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ÁLCOOL E DROGAS Epidemiologia Álcool é a droga mais consumida do mundo: 6,2 litros-dia/pessoa (+15a) LENAD II (2012): 50% da pop. consumiu álcool no último ano Uso de substâncias no último ano: Tranquilizantes (6%), Maconha (2,5%), Cocaína (1,7%), Estimulantes (1,1%), Crack (0,7%), Morfina (0,6%), Alucinógenos (0,5%) Dependência de álcool - 10,5% Homens; 3,6% Mulheres Aumento expressivo do consumo semanal de álcool e redução progressiva entre o "gap" de uso de álcool e outras drogas entre homens e mulheres Neurobiologia da dependência química Influência genética importante (49% herdabilidade para tr. do uso de álcool) Base neurobiológica: circuito de recompensa cerebral (dopamina e glutamato) · córtex orbitofrontal e pré-frontal · área tegmentar ventral anterior · núcleo accumbens Responsável pela sensação de prazer em atividades essenciais para a sobrevivência e leva o sujeito a desejar repetir tais experiências Uso de drogas · maior liberação de dopamina (2 a 10x) · leva ao desejo de repetir o uso tanto para obter prazer quanto para evitar estados aversivos · mecanismo regulatório diminui a liberação de dopamina em outras situações Abordagem inicial O uso da substância raramente é o motivo primário da busca por atendimento É comum observar ambivalência e até negação em relação ao uso e necessidade de tratamento Prioridades na avaliação clínica: · Avaliação de quadros agudos e emergenciais (ex. intoxicação e abstinência) · Avaliar e diagnosticar padrão de uso e suas possíveis complicações · Avaliar comorbidades (clínicas e psiquiátricas) · Avaliar estágio de motivação do paciente para cessação do uso Informações importantes na avaliação (paciente ou familiares) · Primeiro uso, frequência de uso, via de uso e outros detalhe · Consequências na saúde, vida social e familiar, ocupacional/acadêmicas · Há percepção de perda de controle no uso? · Há sinais e sintomas físicos e mentais de desconforto entre o uso e alívio após o uso? · Houve tentativas de abstinência? · Houve problemas com a justiça/legais? · Houve aumento progressivo no padrão de uso? · Alterações na personalidade e no comportamento · Tratamentos prévios · Exame clínico: estado nutricional, higiene, sinais vitais, sinais indiretos de uso e sinais de comprometimento sistêmico (ex. hepatopatia, DPOC e cardiopatia) Abordagem – Avaliação clínica Exames laboratoriais · Hemograma completo · Sorologias · Glicemia · Coagulograma · Perfil lipídico · Proteínas totais e frações · Ácido fólico, vitamina B12 e vitamina D · Toxicológico · Função renal · Urina tipo 1 · Função hepática · Radiografia de tórax · Amilase · Eletrocardiografia · Eletrólitos (Na, Ca, Mg, K) · Neuroimagem, eletroencefalografia · Função tireoidiana Diagnóstico Padrão de uso + comportamentos associados + prejuízo social e funcional. Diagnóstico em espectro (DSM-5): Transtorno por uso de substância (leve, moderado e grave) Diagnóstico categorial (CID-11) · Uso perigoso · Episodio de uso nocivo · Padrão prejudicial de uso · Dependência Transtorno por uso de substâncias Grau de consumo Leve: presença de 2 ou 3 sintomas Moderado: presença de 4 ou 5 sintomas Grave: presença de 6 ou mais sintomas · Para qualquer diagnóstico, se usa esse mesmo critério Tratamento Tratamento multidisciplinar e individualizado Avaliação de tratamento de comorbidades Psicoterapia Entrevista Motivacional + Terapia cognitivo comportamental (Manejo de contingências e prevenção de recaídas) Recaídas são frequentes e não indicam fracasso Avaliar a motivação do paciente para a mudança: Pré-contemplação Não identifica problema e não tem intenção de mudança Contemplação Há consciência do problema e desejo de mudança, mas ambivalente Determinação Intenção de mudar, porém sem estratégias Ação Mudança no comportamento Manutenção Mudança sustentada no comportamento Transtorno por uso de álcool Depressor do sistema nervoso central Intoxicação por álcool: fala arrastada, tontura, incoordenação, instabilidade de marcha, nistagmo, prejuízo na atenção e/ou memória, desinibição do comportamento, labilidade emocional, visão dupla, estupor e coma Síndrome de abstinência: hiperativação autonômica (taquicardia, taquipneia, elevação de pressão arterial, sudorese), psíquica (ansiedade, irritabilidade, inquietação, insônia), tremores, náuseas e vômitos Tratamento farmacológico específico: · Dissulfiram · Naltrexona · Acamprosato · Topiramato/Gabapentina Transtorno por uso de substâncias Complicações associadas ao uso de álcool · Trato gastrintestinal: gastrite, úlcera gástrica e/ou duodenal, lesão hepática/cirrose hepática, pancreatite, câncer de esôfago. · Sistema cardiovascular: hipertensão, miocardiopatia, hipercolesterolemia e hipertrigliceridemia. · SNC: déficit cognitivo, comprometimento de memória, alterações degenerativas do cerebelo, síndrome de Wernicke- Korsakoff e alucinose alcoólica. · Sistema nervoso periférico: parestesias, fraqueza muscular, perda de sensibilidade. · Aumento do risco de suicídio, transtornos de humor, ansiedade, transtornos psicóticos e síndrome alcoólica fetal Transtornos por uso de benzodiazepínicos Depressores do SNC sistema gabaérgico Efeitos: sonolência, sedação, relaxamento muscular, sensação de bem-estar e aumento do limiar convulsivo. Intoxicação é semelhante a do álcool A interrupção abrupta pode levar a um quadro de abstinência Usar benzodiazepínicos de meia vida longa (diazepam ou clonazepam) para tratamento e desmame O uso adicional de alguns fármacos pode ajudar no processo de desmame antipsicóticos, antidepressivos sedativos, melatonina e ácido valproico Consequências de longo prazo de uso de benzodiazepínicos: delirium, transtorno amnéstico persistente, transtorno do sono, transtornos ansiosos, alterações de humor, quadros psicóticos, aumento do risco de queda e acidentes em geral Transtornos por uso de inalantes Hidrocarbonetos voláteis depressores do SNC (solventes para colas, propelentes, diluentes e combustíveis) Efeitos: euforia, comportamento desinibido, sensação de flutuação, ilusões, náuseas e/ou vômitos, anorexia, dores musculares, hiperemia de conjuntiva, diplopia, zumbido, fala pastosa, vertigem, alteração de marcha, ataxia, crise de ansiedade, alucinações, arritmias, depressão respiratória, rebaixamento do nível de consciência e morte súbita Evitar o uso de benzodiazepínicos pelo risco de depressão respiratória Síndrome de abstinência é rara, mas pode ocorrer => cefaleia, náusea, tremores, alucinações, insônia, letargia. Não há tratamento específico. Consequências de uso no longo prazo: arritmias, isquemia do miocárdio, enfisema, lesões hepática e renal, supressão da medula óssea e complicações neurológicas Transtornos por uso de cocaína Cocaína e anfetaminas Estimulantes do SNC que agem no sistema dopaminérgico Efeitos: hipervigilância, agitação, insônia, autoconfiança elevada, sensação de bem- estar, midríase, hipertermia, sudorese ou calafrios, taquicardia, hipertensão, tremores, distonia, discinesias, fraqueza muscular, diminuição do apetite, náusea e/ou vômito, crise de ansiedade, alucinações e paranoia, arritmias, rabdomiólise, dor torácica, confusão, convulsão e coma Abstinência: fissura, irritabilidade, agitação, ansiedade, letargia, fadiga, pesadelos, sonolência, anedonia, humor disfórico ou hipotímico, cefaleia, sudorese, cãibra, cólica e fome Benzodiazepínicos podem ser usados no tratamento da intoxicação e da abstinência · Não há tratamento específico para dependência. Transtorno por uso de cocaína As complicações e consequências de longo prazo são numerosas: congestão nasal, sangramento e ulceração da mucosa nasal, perfuração de septo nasal, danos pulmonares (via pulmonar), infecções, embolias,transmissão HIV/hepatites B e C (via IV), distonia aguda, tiques, cefaleia, doenças cerebrovasculares (infartos cerebrais não hemorrágicos e hemorrágicos, ataque isquêmico transitório), arritmias, miocardiopatias, eventos tromboembólicos, dor torácica, infarto agudo do miocárdio, convulsão, estado de malepiléptico, transtorno de humor (transtorno afetivo bipolar, transtorno depressivo), transtorno de ansiedade, transtorno obsessivo-compulsivo, transtorno psicótico, transtornos do sono e disfunção sexual Transtornos por uso de opioides Heroína e morfina depressores do SNC Efeitos: analgesia, apatia e/ou disforia, agitação ou retardo psicomotor, fala arrastada, miose, retenção urinária, obstipação intestinal, bradicardia, hipotermia, hipotensão, depressão respiratória, convulsão, torpor e coma Rebaixamento do nível de consciência, miose e depressão respiratória naloxona 0,4 a 0,8 mg (reverte na hora) Abstinência: fissura, ansiedade, disforia, fadiga, irritabilidade, inquietação, sono fragmentado, náuseas, vômitos, diarreia, dores muscular e óssea, espasmo muscular, cãibra abdominal, midríase, hipertensão arterial, taquicardia e hipertermia Manejo: Suporte clínico. Metadona, Buprenorfina e Clonidina Desmame gradual Transtorno por uso de cannabis Cannabis sativa Canabinóides e THC Endocanabinóides Efeitos: euforia, relaxamento, alteração da percepção de tempo, cores, sons, textura e paladar, aumento do apetite, hiperemia conjuntival, midríase, boca seca, leve taquicardia, hipotensão ortostática, tremores de mãos e alteração da coordenação motora e da atenção Consequências da intoxicação: hipervigilância, paranoia, ansiedade, crise de pânico, desrealização, despersonalização e alucinações Manejo: Benzodiazepínicos (pouco agitado 5mg/muito agitado 10mg) e Antipsicóticos Abstinência e dependência são raras. Não existe tratamento específico Consequências de longo prazo são controversa câncer de pulmão e complicações respiratórias, prejuízo cognitivo, psicoses e síndrome amotivacional Transtornos por uso de alucinógenos LSD, fenciclidina, mescalina, ibogaína, psilocibina, Ayahuasca e cetamina Grupo heteregênio de substâncias => Distorção da realidade e a uma experiência de expansão da consciência Efeitos: alterações da percepção (cores, sons, sabores, tempo, espaço), alucinações (comumente visuais), alteração das emoções, midríase, taquicardia, sudorese, palpitações, tremores e incoordenação até aumento da reflexão introspectiva com insights. Transtorno persistente da percepção induzido por alucinógenos flashbacks Manejo: Benzodiazepínicos podem ser usados na intoxicação e flashbacks. Antipsicóticos devem ser evitados (exceto se quadro psicótico franco) Consequências de longo prazo: quadros psicóticos, sintomas maniformes ou depressivos, ansiedade, transtorno do pânico e agorafobia Transtornos por uso de sintéticos Substâncias sintéticas: MDMA (metilenodioximetanfetamina), a metanfetamina, o GHB (gama-hidroxibutirato), a cetamina e o flunitrazepam MD: sensação de energia, aumento de prazer, aumento da percepção das emoções e da ligação com as pessoas, alteração da percepção sensorial e temporal, agitação, taquicardia Consequências da intoxicação: hipertermia, crise hipertensiva, arritmia, dor torácica, convulsão, rabdomiólise, síndrome serotoninérgica (dose muito alta de anti. Depressivo) e neuroléptica maligna
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