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Jurandir Peinado e Alexandre Reis Graeml Capítulo 5 – Planejamento da ca- pacidade de produção Objetivos de aprendizagem Este capítulo tem por objetivo introduzir os conceitos elementares sobre o planejamento da capacidade de produção e sua avaliação econômica, permit- indo que o leitor compreenda e utilize a técnica para apoio à tomada de de- cisões, no contexto da administração geral de empresas. Após a leitura deste capítulo, o leitor estará apto a: !"Compreender o que é e identificar as várias formas de se mensurar a capacidade de produção de uma organização. !"Planejar e calcular os lotes mínimos de produção para que uma orga- nização possa reduzir seus estoques e, ao mesmo tempo, atender me- lhor seus clientes, levando em consideração os tempos de setup incorridos no seu processo produtivo. !"Realizar alocações e seqüenciamento das cargas de trabalho aos seto- res e máquinas produtivas. !"Entender os conceitos elementares e a importância de um sistema de custos e realizar uma análise custo x lucro x volume (CLV), calculan- do aspectos fundamentais da organização, como os diversos pontos de equilíbrio e margens de contribuição dos produtos. É essencial que os gestores ligados à produção estejam aptos a avaliar o comportamento dos custos das operações sob sua responsabilidade. Resumo Uma definição genérica de capacidade de produção é a capacidade máxima de produção a que se pode submeter uma unidade produtiva em um determinado intervalo de tempo fixo. 5 240 Administração da Produção (Operações industriais e de serviços) Jurandir Peinado e Alexandre Reis Graeml A capacidade instalada consiste no volume máximo que uma unidade produtora pode alcançar, sem nenhuma perda, trabalhando em regime full time. É uma medida hipotética, a ser utilizada para definições estratégicas. A capacidade disponível corresponde ao volume produzido em uma uni- dade produtiva no período correspondente à jornada de trabalho, sem consid- erar nenhuma perda. A capacidade efetiva corresponde à capacidade disponível considerando- se as perdas planejadas. A capacidade realizada inclui-se também as perdas não planejadas. Quanto menor o tempo necessário para a realização de cada set-up, mais set-ups poderão ser feitos, diminuindo o tamanho dos lotes mínimos de fabri- cação, o que implica na redução do estoque médio do produto na empresa, sem prejuízo à qualidade do atendimento. Em determinados tipos de produção, o programador deve definir em que máquina alocar qual trabalho e em que seqüência. A forma mais usual para a- locação e seqüenciamento de trabalho é feita por meio do gráfico de Gantt. O sistema de custos da organização é importante para o planejamento e controle das atividades da organização e auxilia na decisão do modo de fabricar, na melhoria dos processos e na eliminação de desperdícios. A análise custo x lucro x volume é muito utilizada nas organizações e permite estudar os relacionamentos que acontecem entre os custos incorridos, o volume de produção e o lucro auferido em um determinado período. O ponto de equilíbrio representa a quantidade de produtos vendidos para a qual os gas- tos se igualam às receitas. A margem de contribuição reflete o quanto cada u- nidade vendida contribui para a cobertura dos custos e despesas fixas de uma organização. Vale a pena conferir o conteúdo deste capítulo! Capítulo 5 – Planejamento da capacidade de produção 241 Jurandir Peinado e Alexandre Reis Graeml O QUE É CAPACIDADE? O termo capacidade, mencionado isoladamente, esta associado à idéia de competência, volume máximo ou quantidade máxima de “alguma coisa”. A ca- pacidade de determinado tambor é de 300 litros, um tambor menor poderá ter capacidade para armazenar 100 litros d’água, por exemplo. Um cinema pode ter capacidade para 400 lugares. A capacidade de uma sala de aula pode ser medida pela quantidade de alunos que ela comporta, 40 alunos, por exemplo. A capacidade de um ônibus é representada pela quantidade de passageiros, considerando ou não a possibilidade de transporte de passageiros em pé, além dos sentados. Um estacionamento pode ter capacidade para 200 automóveis. Um hotel tem capacidade de 100 apartamentos, e assim por diante. O QUE SIGNIFICA CAPACIDADE DE PRODUÇÃO? O termo capacidade, conforme visto, considerou o volume ou a quanti- dade máxima em condições fixas destes ativos ou instalações. Embora estas medidas possam ser úteis, e freqüentemente utilizadas pelos gestores de pro- dução, é necessário também se conhecer a capacidade sob seu aspecto dinâmico. Para isto, deve ser adicionada a dimensão tempo a esta medida. Por exemplo, o cinema tem capacidade para 400 lugares, como cada seção de cin- ema dura cerca de duas horas, se for considerado o intervalo entre uma sessão e outra, verificar-se que o cinema pode “processar” 1.200 espectadores por dia de oito horas (realização de três sessões). A sala de aula pode “processar” até 80 alunos por dia, se for utilizada para aulas em dois turnos. As informações a respeito da capacidade são de fundamental importância. São informações imprescindíveis para todos os níveis da organização: estraté- gico, tático e operacional. São várias as definições de capacidade de produção. Mas todas elas a- presentam, naturalmente, pontos em comum. O destaque a seguir apresenta algumas destas definições adotadas por alguns autores de destaque: 242 Administração da Produção (Operações industriais e de serviços) Jurandir Peinado e Alexandre Reis Graeml Capacidade de produção C O N C E IT O O U D E F IN IÇ Ã O Moreira (1998) chama de capacidade a quantidade máxima de produtos e serviços que po-dem ser produzidos numa unidade produtiva, num dado intervalo de tempo. Stevenson (2001) considera que a capacidade se refere a um limite superior ou teto de carga que uma unidade operacional pode suportar. A unidade operacional pode ser uma fábrica, um departamento, uma loja ou um funcionário. Slack et al (2002) definem capacidade de produção como sendo o máximo nível de atividade de valor adicionado em determinado período de tempo que o processo pode realizar sob con-dições normais de operação. Gaither & Frasier (2001) se referem à definição de capacidade dada pelo Federal Re- seve Bo-ard: “o maior nível de produção que uma empresa pode manter dentro da estrutura de uma programação de trabalho realista, levando em conta um período de inatividade normal e su-pondo uma disponibilidade suficiente de entradas para operar a maquinaria e o equipamen-to existente”. Ritzman & Krajewski (2004) se reportam à definição do Census Bureau: “capacidade é o mai-or nível de produção que uma empresa pode manter razoavelmente empre- gando horários de trabalho realistas dos funcionários e o equipamento atualmente instalado”. Os pontos convergentes das definições são representados: pela quanti- dade máxima que pode ser produzida por unidade produtiva (que pode ser a empresa toda ou uma única máquina ou funcionário) em um intervalo de tempo fixo. O Quadro 21 apresenta algumas formas de medir capacidade de pro- dução para vários exemplos de organização. Quadro 21 Medidas de capacidade Organização Capacidade estática Capacidade de produção Faculdade Quantidade de salas, carteiras, en-fim, número de vagas disponíveis. Quantidade de alunos formados por ano. Teatro ou cinema Quantidade de assentos na sala de espetáculo ou na sala de exibição Número de freqüentadores por se- mana. Supermercado Área de vendas em m2 Faturamento mensal por m2 Transportadora rodoviária de car- gas Soma da capacidade em quilos ou m3 dos caminhões disponíveis Volume ou peso transportado por mês. Hospital Número de leitos disponíveis Quantidade de pacientes atendidos por mês Hidroelétrica “Tamanho” do gerador Megawatts gerados por mês Confecção de roupas Número de costureiras e de má- quinas de costura Produtos produzidos por semana Fábrica de fogões Número dehomens e de máquinas Fogões produzidos por mês Fazenda Área cultivada Toneladas de grãos por safra Capítulo 5 – Planejamento da capacidade de produção 243 Jurandir Peinado e Alexandre Reis Graeml TIPOS DE CAPACIDADES Como visto, a capacidade está associada à quantidade máxima de um produto (produto = bem + serviço) que se pode produzir em determinado tempo em uma unidade produtiva. Em que pese este conceito simples, devido a diver- sos fatores, a definição e medida de capacidade, em certos casos tornam-se complexos. O conceito de capacidade deve ser estratificado em outras de- finições mais específicas e de maior grau de utilidade para seu planejamento. A denominação utilizada para cada tipo de capacidade definida pode variar de autor para autor, ou de organização para organização. Porém, o significado do conteúdo, independente da terminologia, permanece comum. Capacidade instalada É a capacidade máxima que uma unidade produtora pode produzir se trabalhar ininterruptamente, sem que seja considerada nenhuma perda. Em outras palavras, é a produção que poderia ser obtida em uma unidade fabril trabalhando 24 horas por dia, todos os dias da semana e todos os dias do mês, sem necessidade de parada, de manutenções, sem perdas por dificuldades de programação, falta de material ou outros motivos que são comuns em uma u- nidade produtiva. Trata-se de uma medida hipotética, uma vez que, na prática, é impossível uma empresa funcionar ininterruptamente. Porém, não deixa de ser uma medida importante para tomada de decisão de nível estratégico, com relação à necessidade ou não de ampliação da capacidade, uma vez que se tra- ta de um valor de produção que nunca poderá ser ultrapassado sem ampliação das instalações. Exemplo: uma empresa do ramo alimentício tem capacidade de produzir, em um forno contínuo, duas toneladas de biscoitos por hora. Qual é a capaci- dade mensal instalada desta empresa? Resposta: Capacidade instalada =30 dias x 24 horas x 2 toneladas por hora = 1.440 toneladas de biscoitos por mês. Neste caso, a unidade de medida da capacidade pode ser em tempo (horas de forno disponíveis) ou em quantidade (toneladas de biscoito produzi- das). Capacidade disponível ou de projeto É a quantidade máxima que uma unidade produtiva pode produzir du- rante a jornada de trabalho disponível, sem levar em consideração qualquer ti- po de perda. A capacidade disponível, via de regra, é considerada em função da jornada de trabalho que a empresa adota. Exemplo: O fabricante de biscoitos do exemplo anterior, com 720 horas mensais de capacidade instalada, pode trabalhar: !"um turno: um turno diário, com oito horas de duração, cinco dias por semana. Neste caso, a capacidade de disponível será de 8 x 5 x 4 = 160 horas mensais; 244 Administração da Produção (Operações industriais e de serviços) Jurandir Peinado e Alexandre Reis Graeml !"dois turnos: dois turnos diários, com oito horas de duração cada um, cinco dias por semana. Neste caso, a capacidade disponível será de 2 x (8 x 5 x 4) = 320 horas mensais; !"três turnos: três turnos diários, com oito horas de duração cada um, cinco dias por semana. Neste caso, a capacidade disponível será de 3 x (8 x 5 x 4) = 480 horas mensais; !"quatro turnos: três turnos diários, com oito horas de duração cada um, sete dias por semana (há quatro equipes que se intercalam para garantir o funcionamento ininterrupto, respeitando o descanso sema- nal de todos os funcionários). Neste caso a capacidade disponível será de 3 x (8 x 7 x 4) = 672 horas mensais. Observe que o valor não atin- giu 720 horas, pois estamos considerando um mês composto por qua- tro semanas o que representa 28 dias, por facilidade de cálculo; !"realização de horas-extras: qualquer hora trabalhada além da jornada normal de trabalho, considerada hora-extra é somada à capacidade disponível. Existem duas formas de aumentar a capacidade disponível: !"aumento da capacidade instalada: consiste em aumentar a quantida- de de máquinas, em adquirir máquinas com maior capacidade de produção, enfim, na expansão da planta industrial. Desta forma, com a mesma jornada de trabalho, a empresa pode produzir mais. O custo da mão-de-obra, em apenas um turno de trabalho, é menor, porém investimentos na planta industrial representam custos fixos geral- mente elevados; !"aumento de turnos de trabalho: O custo da mão-de-obra aumenta quando se aumentam os turnos de trabalho em função da necessida- de de pagamento de “adicional noturno”, necessidade de transporte durante a madrugada para os funcionários, necessidade de mão-de- obra indireta para supervisão dos turnos e assim por diante. Porém, trata-se de um custo variável. Quando se opera próximo aos níveis máximos da capacidade disponível, a empresa corre sério risco de faturar mais, porém com menores resultados ou até prejuízo. Por que isto acontece? Porque os custos de produção aumentam. Não se trata apenas de custos de pagamento com horas-extras, adicional no- turno e aumento do overhead, acumulam-se os custos da falta de produtivi- dade e qualidade, em um fenômeno que é conhecido como “deseconomia de escala”. NEM SEMPRE É BOM FATURAR MAIS Determinada empresa, fabricante de produtos alimentícios, atendendo à recomendação de uma consultoria despreparada, decidiu ampliar suas vendas, uma vez que existia demanda de mercado para isto. Sem dinheiro para investir em maquinário, decidiu trabalhar no pico da capacidade disponível. A empresa trabalhou todos os sábados, com duas horas-extras di- árias. Os trabalhadores, exaustos, perderam a produtividade. Foram contratados funcioná- rios novos, desqualificados e a empresa amargou um prejuízo de RS 300.000,00 no mês em que seu faturamento saltou de R$ 900.000,00 para R$ 1.200.000,00. Capítulo 5 – Planejamento da capacidade de produção 245 Jurandir Peinado e Alexandre Reis Graeml O aumento da capacidade instalada pela expansão do parque instalado é recomendado quando a demanda de mercado tende a continuar em cresci- mento e não haverá ociosidade deste investimento, o aumento de capacidade por meio da adoção de mais jornadas de trabalho pode ser mais interessante quando os investimentos em equipamentos forem elevados e não houver certe- za do comportamento da demanda. Grau de disponibilidade: a capacidade instalada e a capacidade dis- ponível permitem a formação de um índice, denominado grau de disponibili- dade. Que indica, em forma percentual, quanto uma unidade produtiva está disponível, conforme a fórmula 5.1. Fórmula 5.1 – Grau de disponibilidade instaladaCapacidade disponívelCapacidade idadedisponibildeGrau = Capacidade efetiva ou carga A capacidade efetiva representa a capacidade disponível subtraindo-se as perdas planejadas desta capacidade. A capacidade efetiva não pode exceder a capacidade disponível, isto seria o mesmo que programar uma carga de má- quina por um tempo superior ao disponível. Perdas de capacidade planejadas: são aquelas perdas que se sabe de antemão que irão acontecer, por exemplo: !"necessidade de set-ups para alterações no mix de produtos; !"manutenções preventivas periódicas; !"tempos perdidos em trocas de turnos; !"amostragens da qualidade etc. Perdas de capacidade não planejadas: são perdas que não se consegue antever, como por exemplo: !"falta de matéria-prima; !"falta de energia elétrica; !"falta de funcionários; !"paradas para manutenção corretiva; !"investigações de problemas da qualidade etc. Grau de utilização: a capacidade disponível e a capacidade efetiva per- mitem a formação de um índice, denominado grau de utilização. Que repre- senta, em forma percentual, quanto uma unidade produtiva está utilizando sua capacidade disponível, conforme a fórmula 5.2. Fórmula 5.2 – Grau de utilização disponívelCapacidade efetivaCapacidade utilizaçãodeGrau = 246 Administração da Produção (Operações industriais e de serviços) Jurandir Peinado e Alexandre ReisGraeml Capacidade realizada A capacidade realizada é obtida subtraindo-se as perdas não planejadas da capacidade efetiva, em outras palavras, é a capacidade que realmente acon- teceu em determinado período. REGISTROS DE PRODUÇÃO (“DIÁRIO DE BORDO”) Toda área produtiva tem uma forma de registrar todas as ocorrências consideradas relevan- tes, acontecidas durante o turno de produção. Além dos registros óbvios como quantidade produzida, número de peças com defeito, por exemplo, também são anotadas ocorrências como horário e duração de falta de energia elétrica, quebra ou paralisação de determinada máquina, falta de determinado material etc. Trata-se de um verdadeiro diário de bordo. No passado, estes registros eram feitos geralmente em um caderno preto. Atualmente, são feitos de forma on line via sistema de informática. Índice de eficiência: a capacidade realizada, quando comparada à ca- pacidade efetiva, fornece a porcentagem de eficiência da unidade produtora em realizar o trabalho programado, conforme a fórmula 5.3. Fórmula 5.3 – Índice de eficiência efetivaCapacidade realizadaCapacidade eficiênciadeIndice = Exemplo: o setor de tingimento de uma tecelagem tem uma barca de tingimento16 com capacidade para tingir 300 quilos de determinado tecido por hora. O setor trabalha em dois turnos de oito horas, cinco dias por semana. Durante a última semana, os registros de produção apresentaram os seguintes apontamentos de tempos perdidos: Quadro 22 Registros de produção do setor de tingimento Ocorrência Tempo parado 1 Mudança de cor (set- up) 4,5 horas 2 Amostragens da qualidade 3 horas 3 Falta de pessoal 4 horas 4 Tempos de troca de turnos 50 minutos 5 Falta de tecido 2 horas 6 Manutenção preventiva regular 4 horas 7 Nenhum trabalho programado 2 horas 8 Investigações de falha de qualidade 40 minutos 9 Acidente de trabalho 25 minutos 10 Falta de energia elétrica 2,15 horas Calcular a capacidade instalada, a capacidade disponível, a capacidade efetiva, a capacidade realizada, o grau de disponibilidade, o grau de utilização e o índice de eficiência do setor de tingimento da empresa de tecelagem na se- mana. 16 Barca de tingimento: Nome dado ao equipamento para tingir (alterar a cor primitiva) tecidos através de um processo de imersão em substância corante. Capítulo 5 – Planejamento da capacidade de produção 247 Jurandir Peinado e Alexandre Reis Graeml Resolução: Capacidade instalada: 7 dias por semana x 24 horas por dia = 168 horas por semana ou 168 x 300 = 50.400 quilos de tecido tingido por semana. Capacidade disponível: 16 horas por dia x 5 dias por semana = 80 horas por semana ou 80 x 300 = 24.000 quilos de tecido tingido por semana. Capacidade efetiva: perdas planejadas (ocorrências: 1, 2, 4, 6 e 7) = 14,33 horas, portanto a capacidade efetiva será: 80 -14,33 = 65,67 horas ou 65,67 x 300 = 19.700 quilos de tecido tingido por semana. Capacidade realizada: Perdas não planejadas (ocorrências: 3, 5, 8, 9 e 10) = 9,23 horas, por- tanto a capacidade realizada foi de 65,67 – 9,23 = 56,44 horas ou 56,44 x 300 = 16.932 qui- los de tecido tingidos por semana. Grau de disponibilidade %62,46 400.50 000.24 === instaladaCapacidade disponívelCapacidade Grau de utilização %08,82 000.24 700.19 === disponivelCapacidade efetivaCapacidade Índice de eficiência %95,85 700.19 932.16 === efetivaCapacidade realizadaCapacidade PLANEJAMENTO DE LOTES MÍNIMOS DE PRODUÇÃO Por mais simples e óbvio que possa parecer, com exceção das grandes organizações industriais, não é raro encontrar empresas brasileiras onde o planejamento de produção praticamente inexiste ou acontece com sérias defi- ciências. Um fato comum e freqüente diz respeito à medida da capacidade por meio da quantidade de produtos que a fábrica consegue produzir no período, geralmente mensal, sem considerar o grau de dificuldade ou tempo de pro- dução entre os diversos tipos ou modelos. A área comercial tende a realizar a previsão de vendas considerando a quantidade de produtos que pretende vender, sem se importar muito com o mix a ser vendido. A previsão da quantidade de produtos a ser vendida somente pode ser válida quando se trata de empresa produtora de um único tipo de produto. Quando a previsão não menciona com bom grau de confiança o mix que pretende vender, a área de produção pode ficar à mercê da área comercial, sendo culpada pelas dificuldades de programação que, de certa forma foram, proporcionadas pela falta de previsão da área comercial. Para resolver ou mi- nimizar esta dificuldade comum às empresas brasileiras, é fundamental que o planejamento comercial seja realizado rotineiramente e leve em conta as restri- ções e limitações de programação da área produtiva. Planejamento comercial O produto de um bom trabalho de planejamento comercial é uma pre- visão de vendas que a área de produção entende como plenamente possível de ser realizada, com o grau de desagregação dos produtos no nível necessário e com o qual a área de produção se compromete. Ao mesmo tempo, também há comprometimento da área comercial, que considera as quantidades viáveis e o 248 Administração da Produção (Operações industriais e de serviços) Jurandir Peinado e Alexandre Reis Graeml reflexo da demanda esperada. O planejamento comercial não pode, em hipótese alguma, ser confundido com metas de recordes de produção e vendas. Administração comercial A administração comercial é um setor ligado à área comercial que tem por objetivo controlar as ações dos vendedores (gerentes de vendas regionais, representantes, vendedores, prepostos etc.) para que a previsão de vendas de- finida no planejamento comercial seja obtida. Por exemplo, se um represen- tante já atingiu sua cota de vendas de determinado produto, ele só terá autorização para vender mais se os gestores da administração comercial trans- ferirem para ele parte da cota de outro representante comercial. COMO DEVERIA SER UM BOM VENDEDOR? É óbvio que a produção não pode controlar o mercado, quem dita suas regras é o consumi- dor final. Mas isto não pode ser desculpa para a falta de controle e planejamento da área de vendas quando busca atingir sua meta de faturamento, em detrimento do resultado final da empresa, em outras palavras, um bom vendedor não é aquele que vende qualquer coisa, é aquele que vende o que disse que ia vender e para o que a empresa ser preparou, ou seja, o que foi planejado e produzido. Ajustes no planejamento: quando necessário, a área de planejamento comercial solicita à área de produção alguma alteração no planejamento. De- pendendo do grau de alteração, o planejamento precisa ser redefinido, no- vamente em comum acordo entre as áreas. Não é raro, em empresas brasileiras, encontrar diretores comerciais, ou gerentes de vendas no chão de fábrica, al- terando programações de produção que, aliás, sequer foram pré-estabelecidas. Apesar da resistência inicial da área comercial em se comprometer com um planejamento comercial, com o passar do tempo, o atendimento aos pedidos melhora e a área de vendas, percebe o benefício, passando a ver o planeja- mento comercial como uma poderosa ferramenta para aumentar ainda mais as vendas. Tempo de preparação (set-up17): corresponde ao tempo para preparar uma unidade produtiva quando se troca o tipo ou modelo de produto a ser produzido. Set-up é o trabalho necessário para se mudar uma máquina es- pecífica, recurso, centro de trabalho ou linha de produção. Após concluir a última peça da produção A para produzir a primeira peça boa da produção B. A seguir são descritos alguns exemplos de atividades de set- up: !"uma cabine de pintura está pintando refrigeradores brancos e precisa ser limpa e ter a cor da tinta trocada para se começar a pintura de re- frigeradores marrons; !"uma injetora de plásticos está produzindo copos d’água na cor azul. Para serem produzidos jarros vermelhos nesta mesma máquina,é ne- cessário trocar a matriz de injeção (do copo para a jarra) e a cor do plástico (de azul para vermelho); 17 A palavra set-up de produção, em que pese ter um termo correspondente em português (tem- po de preparação), é mais utilizado nas organizações industriais em sua forma original em inglês. Capítulo 5 – Planejamento da capacidade de produção 249 Jurandir Peinado e Alexandre Reis Graeml !"uma prensa hidráulica está estampando chapas de aço para fabrica- ção da lateral de um fogão. Para estampar a porta do forno deste mesmo fogão, será necessário trocar a matriz de estampagem e o tipo do blank utilizado. O que é lote mínimo de fabricação? Vamos supor que uma determinada empresa da área metalúrgica es- tampe quatro tipos de peças diferentes (peça A, B, C e D) em uma única prensa hidráulica. Suponha que a demanda do cliente seja de mil peças de cada tipo por mês, a produção destas mil peças demanda cinco dias de produção e a empresa trabalhe 20 dias por mês (cinco dias por semana). Bem a empresa pode produzir um único lote de mil peças A na primeira semana, seguido de um único lote de mil peças B na segunda semana, seguido de mil peças C na terceira semana e finalmente um único lote de mil peças D na última semana. Desta forma serão feitos apenas quatro set-ups (se cada set-up demorar meia hora serão consumidas duas horas de set-ups). Bem, o problema é que o cli- ente pode precisar da peça D na primeira semana do mês, ou ainda precisar dos quatro tipos de peças todos os dias. Desta forma a empresa vai precisar reduzir o lote de fabricação de mil peças para um lote menor de forma que as mil peças serão feitas em vários lotes menores (cinco lotes de 200 peças cada, por exemplo), porém serão feitos mais set-ups que vão consumir mais tempo. Lote mínimo de fabricação corresponde ao menor lote possível de ser produzido pela empresa de forma que o aumento do tempo dos set-ups não ul- trapasse a capacidade disponível. O número de ciclos representa a quantidade de vezes que uma “rodada” de peças é feita no período (mensal neste caso), por exemplo, se forem produzi- dos lotes de 200 peças cada, teremos cinco ciclos, ou seja, cinco “rodadas” de fabricação: 200 peças A, seguidas de 200 peças B, seguidas de 200 peças C, seguidas de 200 peças D, isto tudo cinco vezes no mês. Cálculo do lote mínimo de fabricação Os lotes mínimos de fabricação são calculados por meio da fórmula 5.4. Fórmula 5.4 – Lote mínimo de fabricação ! = = upsset ciclos de :sendo vadade efetil - Capaci disponíveCapacidade N de ciclosN D LM o o i i Onde: LMi = lote mínimo de fabricação do produto i Di = demanda do produto i no período No de ciclos = quantidade de “rodadas” completas de fabricação 250 Administração da Produção (Operações industriais e de serviços) Jurandir Peinado e Alexandre Reis Graeml Capacidade disponíve l Capacidade e fe ti va ou carga T e m po para set-ups Tempo livre para set-up Exemplo: a Injebrás é uma empresa produtora de peças plásticas injetadas. Uma programação de produção deve ser feita para quatro peças plásticas que são produzidas em uma única máquina injetora. A empresa pretende fazer seu plano de produção, em função de suas capacidades, para um mês de 24 dias úteis. Se a empresa trabalha um turno de oito horas por dia e considera um fator de tolerân- cia de tempo de espera de 97% (perda de 3%), calcular o lote mínimo de fabrica- ção de cada uma das peças. As demandas por peça para o período são: Quadro 23 Demanda por peça na Injebrás Peça Demanda mensal Tempo padrão por peça Tempo de set-up A 4.000 0,56 min 30 min B 6.000 0,38 min 35 min C 5.000 0,60 min 20 min D 4.500 0,58 min 45 min Resolução: Capacidade disponível = 24 x 8 x 0,97 = 186,24 horas no mês. Carga = (4.000 x 0,56) + (6.000 x 0,38) + (5.000 x 0,60) + (4.500 x 0,58) = 168,83 horas no mês. Tempo para realização de set-ups = 186,24 – 168,83 = 17,41 horas livres não utilizadas para produção que podem, e devem, serem utilizadas para set-ups 03,8 167,2 41,17 === ! set ups vadade efetil - capaci disponíveCapacidade de ciclosN o peças ciclosNúmero de D LM peças ciclosNúmero de D LM peças ciclosNúmero de D LM peças ciclosNúmero de D LM D D C C B B A A 558 03,8 500.4 620 03,8 000.5 744 03,8 000.6 498 03,8 000.4 === === === === Capítulo 5 – Planejamento da capacidade de produção 251 Jurandir Peinado e Alexandre Reis Graeml Isto significa que a Injebrás pode dividir a demanda mensal de cada peça, e, ao invés de pro- duzir todas as 4.000 peças A, por exemplo, de uma única vez, a empresa fará oito lotes de 498 peças A em cada lote. Redução do lote mínimo por meio da redução do tempo de set-up Quanto menor for o tempo necessário para a realização de cada set-up individual, mais ciclos poderão ser feitos, o que significa a diminuição do lote mínimo de fabricação. Supondo que, no exemplo acima, um trabalho de mel- horia tenha sido realizado para diminuir o tempo gasto nas operações de set-up, com os novos tempos de set-up para as pecas A, B, C e D reduzidos para 15, 18, 10 e 25 minutos, respectivamente, qual o impacto sobre o lote mínimo de pro- dução de cada peça? O tempo total de set-ups passa a ser de 68 minutos ou 1,133 horas. As- sim o número de ciclos de set-up possível sobe para: 37,15 133,1 41,17 === ! set ups vadade efetil - capaci disponíveCapacidade de ciclosN o E os lotes mínimos de fabricação ficam: peças ciclosNúmero de D LM peças ciclosNúmero de D LM peças ciclosNúmero de D LM peças ciclosNúmero de D LM D D C C B B A A 292 37,15 500.4 325 37,15 000.5 390 37,15 000.6 260 37,15 000.4 === === === === Considerações sobre o lote mínimo de produção: quanto mais set-ups puderem ser feitos, menores serão os lotes mínimos dos produtos. Isto repre- senta uma considerável vantagem para a redução dos níveis de estoque. No ca- so da Injebrás o impacto no estoque médio da peça A, por exemplo, pode ser avaliado da seguinte forma: !"se apenas um lote de cada produto for feito no mês, isto representa um estoque médio do componente A de 4.000 ÷ 2 = 2.000 peças. !"se a demanda mensal do componente A for produzida em 8,03 vezes, tem-se o estoque médio de (4.000 ÷ 8,03) ÷ 2 = 498 ÷ 2 = 249 peças. !"se a demanda mensal do componente A for produzida em 15,37 vezes, tem-se o estoque médio de (4.000 ÷ 15,37) ÷ 2 = 260 ÷ 2 = 130 peças. Apesar do menor nível de estoque, o atendimento ao cliente melhora, pois agora se produz sempre o item em lotes menores, porém repetidas vezes. A nova forma de produção permite que se tenha um pouco de tudo, o que é mui- to mais compatível com a demanda. 252 Administração da Produção (Operações industriais e de serviços) Jurandir Peinado e Alexandre Reis Graeml QUANDO A EMPRESA SABE O TEMPO DE SET-UP, NÃO SABE QUANTO TEMPO DISPÕE PARA REALIZÁ-LO Não é raro encontrar empresas no Brasil que não têm noção exata do tempo de set-up de produção, muito menos da quantidade de set-ups que podem ser feitos durante a folga exis- tente entre a capacidade disponível e a carga. Indo além, é comum também as empresas não saberem ao certo quais são estas capacidades. Pode parecer um erro grosseiro? Uma falha da administração improvável e imperdoável! Pois bem, vale a pena conferir, se você conhece algum gerente de produção, pergunte a ele sobre estes valores e não fique assustado com a resposta! A influência da seqüência de produção no tempo de set-up A seqüência das trocas de um produto para outro pode influenciar sig- nificativamente o tempo gasto em set-ups na produção. Por exemplo, vamos supor que determinada empresa de injeção de plástico tenha um programa de produção para o período compreendendo 10 tipos de produtos. Todos eles são de polipropileno nas mesmas especificações, sendo três na cor azul, outros três na cor branca e quatro nacor vermelha. Neste caso, o programador de pro- dução deve sempre considerar a possibilidade de agrupar, por lote mínimo de produção, as peças da mesma cor, para reduzir o tempo de set-up. Outro ex- emplo seria a troca de cores em uma linha de pintura. Geralmente é mais sim- ples trocar cores claras por cores escuras, devido à maior capacidade de cobertura das tintas escuras sobre as claras. A seguir, é apresentado um ex- emplo de uma fábrica de confecções, para ilustrar o assunto. Exemplo: a Vestebrás é uma empresa especializada na confecção de uni- formes industriais. Uma única linha de produção, composta de oito máquinas de costura, produz oito tipos diferentes de uniformes conforme o Quadro 24, a seguir: Quadro 24 Tipos de uniformes fabricados pela Vestebrás Código Sexo Modelo Cor MASIBR Masculino Simples Branco MASIMR Masculino Simples Marrom MALUBR Masculino Luxo Branco MALUMR Masculino Luxo Marrom FESIBR Feminino Simples Branco FESIMR Feminino Simples Marrom FELUBR Feminino Luxo Branco FELUMR Feminino Luxo Marrom Existem três tipos de set-up: o set-up para a troca de gênero do uniforme, o set-up para troca do modelo e o set-up para a troca da cor. Os set-ups, neste exemplo, não podem ser feitos simultaneamente. Os tempos de set-up são: !"tempo de set-up para troca do gênero: 15 minutos; !"tempo de set-up para troca do modelo: 30 minutos; !"tempo de set-up para troca da cor: 25 minutos. Capítulo 5 – Planejamento da capacidade de produção 253 Jurandir Peinado e Alexandre Reis Graeml Com estas informações, pode-se procurar uma seqüência de produção de forma a gastar o menor tempo possível com set-ups. O Quadro 25 demonstra os tempos de set-up para duas seqüências de produção. Quadro 25 Influência da seqüência de produção nos tempos de set-up Primeira seqüência Segunda seqüência De: Para: Tempo set-up De: Para: Tempo set-up MASIBR MASIMR 25 MASIBR FESIBR 15 MASIMR MALUBR 30 + 25 FESIBR FESIMR 25 MALUBR MALUMR 15 + 30 FESIMR MASIMR 15 + 30 MALUMR FESIBR 15 + 30 + 25 MASIMR MALUMR 30 FESIBR FESIMR 25 MALUMR MALUBR 25 FESIMR FELUBR 30 + 25 MALUBR FELUBR 15 FELUBR FELUMR 25 FELUBR FELUMR 15 FELUMR MASIBR 15 + 30 + 25 FELUMR MASIBR 15 + 30 + 25 TOTAL 370 minutos TOTAL 240 minutos Neste caso, a segunda seqüência demonstrou ser bastante superior à primeira, reduzindo o tempo total gasto com set-ups em 130 minutos. Como se pode observar, a seqüência de fabricação dos produtos que compõem o lote mínimo de produção pode interferir significativamente no tempo de set-up ne- cessário. É importante que o programador de produção leve este fato em con- sideração. ALOCAÇÃO E SEQÜENCIAMENTO DE CARGAS Como já comentado, as unidades produtivas de uma organização qualquer, com freqüência, utilizam as mesmas máquinas para operar com diferentes produtos. Assim, o programador de produção deve definir em que máquina alocar qual trabalho e em qual seqüência. A forma mais comum de alocação e seqüenciamento de cargas consiste na utilização do gráfico de Gantt. GRÁFICO DE GANTT O gráfico de Gantt é uma ferramenta simples que usa barras horizontais para mostrar quais tarefas podem ser realizadas simultaneamente ao longo da execução do trabalho. As atividades são listadas na vertical, as datas na hori- zontal e a duração é representada na forma do comprimento das barras. Uti- lizar o gráfico de Gantt para alocação e seqüência de cargas é uma abordagem empírica e manual, com limitações e alguns inconvenientes. Apesar disto, é bastante utilizada na prática pela empresa, devido, principalmente, à sua sim- plicidade e facilidade de entendimento. Exemplo: uma empresa de serviços de ferramentaria projeta e produz ferramentas especiais para prensas de estampagem. A empresa recebeu um pedido de quatro peças. O Quadro 26 apresenta a duração e a seqüência das operações necessárias em cada uma das máquinas de que a ferramentaria dis- põe. 254 Administração da Produção (Operações industriais e de serviços) Jurandir Peinado e Alexandre Reis Graeml Quadro 26 Seqüência de operações por produto Operações Produtos 1 2 3 4 Tempo total Lucro (R$) A TO (4) EE (5) PR(2) RE (5) 16 600,00 B FR (6) TO (5) PR (3) 14 400,00 C PR (5) RE (4) EE (4) FR (3) 16 500,00 D RE (5) TO (2) PR (2) EE (3) 12 300,00 E EE (3) TO (2) FR (4) TO (3) 12 200,00 Legenda TO = Torno PR = Prensa EE = Eletro erosão RE = Retífica FR = Fresa A interpretação do Quadro 26 é feita da seguinte forma: para a con- strução do produto A são necessárias quatro horas de utilização de um torno. Após, e somente após, o serviço no torno estar completo, será possível iniciar a segunda operação, que consiste em cinco horas de eletro-erosão. Somente após o término do serviço de eletro-erosão o produto A recebe duas horas de serviço na prensa e, então, é encaminhado para a última operação, de retífica, que consome cinco horas. A fabricação dos demais produtos acontece de forma a- náloga. Supondo que a empresa realize um expediente de trabalho das 7:00 às 11:00 e das 13:00 às 17:00 horas, em quanto tempo os quatro produtos podem ficar prontos e que atividades devem ser executadas em cada máquina e em que seqüência? Resposta: Uma forma visual e de freqüente utilização nas organizações é a construção de um gráfico de Gantt, conforme ilustrado na Figura 58. Segunda-feira (horário) Terça-feira (horário) Máquina 7 8 8 9 9 10 10 11 13 14 14 15 15 16 16 17 7 8 8 9 9 10 10 11 13 14 14 15 15 16 16 17 Torno A1 A1 A1 A1 E2 E2 D2 D2 B2 B2 B2 B2 B2 E4 E4 E4 Prensa C1 C1 C1 C1 C1 A3 A3 D3 D3 B3 B3 B3 Eletro- erosão E1 E1 E1 A2 A2 A2 A2 A2 C3 C3 C3 C3 D4 D4 D4 Retífica D1 D1 D1 D1 D1 C2 C2 C2 C2 A4 A4 A4 A4 A4 Fresa B1 B1 B1 B1 B1 B1 E3 E3 E3 E3 C4 C4 C4 Gráfico de Gantt: alocação de carga A Figura 58 é interpretada da seguinte forma: o torno será utilizado da seguinte forma: segunda-feira, das 7:00 às 11:00 horas para a primeira opera- ção do produto A, representada por A1; das 13:00 às 15:00 horas para a se- gunda operação do produto E, representada por E2; das 15:00 às 17:00 horas para a segunda operação do produto D, representada por D2; na terça-feira, o torno será utilizado das 7:00 às 14:00 horas (com intervalo de almoço das 11:00 às 13:00) para a segunda operação do produto B, representada por B2 e, finalmente, das 14:00 às 17:00 horas para a quarta operação do produto E, representada por E4. A leitura do carregamento das outras máquinas, partir do gráfico de Gantt, pode ser feita de forma análoga. Capítulo 5 – Planejamento da capacidade de produção 255 Jurandir Peinado e Alexandre Reis Graeml Montagem do gráfico de alocação de carga Não existe nenhuma regra específica que possa ser seguida à risca. O re- sultado apresentado será de caráter heurístico, ou seja, devido ao grande nú- mero de combinações e seqüências possíveis, dificilmente será obtida a combinação ótima. Porém, uma combinação próxima da solução ótima poderá ser obtida sem muito esforço. Apesar de não existir um algoritmo específico que determine regras de e- laboração do gráfico, as seguintes orientações básicas auxiliam na elaboração de uma solução de alocação de carga de melhor qualidade: !"iniciar a programação pelo produto de maior tempo de duração e, sempre que possível, de maior margem de contribuição; !"incluir o segundo produto de maior tempo de duração e lucro; !"continuar procedendo de forma análoga, buscando obter o melhor en- caixe nas janelas de horário existentes. QUESTÕES PARA REVISÃO E DISCUSSÃO 1. Complete o quadro abaixo: Organização Capacidade de insumos Capacidade de volume de produção Fábrica de ar condicionado Horas-máquina disponíveis Produtos por semana Hospital Leitos disponíveis Pacientes tratados por semana Restaurante Teatro Universidade Loja de varejo Companhia aérea Companhia de eletricidade Cervejaria Transportadora 2. Dê uma definição paracapacidade de produção. 3. Por que a capacidade instalada é uma medida hipotética? 4. Faça uma pesquisa sobre as exigências legais para a utilização de quatro turnos de trabalho. 5. De que forma se pode aumentar a capacidade efetiva? Por que a capacidade efetiva também é chamada de carga? 6. Por que o planejamento comercial é importante? Como ele funciona? 7. O que faz o setor de administração comercial? 8. Explique o que é o tempo disponível para realização de set-ups. 256 Administração da Produção (Operações industriais e de serviços) Jurandir Peinado e Alexandre Reis Graeml 9. Explique como se pode medir o grau de utilização em um consultório dentário, em uma faculdade e em uma barraca de cachorro-quente. Quais os índices de desempenho que poderiam se adotados? 10. Com certa freqüência, a área de vendas afirma ser muito difícil prever a demanda, porque esta afirmação ocorre nos dias atuais? Seria possível al- terar ou controlar a demanda? Discuta o assunto. PROBLEMAS PROPOSTOS 1. Uma linha de montagem produz fogões domésticos a gás de cinco modelos diferentes conforme a tabela abaixo: Código Modelo Características Capacidade da linha 4ST Standard Quatro bocas sem acendimento automático 250 produtos / hora 4LX Luxo Quatro bocas com acendimento automático 220 produtos / hora 4SX Super luxo Quatro bocas com acendimento automático 200 produtos / hora 6ST Standard Seis bocas sem acendimento automático 160 produtos / hora 6LX Luxo Seis bocas com acendimento automático 120 produtos / hora Para esta montagem existem dois tipos de ajustes, um set-up para troca do número de bocas e outro set-up para a troca do tipo de acendimento. Os ajustes não podem ser feitos simultaneamente. Os tempos de set-up são dados abaixo: !" tempo de set-up para troca do tipo de acendimento: 30 minutos; !" tempo de set-up para troca do número de bocas: 45 minutos. A linha de montagem trabalha em dois turnos de oito horas por dia cada, parando uma hora por turno para almoço ou jantar. A empresa utiliza um fator de tolerância de 98%. O setor de vendas previu uma demanda para o próximo bimestre conforme a tabela abaixo. Demanda Produto Outubro Novembro 4ST 20.000 20.000 4LX 17.000 18.000 4SX 13.000 13.000 6ST 10.000 - 6LX 8.500 10.000 Dias úteis 27 24 Elaborar o programa de produção determinando os lotes mínimos de pro- dução mensal. Determinar, para cada mês, as capacidades instaladas, dis- poníveis e efetivas. R. Lotes Mínimos out: 3373; 2867; 2192; 1686; 1433 – LM nov: 2614; 2353;1699;1307) 2. Um fabricante de perfis plásticos possui três máquinas com capacidade de extrusão conforme abaixo: Máquina 1 = 300 metros por hora Máquina 2 = 200 metros por hora Capítulo 5 – Planejamento da capacidade de produção 257 Jurandir Peinado e Alexandre Reis Graeml Máquina 3 = 350 metros por hora A fábrica trabalha em um turno diário de oito horas de produção, com um intervalo de 45 minutos para almoço. O relatório mensal de produção, para um mês de 30 dias com 24 dias úteis, apresentou os seguintes resultados: Tempo perdido (horas) Ocorrência Máquina 1 Máquina 2 Máquina 3 Set-ups 12 5 8 Manutenção planejada 3 5 6 Queda de energia 5 5 5 Acidente de trabalho 2 2 2 Problemas de qualidade - - 4 O relatório menciona também que 5.000 perfis de um tipo de puxador, de 80 cm, fabricado pela máquina 2 foram moídos para reutilização por prob- lemas de qualidade. Determine a capacidade instalada, a capacidade dis- ponível, a capacidade efetiva, a capacidade realizada e o nível de eficiência no mês em análise, para cada máquina. (R. CI = 216000; 144000; 252000 – CD = 52200; 34800; 60900 – CE = 48600, 33800; 58100 – CR = 45600; 27400; 52150) 3. Hoje é uma sexta-feira, e você foi incumbido de realizar a programação da produção para o início da semana que vem, ou seja, segunda-feira, terça- feira e quarta-feira, dias 16, 17 e 18, respectivamente. A empresa tem um pedido de sete produtos para serem entregues dia 19. O quadro abaixo de- monstra as operações necessárias para a fabricação de cada um destes produtos. O expediente de trabalho é das 7:00 às 11:00 e das 13:00 às 17:00 horas. Produto Operação 1 Operação 2 Operação 3 Operação 4 Operação 5 Total Lucro A TO – 3 EE – 5 FR – 8 PR – 6 RE – 2 24 150,00 B TO – 4 PR – 7 EE – 2 RE – 4 TO – 4 21 160,00 C PR – 5 RE – 7 EE – 6 - - 18 100,00 D FR – 8 TO – 8 FR – 6 PR – 2 - 24 120,00 E EE – 3 RE – 4 EE – 6 TO – 4 FR - 2 19 90,00 F RE – 3 TO – 1 PR – 2 RE – 2 - 8 60,00 G PR – 2 RE – 2 EE – 2 - - 6 50,00 Legenda: TO = torno, PR = prensa, FR = fresa, RE = retífica e EE = Eletro-erosão. 4. Em um mesmo forno contínuo são produzidos biscoitos do tipo recheado em cinco sabores: chocolate, morango, baunilha, doce de leite e creme. Ca- da biscoito é fabricado a partir de duas massas: a massa do biscoito e a massa do recheio. Cada um dos cinco sabores utiliza um tipo de massa de recheio diferente. Os sabores das massas do biscoito são de três tipos: um para o sabor chocolate, outro para o sabor morango e outro que serve para os sabores baunilha, doce de leite e creme. Os set-ups não são feitos simul- taneamente. Os tempos de produção e set-up são dados abaixo: !" capacidade do forno: 2.000 quilos por hora; !" tempo de set-up para a massa do biscoito: 30 min; 258 Administração da Produção (Operações industriais e de serviços) Jurandir Peinado e Alexandre Reis Graeml !" tempo de set-up para a massa do recheio: 45 min. A empresa trabalha em três turnos de oito horas, parando 45 minutos por turno para refeições e descanso. Utiliza-se um fator de tolerância de tempo de espera de 97%. O setor de vendas previu uma demanda para o último quadrimestre do ano conforme a tabela abaixo. Elaborar o programa de produção, determinando os lotes mínimos de produção mensal e determi- nar, para cada mês, a capacidade instalada, projetada e efetiva. (R. set: 57; 29; 48; 19; 38 – out: 94;40; 80; 40; 40 – nov: 110; 55; 55; 50 – dez: 72;20; 51; 20) Demanda em toneladas de biscoito Sabor Setembro Outubro Novembro Dezembro Chocolate 300 350 400 350 Baunilha 150 150 200 100 Morango 250 300 200 250 Doce de leite 100 150 180 100 Creme 200 150 - - Dias úteis 25 dias 27 dias 24 dias 20 dias 5. Seis tipos de bicicletas são produzidos em uma mesma linha de montagem. Considerando que no mês de outubro teremos 27 dias úteis e que esta fá- brica trabalha com três turnos de oito horas, parando uma hora em cada turno para refeições e descanso, calcular os lotes mínimos de produção considerando a tabela abaixo. (R. LM = 776; 1.242; 932; 3.106; 2.485; 998) Bicicleta Demanda Outubro TP / Bike (minutos) Set-up (horas) A 2.500 1,8 1,3 B 4.000 1,2 2,0 C 3.000 1,8 2,0 D 10.000 0,6 3,0 E 8.000 0,6 3,0 F 3.200 1,8 3,0 6. Uma única linha de montagem produz bebedouros domésticos de oito tipos diferentes conforme a tabela abaixo: Código Capacidade Modelo Cor Capacidade da linha produtos / hora 10STBR 10 litros standart Branco 15 10STMR 10 litros standart Marrom 17 10LXBR 10 litros luxo Branco 12 10LXMR 10 litros luxo Marrom 13 20STBR 20 litros standart Branco 11 20STMR 20 litros standart Marrom 10 20LXBR 20 litros luxo Branco 8 20LXMR 20 litros luxo Marrom 8 Para esta montagem existem três tipos de set-up, o set-up para a troca da capacidade, o set-up para troca do modelo e o set-up para a troca da cor. Os Capítulo 5 – Planejamento da capacidade de produção 259 Jurandir Peinado e Alexandre Reis Graeml set-ups não são feitos simultaneamente. Os tempos de set-up são dados a- baixo: !" tempo de set-up para troca da capacidade: 45 minutos; !" tempo de set-up para troca do modelo: 30 minutos; !" tempo de set-up para troca da cor: 15 minutos do branco para o mar- rom e 20 minutos do marrom para o branco. A linha de montagem trabalha em dois turnos de oito horas, parando uma hora por turno para almoço ou jantar. A empresa utiliza um fator de tol- erânciade tempo de espera de 98%. O setor de vendas previu uma de- manda para o próximo mês (que tem 25 dias úteis) conforme a tabela abaixo: Modelo Demanda 10STBR 700 10STMR 600 10LXBR 500 10LXMR 450 20STBR 115 20STMR 500 20LXBR 200 20LXMR 350 Elaborar o programa de produção, determinando os lotes mínimos de pro- dução mensal. (R. 46; 40; 33; 30; 8; 33; 13; 23) AVALIAÇÃO ECONÔMICA DE CAPACIDADE Na grande maioria das organizações a gestão dos custos é feita por um departamento especializado em contabilidade e finanças, onde são gerados os relatórios, cujo objetivo básico é o auxilio à tomada de decisões. Os gestores da organização, tais como o presidente, os acionistas, diretores e também os ger- entes de produção são os usuários primários que usam a informação para o planejamento e controle das operações rotineiras. Assim sendo, é importante que os profissionais ligados à área de produção tenham um bom entendimento dos conceitos e metodologias contábeis e financeiros. É essencial que os ge- stores da produção estejam aptos a avaliar o comportamento dos custos das operações de sua responsabilidade, especialmente quando forem necessárias decisões de investimento de capital para aumento da capacidade. Os conceitos financeiros e de custos industriais aqui apresentados não pretendem esgotar um assunto tão amplo. O objetivo deste item é proporcionar ao gestor das áreas de produção uma visão geral dos tópicos imprescindíveis de custos que afetam a área industrial. Conceitos É conveniente iniciar o assunto com algumas definições básicas que todo o gestor de produção tem obrigação de conhecer, sob pena de prejuízo pessoal 260 Administração da Produção (Operações industriais e de serviços) Jurandir Peinado e Alexandre Reis Graeml profissional perante seus colegas e superiores, bem como deficiência na quali- dade da gestão de sua área. Sistema de contabilidade: é um mecanismo formal para recolher, or- ganizar e comunicar informações sobre as atividades de uma organização. Nor- malmente as informações são enviadas em forma de relatórios contábeis. Os relatórios que precisam ser conhecidos pelo gerente de produção são: !"balanço patrimonial (BP); !"demonstrativo de origens e aplicações de recursos (DOAR); !"demonstrativo de resultados do exercício (DRE). Gastos: qualquer sacrifício financeiro, realizado em um determinado período, para a fabricação de um produto (produto = bens + serviços). Os gas- tos são representados por custos, despesas e investimentos. Exemplo: gastos com honorários da diretoria, gastos com mão-de-obra, gastos com material, gastos com manutenção, gastos com compra de ativo imobilizado etc. Investimentos: gastos para a compra de ativos que irão gerar benefícios em períodos futuros, ligados ao aumento de capacidade de produção. Estes in- vestimentos são somados ao ativo da empresa que vão gerar os custos de de- preciação de capital. Exemplo: estoque de matéria-prima, estoque de produtos acabados, máquinas e equipamentos. Custos: valor de todos os insumos utilizados na fabricação de um pro- duto (bem + serviço). Exemplo: matéria-prima, mão-de-obra direta e gastos gerais de fabricação. Gastos gerais de fabricação: os gastos gerais de fabricação são for- mados por: mão-de-obra indireta (chefes de fábrica, inspetores da qualidade, almoxarifes, analistas de produção, cronoanalistas e demais atividades que se- jam ligadas de alguma forma à fabricação), depreciação de máquinas da pro- dução, depreciação das instalações da fábrica, combustível das máquinas da produção, eletricidade consumida pela fábrica, manutenções das máquinas, ó- leos lubrificantes, materiais secundários de produção, aluguel da fábrica etc. Despesas: valor de todos os gastos não diretamente relacionados à fabri- cação do produto, consumidos em determinado período. São exemplos de des- pesas em uma organização: salários do pessoal administrativo, despesas com marketing, aluguel da filial de vendas, pró-labore da diretoria, despesas com frete para entrega do produto acabado etc. Obs: o frete de matéria-prima é in- corporado ao custo da matéria-prima. Assim, este tipo de frete é considerado como custo. Perdas: gastos, geralmente previstos, que não geram um novo produto. Apesar de serem previstos, as empresas realizam esforços contínuos para sua diminuição ou para o reaproveitamento. São exemplos de perdas as rebarbas ou aparas geradas em um processo de corte por estampagem, as aparas ou re- talhos de tecido que sobram do corte das peças, os pedaços de vidro, consider- ados aparas, que sobram em uma vidraçaria etc. Até mesmo inspeções de qualidade, apesar de certa polêmica, são atualmente consideradas como per- das uma vez que não agregam valor (de transformação) ao produto. Murilo Cardoso Murilo Cardoso
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