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LLLOOOGGGÍÍÍSSSTTTIIICCCAAA EEEMMMPPPRRREEESSSAAARRRIIIAAALLL PPPrrrooofff ººº MMMoooaaaccciii rrr FFFrrraaannnccciiissscccooo DDDeeeiiimmmlll iiinnnggg Introdução à Logística Prof. Moacir Deimling 2 Parte 1 - INTRODUÇÃO À LOGÍSTICA Basicamente, a atividade econômica pode ser dividida em duas formas: • a produção que envolve a transformação das matérias-primas em produtos e o serviço que inclui a mão de obra, o capital e demais recursos tangíveis e intangíveis; • a outra forma pela troca, onde os bens e serviços são transacionados com outros mediante permutas ou mais comumente utilizando moedas como referência. A capacidade de uma atividade econômica em gerar riquezas depende da eficiência do seu processo produtivo e de trocas. O avanço do comércio mundial aliado à terceirização da produção ao redor do globo transformou a logística numa tarefa complexa (NOGUEIRA, 2012). "Como se observa, o processo logístico que envolve a movimentação, armazenamento de cargas e o fluxo de informações do ponto de origem ao ponto de consumo, de maneira eficaz, constitui fatores básicos de diferenciação competitiva nos dias de hoje." (NOGUEIRA, 2012, p. xii). Escolha Certa! As profissões do século 21 - LOGÍSTICA http://veja.abril.com.br/complemento/educacao/guia-de-carreiras/pdf/pdf-logistica.pdf O setor, que movimenta mais de US$ 100 bilhões por ano no Brasil, necessita cada vez mais de profissionais qualificados, trabalhadores que atendam às necessidades das indústrias, empresas de transporte, operadoras logísticas e do varejo. Com o passar do tempo, a logística tem sido uma revelação em oportunidades de oferta para empresários do setor. Uma carreira em logística pode oferecer desafios estimulantes, responsabilidade precoce, oportunidades de viagem e, além disso, remuneração excelente. Ser um profissional de logística significa, independentemente de sua função, estar apto para colaborar com os demais diretores da empresa. Dentre suas responsabilidades, numa operação simples, estão a de cuidar do transporte e contactar o armazém, para garantir que os bens produzidos ou vendidos pela empresa sejam recebidos no depósito na hora desejada. É responsável também por garantir que os produtos sejam armazenados de forma adequada e segura, além de cuidar de sua expedição. Para executar estas funções é necessário dominar programas de computador específicos, que geralmente auxiliam com a verificação dos níveis de estoque, acompanhando o movimento das mercadorias e, quando necessário, encomendas de bens em nome da empresa. Durante o curso, o universitário terá matérias relacionadas a Transporte e Distribuição; Movimentação e Armazenagem; Controle de Estoques e Planejamento da Demanda; Processamento de Pedidos; Serviço ao Cliente; Cadeia de Suprimento; Simulação de Sistemas Logísticos e Marketing Aplicado e entre outras. Nos últimos 15 anos, o crescimento econômico aumentou a oferta e o consumo de bens e serviços. Com isso, as empresas passaram a produzir e competir em escala global, contribuindo para a uniformização das relações comerciais, principalmente no setor de vendas. Esses fatores geraram uma nova demanda, que fez a “velha” logística perder espaço para a “nova” logística, carente de profissionais qualificados. O setor tem crescido até 20% ao ano no país, segundo dados da Associação Brasileira de Logística (Aslog). As instituições de ensino superior brasileiras estão diante de uma oportunidade sem precedentes, mas ainda pouco explorada. O que se espera de um profissional que atua na gerência de logística são as habilidades que se relacionam com a gestão, coordenação da cadeia completa de fornecimento. A pessoa deve ter um alto grau de capacidade analítica, numérica e geográfica. Ele deve ser capaz de executar tarefas com prazos rigorosos, além de priorizar o seu trabalho e ser um auto-motivador. Conhecimentos de TI, pacotes e métodos de Introdução à Logística Prof. Moacir Deimling 3 comunicação eletrônica, como Internet e e-mail, também são considerados diferenciais competitivo. Organizações em todo o mundo, de pequenas empresas a multinacionais, empregam gerentes de logística. As companhias podem variar de atacadistas, fabricantes, setores estatais, fornecedores de energia elétrica, forças armadas e instituições de caridade. As aberturas para um trabalho na área de logística também estendem-se a despachante, gerentes de lojas e executivos de marketing. No Brasil, a logística passa por um período conturbado: por um lado é impulsionada pelo crescimento econômico, mas o baixo investimento do governo em infraestrutura dificulta o escoamento da produção. Preparar um profissional que atenda, ao mesmo tempo, às necessidades das indústrias, das empresas de transporte, das operadoras logísticas propriamente ditas e do varejo é um grande desafio. Para o presidente da Associação Brasileira de Empresas e Profissionais de Logística (ABEPL), Luciano Correia da Rocha, também diretor comercial da M3 Logística, existe uma grande demanda por profissionais bem qualificados. “Como é uma área muito promissora, tememos o simples modismo de cursos”, cita o presidente da ABEPL em publicação institucional. A entidade mantém um conselho educacional com professores das instituições de ensino superior e executivos das empresas de Jundiaí, interior de São Paulo, onde fica sua sede. “O objetivo é aproximar o ensino das necessidades da vida profissional prática”, explica. Bom exemplo do importante papel exercido pela Logística é o comércio eletrônico, segmento em que a grande diferença está no nível de serviço que uma empresa oferece em relação a outra. Devido à melhor qualidade da matéria-prima e à atualização tecnológica, os produtos estão se tornando cada vez mais parecidos, na percepção do consumidor. 1 HISTÓRICO E EVOLUÇÃO A logística sempre existiu na história da humanidade, desde os mais remotos tempos para apoiar atividades de transporte e armazenagem de materiais necessários para a sobrevivência do homem. Há vários relatos ao longo da história da importância das atividades logísticas, como a armazenagem de grãos na época da safra para atender ao consumo na entressafra. O transporte teve papel importante ao disponibilizar os produtos em outras áreas que não aquelas de produção, abastecendo cidades distantes das lavouras ou zonas de produção de artigos específicos destas áreas. Artigos e utensílios produzidos em determinado local dependiam do transporte para serem comercializados em mercados muitas vezes distantes a milhares de quilômetros. Historicamente, a logística possui dois berços, um onde é uma evolução da própria história do homem, como forma de suprir os alimentos, materiais e insumos às cidades cada vez mais populosas. Roma, no século II d.C. tinha mais de um milhão de habitantes e era a maior cidade à época, com pleno domínio político, militar e cultural de grande parte do mundo. A área militar também traz exemplos da importância da logística, que são relatados por Sun-Tsu em sua obra, ‘A arte da guerra’. Várias batalhas tiveram o apoio de atividades logísticas no deslocamento de tropas, armamentos, suprimentos e víveres. Alexandre, o grande ficou conhecido como um grande estrategista, utilizando a logística a seu favor no deslocamento rápido das tropas e no abastecimento destas. Napoleão Bonaparte também ficou conhecido pelas estratégias adotadas por seus exércitos. Um de seus generais, Barão de Jomini, foi o primeiro a utilizar o termo logística como a ação responsável pela preparação e sustentação das campanhas militares, em 1836. Também pode-se notar que etimologicamente, a palavra logística deriva da palavra francesa loger, que significa alojar. Em 1917, o coronel de infantaria da marinha dos Estados Unidos, George Cyrus Thorpe escreveu o livro ‘Logística pura: a ciência da preparação da guerra’. A partir desta obra, muitos outros estudiosos da área militar trabalharamos temas envolvidos na logística, contribuindo para sua evolução. A logística pura está associada à essência da logística, sendo estudados seus métodos de Introdução à Logística Prof. Moacir Deimling 4 pesquisa, suas quase leis e suas teorias, princípios e valores. A logística aplicada é a que permite operacionalizar os processos logísticos através de um sistema de logística, a partir das teorias da logística pura. A partir do pós-guerra, muitas empresas de apropriam das ideias da logística, para aplicação empresarial, estimuladas pela necessidade crescente de abastecer mercados dispersos geograficamente ao redor do globo. As empresas na busca por clientes se preocupavam cada vez mais com questões espaciais (onde alocar os produtos) e temporais (em que momento disponibilizar estes). Assim, pode-se estabelecer vários períodos da evolução da logística sob a perspectiva histórica, conforme pode-se visualizar no Quadro 1. Quadro 1 – Evolução da logística ao longo do tempo Período Visão Organizacional Ênfase Foco Industrial Foco Logístico Até anos 40 Do campo ao mercado Economia agrária Volume de produção Transporte Anos 40 até anos 60 Especialização Desempenhos funcionais Custo Inventário Anos 60 até anos 70 Integração interna Integração das funções Serviço Distribuição Anos 70 até anos 80 Foco no cliente Busca por eficiência Lucratividade Produção Anos 80 até anos 90 Foco no mercado Integração da logística Qualidade Compra/produção/ vendas Anos 90 até final do séc. XX Supply Chain Management Logística como diferencial competitivo Tempo Processo gerencial Período atual Supply Chain Management Logística como diferencial competitivo Tempo e espaço Flexibilidade/ agilidade Fonte: Razzolini Filho, 2008, p.22 1.1 Evolução da logística sob a perspectiva das funções administrativas Também pode-se destacar as mudanças ocorridas nos processos gerenciais para o acompanhamento da evolução da logística, destacando cinco estágios, na visão de Razzolini Filho (2008). 1ᵒ Estágio: funções separadas, onde cada área trabalha de forma independente. 2ᵒ Estágio: integração das funções de suprimentos e distribuição, dando ênfase ao Marketing e aos canais de distribuição. Introdução à Logística Prof. Moacir Deimling 5 3ᵒ Estágio: integração de Suprimentos, Distribuição Física e Planejamento e Controle da Produção, porém sem integrar o PCP com a Distribuição. Foco no processo produtivo. 4ᵒ Estágio: integração das três funções, Suprimentos, Distribuição e Planejamento e Controle da Produção. Surge o conceito de Logística Integrada, com uma maior preocupação com o cliente e o nível de serviço prestado. 5ᵒ Estágio: integração total da organização com a visão da logística como fator de diferenciação, considerando ambiente interno e externo, procurando agregar valor ao longo da cadeia produtiva. As diversas pressões sofridas pelas empresas em seus ambientes, principalmente o externo, leva a uma busca por flexibilidade e agilidade para oferecer condições melhores que seus concorrentes nos mercados em que atua. O Quadro 2 mostra as necessidades da logística para as empresas. Quadro 2 – A necessidade da logística ANTIGAMENTE... ATUALMENTE... A demanda ultrapassava a oferta. Contínuo e baixo crescimento econômico As expectativas dos clientes aumentavam vagarosamente. Maiores expectativas dos clientes, acionistas, colaboradores e fornecedores. A situação mundial pouco mudava. Estratégias altamente competitivas. As pessoas faziam aquilo que lhes era dito. Maior importância dos setores de serviço. Poucos concorrentes ou concorrentes em regiões geográficas localizadas. Mais concorrentes do que nunca, espalhados geograficamente (globalmente). Clientes dispunham de tempo. Escassez de tempo. Pouca integração organizacional. Integração entra e interorganizacional. Tecnologia da informação inexistente ou incipiente. Evolução da tecnologia da informação, permitindo maior rapidez para enfrentar novas situações. Poucas mudanças (laminaridade). Mudanças radicais e constantes. Fonte: Razzolini Filho, 2008, p. 28 Introdução à Logística Prof. Moacir Deimling 6 2 CONCEITO DE LOGÍSTICA A logística em sua essência visa criar um plano para os fluxos de produtos e informações dos negócios da empresa, através da articulação entre a aquisição, posse e venda de produtos da forma mais eficiente e eficaz possível. Vários autores apresentam conceitos sobre logística e a seguir destacam-se alguns. A logística empresarial trata de todas as atividades de movimentação e armazenagem, que facilitam o fluxo de produtos desde o ponto de aquisição da matéria-prima até o ponto de consumo final, assim como dos fluxos de informação que colocam os produtos em movimento, com o propósito de providenciar níveis de serviço adequados aos clientes a um custo razoável. (BALLOU, 2007, p.24) Grant (2013, p.2) traz o conceito de logística do CSCMP (Council of Supply Management Profissionals) – associação mundial de profissionais de logística e cadeia de suprimentos – como: Parte da gestão da cadeia de suprimentos que planeja, implanta e controla, eficaz e eficientemente, o fluxo bidirecional (para a frente e para trás) e armazena mercadorias, serviços, além de informações relacionadas, entre o ponto de origem e o ponto de consumo com o intuito de atender aos requisitos dos clientes. Logística é o processo de gestão estratégica da aquisição, movimentação e armazenagem de materiais, peças e estoques finais (e os fluxos de informação relacionados) por meio da organização e seus canais de comercialização, de tal forma que as rentabilidades atual e futura sejam maximizadas através da execução de pedidos, visando custo-benefício. (CHRISTOPHER, 2011, p.2) Para Ballou (2007) a logística empresarial integra tanto a administração de materiais quanto a distribuição física, conforme Figura 1. Figura1 – Escopo da logística empresarial Fonte: Ballou, 2007, p. 35 Distribuição Física – é o ramo da logística que trata da movimentação, estocagem e processamento dos pedidos dos produtos finais da empresa. Administração de Materiais – é o inverso da distribuição física, tratando do fluxo de produtos para a empresa ao invés de a partir dela. Tem por objetivo satisfazer as necessidades de sistemas de operação (linha de produção, processo operacional, etc.). Fornecedores Fábricas Clientes Logística empresarial Suprimento físico (Administração de materiais) Distribuição física - Transporte - Manutenção de estoque - Processamento de pedidos - Obtenção - Embalagem protetora - Armazenagem - Manuseio de materiais - Manutenção de informações - Transporte - Manutenção de estoques - Processamento de pedidos - Programação de produção - Embalagem protetora - Armazenagem - Manuseio de materiais - Manutenção de informações Introdução à Logística Prof. Moacir Deimling 7 3 ATIVIDADES LOGÍSTICAS As atividades a serem gerenciadas que compõem a logística empresarial, na visão de Ballou (2001), variam de empresa para empresa, dependendo da estrutura organizacional, das diferenças de opinião sobre o que constitui a logística e da importância das atividades individuais para suas operações. 3.1 Atividades-chave (Primárias): Padrões de serviço ao cliente – determinar as necessidades e desejos de clientes para serviços logísticos; determinar a reação dos clientes aos serviços; e estabelecer o nível de serviços a clientes. Transportes – seleção do modal e do serviço de transportes; consolidação de fretes; roteiro de transporte; programação de veículos; seleção de equipamentos; processamento de reclamações; e auditoria de tarifas. Administração de Estoques – políticas de estocagem de matérias-primas e produtos acabados; previsão de vendas a curto prazo;combinação de produtos em pontos de estocagem; número, tamanho e local dos pontos de estocagem; e estratégias de just-in-time, de empurrar e de puxar. Fluxo de informações e processamento de Pedidos – procedimentos de interface dos estoques com pedidos de venda; métodos de transmissão de informações de pedido; e regras de pedido. 3.2 Atividades de Suporte (Apoio): Armazenagem – determinação do espaço; disposição do estoque e desenho das docas; configuração do armazém; e localização do estoque. Manuseio de Materiais – seleção de equipamentos; política de reposição de equipamentos; procedimentos de coleta de pedidos; e alocação e recuperação de materiais. Embalagem Protetora – projeto para: manuseio, estocagem e proteção contra perdas e danos. Compras – seleção de fonte de suprimentos; o momento da compra; e a quantidade de compra. Programação da Produção – cooperar com a produção/operações para: especificar quantidades agregadas; e sequência e tempo do volume de produção. Manutenção de Informação – coleta, arquivamento e manipulação de informação; análise de dados; e procedimentos de controle. A logística somente satisfaz as necessidades dos clientes e, como consequência, as necessidades da empresa em termos de lucratividade e rentabilidade, se conseguir entregar seus produtos: a) com a qualidade esperada pelos clientes; b) na forma desejada pelos clientes; c) ao custo adequado; d) com o preço esperado pelo cliente (aquele que ele está disposto a pagar); e) no local esperado pelo cliente; f) no prazo certo. A logística pode ser compreendida como uma atividade que presta serviços dentro da empresa tanto para a produção como para o marketing, dentro do escopo da estratégia global da companhia. As atividades logísticas vêm sendo desempenhadas dentro das empresas há tempos, mas somente nas últimas décadas estas estão sendo organizadas no sentido de apoiar as atividades de produção e marketing. A Figura 2 demonstra as responsabilidades das áreas de marketing e produção e de como a logística interage com estas, através da movimentação, armazenagem, transporte e estoque dos Introdução à Logística Prof. Moacir Deimling 8 produtos da empresa. Figura 2 – Visão geral das atividades logísticas dentro das atividades tradicionais da firma Fonte: Ballou, 2007, p. 36 5 PMEs de sucesso no setor de logística http://exame.abril.com.br/revista-exame-pme/edicoes/58/noticias/5-pmes-de-sucesso-no-setor-de-logistica (14/03/2013) Nos últimos anos, a expansão da economia vem pondo um bocado de pressão sobre a precária infraestrutura brasileira. A prosperidade de regiões como Nordeste, Centro-Oeste e Norte intensificou o intercâmbio comercial entre os grandes centros e o interior. O crescimento do comércio eletrônico aumentou o volume de mercadorias entregues diretamente no endereço dos consumidores. A legislação ambiental está fazendo as empresas se responsabilizar não só pela entrega dos produtos mas também pelo recolhimento do que é descartado pelos clientes. Em meio a estradas esburacadas, portos e aeroportos congestionados e uma malha ferroviária insuficiente, estão surgindo oportunidades para novos negócios em logística. Segundo a Associação Brasileira de Logística, no ano passado o setor movimentou cerca de 350 bilhões de reais no país — o dobro de dez anos atrás. Nas próximas páginas, cinco empreendedores contam como estão conseguindo crescer ao ajudar outras empresas a levar, trazer e armazenar sua produção. Nas estradas do nordeste Todos os dias, dezenas de carretas saem carregadas do armazém da Norlog, em Olinda, para enfrentar o sol e o calor nas estradas do Nordeste. Entre seus destinos podem estar tanto as grandes capitais da região quanto pequenos vilarejos embrenhados no sertão. Boa parte dos caminhões transporta bens de consumo enviados a supermercados, postos de gasolina, André Carvalho, da CNTLog: Projeção de faturamento de R$ 2 milhões em 2013 Introdução à Logística Prof. Moacir Deimling 9 mercearias e outros pontos de venda. "Há muito trabalho", diz Roberto Maçães Neto, de 36 anos, filho do fundador e hoje à frente da Norlog. "Parece que todo mundo quer vir para o Nordeste." No ano passado, as receitas da Norlog chegaram a 12 milhões de reais, 50% mais que em 2011. Recentemente, a empresa conquistou clientes do Sul e do Sudeste, como Ipiranga, Coca-Cola e Parmalat. São empresas que procuram aproveitar a prosperidade da região. Desde 2002, a renda dos nordestinos cresceu 25%, cinco pontos percentuais acima da média nacional, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Para avançar nesse território, no entanto, é preciso superar uma porção de obstáculos — literalmente. As estradas nordestinas estão entre as piores do país. Segundo um estudo da Confederação Nacional dos Transportes, mais de 30% das estradas nordestinas estão em condições ruins ou péssimas. Um caminhão rodando no Nordeste tem custos quase 25% maiores do que teria se as estradas estivessem em boas condições. Para lidar com as adversidades da região, Maçães investiu para aumentar a eficiência nos processos. Hoje a Norlog mantém um sistema que se conecta aos computadores dos clientes para saber com antecedência o peso e o volume das cargas a caminho da empresa — assim, é possível planejar como desembarcar a mercadoria e colocá-la na estrada quanto antes. O sistema entrou em operação há cinco anos. Desde então, o tempo médio de desembarque e embarque das cargas caiu de 3 para 1 hora. A agilidade para pôr os caminhões nos caminhos do sertão ajudou a Norlog a atrair clientes como a Riffel, fabricante de motopeças e acessórios para motociclistas com sede em Blumenau, no interior catarinense. Antes de fechar com a Norlog, há três anos e meio, a Riffel mandava seus produtos em caminhões de Santa Catarina para os varejistas do Nordeste, numa viagem de mais de 3.000 quilômetros e 12 dias. Agora, os artigos da Riffel vão de navio até o porto de Suape, na região metropolitana do Recife. De lá, a Norlog os despacha para os lojistas, que os recebem até quatro dias depois de sair da fábrica. “Com entregas mais velozes, as vendas na região aumentaram 34%”, diz Nádia Ferreira, gerente de logística da Riffel. Trânsito vigiado O catarinense Alfredo Zattar, de 47 anos, demora menos de 9 minutos para percorrer os 4 quilômetros que separam sua casa do trabalho, em Joinville, no norte de Santa Catarina. Mesmo assim, os congestionamentos das grandes cidades estão entre suas preocupações diárias. Ele é dono da OpenTech, empresa de monitoramento de veículos que atende a transportadoras e empresas com grandes frotas de caminhões. "Nossos clientes precisam de informações sobre as condições do trânsito", diz ele. "Um engarrafamento pode atrasar as entregas por horas." Zattar fundou a OpenTech em 2001. Na época, seus principais clientes eram transportadoras, que contratavam a OpenTech para rastrear caminhões. Com o tempo, a tecnologia de rastreamento se popularizou, e muitos concorrentes passaram a oferecer o mesmo tipo de serviço. "Tivemos de procurar novas fontes de receita", diz ele. Em 2007, Zattar percebeu que poderia adaptar seus sistemas para ajudar os clientes a lidar com um problema cada vez mais comum — os atrasos causados pelo trânsito congestionado. Zattar investiu no desenvolvimento de um software para calcular qual o melhor roteiro para que os caminhões cheguem ao destino no menor tempo possível, principalmente quando precisam parar em diferentes pontos para descarregar ou coletar mercadorias. Em caso de imprevistos — como uma queda de barreira na estrada ou um acidente na entrada de uma cidade, por exemplo —, o software refaz os cálculos para encontrar uma nova rota. No ano passado, um quinto dos 33 milhões de reais em receitas da OpenTech veio desse serviço — Zattar acredita que, em cinco anos, o sistema responderá por mais da metade do faturamento. "Asrestrições tendem a ficar ainda piores nos próximos anos", diz Zattar. "Isso vai aumentar a demanda por monitoramento." Armazém da internet O empreendedor André Carvalho, de 39 anos, não vende nada pela internet. Nem por isso ele deixou de se beneficiar com a expansão do comércio eletrônico no país. Sua empresa, a CNTLog, de Barueri, na Grande São Paulo, prevê faturar 2 milhões de reais neste ano cuidando da logística de 15 lojas virtuais. “Com os contratos já fechados, vamos faturar cinco vezes mais que em 2012”, diz ele. Introdução à Logística Prof. Moacir Deimling 10 O que a CNTLog faz é assumir a responsabilidade sobre uma atividade essencial para as empresas de comércio eletrônico — armazenar os produtos, despachá-los e assegurar sua entrega aos consumidores sem avarias ou atrasos. A demanda por esse tipo de serviço vem crescendo à medida que mais brasileiros fazem compras pela internet. De acordo com a e-bit, consultoria especializada em e-commerce, em 2011 as lojas virtuais brasileiras faturaram quase 19 bilhões de reais, 25% mais que em 2010. Carvalho teve a ideia de abrir a CNTLog há três anos. Na época, ele soube que um amigo, dono de um site de comércio eletrônico, estava em apuros. "Não havia muitas empresas especializadas em entregar pequenos volumes", diz. "As existentes tinham custos altos demais para uma pequena loja virtual." Carvalho conhecia um pouco do negócio — sua família é dona de uma grande empresa de logística em São Paulo. "Prometi ao meu amigo que estudaria o problema”, afirma ele. “Acabei descobrindo uma boa oportunidade de negócios." Antes de abrir a CNTLog, Carvalho foi aos Estados Unidos conhecer empresas que prestam serviços de logística para lojas virtuais. De lá, ele trouxe um modelo de negócios para atrair pequenos varejistas. Em vez de cobrar pelo volume ocupado pelas mercadorias no armazém, como é o mais comum, Carvalho cobra uma comissão sobre as vendas, independentemente do espaço ocupado pelas mercadorias. Esse modelo atraiu clientes como a rede de papelarias Lua Luana — a empresa mantém 32 lojas em São Paulo e, no início do ano passado, abriu um site de comércio. "Com esse modelo, nosso custo com armazenagem caiu pela metade", diz Denise Silva, gerente da loja. Caminho de retorno O administrador Adalberto Panzan, de 47 anos, encontrou uma oportunidade de negócios com o aumento das exigências da legislação ambiental. Sua empresa, a ADS Micrologística vem crescendo ao ajudar grandes companhias a recolher produtos usados e resíduos de fabricação e transportá-los até o local adequado para tratamento e reciclagem. Em 2013, a empresa deve faturar 2 milhões de reais, 25% mais que no ano passado. Panzan fundou a ADS em 1998. No início, ele prestava consultoria para empresas que precisavam melhorar seus processos logísticos. Em 2006, Panzan foi procurado por um amigo que estava montando um projeto para recolher pilhas e baterias de aparelhos eletrônicos descartadas. O projeto vingou e, em 2011, a ADS Micrologística se especializou em projetos de logística reversa, como esse tipo de atividade é conhecido. Entre os clientes da ADS estão grandes indústrias que têm a obrigação legal de coletar sobras da produção e itens descartados pelos consumidores — como pilhas, baterias e embalagens de material reciclável. "As leis que obrigam as empresas a dar destino correto aos resíduos é recente, e nem todas as empresas já conseguiram se adaptar", diz Panzan. "Há muito espaço para nossa expansão nos próximos anos." No futuro, Panzan faz planos para crescer atendendo a grandes sites de comércio eletrônico, que precisam contratar serviços de logística reversa para coletar produtos devolvidos pelos consumidores. Pela legislação brasileira, o consumidor tem até sete dias para se arrepender de uma compra feita pela internet — e as lojas virtuais têm o dever de recolher a mercadoria rejeitada. Gestão na boleia Até pouco tempo atrás, o empreendedor Walmir Scaravelli, de 49 anos, mal prestava atenção no que acontecia no setor de logística. Dono da empresa de softwares de gestão Mega Sistemas, de Itu, no interior paulista, ele sentia-se bastante confortável vendendo programas de computador para clientes no mercado da construção e do agronegócio. Foi só quando alguns de seus clientes começaram a ganhar licitações de obras de infraestrutura pelo país afora que Scaravelli percebeu que estava deixando de lado um mercado muito interessante. "Meus clientes da construção civil tinham dificuldades em encontrar transportadoras que levassem peças e materiais em um ritmo adequado", afirma ele. "Eles não encontravam programas que os ajudassem a controlar esses processos." Há quatro anos, Scaravelli desenvolveu um software de gestão adaptado para os negócios na área de logística, como armazéns e transportadoras. Além de módulos para calcular o fluxo de caixa, gerar folha de pagamentos e emitir notas fiscais, o programa tem ferramentas que ajudam a administrar frotas, estoques e roteiros de entregas — como um sistema para localizar veículos por meio de equipamentos de GPS, simulador de depreciação para avaliar o desgaste dos caminhões e um organizador de estoques. Introdução à Logística Prof. Moacir Deimling 11 No ano passado, a Mega Sistemas faturou 57 milhões de reais, 30% mais que em 2010. "O setor de logística vem ganhando espaço e já representa 15% das receitas”, afirma Scaravelli. "Esse percentual deve dobrar nos próximos anos." 4 A MISSÃO DA LOGÍSTICA A logística é um esforço de várias áreas da empresa para ajudar a criar valor para o cliente ao menor custo total possível. Para Bowersox e Closs (2001) “a logística existe para satisfazer às necessidades do cliente, facilitando as operações relevantes de produção e marketing”. Ballou (2007, p.23) coloca que a missão da logística [...] “é colocar as mercadorias ou os serviços certos no lugar e no instante corretos e na condição desejada, ao menor custo possível”. Busca responder: O que Comprar Quanto Transportar Quando Armazenar Onde Atender a demanda Como A palavra logística vem de origem francesa (verbo loger) que significa alojar. De origem militar, o termo significa a arte de transportar, abastecer e alojar tropas. Também é visto como um sistema para dar suporte às batalhas, colocando os recursos necessários no local certo, na hora certa, na quantidade certa com um único objetivo: VENCER BATALHAS. Atualmente seu significado é mais amplo, passando a abranger outras áreas como a gerência dos estoques, armazenagem e movimentação. No Brasil a logística começou a ser aplicada através de um dos seus aspectos: a distribuição física (tanto interna quanto externa). Isto se deve principalmente às dimensões continentais de nosso país e da malha rodoviária incipiente. Devido ao forte impacto da logística nos custos, esta tem ganhado importância no mundo empresarial. Grant (2013) traz, através da Figura 3, os custos de logística por atividade na Europa e nos Estados Unidos. Embora hoje representem cerca de 8% do PIB tanto nos Estados Unidos como na Europa, os custos logísticos já chegaram a 15% - 20% do PIB em ambas as regiões durante as décadas de 1970 e 1980. Em alguns lugares do mundo, estes custos ainda representam valores elevados, na ordem de 20% a 25% do PIB. Figura 3 – Custos de logística por atividade Fonte: Grant, 2013, p. 9 e ILOS, 2016 Introdução à Logística Prof. Moacir Deimling 12 Fleury (2000) destaca que no âmbito das empresas a logística tem uma importância econômica significativa, onde na composição dos custos e margem típicos de uma empresa industrial, estão assim representados: margem (8%); custos logísticos (19%); custos de marketing (20%); e custos de produção (53%). A palavra ‘logística’ vem se destacando no mundo empresarial nos últimos anos no Brasil, pois hoje as condições são mais favoráveis. Com a estabilização da economia a partir de 1994, com o Plano Real, efoco na gestão de custos, a evolução da informática e da TI (Tecnologia de Informação) desenvolvendo softwares cada vez mais eficazes para o gerenciamento de armazéns, transporte, pedidos de clientes, os processos logísticos começaram a ter lugar de destaque, proporcionando maior solidez (NOGUEIRA, 2012). As grandes corporações, conscientes da importância da logística para os consumidores (e empresas), trabalham cada vez mais com aperfeiçoamento e inovação dos processos logísticos para obter um bom desempenho de suas atividades. Por ser um diferencial competitivo, as empresas investem cada vez mais em tecnologia, infraestrutura, porém a capacitação de seus colaboradores por intermédio de treinamentos ainda deixa a desejar (NOGUEIRA, 2012). 5 SISTEMA INTEGRADO DE LOGÍSTICA A logística é responsável pelo planejamento, operação e controle de todo o fluxo de mercadorias e informação, desde a fonte fornecedora até o consumidor (conforme Figura 4). Assim, sua atividade principal é o atendimento do cliente, iniciando no momento em que o cliente deseja transformar um desejo em realidade. Figura 4 - Fluxos na logística integrada Fonte: Martins e Alt, 2009, p. 326 Introdução à Logística Prof. Moacir Deimling 13 5.1 Pontos principais do sistema de logística integrada: (ex. venda carro) O Cliente A área Comercial – o vendedor (revenda), setor de Marketing (montadora), setor de informática (software). A Fábrica – Pedido – PCP – Compras – Produção – Distribuição física – Entrega. A Administração – Contabilização (contas a pagar e receber, fluxo de caixa). O Mercado – estatísticas de vendas, serviço de pós-venda. O Fornecedor ou parceiro comercial – pedidos e Just-in-Time. A Transportadora – roteiro e entrega. O Cliente (novamente) – recebendo na data certa o produto escolhido, dentro das condições preestabelecidas. Tudo começa e termina no cliente, passando por vários processos, desencadeando fluxos de informações e de materiais ou serviços. Várias partes de um grande sistema interagiram, formando um sistema integrado de logística. O sistema logístico opera através de uma série de atividades, que agindo sinergicamente, possibilitam a conclusão de um objetivo. Na logística temos atividades ligadas aos fluxos de informações e materiais, conforme Figura 5. Figura 5 – O fluxo das informações na logística Fonte: Martins e Alt, 2009, p.329 5.2 As três dimensões da logística A logística tem três dimensões principais, a saber: Dimensão de Fluxo – Suprimentos, transformação, distribuição e serviço ao cliente. Dimensão de Atividade – processo operacional, administrativo, de gerenciamento e de engenharia. Dimensão de Domínio – gestão de fluxos, tomada de decisão, gestão de recursos, modelo organizacional. Assim, para uma correta análise do sistema logístico, precisamos considerar as interações entre as variáveis do sistema. Por exemplo, quando da produção de uma mesa, há o suprimento Introdução à Logística Prof. Moacir Deimling 14 da matéria-prima (dimensão de fluxo), a confecção do produto (dimensão de atividade) com suas atividades intrínsecas como planejamento, controles e estratégias (dimensão de domínio). Em todas estas etapas, podemos observar que as variáveis interagem umas com as outras afetando o sistema como um todo. 5.3 Pontos básicos da logística Os principais pontos logísticos são: A movimentação de produtos – interna quando da movimentação interna dentro da fábrica em função do processo produtivo, e externa quando nos armazéns em função de estocagem, coleta e embarque. A movimentação das informações – É bidirecional, iniciando do cliente para o produtor, fluindo nos dois sentidos em função dos feedbacks e controles. O tempo – compreende o tempo decorrido entre a manifestação do desejo de compra e a entrega efetiva de um pedido. A eficácia da cadeia logística é diretamente afetado por ele. O custo – o objetivo da logística é desprender o mínimo de esforços, evitando desperdícios nas etapas que não agregam valor (transformação física do material). O nível de serviços – é a percepção pelo cliente da qualidade de atendimento, e esta se dará em função do desempenho que ele espera do produto em função do preço pago. 5.4 Componentes do sistema logístico Existem algumas áreas funcionais e atividades que influem na cadeia logística. Martins e Alt (2009) destacam algumas: 1) Área Comercial: Responsável por criar um vínculo com o consumidor; Utiliza recursos como: pesquisa de mercado, promoção, propaganda, treinamento e administração da força de vendas; Conceito de valor: o quanto o cliente está disposto a pagar pelo desempenho (determinado por qualidade, confiabilidade, manutenibilidade e valor de revenda) do produto ou serviço. 2) Operação Industrial: Escolha dos recursos tecnológicos mais indicados (JIT – Just-in-time, FMS – Flexible Manufacturing System, TQC – Total Quality Control, TPM – Total Productive Maintenance, Kanban, robótica, MRP – Materials Requirement Planning); Fábrica operando dentro do conceito JIT: o material certo na hora certa, no local certo, na quantidade certa e com a qualidade certa. 3) Administração e Finanças: Ênfase no fluxo de caixa, através da rápida transformação de pedidos em faturamento. 4) Fornecedores ou Parceiros Operacionais: Relacionamento aberto – desenvolvimento de produtos, estipulação conjunta de objetivos (qualidade, preço, prazos, etc.); Redução da base de fornecedores e aumento do nível de negócios; Uso intensivo da informática para agilizar a troca de informações; Custeio por atividades (analise realista das operações); Busca da qualidade total (ISO 9000, ISO 14000, QS 9000); Busca de baixos níveis de estoques. 5) Distribuição Física: Atingir rapidamente o cliente; Localização dos fornecedores, em função dos provedores de matérias-primas e insumos; Localização da fábrica, em função do mercado a ser atendido; Depósitos regionais, em função da estrutura de transporte existente; Introdução à Logística Prof. Moacir Deimling 15 Controle de frota e roteirizadores; O objetivo é a redução de inventário. A corrida depois de um clique A complexa operação de logística por trás de uma compra na internet http://exame.abril.com.br/revista-exame/edicoes/878/noticias/a-corrida-depois-de-um-clique-m0113493 (05/10/2006) Fechar uma compra pela internet é uma operação relativamente simples. Escolhe-se o produto, preenchem-se alguns dados e a mercadoria chega à porta de sua casa alguns dias depois -- seja em São Paulo, seja no interior do Piauí. Por trás dessa comodidade toda, no entanto, está uma das mais complexas operações possíveis no mundo da logística. O clique do internauta na tela do computador desencadeia uma série de operações que exigem uma engenharia capaz de fazer o produto – um simples CD ou um notebook de última geração -- chegar de forma segura e no menor tempo possível à casa do cliente. Para que a entrega aconteça, dezenas de profissionais, às vezes centenas deles, são mobilizados numa corrida frenética que não tem similar. A razão para esse frenesi é simples. Em contratos normais envolvendo empresas de logística, é possível saber com certa antecedência para onde a carga vai e a que horas deve sair. No caso das compras eletrônicas, a previsibilidade é quase nula. A partir do momento em que a compra é realizada, começa uma corrida contra o tempo. "O comércio eletrônico é a expressão máxima da inteligência estratégica que envolve um trabalho de logística", afirma o professor Alberto Luís Albertin, da Fundação Getúlio Vargas. Nessa gincana contra o relógio, uma das empresas que mais se destacam é o Submarino, um dos líderes do comércio varejista virtual no Brasil com faturamento anual de 574 milhões de reais. Como se verá, o Submarino é, acima de tudo, uma empresa de logística. Diariamente, a companhiaprocessa cerca de 15 000 pedidos. É uma enormidade. Numa comparação livre, corresponderia ao trabalho de 100 operadoras de telemarketing trabalhando 24 horas por dia e com uma excepcional média de 10 minutos gastos por atendimento. Apesar desse grande volume, o método de trabalho criado pela empresa possibilita que, aproximadamente, 90% desses pedidos sejam entregues num prazo máximo de um dia (isso se a encomenda for feita da região metropolitana de São Paulo). Como eles fazem isso? Elementar. Depois que o consumidor fecha a compra, entra em cena uma máquina de guerra. São mais de 300 funcionários envolvidos em tarefas que incluem a captação do pedido, a localização do item desejado, a retirada da prateleira, o processo de embalagem e o envio até a residência do cliente. A complexidade aumenta porque são quase 700 000 itens no catálogo do Submarino. Expansão virtual. Os dados mostram o crescimento do comércio eletrônico no país Segundo a Associação Brasileira de Logística, todos os segmentos existentes dentro do comércio eletrônico representam hoje cerca de 10% do mercado de logística no país Enquanto o mercado de encomendas tradicionais deve fechar 2006 com crescimento de 14%, as entregas para o comércio eletrônico devem avançar muito mais no mesmo período: quase 85% Em 2005,o comércio eletrônico faturou 2,5 bilhões de reais, um crescimento de 43% sobre o ano anterior. Projeções indicam um desempenho melhor em 2006,com receitas da ordem de 3,9 bilhões O primeiro passo desse processo é dar uma "identidade" ao pedido. Logo que a compra é processada, emite-se uma nota fiscal com os dados pessoais do consumidor e as especificações da mercadoria. Trata- se de uma espécie de certidão de nascimento da encomenda, algo que vai acompanhá-la até o final da jornada. A nota fiscal é então enviada pelo sistema aos computadores do centro de distribuição da Introdução à Logística Prof. Moacir Deimling 16 empresa, estrategicamente localizado em Osasco, cidade da Grande São Paulo próxima à rodovia Castelo Branco e à Marginal Pinheiros. O prédio impressiona pelas dimensões: pé-direito de mais de 10 metros de altura e área de 35 000 metros quadrados, o equivalente a quatro campos de futebol. No total, a capacidade de armazenamento é de 800 000 produtos. É no meio desse gigantesco armazém que pulsa o coração de uma loja virtual. Durante 24 horas por dia, de domingo a domingo, centenas de funcionários correm de um lado para o outro em meio a pilhas de caixas abarrotadas de produtos. Nada lembra mais o trabalho realizado por formigas ou abelhas que a segunda parte da operação: a localização e a retirada do produto das prateleiras. Com o auxílio de empilhadeiras, alguns desses funcionários passam o dia esvaziando e recolocando mercadorias nas prateleiras, num ciclo sem fim. O movimento incessante é controlado por computadores, que analisam o fluxo de vendas, informam onde cada mercadoria está estocada e acompanham todos os estágios do processo. Tal operação é repetida 15 000 vezes por dia. "Esse trabalho requer brutal planejamento e uma estrutura que deve funcionar sem falhas em todas as suas etapas", diz Armando Marchesan Neto, diretor de operações e logística do Submarino. Atualmente, cada pedido é feito separadamente, o que torna a operação um pouco mais lenta. Nas próximas semanas, o Submarino deve mudar esse sistema. Com investimentos de 4 milhões de reais, a empresa trará ao país um novo equipamento que tornará mais veloz a separação e a classificação dos pedidos. Com o novo modelo, todos os produtos serão separados por lotes, em vez de unitariamente. Isso significa que o operador não precisará ir várias vezes a uma mesma prateleira do estoque – um avanço e tanto considerando que, somadas, as prateleiras alcançariam 25 quilômetros de extensão. "O funcionário sairá uma única vez para separar toda a quantidade necessária referente a um conjunto de pedidos", diz Marchesan Neto. Depois de separado, o produto vai para o departamento de empacotamento e segue em esteiras para a última parte do processo: o envio. Essa etapa é terceirizada. O Submarino é atendido por 12 empresas, sendo que três delas possuem unidades dentro do próprio centro de distribuição do cliente. Há cinco anos, o comércio eletrônico vive um período de forte expansão no Brasil. Em 2005, o negócio faturou 2,5 bilhões de reais, um crescimento de 43% sobre o ano anterior. Projeções indicam desempenho ainda melhor em 2006, com receitas da ordem de 3,9 bilhões. Desde 2001, o varejo eletrônico cresceu 355%. É verdade que os indicadores ainda são tímidos se comparados aos dos Estados Unidos. Lá, apenas as vendas de roupas pela internet movimentam 11 bilhões de dólares por ano. Sem contar o setor de viagens, os consumidores americanos compraram no ano passado o equivalente a 82 bilhões de dólares pela internet, 24% mais que em 2004. No Brasil, problemas de infraestrutura prejudicam a expansão do setor. Um deles é o custo do frete. Estudos indicam que os custos brasileiros somam 7,7% do PIB, ante 5% dos americanos. Nenhuma empresa simboliza tão bem essa pujança americana como a Amazon. A varejista mais conhecida da internet é um gigante com vendas anuais de 10 bilhões de dólares. Em Nova York, cada cliente recebe os livros que compra na Amazon no mesmo dia e de graça. Só para efeito de comparação, a Amazon tem um centro de distribuição que é quase o triplo do Submarino e registra 2 milhões de pedidos ao dia. Agora, a empresa prepara um salto no que os especialistas chamam de logística digital, uma tecnologia ainda incipiente que começa a ganhar musculatura com a venda de arquivos de música e vídeo pela internet. Aguarda-se para breve o lançamento, pela Amazon, de um serviço para baixar filmes e programas de televisão. Nesse caso, o desafio será como garantir que o produto chegue às mãos de quem o comprou, sem distribuição de cópias ilegais no processo. O Brasil está num estágio anterior. E isso tem mais a ver com a falta de maturidade desse mercado do que com ausência de iniciativas por parte do empresariado. O sistema de entregas do Pão de Açúcar pela internet ilustra com perfeição essa dificuldade. São dez anos de funcionamento (e várias reestruturações) no negócio de delivery. A ideia parecia simplesmente genial. Proporcionar ao consumidor fazer as compras de casa sem precisar ir até o supermercado. O problema é que essa operação exige altos investimentos em logística e o resultado até pouco tempo não tinha sido satisfatório. Em boa parte, devido à desconfiança dos clientes. Não só em relação à transmissão de dados de cartão de crédito pela internet como pela qualidade dos produtos entregues. Os consumidores esqueciam o comodismo para poder escolher a própria alface ou as batatas que gostariam de levar para casa. Mesmo assim a operação vem crescendo. Em 2005, o aumento das vendas foi de 25% em relação ao ano anterior. Depois de várias investidas, o Pão de Açúcar descobriu a receita de como entregar produtos congelados, gelados ou secos ao mesmo tempo. Atualmente, a rede oferece na internet 12 000 dos 18 000 itens Introdução à Logística Prof. Moacir Deimling 17 vendidos em suas lojas reais. Por mês, recebe virtualmente 25 000 pedidos, com cerca 120 itens cada um. Para garantir a qualidade do serviço, os 56 caminhões da frota foram adaptados para acondicionar produtos perecíveis sem danos. A previsão de saída dessa frota é sempre às 6 horas do dia seguinte ao pedido. Durante a noite, itens como carnes, iogurtes e verduras são embalados em horários entre meia- noite e 4 horas da manhã. As folhagens são acondicionadas quase na mesma hora da saída do transportador. "O negócio de alimentos na internet é estratégico para o grupo no longo prazo", afirma Alexandre Luiz de Lima, coordenador de comércio eletrônico do Pão de Açúcar. "Temos de acompanhar as mudanças de hábito do consumidor." E rapidamente, sempre rapidamente. 6 LOGÍSTICA INTEGRADA 6.1Logística integrada Gestão da logística é uma função integradora na empresa, e por isso deve ser coordenada e otimizada e integrada com outras áreas funcionais como marketing, vendas, produção, finanças, recursos humanos e tecnologia da informação (GRANT, 2013). A logística deve ser vista como um instrumento de Marketing e produção, uma ferramenta gerencial, capaz de agregar por meio dos serviços prestados, aumentando a eficácia logística. Principais mudanças econômicas que afetam a logística, de acordo com Fleury (2000, p. 28). Globalização – comprar e vender em diversos locais ao redor do mundo. Aumento das incertezas econômicas – crises nacionais com reflexos mundiais, dificultando a previsão de vendas e o planejamento das atividades. Proliferação de Produtos – maiores custo e mais complexidade logística (grande número de produtos e fornecedores, no caso dos atacados). Menores ciclos de vida dos produtos – consequência da política de lançamentos contínuos e cada vez mais rápidos de novos produtos (obsolescência – informática, eletrônicos, vestuário). Maiores exigências de serviços – clientes e consumidores mais exigentes. Compras mais frequente e em menores quantidades. Esse grupo de mudanças econômicas vem transformando a visão empresarial sobre logística, que passou a ser vista não mais como uma simples atividade operacional, um centro de custos, mas sim como uma atividade estratégica, uma ferramenta gerencial, fonte potencial de vantagem competitiva. Caso Panamco - Discussão a partir do texto: (Pág 93) a) Quais as principais alterações? b) Quais as vantagens? c) Quais os investimentos realizados? 6.2 Logística como uma ferramenta de marketing A Figura 6 representa o modelo adotado por várias empresas que vem se destacando na área da logística. Os conceitos explícitos no modelo ajudam a entender como a logística é utilizada como instrumento gerencial, capaz de agregar valor à atividade de marketing. O primeiro conceito é o de composto mercadológico, onde a estratégia é definida com base na ênfase relativa dada a cada uma das quatro variáveis (produto, preço, promoção e praça). O segundo conceito é de sistema logístico, em que os componentes interagem entre si. A logística deve atender aos níveis de serviço ao cliente, estabelecidos pela estratégia de marketing, ao menor custo total (custo de transporte, armazenagem, processamento de pedidos, estoque, Introdução à Logística Prof. Moacir Deimling 18 compras e vendas). Para alcançar a excelência logística, é necessário conseguir ao mesmo tempo redução de custos e melhoria do nível de serviços ao cliente. Figura 6 – Modelo conceitual de logística integrada Fonte: Fleury, 2000, p.34 Walmart: - reduzindo custos por meio da estratégia logística A principal proposição de valor da Walmart, aquela que mais a diferencia de seus principais competidores, é a de ser capaz de oferecer a seus clientes um enorme sortimento de produtos, com altíssimo nível de disponibilidade, e com o menor preço do mercado. Para atingir esses objetivos, aparentemente conflitantes, a Walmart implementou uma estratégia de logística integrada, que possui as seguintes características principais: 1) Uma política de instalações/localização baseada no princípio da saturação geográfica, ou seja, grandes lojas concentradas geograficamente, para tirar proveito de economias de escala nas compras, no marketing (propaganda) e na distribuição para as lojas. 2) Um sistema de distribuição próprio, incluindo veículos e centros de distribuição, com uso intensivo do conceito de cross-docking, o que torna possível uma política de reposição diária de estoques, a baixo custo. 3) Uma política de preços baixos todos os dias, reduzindo ao máximo campanhas promocionais, aumentando a estabilidade e previsibilidade da demanda, garantindo com isso a racionalização no uso de ativos. 4) Relacionamento de longo prazo com seus principais fornecedores, mediante contratos de alto volume e a longo prazo, e a troca intensiva de informações de demanda, garantindo dessa maneira economias de escala e maior previsibilidade para os fornecedores, com a consequente redução de seus custos operacionais. 5) Uso intensivo de tecnologia de informação para controlar vendas e estoques, para permitir troca contínua de informações entre lojas e com fornecedores, e para orientar o gerenciamento de ativos fixos, como veículos e centros de distribuição. Introdução à Logística Prof. Moacir Deimling 19 Atacadista Martins: utilizando a Logística para agregar valor aos clientes Apesar de formalmente classificado como atacadista, o Martins pode ser visto como um prestador de serviços logísticos para o pequeno varejista, oferecendo entrega rápida de uma ampla variedade de produtos, que podem ser adquiridos de forma fracionada, em pequenas quantidades, com financiamento garantido e assistência técnica. Ao oferecer esse pacote de serviços, o Martins gera enorme valor para o pequeno varejista, que por não dispor de capital de giro, enfrenta enormes dificuldades para garantir disponibilidade de um sortimento adequado de produtos. A quantidade mínima de compras e os longos prazos de entrega, impostos pela indústria, tornam o custo transacional proibitivo para o pequeno varejista. Dessa maneira, o Martins não só contribui para a viabilização do pequeno varejista, mas cria para si próprio um mercado mais sólido e próspero. A fim de conseguir esses objetivos, a empresa adotou uma estratégia e montou uma estrutura logística, que possui as seguintes características básicas: 1) Estoque centralizado em um único centro de distribuição, em Uberlândia, o que permite aumentar a disponibilidade de produtos, a um custo aceitável de estoques, reduzindo ao mesmo tempo os encargos fiscais. (Recentemente, a empresa tomou a decisão de abrir CDs regionais, para reduzir custos de transporte e melhorar o prazo de atendimento a certas regiões do país.); 2) Frota própria, com cerca de 2.000 veículos, que garante a qualidade do serviço de entrega a um custo compatível com as características da operação. 3) Rede nacional de transit points, que funcionam como local de transbordo entre grandes veículos de transferência de carga e pequenos veículos de entrega final, conseguindo, dessa maneira, reduzir ao mesmo tempo os prazos de entrega e os custos de transporte. 4) Um sistema rápido e eficiente de processamento de pedidos, que se utiliza de um telemarketing passivo e consultas on-line por parte dos vendedores e clientes, que garante a reserva imediata dos produtos disponíveis, podendo fazer ofertas promocionais ou substituições de produtos não disponíveis, reduzindo ao mesmo tempo o ciclo do pedido. 5) Uso de sistema de telemarketing ativo para estimular vendas instantâneas em regiões específicas, contribuindo dessa maneira para uma maior e mais rápida consolidação de cargas nos veículos de transferência e entrega. 6) Utilização intensiva de tecnologia de informação, para facilitar e acelerar a colocação de pedidos, para melhorar a operação e o gerenciamento da armazenagem, e para otimizar a operação de transporte pela roteirização dos veículos, e de seu rastreamento contínuo. 7 SUPPLY CHAIN MANAGEMENT – SCM (Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos) Inicialmente surgiu o conceito de Logística Integrada. Isto significou considerar como elementos ou componentes de um sistema todas as atividades de movimentação e armazenagem que facilitam o fluxo de produtos desde o ponto de aquisição dos materiais até o ponto de consumo final (interno), assim como os fluxos de informação associados aos produtos em movimento. Posteriormente, o conceito de SCM (Supply Chain Management ou Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos), surgiu como uma evolução natural da Logística Integrada. Enquanto a Logística Integrada representa uma integração interna de atividades, o SCM representa sua integração externa,pois estende a coordenação dos fluxos de materiais e de informações aos fornecedores e ao cliente final. Grant (2013) coloca que a gestão de logística é uma função integradora na empresa – atividades logísticas devem ser coordenadas e otimizadas e integradas com outras áreas funcionais da empresa incluindo marketing, vendas, produção finanças, recursos humanos e tecnologia da informação. Enquanto isso, SCM é uma função integradora que vai além dos limites da empresa e liga as principais funções de negócios e processos dentro da empresa e entre Introdução à Logística Prof. Moacir Deimling 20 outras empresas em um modelo de negócio holístico e de alto desempenho. Para Christopher (2011) a gestão da cadeia de suprimentos baseia-se na estrutura de fluxos internos (materiais e informações) e busca articular e coordenar estes com os processos de outras entidades (fornecedores, clientes, transportadores, etc.). Torna-se claro que a gestão da cadeia de suprimentos envolve mudança de relações do tradicional comprador/fornecedor para a cooperação com confiança e reconhecimento de que, se bem gerido, o “todo pode ser maior do que a soma das partes”. Assim, a cadeia de suprimentos (Supply Chain) engloba os sistemas logísticos de cada uma das empresas envolvidas (fornecedores de matérias-primas, fabricantes, transportadoras, operadores logísticos, atacadistas e distribuidores, varejo, consumidores). Além de possuir atividades de movimentação de materiais/produtos, há movimentação de informações entre os agentes, e ainda fluxo financeiro, fluxo de burocracias, integração com o governo. O gerenciamento da cadeia de suprimentos implica em coordenar a integração de cada uma das empresas envolvidas, de modo a reduzir custos e aumentar a eficiência da cadeia como um todo, gerando benefícios mútuos. É a busca contínua por este aperfeiçoamento que irá garantir melhores resultados para a cadeia e, consequentemente, melhorias para o principal objetivo destas atividades das empresas envolvidas: a satisfação do consumidor final. A evolução do conceito está exposta no Quadro 3. Quadro 3 – Evolução do conceito de logística Fase Zero Primeira Fase Segunda Fase Terceira Fase Quarta Fase Perspectiva Dominante Administração de materiais Administração de materiais + distribuição Logística integrada Supply Chain Management Supply Chain Management + Efficient Consumer Response Focos Gestão de estoques Gestão de compras Movimentação de materiais Otimização do sistema de transporte Visão sistêmica da empresa Integração por sistema de informações Visão sistêmica da empresa, incluindo fornecedores e canais de distribuição Amplo uso de alianças estratégicas, comakership, subcontratação e canais alternativos de distribuição Fonte: Wood, 1998, p.59 7.1 Conceito de SCM Para Moura (2004, p. 175) o Supply Chain Management ou Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos [...] É a ciência que visa unir todas as fases do processo de SCM, visando otimizar os métodos e etapas de produção, compras e suprimentos, inventário, administração, previsões, armazenagem, transporte e entrega dos produtos. Baseia-se na parceria de empresas de diversos setores de cada uma das etapas da Cadeia de Suprimentos como fornecedores, indústria, armazéns, varejistas, distribuidores, empresas de logística, etc... Christopher (2011, p. 3) apresenta o conceito como: [...] “a gestão de relações a montante e a jusante com fornecedores e clientes, a fim de entregar ao cliente valor superior ao menor custo para toda a cadeia de suprimentos”. O processo se inicia com o pedido do cliente, depois vem a produção, o armazenamento e a distribuição dos produtos e suprimentos para o cliente. Este tipo de processo proporciona o compartilhamento de previsões de vendas, diminuição de custos, agiliza as entregas e otimiza a produtividade. Tudo visando à satisfação do consumidor final (Figura 7). Introdução à Logística Prof. Moacir Deimling 21 Figura 7 – Modelo Supply Chain Fonte: Adaptado Chopra e Meindl, 2011, p.4 7.2 Objetivos do SCM (Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos) Satisfazer rapidamente o cliente, criando um diferencial com a concorrência. Minimizar os custos financeiros, pelo uso de menos capital de giro, e os custos operacionais, diminuindo desperdícios e evitando ao máximo atividades que não agregam valor ao produto. 8 OPERADOR LOGÍSTICO A utilização de operadores logísticos é uma tendência de logística empresarial moderna, tanto global, quanto localmente. Também chamados do Prestador de Serviço Logístico (PSL), é um agente de integração dos processos operacionais existentes na gestão da cadeia de suprimento. (VIVALDINI E PIRES, 2010). O Quadro 4 apresenta as características que diferem o diferem de prestadores de serviços logísticos tradicionais. Quadro 4 – Comparação das características dos operadores logísticos com prestadores de serviços logísticos tradicionais Prestador de serviços tradicional Operador logístico integrado Oferece serviços genéricos – commodities Oferece serviços sob medida – personalizados Tende a concentrar-se em uma única atividade logística: transporte, ou estoque, ou armazenagem Oferece múltiplas atividades, de forma integrada: transporte, estoque, armazenagem, gestão O objetivo da empresa contratante do serviço é a minimização do custo específico da atividade contratada O objetivo da contratante é reduzir os custos totais da logística, melhorar os serviços e aumentar a flexibilidade Contratos de serviços tendem a ser de curto e médio prazos (6 meses a 1 ano) Contratos de serviços tendem a ser de longo prazo (5 a 10 anos) Know-how tende a ser limitado e especializado (transporte, armazenagem, etc.) Possui ampla capacitação de análise e planejamento logístico, assim como de operação Negociações para os contratos tendem a ser rápidos (semanas) e em um nível operacional Negociações para contratos rendem a ser longos (meses) e em um nível gerencial Fonte: Fleury, 2000, p.133 Introdução à Logística Prof. Moacir Deimling 22 Operador logístico é um fornecedor de serviços logísticos integrados, capaz de atender a todas ou quase todas as necessidades logísticas de seus clientes, de forma personalizada. Quem faz os produtos da Ambev e da Danone chegarem até você http://exame.abril.com.br/negocios/noticias/quem-faz-os-produtos-da-ambev-e-da-danone-chegarem-ate-voce (23/09/2014) Quando alguém vai ao supermercado comprar algum produto da Danone ou Ambev, dificilmente pensa em quem foi o responsável por trazer os produtos até as gôndolas. Este é o trabalho da ID Logistics, empresa de logística há 12 anos no Brasil. Esta companhia pode ser desconhecida dos consumidores, mas seu trabalho invisível é o que faz produtos da Carrefour, Ambev, Nivea, Privalia, Danone, Leroy Merlin, C&C, entre outros, chegarem até as prateleiras. Da indústria para o centro de distribuição e daí para as lojas, é um longo e complexo processo. A empresa foi criada em 2001 na França, com foco em logística contratual, ou seja, organizar logística, transporte e armazenamento para grandes clientes. A estratégia sempre foi, desde o começo, ousada: expandir as operações internacionalmente e buscar clientes de peso. Já em 2002, apenas 10 meses depois da criação da empresa, a primeira filial foi inaugurada em Taiwan. A partir de então, a ID Logistics começou a investir em países emergentes. Já são 14 países, como Brasil, Argentina, África do Sul, Rússia, China, Indonésia, Marrocos, além de países europeus, como Espanha, Polônia e Alemanha. A empresa enxergou a oportunidade na dificuldade que outras empresas sentiam ao expandir para países emergentes. Mais e mais empresas partiam para explorar estes mercados, mas sempre esbarravam na questão logística, diz Eric Hemar, CEO da ID Logistics. Ele cita Carrefoure Walmart como exemplos. “Por causa desse problema interno, vimos uma oportunidade nos emergentes”, diz Hemar. A maior filial Um ano depois da abertura da companhia, ela chegou ao Brasil. A segunda subsidiária a ser aberta é hoje a maior filial do grupo, sendo a segunda em faturamento depois da matriz francesa. Corresponde a 11,5% das atividades e faturamento do grupo, que foi de 735 milhões de euros em 2013. No Brasil, o varejo é responsável por 63% do faturamento. O Carrefour corresponde a 27%, a Leroy Merlin a 22%, Ambev 6% e Danone 8%. A base brasileira também serve como apoio técnico para a filial Argentina, bem como base para o desenvolvimento de outras filiais na América Latina. A operação brasileira é a que mais cresce, em uma taxa média aproximada a 30% nos últimos cinco anos. Em 2003, fecharam o primeiro contrato em terras tupiniquins: um armazém para o Carrefour, no Rio de Janeiro. Logo depois, vieram para São Paulo e, em 2006, a Leroy Merlin entrou para o rol de clientes. Diversificaram as atividades: além da construção de centros de armazenamento, passaram a investir em gestão e transportes, buscando otimizar ao máximo o tempo de entrega dos produtos. Expandiram para a indústria e a autoindústria e para o setor de alimentos, com a área láctea da Danone. Fora do eixo Rio-São Paulo, a ID Logistics instalou uma fábrica e centro de distribuição da Ambev em Minas Gerais, em 2009. No ano seguinte, chegaram ao centro-oeste. Hoje, são 30 centros de distribuição e mais de 2.500 trabalhadores. Uma das peculiaridades do Brasil é o modelo de armazém geral, criado em 2011. Este é um modelo fiscal específico da legislação brasileira, que permite que diversos clientes compartilhem um mesmo centro de distribuição. A combinação reduz custos e permite acesso a outros clientes. ID Logistics em Jaguariúna: uma das peculiaridades do Brasil é o modelo de armazém geral Introdução à Logística Prof. Moacir Deimling 23 Desafios emergentes Criada na França, em um continente conhecido pela malha ferroviária e rodoviária eficiente e de qualidade, a empresa precisa se adaptar às realidades díspares dos países emergentes em que desembarca. Mesmo assim, Eric Herman diz: “não superestime nosso país. O custo de transporte na Europa é muito alto”, por conta de motoristas e caminhões. Em países emergentes, como é o caso do Brasil, o custo do transporte é mais baixo, mas a infraestrutura costuma ser mais precária. Como o transporte é baseado em rodovias e o país é grande, as distâncias e o tempo são maiores. Porém, se um produto vai de Manaus a São Paulo, o mais importante não é se vai chegar um dia mais cedo ou mais tarde. O principal é garantir que ele chegue, e com qualidade. Por isso, os caminhões da frota podem ser rastreados em tempo real, para aumentar a segurança. Um dos principais desafios da empresa, nos próximos anos, é aumentar sua participação no mercado de e- commerce. Ano passado, apenas 5% do faturamento da empresa veio deste setor. Entretanto, o número tende a crescer. A empresa também faz a gestão de e-commerce para vários de seus clientes. Entrega real Além disso, metade dos novos clientes da empresa do último mês era da área de comércio eletrônico. “E- commerce será uma grande parte do nosso trabalho”, diz Hemar. No ano passado, a companhia fechou parceria com a Privalia, no Brasil, outlet online. Para o futuro, a prioridade é iniciar operações no Nordeste e, em segundo plano, expandir para o Sul. A empresa continuará investindo nos setores de varejo, bens de consumo, automobilístico e de cosméticos. Agregar valor ao transporte também está entre os planos da ID Logistics. Para isso, irão investir distribuição em centros urbanos e em entregas door to door, direto ao consumidor. 8.1 Tipos de operadores logísticos Sob o ponto de vista operacional, existem dois tipos básicos de operadores logísticos: 1) Operadores baseados em ativos – caracterizam-se por possuírem investimentos próprios em transporte, armazenagem, etc. Tendem a ser mais sólidos e comprometidos, devido aos investimentos especializados que detém. 2) Operadores baseados em gestão e informações – não possuem ativos operacionais próprios. Vendem know-how de gerenciamento, baseado em sistemas de informações e capacidade analítica, que lhes permite identificar e implementar as melhores soluções para cada cliente, com base na utilização de ativos de terceiros. São mais flexíveis na busca da melhor solução possível para atender determinado cliente. O surgimento dos operadores logísticos está ligado a ampliação de serviços e diversificação de atividades (Quadro 5). Empresas especializadas em transporte, ou armazenagem, ou informação, que mediante parcerias e/ou aquisições ampliam sua atuação. Já a diversificação ocorre quando empresas que desenvolveram alta competência para o gerenciamento interno de suas operações logísticas, decidem diversificar sua atividade por meio da criação de empresa prestadora de serviço logístico para terceiros. Quadro 5 – Operadores logísticos com diferentes origens Surgimento da ampliação de serviços Surgimento da diversificação de negócio Exterior Brasil Exterior Brasil Ryder Roadway TNT Fritz Company Exel J.B. Hunt Schneider Armazéns Columbia Transp. Americana Federal Express UPS Caterpillar Mitsui Logistics DDF/Danzas Cotia Trading Marbo/Martins Fonte: Fleury, 2000, p.135 Introdução à Logística Prof. Moacir Deimling 24 VCP terceiriza logística de suas fábricas http://exame.abril.com.br/negocios/noticias/vcp-terceiriza-logistica-de-suas-fabricas-m0059029 (19/08/2003) Um dos maiores negócios em logística industrial já feitos no país acaba de ser fechado. A VCP, empresa de papel e celulose do grupo Votorantim, está terceirizando todo o processo logístico industrial de duas de suas unidades, localizadas em Jacareí e Luiz Antônio, ambas no interior de São Paulo. Todo o processo de recebimento e transporte de matérias-primas, armazenagem, movimentação de estoques intermediários no interior das instalações, expedição para os clientes e gerenciamento da mão-de-obra relacionada a essas atividades foi entregue a dois prestadores especializados em serviços logísticos. A logística da fábrica de Luiz Antônio ficou com a holandesa TNT e a de Jacareí foi entregue à brasileira Wilson, Sons. Os dois operadores logísticos ganharam uma concorrência, apoiada pela consultoria do Coppead, que envolveu mais de 50 empresas. Na fase final do processo de escolha ficaram seis empresas: ALL, DHL, Lubiani e Julio Simões, além das vencedoras. "Escolhemos a TNT e a Wilson, Sons porque suas propostas eram as que não apenas diminuíam custos, mas apresentavam formas logísticas eficientes, como mudanças de tecnologias e reorganização de processos", diz Francisco Pires, gerente de projetos logísticos da VCP. "Optamos por ter uma empresa cuidando de cada fábrica para que haja um ambiente competitivo e ao mesmo tempo colaborativo, no qual soluções encontradas por uma possam ser adotadas pela outra." O objetivo da VCP é reduzir seus custos de logística industrial em 10% no prazo de um ano. O contrato com os operadores prevê compartilhamento de reduções de custos que vierem a ser alcançados - uma prática cada vez mais adotada nesse tipo de terceirização. Com esse contrato, previsto para durar três anos, a VCP passa a ser um dos maiores clientes da Wilson, Sons em logística industrial, área responsável por 205 milhões dos 512 milhões de reais que a empresa faturou no ano passado. A divisão, que conta com grandes clientes, como Xerox e Merck, foi criada em 1998 e tem crescido a taxas de 50% ao ano. "Estamos apostando muito no crescimento desses novos negócios", diz Sergio Fischer, diretor de logística da Wilson,Sons. É em grande parte com o incremento dessa área que a Wilson, Sons pretende obter um faturamento de 690 milhões de reais em 2003. A entrada da VCP no portfólio da TNT também é importantepara a consolidação da estratégia da empresa de crescer no segmento de logística industrial. Nesse caminho foi importante a conquista recente da conta da Braskem. Para a TNT, a VCP vai representar um faturamento de mais de 20 milhões de reais por ano - uma parcela significativa para os 300 milhões de reais de receita de 2002. Além da VCP e da Braskem, outro cliente importante para a TNT, até há pouco tempo concentrada no setor automobilístico, foi a Philips. Nas mãos da TNT desde meados de março, os custos dos processos logísticos da Philips assumidos pela TNT já caíram 23%. 8.2 Considerações para a decisão de utilizar operadores logísticos É uma escolha do tipo: fazer internamente x contratar fora. A escolha está calcada em custos e controle operacional, comparar se a empresa é mais competitiva internamente ou se o operador por ter maiores volumes consegue fazer de forma otimizada e com menores custos. Introdução à Logística Prof. Moacir Deimling 25 8.3 Fatores que tem favorecido a contratação de operadores logísticos 1) Proliferação de produtos (novos) – conseguir colocar o produto certo, na hora certa, no local correto; 2) Globalização - compra e venda em qualquer local do planeta; 3) Segmentação (clientes, canais, mercados) – estruturas flexíveis para atender a diferentes exigências a custos competitivos; 4) Menores ciclos de vida dos produtos (eletrônicos, vestuário) – aumentam o risco de obsolescência do estoque; 5) Maior exigência de serviços (JIT, ECR – Efficient Consumer Response) – crescente exigência por maior consistência, frequência e velocidade de entrega, por parte de consumidores e clientes. 8.4 Vantagens competitivas dos operadores logísticos Economia de escala; Processo contínuo de benchmarking (contato com variadas empresas); Possibilitam a seus clientes: redução de investimentos em ativos, foco na atividade principal do negócio e maior flexibilidade operacional; Especialistas em logística; Flexibilidade operacional – capacidade de se adaptar rapidamente a flutuações de preços e demanda e a diferentes exigências do mercado. 8.5 Problemas potenciais na utilização de operadores logísticos Risco de perder o acesso a informações-chave do mercado; Dificuldade de comunicação/percepção do contratante e do operador logístico; Incapacidade do operador em cumprir tudo o que foi prometido quando da negociação do contrato; Criação por parte do contratado de dependência do operador logístico, gerando alto custo de mudança. 8.6 Quatro perguntas básicas ao se decidir por um operador logístico 1) O que se deseja ganhar com a contratação? redução de custos; melhoria da qualidade dos serviços; aumento da rentabilidade do negócio; crescimento do market share. 2) Que características deve ter o operador logístico? atitudes gerenciais; padrões de convivência; filosofia empresarial; estrutura/imagem. 3) Que instrumentos gerenciais devem ser estabelecidos? Planejar/controlar/monitorar a operação terceirizada. 4) Como avaliar os resultados? Indicadores (medir a performance). 8.7 Desenvolvendo e implementando parcerias com prestadores de serviço logístico As parcerias logísticas, embora tragam normalmente benefícios e são operações de sucesso, são relações caras, em função do tempo e do esforço necessários para a sua operacionalização efetiva. Isso requer uma análise profunda por parte dos envolvidos, de modo a garantir um resultado proveitoso para ambos. Uma maneira de realizar este processo é descrito na Figura 8 e envolve três componentes principais: motivadores, características do parceiro e instrumentos gerenciais e operacionais. Introdução à Logística Prof. Moacir Deimling 26 8.8 Motivadores (ganhos desejados) maior eficiência na utilização de ativos (veículos, armazéns); melhorar os indicadores de serviço ao cliente (disponibilidade de produtos, tempo de entrega); obter vantagem competitiva (foco no negócio, economia de escala) estabilizar receitas e despesas (previsibilidade do fluxo de caixa – contratos de longo prazo, preços de frete com base no mínimo). Figura 8 – Modelo do processo de parcerias Fonte: Fleury, 2000, p. 360 8.9 Características do parceiro atitudes gerenciais; padrão de convivência; filosofia empresarial; imagem da empresa. 8.10 Instrumentos gerenciais e operacionais definição de indicadores de desempenho (operacional); procedimentos e métodos (operacional); política para troca de informações, política de investimentos; grau de formalização contratual. Uma vez definido que a parceria pode ser uma alternativa viável para a empresa, se faz necessário determinar o nível de integração entre a empresa e seu operador logístico. Este se dá pela combinação de forças entre os motivadores para a parceria e as características das empresas, e pode ser separado em três tipos quanto à integração da parceria logística. Tipo I – integração pequena, pouco abrangente atividades em comum como planejamento e coordenação. Foco no curto prazo e envolve poucos setores das empresas (distribuição física) Tipo II – Existe a integração de atividades, com perspectiva de longo prazo para o relacionamento. Vários departamentos das empresas estão envolvidos (ex. Distribuição física, vendas, produção) Tipo III – Há a integração operacional e gerencial evidentes, no qual cada empresa percebe a outra como parte de seu próprio negócio. Não há prazo estipulado para o término da relação. O desenvolvimento e adoção de instrumentos gerenciais e operacionais (mais ou menos sofisticados) vão refletir o nível da empresa quanto à integração da parceria logística. 8.11 Instrumentos gerenciais e operacionais São utilizados para coordenar e controlar a parceria logística, tanto no dia-a-dia das operações, como no estabelecimento de diretrizes gerais para o relacionamento. São elas: Introdução à Logística Prof. Moacir Deimling 27 estabelecimento de procedimentos e métodos (recebimento, expedição, armazenagem); definição de indicadores de desempenho (produtividade, qualidade, níveis de serviço); política para troca de informações (quais informações serão trocadas e como se dará); formalização contratual (cláusulas do contrato – exclusividade, penalidades); política de investimentos (aquisição e operação de ativos – equipamentos, veículos, armazéns, e capacitação de recursos humanos) Assim, as parcerias podem se caracterizar por um maior ou menor grau de integração. O Quadro 6 e 7 ilustra as diferenças entre os tipos de integração de parcerias logísticas, quanto a aspectos operacionais e gerenciais. Quadro 6– Níveis de integração na parceria logística e seus reflexos na sofisticação dos instrumentos operacionais Tipos de parceria logística I II III Instrumentos Operacionais Características Estabelecimento de procedimentos e métodos Estilo Ad hoc (sob encomenda) Regular Sistemática Foco Atividade ou tarefa Processo Parceria Formato Compartilhamento de planejamento existente Atuação conjunta Atuação conjunta com envolvimento de todos os níveis hierárquicos Flexibilidade O prestador de serviço não faz sugestões O prestador de serviço pode apresentar sugestões O prestador de serviço também estabelece procedimentos Indicadores de desempenho Elaboração Estipuladas de maneira independente Estipulados conjuntamente e focam o desempenho do prestador de serviços Estipulados conjuntamente e focam o desempenho do prestador de serviço e do fabricante Abrangência Baixa Média Alta Quadro 7 – Níveis de integração na parceria logística e seus reflexos na sofisticação dos instrumentos gerenciais Tipos de parceria logística I II III Instrumentos Gerenciais Características Política para troca de informações Organização Informal Programação regular Sistemática: manual ou eletrônica Fluxo Somente de fabricante
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