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P á g i n a | 1 Doença Aterosclerótica Extracraniana Introdução Doença aterosclerótica extracraniana (carotídea) é a principal responsável pelos quadros de AVE isquêmico. 90-95% isquêmicos e grande parte é por doença carotídea ou embolização cardíaca que um trombos sai do átrio e vai para as carótidas. Locais de aterosclerose Bifurcação da artéria carotídea ao nível da bifurcação Artéria Vertebral Artéria subclávia Epodemiologia Incidência 160/100.000 habitantes. Impacto financeiro nos EUA = US$ 45,3 bilhões. Nem todos os pacientes precisam de cirurgia se < 70%. 3a causa de morte nos EUA e Brasil – 8% em pacientes > 50 anos e <50 está relacionada a dissecção ou acidentes. 750.000 AVCs por ano (EUA): o 15-30% dependentes permanentemente. o 15% fatais. Prevalência: o 18-44 anos: 0,8% - associado mais a dissecções. o >65 anos: 8,1% - aterosclerótica. Anatomia Fluxo sanguíneo cerebral – 80% é das carótidas e 20% cerebrais angioRM, ecografia de carótidas e vertebrais são os exames usados para ver esse fluxo. 1.000 mL/min 800 mL/min – proveniente das carótidas 200mL/min – proveniente das artérias vertebrais A. carótida comum esquerda é ramo direto do arco aórtico. A. carótida comum direita é ramo da A. subclávia direita. As artérias vertebrais são ramos das subclávias. Logo, se temos uma estenose de subclávia, haverá a diminuição da perfusão da artéria vertebral ipsilateral com sintomas de roubo de fluxo pela a. subclávia. Na ecografia de a. Carótida é importante ver a bifurcação, porque geralmente é o local de início de placas ateroscleróticas que progridem. Assim, deve-se avaliar toda sua extensão após a visualização Isabela Terra Raupp P á g i n a | 2 inicial de uma placa, que pode progredir para bulbo. Fisiopatologia Estenose: 90% origem aterosclerótica. 10% displasia fibromuscular, kinking (torposidades relacionados indiretamente ao paciente com placa aterosclerótica e HAS), compressão extrínseca, oclusão traumática, dissecção, arterites. Graduação de estenose – vê carótida interna e vertebrais que são a que vai para o crânio e perfundem o cérebro. Aterosclerose: Deposição de gordura (colesterol) na íntima. AVEi pode ser resultado de Estenose/oclusão (20%) Microembolização (70%) Teorias da doença aterosclerótica Microembolização = características da placa Devido as características da placa, se tem hemorragia intraplaca com microembolização Se a placa tem superfície lisa, sem áreas hipercoicas e irregularidades é caracterizada como mais estável. Se for heterogênea, com ulcerações e irregularidades parietais é caracterizada como instável e tem alta chance de causar embolização. É a teoria mais aceita. Estenose = hipoperfusão cerebral o Oclusão leva a chance aumentada de AVE, mas na prática sabemos que isso é praticamente nulo, sendo que a maioria dos pacientes não é submetido a cirurgias. o Estenose > 70% até 99% temos que operar de acordo com as características da placa (estável ou instável). Displasia fibromuscular Doença não aterosclerótica. Incidência: 0,7%, Mulheres (60-90%), bilateral de 39 – 86%. Localizada sob forma de colar de contas no terço médio da a. Carótida. Associada a dissecção espontânea. Opções terapêuticas semelhantes a aterosclerose. Estenose sintomática ou > 70% sugere-se tratamento. AAS e sinvastatina antagregantes plaquetarios. Alongamento e acotovelameto (Kinking) Principal fator etiológico é a aterosclerose. Associado a HAS. Classificação: P á g i n a | 3 Tipo 1 – tortuosidade Tipo 2- Looping Tipo 3 – acotovelamento com aumento de velocidade que pode confundir com estenose na ecografia. Há turbilhonamento do fluxo que causa sintomas, geralmente necessitando de reanastomose com transposição. Tratamento: Bem raro em casos cirúrgicos, mas 10-20% tem kinking e a maioria não precisa de cirurgia, por serem achados assintomáticos. Cirurgia nos casos sintomáticos → transecção + ressecção + reimplante. Outras causas Compressões extrínsecas. Radiação com indução de estenose – espessamento da camada íntima. Tumor de cabeça e pescoço. Dissecção – cefaléia intensa unilateral + sintomas de AVE – inicia ao nível de C2 acidentes de alta velocidade, manobras de qiropraxia, dissecção espontânea ao pico hipertensivo. Quadro clínico AIT (< 24h) X AVE X AVE em evolução Alterações isquêmicas nas artérias da retina, hemisférios cerebrais, frontal, parietal e temporal ipsilateral a lesão. Ex.: amaurose fugaz no olho direito por placa aterosclerótica na carótida porque a. oftálmica é o primeiro ramo. Repercussões motoras e sensitivas no lado contralateral a doença carotídea (exceto distúrbios visuais). Ex.: plegia do hemicorpo esquerdo com placa aterosclerotica na artéria carótida direita. Principais sintomas: 1. Adormecimento 2. Formigamento 3. Redução da sensibilidade 4. Hemiparesia 5. Hemiparalisia 6. Amaurose fugaz 7. Ataxia 8. Disfasia 9. Nistagmo 10. Perda do equilíbrio Ataque isquêmico transitório (AIT) o Duração máxima de 24 horas dos sintomas, com melhora completa após. o Teorias → Microembolizações (mais plausível) X Estenose Carotídea (hipoperfusão cerebral). “Melhora dos sintomas após oclusão arterial” o Roubo da subclávia: vertigens e perda da consciência Estenose de a. subclávia e a partir daí começa a ter isquemia de MMSS e no polígono de Willis, então o sangue volta tendo fluxo reverso pela vertebral para dar aporte sanguíneo para MMSS. Acidente Vascular Encefálico (AVE) Duração dos sintomas > 24 horas. Sequelas neurológicas variáveis. Resultado de trombose arterial ou microembolizações carotídeas ou embolizações de origem cardiológica. Acidente vascular encefálico em evolução Instabilidade neurológica Déficit neurológico progressivo Mecanismos teóricos Trombos friáveis? – estenose de artéria carótida com placa instável P á g i n a | 4 Embolização de trombos da carótida interna já ocluída? Trombose do próprio vaso intracraniano? Avaliação por angiografia ou angioTC cerebral Cirurgia abreviada – certa urgência na realização de cirurgia. Avaliação clínica Reconhecer fatores de risco associados (DAC, FA, DPOC, DAP) o Relacionados a doença arterial aterosclerótica. Excluir causas não vasculares de sintomas neurológicos (tumores, demências, escleroses, hematomas pós traumáticos). História de AVE prévia. Identificar o lado afetado. Ausculta carotídea, em busca de sopros. Screening populacional Indicação para realização de ecografia com doppler de carótidas como Screening em: 1 dos fatores a seguir: 1. DAO 2. > 65 anos 3. Coronariopatias 4. Tabagistas 5. Dislipidêmicos Ou dois ou mais fatores: 1. HAS 2. Dislipidemia 3. Tabagismo 4. HF de AVE 5. Aterosclerose em jovens. Diagnóstico de AVE TC ou RNM de encéfalo Determinar se o AVE é isquêmico ou hemorrágico. Ausculta para ver se ter arritmia (FA) e sopro carotídeo. TC vê melhor tumores ou sinais de hemorragia. Ultrassonografia com Doppler de carótidas Primeiro exame a ser realizado na maioria dos pacientes. Melhor exame não invasivo para avaliar a circulação extra- craniana (entre a clavícula e a mandíbula). Examinador dependente. Não mostra placa em origem no tronco braquicefalico ou na aorta ou achados na região intratorácica. Mas se vê na TC. Arteriografia Padrão ouro Avalia vasos intracranianos, arco aórtico, origem das carótidas, vertebrais e subclávias Tirar a dúvidaquando temos 2 resultados conflitantes em outros exames. Risco de AVE em 1,2% dos pacientes durante o procedimento, a placa pode se deslocar, causando micro embolizações. Invasivo – punção arterial e antiagregação plaquetaria vai ter risco maior de ter hematomas e pseudoaneurisma. Risco de complicações (hematoma em sítio de punção, dissecção da artéria puncionada para exame, pseudoaneurisma, embolização) em 0,6% Uso de contraste nefrotóxico P á g i n a | 5 Angiotomografia de Arco Aórtico e Vasos Supraorticos Rápido. Minimamente invasivo. Usa contraste. Possibilidade de reconstrução em 3D e planejamento cirúrgico. Permite visualização dos vasos intratorácicos e intracranianos. Desvantagem quanto ao uso de contraste nefrotóxico e radiação ionizante. Se o grau de estenose carotídeo está em concordância com a USG, está dispensado a necessidade de arteriografia. Angioressonância nuclear magnética Benefício semelhante a ACT Contraindicado em pacientes com uso de próteses metálicas Não utiliza contraste Substituído por angioTC Subestima grau de estenose Vem sendo substituído pela ATC Tratamento Objetivo: evitar a ocorrência de eventos cerebrais. Indicação cirúrgica: endarectomia x ATP Estenose carotídea > 70% (considerar características da placa) Pacientes assintomáticos e > 50% em pacientes sintomáticos. Manejo clínico: AAS + Estatina + Clopidogrel (em pacientes intolerantes ao AAS, ou que teve sintoma – dupla agregação plaquetaria e pacientes submetidos a angioplastia – não a longo prazo) + Controle de HAS + Atividades físicas regulares Assintomáticos: estenose < 70% Sintomáticos: estenose < 50% Recomendações: 1. ACAS (Asymptomatic Carotid Atherosclerosis Study)→ estenoses 60-90% → risco de AVE de 11% no grupo com tratamento clínico e 5% no grupo submetido a cirurgia. 2. ECST (European Carotid Surgery Trial) → estenoses 70- 99%→ risco de AVE de 26% no grupo com tratamento clínico e 9% no grupo submetido a cirurgia. 3. VAST (Veterans Affairs Symptomatic Trial) → risco de AVE de 19% no grupo com tratamento clínico e 7% no grupo submetido a cirurgia. Cirurgia: Endarterectomia carotídea com uso de patch (retalho de veia ou pericárdio bovina ou material sintético) e shunt (manter perfusão cerebral no período operatório – não necessariamente o paciente vai ter AIT/AVC no pós operatório. É mais indicado se o paciente não tem perfusão adequada na artéria contralateral e polígono de Willis pérvio) – dispensado em pacientes com diâmetro da carótida interna > 5mm Risco de AVE e morte estimado: 6,5% (NASCET). Reduz recorrência de AVE de 9% (sem cirurgia) para 2% (com cirurgia). Pós AVE: realizar 4 semanas após* x durante a mesma internação – 7 a 10 dias opôs a outra cirurgia. Risco de edema cerebral se realizada na fase aguda. P á g i n a | 6 1. Arteriotomia longitudinal 2. Excisão da placa 3. Arteriorrafia com uso de patch Angioplastia – alto risco cirúrgico, anatomia desfavorável, estenoses intratorácicas. o Alto risco cirúrgico o Anatomia desfavorável o Estenoses intratorácicas Em associação com DAC em pré operatório de CRM: Endarterectomia antes se sintomático com DAC estável. CRM antes se assintomático. Concomitante se sintomático com DAC instável – carotídeo e cardiológico. Assintomático cardiológico pode operar primeiro a carótida e depois o coração. Complicações da operação Lesão pares cranianos (5-20%): Hipoglosso (4.4-17.5) Fraqueza língua Dificuldade de mastigação Ramo marginal mandibular (1.1- 3.1) Queda lábio inferior IL Laríngeo superior Fadiga vocal e dificuldade de gritar Laríngeo Recorrente/Inferior (1.5-15) Paralisia corda vocal IL – rouquidão e tosse Glossofaríngeo (0.2-1.5) Deglutição Infecção (0,15%) Sangramento (1-3%) – dreno não evita hematoma Reestenose (5-22%) – locais de clampeamento arterial ou devido a hiperplasia intimal por rafia, ou por aterosclerose própria do paciente Hiperplasia intimal Sintomática: >50% Assintomática: se estenose >80% ou progressiva Labilidade tensional – na cirurgia vamos estar mexendo na carótida que tem receptores que modulam a PA e o paciente pode fazer hipotensão e bradicardia e no pós operatório. Hipotensão – pode usar noradrentalina Hipertensão – pode usar nitropruciato de sódio
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