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Sociedade anônima – Lei 6.404/76
Introdução
· Para empreender, é preciso do CNPJ. Para ter o número de inscrição no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica é preciso constituir uma pessoa jurídica. 
Art. 44. São pessoas jurídicas de direito privado:João resolveu iniciar uma startup com finalidade lucrativa, com mais dois sócios. Ele observou que o primeiro passo é ter um CNPJ, logo precisa constituir uma PJ. Ele pode escolher uma das opções do art. 44 do CC, porém, nesse caso, a pessoa jurídica mais adequada para constituir seria a sociedade. Por eliminação observamos: ele poderia constituir uma associação ou uma fundação, mas essas são pessoas jurídicas que não possuem finalidade lucrativa, ou seja, o lucro não pode ser dividido entre os participantes, logo não convém constituir um desses tipos de PJ; não seria valido constituir uma organização religiosa, já que, obviamente, essa se destina a fim religioso, e não para empreender; do mesmo modo, não seria valido constituir um partido político, já que esse se destina a finalidades político-partidárias; e, empreender com a EIRELI, também, não seria conveniente, pois essa é formada por um único sócio, e a ideia de João é empreender com mais 2 sócios, logo a pessoa jurídica mais indicada é de fato a sociedade. Porém, qual tipo de sociedade (sociedade simples, limitada, em nome coletivo, anônima...) seria indicado? Depende das particularidades da empresa que os sócios desejam constituir, por exemplo, depende do tipo de atividade, do volume de investimento, do grau de sofisticação e robustez na governança societária, divisão da participação entre os sócios e etc. 
I - as associações;
II - as sociedades;
III - as fundações.
IV - as organizações religiosas;
V - os partidos políticos.
VI - as empresas individuais de responsabilidade limitada.
§ 1º São livres a criação, a organização, a estruturação interna e o funcionamento das organizações religiosas, sendo vedado ao poder público negar-lhes reconhecimento ou registro dos atos constitutivos e necessários ao seu funcionamento.
§ 2º As disposições concernentes às associações aplicam-se subsidiariamente às sociedades que são objeto do Livro II da Parte Especial deste Código.
§ 3º Os partidos políticos serão organizados e funcionarão conforme o disposto em lei específica.
· Cumpre observar que existem entidades que possuem CNJP, mas não são pessoas jurídicas, como: condomínios edilícios, fundos de investimentos, consórcios e etc. 
· Como visto, estudaremos a sociedade anônima, que é um tipo societário. Sociedade anônima nada mais é do que o nome que se dá a um conjunto de regras previstos em lei que regulamentarão o funcionamento de uma sociedade. 
1. Surgimento da Sociedade Anônima: 
· O tipo societário – sociedade anônima – surgiu em um momento histórico ao qual os comerciantes estavam com novas necessidades, logo, obviamente, novas leis surgiram para suprir tais necessidades. 
· Esse momento histórico é marcado pelas grandes colonizações europeias, também chamado de período das grandes navegações (sec. XV e XVI). Em resumo, esse período foi marcado pelo aprimoramento das técnicas de navegação, a necessidade de metais preciosos, de se descobrir um novo caminho marítimo para as Índias, e o intuito de expandir a fé cristã em novas terras. 
· Porém, analisando através de uma ciência empresária, as grandes navegações podem ser comparadas a grandes empreendimentos, isto é, os comerciantes visavam lucros, logo queriam conquistar novos caminhos marítimos para as Índias para vender seus produtos (os mercadores vendiam na Europa especiarias buscadas nas Índias). Esse cenário, a princípio, possuía altíssimo risco, pois havia uma serie de incertezas, como não sabiam ao certo as rotas, tão pouco as distancias e temiam os monstros marítimos. Além disso, esse empreendimento exigia o investimento de muito capital, já que era necessário construir grandes navios, tripulados e equipados. Assim, os mercadores se uniram para facilitar a situação, isto é, para juntar os recursos/capital para fazer tal empreendimento acontecer e, consequentemente, diluírem os riscos desse empreendimento entre si. 
· A situação continuava arriscada e a necessidade de capital ainda era muito alta, mesmo com os mercadores unidos. Com isso, surgiu a ideia de oferecer a outra classe da população a oportunidade de participar desse “empreendedorismo”, ou seja, os mercadores abriram a possibilidade de outras pessoas se unirem a eles, logo eles teriam mais investimento e, obviamente, em troca, quem se dispuser a participar receberia uma parte do lucro, ou melhor, passava a ser acionista da sociedade (ganhava uma ação da sociedade). Isso foi uma inovação (quebra do paradigma das sociedade de pessoas), pois os tipos societários legalmente previstos na época exigiam para a sua constituição a existência de um vínculo pessoal entre os sócios (as sociedades limitadas atuais, com dois ou mais sócios, preveem isso, por exemplo, é necessário que os sócios sejam amigos, parentes...), e passou a preponderar a aglutinação do capital, não importando mais quem eram os sócios. Ou seja, surgiu um tipo societário ao qual não era necessário o vínculo pessoal entre os sócios, sendo o novo elemento relevante para sua constituição da sociedade o “capital”, ou seja, os recursos financeiros. Ou, ainda, em outras palavras, passou-se a permitir a constituição de uma sociedade na qual diversas pessoas poderiam participar, livremente, ainda que não houvesse entre elas nenhum tipo de vínculo pessoal, e o elemento relevante para essa relação societária acontecer era o capital. 
Tratando-se da contemporaneidade, essa é uma característica que acompanha as sociedades anônimas. Inclusive, as sociedades anônimas são chamadas de “sociedades de capital” – sociedades em relação a qual o elemento preponderante para sua formação e desenvolvimento é o capital, não o vínculo pessoal entre os sócios (característica das sociedades chamadas de “pessoas”).
· Uma segunda característica inovadora que surgiu nesse momento histórico, para que a sociedade evitasse problemas inesperados, foi a regra de que a pessoa ao se tornar acionista da sociedade, ou seja, comprar ação e virar sócio, não poderia sair da sociedade a hora que desejasse. Uma vez que as sociedades eram de pessoas, o sócio podia sair da sociedade quando o vínculo societário (affectio societatis) era quebrado, porém como a S.A é uma sociedade de capital surgiram regras novas, o que foi necessário, pois, por exemplo, havendo um rumor de que o navio tinha se perdido e os tripulantes morrido, os investidores se desvinculariam da sociedade desejando o capital de volta, o que causaria a quebra dessa sociedade. 
· Neste sentido, veio uma terceira característica inovadora para esse tipo societário da época, que acabou se tornando a S.A: como visto o sócio não pode exigir a qualquer momento que ele saia da sociedade, com a sociedade recomprando a sua participação, mas ele poderá vender a sua participação a qualquer momento, sem interferência da sociedade ou dos demais sócios. Isso não existia na sociedade de pessoas, pois nessa os vínculos entre os sócios são relevantes, logo a lei prevê que, nesse caso, quando um sócio quer vender sua participação ele pode, porém os demais sócios poderão não rejeitar a entrada desse terceiro à sociedade. Por esse motivo, a sociedade é chamada de anônima, pois, a partir de um certo momento, era difícil identificar que a sociedade de fato identificasse seus sócios, pois, as ações circulavam livremente no mercado, sem interferência da sociedade. É valido destacar que foi a partir do surgimento dessa terceira característica surgiu o que chamamos hoje de “mercado de ações”. Foi a partir desse momento histórico que surgiu a bolsa de valores, a princípio em Amsterdã expandindo a ideia para o mundo, já que as pessoas que investiam nessas sociedades anônimas, que faziam as grandes navegações, começaram a transacionar/negociar essas ações no mercado. Por exemplo, suponhamos que uma pessoa investia em uma sociedadeque iria fazer uma grande navegação e voltaria em 1 ano com o lucro, porém ao dar 6 meses esse investidor precisava de dinheiro, logo ele vendia a sua ação e conseguia certa quantia. 
· A quarta característica para fazer com que a S.A funcionasse foi a limitação de responsabilidade dos sócios. Em resumo, para estimular as pessoas a investirem dinheiro em um empreendimento de alto risco, era fundamental que as regras jurídicas dessa sociedade garantissem a limitação de responsabilidade dos sócios, pois assim os sócios teriam ciência de que se investissem e a sociedade quebrasse o máximo que lhes aconteceria era perder o dinheiro investido – a responsabilidade está limitada ao capital investido na sociedade; mesmo que houvesse dividas o patrimônio pessoal do sócio não responderá pelas dívidas da sociedade, o que gera muita segurança ao investidor (estimula as pessoas investirem parte do seu patrimônio, já que não correrem o risco de perderem o restante caso a sociedade se encontre endividada). Cumpre salientar que quando falamos em limitação de responsabilidade, significa dizer que quando o sócio investe seu capital em determinada sociedade, sua responsabilidade fica limitada a esse capital que foi investido, ou seja, se a sociedade vier a falência, não corre o risco do sócio colocar todo o seu patrimônio em risco. 
2. Evolução histórica da Sociedade Anônima
· Em relação especificadamente ao Brasil, o primeiro tipo societário surgiu no século XIX, mais especificadamente de 1949, houve a publicação do Decreto 575 que regulamentou pela primeira vez o tipo societário que chamamos de Sociedade anônima com as características já citadas acima. Desde então, nunca se deixou de ter esse modelo societário em nosso ordenamento, houve somente atualizações:
· Lei 3.150/1882;
· Decreto 434/1891;
· Decreto-lei 2.672/1940;
· Lei 6.404 de 15 de dezembro de 1976 (lei que vigora até os dias atuais).
3. Lei 6.404/76
· Vale dizer que em 1976 o Brasil estava em pleno período da ditadura. Durante esse espaço de tempo tão escuro na história do Brasil, pode-se dizer que essa lei foi um ponto de luz. Um grupo de juristas sabendo que a S.A ajudaria no crescimento econômico social, pensaram em criar um projeto de lei que realmente ajudasse/potencializar o crescimento econômico e social que o Brasil precisava naquele período, tendo em vista que ter uma boa legislação a respeito das sociedades anônimas seria essencial para o desenvolvimento do mercado de capitais do Brasil. 
· É importante dizer que o mercado de ações nada mais é um conjunto de regras e leis jurídicas e de instituições e de agentes que vão atuar nesse chamada mercado de capitais com finalidades especificas. Ou seja, fazer com que os recursos financeiros excedentes dos agente superavitários, sejam direcionados de forma lícita, rápida, com segurança jurídica a mão dos agente deficitários, sendo estes bem especifico, as empresas de capital aberto. Dessa forma, é necessário a participação de uma série de entidade para fazer esse mercado funcionar, por exemplo, a CVM, as S.A, Bolsa de Valores, entre outros. Portanto, o mercado de ações é uma consequência do existência do mercado de capitais. 
· O Projeto visava basicamente a criar a estrutura jurídica necessária ao fortalecimento do mercado de capitais de risco no País, imprescindível à sobrevivência da empresa privada na fase atual da economia brasileira. A mobilização da poupança popular e o seu encaminhamento voluntário para o setor empresarial exigem, contudo, o estabelecimento de uma sistemática que assegure ao acionista minoritário (não tem o controle societário) o respeito a regras definidas e equitativas, as quais, sem imobilizar o empresário em suas iniciativas, ofereçam atrativos suficientes de segurança e rentabilidade. Portanto, o objetivo dessa lei era criar um regramento jurídico que desse segurança jurídica ao acionista minoritário para que ele se sentisse confortável em investir nas S.A de capital aberto, mas também sem engessar demais, as ações do sócio majoritário. 
· A Lei já sofreu três reformas significativas (Lei 9.457/97, Lei 10.303/2001 e Lei 11.638/2007).
· Tavares Borba defende que a LSA oferece 5 linhas básicas de orientação:
1. Proteção dos acionistas minoritários - proteção conta eventuais abusos/má administração que podem ser praticados pelo acionista controlador, contra os acionistas minoritários;
2. Responsabilização do acionista controlador;
3. Ampla diversificação dos instrumentos postos na lei, à disposição dos acionistas, para serem, ou não, adotados pela sociedade;
4. Diferenciação entre Companhia Aberta e Companhia Fechada; e
5. Definição dos interesses fundamentais que a S.A. representa.
· De acordo com o art.116° da Lei 6.404/76 o acionista controlador deve utilizar o seu controle para “fazer a companhia realizar o seu objeto e cumprir sua função social”. Além disso, “tem deveres e responsabilidade para com os demais acionistas da empresa, os que nela trabalham e para a comunidade em que atua, cujos direitos e interesses devem respeitar e atender”.
· Acionista: merece uma administração que adote medidas conducentes a uma compensadora remuneração para o seu investimento.
· Empregado: empresta sua força de trabalho à empresa e logo faz jus a uma administração que lhe garanta o emprego e um padrão de vida adequado.
· Comunidade: por viver em estreito relacionamento com a empresa, merece sua permanência no meio social e a adoção de medidas que capazes de evitar danos à população e ao meio ambiente. 
4. Principais Características da Sociedade Anônima:
a) Segundo Tavares Borba, a Sociedade Anônima Brasileira possui as seguintes características básicas:
a) Ser uma sociedade de capitais: isso significa que a sociedade tem como elemento relevante/preponderante para sua formação o capital, ou seja, é irrelevante a pessoa do sócio. Dessa forma, não há entre os sócios o que chamamos de intuito personae, desse modo, a figura dos sócios pode variar, sem afetar a sociedade em si. Por exemplo, a empresa LIGHT SA, há alguns anos era controlada pela CEMIG que também é uma sociedade de capital aberto. Porém há alguns meses atrás a CEMIG vendeu grande parte de sua participação na LIGHT, e algumas semanas atrás ela vendeu o restante da sua participação, ou seja, a CEMIG deixou de ser a controladora da LIGHT. Esta é uma mudança muita importante para a LIGHT, tendo em vista que passou a ser uma empresa totalmente de capital privado, todavia essa mudança não afetou o funcionamento e o desenvolvimento da sociedade. (Regra geral) 
Como no direito brasileiro, toda regra tem sua boa exceção, não foi diferente com essa regra das sociedade anônimas. Excepcionalmente a doutrina e jurisprudências do tribunais tem reconhecido que a sociedade anônima pode ter natureza de sociedade de pessoas (intuito personae) e não de capitais. 
“EMPRESARIAL. SOCIEDADE ANÔNIMA FECHADA. CUNHO FAMILIAR. DISSOLUÇÃO. FUNDAMENTO NA QUEBRA DA AFFECTIO SOCIETATIS. POSSIBILIDADE. DEVIDO PROCESSO LEGAL. NECESSIDADE DE OPORTUNIZAR A PARTICIPAÇÃO DE TODOS OS SÓCIOS. CITAÇÃO INEXISTENTE. NULIDADE DA SENTENÇA RECONHECIDA.
1. Admite-se dissolução de sociedade anônima fechada de cunho familiar quando houver a quebra da affectio societatis.
2. A dissolução parcial deve prevalecer, sempre que possível, frente à pretensão de dissolução total, em homenagem à adoção do princípio da preservação da empresa, corolário do postulado de sua função social.
3. Para formação do livre convencimento motivado acerca da inviabilidade de manutenção da empresa dissolvenda, em decorrência de quebra da liame subjetivo dos sócios, é imprescindível a citação de cada um dos acionistas, em observância ao devido processo legal substancial.
4. Recurso especial não provido.
(REsp 1303284/PR, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA
TURMA, julgado em 16/04/2013, DJe 13/05/2013)”
A decisão acima, trata do seguinte caso: uma família possuía uma sociedade empresária que era regida pelos país, com a trágica morte da mãe, sua parte das ações foi destinada aos dois filhos,cada um ficou com 10% e o pai continuou a ser o sócio controlador. Todavia, os irmãos não possuía uma boa convivência, e um dele procurou um advogado dizendo que não queria fazer parte dessa sociedade e como poderia proceder. Uma das opções dadas pelo advogado foi que ele realizasse a venda de sua parte, tomando por base as características básicas da S.A as ações devem ter livre circulação, dessa forma, o irmão pode vender a sua parte pra quem você quiser e quando quiser. 
Todavia, como o irmão não achou um comprador para suas ações, seu advogado entrou com uma ação pedindo que na situação descrita (diante de uma S.A de capital fechado com um vínculo pessoal muito forte) seja possível excepcionalmente reconhecer que essa sociedade anônima tem natureza de sociedade de pessoas, para que possa haver a dissolução parcial da sociedade, tendo em vista que houve a quebra da affectio societatis. A decisão do STJ foi fundamentada em dois argumentos, a possibilidade de preponderância da affectio societatis em uma S.A de capital fechado, adotada por uma pequena ou média empresa família, além do princípio da preservação da empresa e função social da empresa. 
Vale ressaltar que esse entendimento gera uma enorme insegurança jurídica, tendo em vista que se perde as características básicas da sociedade e contudo a essência da própria lei. 
b) É sempre empresária: Companhia mercantil = companhia empresária 
“Art. 2º Pode ser objeto da companhia qualquer empresa de fim lucrativo, não contrário à lei, à ordem pública e aos bons costumes. § 1º Qualquer que seja o objeto, a companhia é mercantil e se rege pelas leis e usos do comércio. § 2º O estatuto social definirá o objeto de modo preciso e completo. § 3º A companhia pode ter por objeto participar de outras sociedades; ainda que não prevista no estatuto, a participação é facultada como meio de realizar o objeto social, ou para beneficiar-se de incentivos fiscais.”
Vale lembrar, o conceito de empresário que encontramos no código civil no art.966°:
“Art. 966 do Código Civil - Considera-se empresário quem exerce profissionalmente atividade econômica organizada para a produção ou a circulação de bens ou de serviços. Parágrafo único. Não se considera empresário quem exerce profissão intelectual, de natureza científica, literária ou artística, ainda com o concurso de auxiliares ou colaboradores, salvo se o exercício da profissão constituir elemento de empresa.”
É necessário entendermos por que a lei por padrão/regra objetiva considera a S.A sempre uma sociedade empresária? Justamente pela ideia da criação desse tipo societário, essa surgiu diante da necessidade de atender a demanda dos investidores para empreender um grande investimento. 
c) Seu capital é dividido em ações transferíveis pelos processos aplicáveis aos títulos de crédito: de acordo com o professor Tavares Borba, o capital social da S.A se divide em ações. Essas ações tem capacidade de circulação autônoma, característica semelhante à dos títulos de crédito (cheque), tendo em vista que uma vez formalizado, este pode circular livremente pelo mercado. Todavia, há algumas pessoas que entende que esse entendimento está um pouco ultrapassado, tendo em vista que a bolsa de valores, as ações se encontram no meio eletrônico, ou seja, se encontra em um quadro muito mais avançado que os títulos de crédito. Entretanto, o que ocorre atualmente, são os títulos de crédito tentarem acompanhar a evolução das bolsas de valores. 
“Art. 1º A companhia ou sociedade anônima terá o capital dividido em ações, e a responsabilidade dos sócios ou acionistas será limitada ao preço de emissão das ações subscritas ou adquiridas.”
d) A responsabilidade dos acionistas é limitado ao preço de emissão das ações subscritas:
“Art. 1º A companhia ou sociedade anônima terá o capital dividido em ações, e a responsabilidade dos sócios ou acionistas será limitada ao preço de emissão das ações subscritas ou adquiridas.”
A responsabilidade do acionista é rigorosamente limitada. Os acionistas responde apenas pelo preço de emissão por ele subscritas ou adquiridas. Vale dizer que, a limitação de responsabilidade não é uma regra geral aplicada a todos os tipos societários. Essa decorre da lei. 
O que significa dizer na prática que a sociedade garante a limitação de responsabilidade dos sócios/acionistas? Em primeiro lugar, é importante ressaltar que a limitação do sócio se enquadra na quantidade de seu capital, isto é, de quanto ele investiu. Por exemplo, 5 sócios reúnem-se e constituem uma S.A cada um investindo 5 mil reais, dessa forma, a responsabilidade de cada um fica limitada a esses 5 mil reais. A partir do momento em que efetivamente esse recurso é colocado na sociedade, ai sim os sócios pode dizer que estão isentos de sociedade, pois o valor que eles se obrigaram já foi pago, dessa forma, não podem mais responder por dívidas da sociedade, ou seja, tudo que ele pode perder são os 5 mil investidos. Vale dizer que em algumas áreas do direito, essa importante regra de limitação é corriqueiramente desrespeitada, por exemplo, na justiça trabalhistas. 
Subscrição: ato jurídico de aquisição da propriedade de ações (tanto na criação da sociedade, tanto em um momento de aumento de capital). A doutrina diz que o ato jurídico de subscrição da ação implica na aquisição de direitos por parte do acionistas, ou seja, adquire direito de propriedade da ação e todos os direitos que essa ação lhe confere enquanto acionista da sociedade. Além disso, com a subscrição ele também adquire obrigações, e uma dessas obrigações que ele adquire obrigatoriamente é de pagar a sociedade o montante de recursos financeiros que ele se obrigou investir quando comprou a respectiva ação. Cumpre salientar que é a subscrição que efetiva a compra da ação;
Integralização: pagamento do capital que ele se obrigou;
Diferença entre S.A e Sociedade Limitada: na S.A o acionista somente responde pela integralização que ele subscreveu. Já na sociedade limita o código civil prevê que todos os sócios respondem solidariamente pela total integralização do capital social.
e) Denominação da Sociedade Anônima: 
O nome empresarial de uma sociedade anônima será sempre na forma de Denominação.
Denominação: a denominação é comprar por expressões ligadas á atividade da sociedade, ás quais se adicionará a locução “sociedade anônima” (ou abreviadamente S.A S/A) que poderá figurar no começo, meio ou fim da denominação. Além disso também pode-se utilizar o vocábulos “Companhia” (ou, abreviadamente, “Cia”), que somente pode figurar no começo ou no meio da denominação. Admite-se ainda excecionalmente a utilização de nome do fundador, acionista ou pessoa relevante para a sociedade na denominação. 
“Art. 3º da Lei 6.404/76 - A sociedade será designada por denominação acompanhada das expressões "companhia" ou "sociedade anônima", expressas por extenso ou abreviadamente mas vedada a utilização da primeira ao final. § 1º O nome do fundador, acionista, ou pessoa que por qualquer outro modo tenha concorrido para o êxito da empresa, poderá figurar na denominação. § 2º Se a denominação for idêntica ou semelhante a de companhia já existente, assistirá à prejudicada o direito de requerer a modificação, por via administrativa (artigo 97) ou em juízo, e demandar as perdas e danos resultantes.
“Art. 1.160 do CC - A sociedade anônima opera sob denominação designativa do objeto social, integrada pelas expressões "sociedade anônima" ou "companhia",por extenso ou abreviadamente. Parágrafo único. Pode constar da denominação o nome do fundador, acionista, ou pessoa que haja concorrido para o bom êxito da formação da empresa.”
Vale dizer que o art.1160 do CC prevê expressamente que a denominação da S.A deve conter uma expressão designativa do seu objeto social, enquanto que o art.3° da Lei 6.404 não traz essa exigência. Por esse motivo, encontramos algumas sociedade que em sua denominação não possuem referência ao objeto social, tendo em vista o conflito entre ambos os artigos citados. 
Exemplos de denominação de S.A.: Petróleo Brasileiro S.A./ Companhia Energética de Minas Gerais – CEMIG/ Localiza Rent a Car S.A./ Digitel S.A. Indústria Eletrônica/ Gerdau S.A.
f) Companhias Abertas e Fechadas: 
O conceito juridico de uma companhia aberta: 
Art. 4o da Lei 6.404/76 - Para os efeitos desta Lei, a companhia é aberta ou fechada conforme os valores mobiliários de sua emissão estejam ou não admitidos à negociação no mercado de valores mobiliários. (Redação dada pela Lei nº 10.303, de 2001) § 1o Somente os valores mobiliários de emissão de companhia registrada na Comissão de Valores Mobiliários podem ser negociados no mercado de valores mobiliários. (Redação dada pela Lei nº 10.303, de 2001)
Para ser considerada uma S.A de capital aberta, esta deve estar junto a CVM (Comissão de Valores Mobiliários), o seu registro de companhia aberta. A partir do momento que se tem esse registro junto a CVM, a sociedade fica autorizada a oferecer/negociar suas ações no âmbito do mercado de capitais. 
Já a companhia fechada é quando “Os valores mobiliários de sua emissão não estão admitidos á negociação no mercado de valores mobiliários, ou seja, a sociedade anônima não possui registro de companhia aberta junto a CVM.”
Portanto, do ponto de vista legal, o que difere uma Cia. Aberta de uma Cia. Fechada é: 
· A companhia aberta está sujeita a normas mais rígidas;
· Os atos praticados por informações relacionada a uma Cia. Aberta devem ter maior publicidade;
· A companhia aberta está sob constante fiscalização da CVM e do mercado;
Mercado de capitais: é o conjunto de regras de normas legais e agentes que buscam fazer com que os recursos dos agentes superavitários chequem as mãos das sociedades anônimas de capital aberto; 
CVM: órgão regulador do mercado de capitais, foi criado por força da lei 6.385/76;
Mercado de Balcão: é uma expressão que vem dos EUA, que designa o conjunto de transações que podem acontecer envolvendo ações ou outros valores imobiliários de uma companhia aberta, fora do ambiente da bolsa de valores. 
g) Objeto Social:
Cumpre salientar que é de suma importância estabelecer o objeto social da S.A, pois este delimita o âmbito de atuação da sociedade. Além disso é vedado aos administradores da sociedade praticarem atos estranhos, não compreendido no objeto social. Este deve ser descrito/estabelecido do Estatuto Social da companhia, pois através dessa previsão há diversos desdobramentos, como as normas que esta companhia deverá cumprir. 
“Art. 2º da Lei 6.404/76 Pode ser objeto da companhia qualquer empresa de fim lucrativo, não contrário à lei, à ordem pública e aos bons costumes. § 1º Qualquer que seja o objeto, a companhia é mercantil e se rege pelas leis e usos do comércio. § 2º O estatuto social definirá o objeto de modo preciso e completo. § 3º A companhia pode ter por objeto participar de outras sociedades; ainda que não prevista no estatuto, a participação é facultada como meio de realizar o objeto social, ou para beneficiar-se de incentivos fiscais.”
A mudança do objeto social depende de aprovação dos acionistas, reunidos em Assembleia Geral Extraordinária (AGE). Essa deliberação necessita de um quórum qualificado, isto é, necessidade da metade ou mais das ações com direito a voto da companhia. Cumpre observar que em uma cia. fechada, se os acionistas desarem, pode haver no estatuto social a previsão de um quórum maior. Em uma cia. aberta isso não é valido, pois é necessário seguir o quórum previsto em lei. 
“Art. 136. É necessária a aprovação de acionistas que representem metade, no mínimo, das ações com direito a voto, se maior quórum não for exigido pelo estatuto da companhia cujas ações não estejam admitidas à negociação em bolsa ou no mercado de balcão, para deliberação sobre: VI - mudança do objeto da companhia;”
Essa mudança pode ser, por exemplo, a inclusão ou exclusão de uma nova atividade, a mudança no texto em que fala sobre o objeto social da sociedade e etc.
“Art. 137. A aprovação das matérias previstas nos incisos I a VI e IX do art. 136 dá ao acionista dissidente o direito de retirar-se da companhia, mediante reembolso do valor das suas ações (art. 45), observadas as seguintes normas: [...]
Traz o direito de recesso, isto é, o direito do acionista dissidente retirar-se da companhia, mediante reembolso do valor das suas ações (art. 45), desde que observadas algumas normas. No caso em questão, esse artigo evidencia que o acionista que não concordar com a mudança do objeto da companhia, tem o direito de se retirar, mediante reembolso do valor das suas ações. 
A companhia pode ter como objeto social a participação em outras sociedades. Ou, em outras palavras, é possível ter uma sociedade anônima cuja atividade econômica com fim lucrativo será participar de outras sociedades. Aliás, a participação é permitida ainda que não esteja expressamente prevista no estatuto social, desde que a sociedade que sofrerá influência tenha um objeto social relacionado à atividade exercida pela sociedade que deseja participar. Esse tipo de sociedade é chamado de “holding”, e está prevista no art. 2º, §3º da LSA.
5. Ações: 
· Contexto: A lei permite que a S.A tenha diferentes tipos de ações. O que diferencia essas ações umas das outras são os direitos a elas inerentes.
· Conceito: é a menor parcela do capital social de uma S.A, dando ao adquirente a condição de acionista atribuindo-lhe direitos e obrigações em relação a Sociedade e aos demais acionistas. Vale dizer que a ação a menor parcela do capital social de uma sociedade anônima, além disso a ação é um objeto de direito que é de propriedade do acionista, ou seja, são bens móveis, que garante uma seria de direitos e obrigações a seu proprietário, como por exemplo, direito de voto, participação nos lucros, direito de venda da ação, direito de fiscalizar a administração da companhia.
· Natureza Jurídica (bens móveis intangíveis): A ação é uma espécie de valor mobiliário, o conceito de valor mobiliário se encontra na mesma lei que criou a CVM (art.2°) da Lei 6.385/76, vale dizer que a relação entre o conceito de valor mobiliário e a CVM, é que é a CVM é a encarregada de regular esses valores. O artigo 2° e em seus respectivos incisos, traz as espécies de valores mobiliários. Especificamente o inciso IX deste mesmo artigo traz um conceito mais aberto “são valores mobiliários quaisquer títulos e contratos que são ofertados publicamente dando direitos e obrigações para quem o adquire.”
A ação não é título de crédito e sim um valor mobiliário, este são cuidados pela CVM, e este conceito aberto do inciso IX, deu mais abertura para CVM regular o mercado de capitais. Esse inciso foi muito útil há 5 anos atrás, pois em 2014 o que explodiu em 2014 a construção de hotéis para a Copa do Mundo. Muitas vezes os caras constituíam uma SPE e os caras que topavam assinavam um contrato. A CVM, ao constatar isso, teve interesse em regulamentar esse tipode contrato. É importante destacar que a ação não é um título de crédito. Um título de crédito é um direito de crédito do emissor para a pessoa que recebe aquele título podendo esse, circular livremente. No título de crédito, quando ele é pago ele se extingue, já nas ações ao pagar um dividendo ele não se extingue, ele é muito mais do que isso.
· Valor nominal: é o ‘valor ideal’ da ação, resultante da divisão do valor do capital social pela quantidade de ações. As quotas de uma sociedade limitada obrigatoriamente possuem valor nominal (art.11°). Neste artigo, diz que o estatuto social da sociedade é que vai delimitar se as ações terá ou não valor nominal. Na prática, as sociedades não se utilizam do valor nominal e sim se valem do disposto no art.11°, de poder ter ou não. Vale dizer que a utilização do valor ideal não traz benefício algum a companhia, por exemplo, se uma empresa tem o valor ideal estabelecido e quer fazer um aumento no capital, este valor traz um grau maior de complexidade para que esse aumento seja feito. Todavia se a S.A optar pelo uso do valor nominal, este deve vir anexado no Estatuto Social (art.13°) 
· Desvantagens do Valor Nominal:
· Proibição de emitir uma ação abaixo do valor nominal. (E se ela estiver em crise?);
·  Complexidade Contábil;
·  Ruim para negociar porque resguarda os credores de vitrine vão achar que o capital social não segura a responsabilidade de uma S.A que fatura 10 milhões, por exemplo.
· Espécies - art. 15 da LSA:
·  Ordinária (ON - O significa ordinária; N - nominativa);
·  Preferência (PN - P significa ordinária; N - nominativa);
· Fruição (não é comum sua utilização no Brasil)
Obs: ambas garantem os direitos do art. 109 + direito de voto.
Dentro dessas espécies pode ter Classes diferentes de A-C. Ao comparar as classes elas vão atribuir a seus donos direitos diferentes.
“Art. 15. As ações, conforme a natureza dos direitos ou vantagens que confiram a seus titulares, são ordinárias, preferenciais, ou de fruição.”
Obs. ser nominativas significa que a empresa/companhia deve ter um rol com o nome de cada acionais, por isso recebe o nome de nominativas.
· Diferenças da Cia Aberta x Fechada
CIA de capital aberto não pode subdividir as ações ordinárias em diferentes classes, já a fechada pode ter diferentes classes em relação as preferencias e ordinárias. (Art. 15, §1º). O que a lei quis atingir com isso? Trazer um benefício para Companhia e ao mercado, sendo este a padronização. Na CIA aberta como eu sei que pode emitir um só tipo de ordinária eu estou comprando aqueles direitos que a Lei me dá, nem mais, nem menos.
“Art.15, § 1º As ações ordinárias da companhia fechada e as ações preferenciais da companhia aberta e fechada poderão ser de uma ou mais classes.”
Em síntese, as companhias podem ter as espécies de ações subdivididas em classes, (PNA, PNB, PNC). 
Companhia de capital aberto não podem subdividir suas ações ordinárias, ou seja, só podem subdividir em classes as ações preferenciais;
A companhia fechada pode subdividir em classes suas ações ordinárias e preferenciais.
· Regra dos Votos
 O nº de ações preferenciais sem voto ou com voto restrito que uma S.A for dividir não pode ultrapassar 50% do total de ações emitidas. (Art. 15, §2º). Objetivando que um grande número de ações da companhia não tivesse votos. O que eu ia fazer, caçar investidores com ação de voto, mas 10% com voto e o resto, 90% não tem voto dissociando controle x propriedade.
“Art.15, § 2o O número de ações preferenciais sem direito a voto, ou sujeitas a restrição no exercício desse direito, não pode ultrapassar 50% (cinqüenta por cento) do total das ações emitidas. (Redação dada pela Lei nº 10.303, de 2001)”
6. Classificação das ações: 
As ações podem diferir quanto aos direitos que atribuem aos seus titulares e quanto à forma de circulação. Essa diferenciação se justifica na medida em que existam acionistas com interesses diversificados. Há aqueles que buscam o direito de voto e, com ele, a possibilidade de controlar ou influenciar a gestão da Companhia. Há outros que buscam apenas renda e lucratividade. 
Em outras palavras, a Lei nº 6.404/76 prevê expressamente a possibilidade de existir, dentro de uma mesma S.A, diferentes espécies de ações, que darão aos seus proprietários diferentes direitos. Essa diferenciação se justifica na medida em que existe acionistas com interesses diversificados, por exemplo, há investidores que só participam em uma sociedade visando a possibilidade de controlar ou influenciar a gestão da companhia, e há outros que buscam apenas renda e lucratividade, ignorando as ações que dão poder de voto e permitem a participação em assembleias. 
Caberá ao estatuto social da Companhia especificar as espécies, classes e forma das ações. Em resumo, é possível classificar as ações: i) quanto aos direitos que atribuem ao acionista (espécie e classe de ação); ou, ii) quanto à forma de circulação. 
I. Classificação das ações quanto aos direitos atribuídos ao acionista:
· São espécies de ações: ordinárias; preferencias; e, de fruição. Cada uma dessas espécies poderá ter classes distintas. 
Lei nº 6.404/76
Art. 15. As ações, conforme a natureza dos direitos ou vantagens que confiram a seus titulares, são ordinárias, preferenciais, ou de fruição.
§ 1º As ações ordinárias da companhia fechada e as ações preferenciais da companhia aberta e fechada poderão ser de uma ou mais classes.
§ 2o O número de ações preferenciais sem direito a voto, ou sujeitas a restrição no exercício desse direito, não pode ultrapassar 50% (cinqüenta por cento) do total das ações emitidas
· Ações ordinárias (ON):
· São ações comuns de encontrar no mercado. 
· São, por definição, ações normais. 
· Essas ações são chamadas de “Common Stock”, isto é, ações comuns/padronizadas.
· As ações ordinárias dão ao seu titular os direitos básicos/comuns/ordinários de qualquer acionistas. Esses direitos estão previstos no art. 109 e 110 da LSA, e são, respectivamente, os chamados “Direitos Essenciais e o “direito de voto”. Ou seja, os direitos essenciais e o direito de voto estão garantidos para os acionistas que possuem ações ordinárias.
Art. 109. Nem o estatuto social nem a assembléia-geral poderão privar o acionista dos direitos de:
I - participar dos lucros sociais;
II - participar do acervo da companhia, em caso de liquidação;
III - fiscalizar, na forma prevista nesta Lei, a gestão dos negócios sociais;
IV - preferência para a subscrição de ações, partes beneficiárias conversíveis em ações, debêntures conversíveis em ações e bônus de subscrição, observado o disposto nos artigos 171 e 172;
V - retirar-se da sociedade nos casos previstos nesta Lei.
§ 1º As ações de cada classe conferirão iguais direitos aos seus titulares.
§ 2º Os meios, processos ou ações que a lei confere ao acionista para assegurar os seus direitos não podem ser elididos pelo estatuto ou pela assembléia-geral.
§ 3o O estatuto da sociedade pode estabelecer que as divergências entre os acionistas e a companhia, ou entre os acionistas controladores e os acionistas minoritários, poderão ser solucionadas mediante arbitragem, nos termos em que especificar.
Art. 110. A cada ação ordinária corresponde 1 (um) voto nas deliberações da assembléia-geral.
§ 1º O estatuto pode estabelecer limitação ao número de votos de cada acionista.
§ 2º É vedado atribuir voto plural a qualquer classe de ações.
· Os art. 15, §1º e art. 16 da LSA permitiram a criação de ações ordinárias em classes diferentes, quando a S.A. for fechada. Isto é, ao se tratar de uma Companhia Aberta não será possível criar classes diferentes para a ação ordinária. 
Art. 16. As ações ordinárias de companhia fechada poderão ser de classes diversas, em função de:
I - conversibilidade em ações preferenciais;
II - exigência de nacionalidade brasileira do acionista; ou
III - direito de voto em separado para o preenchimento de determinados cargos de órgãos administrativos.
Parágrafo único. A alteração do estatuto na parte em que regula a diversidade de classes, se não forexpressamente prevista, e regulada, requererá a concordância de todos os titulares das ações atingidas.
Em resumo, o art. 16 da LSA traz três possibilidades para criar, em uma Sociedade Anônima Fechada, diferentes classes de ações ordinárias. A primeira possibilidade (art. 16, I), é criar na S.A. fechada uma classe de ações ordinárias que serão conversíveis em ações preferenciais, ou seja, o estatuto social da Companhia irá prever e regular uma regra que determinada classe de ações ordinárias será conversível em ações preferenciais. A segunda possibilidade (art. 16, II) de ações ordinárias de companhia fechada que poderão ser de classes diversas é em função da exigência da nacionalidade brasileira do acionista. Isto é, pode existir uma ação ordinária, na qual sua propriedade só poderá ser de brasileiros. E, por fim, a terceira possibilidade (art. 16, III) é criar na S.A. Fechada uma classe de ação ordinária que se diferenciará das demais classes, por conceder aos seus proprietários o direito de votar separadamente para eleger pessoas para determinados cargos de órgãos administrativos da Companhia. Esse rol é taxativo, ou sejam só existe essas possibilidades.
· Ações preferenciais (PN):
· São ações comuns de encontrar no mercado. 
· De acordo com o art. 111 da LSA, o estatuto social da Companhia pode deixar de conferir às ações preferenciais algum ou alguns dos direitos reconhecidos às ações ordinárias, inclusive o de voto, ou conferi-lo com restrições. Ou seja, na ação preferencial é possível retirar ou restringir os direitos essenciais e o direito de voto dos acionistas. 
Possibilidade de conferir ou não. “A cada ação preferencial corresponde um voto nas deliberações da assembleia geral, mas o estatuto poderá de conferir as ações preferenciais alguns direitos, inclusive o direito de voto, ou conferi-lo com restrições.”
Art. 111. O estatuto poderá deixar de conferir às ações preferenciais algum ou alguns dos direitos reconhecidos às ações ordinárias, inclusive o de voto, ou conferi-lo com restrições, observado o disposto no artigo 109.
§ 1º As ações preferenciais sem direito de voto adquirirão o exercício desse direito se a companhia, pelo prazo previsto no estatuto, não superior a 3 (três) exercícios consecutivos, deixar de pagar os dividendos fixos ou mínimos a que fizerem jus, direito que conservarão até o pagamento, se tais dividendos não forem cumulativos, ou até que sejam pagos os cumulativos em atraso.
§ 2º Na mesma hipótese e sob a mesma condição do § 1º, as ações preferenciais com direito de voto restrito terão suspensas as limitações ao exercício desse direito.
§ 3º O estatuto poderá estipular que o disposto nos §§ 1º e 2º vigorará a partir do término da implantação do empreendimento inicial da companhia.
Em síntese, as ações ordinárias sempre terão direito ao voto, a não ser pelo previsto no art.115° dessa mesma lei. Diferentemente das ações preferenciais que podem ter o direito ao voto; podem ter esse direito restringido; ou não poderão ter esse direito, isso será estabelecido pelo estatuto social. Porém, de acordo, o art.111°, §1°, ainda que o estatuto social preveja que as ações preferenciais de uma companhia não terão direito ao voto, essas mesmas ações poderão voltar a adquirir temporariamente esse direito, caso, a vantagem financeira atribuída a elas não seja efetivamente garantida por três exercícios consecutivos. 
· A ação preferência confere ao acionista tratamento diferenciado (preferencias ou vantagens), conforme estabelecido no estatuto social, em relação ao acionista detentor de ações ordinárias. 
· Nas ações preferencias, como o próprio nome diz, sempre terão algum tipo de vantagem/preferência em relação a uma ação ordinária. Ou melhor, em tese, a ação preferencial sempre dará uma vantagem ao seu acionista em relação à ação ordinária. As preferencias que a lei permite que sejam atribuídas a uma ação preferencial são de duas categorias: vantagens de natureza financeira, previstas no art. 17 da LSA; e, vantagens de natureza políticas (estão ligadas ao interesse de voto), previstas no art. 18 da LSA.
“Art. 17. As preferências ou vantagens das ações preferenciais podem consistir: (Redação dada pela Lei nº 10.303, de 2001) I - em prioridade na distribuição de dividendo, fixo ou mínimo; (Redação dada pela Lei nº 10.303, de 2001) II - em prioridade no reembolso do capital, com prêmio ou sem ele; ou (Redação dada pela Lei nº 10.303, de 2001) III - na acumulação das preferências e vantagens de que tratam os incisos I e II. (Incluído pela Lei nº 10.303, de 2001) (...)
O art.17° traz em seus inciso as possibilidade de preferencias pecuniárias. Em se inciso I, nos diz que a distribuição do dividendo fixo ou mínimo deve ser repassado primeiramente a quem é proprietário dessa espécie de ação. É importante ressaltar que dividendo fixo ou mínimo é aquele que se encontra devidamente quantificado no estatuto social, podendo ser um valor certo em Reais ou um percentual sobre o valor nominal, patrimonial ou de referência da ação. Ademais, esse dividendo pode ser distribuído de forma cumulativa ou não cumulativa. Por exemplo, uma determinada companhia prevê em seu estatuto social que as vantagens dessa ação preferencial dão aos seus proprietários é a prioridade na distribuição do dividendo fixo no valor de 10 reais por ação. Ou seja, quando a companhia tem lucro, e decide dividir todo o lucro ou uma parte deste aos acionistas, os titulares dessas ações preferencias receberão primeiro que todos os outros. Uma outra possibilidade de preferência é trazida no inciso II, os acionistas dessa espécie de ação poderão ter preferência no reembolso de capital com prêmio (valor a mais) ou sem prêmio. Vale dizer que reembolso de capital é uma operação/negócio jurídico que a companhia pode realizar para remunerar os seus acionistas, dessa forma, os acionistas que detém essa preferência receberá primeiro este reembolso. A grande crítica da doutrina sobre essa preferência, é que na prática se constata que o prioridade no reembolso de capital não se revela como uma vantagem efetiva para o acionista, justamente porque as companhias, seja de capital aberto ou fechado, não tem o hábito de pagar aos acionistas valores a título de reembolso de capital, ou seja, é uma ‘vantagem’ que a companhia nunca vai pagar, dessa forma, concluímos que não é de fato uma vantagem. Todavia, como não há previsão legal sobre isso, até o presente momento a previsão dessa forma de preferência não é vista como um problema. 
Art.17,§1° § 1o Independentemente do direito de receber ou não o valor de reembolso do capital com prêmio ou sem ele, as ações preferenciais sem direito de voto ou com restrição ao exercício deste direito, somente serão admitidas à negociação no mercado de valores mobiliários se a elas for atribuída pelo menos uma das seguintes preferências ou vantagens: (Redação dada pela Lei nº 10.303, de 2001); I - direito de participar do dividendo a ser distribuído, correspondente a, pelo menos, 25% (vinte e cinco por cento) do lucro líquido do exercício, calculado na forma do art. 202, de acordo com o seguinte critério: (Incluído dada pela Lei nº 10.303, de 2001) a) prioridade no recebimento dos dividendos mencionados neste inciso correspondente a, no mínimo,3% (três por cento) do valor do patrimônio líquido da ação; e (Incluída dada pela Lei nº 10.303, de 2001)
b) direito de participar dos lucros distribuídos em igualdade de condições com as ordinárias, depois de a estas assegurado dividendo igual ao mínimo prioritário estabelecido em conformidade com a alínea a; ou  (Incluída dada pela Lei nº 10.303, de 2001) II - direito ao recebimento de dividendo, por ação preferencial, pelo menos 10% (dez por cento) maior do que o atribuído a cada ação ordinária; ou (Incluído dada pela Lei nº 10.303, de 2001) III - direito de serem incluídas na oferta pública de alienação de controle, nas condições previstas no art. 254-A, assegurado o dividendo pelo menos igual ao das ações ordinárias. (Incluído dada pela Lei nº 10.303, de 2001)
O §1° do art.17° traz mais uma regra que a companhia de capital aberto tem que seguir caso ela deseje ter ações preferenciais sem direito a voto, ou com voto restrito negociadas no mercado de capitais/mercado de capital. Em síntese, uma companhia de capital aberto que deseja que suas ações preferenciais sem direito a voto, ou com voto restrito negociadas no mercado de capital precisa atribuir a essas ações, pelo menos uma das vantagens trazidas nos incisos desse parágrafo. Diante do exposto, vemos que é necessário quatro requisitos para a aplicação do §1:
· Ser uma companhia de capital aberto;
· Emitir ações preferencias; 
· As ações preferenciais devem ser sem direito a voto, ou com voto restrito; 
· A companhia deseja que essas ações sejam negociadas no mercado de ações.
O inciso I basicamente traz a obrigatoriedade da companhia distribuir no mínimo 25% do seu lucro líquido como dividendo obrigatório, e estabelece uma regra de dividendo mínimo a ser estabelecido para essas ações. Com isso, o inciso II traz a regra do dividendo mínimo, este deve ser de 10%. Já o inciso III, assegura a essas espécies de ações o direito de serem incluídas no objeto de uma oferta pública de alienação de controle da companhia nas condições previstas no art.254-A, assegurando a elas o mesmo dividendo que for pago as ações ordinárias. Portanto, se a companhia deseja que suas ações com todas as características já citadas seja negociadas no mercado de capitais, é necessário ser atribuída a elas alguma dessas três características. 
Art.17°, § 2o Deverão constar do estatuto, com precisão e minúcia, outras preferências ou vantagens que sejam atribuídas aos acionistas sem direito a voto, ou com voto restrito, além das previstas neste artigo.
“Art. 19. O estatuto da companhia com ações preferenciais declarará as vantagens ou preferências atribuídas a cada classe dessas ações e as restrições a que ficarão sujeitas, e poderá prever o resgate ou a amortização, a conversão de ações de uma classe em ações de outra e em ações ordinárias, e destas em preferenciais, fixando as respectivas condições.”
O art.17, §2° e o art.19, trazem uma norma quase que orientadora para essas companhias, dizendo que essa vantagens devem estar previstas no estatuto social, de maneira precisa/com muito detalhe/de forma clara, justamente para se evitar interpretações diversas a respeito dessas preferencias. 
“Art.17°, § 7o Nas companhias objeto de desestatização poderá ser criada ação preferencial de classe especial, de propriedade exclusiva do ente desestatizante, à qual o estatuto social poderá conferir os poderes que especificar, inclusive o poder de veto às deliberações da assembléia-geral nas matérias que especificar.”
Esse parágrafo criou um tipo especifico de ação preferencial que ficou conhecida como “Golden Share”, traduzida para o português é “uma ação de ouro, ou uma ação dourada”. “Nas companhias objeto de desestatização poderá ser criada ação preferencial de classe especial...”, essa primeira fase trazida no §7° diz que essa golden share/ação preferencial de classe especial somente poderá ser criada em companhia que está sendo objeto de desestatização (regra básica). Para entendermos melhor a criação dessa ação, é necessário entendermos o que é desestatização, isto é, processo de privatização da companhia. Qual é o pressuposto para uma companhia ser privatizada? São as chamadas empresas estatais que do ponto de vista jurídico/técnico e até mesmo do ponto societário são as empresas públicas e as sociedades de economia mista. Em síntese, as estatais por força de lei sempre serão sociedades anônimas, essas sociedades são divididas em duas categorias, empresas públicas e as sociedades de economia mista. Por fim, vale dizer que essas ações confere algumas vantagem a mais ao seu acionista. 
“Art. 18. O estatuto pode assegurar a uma ou mais classes de ações preferenciais o direito de eleger, em votação em separado, um ou mais membros dos órgãos de administração. Parágrafo único. O estatuto pode subordinar as alterações estatutárias que especificar à aprovação, em assembleia especial, dos titulares de uma ou mais classes de ações preferenciais.”
O art.18° traz as vantagens de natureza política. O caput desse mesmo artigo nos diz que o estatuto pode assegurar as ações preferenciais o direito de eleger em votação separada dos demais acionistas da companhia um ou mais membros dos órgãos de administração (conselho de administração e diretoria). Ou seja, no momento em que haver um assembleia para a escolha do integrantes dos órgãos administrativos, os proprietários dessas ações preferenciais com essa prerrogativa, terão o direito de eleger membros separadamente, ou seja, uma votação especifica somente para esses acionistas. É válido ressaltar que essa prerrogativa também pode ser destinada aos acionistas das ações ordinárias (ON), o art.16, inciso III, nos diz que nas companhia de capital fechado é permitido criar uma classe de ações ordinárias que vai permitir aos seus proprietários a votação preferencial para a escolha de um ou mais membros dos órgãos administrativos. 
A segunda vantagem de natureza política é trazida no parágrafo único desse mesmo artigo, o mesmo diz que é permitido subordinar alterações do estatuto social da companhia, nas matérias ou nos artigos a aprovação em assembleia geral especial dos titulares de uma ou mais classes de ações preferenciais, isso é chamado de trava estatutária. Ou seja, se os acionista majoritários desejarem fazer alguma mudança no estatuto social, e os acionistas das ações preferencias que deterem dessa vantagem, podem opor a essa mudança, acaso ocorra essa oposição, a mudando não pode ocorrer. 
· Ações de fruição:
· Caíram em desuso. Isto é, as Sociedades Anônimas raramente possuem ações de fruição compondo seu capital social. 
· As ações de fruição são aquelas que resultam da operação de amortização integral de uma ação ON ou PN. 
· A primeira característica importante dessa espécie de ação, diferentemente das ações ordinárias e das ações preferenciais, essa ação não é criada a partir de uma decisão da assembleia geral da companhia de emitir novas ações. Ou seja, a ação de fruição decorre da conversão ou da substituição de uma ação que era ordinária ou preferencial, isto é, decorre de uma ação já existente. Vale dizer que essa substituição ocorre através do ato jurídico de “amortização integral da ação”, a partir desse ato a lei autoriza que a ação preferencial ou a ação ordinária seja convertida em uma ação de fruição - art.44, §5°. Vale dizer que a amortização nada mais é que uma outra forma que a lei traz da companhia pagar/remunerar os seus acionistas a título de antecipação sem redução de capital social de quantias que poderia caber a eles, em caso de liquidação da companhia. Vale lembrar que liquidação, é a segunda fase da extinção da sociedade. Por fim, vale dizer que isso é uma possibilidade e não uma obrigatoriedade.
· Se a companhia opta por fazer a substituição das suas ações, para a ação de fruição, essa pode ter seus direitos restringidos,seja na forma prevista pelo estatuto social ou seja conforme deliberação da assembleia geral. Essas restrições não podem limitar os direitos essenciais. 
· As ações de fruição caíram em desuso, pois as companhias não pagam a amortização de forma recorrente, pois, essa forma de pagamento gera um trabalho muito grande para a companhia. 
“Art. 44. O estatuto ou a assembléia-geral extraordinária pode autorizar a aplicação de lucros ou reservas no resgate ou na amortização de ações, determinando as condições e o modo de proceder-se à operação.
§ 2º A amortização consiste na distribuição aos acionistas, a título de antecipação e sem redução do capital social, de quantias que lhes poderiam tocar em caso de liquidação da companhia.
§ 5º As ações integralmente amortizadas poderão ser substituídas por ações de fruição, com as restrições fixadas pelo estatuto ou pela assembléia-geral que deliberar a amortização; em qualquer caso, ocorrendo liquidação da companhia, as ações amortizadas só concorrerão ao acervo líquido depois de assegurado às ações não a amortizadas valor igual ao da amortização, corrigido monetariamente. “
Forma como a sua propriedade é registrada; e consequentemente a forma que ocorre a transferência da ação
II. Classificação das ações quanto á forma de circulação 
Originalmente a lei 6.404 prévia 3 formas de se ter a propriedade a propriedade da ação e de ter transferência da ação, tínhamos as ações nominativas, ações endossáveis e ações ao portador – art.20° da lei 6.404. Porém em 1920 esse mesmo artigo sofreu uma alteração por força da lei 8.021 de 1990, a partir dessa mudança foram extintas as ações ao portador as ações endossáveis. Dessa forma, a única forma dessa forma de ação é nominativa ou seja, ordinárias nominativas; preferencias nominativas. Dizer que a ação deve ter a forma nominativa significa que a sua propriedade está vinculada ao nome do acionistas e que a Companhia é obrigada a ter um registro com o nome de todos os seus acionistas, bem como o registro de todas as transferências de ações. 
“Art. 20. As ações devem ser nominativas.”
Vale dizer que as ações nominativas poder ser:
· Registradas: são aquelas que cujo o seu registro e controle de sua propriedade feito por meio dos livros sociais da companhia Livro de Registro de Ações Nominativas (art. 100, inc. I, da LSA) e o Livro de Transferência de Ações Nominativas (art. 100, inc. II, da LSA).
“Art. 100. A companhia deve ter, além dos livros obrigatórios para qualquer comerciante, os seguintes, revestidos das mesmas formalidades legais: I - o livro de Registro de Ações Nominativas, para inscrição, anotação ou averbação: (Redação dada pela Lei nº 9.457, de 1997) a) do nome do acionista e do número das suas ações; b) das entradas ou prestações de capital realizado; c) das conversões de ações, de uma em outra espécie ou classe; (Redação dada pela Lei nº 9.457, de 1997) d) do resgate, reembolso e amortização das ações, ou de sua aquisição pela companhia; e) das mutações operadas pela alienação ou transferência de ações; f) do penhor, usufruto, fideicomisso, da alienação fiduciária em garantia ou de qualquer ônus que grave as ações ou obste sua negociação. II - o livro de "Transferência de Ações Nominativas", para lançamento dos termos de transferência, que deverão ser assinados pelo cedente e pelo cessionário ou seus legítimos representantes;
Se a companhia optar por ter ações nominativas registradas, a mesma deve ter o livro dos registros, no qual vai ser registrado o nome dos acionistas e sua proprietário, além de outros dados importantes, como valor de contribuição para a sociedade. O segundo livro que a companhia deve possuir é o livro de transferência das ações, quando um acionista deseja vender suas ações, a venda tem que ser comunicado para que haja o registro nesse respectivo livro. Cumpre salientar que essa modalidade de ação não é muito usada em companhias de capital aberto, tendo em vista que o fluxo de vendas de ação ocorre constantemente, por esse motivo a lei prevê uma outra forma de ações nominativas.
· Escriturais: Ações nominativas escriturais tem o registro e controle da sua propriedade feito por meio de instituições financeiras (instituição depositária) contratadas pela Companhia para prestar esse serviço. A propriedade a ação nominativa escritural se presume pelo registro na conta de depósito das ações, aberta em nome do acionista nos livros (eletrônicos) da instituição depositária (art. 35, caput, da LSA).
A transferência da propriedade da ação nominativa escritural ocorre pelo lançamento efetuado pela instituição depositária em seus livros (eletrônicos), a débito da conta de ações do alienante e a crédito da conta de ações do adquirente (art. 35, §1º, da LSA).
“Art. 35 caput - A propriedade da ação escritural presume-se pelo registro na conta de depósito das ações, aberta em nome do acionista nos livros da instituição depositária.
§ 1º A transferência da ação escritural opera-se pelo lançamento efetuado pela instituição depositária em seus livros, a débito da conta de ações do alienante e a crédito da conta de ações do adquirente, à vista de ordem escrita do alienante, ou de autorização ou ordem judicial, em documento hábil que ficará em poder da instituição.”
7. Capital social:
· Conceito: Segundo Tavares Borba, o capital social nada mais é que o valor expresso, em reais/moeda corrente, que no caso da sociedade anônima deve constar expressamente em seu estatuto social. Esse valor corresponde aos recursos financeiros ou outros bens que os sócios transferiram ou se obrigaram a transferir ao longo do tempo, a título de integralização das ações subscritas. Então quando a sociedade está sendo constituída deve ser fixado o valor do capital social. Em síntese o capital social é um montante de recursos financeiros ou bens que os sócios se obrigaram a transferir para a sociedade a título de integralização das ações subscritas. 
“Art. 5º O estatuto da companhia fixará o valor do capital social, expresso em moeda nacional. Parágrafo único. A expressão monetária do valor do capital social realizado será corrigida anualmente (artigo 167).”
· Integralização do capital social (dinheiro ou bens): o art.7 da lei .404 nós diz que o capital social poderá ser formado em dinheiro ou em qualquer espécie de bens, porém os bens deve passar por uma avaliação em dinheiro, para saber quanto este vale. Sendo prevista a integralização em dinheiro, a lei diz que o pagamento pode ser à vista ou a prazo (observada a obrigatoriedade da entrada à vista de no mínimo 10%) - art.80, inciso II, cumpre salientar que o dinheiro representa o mais comum instrumento de integralização de capital, pois, considerada a sua natureza, o meio do pagamento atenderá em qualquer circunstância, ao interesse da sociedade. Vale ressaltar que esse valor do capital não é imutável, ou seja, esse valor não permanece constante. 
“Art. 7º O capital social poderá ser formado com contribuições em dinheiro ou em qualquer espécie de bens suscetíveis de avaliação em dinheiro.”
Exemplos de bens que podem ser usados como integralização do capital social (desde que seja possível auferir em dinheiro o valor do bem, esse pode ser usado para a integralização:
· Bensincorpóreos (art. 82 e 83 do CC): por exemplo, uma marca, título de crédito, cotas e ações de outra sociedade;
· Bens imóveis (art.79,80 e 81 do CC);
Obs: vale dizer que os bens devem estar livre de ônus que impeça a transferência de sua propriedade;
· Pode se integralizar o direito de usufruto de um bem imóvel ou imóvel ou invés da propriedade (art.9° da lei 6.404);
· Integralização com crédito, essa hipótese configura uma cessão de crédito (art.295° e 296° do CC; art.10°, parágrafo único da lei 6.404)
· Avaliação dos bens: a respeito desse assunto, a sociedade anônima tem uma diferença muito grande do tratamento com a sociedade limitada e simples, tratada no código civil, essas também pode ser integralizada com bens, porém, nesse caso o código civil aceita somente a declaração de valor do respectivo dono do bem, podemos perceber que o regime jurídica dessas sociedade é mais flexível. Diferentemente na sociedade anônima é necessário além de declaração do acionista de quanto o bem vale, que o bem passe por um processo de avaliação, sendo que esse é feito por terceiros, ou seja, o regime jurídico da sociedade anônima é mais burocrático. 
Os bens a serem transferidos para a companhia a título de integralização (aumento) do capital deverão ser objetos de avaliação. Essa avaliação deve ser feita por 3 peritos ou 1 empresa especializada, estes devem ser escolhidos pela Assembleia Geral de Constituição (art.86°, inciso I). Vale dizer que é mais comum que as sociedades contratem apenas uma empresa que seja especializada especificadamente no bem a ser integralizado. A empresa ou peritos deverão ter habilitação e competência técnica para avaliar o bem a ser transferido à companhia a título de integralização do capital social. 
Uma vez contratada a empresa ou os três peritos, o trabalho realizado por eles é formalizado através de um documentos escrito, bem fundamentado (laudo), todavia, esse deverá ser aprovado pelos acionista em uma Assembleia Geral de Constituição (art.8, §1°), ou seja, a Assembleia vai analisar se a fundamentação usada no laudo é realmente válido. Porém, se a Assembleia não aprova o laudo de avaliação, fica impedido o uso do bem em questão para integralização do capital social, se a Assembleia concordar, o bem será integralizado (art.8°, §2° e §3°). 
“Art. 86. Encerrada a subscrição e havendo sido subscrito todo o capital social, os fundadores convocarão a assembleia-geral que deverá:
I - promover a avaliação dos bens, se for o caso (artigo 8º);”
“Art. 8º A avaliação dos bens será feita por 3 (três) peritos ou por empresa especializada, nomeados em assembleia-geral dos subscritores, convocada pela imprensa e presidida por um dos fundadores, instalando-se em primeira convocação com a presença de subscritores que representem metade, pelo menos, do capital social, e em segunda convocação com qualquer número. (Vide Decreto-lei nº 1.978, de 1982).
§ 1º Os peritos ou a empresa avaliadora deverão apresentar laudo fundamentado, com a indicação dos critérios de avaliação e dos elementos de comparação adotados e instruído com os documentos relativos aos bens avaliados, e estarão presentes à assembleia que conhecer do laudo, a fim de prestarem as informações que lhes forem solicitadas. § 2º Se o subscritor aceitar o valor aprovado pela assembleia, os bens incorporar-se-ão ao patrimônio da companhia, competindo aos primeiros diretores cumprir as formalidades necessárias à respectiva transmissão. § 3º Se a assembleia não aprovar a avaliação, ou o subscritor não aceitar a avaliação aprovada, ficará sem efeito o projeto de constituição da companhia.”
Uma regra importante que devemos citar sobre a avaliação dos bens é a trazido do art.115° e seus respectivos parágrafos. O mesmo diz que os acionista subscritores que forem titulares dos bens objeto de avaliação não poderão votar nas deliberações alusivas a nomeação do empresa ou dos peritos, como também não poderão votar na deliberação de aprovação do laudo, salvo se o bem pertencer a todos os subscritores em condomínio (art.115°, §1° e §2°). Além disso, o acionista administrador não pode votar a respeito das contas da companhia, em razão do conflito de interesse. Ademais, vale dizer que há uma divergência doutrinária a respeito do final do §1° que diz “nem em quaisquer outras que puderem beneficiá-lo de modo particular, ou em que tiver interesse conflitante com o da companhia”, uma parte da doutrina entende que os acionistas não poderão votar em qualquer outros casos que haja conflito de interesse, ou seja, que ele possa ser beneficiado com o seu próprio voto, nesse caso há o entendimento que a lei diz que o acionista é objetivamente impedido de votar nesses casos. Porém, outra parte da doutrina entende que o acionista deve sim votar, para somente depois analisar se ele beneficiou do seu próprio voto. 
“Art. 115. O acionista deve exercer o direito a voto no interesse da companhia; considerar-se-á abusivo o voto exercido com o fim de causar dano à companhia ou a outros acionistas, ou de obter, para si ou para outrem, vantagem a que não faz jus e de que resulte, ou possa resultar, prejuízo para a companhia ou para outros acionistas. (Redação dada pela Lei nº 10.303, de 2001) § 1º o acionista não poderá votar nas deliberações da assembléia-geral relativas ao laudo de avaliação de bens com que concorrer para a formação do capital social e à aprovação de suas contas como administrador, nem em quaisquer outras que puderem beneficiá-lo de modo particular, ou em que tiver interesse conflitante com o da companhia. § 2º Se todos os subscritores forem condôminos de bem com que concorreram para a formação do capital social, poderão aprovar o laudo, sem prejuízo da responsabilidade de que trata o § 6º do artigo 8º.”
Após a apresentação do laudo de avaliação e aprovação pela Assembleia Geral de Constituição é momento que o próprio subscritor analisa o valor atribuído e profira se está de acordo ou não:
· Valor do laudo é igual ao valor apontado pelo acionista subscritos: nesse caso a integralização será consumada, acaso a Assembleia aceite o laudo;
· Valor do laudo é inferior ao valor apontado pelo acionista subscritos. Nesse caso, pode existir algumas complicações:
· O subscrito pode discordar do valor analisado, tornando sem efeito a sua subscrição e o próprio projeto de constituição da sociedade ou de aumento de capital, conforme o caso.
· O subscrito pode aceitar a avaliação e suplementar/completar a diferença do valor com o pagamento em dinheiro. Acaso o subscritor não tenha o valor em dinheiro, o mesmo pode tentar um acordo, diminuir a quantidade de quotas a ser integralizada.
· Valor do laudo é superior ao valor apontado pelo acionista subscritor: nesse caso o bem não poderá ser subscrito com o valor superior, e sim ao valor dado pelo subscritor. 
Na prática quando vamos realizar uma avaliação de bens para integralizar o capital das companhia fechadas, é aconselhável que as companhia façam a avaliação anteriormente a Assembleia Geral, pois, ai o subscritor poderá concordar com o valor trazido no laudo, desse modo sempre estaremos lidando com a primeira hipótese descrita. Fazendo dessa forma, o subscritor não poderá desistir, tendo em vista que esse é irrevogável/irretratável a não ser pela hipótese descrita na lei. 
Ademais, os avaliadores (empresa ou peritos) e os subscritores são pessoalmente responsáveis pela correta e idônea a avaliação dos bens, estes podem responder civil e criminalmente pela avaliação a que procederem. A lei traz um incentivo econômico pra que todas as pessoas citadastenham responsabilidade, pois acaso gere danos, essas pessoas podem responder pessoalmente por esses danos. 
“Art.8°, § 6º Os avaliadores e o subscritor responderão perante a companhia, os acionistas e terceiros, pelos danos que lhes causarem por culpa ou dolo na avaliação dos bens, sem prejuízo da responsabilidade penal em que tenham incorrido; no caso de bens em condomínio, a responsabilidade dos subscritores é solidária.”
· Transferência de bens: 
“Art.98°, § 2º A certidão dos atos constitutivos da companhia, passada pelo registro do comércio em que foram arquivados, será o documento hábil para a transferência, por transcrição no registro público competente, dos bens com que o subscritor tiver contribuído para a formação do capital social (artigo 8º, § 2º).”
Esse artigo 98, §2°, traz uma regra no que diz respeito ao processo de integralização de capital social com a transferência de bens a companhia. Basicamente nos diz que a certidão da ata de Assembleia Geral de Constituição da companhia, por ata de assembleia geral extraordinária da companhia que aprovou a integralização de ações da companhia com a transferência de bens a mesma, devidamente arquivada na junta comercial do Estado, onde a companhia tem a sua sede, é o documento jurídico com força jurídica suficiente para promover a devida transferência desses bens. 
Cumpre salientar que toda vez que haver um transferência de bens imóveis, incide sobre este o, ITBI (imposto de transmissão de bens imóveis), este imposto é de recolhimento pelo Município no qual estiver localizado o bem, ou seja, o Munícipio pode cobrar das partes o valor desse imposto para que o bem seja transferido (art.156, inciso II da CF). Todavia, o §2°, em seu inciso I, traz uma exceção, ou seja, quando há a transferência de bens imóveis para integralização de capital, esse ITBI não incide sobre o bem. Contudo, não podemos esquecer que há algumas exigências do §2°, inciso I, para que essa de fato esse imposto não se aplique, é fundamental que, nesses casos, a atividade preponderante da pessoa jurídica que está adquirindo o seu imóvel não seja compra e venda, ou mesmo de negociação desses bens ou direitos, ainda assim também não pode ser de locação de bens imóveis ou arrendamento mercantil. Ou seja, o objeto social da empresa que vai receber o bem a título de integralização de capital não pode ser os descritos na parte final do inciso II do §2°. Acaso a companhia que irá receber seja relacionada a esses objetos sociais, ocorre a incidência desse tributo. 
“Art. 156 da CF. Compete aos Municípios instituir impostos sobre: [...] II - transmissão "inter vivos", a qualquer título, por ato oneroso, de bens imóveis, por natureza ou acessão física, e de direitos reais sobre imóveis, exceto os de garantia, bem como cessão de direitos a sua aquisição; [...] § 2º O imposto previsto no inciso II: I - não incide sobre a transmissão de bens ou direitos incorporados ao patrimônio de pessoa jurídica em realização de capital, nem sobre a transmissão de bens ou direitos decorrente de fusão, incorporação, cisão ou extinção de pessoa jurídica, salvo se, nesses casos, a atividade preponderante do adquirente for a compra e venda desses bens ou direitos, locação de bens imóveis ou arrendamento mercantil;” [...]
O CTN (código tributário nacional), traz essa mesma regra em seu art.36°, todavia, em seu parágrafo primeiro, acrescenta outra regra que também prevê a não incidência do ITBI, mas na operação reversa, isto é, na reversão da integralização do capital social. Por exemplo, se João realiza a transferência, mas mediante a redução do capital social, foi necessário devolver o bem ao João, deste modo na operação reversa de transferência, o ITBI também não é cobrado. 
“Art. 36. do Código Tributário Nacional - Ressalvado o disposto no artigo seguinte, o imposto não incide sobre a transmissão dos bens ou direitos referidos no artigo anterior: I - quando efetuada para sua incorporação ao patrimônio de pessoa jurídica em pagamento de capital nela subscrito; II - quando decorrente da incorporação ou da fusão de uma pessoa jurídica por outra ou com outra. Parágrafo único. O imposto não incide sobre a transmissão aos mesmos alienantes, dos bens e direitos adquiridos na forma do inciso I deste artigo, em decorrência da sua desincorporação do patrimônio da pessoa jurídica a que foram conferidos.”
8. Constituição da Sociedade Anônima 
Cumpre salientar que para ocorrer a constituição da S.A é necessário algumas etapas. Segundo o professor Tavares Borba, a constituição de uma Sociedade Anônima envolve um conjunto de providencias, que podem ser distribuídas em três etapas:
· Providencias preliminares;
· Constituição propriamente dita; e
· Providencias complementares.
· Providencias preliminares: em primeiro lugar, é válido dizer que essas providencias devem ser tomadas antes do ato constitutivo. De acordo com o art.80° da Lei 6.404/76 são basicamente três exigências:
“Art. 80. A constituição da companhia depende do cumprimento dos seguintes requisitos preliminares:
I - subscrição, pelo menos por 2 (duas) pessoas, de todas as ações em que se divide o capital social fixado no estatuto;
II - realização, como entrada, de 10% (dez por cento), no mínimo, do preço de emissão das ações subscritas em dinheiro;
III - depósito, no Banco do Brasil S/A., ou em outro estabelecimento bancário autorizado pela Comissão de Valores Mobiliários, da parte do capital realizado em dinheiro.
Parágrafo único. O disposto no número II não se aplica às companhias para as quais a lei exige realização inicial de parte maior do capital social.”
De acordo com o inciso I, é necessário realizar a subscrição das ações que irão compor a companhia, sendo feita pelo menos por duas pessoas (pluralidade de sócios). A segunda exigência (inciso II) diz respeito a entrada de 10% do valor da emissão das ações em dinheiro, essa regra vale tanto para a constituição da companhia, como também para o aumento de capital. O terceiro requisito (inciso III), é justamente a exigência de que esse valor pago à vista a título de integralização de capital, seja depositado no Banco do Brasil, ou em outro estabelecimento bancário autorizado pela CVM. Cumpre salientar que atualmente o único banco que recebe este depósito é o próprio Banco do Brasil.
· Constituição: encerrada a fase de providencias preliminares inicia-se a fase de constituição. Cumpre salientar que nesta fase os fundadores convocarão a Assembleia Geral de Constituição (AGC), para que ocorra a formalização (ato solene) da sociedade anônima. Porém, também há uma segunda forma que concretizar a formalização da companhia, esta também é prevista pela Lei 6.404/76, sendo através de uma escritura pública de constituição, nessa segunda possibilidade, ao invés dos acionista celebraram a Assembleia Geral de Constituição, eles se dirigem a um Cartório de Notas e solicitam ao Tabelião uma Escritura Pública formalizando a constituição de uma sociedade anônima. Vale ressaltar que existe uma exceção no que diz

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