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DISFORIA DE GÊNERO

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1) Compreender:
a) identidade de gênero
Modo como o indivíduo se identifica com o seu gênero. Em suma, representa como a pessoa se reconhece: homem, mulher, ambos ou nenhum dos gêneros. O que determina a identidade de gênero é a maneira como a pessoa se sente e se percebe, assim como a forma que esta deseja ser reconhecida pelas outras pessoas. Transgênero é o indivíduo que se identifica com um gênero diferente daquele que lhe foi atribuído no nascimento. O cisgênero consiste no indivíduo que se identifica com o seu "gênero de nascença". Já o não-binário é a classificação que caracteriza a mistura entre masculino e feminino, ou a total indiferença entre ambos. Os indivíduos não-binários ultrapassam os papéis sociais que são atribuídos aos gêneros, criando uma terceira identidade que foge do padrão "homem-mulher". O termo "gênero" é usado para representar a diferença social e psicológica entre homens e mulheres.
b) orientação afetiva sexual
Relaciona-se com o desejo afetivo ou sexual de uma pessoa por outra. Principais formas: heterossexual (gênero oposto), homossexual (mesmo gênero), bissexual (gêneros feminino e masculino), pansexual (atração sexual, romântica ou emocional em relação às pessoas, independentemente de seu sexo ou identidade de gênero), assexual (não sente nenhum tipo de desejo/atração sexual ou afetiva).
c) resolução 2265/19 CFM
Considera-se afirmação de gênero o procedimento terapêutico multidisciplinar para a pessoa que necessita adequar seu corpo à sua identidade de gênero por meio de hormonioterapia e/ou cirurgias.
· A atenção integral à saúde do transgênero deve contemplar todas as suas necessidades, garantindo o acesso, sem qualquer tipo de discriminação, às atenções básica, especializada e de urgência e emergência. A assistência médica destinada a promover atenção integral e especializada ao transgênero inclui acolhimento, acompanhamento, procedimentos clínicos, cirúrgicos e pós-cirúrgicos.
· Projeto Terapêutico Singular: conjunto de propostas de condutas terapêuticas articuladas, resultado da discussão de uma equipe multiprofissional e interdisciplinar com o indivíduo, abrangendo toda a rede assistencial na qual está inserido e contemplando suas demandas e necessidades independentemente da idade.
· A atenção médica especializada para o cuidado ao transgênero deve ser composta por equipe mínima formada por pediatra (em caso de pacientes com até 18 (dezoito) anos de idade), psiquiatra, endocrinologista, ginecologista, urologista e cirurgião plástico, sem prejuízo de outras especialidades médicas que atendam à necessidade do Projeto Terapêutico Singular.
· Na atenção médica especializada, o transgênero deverá ser informado e orientado previamente sobre os procedimentos e intervenções clínicas e cirúrgicas aos quais será submetido, incluindo seus riscos e benefícios. É obrigatório obter o consentimento livre e esclarecido, informando ao transgênero sobre a possibilidade de esterilidade advinda dos procedimentos hormonais e cirúrgicos para a afirmação de gênero.
· Os familiares e indivíduos do vínculo social do transgênero poderão ser orientados sobre o Projeto Terapêutico Singular, mediante autorização expressa do transgênero, em conformidade com o Código de Ética Médica.
· Na atenção médica especializada ao transgênero é vedado o início da hormonioterapia cruzada antes dos 16 (dezesseis) anos de idade. Tanner 1 não faz intervenção hormonal/cirúrgica. Só a partir de Tanner 2.
· Na atenção médica especializada ao transgênero é vedada a realização de procedimentos cirúrgicos de afirmação de gênero antes dos 18 (dezoito) anos de idade.
· Os procedimentos cirúrgicos de que trata esta Resolução só poderão ser realizados após acompanhamento prévio mínimo de 1 (um) ano por equipe multiprofissional e interdisciplinar.
· A identidade de gênero se estabelece em idade próxima aos quatro anos de idade, e o diagnóstico de incongruência de gênero (transgênero) só pode ser definido mediante acompanhamento ao longo do toda a infância.
· O acompanhamento psiquiátrico será realizado por médico psiquiatra integrante de equipe multiprofissional. Caberá a ele formular diagnóstico, identificar morbidades, realizar diagnósticos diferenciais, prescrever medicamentos e indicar e executar psicoterapia, se necessário. Após avaliação psiquiátrica, serão contraindicadas a hormonioterapia e/ou cirurgia nas seguintes condições: transtornos psicóticos graves, transtornos de personalidade graves, retardo mental e transtornos globais do desenvolvimento graves.
2) Entender a sigla LBTQIAP+
T: Transexuais, Transgêneros, Travestis. 
Q: Queer qualquer pessoa que não se encaixe na heterocisnormatividade, ou seja, que não se identifica com o padrão binário de gênero, tampouco se sente contemplada com outra letra da sigla referente a orientação sexual, pois entendem que estes rótulos podem restringir a amplitude e a vivência da sexualidade.
I: Intersexo - É uma pessoa que nasceu com a genética diferente do XX ou XY e tem a genitália ou sistema reprodutivo fora do sistema binário homem/mulher. Atualmente, são reconhecidas pela ciência pelo menos 40 variações genéticas, dentre elas XXX, XXY, X0, etc.
+: Demais orientações sexuais e identidades de gênero - O símbolo de soma no final da sigla é para que todos compreendam que a diversidade de gênero e sexualidade é fluida e pode mudar a qualquer tempo, retirando o “ponto final” que as siglas anteriores carregavam, mesmo que implicitamente. Os estudos de gênero e sexualidade mudam e vão continuar mudando e evoluindo, assim como qualquer outro campo das ciências.
3) Compreender a disforia de gênero:
a) definição
Identificar os indivíduos com intenso desconforto afetivo e cognitivo com o sexo atribuído ao nascimento, apresentando sofrimento associado. A CID-11, versão beta, publicada em 2018, denomina essa condição como incongruência de gênero, isto é, a discordância da experiência/expressão de gênero do indivíduo em relação ao sexo a ele designado ao nascimento. cid11 = nem todos tem sofrimento, não é mais patologia, capitulo de condições relacionadas à saúde sexual, exclui o termo transexualismo.
b) etiologia
O CYP17 é um gene candidato para transgênero de mulher para homem, sendo que a perda do padrão de distribuição do alelo CYP17 T-34C (específico para mulher) está associada a esses transgêneros.
Foi aventada a hipótese da implicação da diferenciação sexual dos órgãos genitais (que ocorre no primeiro trimestre da gravidez) e da diferenciação sexual do cérebro (durante a segunda metade da gravidez). Esses dois processos podem desempenhar papéis independentes, predispondo o indivíduo à transgeneridade.
Indivíduos XX com hiperplasia adrenal congênita = gênero oposto.
Indivíduos XY com síndrome da insensibilidade androgênica = identidade de gênero feminina. 
Em 1995, Zhou et al. (27) publicou um estudo em que demonstrou que o volume da subdivisão central do leito do núcleo da estria terminalis, área responsável pelo comportamento sexual, era maior em homens do que em mulheres. Além disso, também concluiu que os TMF têm estria terminalis com tamanho e número de neurónios semelhantes aos de mulheres controlo, e os TFM aos de homens controlo. 
c) quadro clinico
O início desses comportamentos/sentimentos ocorre entre 2 e 4 anos de idade, período no qual a criança se conscientiza da diferença entre os gêneros e dos papéis de gênero.
Meninas pré-puberais com disforia de gênero podem expressar o desejo de serem meninos, afirmar que são meninos ou declarar que serão homens quando crescerem. Preferem usar roupas e cortes de cabelo de meninos, com frequência são percebidas como meninos por estranhos e podem pedir para serem chamadas por um nome de menino. Geralmente apresentam reações negativas intensas às tentativas dos pais de fazê-las usar vestidos ou outros trajes femininos. Algumas podem se recusar a participar de eventos escolares ou sociais que exigem o uso de roupas femininas. Essas meninas podem demonstrar identificação transgênero acentuada em brincadeiras, sonhos e fantasias.Com frequência, sua preferência é por esportes de contato, brincadeiras agressivas e competitivas, jogos tradicionalmente masculinos e ter meninos como pares. Elas demonstram pouco interesse por brinquedos (p. ex., bonecas) ou atividades (p. ex., usar vestidos ou desempenhar papéis femininos em brincadeiras) tipicamente femininos. Às vezes, recusam-se a urinar na posição sentada. Algumas meninas podem expressar o desejo de ter um pênis, afirmar ter um pênis ou que terão um pênis quando forem mais velhas. Também podem afirmar que não querem desenvolver seios ou menstruar. As meninas podem prender os seios, andar curvadas ou usar blusas folgadas para que os seios fiquem menos visíveis.
Meninos pré-puberais com disforia de gênero podem expressar o desejo ou afirmar que são meninas ou que serão meninas quando crescerem. Preferem usar trajes de meninas ou de mulheres ou podem improvisar roupas com qualquer material disponível (p. ex., usar toalhas, aventais e xales como cabelos longos ou como saias). Essas crianças podem desempenhar papéis femininos em brincadeiras (p. ex., brincar de “mãe”) e com frequência se interessam intensamente por bonecas. Na maioria das vezes, preferem atividades, jogos estereotípicos e passatempos tradicionalmente femininos (p. ex., “brincar de casinha”, desenhar quadros femininos, assistir a programas de televisão ou vídeos com personagens femininos favoritos). Bonecas estereotípicas femininas (p. ex., Barbie) geralmente são os brinquedos favoritos, e as meninas são as companheiras de brincadeira preferidas. Eles evitam brincadeiras agressivas e os esportes competitivos e demonstram pouco interesse por brinquedos estereotipicamente masculinos (p. ex., carrinhos, caminhões). Alguns fingem que não têm pênis e insistem em urinar sentados. Mais raramente, podem dizer que sentem repulsa pelo pênis ou pelos testículos, que gostariam que eles fossem removidos ou que têm, ou gostariam de ter, uma vagina. No momento em que surgem sinais visíveis de puberdade, os meninos podem depilar as pernas aos primeiros sinais de crescimento de pelos. Eles às vezes prendem os órgãos genitais para que as ereções não fiquem visíveis.
Em adultos com disforia de gênero, a discrepância entre a experiência de gênero e as características físicas sexuais é frequentemente, mas nem sempre, acompanhada por um desejo de livrar-se das características sexuais primárias e/ou secundárias e/ou por um forte desejo de adquirir algumas características sexuais primárias e/ou secundárias do outro gênero. Em maior ou menor grau, adultos com disforia de gênero podem adotar o comportamento, as vestimentas e os maneirismos do gênero experimentado. Sentem-se desconfortáveis com o fato de serem considerados pelos outros ou de funcionar na sociedade como membros do seu gênero designado. Alguns adultos podem sentir desejo intenso de pertencer a um gênero diferente e de ser tratados como tal e podem ter a convicção interior de sentirem e reagirem como o gênero experimentado sem procurar tratamento médico para alterar as características corporais. Eles podem encontrar outras maneiras de solucionar a incongruência entre o gênero experimentado/expresso e o gênero designado, vivendo parcialmente o papel desejado ou adotando um papel de gênero que não seja convencionalmente masculino nem convencionalmente feminino.
d) diagnóstico (DSM5 e mudanças CID11)
Para o DSM-5, esse desconforto deve ter duração de, no mínimo, seis meses, como critério diagnóstico de disforia de gênero. Na CID-11, para o diagnóstico em crianças, a incongruência deve persistir por dois anos, enquanto para adultos, por pelo menos alguns meses.
Dependendo da fase da vida em que surgem os desconfortos, a disforia pode ser classificada como de início precoce (na infância) ou de início tardio (na puberdade ou mais tarde).
Disforia de Gênero em Crianças 302.6 (F64.2) 
A. Incongruência acentuada entre o gênero experimentado/expresso e o gênero designado de uma pessoa, com duração de pelo menos seis meses, manifestada por no mínimo seis dos seguintes (um deles deve ser o Critério A1): 1. Forte desejo de pertencer ao outro gênero ou insistência de que um gênero é o outro (ou algum gênero alternativo diferente do designado). 2. Em meninos (gênero designado), uma forte preferência por cross-dressing (travestismo) ou simulação de trajes femininos; em meninas (gênero designado), uma forte preferência por vestir somente roupas masculinas típicas e uma forte resistência a vestir roupas femininas típicas. 3. Forte preferência por papéis transgêneros em brincadeiras de faz de conta ou de fantasias. 4. Forte preferência por brinquedos, jogos ou atividades tipicamente usados ou preferidos pelo outro gênero. 5. Forte preferência por brincar com pares do outro gênero. 6. Em meninos (gênero designado), forte rejeição de brinquedos, jogos e atividades tipicamente masculinos e forte evitação de brincadeiras agressivas e competitivas; em meninas (gênero designado), forte rejeição de brinquedos, jogos e atividades tipicamente femininas. 7. Forte desgosto com a própria anatomia sexual. 8. Desejo intenso por características sexuais primárias e/ou secundárias compatíveis com o gênero experimentado. 
B. A condição está associada a sofrimento clinicamente significativo ou a prejuízo no funcionamento social, acadêmico ou em outras áreas importantes da vida do indivíduo.
Disforia de Gênero em Adolescentes e Adultos 302.85 (F64.1) 
A. Incongruência acentuada entre o gênero experimentado/expresso e o gênero designado de uma pessoa, com duração de pelo menos seis meses, manifestada por no mínimo dois dos seguintes: 1. Incongruência acentuada entre o gênero experimentado/expresso e as características sexuais primárias e/ou secundárias (ou, em adolescentes jovens, as características sexuais secundárias previstas). 2. Forte desejo de livrar-se das próprias características sexuais primárias e/ou secundárias em razão de incongruência acentuada com o gênero experimentado/expresso (ou, em adolescentes jovens, desejo de impedir o desenvolvimento das características sexuais secundárias previstas). 3. Forte desejo pelas características sexuais primárias e/ou secundárias do outro gênero. 4. Forte desejo de pertencer ao outro gênero (ou a algum gênero alternativo diferente do designado). 5. Forte desejo de ser tratado como o outro gênero (ou como algum gênero alternativo diferente do designado). 6. Forte convicção de ter os sentimentos e reações típicos do outro gênero (ou de algum gênero alternativo diferente do designado). 
B. A condição está associada a sofrimento clinicamente significativo ou prejuízo no funcionamento social, profissional ou em outras áreas importantes da vida do indivíduo.
e) tratamento e acompanhamento (processo de mudança de gênero)
O tratamento de questões de identidade de gênero em crianças em geral consiste em terapia individual, de família e de grupo para que possam explorar seus interesses e suas identidades de gênero. Mínimo de 6 meses. identidade de gênero, apoio social, imagem corporal, promoção da resiliência e suporte a problemas psíquicos.
Além de oferecer psicoterapia, muitos clínicos usam as reações desses adolescentes aos primeiros sinais da puberdade como uma bússola para determinar se medicamentos bloqueadores da puberdade devem ser considerados. Esses medicamentos são agonistas do hormônio liberador de gonadotrofina (GnRH) que podem ser usados para bloquear temporariamente a liberação de hormônios que levam ao desenvolvimento de características sexuais secundárias, dando aos adolescentes e a suas famílias tempo para refletir sobre as melhores opções a serem seguidas.
O tratamento hormonal de homens transgênero é alcançado sobretudo com testosterona, normalmente administrada por meio de injeções semanais ou a cada duas semanas. Alterações iniciais com terapia de testosterona incluem aumento de acne, massa muscular e libido, assim como cessação da menstruação, em geral nos primeiros meses. Mudanças subsequentes e mais permanentes incluem voz mais grave, aumento dos peloscorporais e do clitóris. O monitoramento inclui níveis de hemoglobinas/hematócritos, visto que a testosterona raramente pode causar aumento na contagem de hemoglobinas que possa levar a um acidente vascular cerebral. Assim como todos os hormônios esteroides, a testosterona é processada no fígado, então testes rotineiros da função hepática devem ser obtidos. Os médicos também devem monitorar o colesterol e fazer exames de diabetes, uma vez que o tratamento de testosterona pode aumentar a probabilidade de anormalidades lipídicas e diabetes. Aqueles que estão começando os tratamentos hormonais recebem rotineiramente orientações sobre fertilidade, já que a fertilidade futura pode ser afetada pela testosterona.
Mulheres transgênero podem usar estrogênio, bloqueadores de testosterona ou progesterona, frequentemente em combinação. Esses hormônios podem causar amaciamento da pele e redistribuição da gordura, assim como crescimento das mamas. O desenvolvimento de seios varia entre as pessoas, mas não costuma exceder o tamanho 42. Em geral, é recomendado utilizar hormônios por 18 a 24 meses antes de realizar cirurgia de aumento dos seios, permitindo que se desenvolvam até seu tamanho final. A libido pode diminuir, assim como as ereções e a ejaculação. Pelos corporais podem diminuir um pouco, mas com frequência não tanto quanto o desejado, fazendo muitas mulheres optarem pela eletrólise. Não há alteração na voz, visto que a testosterona já alterou as cordas vocais permanentemente, e muitas mulheres buscam treinamento vocal. Aquelas que utilizam estrogênio devem evitar fumar cigarros, porque essa combinação pode aumentar o risco de formação de coágulos. A pressão arterial deve ser monitorada, assim como a função hepática e o colesterol. Além disso, os médicos testam a prolactina rotineiramente, uma vez que esse hormônio pode aumentar na terapia de estrogênio, e, em casos raros, as mulheres transgênero podem desenvolver prolactinomas. Aconselhamento reprodutivo é muito importante antes de começar o tratamento com estrogênio, porque esterilidade permanente é quase sempre o desfecho.
O tipo mais comum de cirurgia, tanto para homens-trans quanto para mulheres-trans, é a “cirurgia superior”, ou torácica. Homens transgênero podem fazer cirurgia para construir um peito masculino. Mulheres transgênero fazem aumento dos seios. “Cirurgia inferior” é menos comum. Homens transgênero podem fazer metoidioplastia, em que o clitóris é liberado de sua conexão ligamental com o corpo, e tecido é adicionado, aumentando seu comprimento e largura. Escrotoplastia, a colocação de implantes testiculares, é outra forma de criar genitália aparentemente masculina. Faloplastia, a criação de um pênis, é menos comum devido ao preço, por envolver múltiplos procedimentos, requerer doação de pele de outra parte do corpo e por ter funcionalidade limitada. A cirurgia inferior para mulheres costuma ser a vaginoplastia, também chamada de cirurgia de redesignação sexual (CRS). Nesse procedimento, os testículos são removidos, o pênis é reconstruído para formar um clitóris, e uma vagina é criada.
Neovulvovaginoplastia: A neovulvovaginoplastia primária compreende: orquiectomia bilateral, penectomia, neovaginoplastia, neovulvoplastia.
https://estudogeral.uc.pt/bitstream/10316/81849/1/Tese%20Francisco%20Neri.pdf 
https://www.sbp.com.br/fileadmin/user_upload/19706c-GP_-_Disforia_de_Genero.pdf 
file:///C:/Users/Juliana%20Paiva/Downloads/Disforia_de_Genero_Juliana_Sa_MIM.pdf 
4) Entender os transtornos parafilicos (fetiche e pedofilia)
Parafilias são comportamentos sexuais atípicos, não necessariamente patológicos, que compõem o repertório sexual de um segmento da sociedade. O transtorno parafílico (TP), por sua vez, é uma parafilia que causa sofrimento ou prejuízo para o indivíduo, ou uma parafilia cuja satisfação implica dano ou risco de dano à parceria ou a terceiros.
Estudos confirmam que esses transtornos costumam ser mais prevalentes em homens, indicando, porém, que mais mulheres vêm sendo diagnosticadas. É na puberdade ou na primeira fase da adolescência que os TPs se iniciam, quando se apresentam as primeiras fantasias e a atitude sexual. No final da adolescência e no início da vida adulta, consolida-se esse desenvolvimento, caracterizado por curso crônico (comportamento sexual atípico se mantém ao longo da vida); obrigatoriedade de estímulos parafílicos para a excitação sexual; sazonalidade (pode haver períodos de funcionamento sexual em que não há interesse parafílico). Fantasias e práticas parafílicas tendem a diminuir de intensidade e frequência com o envelhecimento.
Fatores de risco biológicos, neuropsiquiátricos, alterações hormonais, abuso de álcool e substâncias, transtornos da personalidade e pouca habilidade social e de intimidade têm sido aventados como precipitadores de TPs. Entretanto, a relação causal ainda não foi estabelecida. Variáveis intrafamiliares também podem contribuir, incluindo hostilidade, apego deficiente e violência física/emocional.
Antidepressivos ISRSs e tricíclicos (ADTs), agentes hormonais antiandrogênicos e agonistas do hormônio liberador de hormônio luteinizante (agonistas de LHRH) + TCC.
Fetiche = Utilizar objetos inanimados ou ter um foco altamente específico em partes do corpo não genitais para obter satisfação sexual.
A. Por um período de pelo menos seis meses, excitação sexual recorrente e intensa resultante do uso de objetos inanimados ou de um foco altamente específico em uma ou mais de uma parte não genital do corpo, conforme manifestado por fantasias, impulsos ou comportamentos. 
B. As fantasias, os impulsos sexuais ou os comportamentos causam sofrimento clinicamente significativo ou prejuízo no funcionamento social, profissional ou em outras áreas importantes da vida do indivíduo. 
C. Os objetos de fetiche não se limitam a artigos do vestuário usados em travestismo/cross-dressing (como no transtorno transvéstico) ou a dispositivos especificamente criados para estimulação genital tátil (p. ex., vibrador).
Especificar: Parte(s) do corpo Objeto(s) inanimado(s) Outro Especificar se: Em ambiente protegido: Esse especificador é aplicável principalmente a indivíduos institucionalizados ou moradores de outros locais onde as oportunidades de envolvimento em comportamentos fetichistas são limitadas. Em remissão completa: Não houve sofrimento ou prejuízo no funcionamento social, profissional ou em outras áreas da vida do indivíduo durante pelo menos cinco anos enquanto em um ambiente não protegido.
O transtorno fetichista pode ser uma experiência multissensorial, incluindo segurar, sentir o gosto, esfregar, inserir ou cheirar o objeto de fetiche durante a masturbação, ou ainda preferir que o parceiro sexual vista ou utilize o objeto de fetiche durante os encontros sexuais. Há, ainda, alguns indivíduos que podem adquirir grandes coleções de objetos fetichistas altamente desejados.
As parafilias geralmente começam na puberdade, mas os fetiches podem se desenvolver antes da adolescência. Uma vez estabelecido, o transtorno fetichista tende a apresentar um curso continuado que oscila em intensidade e em frequência dos impulsos ou do comportamento. Não há relatos sistemáticos da ocorrência de transtorno fetichista no sexo feminino. Em amostras clínicas, esse transtorno é relatado quase exclusivamente em indivíduos do sexo masculino.
Pedofilia = Atividade sexual com criança pré-púbere (geralmente com 13 anos ou menos).
A. Por um período de pelo menos seis meses, fantasias sexualmente excitantes, impulsos sexuais ou comportamentos intensos e recorrentes envolvendo atividade sexual com criança ou crianças pré-púberes (em geral, 13 anos ou menos). 
B. O indivíduo coloca em prática esses impulsos sexuais, ou os impulsos ou as fantasias sexuais causam sofrimento intenso ou dificuldades interpessoais. 
C. O indivíduo tem, no mínimo, 16 anos de idade e é pelo menos cinco anos mais velho que a criança ou as crianças do Critério A.
Não incluir um indivíduo no fim da adolescência envolvido em relacionamento sexual contínuo compessoa de 12 ou 13 anos de idade.
Determinar o subtipo: Tipo exclusivo (com atração apenas por crianças) Tipo não exclusivo Especificar se: Sexualmente atraído por indivíduos do sexo masculino Sexualmente atraído por indivíduos do sexo feminino Sexualmente atraído por ambos Especificar se: Limitado a incesto
Se essas pessoas também se queixam de que suas atrações e preferências sexuais por crianças lhes estão causando dificuldades psicossociais, podem ser diagnosticadas com transtorno pedofílico. No entanto, se relatam ausência de sentimentos de culpa, vergonha ou ansiedade em relação a esses impulsos, não apresentam limitação funcional por seus impulsos parafílicos (conforme autorrelato, avaliação objetiva ou ambos), e seu autorrelato e sua história legal registrada indicam que jamais colocaram em prática esses impulsos, essas pessoas, então, apresentam orientação sexual pedofílica, mas não transtorno pedofílico.
O uso intenso de pornografia que mostra crianças pré-púberes é um indicador diagnóstico útil do transtorno pedofílico. Trata-se de uma situação específica do caso geral de que os indivíduos podem optar pelo tipo de pornografia que corresponde a seus interesses sexuais.
A prevalência na população do transtorno pedofílico é desconhecida. A prevalência mais alta possível para o transtorno entre os indivíduos do sexo masculino é de cerca de 3 a 5%. Nos do sexo feminino, a prevalência é ainda mais incerta, embora possivelmente seja uma fração pequena daquela observada no sexo masculino.
A pedofilia em si parece ser uma condição para toda a vida. O transtorno pedofílico, porém, inclui necessariamente outros elementos que podem mudar com o tempo, com ou sem tratamento: sofrimento subjetivo (p. ex., culpa, vergonha, frustração sexual intensa ou sentimentos de isolamento) ou prejuízo psicossocial ou a propensão a agir sexualmente com crianças, ou ambos. O curso do transtorno, portanto, pode oscilar, aumentar ou diminuir com a idade.
Medidas psicofisiológicas do interesse sexual podem, algumas vezes, ser úteis quando a história do indivíduo sugere a possível presença de transtorno pedofílico, mas ele nega atração forte ou preferencial por crianças. Entre essas medidas, a mais pesquisada e usada há mais tempo é a pletismografia peniana, embora a especificidade e a sensibilidade do diagnóstico possam variar de um local para outro. O tempo de visualização, com uso de fotografias de pessoas nuas ou minimamente vestidas como estímulo visual, é também empregado para o diagnóstico do transtorno pedofílico, especialmente em combinação com medidas autorrelatadas. Profissionais da saúde mental dos Estados Unidos, no entanto, devem estar conscientes de que a posse de tais estímulos visuais, mesmo para fins diagnósticos, pode violar a legislação do país no que se refere à posse de pornografia infantil, deixando esse profissional suscetível a processo criminal.

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