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PATOLOGIA BUCAL – BÁRBARA ALBUQUERQUE AZEVEDO PATOGÊNESE DA DOENÇA PERIODONTAL INTRODUÇÃO o Doença periodontal: doença infecto- inflamatória que afeta os tecidos de suporte e sustentação dentários. o Interação complexa entre o biofilme subgengival e os eventos imunoinflamatórios do hospedeiro. o Reações inflamatórias: impedir o desafio microbiano e invasão de microrganismos. o Reações imunológicas: pode causar maior destruição tecidual. o O principal determinante da suscetibilidade à doença é a natureza das próprias respostas imunoinflamatórias. o Diferenças com outras doenças sistêmicas: anatomia do periodonto (permeabilidade do epitélio juncional em dinâmica troca de células e fluidos) e combinação de muitos microrganismos. HISTOPATOLOGIA DA DOENÇA PERIODONTAL TECIDOS GENGIVAIS CLINICAMENTE NORMAIS o Aspecto róseo, sem edema, sem inflamação e bem aderido ao dente e ossos subjacentes. o Sangramento mínimo à sondagem. o Epitélio juncional: grandes espaços intercelulares. → Menor densidade de desmossomos. → Espaços permitem a migração de neutrófilos e macrófagos. o Mesmo na gengiva clinicamente saudável, o tecido conjuntivo gengival contém pelo menos algumas células inflamatórias. → Resposta à presença continuada de bactérias e seus produtos no sulco gengival. o Gengiva primitiva: ausência total ou quase total de infiltrado inflamatório. o Gengiva clinicamente saudável: ausência de sinais clínicos com pouco ou moderado infiltrado inflamatório. o Recrutamento contínuo de leucócitos, que se dá por: → Fatores do hospedeiro (IL8, leucotrienos, sistema complemento). → Fatores do biofilme (expressão de LPS). o Mecanismos de defesa inatos ou estruturais que impedem o desenvolvimento de sinais clínicos da gengivite: → Efeito antimicrobiano dos anticorpos. → Função fagocitária dos neutrófilos e macrófagos. → Destruição do microrganismo pelo sistema complemento. → Descamação regular as células epiteliais. → Barreira epitelial intacta. → Fluxo positivo do fluido gengival. DESENVOLVIMENTO DA GENGIVITE o Infiltração do tecido conjuntivo por muitas células de defesa. o Acúmulo de células de defesa e liberação extracelular de suas enzimas: perturbação da anatomia normal do tecido conjuntivo. → Destruição do colágeno. → Proliferação do epitélio juncional. o A vasodilatação e a maior permeabilidade vascular aumentam o vazamento de fluido para fora dos vasos e facilitam a passagem das células de defesa da vasculatura para os tecidos. → Aumento dos tecidos (eritemas e edemas). o Alguns fatores que podem influenciar na transição saúde → doença periodontal: → Tempo, quantidade e tipo de biofilme. → Alterações hormonais. → Estado imune do hospedeiro. → Medicações (nifedipina, fenitoina). o Transição gengivite → periodontite: ainda não existem teorias especificas, apenas hipóteses: → Placa específica? → Predisposição genética? → Resposta imune ineficiente? ESTÁGIOS DA DOENÇA GENGIVAL LESÃO INICIAL o Desenvolve-se dentro de 2 a 4 dias depois do acúmulo de placa. o Corresponde ao quadro histológico que é evidente nos tecidos gengivais clinicamente saudáveis. → Inflamação de baixo grau. o Dilatação de vasos do plexo dentogengival. → Aumento da permeabilidade vascular. → Exsudato e aumento do fluido crevicular (dilui os produtos bacterianos: ação de lavagem). LESÃO PRECOCE o Desenvolve-se após aproximadamente 1 semana de acúmulo contínuo de placa. o Proliferação dos capilares, abertura dos leitos microvasculares e vasodilatação persistente. → Aspecto eritematoso da gengiva. o O aumento da permeabilidade vascular leva a uma elevação no fluxo do FG, e a quantidade de neutrófilos transmigrantes cresce. o Células predominantes: neutrófilos e linfócitos. o Apoptose dos fibroblastos: aumenta o espaço disponível para infiltração de leucócitos. → Destruição do colágeno. o Epitélio se prolifera nas áreas carentes de colágeno para tentar manter uma barreira intacta. → Proliferação do epitélio juncional e sulcular. o Aspecto clínico: aumento do eritema, fácil sangramento à sondagem e edema. o A lesão inicial pode persistir indefinidamente ou progredir ainda mais. LESÃO ESTABELECIDA o 14 a 21 dias de acúmulo de placa. o “Gengivite crônica”. o Células predominantes: plasmócitos e linfócitos. o Aumento da destruição do colágeno e da proliferação do epitélio nos espaços do tecido conjuntivo. o Os neutrófilos se acumulam nos tecidos e liberam seu conteúdo lisossômico extracelularmente. → Tentativa de eliminar bactérias não fagocitadas. → Maior destruição tecidual. o Os epitélios juncional e sulcular formam uma bolsa epitelial que não é firmemente aderida à superfície do dente (epitélio da bolsa). o Epitélio da bolsa é mais ulcerado e não aderido ao dente. o Sangramento à sondagem é comum. o Alterações reversíveis com o controle eficaz da placa. LESÃO AVANÇADA o Após 21 dias ou tempo indeterminado de acúmulo. o Marca a transição da gengivite para a periodontite. o Destruição do colágeno se estende para o ligamento periodontal e osso alveolar. o Aprofundamento da bolsa e do biofilme em direção apical. → Ambiente favorável para patógenos periodontal (anaerobiose). o A reabsorção óssea começa, e o osso recua da frente inflamatória como um mecanismo de defesa para evitar a disseminação das bactérias. o Bactérias não são eliminadas de forma efetiva pela resposta inflamatória, pois se encontram fora do corpo (bolsa periodontal). → Ciclo onde a inflamação crônica e o dano tecidual associado persistem. o Tipo celular predominante: plasmócitos. o Perda irreversível de estruturas de suporte. FATORES DE VIRULÊNCIA MICROBIANA INVASÃO MICROBIANA o Lesão tecidual direta causada pela invasão de bactérias através do epitélio. o Principais bactérias: espiroquetas. o Invasão verdadeira X deslocamento de biofilme para tecidos lesionados. ENZIMAS BACTERIANAS E PRODUTOS NOCIVOS o A placa bacteriana produz resíduos metabólicos que contribuem para o dano tecidual. → Ex.: amônia, indol, sulfito de hidrogênio. o A placa bacteriana produz proteases capazes de quebrar proteínas estruturais do periodonto, como o colágeno, a elastina e a fibronectina. o Algumas enzimas especificas, como a leucotoxina, destroem leucócitos. ENDOTOXINAS o LPS: membrana externa das bactérias gram-negativas. o Despertem fortes respostas imunes. o P. gingivalis tem uma forma atípica de LPS que se reconhecem tanto por TLR2 como por TLR4. o LPA: bactérias gram-positivas. → Estimulam respostas imunes de forma menos potente que os LPS. o Resultam em maior vasodilatação e permeabilidade vascular, recrutamento de células inflamatórias por quimiotaxia e liberação de mediadores pró-inflamatórios pelos leucócitos que são recrutados para a área. DEFESA DO HOSPEDEIRO PROCESSO INFLAMATÓRIO o Variedade de respostas frente à infecção bacteriana das doenças periodontais. o Atuação da imunidade inata e adaptativa. o Como resultado desse processo pode ter: → Rápida resolução da lesão. → Ausência da lesão no tecido afetado. → Resposta ineficaz e cronificação da lesão. → Resposta exacerbada do hospedeiro na destruição tecidual. METALOPROTEINASES o Endopeptidases dependentes de zinco. o Capazes de degradar moléculas da matriz extracelular, como o colágeno. o Secretadas pela maioria dos tipos de células do periodonto (fibroblastos, queratinócitos, macrófagos, neutrófilos, osteoclastos). o Degradação de matriz extracelular, colágeno e osso. o A liberação prolongada e excessiva de MMPs leva à destruição dos componentes estruturais dos tecidos conjuntivos, contribuindo para os sinais clínicos da doença. CITOCINAS o Regulação do crescimento, diferenciação emigração celular. o Complexo sistema de funções sobrepostas e interligadas. o IL-1, IL-8 e TNF: recrutamento de leucócitos polimorfonucleares e macrófagos e regulação da destruição óssea. PROSTAGLANDINAS o Derivados do ácido araquidônico. o Importantes reguladores da inflamação. o PGE-2: vasodilatação, quimiotaxia e produção de MMPs. → Contribui significativamente para a perda óssea alveolar. o Os AINEs não são indicados como adjuvantes no tratamento da periodontite. DESTRUIÇÃO ÓSSEA o À medida que o avanço da frente inflamatória se aproxima do osso alveolar, começa a reabsorção óssea osteoclástica. → Mecanismo de proteção para evitar a invasão bacteriana. o Osteoclastos são ativados por uma série de mediadores (p. ex., IL-1β, TNF-α, IL-6, PGE2). o RANK: receptor presente nos osteoclastos. o RANKL: ligante na membrana de células como fibroblastos, osteoblastos e linfócitos T e B. o OPG: inibidor de RANKL. → Secretado principalmente por osteoblastos e fibroblastos. o A ligação do RANKL ao RANK resulta na ativação dos osteoclastos (reabsorção óssea). o Nos indivíduos com periodontite, níveis elevados de citocinas pró-inflamatórias (p. ex., IL- 1β, TNF-α) e números crescentes de células infiltradas resultam na ativação dos osteoclastos por meio do RANK, produzindo perda óssea alveolar. o Níveis de RANKL são mais altos e os de OPG são mais baixos nos sítios com destruição periodontal ativa em comparação com os sítios com gengiva saudável.
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