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Universidade Estadual de Maringá Centro de Ciências Exatas Departamento de Química 4965/01 – Bioquímica Experimental 6° Prática EXTRAÇÃO, CARACTERIZAÇÃO E DOSAGEM DA CASEÍNA NO LEITE Aluna: Adrielle Ávila – R.A: 109.370 Docente: Prof° Dr. Fausto Fernandes de Castro Maringá, fevereiro de 2022 1. Introdução As proteínas são polímeros de aminoácidos unidos por ligações, denominadas ligações peptídicas, que são a união do grupo amino (‒NH2) de um aminoácido com o grupo carboxila (‒COOH) de outro aminoácido, através da formação de uma amida. Nesta reação ocorre a liberação de água. Figura 1 – Reação geral da formação de uma ligação peptídica. As proteínas são formadas por unidades monoméricas chamadas α-aminoácidos e possuem vários grupos funcionais. Elas podem interagir entre si ou com outras macromoléculas para formar associações bastante complexas. Sendo elas componentes essenciais à matéria viva, podem atuar como: Catalizadores (enzimas); Transportadores (oxigênio, vitaminas, fármacos, lipídeos, ferro, cobre, etc.) Armazenamento (caseína do leite); Proteção imune (anticorpos); Reguladores (insulina e glucagon); Movimento (actina e miosina); Estruturais (colágeno); Transmissão de impulsos nervosos (neurotransmissores); Controle do crescimento e diferenciação celular (fatores do crescimento). As proteínas também possuem importantes funções fisiológicas, como a responsabilidade de manter a distribuição de água entre o compartimento intersticial e o sistema vascular do organismo, formação de tampões para a manutenção do pH, etc. A solubilidade de uma proteína é muito variável e depende da distribuição e da proporção dos grupos polares (hidrofílicos) e dos apolares (hidrofóbicos) na molécula. Muitas proteínas são solúveis em água ou solução salina. Desde que uma proteína possua muitos grupos carregados positiva e negativamente, provenientes das cadeias laterais dos aminoácidos, as moléculas irão interagir umas com as outras com pequenos íons de cargas opostas e com a água. Assim, ocorrem interações proteína-proteína, proteína-água e proteína-pequenos íons. Se a interação proteína-água é alta, a proteína tende a ser solúvel. 1.1 Caseína A caseína é uma proteína do tipo fosfoproteína encontrada no leite fresco. Estas proteínas encontram-se com frequência no leite de mamíferos, sendo cerca de 80% da proteína encontrada no leite de vaca e entre 20% e 45% das proteínas no leite humano. Quando coagulada com renina é chamada de “paracaseína” (caseína do coalho) e, quando coagulada através da redução do pH (utilização de ácidos) é chamada de “caseína ácida”. A caseína contém um número razoavelmente alto de resíduos de prolina que não interagem. Não apresenta nenhuma ponte dissulfeto. Como consequência apresenta relativamente pouca estrutura secundária ou estrutura terciária, não formando estruturas globulares. Por isso, não pode desnaturar. É relativamente hidrofóbica, tornando-se pouco solúvel em água. Encontra-se no leite como uma emulsão de partículas de caseína (micelas de caseína) de modo que a região hidrofóbica (apolar) fica no interior da molécula e a região hidrofílica (polar) fica no exterior da molécula e exposto a água. As caseínas das micelas se prendem juntas por íons de cálcio e interações hidrofóbicas Além de ser consumida no leite, produção de derivados do leite (como queijo), a caseína é usada na produção de adesivos, plásticos, (para pinhos de facas, cabos de guardas chuvas, botões, etc.), como aditivo de alimentos (marshmallow e outros) e para a produção de vários produtos alimentícios e farmacêuticos. A caseína como fibra têxtil de símbolo (K) tem o seu uso restrito a fios para sutura devido a sua melhor absorção pelo organismo. 1.2 Extração, caracterização e dosagem da caseína no leite A caseína é a principal proteína encontrada no leite. Apresenta seu ponto isoelétrico no pH (4,6 – 4,7). Dependendo do pH do meio, uma proteína pode apresentar carga elétrica positiva, negativa ou nula. As variações do pH na solução influenciam as cargas dos radicais dos aminoácidos constituintes das proteínas. Com isso a própria estrutura proteica se modifica, bem como seus fatores de solubilidade (carga elétrica e capacidade de hidratação das moléculas). Em solução, quando as moléculas de determinada proteína estiverem carregadas positivamente ou negativamente, a solubilidade dessa proteína será maior, pois as moléculas se repelirão entre si, aumentando a interação com o solvente. Existe um pH intermediário, que varia de proteína para proteína (pois depende dos radicais R dos aminoácidos que a constituem), em que há um equilíbrio entre as cargas positivas e negativas. Este pH é conhecido como ponto isoelétrico da proteína – pI. Nesse pH, a proteína apresenta uma solubilidade mínima, porque a carga efetiva da molécula é nula (há um balanço entre as cargas positivas e negativas), ficando diminuída a repulsão entre as moléculas e havendo interação eletrostática das moléculas entre si. Como consequência, forma-se grumos que tendem a precipitar. Tabela 1 – pI de algumas proteínas do leite de vaca Proteínas do leite de vaca Concentração aproximada (g%) pI αs1-Caseína 1,37 4,1 Κ-Caseína 0,37 3,7 β-Caseína 0,62 4,5 Χ-Caseína 0,12 5,8 – 6,0 β-Lactoglobulina 0,30 5,3 α-Lactoglobulina 0,07 5,1 Albumina do soro bovino 0,03 4,7 Imunoglobulina (IgG) 0,06 5,6 – 6,0 2. Objetivos O objetivo desta prática é fazer a extração, caracterização e dosagem da caseína presente no leite de caixinha. 3. Procedimento Experimental Para o início desta pratica, utilizando uma proveta, transferiu-se para um béquer 10 mL de leite e 40 mL de água, realizando assim a primeira diluição. Em seguida utilizando de um pHmêtro para a monitoração do pH, adicionou-se ácido acético 5% gota a gota até que ocorresse a precipitação da caseína (aproximadamente no pH 4,7), e depois deixou-se em repouso por cinco minutos. Após passados os cinco minutos, com um bastão de vidro agitou-se a solução que estava no béquer (ressuspendeu as substancias ali presentes), e em seguida transferiu-se uma alíquota de 10 mL para um tubo para centrifuga. Depois centrifugou-se essa alíquota a 3000 rpm por 10 minutos. Logo após a centrifugação, retirou-se uma alíquota de 1 mL do sobrenadante, para dosagem e o restante foi descartado. Como foi utilizado leite desnatado a etapa da adição de éter etílico não foi realizada, pois ela tem como finalidade retirar materiais gordurosos. Em seguida, ao corpo de fundo que ficou no tubo, adicionou-se 2 mL de etanol e se fez a homogeneização, pois a adição de etanol tem como finalidade retirar a água de solvatação que permaneceu junto a proteína. Depois centrifugou-se essa mistura por 2 minutos a 3000 rpm. Após a centrifugação, desprezou-se o sobrenadante, e finalmente foram adicionados 2 mL de hidróxido de sódio 2,0 M para redissolver o precipitado, e depois também foram adicionados 8 mL de água destilada. Para finalizar, utilizando a alíquota de 1 mL que foi retirada do sobrenadante, misturou-se a ela 4 mL do reagente de biureto e em um espectrofotômetro, realizou-se medida de absorbância da mesma. O mesmo procedimento foi feito com a solução final de 10 mL – tirou-se uma alíquota de 1 mL e misturou-se com 4 mL do reagente de biureto, e realizou-se a medida de absorbância da mesma. 4. Resultados e Discussões. Para a realização dos cálculos para a determinação da concentração de caseína em um litro de leite, temos: Caseína contida no precipitado [𝑐𝑜𝑛𝑐𝑒𝑛𝑡𝑟𝑎çã𝑜] = 𝐴𝑏𝑠 ∗ 𝐹𝑐 ∗ 𝐹𝑑 [𝑐𝑜𝑛𝑐𝑒𝑛𝑡𝑟𝑎çã𝑜] = 0,346 ∗ 25 [𝑐𝑜𝑛𝑐𝑒𝑛𝑡𝑟𝑎çã𝑜] = 8,65 Readequando a concentração de acordo com as diluições. Caseínacontida no sobrenadante. [𝑐𝑜𝑛𝑐𝑒𝑛𝑡𝑟𝑎çã𝑜] = 𝐴𝑏𝑠 ∗ 𝐹𝑐 ∗ 𝐹𝑑 [𝑐𝑜𝑛𝑐𝑒𝑛𝑡𝑟𝑎çã𝑜] = 0,073 ∗ 25 [𝑐𝑜𝑛𝑐𝑒𝑛𝑡𝑟𝑎çã𝑜] = 1,825 8,65 — 1 mL X — 10 mL X = 86,5 86,5 — 10 mL Y — 50 mL Y = 432,5 432,5 — 10 mL Z — 200 mL Z = 8650 mg/200 mL Ou 8,65 g/200 mL Readequando a concentração de acordo com as diluições. Proteínas totais [𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙] = 𝐶𝑝 + 𝐶𝑠 [𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙] = 8,65 + 1,825 [𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙] = 10,475 𝑔/𝑚𝐿 % Erro relativo %𝐸𝑟𝑟𝑜 = 74,00% O que interferiu na nossa análise foi o fato de não termos utilizado o éter. O leite, apesar de desnatado, tem um pouco de gordura, que atrapalhou a leitura no espectrofotômetro. Ficou turva a amostra. Em uma outra prática usamos éter e obtivemos as seguintes leituras: a absorbância do sobrenadante deu 0,111 e do precipitado deu 0,182. Ficou bem melhor. Ou seja refazendo os cálculos para esses novos valores temos o seguinte: Caseína contida no precipitado [𝑐𝑜𝑛𝑐𝑒𝑛𝑡𝑟𝑎çã𝑜] = 𝐴𝑏𝑠 ∗ 𝐹𝑐 ∗ 𝐹𝑑 [𝑐𝑜𝑛𝑐𝑒𝑛𝑡𝑟𝑎çã𝑜] = 0,182 ∗ 25 [𝑐𝑜𝑛𝑐𝑒𝑛𝑡𝑟𝑎çã𝑜] = 4,55 1,825 — 1 mL X — 10 mL X = 18,25 18,25 — 10 mL Y — 50 mL Y = 91,25 91,25 — 10 mL Z — 200 mL Z = 1825 mg/200 mL Ou 1,825 g/200 mL Readequando a concentração de acordo com as diluições. Caseína contida no sobrenadante. [𝑐𝑜𝑛𝑐𝑒𝑛𝑡𝑟𝑎çã𝑜] = 𝐴𝑏𝑠 ∗ 𝐹𝑐 ∗ 𝐹𝑑 [𝑐𝑜𝑛𝑐𝑒𝑛𝑡𝑟𝑎çã𝑜] = 0,111 ∗ 25 [𝑐𝑜𝑛𝑐𝑒𝑛𝑡𝑟𝑎çã𝑜] = 2,775 Readequando a concentração de acordo com as diluições. 4,55 — 1 mL X — 10 mL X = 45,5 45,5 — 10 mL Y — 50 mL Y = 227,5 227,5 — 10 mL Z — 200 mL Z = 4550 mg/200 mL Ou 4,55 g/200 mL 2,775 — 1 mL X — 10 mL X = 27,75 27,75 — 10 mL Y — 50 mL Y = 138,75 138,75 — 10 mL Z — 200 mL Z = 2775 mg/200 mL Ou 2,775 g/200 mL Proteínas totais [𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙] = 𝐶𝑝 + 𝐶𝑠 [𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙] = 4,55 + 2,775 [𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙] = 7,325 𝑔/𝑚𝐿 % Erro relativo %𝐸𝑟𝑟𝑜 = 12,69% 5. Conclusão Ao final desta prática, pode-se concluir que, devido ao alto valor do erro relativo, que os valores encontrados para as concentrações podem não ser tão fiéis aos verdadeiros, pois há uma discrepância muito grande entre eles. Outro fator que também pode ter ajudado a aumentar o erro é o fator de calibração encontrado em uma prática anterior e agora utilizado, não ser da proteína (caseína) que foi utilizada para o experimento, fora possíveis erros que podem ter sido cometidos durante a realização do experimento. E ainda pode-se adicionar o fato de se ter pulado uma etapa do processo, pelo leite ser desnatado, mas ainda assim ele pode conter gorduras, o que influenciou e muito o resultado final. Mas mesmo assim, esta prática serviu de ensino para ver como se realiza a extração, caracterização e dosagem da caseína do leite, sendo que este método também pode ser aplicado em outros tipos de alimentos e também outros tipos de proteínas. 6. Referências ROTEIRO PARA AULAS PRÁTICAS DE BIOQUÍMICA – BIOQUÍMICA BÁSICA. Caseína. Wikipédia. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Caseína Acesso em 28 de fevereiro de 2022 https://pt.wikipedia.org/wiki/Caseína
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