do diagnóstico sejam realizados Exceção: contraindicação a anticoagulação plena Não há anticoagulação segura no tto de hemorragias O risco de hemorragia deve ser avaliado no tto anticoagulante Protocolo de conduta Recomenda-se tratamento inicial com HBPM SC, HNF EV ou SC monitorizada, dose fixa de HNF SC ou fondaparinux SC, seguida de anticoagulantes orais a longo prazo Por pelo menos 5 dias, associado aos antagonistas da vitamina K desde o primeiro dia de tratamento Anticoagulantes Anticoagulantes orais diretos: indicado no início do tratamento em pacientes sem câncer Anticoagulante parenteral: antes do início do uso de dabigatrana e de edoxobana, em monoterapia Antagonistas da vitamina K: iniciar associada a heparina não fracionada ou de baixo peso molecular Colher INR a cada 48 hrs Não é recomendado em monoterapia O INR é a relação entre o tempo de protrombina do doente e um valor padrão do tempo de protrombina. Reflete o tempo necessário para o sangue coagular relativamente a um valor médio Deve-se manter as medicações parenterais até que o INR se mantenha na faixa terapêutica (2 a 3) Uso da vitamina K em monoterapia está associado a altas taxas de recorrência sintomática e risco de necrose Anticoagulantes Heparina de baixo peso molecular: Escolha inicial em pacientes com diagnóstico de câncer É tratamento seguro e de escolha em gestantes Não existe indicação de monitorização contínua de fator Xa É indicado a dosagem de plaquetas para descartar plaquetopenia induzida por heparina Conraindicação: pacientes com clearance de creatina menor que 30 Indicada para pacientes oncológicos pois está relacionada a menos taxa de TEV recorrente e sangramentos Anticoagulantes Heparina não fracionada intravenosa: Sem contraindicação para pacientes com clearance de creatinina < 30 Indicação: dose inicial em boulos IV (80 U/ Kg ou 500 U) e ajuste da dose infusão IV contínua Heparina não fracionada subcutânea: Indicado dose inicial de 333 U/ Kg seguida de 250 U/ Kg duas vezes ao dia Estudos afirmam que a heparina de baixo não fracionada, quando administrada em bomba, tem menos complicações que a subcutânea Duração: Varia de acordo com cada paciente dependendo do risco de recorrência de TEV. Terapia estendida: Recomendada para: Pacientes com 1º episódio de TVP proximal idiopática Pacientes sem fatores de risco para hemorragias Pacientes com 2º episódio de TVP idiopática Obs: O risco absoluto de TVP recorrente diminui com o tempo de tratamento, enquanto que o risco de sangramento permanece estável durante o tratamento com anticoagulantes orais3(A). Anticoagulação oral Anticoagulantes orais Antagonistas da vitamina K: Devem ser iniciados no primeiro dia associados a HNF ou HBPM ou fondaparinux Requer mensuração frequente do RNI Monitorização das interações alimentares e outras drogasVarfarina Obejtivos de alcançar RNI em nivel terapuetico entre 2 e 3 o mais breve possivel - pois diminuir tempo de uso de anticoagulantes parenterais - dose de 10 mg Dose de 10 mg alcança esse nivel terapeutico de RNI mais rapidamente que a dose de 5mg Novos anticoagulantes orais (NOACs): Vantagem de não reqeurerem monitorização laboatorial, porem devem ser administrados em doses fixas, com rápido início de ação e sem gandes interações alimentares. Ex: Rivaroxabana e Dabigatrana Anticoagulantes orais Critérios para anticoagulação por tempo estendido são: Duas ou mais tromboses espontaneas Evento isolado de TVP idiopática na presença de trombofilia hereditária homozigótica ou adquirida Tratamento Inicial pra TVP distal Pelo menos 3 meses de tratamento Tratamento estendido de TVP Em casos de contraindicação ao uso de anticoagulantes (sangramentos, tromboembolismo pulmonar refratário ou com risco de óbito em novos eventos embólicos) Não é recomendada como tratamento de rotina de TEV; Reduzem a ocorrência de EP, mas não são mais efetivos em reduzir a mortalidade; E aumentam o risco de recorrência de TVP a longo prazo ( 2 - 8 anos) Filtro de veia cava inferior Filtro de veia cava inferior Incisão normalmente é feita na virilha, adentra a rede vascular e posiciona o ‘’stent’’ Recomendações para o uso de filtro de veia cava inferior Indicações Absolutas Pacientes com TEV com contraindicação de anticoagulação, ineficiência e/ou complicações da anticoagulação Indicações Relativas Quando o risco de complicações hemorrágicas for alto com anticoagulação; EP massiva; trombo flutuante no segmento ilíaco-caval; TVP em pacientes com limitada reserva cardiopulmonar Associado à trombólise FVC associado a trombólise direta através de cateter farmacológico, de segmentos venosos ilíaco-femorais; Recomenda-se: Pacientes com contraindicação à anticoagulação inicial, submetidos ao implante de FVC, assim que o risco de sangramento seja resolvido; Uso de stents metálicos auto-expansíveis para o tratamento de compressão crônica ou lesões obstrutivas do trajeto ilíaco-caval não solucionados por estratégias de remoção de trombos; Stents não sejam utilizados nas veias femorais e poplíteas8 Em casos especificos pode ser indicado a fvc associado a …, avaliar risco beneficio Ainda no tratamento não farmacologico temos as meias elásticas de compressao gradual, deambulação SEGUIMENTO DO TRATAMENTO: -- Dose sugerida para o início do tratamento Observação Enoxaparina 1mg/kg de 12/12h ou 1,5 mg/kg de 1x dia (Dose máxima para pacientes obesos: 100mg de 12/12h) Medicação de escolha para pacientes com cancer ou para gestantes (solicitar dosagem de plaquetas → plaquetopenia induzida por heparina) Não deve ser utilizada em pacientes com ClCr <30ml/min. Realizado por pelo menos 3 meses, quando não houver contraindicações Paciente deve ser encaminhada a equipe esqpecializada em tvp SEGUIMENTO DO TRATAMENTO: -- Dose sugerida para o início do tratamento Observação Heparina não fracionada (SC) Dose inicial 333 U/kg seguida de 250 U/kg 12/12hs Herparina Não Fracionada (IV) Bulus inicial 5000 Ul Infusão contínua inicial 1000 Ul/hr Esquema com menor chance de sangramentos e índices de recidiva de eventos trombóticos comparados a SC Varfarina 5mg ou 10mg VO, 1x ao dia Iniciar associada a anticoagulante parenteral; Dosar INR a cada 48h; Manter INR na faixa de 2-3 antes de suspender anticoagulantes parenterais; Suspender se necrose cutanea SEGUIMENTO DO TRATAMENTO: -- Dose sugerida para o início do tratamento Observação Rivaroxabana Por 3 semanas- 15mg VO 12/12hs Após 3 semanas- 20mg VO 1xdia até o fim to tto Pode ser em monoterapia e não deve ser utilizada em pacientes com Clcr < 30ml/min Apixabana Por 1 semana- 10mg VO 12/12hs Após 1 semana- 5mg VO 12/12hrs Após 6 mês- 2,5 mg VO 12/12hrs Pode ser em monoterapia, se ClCr < 30 mlmin, há necessidade de ajuste de dose e nao utilizar em pacientes com ClCr <15 ml/min SEGUIMENTO DO TRATAMENTO: -- Dose sugerida para o início do tratamento Observação Edoxabana 60mg VO 1xdia Iniciar anticoagulante parenteral por pelo menos 5 dias antes de introduzir a dobigatrana (para introduzir medicação: iniciar edoxabana na hora programada para a prox dose do anticoagulante Se paciente com ClCr >95 ml/min nao fazer SEGUIMENTO DO TRATAMENTO: -- Dose sugerida para o início do tratamento Observação Dabigatrana 150mg VO 12/12hrs Iniciar anticoagulante parenteral por pelo menos 5 dias antes de introduzir a dobigatrina (iniciar dobigatrana 2 hrs antes da hora programada para a prox dose do anticoagulante parenteral Não utilizar se paciente tiver ClCr <30 ml/min Referências: PRESTI, C. et al. Trombose venosa profunda: diagnóstico e tratamento: Projeto Diretrizes. São Paulo: SBACV; 2015. 2018. Utiyama, Edivaldo M. et al. Cirurgia Geral. Manual do Médico-Residente do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo - HCFMUSP; editora Atheneu.
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