Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Módulo: Tributação do produtor rural pessoa jurídica MÉTODO ESPECIALISTA EM TRIBUTÁRIO DO AGRONEGÓCIO Fernanda Bueno MÉTODO ESPECIALISTA EM TRIBUTÁRIO DO AGRONEGÓCIO 2 PRODUTOR RURAL PESSOA JURÍDICA O produtor rural pessoa jurídica é a empresa legalmente constituída que se dedica à atividade agropecuária ou pesqueira, em área urbana ou rural, com fins exclusivamente de produção rural. Segundo o artigo 2° da IN 83/2001 com redação a seguir são considerados atividades rurais: Artigo 2° da IN 83/2001 Art. 2º Considera-se atividade rural: I - a agricultura; II - a pecuária; III - a extração e a exploração vegetal e animal; IV - a exploração de atividades zootécnicas, tais como apicultura, avicultura, cunicultura, suinocultura, sericicultura, piscicultura e outras culturas de pequenos animais; V - a atividade de captura de pescado in natura, desde que a exploração se faça com apetrechos semelhantes aos da pesca artesanal (arrastões de praia, rede de cerca, etc.), inclusive a exploração em regime de parceria; VI - a transformação de produtos decorrentes da atividade rural, sem que sejam alteradas as características do produto in natura, feita pelo próprio agricultor ou criador, com equipamentos e utensílios usualmente empregados nas atividades rurais, utilizando exclusivamente matéria-prima produzida na área rural explorada, tais como: a) beneficiamento de produtos agrícolas: 1. descasque de arroz e de outros produtos semelhantes; 2. debulha de milho; 3. conservas de frutas; b) transformação de produtos agrícolas: 1. moagem de trigo e de milho; 2. moagem de cana-de-açúcar para produção de açúcar mascavo, melado, rapadura; 3. grãos em farinha ou farelo; c) transformação de produtos zootécnicos: 1. produção de mel acondicionado em embalagem de apresentação; 2. laticínio (pasteurização e acondicionamento de leite; transformação de leite em queijo, manteiga e requeijão); 3. produção de sucos de frutas acondicionados em embalagem de apresentação; 4. produção de adubos orgânicos; d) transformação de produtos florestais: 1. produção de carvão vegetal; 2. produção de lenha com árvores da propriedade rural; 3. venda de pinheiros e madeira de árvores plantadas na propriedade rural; e) produção de embriões de rebanho em geral, alevinos e girinos, em propriedade rural, independentemente de sua destinação (reprodução ou comercialização). Resumindo, segundo o Regulamento do Imposto de Renda, é considerado produtor rural a pessoa física ou jurídica que explore atividades agrícolas e/ou pecuárias, onde não sejam alteradas a composição e as características do produto in natura. Ainda de acordo com tais artigos, o produtor rural que realizar o beneficiamento e a industrialização de sua produção, ou que comercializar a produção rural de terceiros, deverá se regularizar como pessoa jurídica (empresa comercial), não sendo mais considerado produtor rural. MÉTODO ESPECIALISTA EM TRIBUTÁRIO DO AGRONEGÓCIO 3 A pessoa jurídica que tenha por objeto a exploração da atividade rural pagará o imposto sobre a renda e o adicional de acordo com as normas aplicáveis às demais pessoas jurídicas. Art .477, Decreto 9.580/2018. Art. 477. A pessoa jurídica que tenha por objeto a exploração da atividade rural pagará o imposto sobre a renda e o adicional de acordo com as normas aplicáveis às demais pessoas jurídicas. A pessoa jurídica que explorar a atividade rural determinará o imposto de renda com base no lucro real, presumido ou arbitrado, por períodos de apuração trimestrais. Existe também opção pela apuração pelo lucro real, em 31 de dezembro de cada ano, desde que faça apuração por estimativa, ou apuração com suspensão. Assim, pode determinar o imposto de renda com base no lucro real, presumido ou arbitrado, por períodos de apuração trimestrais, encerrados nos dias 31 de março, 30 de junho, 30 de setembro e 31 de dezembro de cada ano-calendário. Sendo assim as atividades rurais são tributadas com base em: Lucro real; Lucro presumido; Lucro arbitrado; e Simples Nacional. Sujeitando-se: Imposto de Renda 15 %; Adicional de Imposto de Renda 10% ; e CSLL 9%. Artigo 2° e 3° do Decreto 9.580/2018. Art. 2º O imposto de renda das pessoas jurídicas e a contribuição social sobre o lucro líquido serão determinados segundo as normas da legislação vigente, com as alterações desta Lei. Art. 3º A alíquota do imposto de renda das pessoas jurídicas é de quinze por cento. § 1º A parcela do lucro real, presumido ou arbitrado, que exceder o valor resultante da multiplicação de R$ 20.000,00 (vinte mil reais) pelo número de meses do respectivo período de apuração, sujeita-se à incidência de adicional de imposto de renda à alíquota de dez por cento. § 2º O disposto no parágrafo anterior aplica-se, inclusive, nos casos de incorporação, fusão ou cisão e de extinção da pessoa jurídica pelo encerramento da liquidação. § 3º O disposto neste artigo aplica-se, inclusive, à pessoa jurídica que explore atividade rural de que trata a Lei nº 8.023, de 12 de abril de 1990. § 4º O valor do adicional será recolhido integralmente, não sendo permitidas quaisquer deduções. RECEITA BRUTA http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8023.htm MÉTODO ESPECIALISTA EM TRIBUTÁRIO DO AGRONEGÓCIO 4 IN RFB 1700/2017 Art. 251. Observado o disposto no art. 26, considera-se receita bruta da atividade rural aquela decorrente da exploração das atividades relacionadas no art. 249. Parágrafo único. O regime tributário estabelecido para a pessoa jurídica rural não permite a inclusão de receitas e despesas de outras atividades, as quais, se existentes, deverão ser segregadas nos termos do art. 254. Art. 252. Integram também a receita bruta da atividade rural: I - os valores recebidos de órgãos públicos, tais como auxílios, subvenções, subsídios, Aquisições do Governo Federal (AGF) e as indenizações recebidas do Programa de Garantia da Atividade Agropecuária (Proagro); II - o valor da entrega de produtos agrícolas pela permuta com outros bens ou pela dação em pagamento; e III - as sobras líquidas da destinação para constituição do Fundo de Reserva e do Fundo de Assistência Técnica, Educacional e Social, previstos no art. 28 da Lei nº 5.764, de 16 de dezembro de 1971, quando creditadas, distribuídas ou capitalizadas à pessoa jurídica rural cooperada. Art. 253. A receita bruta da atividade rural decorrente da comercialização dos produtos deve ser comprovada por documentos usualmente utilizados nessa atividade, tais como Nota Fiscal de Produtor e demais documentos oficialmente reconhecidos pelas administrações fiscais dos estados. SEGREGAÇÃO DE RECEITAS No caso de a pessoa jurídica produtora rural também desenvolver outros fins de natureza diversa e desejar beneficiar-se dos incentivos fiscais próprios concedidos àquela atividade, deverá manter escrituração em separado dos demais resultados com o fim de segregar as receitas, os custos e as despesas referentes à produção rural de modo a permitir a determinação da receita líquida por atividade IN RFB 1700/2017 Art. 254. A pessoa jurídica rural que explorar outras atividades deverá segregar, contabilmente, as receitas, os custos e as despesas referentes à atividade rural das demais atividades e demonstrar, no Lalur de que trata o caput do art. 310, separadamente, o lucro ou prejuízo contábil, o lucro real ou prejuízo fiscal e o resultado ajustado positivo ou negativo dessas atividades. § 1º A pessoa jurídica rural deverá ratear proporcionalmente à percentagem que a receita líquida de cada atividade representar em relação à receita líquida total: I- os custos e as despesas comuns a todas as atividades; II - os custos e as despesas não dedutíveis, comuns a todas as atividades, a serem adicionados ao lucro líquido, na determinação do lucro real e do resultado ajustado; III - os demais valores comuns a todas as atividades, que devam ser computados no lucro real e no resultado ajustado. § 2º Na hipótese de a pessoa jurídica rural não apurar receita líquida no ano-calendário, a determinação da percentagem prevista no § 1º será efetuada com base nos custos ou despesas de cada atividade explorada. Não fará jus aos benefícios a Pessoa Jurídica que não segregar contabilmente as receitas, os custos e as despesas referentes à atividade rural das demais atividades, tendo em vista que somente por meio desta forma de tributação se poderá proceder à correta determinação dos resultados da atividade rural, com vistas ao uso dos citados incentivos. MÉTODO ESPECIALISTA EM TRIBUTÁRIO DO AGRONEGÓCIO 5 DESPESAS DE CUSTEIO IN RFB 1700/2017 Art. 255. Considera-se despesa de custeio aquela necessária à percepção dos rendimentos da atividade rural e à manutenção da respectiva fonte produtora, relacionada com a natureza das atividades rurais exercidas. Art. 256. As despesas de custeio deverão estar lastreadas em documentos idôneos, tais como nota fiscal, fatura, duplicata, recibo, contrato de prestação de serviços, laudo de vistoria de órgão financiador e folha de pagamento de empregados, identificando claramente a destinação dos recursos. Parágrafo único. A nota fiscal simplificada e o cupom de máquina registradora, quando identificarem o destinatário das mercadorias ou produtos, são documentos hábeis para comprovar as despesas efetuadas pelas pessoas jurídicas na apuração do resultado da atividade rural DEPRECIAÇÃO ACELERADA INCENTIVADA A depreciação é o nome que se dá ao registro contábil da redução do valor dos bens do ativo pelo desgaste ou perda de utilidade por uso, ação da natureza ou obsolescência. A perda da vida útil do bem é registrada como custo ou despesa operacional. Como isso não pode se dar de forma aleatória, o registro é determinado mediante aplicação da taxa de depreciação, que varia caso a caso, sobre o valor do bem em reais. O limite de depreciação é o próprio valor contábil do bem.Prevista no Art. 314, RIR/99 e na MP 2.159-70/01, para o IR, e no Art. 104 da IN SRF 390/2004,91 para a CSLL, a depreciação acelerada incentivada nada mais significa do que benefício fiscal relativo ao agronegócio no Brasil que resulta na postergação do pagamento do IRPJ e da CSLL devidos em relação à aquisição de ativo imobilizado, desde que seja bem aplicado na produção agrícola. A legislação assume por “bens do ativo imobilizado” máquinas e implementos agrícolas, veículos de cargas e utilitários rurais, reprodutores e matrizes, ou seja, qualquer ativo permanente destinado à produção. Dito em outras palavras, são todos os bens que, vinculados à atividade produtiva que compõem o patrimônio físico e durável da empresa. Contudo, nessa categoria, não se inclui a aquisição da terra nua, que não se submete a depreciação acelerada.Para os produtores, os valores gastos na aquisição desses bens do ativo imobilizado são depreciados (deduzidos) totalmente no próprio ano-calendário de aquisição, quando, pelo regime geral, apenas a primeira parcela de depreciação (dedução) poderia ocorrer no primeiro ano. No caso da atividade rural, como ela é incentivada, a postergação do que deveria ter sido depreciado, conforme a vida útil do bem, incorre concentrando-se toda a dedução possível daquele bem no ano de aquisição. MÉTODO ESPECIALISTA EM TRIBUTÁRIO DO AGRONEGÓCIO 6 Resumindo então, com o objetivo de fomentar a atividade do agronegócio, houve a edição da Medida Provisória 2.159-70/2001, a qual dispõe no artigo 6º que: “Os bens do ativo permanente imobilizado, exceto a terra nua, adquiridos por pessoa jurídica que explore a atividade rural, para uso nessa atividade, poderão ser depreciados integralmente no próprio ano da aquisição”. Medida Provisória 2.159-70/2001 Art. 6o Os bens do ativo permanente imobilizado, exceto a terra nua, adquiridos por pessoa jurídica que explore a atividade rural, para uso nessa atividade, poderão ser depreciados integralmente no próprio ano da aquisição. Decreto 9580/2018 Art. 325. Os bens do ativo não circulante imobilizado, exceto a terra nua, adquiridos por pessoa jurídica que explore a atividade rural, de que trata o art. 51 , para uso nessa atividade, poderão ser depreciados integralmente no próprio ano de aquisição RESULTADO DA ATIVIDADE RURAL IN RFB 1700/2017 Art. 257. Considera-se resultado da atividade rural a diferença entre os valores das receitas auferidas e das despesas incorridas no período de apuração, correspondentes a todas as unidades rurais exploradas pela pessoa jurídica rural. § 1º O resultado obtido na alienação de bens utilizados exclusivamente na produção, com exceção da terra nua, observado o disposto no § 5º do art. 260 e nos arts. 266 e 268, compõe o resultado da atividade rural. § 2º Integra também o resultado da atividade rural a realização da contrapartida da reavaliação dos bens utilizados exclusivamente na atividade rural. § 3º O resultado da atividade rural, apurado na forma prevista neste Capítulo, quando positivo, integrará as bases de cálculo do IRPJ e da CSLL das pessoas jurídicas rurais. PREJUÍZO ACUMULADO O prejuízo apurado pela pessoa jurídica na exploração de atividade rural poderá ser compensado com o resultado positivo obtido na mesma atividade em períodos de apuração posteriores, desconsiderado o limite previsto no caput do art. 580 (30%). Lei nº 8.023, de 1990, art. 14 e art. 583, Decreto 9.580/2018. Art. 583. O prejuízo apurado pela pessoa jurídica na exploração de atividade rural poderá ser compensado com o resultado positivo obtido na mesma atividade em períodos de apuração posteriores, desconsiderado o limite previsto nocaputdo art. 580 (Lei nº 8.023, de 1990, art. 14). http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2018/Decreto/D9580.htm#anexoart51 MÉTODO ESPECIALISTA EM TRIBUTÁRIO DO AGRONEGÓCIO 7 IRPJ E CSLL O IRPJ - Imposto sobre a Renda - e a CSLL - Contribuição Social sobre o Lucro Líquido – possuem o mesmo sistema de tributação, devendo, portanto, ser analisados juntos. A tributação do IRPJ/CSLL na atividade rural segue o aplicável para todas as pessoas jurídicas, sem distinção, inclusive sujeitando-se ao adicional do imposto de renda à alíquota de 10% (dez por cento). Diferem- se apenas em face de alguns benefícios e incentivos destinados especificamente para a atividade rural. Podemos subdividir essa incidência em três principais sistemáticas de apuração: lucro real, lucro presumido e lucro arbitrado. Em quaisquer dos regimes em que as contas sejam apuradas – lucro real, presumido ou arbitrado – a parcela do que exceder o valor resultante da multiplicação de R$ 20.000,00 reais pelo número de meses do respectivo período de apuração, se sujeita à incidência de adicional de imposto à alíquota de 10%. O adicional se aplica, inclusive, à pessoa jurídica que explore atividade rural e nos casos de incorporação,fusão ou cisão e de extinção da pessoa jurídica pelo encerramento da liquidação. Será recolhido integralmente como receita da União, não sendo permitidas quaisquer deduções. Quando se faz o cálculo no Lucro presumido, o adicional poderá ser alcançado mediante a aplicação de 10% sobre a parcela do lucro presumido que exceder ao valor de R$60.000,00. Incidirá, portanto, sobre o lucro que excede o limite legal, mas calculado sobre a base de cálculo da presunção que superar ao valor de R$60.000,00 em cada trimestre. No caso do Lucro real, o adicional será calculado mediante a aplicação de 10% sobre o excedente da receita tributável acimado valor de R$20.000,00, multiplicado pelo número de meses do período da apuração daquela empresa. LUCRO PRESUMIDO Pode-se dizer que o lucro presumido é uma forma de tributação simplificada para apurarmos a base de cálculo IRPJ (Imposto de Renda da Pessoa Jurídica) e CSLL (Contribuição Social sobre o Lucro Líquido). Enquanto no lucro real temos que apurar o resultado real, escriturando todas as despesas para deduzir das receitas, no lucro presumido a própria Receita Federal presume qual será o lucro da determinada empresa. MÉTODO ESPECIALISTA EM TRIBUTÁRIO DO AGRONEGÓCIO 8 Para que a empresa possa optar por esse regime tributário ela deve, obrigatoriamente ter o seu faturamento anual inferior a R$ 78 milhões e não estar nos demais itens de obrigatoriedade trazidos pela Lei 9.718/1998. Lei n° 9.718/1998 Art. 14. Estão obrigadas à apuração do lucro real as pessoas jurídicas: I - cuja receita total no ano-calendário anterior seja superior ao limite de R$ 78.000.000,00 (setenta e oito milhões de reais) ou proporcional ao número de meses do período, quando inferior a 12 (doze) meses; II - cujas atividades sejam de bancos comerciais, bancos de investimentos, bancos de desenvolvimento, caixas econômicas, sociedades de crédito, financiamento e investimento, sociedades de crédito imobiliário, sociedades corretoras de títulos, valores mobiliários e câmbio, distribuidoras de títulos e valores mobiliários, empresas de arrendamento mercantil, cooperativas de crédito, empresas de seguros privados e de capitalização e entidades de previdência privada aberta; III - que tiverem lucros, rendimentos ou ganhos de capital oriundos do exterior; IV - que, autorizadas pela legislação tributária, usufruam de benefícios fiscais relativos à isenção ou redução do imposto; V - que, no decorrer do ano-calendário, tenham efetuado pagamento mensal pelo regime de estimativa, na forma do art. 2° da Lei n° 9.430, de 1996; VI - que explorem as atividades de prestação cumulativa e contínua de serviços de assessoria creditícia, mercadológica, gestão de crédito, seleção e riscos, administração de contas a pagar e a receber, compras de direitos creditórios resultantes de vendas mercantis a prazo ou de prestação de serviços (factoring). VII - que explorem as atividades de securitização de créditos imobiliários, financeiros e do agronegócio Como podemos ver, atividade rural não está relacionada dentre as obrigadas à apuração pelo Lucro Real. Assim sendo, considerando meramente a atividade, é possível a opção pelo regime de tributação com base no Lucro Presumido, desde que não seja extrapolado o limite de faturamento de R$ 78 milhões ao ano, quando então ficará obrigada à opção pelo Lucro Real. Quando se faz a opção pelo lucro presumido, a empresa terá sua base de cálculo de IRPJ e CSLL encontrada através da multiplicação da receita bruta auferida pela alíquota de presunção pré- fixada pela Receita Federal, considerado ser a margem de lucro específica de acordo com a atividade econômica da empresa. Quando falamos da atividade rural, cabe dizer, que a margem de presunção para a base de cálculo de IRPJ é de 8% e da CSLL é de 12%, ou seja para produtores rurais que possuam um lucro superior a 8% pode ser vantajoso optar pelo lucro presumido se analisarmos tão somente esses dois tributos (mas para fazer o planejamento tributário de maneira eficaz deve-se levar em consideração os demais tributos). IN RFB 1700/2017 Art. 265. A pessoa jurídica rural poderá optar pela tributação com base no lucro presumido e no resultado presumido, desde que não utilize qualquer incentivo aplicável a essa atividade, observado o disposto neste Capítulo e nas normas aplicáveis às demais pessoas jurídicas. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9430.htm#art2 MÉTODO ESPECIALISTA EM TRIBUTÁRIO DO AGRONEGÓCIO 9 Art. 266. A pessoa jurídica rural que tiver usufruído o benefício fiscal da depreciação acelerada incentivada e vier, posteriormente, a ser tributada pelo lucro presumido e pelo resultado presumido, caso aliene o bem depreciado com o incentivo durante a permanência nesse regime, deverá adicionar à base de cálculo para determinação do lucro presumido e do resultado presumido o saldo remanescente da depreciação não realizada. APURAÇÃO IRPJ No lucro presumido, o produtor rural pessoa jurídica será tributado pelo período trimestral aplicando-se o percentual de 8% sobre a receita bruta auferida nas atividades classificadas neste segmento no período correspondente. Após aplicar o percentual de presunção chegamos à base de cálculo para fins de recolhimento do IRPJ, sobre o qual será aplicado a alíquota de 15% à título de IRPJ. Lei 9.249/95 Art. 3º A alíquota do imposto de renda das pessoas jurídicas é de quinze por cento. (...) Art. 15. A base de cálculo do imposto, em cada mês, será determinada mediante a aplicação do percentual de 8% (oito por cento) sobre a receita bruta auferida mensalmente, observado o disposto no art. 12 do Decreto-Lei no 1.598, de 26 de dezembro de 1977, deduzida das devoluções, vendas canceladas e dos descontos incondicionais concedidos, sem prejuízo do disposto nos arts. 30, 32, 34 e 35 da Lei no 8.981, de 20 de janeiro de 1995. Além disso, o produtor rural pessoa jurídica deve aplicar a alíquota de 10% sobre a parcela do lucro presumido que excedoer o valor resultante da multiplicação de R$ 20.000,00 pelo número de meses do período de apuração e recolher à titulo de adicional de IRPJ. Artigo 3°, §1° da Lei 9.249/95 § 1º A parcela do lucro real, presumido ou arbitrado, que exceder o valor resultante da multiplicação de R$ 20.000,00 (vinte mil reais) pelo número de meses do respectivo período de apuração, sujeita-se à incidência de adicional de imposto de renda à alíquota de dez por cento. RESUMO IRPJ % BASE LEGAL Presunção 8% Artigos 3° e 15 da Lei 9.249/95 Alíquota 15% Código do DARF 2089 Adicional IRPJ 10% Artigo 3°, §1% da Lei 9.249/95 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del1598.htm#art12 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8981.htm#art30 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8981.htm#art30 MÉTODO ESPECIALISTA EM TRIBUTÁRIO DO AGRONEGÓCIO 10 APURAÇÃO CSLL A Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) está prevista nos Arts. 195, I, “c”, CF/88; nas Leis 7.689/88, 9.249/95 e 9.430/96; e, em especial, na IN SRF n. 257/02. A CSLL foi instituída pela Lei 7.689/88. São contribuintes da CSLL todas as pessoas jurídicas domiciliadas no País e as que lhe são equiparadas pela legislação do IRPJ. A CSLL possui dois regimes jurídicos gerais: real ou presumido e a opção feita no IRPJ é automaticamente acompanhada no sistema da CSLL. Assim, em sendo pessoa jurídica tributada pelo lucro real, receberá CSLL com alíquota 9% sobre seu lucro líquido. Na hipótese de optante pelo regime de Lucro Presumido, a alíquota 9% incidirá sobre a base de cálculo presumida de 12% (regra geral) ou de 32% (exceção) sobre a receita bruta. Por conta das diferenças entre as bases de cálculos nesses regimes de apuração, a alíquota efetiva da CSLL variará de 1,08% sobre a receita bruta a 9% sobre o lucro. Na CSLL, o resultado presumido ou arbitrado (base de cálculo) será a soma dos seguintes valores: 1) o percentual da receita bruta auferida no trimestre, excluídas as vendas canceladas, as devoluções de vendas, os descontos incondicionais concedidos e os impostos não cumulativos cobrados destacadamente do comprador dos quais o vendedor dos bens ou prestador de serviços seja mero depositário, correspondente a: a) 12% (doze por cento), para as pessoas jurídicas em geral; ou b) 32% (trinta e dois por cento), para as pessoas jurídicas que desenvolvam as atividades de prestação de serviços em geral,exceto a de serviços hospitalares; intermediação de negócios; administração, locação ou cessãode bens imóveis, móveis e direitos de qualquer natureza; prestação cumulativa e contínua de serviços de assessoria creditícia, mercadológica, gestão de crédito, seleção de riscos, administração de contas a pagar e a receber, compra de direitos creditórios resultantes de vendas mercantis a prazo ou de prestação de serviços (factoring). Já para a CSLL, o produtor rural pessoa jurídica será tributado pelo período trimestral aplicando-se o percentual de 12% sobre a receita bruta auferida na atividade rural. Após aplicar o percentual de presunção chegamos à base de cálculo para fins de recolhimento da CSLL, sobre o qual será aplicado a alíquota de 9% à título de CSLL. Lei 9.249/95 MÉTODO ESPECIALISTA EM TRIBUTÁRIO DO AGRONEGÓCIO 11 Art. 20. A base de cálculo da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) devida pelas pessoas jurídicas que efetuarem o pagamento mensal ou trimestral a que se referem os arts. 2º, 25 e 27 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996, corresponderá aos seguintes percentuais aplicados sobre a receita bruta definida pelo art. 12 do Decreto-Lei nº 1.598, de 26 de dezembro de 1977, auferida no período, deduzida das devoluções, das vendas canceladas e dos descontos incondicionais concedidos: RESUMO CSLL % BASE LEGAL Presunção 12% Artigo 20 da Lei 9.249/95; artigo 28 da Lei 9430/96; inciso III do artigo 3° da Lei 7689/88 Alíquota 9% Código do DARF 2372 SIMULAÇÃO Produtor rural de soja com o seguinte faturamento no ano de 2021. COMPETÊNCIA RECEITA JANEIRO R$ 150.000,00 FEVEREIRO R$ 325.000,00 MARÇO R$ 498.000,00 ABRIL R$ 128.000,00 MAIO R$ 58.000,00 JUNHO R$ 63.000,00 Apuração IRPJ e CSLL 1° Trimestre/2021 Faturamento R$ 973.000,00 IRPJ Presunção 8% - R$ 77.840,00 Alíquota 15% - R$ 11.676,00 Adicional de IRPJ Alíquota 10% - R$ 1.784,00 CSLL Presunção 12% - R$ 77.840,00 Alíquota 9% - R$ 11.676,00 IRPJ Faturamento R$ 973.000,00 (x) Presunção 8% = R$ 77.840,00 (x) alíquota 15% = R$ 11.676,00 Adicional IRPJ Presunção R$ 77.840,00 (–) R$ 60.000,00 (3 meses de R$ 20.000,00) = R$ 17.840,00 (x) alíquota 10% R$ 1.784,00 CSLL Faturamento R$ 973.000,00 (x) Presunção 12% = R$ 116.760,00 (x) alíquota 9% = R$ 10.508,40 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9430.htm#art2 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9430.htm#art25 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9430.htm#art27 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9430.htm#art27 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del1598.htm#art12 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del1598.htm#art12 MÉTODO ESPECIALISTA EM TRIBUTÁRIO DO AGRONEGÓCIO 12 Apuração IRPJ e CSLL 2° Trimestre/2021 Faturamento R$ 249.000,00 IRPJ Presunção 8% - R$ 19.920,00 Alíquota 15% - R$ 2.988,00 Adicional de IRPJ Alíquota 10% - R$ 0,00 CSLL Presunção 12% - R$ 29.880 Alíquota 9% - R$ 2.689,20 IRPJ Faturamento R$ 249.000,00 (x) Presunção 8% = R$ 19.920,00 (x) alíquota 15% = R$ 2.988,00 Adicional IRPJ Presunção R$ 19.920,00 (–) R$ 60.000,00 (3 meses de R$ 20.000,00) = (R$ 40.080,00) Não tributa CSLL Faturamento R$249.000,00 (x) Presunção 12% = R$ 29.880,00 (x) alíquota 9% = R$ 2.689,20
Compartilhar