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ISQUEMIA CEREBERAL DE ORIGEM EXTRA-CRANIANA Autor: Pedro V.F. Medrado - Ou Insuficiência Vascular Cerebral de origem extra-craniana, é na verdade lesões estenóticas, oclusivas ou aneurismática encontradas nos vasos extracranianos que promovem uma isquemia cerebral - Podem ser ou não sintomáticas, isso depende do estádio da sua evolução - Os AVC são a 3ª causa de mortalidade geral, 2ª causa de mortalidade de origem cardiovascular e 1ª causa de mortalidade de origem neurológica - 70% dos AVC são de origem isquêmico, poucos têm origem de grandes artérias (10%) - É uma manifestação do envelhecimento – aumenta com a idade, mais comum acima dos 60 anos - 50% dos AVCI tem origem em vasos extracranianos - Fatores de risco da doença arteriosclerótica: · Idade · Doenças associadas – HAS, diabetes e dislipidemia · Tabagismo - É uma doença que não afeta apenas um território, se tem aterosclerose em artéria extracraniana – pesquisar OAP/DAC Revisão Anatômica - As artérias que suprem o encéfalo têm origem no arco aórtico · O primeiro ramo arterial é o tronco braquioencefálico que origina a A. carótida comum direita (ACCD) e A. subclávia direita (ASD) · A A. carótida comum esquerda (ACCE) e A. subclávia esquerda (ASE) se originam diretamente do arco aórtico · Há variações anatômicas diversas na população ACCE partindo do tronco e outras · As artérias carótidas comum se bifurcam a nível da borda superior da cartilagem tireoide (4ª vertebra cervical) em interna e externa · Trígono carotídeo – onde se palpa o pulso carotídeo e ausculta da bifurcação da ACC · Delimitado pela (a) Borda anterior o M. esternocleidomastóideo, (b) Linha mediana e (c) Ventre posterior do músculo digástrico. · Artéria carótida externa (ACE) irriga face · Artéria carótida interna (ACI)– dirige-se cranialmente para suprir o encéfalo · Porção cervical · Porção petrosa · Porção cavernosa – ramos da artéria oftálmica · Porção intracerebral propriamente dita · Artéria cerebral média · Artéria cerebral anterior – comunica-se com a contralateral via da ACA · ACC tem estreita relação anatômica com os nervos cranianos – tratamento cirúrgico na bifurcação carotídea é a lesão do nervo auricular magno, seguida da do hipoglosso, do ramo marginal da mandíbula, e do nervo laríngeo superior. · Artérias subclávias – origem nas artérias vertebrais entrada nos forames transversos · Artéria vertebral + mais sua contralateral – forma a artéria basilar · Artéria basilar – origina-se a artéria comunicante posterior (ACP) que se conecta c/ a artéria cerebral média · Polígono de Wilis · 4 troncos arteriais nutrem o encéfalo, e na vigência de uma oclusão de um ou mais desses troncos a circulação coleteral pode ser formada · Se oclusão da ACI esquerda – o hemisfério vai ser nutrido pela ACA, ACP e ramos da ACE esquerda · Bulbo carotídeo – centro regulador da PA (barorreceptor) · Parede da ACC – corpo carotídeo (quimiorreceptor a tensões de O2 nas variações de FC e FR) Etiologia - É a principal causa das lesões arteriais cerebrovasculares extracranianas é a arteriosclerose · Doença degenerativa c/ evolução crônica · Mais comum na bifurcação da artéria carótida comum · 1ª etapa precoce – estrias lipídicas seguida de placas lipídicas · Acidentes da placa – a partir do fibroateroma, lesão arteriosclerótica formada por núcleo lipídico, fibrose e células inflamatórias em abundância · A estabilidade da placa é muito mais importante do que o grau de estenose - Outras entidades raras – fibrodisplasia arterial, arterite de Takayasu, arterite temporal, acotovelamente da ACI, lesão endotelial por radioterapia, aneurismas, dissecção arterial, traumas, tumores cervicais.... Fisiopatologia - Principais mecanismos: 1. Ateroembolia ou ateroembolismo provocado por fragmentos (partículas) · Tipo do dano depende: do tamanho do fragmento, do estado prévio da massa encefálica e do grau de circulação colateral 2. Aspecto hemodinâmico · Alta capacidade do encéfalo de se adaptar ao baixo fluxo · Velocidade de instalação da estenose seja lenta – encéfalo se adapta ao baixo fluxo · Isso quer dizer que – há desenvolvimento de colaterais · Estenose vs trombo · Estenose progride lentamente – permite tempo de circulação colateral · Trombo arterial – é um evento agudo que costuma provocar uma grave lesão c/ infarto extenso Quadro clínico – diagnóstico - Podem ser assintomáticos ou apresentar profunda deficiência circulatória aguda, levando-os ao coma e mesmo à morte - Pacientes assintomáticos · São detectados por meio de exame clínico de rotina ou exame de imagem · EF · Frêmito e/ou sopro na região cervical (na projeção dos vasos carotídeos e vertebrais) · USG Doppler – é um exame não-invasivo mais eficiente para detecção da estenose arterial · Cinecoronariografia – a fim de estudar as lesões coronarianas · Aortograma – visualização dos troncos supra aórtico - Pacientes sintomáticos · Ampla gama de sintomas · Amaurose (fugaz ou permanente) – perda de visão temporária e unilateral c/ duração inferior a 15 min, possivelmente afetou a artéria oftálmica · Ataque isquêmico transitório (hemisférico ou vertebrobasilar) – afasia, disartria, hemiparesia, hemiplegia e monoplegia temporários · É um evento <24h e a recuperação é completa · Deficiências sensitivo-motoras ocorrem no lado do corpo contralateral ao hemisfério atingido · Alterações de expressão – disfagia e afasia ocorrem quando o hemisfério dominante é atingido · AIT vertebrobasilar – encéfalo posterior (tronco, cerebelo e lobo occipital) – ataxia, disartria, déficit visual, hemibalismo · AVC (maior, menor ou em evolução) – isquemia por um período superior a 24h · AVC menor – recuperação de 1-3 semanas com ausência ou quadro mínimo de deficiência, sem limitação · AVC maior – limitação acentuada ou óbito após AVC · AVC em evolução – piora no período de horas ou dias após o AVC aguda · AVC vertebrobasilar – territórios posteriores do encéfalo semelhante a AIT mais c/ tempo maior de 24h, mais intenso e dramático · AVC agudo – quadro de instabilidade hemodinâmica, respiratória e profunda deficiência sensitivo-motora · Deficiência cerebral global – quadro de obstruções e/ou oclusões múltiplas causando tontura, síncope, falta de coordenação motora e deficiência cognitiva, em especial quando é na fossa posterior. · Síndrome do roubo da artéria subclávia – uma lesão estenótica na artéria subclávia proximal à origem da artéria vertebral, ocorrerá desvio do fluxo do encéfalo posterior para o braço, se houver movimentação do braço. · Sopro supraclavicular · Diferencial de pressão arterial entre os dois membros superiores – confirmado por angiografia - AVC cardioembólico · Está muito associado a FA, IAM, lesões ou prótese de VAo e VM, ICC e embolia paradoxal por comunicação D-E. - AVC lacunar · Trombose arterial da microcirculação cerebral – ramificações de ramos profundos e penetrantes no encéfalo · Diagnóstico por TC – imagem hipodensa menor que 1cm de diâmetro - Fatores de risco para AVC · Idade – a cada 10 anos a partir dos 55 anos a taxa de AVC duplica · Sexo – AVC é maior em homens, mas a taxa anual de mortes por AVC é maior em mulheres · Etnia – taxa maior em negros jovens · Histórico familiar de AVC e/ou histórico familiar de doença arteriosclerótica cardiovascular · HAS – é um fator modificável importante, siminuição da PA diminui a incidência de AVC e a dificuldade de controle pressórico e aderência ao tto hipertensivo · Dislipidemia – agravamento das lesões · Diabetes mellitus – ação deletéria da hiperglicemia e somatório de associados · Obesidade – somatório de problemas associado · Tabagismo – fator de risco para aterosclerose · Pouco frequentes – doenças hematológicas, inflamatórias, inatividade física, etilismo, drogas, dieta e uso de anticoncepcional oral Diagnóstico - Mesmo na presença óbvia de embolia, precisamos fazer uma investigação clínica, laboratorial e de imagem, porque? · Para descartar outras afecções cerebrais associadas que possam intervir no tratamento e análise dos resultados esperados. - Investigação com Eletrocardiogramae Ecocardiograma é necessário porque? · Outras fontes de embolia arterial – coração – IAM, arritmias e doenças valvares - O exame necessário p/ estudo é o US Doppler – determina a existência da placa de ateroma na bifurcação carotídea, o grau da estenose e a morfologia · Mapeamento dúplex – Escala de Gray-Weale: · I e II – Placas moles c/ núcleo lipídico e instável (sintomáticos) · III e IV – Placa estável dura c/ grau de fibrose (assintomáticos) · Pode detectar tortuosidade e angulação acentuada dos vasos carotídeos – sugere dissecção espontânea da carótida, aneurisma e tumores de vasos · É um exame operador-dependente · É um exame não-invasivo, sem contraste, e pode ser repetido várias vezes · É o primeiro exame de imagem diagnóstica - TC do encéfalo – serve para diagnóstico diferencial, determina o grau e áera de comprometimento do parênquima e orienta terapêutica · AVC agudo isquêmico – normal nas primeiras 6h, definição completa da lesão pode demorar de 24-48hrs - Angiotomografia – reconstrução 3D dos vasos · Usa contraste e radiação · Possibilidade de múltiplas incidências e visualização da circulação intracerebral - Ressonância magnética – mostra lesões menores, é uma ferramenta poderosa · Detecta lesões pequenas, malformações AV, hemangiomas e aneurismas - Angiorresonância – c/ ou s/ contraste gadolínio · Vasos carotídeos em várias projeções e mostra a origem dos vasos a partir do arco da aorta · Limitado – custo, disponibilidade e claustrofobia · Tendência de superestimar lesões estenóticas - Angiografia direta por punção ou dissecção de artéria remota · Fornece imagens nítidas – grau da estenose, extensão da lesão, altura da lesão, circulação colateral, circulação intracerebral e malformações vasculares intracerebrais · Limitações – natureza invasiva do procedimento, radiação e contraste e custo elevado - Em geral – 1º método de exame de imagem para investigação é o US-Doppler · Opções secundárias em caso de dúvida – AngioTC, AngioRNM e arteriografia · Seu uso depende do estado clínico do paciente, dos custos envolvidos, disponibilidade, experiência relacionada e dúvidas. Tratamento - O tratamento é feito de forma clínica e intervencionista (cirúrgico e endovascular) - Para tratar o paciente, recomenda-se é dividir em crônicos, agudas, sintomáticos e assintomáticos · Candidatos ao TTO Clínico são: · Assintomáticos, com lesões estenóticas de ACI <70%; · Pacientes com estenoses maiores, mas c/ elevação do risco cirúrgico ou baixa expectativa de vida; · Assintomáticos c/ lesões extremamente complexas que se prolongem para os vasos intracranianos; · Múltiplas lesões em sequência; · Oclusão crônica da ACI; · Sintomáticos c/ estenose <50% · Discutível entre 50-70% · Candidatos ao TTO Cirúrgico são: · Assintomáticos c/ estenoses >70% e com bom estado geral e com expectativa de vida >5anos; · Sintomáticos c/ estenose>70%. - Tratamento clínico · Controle da HAS, dos níveis de glicemia e dos níveis de colesterol e triglicerídeos · Cessação do tabagismo – imprescindível · Terapia de reposição de nicotina · Antidepressivos (bipropiona) · Apoio psiquiátrico-psicológico (terapia em grupo, psicoterapia e etc) · Antiagregantes plaquetários e estabilizadores de placa – tanto p/ sintomáticos quanto p/ assintomáticos · AAS 100-200mg/dia – DU VO · Opções – Clopidogrel · Se intolerante à aspirina – Ticlopidina (2x/dia) – risco de neutropenia · Outra opção – Triflusal c/ dose escalonada · AVCi agudo · Anticoagulantes – incialmente parenteral e depois oral · Trombólise – indivíduos selecionados (indicações/contra) - Lesão ateriosclerótica na bifurcação carotídea · Endarterectomia carotídea – remoção cirúrgica da placa de ateroma (mais realizado durante um tempo) · A endarterectomia se tornou um método seguro de profilaxia p/ AVCi com o tempo · Durante a cirurgia é preciso fazer o clampeamento carotídeo, porém você precisa monitorar a função cerebral, isso é geralmente feito com: · Doppler transcrianiano · Eletroencefalograma contínuo · É um procedimento que requer anestesia local com o paciente acordado · Se sofrimento cerebral – shunt, sonda de silicone na artéria carótida comum e na artéria carótida interna · Para fechamento · Primário ou remendo com um segmento de veia (safena interna ou VJE), prótese de Dacron/PTFE ou pericárdio bovino - Complicação da endarterectomia · Trombose aguda da artéria carótida interna · Incisão cervical – lesão de nervo craniano - Angioplastia da bifurcação carotídea por via endoluminal · É um procedimento menos invasivo (que a endartec) e diminui reestenose, impede ou diminui a incidência de embolização durante o procedimento · Faz-se via femoral – anestesia local · Complicações · Dilatação do bulbo carotídeo – bradicardia · Dissecção da parede arterial · Embolização · Trombose do stent e reestenose · É um procedimento menos eficaz ao longo dos anos, mas pode-se fazer uma nova angioplastia – ponto comparativo com a endarterectomia - Tratamento cirúrgico versus clínico · Qual é o melhor? depende do tipo de seleção, de paciente e a opção para o tratamento
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