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@resumosdamed_ 1 TRANSTORNO OBSESSIVO COMPULSIVO E TRANSTORNO DE ESTRESSE PÓS-TRAUMÁTICO QUADRO CLÍNICO E DIAGNÓSTICO DO TRANSTORNO OBSESSIVO COMPULSIVO (TOC) E TRANSTORNO DE ESTRESSE PÓS-TRAUMÁTICO (TEPT). TRANSTORNO OBSESSIVO COMPULSIVO O transtorno obsessivo-compulsivo (TOC) é representado por um grupo diverso de sintomas que incluem pensamentos intrusivos, rituais, preocupações e compulsões. Essas obsessões ou compulsões recorrentes causam sofrimento grave à pessoa. Elas consomem tempo e interferem significativamente em sua rotina normal, em seu funcionamento ocupacional, em atividades sociais ou nos relacionamentos. Um indivíduo com TOC pode ter uma obsessão, uma compulsão ou ambos. Uma obsessão é um pensamento, um sentimento, uma ideia ou uma sensação recorrentes ou intrusivos. Diferentemente de uma obsessão, que é um evento mental, uma compulsão é um comportamento. Um indivíduo com TOC percebe a irracionalidade da obsessão e sente que tanto ela quanto a compulsão são egodistônicas (i.e., comportamentos indesejados). A conclusão do ato compulsivo pode não afetar a ansiedade e até aumentar sua intensidade. A ansiedade também é aumentada quando uma pessoa resiste em executar uma compulsão. EPIDEMIOLOGIA: Normalmente diagnóstica antes dos 25 anos e maior prevalência em solteiros. A prevalência vitalícia de transtorno depressivo maior em pessoas com TOC é de cerca de 67%, e, de fobia social, de 25%. ETIOLOGIA SISTEMA SEROTONÉRGICO. Desregulação da serotonina está envolvida na formação do sintoma de obsessões e compulsões no transtorno. SISTEMA NORADRENÉRGICO. Atualmente, há menos evidências para a disfunção do sistema noradrenérgico no TOC. Relatam melhoras em sintomas de TOC com o uso de clonidina oral (Catapres), um fármaco que reduz a quantidade de norepinefrina NEUROIMUNOLOGIA. Ligação positiva entre infecção estreptocócica e TOC. Infecção estreptocócica de grupo A - hemolítico pode causar febre reumática, e aproximadamente 10 a 30% dos pacientes desenvolvem coreia de Sydenham e exibem sintomas obsessivo- compulsivos. NEUROIMAGEM Pacientes com TOC tem funções alteradas no circuito neural entre o córtex orbitofrontal, o caudado e o tálamo. Tomografia cerebral demonstraram atividade aumentada (p. ex., metabolismo e fluxo sanguíneo) nos lobos frontais, nos gânglios da base (especialmente o caudado) e no cíngulo de pacientes com TOC. O envolvimento dessas áreas na patologia do TOC @resumosdamed_ 2 aparece mais associado com rotas corticostriatais do que com as rotas da amígdala. Exames de imagem encontraram caudados bilateralmente menores em pacientes com TOC. GENÉTICA. Familiares de probandos consistentemente têm uma probabilidade 3 a 5 vezes maior de apresentar características de TOC do que famílias de probandos-controle. FATORES COMPORTAMENTAIS: As obsessões são estímulos condicionados. Um estímulo relativamente neutro se torna associado com medo ou ansiedade por meio de um processo de condicionamento replicante ao ser associado com eventos que sejam nocivos ou que produzam ansiedade. Assim, objetos e pensamentos que antes eram neutros se tornam estímulos condicionados capazes de provocar ansiedade e desconforto. Compulsões são estabelecidas de maneira diferente. Quando descobre que determinada ação reduz a ansiedade associada a um pensamento obsessivo, uma pessoa desenvolve estratégias ativas de evitação, na forma de compulsões ou comportamentos ritualísticos, para controlar a ansiedade. FATORES PSICOSSOCIAIS: Apesar de os sintomas do TOC poderem ser biologicamente motivados, significados psicodinâmicos podem estar associados a eles. Os pacientes podem se sentir motivados a manter a sintomatologia em razão dos ganhos secundários. Outra contribuição da compreensão psicodinâmica envolve as dimensões interpessoais. Essa forma de acomodação familiar está correlacionada com estresse na família, atitudes de rejeição com relação ao paciente e parco funcionamento familiar. Por fim, outra contribuição do pensamento psicodinâmico é o reconhecimento dos precipitadores que iniciam ou exacerbam os sintomas. Frequentemente, as dificuldades interpessoais aumentam a ansiedade do paciente e, assim, acabam por também aumentar sua sintomatologia. QUADRO CLÍNICO E DIAGNÓSTICO Como parte dos critérios diagnósticos do TOC indiquem se o paciente é caracterizado por insight bom ou razoável, insight pobre ou insight ausente. • Insight bom ou razoável reconhecem que suas ideias do TOC definitiva ou provavelmente não são verdadeiras, ou podem ou não ser verdadeiras. • Insight pobre acreditam que suas ideias são provavelmente verdadeiras, • Insight ausente estão convencidos de que suas ideias são verdadeiras. Obsessões e compulsões são as características essenciais do TOC. Uma ideia ou um impulso se impõem com insistência e de forma persistente na percepção consciente da pessoa. Típicas obsessões associadas com TOC incluem pensamentos sobre contaminação (“Minhas mãos estão sujas”) ou dúvidas (“Esqueci de desligar o fogão”). Uma sensação de terrível ansiedade acompanha a manifestação central, e a característica-chave de uma compulsão é que ela reduz a ansiedade associada com a obsessão. EXAME DO ESTADO MENTAL TOC podem exibir sintomas de transtornos depressivos. Alguns com TOC têm traços de caráter que sugerem transtorno da personalidade obsessivo- compulsiva (p. ex., necessidade excessiva de precisão e arrumação), mas não são a maioria. Indivíduos com TOC, especialmente os homens, têm maior índice de celibato. Os casados têm maior incidência de desacordo matrimonial do que a norma. @resumosdamed_ 3 DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL TRANSTORNO DE TOURETTE: O TOC apresenta forte relação com o transtorno de Tourette, visto que as duas condições com frequência coocorrem. Cerca de 90% das pessoas com transtorno de Tourette apresentam sintomas compulsivos. Em sua forma clássica está associado com um padrão de tiques vocais e motores recorrentes que apresentam apenas uma leve semelhança com o TOC. TRANSTORNO DA PERSONALIDADE OBSESSIVO-COMPULSIVA: Está relacionado com uma preocupação obsessiva com detalhes, perfeccionismo e outros traços de personalidade semelhantes. As condições são facilmente diferenciadas, visto que o TOC está associado com uma verdadeira síndrome de obsessão e de compulsões. As chaves para diferenciar o TOC da psicose são: (1) TOC quase sempre podem reconhecer a natureza insensata de seus sintomas, e (2) doenças psicóticas são associadas com diversos outros atributos que não são característicos do TOC. DEPRESSÃO: Os dois transtornos costumam ocorrer comorbidamente, e a depressão maior costuma estar associada com pensamentos obsessivos que, às vezes, beiram a verdadeiras obsessões, como as que caracterizam o TOC. Os sintomas obsessivos associados com depressão só são encontrados na presença de um episódio depressivo, enquanto o TOC verdadeiro persiste apesar da remissão da depressão. TRATAMENTO Os fármacos, alguns dos quais usados para tratar transtornos depressivos ou outros transtornos mentais, podem ser administrados em sua dosagem habitual. Os efeitos iniciais costumam ser vistos após 4 a 6 semanas de tratamento, apesar de 8 a 16 semanas normalmente serem necessárias para se obter o máximo benefício terapêutica. A abordagem-padrão é iniciar o tratamento com um ISRS ou clomipramina (inibe recaptação de norepinefrina) e depois passar a outras estratégias farmacológicas se as drogas específicas serotonérgicas não forem efetivas. Doses mais altas foram frequentemente necessárias para um efeito benéfico, como 80 mg de fluoxetina por dia. Se o tratamento com clomipramina ou com um ISRS não obtiver sucesso, muitos terapeutas aumentam a primeira droga com a adição de valproato, lítio ou carbamazepina. Terapia comportamental é tão efetiva quanto as farmacoterapias no TOC, os efeitos benéficos são mais duradouroscom a terapia comportamental. TRANSTORNO DE ESTRESSE PÓS-TRAUMÁTICO O transtorno de estresse pós-traumático (TEPT) e o transtorno de estresse agudo são marcados por aumento do estresse e da ansiedade após exposição a um evento traumático ou estressante. Esses eventos podem incluir ser testemunha ou estar envolvido em um acidente ou crime violento, combate militar ou agressão, ser sequestrado, estar envolvido em um desastre natural, ser diagnosticado com uma doença com risco de morte ou vivenciar abuso físico ou sexual sistemáticos. A pessoa reage à experiência com medo e impotência, revive persistentemente o acontecido e tenta evitar lembrar-se dele. O evento pode ser revivido em sonhos e em pensamentos ao quando desperto (flashbacks). As pessoas revivenciam o evento traumático em seus sonhos e em seus pensamentos diários; são persistentes em evitar qualquer coisa que o traga à mente e experimentam um entorpecimento da responsividade junto com um estado de hipervigilância. Outros sintomas são depressão, ansiedade e dificuldades cognitivas, como falta de concentração. @resumosdamed_ 4 ETIOLOGIA Estressor é o fator causativo principal no desenvolvimento de TEPT. No entanto, nem todos experimentam o transtorno após um evento traumático. O estressor isoladamente não é suficiente para causar o transtorno. A resposta ao evento traumático precisa envolver medo intenso ou terror. Os clínicos também devem considerar fatores biológicos e psicossociais preexistentes e eventos que aconteceram antes e depois do trauma. O modelo psicodinâmico do TEPT levanta a hipótese de que o trauma reativou um conflito psicológico previamente adormecido, mas não resolvido. A revivência do trauma de infância resulta em regressão e no uso dos mecanismos de defesa de repressão, negação, formação reativa e anulação. O modelo cognitivo do TEPT postula que as pessoas afetadas não conseguem processar ou racionalizar o trauma que precipitou o transtorno. Elas continuam a experimentar o estresse e tentam evitar experimentá-lo por meio de técnicas de evitação. Acredita-se que a tentativa do cérebro de processar a quantidade massiva de informação provocada pelo trauma produza esses períodos alternados. Duas fases em seu desenvolvimento. Primeiro, o trauma (o estímulo não condicionado) que produz uma resposta de medo é associado. Segundo, por intermédio da aprendizagem instrumental, estímulos condicionados despertam a resposta de medo independente do estímulo não condicionado original, e as pessoas desenvolvem um padrão de evitação. Sistemas noradrenérgico e opioide endógeno, assim como o eixo HHS, são hiperativos. Atividade aumentada e responsividade do sistema nervoso autônomo, elevadas do ritmo cardíaco e pressão arterial e pela arquitetura anormal do sono. SISTEMA NORADRENÉRGICO. TEPT exibem nervosismo, aumento na pressão arterial e no ritmo cardíaco, palpitações, sudorese, rubor e tremores – sintomas associados a drogas adrenérgicas. Além disso, receptores plasmáticos adrenérgicos α2 e de linfócitos β são regulados para baixo no TEPT, talvez em resposta a concentrações de catecolaminas cronicamente elevadas. SISTEMA OPIOIDE. A anormalidade no sistema opioide é sugerida por baixas concentrações plasmáticas de β- endorfina no TEPT. Veteranos de combate com TEPT demonstram uma resposta analgésica reversível da naloxona a estímulos relacionados ao combate, levantando a possibilidade de hiper-regulação do sistema opioide semelhante à do eixo HHS. FATOR LIBERADOR DE CORTICOTROFINA E O EIXO HHS. Baixas concentrações plasmáticas e urinárias de cortisol livre no TEPT. Mais receptores glicocorticoides são encontrados nos linfócitos, e o desafio com fator liberador de corticotrofina (CRF) produz uma resposta brusca da corticotrofina (ACTH). Além disso, a supressão do cortisol pelo desafio com dexametasona em baixa dose é intensificada no TEPT. Isso indica hiper- regulação do eixo HHS no TEPT. Alguns estudos também revelaram hipersupressão do cortisol. TEPT tem volume médio mais baixo na região hipocampal do cérebro. E alterações estruturais na amígdala, uma área associada ao medo. DIAGNÓSTICO Os sintomas de intrusão, evitação, alternâncias de humor e cognição e hiperexcitação devem durar mais de um mês. O diagnóstico do DSM-5 de TEPT permite ao médico especificar se os sintomas ocorrem em crianças em idade pré-escolar ou se ocorrem com sintomas dissociativos (despersonalização/desrealização). Para pacientes cujos sintomas estiveram presentes por menos de um mês, o diagnóstico apropriado pode ser transtorno de estresse agudo. @resumosdamed_ 5 QUADRO CLÍNICO Indivíduos com TEPT apresentam sintomas em três domínios: • Sintomas intrusivos: indivíduo age e sente como se o trauma estivesse ocorrendo novamente, representam um sintoma clássico de intrusão. Um indivíduo deve exibir pelo menos um sintoma intrusivo para satisfazer os critérios para TEPT. • Sintomas de esquiva esforços para evitar pensamentos ou atividades relacionadas ao trauma, anedonia, capacidade reduzida de lembrar- se de acontecimentos relacionados ao trauma, afeto embotado, sentimentos de distanciamento e desrealização e uma sensação de futuro abreviado. • Sintomas de excitação aumentada incluem insônia, irritabilidade, hipervigilância e sobressalto exagerado. DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL Considerações orgânicas que podem causar e exacerbar os sintomas são epilepsia, transtornos associados ao uso de álcool e outros relacionados ao uso de substância. Intoxicação aguda ou abstinência de algumas substâncias. Os sintomas de TEPT podem ser difíceis de distinguir daqueles dos transtornos de pânico e de ansiedade generalizada porque todas as três síndromes estão associadas a ansiedade proeminente e excitação autonômica. O TEPT também está associado a revivência e evitação de um trauma, características que em geral não estão presentes nos transtornos de pânico ou de ansiedade generalizada. Depressão maior também é um concomitante frequente de TEPT. O transtorno da personalidade borderline pode ser difícil de distinguir do TEPT. Os dois podem coexistir ou até mesmo ser causalmente relacionados. Indivíduos com transtornos dissociativos não costumam ter o grau de comportamento de evitação, hiperexcitação autonômica ou a história de trauma que os pacientes com TEPT reportam. Se não forem tratados, cerca de 30% dos pacientes se recuperam completamente, 40% continuam a ter sintomas leves, 20% continuam a tê- los moderados, e 10% permanecem inalterados ou pioram. Após um ano, cerca de 50% dos pacientes irão se recuperar. TRATAMENTO Inibidores seletivos da recaptação de serotonina (ISRSs), como sertralina e paroxetina, são considerados tratamentos de primeira linha para TEPT. Os ISRSs reduzem os grupos de sintomas de TEPT e são eficazes na melhora de sintomas peculiares ao transtorno, não somente daqueles semelhantes aos de depressão ou outros transtornos de ansiedade. Os pacientes que respondem bem devem provavelmente continuar a farmacoterapia por pelo menos um ano antes que seja tentada a retirada da droga. A psicoterapia psicodinâmica pode ser útil no tratamento de muitos indivíduos com TEPT. Em alguns casos, a reconstrução dos eventos traumáticos com a associada ab-reação e catarse pode ser terapêutica, mas a psicoterapia deve ser individualizada, porque reviver o trauma oprime completamente algumas pessoas. EXAME DO ESTADO MENTAL APARÊNCIA E COMPORTAMENTO Ele parece ter a idade declarada, ser mais jovem ou mais velho? Ela está de acordo com o estilo de vestir, aspectos físicos ou estilo de interação do paciente? A arrumação e a higiene também fazem parte da aparência geral e podem ser indícios do nível de funcionamento do paciente. O paciente pode ser descrito como cooperativo, agitado, desinibido, desinteressado, e assim por diante. @resumosdamed_ 6 ATIVIDADE MOTORA. Pode ser descrita como normal, lentificada(bradicinesia) ou agitada (hipercinesia). Isso pode dar indícios para diagnósticos (p. ex., depressão vs mania), bem como para problemas neurológicos ou clínicos confundidores. Deve ser observada a presença ou ausência de tiques, que podem ser nervosismo, tremor, aparente inquietação, estalar a boca e protusões da língua. Estes podem ser indícios de reações adversas ou efeitos colaterais de medicamentos, como discinesia tardia, acatisia ou parkinsonismo decorrente de medicações antipsicóticas. FALA. Os elementos considerados incluem fluência, quantidade, ritmo, tom e volume. A avaliação da quantidade de fala diz respeito a se ela é normal, aumentada ou diminuída. Menos quantidade de fala pode sugerir diversas coisas, variando de ansiedade ou desinteresse a bloqueio de pensamento ou psicose. Mais quantidade de fala com frequência (mas nem sempre) é sugestivo de mania ou hipomania. Um elemento relacionado é a velocidade ou o ritmo da fala. Os termos que descrevem esses elementos incluem irritável, ansioso, disfórico, alto, silencioso, tímido, zangado ou infantil. HUMOR. “expressão emocional”. Termos como “triste”, “irritado”, “culpado” ou “ansioso” são descrições comuns do humor. AFETO. Afeto difere de humor, visto que é a expressão do humor ou o que o humor do paciente parece ser para o médico. O afeto é descrito, muitas vezes, com os seguintes elementos: qualidade, quantidade, variação, adequação e congruência. Os termos usados para descrever a qualidade (ou o tom) do afeto de um paciente incluem disfórico, feliz, eutímico, irritável, irritado, agitado, choroso, soluçante e embotado CONTEÚDO DO PENSAMENTO. É essencialmente os pensamentos que estão ocorrendo ao paciente, deduzidos pelo que ele expressa de maneira espontânea, bem como pelas respostas a perguntas específicas visando evocar determinada patologia. Podem focar em material considerado obsessivo ou compulsivo. Pensamentos obsessivos são aqueles indesejados e repetitivos que invadem a consciência. São, em geral, alheios ao ego, e o paciente resiste a eles. As compulsões são comportamentos repetitivos e ritualizados que os pacientes se sentem compelidos a realizar para evitar um aumento na ansiedade ou algum desfecho temido. Delírios são ideias fixas, falsas, que não são compartilhadas por outras pessoas e podem ser divididos em bizarros e não bizarros (delírios não bizarros referem-se ao conteúdo de pensamento que não é verdadeiro, mas não está fora da esfera da possibilidade). As perguntas que podem ter utilidade incluem: “Você sempre se sente como se alguém o estive seguindo ou fosse pegá-lo?” e “Você sente que a TV ou o rádio têm uma mensagem especial para você?”. Uma resposta afirmativa à última pergunta indica uma “ideia de referência”. As questões que evocam paranoia incluem perguntar sobre a preocupação do paciente com câmeras, microfones ou o governo. Apenas perguntar se alguém é suicida ou homicida não é adequado. Deve-se obter uma noção de ideação, intenção, planejamento e preparação. PROCESSO DE PENSAMENTO. Difere de conteúdo do pensamento porque não descreve o que a pessoa está pensando, mas, em vez disso, como os pensamentos são formulados, organizados e expressos. Um paciente pode ter processo de pensamento normal com conteúdo do pensamento significativamente delirante. @resumosdamed_ 7 O processo de pensamento normal costuma ser descrito como linear, organizado e orientado ao objetivo. Com a fuga de ideias, o paciente passa com rapidez de um pensamento para outro, em um ritmo que é difícil para o ouvinte acompanhar, mas todas as ideias estão conectadas de forma lógica. Via de regra, o examinador pode acompanhar uma linha de pensamento circunstancial, vendo conexões entre as afirmações sequenciais. O processo de pensamento tangencial pode, a princípio, parecer semelhante, mas o paciente nunca retorna ao ponto ou à questão original. Pensamentos ou associações frouxos diferem dos pensamentos circunstanciais e tangenciais, uma vez que, com os pensamentos frouxos, é difícil ou impossível ver conexões entre o conteúdo sequencial. ALTERAÇÕES NA SENSOPERCEPÇÃO. Incluem alucinações, ilusões, despersonalização e desrealização. Alucinações auditivas são aquelas encontradas com mais frequência no contexto psiquiátrico. Outras alucinações podem incluir visuais, táteis, olfativas e gustativas (paladar). Alucinações visuais foram relatadas como a forma mais comum de alucinação na esquizofrenia. O entrevistador deve fazer uma distinção entre uma alucinação verdadeira e uma percepção errônea de estímulos (ilusão). As alucinações hipnagógicas (na interface da vigília e do sono) podem ser fenômenos normais. Às vezes, os pacientes sem psicose podem ouvir seu nome sendo chamado ou ver clarões ou sombras pelos cantos dos olhos. Ao descrever as alucinações, o entrevistador deve incluir o que o paciente está vivenciando, quando ela ocorre, com que frequência e se é ou não desconfortável (egodistônica). No caso de alucinações auditivas, pode ser útil saber se o paciente ouve vozes, comandos ou conversas e se reconhece a voz. Despersonalização é uma sensação de ser estranho a si mesmo ou de que alguma coisa mudou. Desrealização é uma sensação de que o ambiente mudou de alguma forma estranha que é difícil de descrever. COGNIÇÃO. Os elementos do funcionamento cognitivo que devem ser avaliados são o estado de alerta, orientação, concentração, memória (tanto de curto como de longo prazo), cálculo, cabedal de conhecimento, raciocínio abstrato, insight e julgamento. RACIOCÍNIO ABSTRATO. É a capacidade de compreender e abstrair a partir de conceitos gerais e exemplos específicos. Pedir ao paciente para identificar semelhanças entre objetos ou conceitos semelhantes (maçã e pera, ônibus e avião ou um poema e uma pintura), bem como interpretar provérbios, pode ser útil para avaliar a capacidade da pessoa de abstrair. INSIGHT. Refere-se ao entendimento do paciente de como está se sentindo, se apresentando e funcionando, bem como das possíveis causas de sua apresentação psiquiátrica. Ele pode não ter entendimento, ter entendimento parcial ou entendimento total. A quantidade de entendimento não é um indicador de gravidade da doença. Uma pessoa com psicose pode ter bom entendimento, enquanto uma pessoa com um transtorno de ansiedade leve pode ter pouco ou nenhum entendimento. JULGAMENTO. Refere-se à capacidade da pessoa de tomar boas decisões e agir de acordo com elas. O nível de julgamento pode ou não estar correlacionado com o nível de entendimento. Um paciente pode não ter consciência de sua doença, mas ter bom julgamento. Julgamento comprometido de forma significativa pode ser motivo para considerar um nível de cuidado mais elevado ou um contexto mais restritivo, como a hospitalização. @resumosdamed_ 8 REFERÊNCIA BIBLIOGRAFICA: 1. Compêndio de psiquiatria: ciência do comportamento e psiquiatria clínica. 11a.ed. Porto Alegre: Artmed, 2017. Capítulos 10 (pg 418-427), 11 (pg 437-446) e 5 (pg 201-205).
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