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1 2ª Prova de Cirurgia I Biopsia - Biópsia (bios, vida; opsis, ver) é a remoção de tecidos, células ou fluidos do organismo vivo, para exame, estudo e, especialmente, para propósitos diagnósticos. - Para executar uma biópsia, o primeiro passo é ter uma hipótese diagnóstica, porque através dela é que será escolhido a forma da biópsia e o meio em que será colocado o material. - A biópsia depende do paciente: história patológica pregressa, comorbidades, indicações, etc. - Classificação: - Quanto a técnica cirúrgica: - Incisional: retirada de apenas um fragmento de tecido. Está indicada em lesões extensas, em que a retirada de toda a lesão não é possível tecnicamente ou não é desejável nem necessária. Nunca é curativa. - Excisional: retirada de toda a lesão. Está indicada em lesões bem delimitadas com dimensões favoráveis ao ato cirúrgico – lesões pequenas (a nível ambulatorial, < 5cm). Nas lesões benignas é sempre curativa, podendo ser também nas lesões malignas, quando realizadas com margem de segurança, na ausência de metástases. - PAAF (punção aspirativa por agulha fina): consiste na aspiração por meio de seringa e agulha do tecido a ser examinado. Nesta aspiração obtemos apenas células. Têm indicações os nódulos tireoidianos e nódulos mamários (estruturas moles), situações em que apenas a citologia permite, na maioria das vezes, um diagnóstico seguro. Geralmente não se usa anestesia. - Punção com agulhas especiais: agulhas dotadas de dispositivos especiais que permitem a retirada de fragmentos de tecido. Utilizada para tecidos com características mais sólidas: agulha de Menghini para biopsia hepática e o punch para biopsia de pele. - Quanto à margem de segurança: - Com margem: lesão sabidamente ou supostamente malignas. A margem deve ser, em média, 2x maior em comprimento e largura que a lesão, sendo que na pele, para permitir a sutura retilínea, a incisão deverá ser elíptica, de tal forma que o maior eixo da elipse será sempre duas vezes maior que o menor eixo. Pode não apresentar bons resultados estéticos. - Sem margem: lesões com características clínicas bem definidas, com remota possibilidade de malignidade. A margem deve ser suficiente apenas para uma boa sutura. - Quanto ao material obtido: - Tecidos: Ex: biópsia do colo uterino - Células: Ex: esfregaço vaginal - Quanto a estrutura anatômica removida: - Tegumento cutâneo - Linfonodos: pode ser incisional ou excisional. - Sistema digestório (polipectomia), sistema respiratório (nódulo pulmonar metastático), sistema circulatório, etc. - Indicações: - Estabelecer o diagnóstico - Confirmar o diagnóstico - Excluir outras doenças - Definir o grau de extensão - Verificar margem de segurança - Determinar o tratamento de eleição - Controlar a eficácia do tratamento - Avaliar funcionalmente alguns tecidos - Avaliar transplantes - Efetuar o prognóstico - Documentar um procedimento cirúrgico "Toda estrutura sólida ou líquida removida durante um procedimento cirúrgico deve ser submetida a pelo menos um exame complementar" - Contra indicações: - Risco cirúrgico elevado - Via de acesso comprometida - Suspeita clínica de lesões desfavoráveis (paciente com DPOC, com imagem pulmonar de 10 cm – não faz biópsia) - Pré-operatório: - A biópsia é um pequeno procedimento cirúrgico, mais conhecido por nível 1. Toda via, pode também representar um procedimento nível 2 ou 3, como a biópsia de um linfonodo mediastinal por mediastinoscopia ou a de parênquima pulmonar através da toracotomia aberta, respectivamente. - Em relação à anestesia, alguns tipos de biópsia, como a PAAF de tireoide, não necessitam de nenhuma anestesia; outras, que representam a maioria delas, como as de pele, são realizadas sobre anestesia local; outros exigem anestesia geral com intubação orotraqueal, como a biopsia de parênquima pulmonar por toracotomia. - Nesse contexto, o pré-operatório vai depender da técnica utilizada na biópsia e da evolução clínica do paciente. - Princípios gerais da biópsia: 1º: Indicações criteriosas baseadas no exame clínico completo e exames complementares não invasivos, quando indicados. 2 2º: Avaliação pré-operatória rigorosa do risco cirúrgico (uso de AAS – só suspende em cirurgias neurológicas, prostática e oftalmológica – e outros medicamentos; presença de comorbidades; alergias) 3º: Realização em centros cirúrgicos – seria o ideal, mas não ocorre. 4º: Acompanhamento por anestesia, quando necessário. 5º: Escolha criteriosa da área a ser biopsiada (geralmente se escolhe a área com mais característica de atividade). 6º: Em lesões verrucosas ou pigmentares na pele, bem como as nodulares em regiões diversas, realizar sempre a biopsia excisional, respeitando as margens de segurança. Ex: tumores de pele, nódulos metastáticos, pólipos intestinais, etc. 7º: Nas lesões extensas retirar sempre uma parte do tecido normal vizinho. 8º: Retirar amostra significativa de tecido suspeito. 9º: Manipular adequadamente o material, colocando em fixador adequado, contido em frasco de dimensões confortáveis – geralmente fixa no formol. 10º: Correto preenchimento do formulário a ser anexado ao frasco com o material. Técnica cirúrgica - Ambiente cirúrgico seguro e confortável - Preparo do campo segundo as normas de antissepsia - Anestesia compatível com a magnitude do procedimento - Biópsia excisional de lesão de pele: - Programar previamente a incisão obedecendo às linhas de tensão/fenda da pele, afim de evitar cicatrizes antiestéticas. - A grande maioria das biopsias de pele é realizada sob anestesia local. Nesta eventualidade fazer o bloqueio distante da lesão para evitar deformação das estruturas. É clássica a infiltração em losango. - Proceder a incisão elíptica de tal forma que o maior eixo tenha duas vezes o comprimento do menor, o que permitirá uma sutura reta. - Em profundidade é importante ultrapassar os limites da lesão, deixando boa margem de tecido celular subcutâneo e, nas lesões com suspeita de malignidade, chegar até o plano aponeurótico. - Para não traumatizar o tecido deve-se proceder à exérese da lesão com tesoura curva ou bisturi. - Hemostasia rigorosa para evitar hemorragia e hematoma. - Proceder à síntese e a realização do curativo. - Enviar para análise anatomopatológica. - Biopsia incisional de pele: - É realizada exclusivamente para o diagnóstico. - Está indicada nas lesões extensas e nas lesões difusas, como infiltrados suspeitos de hanseníase, úlceras crônicas de membros inferiores e grandes tumores de pele. - Não se deve fazer biópsia em lesões bolhosas rotas, áreas com infecção incipiente ou involuídas. - A técnica é semelhante à da biópsia excisional, incisão elíptica de menor dimensão, interessando em superfície e profundidade a área doente e a área sadia. - Biópsia em barbear (shaving): - Retirada de lesões elevadas na pele, sem suspeita de malignidade. - É uma variedade de biopsia excisional, sem margens de segurança tanto em superfície como em profundidade. - A técnica cirúrgica consiste na ressecção da lesão com movimentos de vai e vem de uma lâmina de bisturi. - Ex: retirada de calo, retirada de fibroma mole. - Biópsia muscular: 3 - Os músculos são friáveis e se rompem com facilidade, motivo pelo qual não se deve manipular diretamente o segmento a ser enviado para o laboratório. - Resseca-se uma porção do músculo com aproximadamente 2 cm de comprimento, 1 cm de largura e 1 cm de profundidade. - Para evitar hemorragia, pode-se proceder a biópsia após ligadura da massa muscular por transfixação com fio absorvível, um centímetro aproximadamente e distalmente aos planos e ressecção. - Biópsias de Linfonodos: - Indicada para diagnóstico de doenças primárias benignas ou malignas do sistema linfático,bem como metástases infecções disseminadas. - As biópsias de linfonodos são habitualmente realizadas com finalidade diagnóstica. - Quando pequenos, pode-se fazer excisional. OBS. Lembrar sempre de ligar o pedículo linfático para não haver linfedema. OBS. Cuidado com Linfonodos profundos – estão ligados à estruturas importantes. - Pós-operatório: - Cuidados com a ferida - Analgesia e uso de AINES quando necessário. - Orientar para retirada de pontos. - Orientar retorno em pronto atendimento caso intercorrências. - Complicações: - As principais complicações das biopsias são: troca de lado, hemorragia, infecções, má cicatrização, disseminação do processo patológico, lesão de órgãos, reações anestésicas adversas, retirada insuficiente de material, troca/perda do material, falha de fixação, artefatos de fixação ou inclusão e óbito. Tumores malignos de pele e tecido celular subcutâneo - Tumores de pele: - Tumores mais frequentes da economia humana – 25% de todos os tumores. - Melhor prognóstico com baixa mortalidade. - Tipos de tumores: - Do ponto de vista cirúrgico, os tumores malignos da pele podem ser classificados em quatro grandes grupos: carcinomas, melanomas, sarcomas e linfomas. - Carcinomas: neoplasias malignas derivadas de células epiteliais da derme e dos anexos cutâneos, constituindo tipo de câncer mais comum na pele. - Incidência: - Os carcinomas representam 93,2% dos tumores malignos; destes, 68,1% são basocelulares (CBC) e 21,1% espinocelulares (CEC). - São mais comuns após os 30 anos, com pico em torno dos 60. Quando os tumores surgem antes dos 30, geralmente estão relacionados às genodermatoses ou a fatores externos. - Etiologia: - Exposição solar: essa exposição na infância e juventude inicia um processo de carcinogênese que se manifestará após os 40 a 60 anos. 85% dos tumores de pele estão em áreas expostas. - Cor da pele: O CBC é 19x mais frequente em brancos do que em negros. Nos negros, o CEC é o tumor maligno de pele mais comum e atinge normalmente áreas expostas ao sol. Nesta população, a proporção é de 10 a 20 CEC para cada CBC. - Algumas doenças genéticas – xeroderma pigmentoso, albinismo, síndrome nevoide basocelular. - Cicatrizes e ulcerações: as lesões resultantes de cicatrização viciosa das queimaduras frequentemente evoluem para um CEC. Essas lesões são conhecidas como úlceras de Marjolin. A presença de contratura, ulcerações e irritação crônica é fundamental na gênese dessa transformação maligna. A instabilidade da cicatriz é que favorece a evolução maligna da lesão. - Imunossupressão crônica: em pacientes transplantados, a incidência de carcinoma, especialmente CEC, é maior do que na população normal. Pode-se estabelecer uma relação entre o tempo de transplante e o risco de desenvolver um CEC. Esta relação é muito mais evidente após 10 anos. Nessas circunstâncias, o prognóstico dos tumores é muito pior. Carcinoma basocelular (CBC) - Neoplasma maligno epidérmico cujas células mimetizam as células normais da camada basal da derme. 4 - É o tipo mais comum – 75% de todos os tumores de pele. - Em geral, tem melhor prognostico. - Classificação CBC: - Leva em conta o aspecto clínico da lesão – cinco formas básicas: nodular, superficial, infiltrativo (mórfea), pigmentado e metatípico. - Não se correlaciona com o prognóstico, mas com o potencial de recidiva e invasão de tecidos adjacentes. - Nodular: corresponde a grade maioria deles (50%); inicia-se como um nódulo ou uma pápula perolada, eritematosa, com finas telangiectasias na superfície, apresentando crescimento muito lento. Tipicamente, apresentam ulcerações superficiais e e sangramentos, sinais estes que podem regredir espontaneamente. Normalmente, está em conjunto com lesões actínicas (áreas que estão expostas da pele – isso não quer dizer que ele vem da ceratose actínica, mas sim que está junto com ela). - Superficial: apresenta-se como lesões eritematosas, finamente enrugadas, com apagamento do relevo normal da epiderme e ulcerações superficiais. O centro da lesão pode parecer fibrótico, podendo lembrar, clinicamente, uma dermatite crônica ou subaguda. As bordas do tumor correspondem aos limites do eritema. Este representa a reação do organismo ao tumor. Quando um CBC superficial atinge 1,5 a 2,0 cm de diâmetro, ele apresenta, via de regra, um componente infiltrativo. É frequente em áreas expostas ao sol na face, pescoço e couro cabeludo; - Esclerodermiforme: CBC esclerosantes ou dermoplásticos; representa 5 a 10%; forma agressiva e infiltrante; aspecto de cicatriz, fibrose amarelada ou branca, bordas pouco definidas (problema – ressecção com margem); recidivas mais frequentes. - Pigmentado: lesão pigmentada ulcerada; diagnóstico diferencial com melanoma e ceratose seborreica; lesão mais rugosa com algumas ulcerações superficiais, na maioria das vezes; - Metatípico: tem características clínicas e histológicas de ambos os CBC e CEC; forma mais agressiva, sendo considerado um tumor misto; pode ser de crescimento rápido e disseminação neural (ou linfonodal – igual ao CEC); - Diagnóstico diferencial do nodular: nevos intradérmicos, molusco contagioso, CEC em lesões inicias, ceratoacantoma; - Diagnóstico diferencial do esclerodermiforme – difícil diagnóstico clínico em muitos casos; lembram cicatriz e pele com esclerodermia; - Diagnóstico diferencial do pigmentado – melanoma maligno, nevos melanocíticos; - Tratamento: - Lesões pequenas – ressecção por meio de biópsia excisional. - Lesões maiores – biópsia prévia para certificação do diagnóstico e ressecção completa da lesão com margem de segurança – 0,4 a 1 cm conforme a forma clínica e multicentricidade. - Radioterapia – casos isolados, sem condição de ressecção cirúrgica. - Laser. - Terapia fotodinâmica. - Quimioterapia local e sistêmica. - Prognóstico: - Tumores com alto potencial de cura Carcinoma espinocelular (CEC) - Correspondem a 25% dos tumores de pele. - As células tentam mimetizar as células suprabasais da epiderme, ou seja, as células espinhosas. - Apresenta-se de duas formas: in situ e invasiva. - Forma in situ: apresenta-se clinicamente como uma placa eritematosa, as vezes hiperceratótica, que se confunde com certas dermatoses inflamatórias como o lúpus eritematoso, psoríase, etc. - Forma invasiva: surge como placa ou nódulo eritematoso, coberto de hiperceratose. Frequentemente são observadas ulcerações superficiais com áreas de infecção secundária. Estão quase sempre associados aos CEC in situ e, mais frequentemente, à ceratose actínica, ou seja, a hiperplasia epidérmica atípica. Ambas as lesões são precursoras de CEC invasivo. - Os limites são muitas vezes irregulares; pode ocorrer infiltração de tecidos adjacentes; partes distais podem apresentar necrose; e distorcem completamente a arquitetura da região. 5 - Quanto ao grau de malignidade, o CEC situa-se entre o CBC e o melanoma, isto é, não possui nem agressividade dos melanomas nem o caráter lento e crônico do CBC. - A possibilidade de metástases precoces (5 a 10% dos casos) deve ser sempre lembrada, sendo imperioso um cuidadoso exame das cadeias ganglionares regionais, em todos os casos. - Raramente aparece em pele sadia. Geralmente, se desenvolve sobre uma lesão pré-cancerosa como a ceratose actínica, radiodermites, leucoplasia, queilíte, cicatriz pós-queimadura, etc. - Pode surgir em qualquer região do corpo, porém é muito mais frequente na cabeça e pescoço. No segmento cefálico, a sede mais comum é o lábio inferior. - Comum em áreas expostas ao sol. - Um tumor se apresenta avançado: - Quando não houve acesso ao serviço de saúde em tempo hábil. Isso é responsabilidade tanto do paciente quanto do médico. - A depender das condições clínicas dopaciente. - Se houver velocidade de crescimento maior que o habitual (ex: transplantados, condições de imunossupressão (linfoma, HIV), xeroderma pimentoso). - Quando não houve tratamento adequado na primeira abordagem. Infelizmente representa a maior parte dos casos - Lembrar que a chance de cura se relaciona diretamente com a primeira abordagem do paciente. - Recomendações de tratamento para tumores cutâneos: - Baixo risco X alto risco - Recomendações da NCCN para tratamento: - Tumores de baixo risco: curetagem e eletrocoagulação; ressecção com exame de margens no pós-operatório; radioterapia para pacientes clinicamente limitados ou com mais de 60 anos. - Em caso de margem positiva: cirurgia de Mohs (ressecção sem margem – a ressecção com margem representaria uma perda de funcionalidade ou uma grande reconstrução); cirurgia com controle de margens no per-operatório, incluindo profundidade. - Em caso de tumor de alto risco: cirurgia de Mohs, cirurgia com controle de margem. OBS. Zona H na face – área de risco, independentemente do tipo de tumor. - Para tumores avançados – cirurgia, radioterapia, associação terapêutica. - Princípios da ressecção cirúrgica: ressecção de toda a área comprometida, margem de segurança adequada, tratamento da cadeia linfática de drenagem sempre que houver linfonodo comprometido; sempre pensar primeiro na cura, depois na funcionalidade e depois na estética; reconstrução no mesmo tempo, sem inviabilizar o seguimento. - Ressecção de toda a área comprometida. Se o objetivo é a cura, isso pode significar cirurgias maiores com sequelas estéticas e funcionais. - Margem de segurança adequada - Alterações histológicas são posteriores às alterações biológicas (genéticas, mutações). - Margem adequada em tecido "normal". - Margem preconizada: - Margem para tumores com menos de 2 cm, de baixo risco, considerará 4 mm e 6 mm para CBC e CCE respectivamente. - Tratamento da cadeia linfática: - Considerar os níveis de envolvimento dos linfonodos de primeira drenagem. - Linfadenomegalia palpável ou subclínica vistas em exames de imagem. - Lembrar da parótida como órgão de drenagem dos tumores da face. - Importante: - Identificar as lesões corretamente - Tratar com base em biópsia - Cuidado ao se retirar tumor maligno de baixo grau - Diante de uma lesão inicial nossa responsabilidade é muito maior 6 Princípios de suturas de tendões, nervos e vasos Lesões dos tendões - As lesões dos tendões flexores são as mais frequentes (geralmente por ferimentos abertos). Os tendões flexores são envoltos por bainha sinovial e tem irrigação deficiente = reparo cirúrgico mais difícil. - Lesões dos tendões extensores: as suturas são simples, o difícil é evitar aderência e manutenção da função. - Zonas de classificação das lesões dos tendões flexores – mão: - De acordo com local/zona que ocorre lesão, há mudança no prognóstico e tem maior risco de aderência. - Na zona II as lesões são mais complexas, devido à sua particularidade anatômica: presença das polias (prendem o tendão). - Com relação à Zona IV, o problema é que existem muitos tendões concentrados e presença do nervo mediano. - Diagnóstico das lesões em tendão: - Necessário fazer alguns testes de função: - Fletir somente a falange distal – avalia o flexor profundo dos dedos. - Fletir o dedo inteiro – avalia o flexor superficial dos dedos. OBS. Se tem lesão, sempre deve-se primeiro fazer a limpeza da ferida, suturá-la e fazer o encaminhamento do paciente para um serviço especializado. Nunca deixar a ferida aberta – maior risco de infecção. - Tratamento: - Bloco cirúrgico - Rigor da assepsia – evitar ao máximo a infecção – causa fibrose e, com isso, perda da função. - Uso de torniquete – diminuir o sangramento para ser possível fazer a sutura do tendão. - Para sutura de tendão, usa-se um fio delicado: - Em pacientes adultos: nylon 4.0 - Em crianças: nylon 6.0 - Suturas em tendões – tenorrafia: - Técnica de Kessler – usada em suturas de tendão na mão. Nessa sutura, o nó tende a ficar englobado dentro do tendão – isso é interessante, pois é menos uma estrutura para fazer volume nas bordas – volume demais pode comprometer a função – não passa dentro das polias. - Kessler modificado – com uma ou duas suturas. - Bunnell – é uma sutura mais forte; comum a sutura do tendão de Aquiles OBS. Depois que regularizou as bordas – faz-se um chuleio continuo nas bordas da ferida. Objetivo: tendão aproximado, sem grandes volumes no bordo do ferimento. Não usar chuleio ancorado devido ao risco maior de isquemia. 7 Lesões nervosas - Atenção: lesões de tendões muitas vezes vêm acompanhadas de lesões de nervos. - Elas podem ser abertas (ferimento corto-contuso que atingiu, dentre outras estruturas, o nervo) ou fechadas (normalmente são por traumas diretos – pancadas que podem causar esmagamento, garroteamento ou estrangulamento. Mais comum em nervo radial.) - Prognóstico: - Dependem do nível de lesão - Lesões próximais e distais: quanto mais distal, melhor prognóstico – tem tempo menor de recuperação, menos ramos atingidos, maior recuperação da sensibilidade, menor degeneração do nervo, menos estruturas para recuperar e distância menor. - Tipos de lesão: cortante, esmagamento ou tração. - Função: nervos com função única (apenas motor ou sensitivo) ou nervos com função mista (sensitivo e motor). - Quando reparar: - Reparação primária (feita no momento do trauma ou diagnóstico) ou secundária (feita em momento posterior). - Quanto mais precoce, melhor – a primária é feita dentro de 6 ou 8 horas. Só podem ser feitas se a ferida está limpa. Se contaminada, será necessário retardar o reparo. - Após 12 meses ocorre alterações irreversíveis na célula muscular. No entanto, poderá haver retorno da sensibilidade – o que justificaria o reparo do nervo mesmo após esse tempo. - Tipos de lesões de nervos – classificação de Seddon 1943: - Neuropraxia: paralisia transitória do nervo por contusão, com bom prognóstico; a lesão não tem secção. Com poucas semanas, ocorre retorno da função. - Axoniotmeses: comprometimento parcial do nervo, lesão de alguns axônios. - Neurotmeses: secção completa do nervo. - Diagnóstico clínico: - Avaliação da lesão: - Avaliação da sensibilidade e motricidade. - Se não é possível visualizar o tipo de lesão – faz-se eletroneuromiografia OBS. Fratura de úmero – incidência grande de lesão de nervo radial (o nervo dá uma volta em cima do osso). - Classificação de Sunderland – 1951 – anatômica: - Sunderland categorizou as lesões de nervos em cinco graus. Os graus I e II correspondem aos graus neurapráxico e axonotmético de Seddon. Sunderland dividiu ainda a categoria de lesões de neurotmeses de Seddon em graus III, IV e V, tendo por base o grau de dano das estruturas de sustentação axonal. - Nas lesões grau III, a continuidade do axônio é rompida por perda dos tubos endoneurais (as bainhas do neurilema), mas o perineuro é preservado. Desta forma, quando os axônios se regeneram, podem entrar na bainha nervosa incorreta, resultando numa regenerção anormal. Acompanhando a perda da bainha nervosa, há a cicatriz intraneural, que obstrui ainda mais o novo crescimento neuronal através do ponto de lesão. Nas lesões grau IV, os fascículos nervosos (axônio, endoneuro, perineuro) são lesados, mas se preserva a continuidade da bainha nervosa. - Diagnóstico clínico: - Avaliação da sensibilidade e motricidade distal a lesão - Testes específicos - Nervo mediano – perda da oponência - Nervo lunar – adução e abdução dos dedos - Nervo radial – incapacidade de estender punho e articulações metacarpo falangeanas – mão caída - Técnica de Neurorrafia: - Feitos em microcirurgia – nylon 10.0- Tipos: sutura epineural, epiperineural e interfascicular. OBS. Em crianças, tem prognóstico muito bom. 8 Lesões vasculares - Suspeita em feridas com grandes sangramentos. - Ausência de pulso distal à lesão. - Diminuição da temperatura. - Alteração da coloração. OBS. Em lesões de vasos, fazer curativos compressivos e não pinçamento (devido a incidência de pinçamento de nervo). - Técnicas de sutura: - Uso de torniquetes - Não se deve utilizar agulhas cortantes. Devem ser utilizadas agulhas cilíndricas. - Fios inabsorvíveis. - Uso de clamps. - Grande problema após a sutura: trombose do vaso Sutura de músculos, fáscias e aponeuroses - As suturas de músculo são muito complicadas, devido à contração. - Fáscia e aponeuroses são mais simples; no entanto, é necessário ter cuidado, pois pode ocorrer a síndrome compartimental. - Usa-se ponto em X ou em U. Não usa-se sutura continuas – pois não há local de drenagem caso haja um sangramento, por exemplo. Lesões epiteliais benignas Lesões de pele - Queratose seborreica: - Também chamada de verruga seborreica ou senil, caracteriza-se pelo aparecimento de lesões verrucosas no tronco, face e membros. - Afeta indivíduos de ambos os sexos a partir da 4ª década de vida. - Não sofre transformação maligna. - É comum história familiar. - As lesões usualmente múltiplas são pápulas circunscritas, ligeiramente elevadas, verrucosas, cuja cor varia do castanho-claro ao escuro, com diâmetro de poucos milímetros a dois centímetros. - A lesão é coberta por escama aderente, córnea e graxenta que, quando retirada, mostra superfície mamelonada ou sulcada. - O aparecimento súbito de forma eruptiva de múltiplas lesões de queratose seborréica constitui o sinal de Leser- Trelat, considerado manifestação paraneoplásica, mas cujo real significado como tal permanece questionado. Em 20% dos casos, o sinal de Leser-Trelat associa-se a acantose nigricante e, nestas condições, o caráter paraneoplásico é mais significativo havendo relação com adenocarcinomas gástricos, carcinomas de mama, adenocarcinomas do cólon e linfomas. O sinal de Leser-Trelat seria conseqüência da secreção de fatores de crescimento epitelial pelo tumor. - As queratoses seborréicas são papilomas benignos que, histologicamente podem apresentar variações. A queratose seborréica clássica apresenta-se como proliferação exofítica de células basalióides uniformes, contendo pseudocistos de queratina (pseudomiliuns) e grande quantidade de melanócitos. - O diagnóstico é clínico mas, em todos os casos em que haja qualquer dúvida quanto à possibilidade de outras lesões pigmentares, como nevos displásicos ou mesmo melanoma maligno, o exame histopatológico é absolutamente indispensável. A dermatoscopia é útil na diferenciação de outras lesões pigmentares através da presença de grande quantidade de pseudocistos córneos facilmente visualizáveis. - O diagnóstico diferencial deve ser feito com a queratose senil ou actínica, cujas lesões são menos elevadas, secas e com escamas não graxentas; ocasionalmente, com o nevo pigmentar que é lesão papulosa, com superfície lisa não escamosa, de cor castanha a preta e mesmo com o melanoma maligno e o epitelioma basocelular pigmentado. - Tratamento: indicado somente para fins estéticos. Nas lesões iniciais, crioterapia com nitrogênio líquido. Nas lesões· mais antigas e verrucosas, indica-se eletivamente curetagem com eletrocoagulação superficial. Radioterapia ou cirurgia com suturas não têm indicações, nem justificativas. - Dermatose papulosa nigra (DPN): - É variante clínica de queratose seborréica, comum em negros, especialmente em mulheres, sendo extremamente frequente a ocorrência de predisposição familiar. - Consiste de pápulas de 2 a 4 milímetros, pretas, ligeiramente elevadas, localizadas na face, particularmente na região malar e fronte, ocorrendo eventualmente no pescoço, face anterior do tronco e dorso. 9 - Surgem em geral na quarta década da vida. - Histopatologia e tratamento semelhantes à queratose seborreica. - Eletrocoagulação para tratamento. - Hiperplasia sebácea senil: - Extremamente frequente a partir da idade madura. - Consiste de pápulas de 2 a 4 mm de tamanho, cor amarelada, umbilicadas, que surgem em indivíduos maduros, com predomínio no sexo masculino. Localizam-se na face, particularmente na fronte, sem qualquer manifestação subjetiva. Origina-se da hiperplasia de glândulas sebáceas. - Diagnóstico clínico: lesão brilha. Necessário estudo histopatológico para afastar CBC. - Tratamento: - Razões estéticas - Eletrocoagulação superficial – mas é necessário atingir a derme. - Aplicação de ácido tricloroacético a 70%. - Crioterapia. - Grânulos de Fordyce: - Quadro assintomático consequente à presença de glândulas sebáceas ectópicas nos lábios, mucosa oral e genital. - É extremamente frequente ocorrendo em cerca de 70% da população geral em ambos os sexos. - Apresentam-se como pápulas ou manchas amareladas de 1 a 2 mm, múltiplas, localizadas especialmente no lábio superior e mucosa bucal. - Histopatologicamente são glândulas sebáceas desprovidas de folículos pilosos. - O diagnóstico é clínico e conforme localização, pode ser feito diagnóstico diferencial com a candidose ou verrugas virais. - Não é necessário tratamento. - Siringoma: - É quadro frequente representado por neoplasia benigna de origem écrina (é na derme) existindo formas localizadas comuns e formas disseminadas raras que podem ter caráter familiar. - Caracteriza-se por pápulas duras, achatadas, de 1 a 3 mm de tamanho, cor amarelo-rósea, quase idêntica à da pele. Localiza-se com mais frequência nas pálpebras inferiores e região periorbitária, particularmente em mulheres adultas. - Siringoma eruptivo disseminado: outra forma clínica que surge no período de pós-puberdade, disseminada, com lesões no pescoço, face anterior do tórax, axilas, face interna dos braços e região umbilical, que às vezes tem caráter familiar. - No diagnóstico diferencial nas pálpebras, devem ser diferenciados os xantelasmas, as lesões de mília e as verrugas planas. - Tratamento: 10 - Estético - Eletrocoagulação - Excisão delicada com tesouras oftalmológicas e com cicatrização por segunda intenção. - Hidrocistoma écrino: - Resultam de dilatações císticas dos dutos écrinos devido a retenção de secreções. Podem aumentar com a elevação de temperatura pelo aumento das secreções écrinas e podem ser únicos ou múltiplos. - São mais comuns em adultos de idade média ou idosos, ocorrendo igualmente em homens e mulheres. - Se apresentam como pequenas lesões de 1 a 5 mm, duras, translúcidas ou opalescentes que surgem na face, especialmente em torno aos olhos e eventualmente no pescoço e tórax. - Tratamento: estético; abertura e drenagem com eletrodessecação da cápsula ou excisão cirúrgica ou laser. - Ceratoacantoma: - Se assemelha, clínica e histologicamente, ao carcinoma espinocelular, mas dele se diferencia pelo crescimento mais rápido e caráter benigno, pois, em geral, regride espontaneamente. - Estuda-se sua provável origem a partir de proliferação do epitélio pilar. - É observado, a rigor, após os 50 anos e afeta ambos os sexos igualmente. - É raro. A sua frequência, em relação ao carcinoma espinocelular, está na proporção de 1: 10 e 1 :40, respectivamente. - É uma tumoração hemisférica, com 1 a 2 cm de diâmetro, configuração vulcânica, cuja cratera central é ocupada por massa córnea. Borda regular, de cor branco-amarelada, rósea ou violácea. Localiza-se de preferência nas áreas descobertas: face, antebraços, dorso das mãos e pescoço. - A lesão é única, raramente múltipla. - Excepcionalmente, ocorre de forma eruptiva. Há formas atípicas verrucóides e gigantes. - Há uma fase de crescimentorápido, que dura de quatro a oito semanas, a que se segue período estacionário e involução espontânea, com duração média de quatro a seis meses. - Nas formas típicas, o crescimento rápido e a massa córnea central são elementos importantes para diferenciação com o carcinoma espinocelular. - O exame histopatológico é indispensável – não fazer margem - Secção transversa que atinja todo o tumor para permitir a análise da arquitetura tissular - Tratamento: - Exérese é o método preferencial – devido à possibilidade de enviar o material para biópsia. - Curetagem e eletrocoagulação, crioterapia, injeção intralesional de 5-fluoracil. - Nevo sebáceo de Jadassohn: - Formação névica com aumento de glândulas sebáceas. - É formação hamartomatosa resultante de defeitos ectodérmicos e mesodérmicos com especial aumento de glândulas sebáceas. A maioria das lesões é esporádica e existem raros casos familiares. - Apresenta-se ao nascimento ou primeiros meses de vida. - Caracteriza-se por placa papulosa, amarelada, elevada, geralmente única, quase sempre no couro cabeludo – geralmente não nasce cabelo porque a glândula compete com o folículo piloso. - Aumenta lentamente tornando-se, na puberdade, espessado e verrucoso com aspecto papilomatoso. - Lesões maiores especialmente quando localizadas na região centro-facial podem associar-se a alterações neurológicas, retardo mental e convulsões, alterações ósseas e oftalmológicas como colobomas e, neste caso, constitui-se a síndrome do nevo sebáceo. 11 - Tratamento: - Controverso - Exérese cirúrgica antes da puberdade, ocasião em que a lesão aumenta em tamanho bem como aumenta a possibilidade do surgimento de tumores (carcinoma basocelular, tumores anexais). - Também pode ser expectante – Isabela faz esse tipo de conduta – se ulcerar, der crosta, sangrar, faz-se a biópsia. Lesões vasculares - Angioma rubi (senil): - Representam a proliferação vascular adquirida mais comum e ocorrem na maioria das pessoas de meia idade e idosos. - São pápulas esféricas de 1 a 5 mm de diâmetro de cor vermelho brilhante a vermelho escura e eventualmente são polipóides. Ocorrem mais frequentemente no tronco e extremidades proximais, sendo menos comuns nas mãos, pés e face. O número é variável, podendo existir centenas de lesões. - São compostos por capilares dilatados e congestos e por veias pós-capilares localizadas na derme papilar. - Tratamento estético: eletrocoagulação, shaving, laser ou crioterapia. - Hemangioma da infância: - É o tumor mais comum da infância, ocorrendo em 10 a 12% das crianças com um ano de idade e atingindo até a 30% daquelas com peso muito baixo ao nascimento (menos que 1000 g). - Predileção pelo sexo feminino, em uma razão que varia de 3: 1 até 7: 1. - São resultado de um desequilíbrio na angiogênese, que permite uma proliferação descontrolada de elementos vasculares. - As lesões são únicas em 80% dos doentes, sendo rara a presença de quatro ou mais lesões. A pele é o órgão mais comumente acometido e as regiões da cabeça, pescoço e tronco são as mais afetadas. O tamanho pode variar de poucos milímetros até vários centímetros. - Em geral ausente ao nascimento, o hemangioma da infância torna- se aparente já no primeiro mês de vida. Ocasionalmente, pode-se detectar, ao nascimento, uma lesão precursora, que se apresenta, clinicamente, sob a forma de uma mancha anêmica, eritematosa e/ou equimótica, pequeno agrupamento de pápulas vermelho-vivo, ou ainda, telangiectasias circundadas ou não por um halo anêmico. - Hemangiomas mais profundos (subcutâneos) podem se tornar aparentes mais tardiamente, alguns meses após o nascimento. - Divididos em: - Hemangioma superficial: - São mais comuns, bem delimitados, de cor vermelho-vivo, nodulares ou em placa, com pele normal ao redor, por vezes de aspecto semelhante a um morango. - Restringem-se à derme papilar e reticular. - Hemangioma profundo: - Anteriormente chamada de hemangioma cavernoso, é uma lesão nodular, da cor da pele ou do tom azulado, algumas vezes com telangiectasias na superfície, sendo ocasionalmente possível observar vasos de drenagem na periferia. - Acomete a derme profunda e o subcutâneo. 12 - Hemangioma combinados: - Apresentam componente superficial e profundo. - A fase de crescimento rápido normalmente dura até os 6 a 10 meses de idade e, ao final do primeiro ano de vida, as lesões atingem seu tamanho máximo. Posteriormente, o hemangioma entra em uma fase quiescente, que persiste por alguns meses, e então involui lentamente. - Estima-se que 50% das lesões regridam, total ou parcialmente, até os 5 anos de idade e 90% até os 10 anos de idade. - Complicações: - Geralmente, ocorrem durante os 6 primeiros meses de vida (fase de maior crescimento). - A ulceração é a complicação mais comum, ocasionando dor e desconforto quando acomete lábios, região perianal, genital e flexuras. - Sangramentos de pouca intensidade podem ocorrer e respondem bem à compressão direta, sendo raros os casos mais graves. - A insuficiência cardíaca congestiva (ICC) é uma complicação rara e pode estar associada a hemangioma de grandes dimensões ou a hemangiomas múltiplos. - Hemangiomas volumosos também podem cursar com hipotireoidismo uma vez que a enzima 3-iodotironina- deiodinase, presente nos tecidos formadores do hemangioma, inativa o hormônio tireoideano. - Dependendo da localização: alteração da visão (hemangioma em região periorbital), comprimento da respiração (hemangioma em fossas nasais, orofaringe ou na região traqueolaríngea), obstrução do conduto auditivo externo (hemangioma de região parotídea). - Diagnóstico: - História clínica e achados físicos (confusão com malformações vasculares e tumores). - US com Doppler: exame de screening – na fase proliferativa, observa-se uma massa solida homogênea, bem delimitada, com vasos de alto fluxo. Essas características possibilitam a diferenciação entre os hemangioma e as malformações de baixo fluxo, como as venosas, capilares e linfáticas, mas não permitem a sua distinção das malformações de alto fluxo, como as artério-venosas. - RM (padrão-ouro) – confirmar as características teciduais da lesão, sua extensão nos diversos planos anatômicos e para avaliar anomalias adjacentes associadas. - Biopsia: afastar tumores malignos, principalmente em hemangiomas profundos (sarcomas). - Imunohistoquímica – GLUT 1 (marcador que só existe nos hemangiomas na infância). - Tratamento: - Estima-se que apenas 10 a 20% dos hemangioma precisem ser tratados. Entre esses, incluem os que implicam em acometimento da visão, obstrução de vias aéreas, conduto auditivo e reto, aqueles que provocam ICC e hemorragias, os que ulceram ou infectam e as lesões que, ao involuírem, produzem resultados esteticamente comprometedores. - Propanolol oral (acompanhamento com o cardiologista) e corticoterapia oral (dose imunossupressora – a criança não pode ser vacinada com vacinas de patógenos vivos). - Uso de timolol tópico – beta bloqueador utilizado para tratamento do glaucoma. - Outros: interferon, vincristina, cirurgia, laser - Hemangioma congênito - Tumores vasculares raros, considerados anteriormente como variantes do hemangioma da infância por compartilharem varias características clinicas, radiológicas e histológicas. - As lesões, completamente desenvolvidas ao nascimento, são ovais ou redondas, em placa, exofíticas ou lobuladas, com tonalidades que vão do rosa ao purpúrico. - Histologicamente diferente do hemangioma da infância. - Não tem o marcador histológico GLUT . - São divididos em dois tumores distintos: hemangioma congênito com involução rápida (ou hemangioma congênito não-progressivo) e hemangioma congênito não-involutivo. - Granuloma piogênico:- Também denominado hemangioma lobular capilar, é uma lesão vascular adquirida, semelhante clínica e histologicamente ao hemangioma da infância, porém de dimensões menores. - Tende a ocorrer na mucosa e pele de crianças e adultos jovens. - A média de idade acometida é de seis anos. - Aparece subitamente, usualmente sem história prévia de trauma, e localiza-se preponderantemente nas bochechas, pálpebras, extremidades e dentro de malformações capilares. - Pode ser séssil ou pedunculado e apresenta episódios repetidos de sangramento com formação de ulceração superficial. - É caracteristicamente desencadeado pelo alicate ou por unhas encravadas. - No diagnóstico diferencial, cabem o melanoma amelanótico e o carcinoma espinocelular. 13 - O tratamento é a remoção da lesão por excisão cirúrgica, eletrocauterização, cauterização química ou crioterapia. - Tumor glômico: - Apresenta-se como lesão neoplásica benigna, geralmente única, nodular, vermelho-azulada, com dor intensa à pressão. - Pode ocorrer em outra localização, sendo mais comum sob a unha. - São devidas às anastomoses AV subcutânea. - Tratamento cirúrgico. Lesões pré-cancerosas de pele - Lesões pré-cancerosas: - Carcinogênese: - Agentes físicos: raios UV, radiação ionizante, calor e traumatismo - Agentes químicos - Agentes biológicos: HPV - Fatores do hospedeiros: imunossupressão; pacientes com HIV. - Agentes carcinógenos: agem sobre a epiderme/derme, promovem alterações iniciais (bioquímicas e estruturais). - Lesões podem regredir, passar a fase proliferativa ou neoplásica. Dermatoses pré-cancerosas - Ceratose actínica: - É considerada uma lesão pré-maligna, conhecida também com o nome de ceratose senil, por aparecer na idade avançada; não é sinal de velhice e, sim, manifestação de irradiação solar cumulativa, progressiva, persistente e duradoura; daí a sua localização preferencial nas áreas expostas, em especial a calva. - É, em geral, múltipla e caracteriza-se por pápulas eritemato- descamativas, de coloração acastanhada (ceratóticas). - Corno cutâneo: trata-se de uma proliferação compacta e corniforme de queratina, assentada sobre uma base, cuja histopatologia revela a entidade básica, no caso, a ceratose actínica. Seu tamanho varia de alguns centímetros a decímetros, podendo atingir as dimensões e o aspecto de um verdadeiro chifre. - Queilíte actínica: eritema, descamação, fissuras e erosão do lábio inferior, com acentuação após exposição solar e, consequentemente, piora durante o verão. - A ceratose actínica, se não tratada, pode evoluir para CEC. - O diagnóstico é clínico. Se lesão mais infiltrada, biópsia excisional. - Tratamento - Crioterapia com nitrogênio líquido - Curetagem, eletrocoagulação - Cauterização química – ácido tricoloroacético - Exérese cirúrgica - Lesões disseminadas: 5-fluoracil tópico (imunomoduladores), Imiquimod. - Terapia fotodinâmica - Ceratoses tóxicas: - Exposição crônica a produtos tóxicos: arsênio, alcatrão. - Clínica e tratamento semelhante à ceratose actínica. - Local de contato com a substância. - Lesões ceratóticas puntiformes múltiplas em regiões palmares e plantares. - Radiodermatites: - Radiodermatite é alteração da pele, aguda ou crônica, por superexposição a elementos radiativos, em particular aos raios-X, gama ou a partículas ionizantes como elétrons, nêutrons e prótons, provenientes de aparelhos que os produzam artificialmente ou que contenham elementos radioativos no seu interior. - O quadro pode ser decorrente de tratamentos, sendo atualmente apenas efeito adverso contornável, devido à alta tecnologia empregada na radioterapia moderna. Muito raramente pode ser provocada por exposição excessiva na exploração diagnóstica com raios-X, especialmente radioscopias (atualmente muito raro), e ainda por acidentes nucleares ou manipulação indevida de lixo radiativo. - A radiodermatite aguda ocorre durante ou poucos dias após a aplicação de radiação ionizante. O quadro assemelha-se à queimadura solar, isto é, apresenta eritema e edema, ao que se segue descamação e pigmentação. 14 - A radiodermatite crônica surge após meses ou anos a exposição à radiação ionizante. A pele apresenta-se atrófica, com hiperpigmentação irregular, telangiectasias e alopecia. Ulcerações ou áreas de queratose podem ocorrer e, com freqüência, evoluem para carcinomas espinocelulares e, eventualmente, para basocelulares. - Tratamento: - O tratamento da radiodermatite aguda é feito com pasta d'água ou creme com corticóide. - Na radiodermatite crônica, se não há ulceração, queratose ou dor, a conduta pode ser expectante. Na transformação carcinomatosa, a conduta é ressecção cirúrgica, com enxertia, se necessário. - Úlceras crônicas e cicatrizes: - Qualquer que seja a sua natureza - Podem sofre transformação para CEC - Úlcera de Marjolin – CEC em cima das cicatrizes - Leucoplasia - Mancha ou placa de aspecto esbranquiçado localizada na superfície da pele ou mucosa, não removível com raspagem. - Podem ser mal definidas e elevadas. - Podem ter superfície irregular, zonas erosivas e/ou sangrantes. - Anatomopatológico: - 80% benignas - 17% displasias ou CA in situ - 3% CEC invasivo - Correlação com o HPV - Tratamento: cirúrgico - Doença de Bowen: - É um carcinoma espinocelular in situ, isto é, intra-epidérmico. - É lesão solitária, que consiste de área escamosa ou crostosa, avermelhada, com limites bem definidos. A retirada da escama ou crosta mostra superfície granulosa e secretante. A placa estende- se gradualmente, sem tendência à cura central. - Pode ocorrer em qualquer área do corpo de preferência no tronco. - Parece uma ceratose actínica, mas em áreas não foto-expostas. - Quando não tratado adequadamente, este carcinoma in situ torna- se invasivo e pode causar metástase. - Eritroplasia: é carcinoma espinocelular intra-epitelial na mucosa, que pode tornar-se invasivo e corresponde à doença de Bowen da pele. No pênis: eritroplasia de Queyrat. - Diagnóstico: anatomopatológico – desorganização da arquitetura da epiderme, com células atípicas, hipercromáticas, vacuolizadas e grande número de mitoses. A membrana basal está intacta, não havendo invasão dérmica. - Tratamento: cirúrgico. Alterações benignas de pigmentação Melanodermias congênitas ou hereditárias - Efélides: - Também chamadas de sardas, são manchas castanho-claras ou escuras, de 2-4mm de diâmetro, que surgem dos 6 aos 18 anos de idade, após exposição actínica e principalmente após queimadura solar. - Tem carácter hereditário, ocorrendo mais comumente em indivíduos de pele clara, cabelos ruivos ou loiros. - A distribuição é simétrica atingindo principalmente a face, antebraços, braços, ombros e porção superior do tronco. - Acentuam-se no verão com a exposição ao sol e melhoram no inverno, se não houver exposição actínica. 15 - Nas efélides há um aumento de melanina na camada basal, com número normal de melanócitos. - Tratamento: preventivo – evitar exposição actínica e usar fotoprotetores, preferivelmente fator de proteção opacos para UVB e UVA; curativo: estético – laser. - Mácula labial melanótica: - Localizada na mucosa labial, comumente em mulheres jovens, tem a histopatologia da efélides – aumento da melanina na camada basal. - Mancha café com leite / melânica: - São manchas com cor castanha-clara à escura, diâmetro entre 2- 10 cm, ocorrendo em qualquer região cutânea. - São congênitas ou hereditárias, devidas, como as efélides, ao aumento de atividade dos melanócitos, sem alteração no número. - Ocorrem por malformação congênita, sem outras anomalias. - Geralmente poucas lesões. - Maioria sem nenhuma implicação - Problema – se múltiplas, podem estar associadas às síndromes: neurofibromatose tipo I– múltiplas + neurofibromas; síndrome de Albright (alterações ósseas, endócrinas e puberdade precoce). - Lentigo: - São máculas pontuadas ou gotadas de cor castanho escura a preta, que surgem nos primeiros anos de vida e continuam a aparecer no decurso da infância, adolescência e no adulto, em qualquer região da pele, região cutânea, inclusive em áreas não expostas ao sol. - O lentigo pode ser congênito ou hereditário. Histopatologicamente, há um aumento do número de melanócitos e alongamento regular das cristas epiteliais, com hiperprodução de melanina que se distribui nos melanócitos e queratinócitos. - O lentigo é facilmente diferenciável da melanose solar (lentigo senil ou solar) que se localiza sempre em áreas expostas e tem diâmetro maior. - Os lentigos aumentam com a idade. Não necessitam tratamento, mas podem ser retirados por exérese superficial ou dermatoabrasão. Raramente sofrem transformação maligna. - Lentiginose – caracterizam-se por lentigo disseminados por toda a pele, podendo ser acompanhados de manchas melânicas. - Nevus Spillus: - Raramente encontrado; é uma placa castanha clara com pontos escuros. - Está presente desde o nascimento ou torna-se evidente na infância. Histologicamente é uma combinação de mancha melânica (mancha café com leite) com nevus juncional, isto é, aumento da pigmentação basal e presença de células névicas. Não precisa de tratamento. - Melanose pilosa de Becker / Melanose neviforme: - Também chamado Nevus pigmentado e piloso caracteriza-se por placa hiperpigmentada e hipertricose. - Surge geralmente na adolescência, em indivíduos masculinos, no ombro, braço ou porção superior do tronco, geralmente após exposição solar e aumenta por alguns meses até dois anos. - Em mulheres pode estar associada a hipoplasia mamária (aumento de receptores androgênicos). - É devido a uma maior atividade de melanócitos, sem células névicas. - Não é necessário tratamento exceto por razões estéticas com Laser. 16 - Mancha mongólica: - Mácula de castanha-azulada na região lombo-sacra, comum em mongolóides e negros, menos frequente em mestiços e rara em caucasóides. - Está presente no nascimento e geralmente desaparece após alguns anos. - Ocasionalmente pode ocorrem em outras áreas - Histologicamente, verificam-se melanócitos névicos na derme reticular, motivo da cor azulada. - Não necessitam tratamento e não sofrem transformação maligna. - Nevo de Ota: - É mácula castanha-azulada, frequente em mongoloides (asiáticos), localizada na área do primeiro e segundo ramos do nervo trigêmeo. - É quase sempre associado com pigmentação ocular e eventualmente da mucosa nasal, palatina ou faringeana. - Tem histopatologia similar à mancha mongólica. - Nevo de Ito: - Mancha similar ao nevo Ota, mas localizada no ombro, área supraclavicular e pescoço. Melanodermias adquiridas - Melanose solar ou actínica: - A melanose solar, impropriamente denominada de lentigo senil ou solar, não tem nenhuma relação etiopatogenérica com o lentigo. - É quadro extremamente frequente, originado pela ação cumulativa da luz solar na pele, após a terceira ou quarta décadas de vida. - A época de aparecimento e a intensidade dependem de dois fatores: tipo de pele e tempo de exposição à luz solar. - Caracteriza-se por manchas de alguns milímetros até 1,5 cm de diâmetro, de cor castanha-clara ou escura, localizadas no dorso das mãos, punho, antebraços e face. - Melasma (ou cloasma): - Manchas hipercrômicas geralmente na face, regiões malares e supralabial, quase sempre em mulheres, geralmente com mais de 25 anos de idade após gravidez ou terapia hormonal. Raramente ocorre em homens. - Associada a hormônios: Estrógenos e/ou progestágenos estimulam a melanogênese o que explicaria a pigmentação observada na gravidez e no uso de anticoncepcionais. Lesões com risco de malignidade - Nevos melanocíticos: - Há três tipos de células produtoras de melanina, responsáveis por lesões pigmentares: melanócitos epidérmicos, melanócitos dérmicos e células névicas. 17 - Os melanócitos epidérmicos, oriundos da crista neural, localizam- se entre as células da camada basal, atingindo esta situação por migração durante o período embrionário. Podem estar em número normal na camada basal, porém, com aumento de atividade ou em maior número em cristas epiteliais alongadas. - Os melanócitos dérmicos localizam-se na derme reticular. As células névicas podem estar na derme papilar, junto à camada basal, na derme reticular ou em ambas as localizações. - As lesões pigmentares devidas aos melanócitos epidérmicos são as efélides, mancha melânica (café com leite), lentigo simples, lentiginose e síndromes lentiginosas, melanose de Becker e melanose solar. - As lesões pigmentares originárias dos melanócitos dérmicos são a mácula mongólica, os nevos de Ota e Ito e o nevo azul. - As lesões benignas de células névicas são denominadas nevos melanocíticos. Podem ser juncionais, quando as células névicas se situam na derme papilar, junto à camada basal (melanócitos mais próximos à superfície, possuem coloração mais escura); intradérmicos, quando na derme (são mais profundos, portanto são menos pigmentados e mais abaulados); e, compostos, quando em ambas as localizações. - Os nevos melanocíticos são devidos à proliferação de melanócitos e células névicas; podem ser normocrômicos ou hipercrômicos, maculares ou papulares; congênitos ou adquiridos. Se surgirem atípias: propensão a desenvolver melanoma. - Até 30-35 anos: nevos podem crescer ou surgirem a partir da pele normal. Após esta idade: suspeita! - Congênitos: - Ocorrem em 1% dos RN. - São considerados pequenos quando menores que 1,5 cm, médios quando entre 1,5-10cm, grandes quando entre 10,1 a 20cm e gigantes quando maiores de 20cm. - Os nevos pequenos, médios e grandes têm baixo risco de transformação maligna. Os gigantes são acompanhados de maior risco de transformação maligna. - Geralmente o diagnóstico de melanoma é tardio, pois é difícil a visualização de alteração de cor. - Exérese – uso de expansores. - Adquiridos - Comumente chamados de pintas. - Podem surgir na infância. - Mais comum entre 12-30 anos. - Aumentam em tamanho durante a puberdade, gestação, exposição ao sol. - Após 35 anos – células névicas se aprofundam na derme – tendência a diminuírem a coloração ou até desaparecerem. - Podem ser maculares, papulosos, dependendo da profundidade das células melanocíticas (sem relação com malignidade). - Fazer o diagnóstico diferencial com o melanoma: ABCDE. - Nevo azul: - Ocorre como lesão de cor azul-escura a negra, de alguns milímetros de tamanho, bem limitada, redonda ou oval, plana ou saliente. Usualmente é solitário, porém pode ser múltiplo. - É mais encontrado na face ou dorso das mãos. - Surge no decurso da infância e não regride. - Degeneração maligna é excepcional. É constituído por melanócitos localizados na derme. Melanoma - É o mais maligno dos tumores cutâneos, ocorrendo geralmente entre os 30 e 60 anos de idade. - 4% dos CA de pele. - Incidência crescente em todo mundo. - Se não tratado precocemente pode levar rapidamente ao óbito. - Origina-se de nevo melanocíticos de junção ou composto, ainda que em cerca de 70% dos casos não seja relatada a existência prévia de nevo pigmentar. Por isso, é injustificável a remoção profilática de nevos (porque maioria vem da pele normal). - Mais associado a exposição solar aguda (queimaduras) do que crônica. 18 - Origem dos melanócitos. - Provenientes de Nevos melanocíticos “de nevus” ou da pele normal “de novo”. - Fatores genéticos, ambientais (exposição solar aguda, queimaduras solares), imunológicos. - Tipos clínicos – lentigo maligno, extensivo superficial, nodular,lentiginoso acral. Melanoma extensivo superficial - De todas as formas de melanoma é o que mais frequentemente se associa com lesões névicas precursoras. - Representa a forma mais frequente de melanoma, constituindo 70% de todos os melanomas. - Apresenta-se como lesão leve ou francamente elevada, arciforme, pelo menos em parte, cujas margens são denteadas, irregulares e cuja coloração varia grandemente desde acastanhada a negra, com áreas azuladas, esbranquiçadas, acinzentadas e até vermelhas. - Ele cresce para os lados, ao invés de crescer para profundidade – associado ao melhor prognóstico. Lentigo maligno - Lentigo maligno: in situ - Lentigo maligno melanoma: invasão da derme. Ocorre predominantemente em áreas expostas de indivíduos idosos e se acompanha frequentemente de elastose solar. - Também cresce para os lados, mas demora muito a crescer. - A chance de metástase à distância é menor. - Problema: cauterização ou laser do lentigo maligno em clínicas de estética, postergando o tratamento. Melanoma acral - Ocorre em extremidades palmares ou plantares, muitas vezes na região ungueal (por cima da unha, vê-se uma mancha preta). - Sinal de Hutchinson: é o desenvolvimento de pigmentação na base da melanoníquia (coloração do marrom ao negro da lâmina ungueal) linear, envolvendo a prega ungueal proximal e a pele periungueal. Acredita-se que este sinal seja uma indicação muito específica de que a melanoníquia linear é devida a um melanoma. - Não é mais agressivo, mas tem diagnóstico mais tardio, por isso tem pior prognóstico. - Biópsia sempre excisional como diagnóstico. Nunca faz margem. Só depois da biópsia realiza-se o tratamento. Melanoma nodular - É uma lesão nodular ou em placa ou mesmo polipoide de coloração negro-azulada ou com laivos acastanhados, de evolução rápida, sendo as localizações preferenciais o tronco nos homens e as pernas nas mulheres. - Atomopatologicamente, caracteriza-se por crescimento vertical desde o princípio, com agressão predominantemente dérmica a partir da junção dermoepidérmica, atingindo apenas secundariamente a epiderme. - Seu prognóstico mais desfavorável deve-se a sua considerável espessura decorrente da rápida evolução vertical. - Difícil diagnóstico, porque brilha e parece um baso pigmentado ou uma queratose seborreica. Forma particular – melanoma amelanótico - Sua característica decorre da concentração muito baixa de pigmento melânico. A lesão é rósea ou vermelha e pode simular um granuloma piogênico ou carcinoma espinocelular. 19 - O diagnóstico clínico é particularmente difícil e habitualmente tardio o que piora seu prognóstico. - Diagnóstico melanoma maligno: - Exame clínico – ABCDE Obs. Nem toda lesão que tem ABCD é melanoma (ceratose seborreica, CBC pigmentado p.ex.). - Exame dermatoscópico: - Identifica os melanomas pequenos, porque você salva o paciente em lesões pequenas, de 2, 3, 4 mm. - Exame histopatológico - Biópsia excisional, com margens de 2mm (como diagnóstico). - Nunca fazer Shaving (porque é necessário ver a profundidade do melanoma – dá o prognóstico). - Evitar ao máximo biópsia incisional – pode se situar em regiões que não estão tão comprometidas. - Objetivo: avaliação fidedigna da profundidade do tumor (índice de Breslow – a quantos milímetros da superfície o último melanócito atípico está) - A partir do diagnóstico – estadiamento (linfonodo sentinela, RX tórax, LDH, TC, RNM). - Tratamento: - Depende do estadiamento, localização, profundidade do tumor. - Tratamento cirúrgico é o único curativo - MM de baixo risco (profundidade < de 1mm) com excisão com margens de 1 cm = 90% de cura. - Linfonodo sentinela: - É o primeiro linfonodo encontrado pelas células do tumor, que se metastatizam do tumor primário. - indicações de pesquisa de linfonodo sentinela: Breslow> 1mm; ulcerações ou mitoses na biópsia; áreas de regressão (mais claras no meio do melanoma). - Margens cirúrgicas: - Tratamento adjuvantes – melanomas respondem mal - Radioterapia - Quimioterapia - Imunoterapia - Prognóstico: - Depende principalmente do estadiamento - Estadiamento depende da profundidade de invasão do tumor na derme. < 1mm – sobrevida em 5 anos de 95% > 4mm – sobrevida em 5 anos de 56% - Se envolve linfonodo, a sobrevida é menor ainda. - Indicações para encaminhamento e consulta com especialistas: - Um novo nevo que surge após a puberdade que está mudando de cor, tamanho ou forma. - Um nevo antigo que está mudando a cor, tamanho ou forma. - Qualquer nevo que tenha 3 ou mais cores ou que tenha perdido a simetria. - Um nevo que esteja coçando ou sangrando. - Qualquer lesão persistente que esteja crescendo e que não tenha diagnóstico aparente. - Uma nova pigmentação ungueal especialmente se há deformidade da unha. - Uma lesão crescendo abaixo da unha. 20 Infecções bacterianas da pele e do tecido celular subcutâneo, drenagem de abcessos e antibióticos - A infecção em cirurgia pode ser conceituada como sendo o resultado da invasão, multiplicação, atividade metabólica e consequentes efeitos fisiopatológicos de microrganismos sobre os tecidos de um indivíduo. - Pode ser classificada como: - Primária: quando se instala num paciente sem história prévia de cirurgia ou traumatismo – ou seja, sem porta de entrada aparente. - Secundária: quando existe previamente um trauma, acidente ou ato cirúrgico que favoreceu a implantação dos microrganismos na lesão. - Agudas: duram poucos dias; geralmente são resolvidas até 14 dias. - Crônicas: duram meses ou anos. - Monomicrobianas: um agente etiológico. - Polimicrobianas: variedades de agentes etiológicos. - Mecanismos de defesa do organismo: - Defesa primária: é representada por fatores mecânicos, que funcionam como barreiras físicas à penetração de microrganismos, e por fatores químicos, que inibem o crescimento dos mesmos (pele íntegra, glicosaminoglicanos em mucosas). - Defesa secundária: efetuada pela capacidade fagocitária dos leucócitos polimorfonucleares e monócitos, e também pela síntese e ativação de complementos. - Terciária: representada pela “resposta de fase aguda” com liberação de componentes celulares e humorais para a o local da inflamação, aumento do número e função das células fagocitárias e início da resposta antígeno-específica. Essa fase é mediada por citocinas, prostaglandinas e outros eicosanoides, e por hormônios produzidos por células fagocitárias, linfócitos e células endoteliais. É nela em que há o aparecimento dos sinais flogísticos. - Infecções – grupos: - As infecções de pele e tecido celular subcutâneo de interesse em cirurgia ambulatorial são divididas em dois grupos: - Pele e tecido celular subcutâneo: erisipela, celulite, abscesso (tem flutuação – tem que drenar), fleimão (não tem flutuação), panarício, linfadenite aguda. - Anexos de pele: furúnculo, carbúnculo, hidradenite supurativa. - O tratamento da maioria dessas afecções é feito através da eliminação das condições locais que favorecem a proliferação bacteriana ou que dificultam os mecanismos de defesa local do organismo. Essas medidas incluem: retirada de corpo estranho, ressecção do tecido desvitalizado (desbridamento), regularização das bordas da ferida, eliminação de espaço morto (vazio), drenagem ampla das secreções e repouso do segmento atingido. Infecções da pele e tecido celular subcutâneo Erisipela - É um tipo de celulite superficial da pele (derme e epiderme) que apresenta envolvimento linfático marcante. - As portas de entrada mais comuns são úlceras de pele, lesões traumáticas, abrasões, lesões e eczemáticas ou psoriásicas e infecções fúngicas como a infecção por Tinea pedis. - Os fatores predisponentes incluem a diabetes mellitus, estase venosa, paraparesia, alcoolismoe obesidade. - Tende a ocorrer em áreas de obstrução linfática ou de edema. Como ela própria causa obstrução linfática, é comum haver recidiva em áreas de infecção prévia, principalmente nos indivíduos com insuficiência vascular venosa ou linfedema. - É mais comum na região da perna (70 a 80% dos casos). - O estreptococo do grupo A é o agente etiológico mais comum (Streptococcus pyogenes). - Caracteriza-se pelo aparecimento súbito de sintomas sistêmicos, tais como febre elevada, mal estar, cefaleia, calafrio e desânimo. Acompanhando este quadro aparece, no local da lesão, uma mancha avermelhada, quente e dolorosa (geralmente em queimação), com as bordas elevadas e bem delimitas. Em geral, a lesão aparece 6 a 12 horas após o início dos sintomas gerais. A parte afetada torna-se lisa e brilhante em decorrência do edema que usualmente acompanha o processo. Frequentemente ocorrem linfangite e linfadenomegalia. - Em alguns casos, ocorre formação de bolhas em torno do 2º a 3º dia, que geralmente contém liquido não-purulento. Quando se rompem, podem gerar ulceras de estase. Pode haver hemorragia superficial nas bolhas ou na pele intacta, especialmente em idosos. - O diagnóstico diferencial deve ser feito especialmente com a celulite, da qual se distingue pela forma de aparecimento e pela maior riqueza de manifestações sistêmicas. Outras doenças como herpes zoster da face, dermatite de contato, urticária gigante também devem ser consideradas. - Tratamento: 21 - Uso de antibióticos sistêmicos, além de medicação sintomática e cuidados locais. - Antibiótico de escolha: penicilina. Geralmente administrada por via IM, na dose de 400.000U de penicilina G procaína, de 12/12 horas, por período mínimo de 10 dias. - Outras drogas: cefazolina (cefalosporinas de 1ª geração) – 1g EV, 8/8 horas. - Casos leves: amoxicilina 500mg 8/8h; cefalexina VO 6/6h. - EM caso de alergia à penicilina: eritromicina VO, 250-500mg, 6/6h. Celulite - Inflamação de origem infecciosa do tecido celular subcutâneo. Às vezes, pode haver extensão superficial e acometimento também da pele. - Como a celulite pode se estender superficialmente e a erisipela profundamente, estes dois processos podem coexistir. - Predomina em indivíduos do sexo masculino. Os membros inferiores são atingidos mais frequentemente nos pacientes idosos, enquanto os superiores o são nos mais jovens. - Como a erisipela, origina-se geralmente de uma perda de solução de continuidade da pele, onde a porta de entrada dos microrganismos pode ser uma ferida aberta, uma úlcera, um ferimento penetrante, uma laceração ou uma infecção por Tinea pedis. - O estreptococo do grupo A é o agente causal mais comum, seguido pelo Staphylococcus aureus. A evolução para abscesso sugere associação do estreptococo com estafilococo. - Sob o ponto de vista clínico, observam-se sinais de vermelhidão, calor, dor, edema depressível e intumescimento da pele e subcutâneo no local da infecção. Em contraste com a erisipela, as bordas da área da celulite são planas e mal-definidas. A linfangite e/ou linfadenite de drenagem são menos frequentes. Pode ocorrer disseminação via vasos linfáticos e/ou corrente sanguínea e bacteremia. O paciente apresenta ainda sintomas gerais, usualmente discretos, caracterizados por mal estar, febre, calafrios e anorexia, e temperatura axilar em torno de 38ºC. - Tratamento - Medidas locais e no uso de antimicrobianos sistêmicos e sintomáticos. - As medidas locais incluem uso de calor local, repouso do segmento atingido e proteção da região contra trauma. Se em extremidade, a elevação do membro constitui medida importante. - O calor local promove vasodilatação, com consequente aumento do fluxo sanguíneo e hipertensão capilar. Decorrem daí uma aceleração das atividades metabólicas e aumento da fagocitose e da transferência de células e fluidos para os tecidos no local da infecção. Além disso, o calor local colabora para diminuir a dor. - O repouso do segmento afetado e a proteção ao trauma tem como objetivo impedir a ruptura da parede de enduração protetora, com consequente propagação da infecção. - Ocorrendo formação de abscesso ou fleimão, a drenagem cirúrgica está indicada. - O tratamento sistêmico baseia-se no uso de antimicrobianos, analgésicos e antitérmicos. - Antimicrobiano sistêmico: cefalexina 500 q6h VO ou cefazolina (IV) a 1 a 2 g q8h, oxacilina 2g EV q6h; 7 dias de tratamento. Abscesso - Infecção localizada do tecido conjuntivo com destruição de tecidos e formação de pus. Geralmente constitui complicação de infecções contíguas (erisipela, celulite, hidradenite supurativa), resulta de contaminação secundária a uma ferida traumática ou ocorre como foco infeccioso metastático na vigência de bacteremias ou endocardite. - Na vigência dessas afecções, a presença de tecidos, microrganismos e células fagocitárias destruídas estimula a migração de leucócitos e outras células fagocitárias para o foco inflamatório. Destas, um grande número é destruído e vai se juntar ao exsudato, formando pus. As demais se dispõe em torno do local, formando uma barreira defensiva que limita o processo. Os fibroblastos colaboram também na formação dessa barreira. Forma-se então o abscesso, constituído por uma cavidade cheia de pus separado dos tecidos normais adjacentes por uma zona (membrana piogênica) onde são intensas a neoformação vascular e a proliferação celular. - O agente etiológico mais comum é o Staphylococcus aureus. Seguem-se os estreptococos e os anaeróbios. - Apresenta-se como tumoração mais ou menos proeminente e circunscrita, delimitada, de tamanho variável, flutuante, de localização Dermo-hipodérmica e/ou subcutânea, circundada ou não por uma área de celulite. Acompanha-se de rubor, calor, dor e manifestações gerais (febre, mal-estar, calafrios). - Tratamento: - Na fase de maturação, o tratamento é semelhante ao da celulite, consistindo nas medidas locais e gerais. O uso de antimicrobianos sistêmicos pode ser instituído nessa fase, mas se o abcesso já estiver formado, parece que a contribuição do medicamento é de menor valor. 22 - A indicação ao uso de antimicrobianos deve ser limitada a presença de associação do abscesso com linfangite, linfadenite, febre e/ou sinais de bacteremia (tremor e suor frio), uma vez que nas lesões bem circunscritas, e dependendo do antimicrobiano usado, a membrana piogênica impede que o mesmo atinja concentrações terapêuticas satisfatórias na cavidade do abcesso. - Os antimicrobianos mais indicados são as penicilinas sintéticas penicilinase-resistentes (cloxacilina – 500 mg ou dicloxacilina – 250 mg VO, de 6/6h). - Quando o abcesso estiver bem localizado e a flutuação for evidente, a incisão e drenagem com técnica asséptica constituem o tratamento adequado. Fleimão - Inflamação difusa e necrosante do tecido conjuntivo. - Representa também um grau evolutivo de um mesmo processo inflamatório que envolve a celulite e o abscesso. Neste caso, os fenômenos de supuração não se limitam a uma pequena área. Ao contrário dos abcessos, não ocorre formação de uma membrana piogênica e o processo tende a invadir tecidos numa extensão mais significativa. - Tem mais comumente etiologia estreptocócica (maior poder de difusão). - Pode ser supra-aponeurótico, quando localizado no tecido celular subcutâneo acima da aponeurose; subaponeurótico, se está situado abaixo da aponeurose; e profundo, quando atinge os espaços intermusculares. - O comprometimento do estado geral é muito mais acentuado que nos abcessos. A maior difusão local do processo é responsável por alterações locais muito mais intensas, que podem evoluir até para a gangrena. Por estes motivos, é conveniente internar os indivíduos portadores de fleimão. - Tratamento: - Tratamentogeral baseia-se nos mesmos princípios observados para os abcessos. Acrescenta-se, aqui, maior valor da antibioticoterapia sistêmica. - Cefazolina 2g EV 8/8h. - O tratamento cirúrgico reclama o uso de incisões amplas da pele e desbridamento rigoroso dos septos aponeuróticos e bainhas musculares (combater a síndrome compartimental). Linfadenite aguda - Infecção de linfonodos representando, na grande maioria dos casos, a localização secundária ou propagação de uma infecção situada nas proximidades ou a distância. - Pode ser específica (origem tuberculosa, sifilítica, linfogranuloma venéreo, leishmaniose, etc) ou inespecífica. A inespecífica tem usualmente tem etiologia estafilocócica ou estreptocócica. - Caracterizam-se pelo aumento do volume de um ou mais linfonodos, que se apresentam duros, regulares e dolorosos. - Os abcessos ganglionares podem ser facilmente diagnosticados pela presença de flutuação. Quando não drenados cirurgicamente, produzem necrose da pele que os recobre, com consequente abertura para o exterior (fistulização). - O tratamento depende da natureza da lesão inicial. Na maioria dos casos, o repouso, a imobilização e elevação do segmento atingido, o calor local e a antibioticoterapia devem ser utilizadas. Quando essas medidas são usadas na fase inicial do desenvolvimento da infecção, consegue-se abortá-la. - Numa fase mais tardia, quando já está presente um abscesso ganglionar com flutuação, a incisão com drenagem cirúrgica está indicada. Infecções dos anexos da pele Furúnculo - Infecção necrosante do folículo pilossebáceo produzida quase sempre pelo Staphylococcus aureus. Por vezes, outros microrganismos como o Streptococcus sp., E. coli, Pseudomonas aeruginosa e Proteus podem ser os responsáveis. - Pode ocorrer em qualquer local da superfície cutânea, com exceção da superfície palmar e plantar, mas tem predileção especial por áreas ricas em folículos pilosos e sujeitas a fricção e transpiração (região cervical, face, axilas e nádegas). - Sua incidência aumenta após a puberdade, sendo mais comum em adolescentes do sexo masculino. - Geralmente as bactérias penetram no interior do folículo pilossebáceo, onde determinam inicialmente uma foliculite. Posteriormente, a infecção se estende à derme e ao tecido conjuntivo subcutâneo. Forma-se, então, uma área de necrose central, com hiperemia e enduração circunjacentes. Os leucócitos e outras células de capacidade fagocitária migram para a área infectada, e alguns são destruídos pelas toxinas bacterianas e se liquefazem, formando o pus. O material necrótico central é eliminado juntamente com o pus, quando este abre caminho para o 23 exterior através da epiderme. A porção necrosada eliminada recebe o nome de “carnegão”. - Sob certas condições (DM, trauma, má higiene, discrasias sanguíneas) a infecção pode se estender aos folículos pilossebáceos adjacentes, bem como aos compartimentos vizinhos do subcutâneo, dando origem ao carbúnculo. - O furúnculo manifesta-se como uma pequena área avermelhada, endurada, que surge em torno de um folículo pilossebáceo. Com a evolução, o nódulo inflamatório torna-se saliente, duro, doloroso, e apresenta aumento do volume. A lesão é extremamente sensível à compressão nessa fase, e a dor é tanto mais intensa quanto menos extensível for o tecido celular subcutâneo do local acometido. No ápice dessa saliência forma-se uma zona de coloração branco- avermelhada, em decorrência da necrose da pele, que termina por se romper espontaneamente, eliminando pequena quantidade de pus nos furúnculos menores e deixando escapar o “carnegão” nos de maiores proporções. - A evolução é quase sempre favorável. As complicações dependem principalmente da disseminação dos microrganismos por ruptura da barreira defensiva. Uma das causas mais importantes desse evento é um hábito comum entre os leigos de espremer os furúnculos. A disseminação hematogênica pode resultar em osteomielite, endocardite ou outros focos infecciosos metastáticos a distância. - Existe na face a chamada zona perigosa em relação aos furúnculos e outras infecções. Ela está situada nas regiões do lábio superior e nariz. As infecções aí localizadas podem se propagar para o seio cavernoso e produzir trombose do mesmo. Por isso, todos os furúnculos na face devem ser tratados com antibióticos terapia sistêmica, e a drenagem cirúrgica deve ser evitada. - O aparecimento de furúnculos múltiplos (furunculose) é relativamente comum e quase sempre provocado pelo ato de coçar. - Tratamento: - As medidas gerais incluem o uso de analgésicos e antimicrobianos sistêmicos (penicilinas sintéticas penicilinase-resistentes). - As medidas locais mais importantes consistem no uso de calor úmido local e imobilização do segmento atingido. Com essas medidas, a grande maioria dos casos pode ser tratado conservadoramente. Em geral, se o antimicrobiano em uso está sendo eficaz, ocorre uma involução ou maturação do processo em um prazo de 48 ou 72 horas. - A incisão e drenagem cirúrgica, na maioria dos casos, não é necessária nem vantajosa, já que possibilita romper a barreira defensiva, disseminando a infecção. Carbúnculo - Infecção necrosante de vários folículos pilossebáceos contíguos com acometimento do tecido conjuntivo subjacente, incluindo o tecido subcutâneo. - Quase sempre o agente etiológico é o Staphylococcus aureus. - Constitui um estágio adiantado do furúnculo em que ocorre uma propagação do processo infeccioso. Esta depende de fatores anatômicos e/ou diminuição dos fatores defensivos do organismo. - No Brasil, os termos “carbúnculo” e “antraz” são usados para designar o mesmo processo. - Aparece como uma área de enduração intensamente dolorosa e avermelhada, no centro da qual se desenvolvem múltiplas áreas de necrose das quais saem pequenas quantidades de pus. A pele, no local da necrose, apresenta-se com um aspecto de favo de mel. Em torno dessa área ela é avermelhada e endurada, correspondendo à zona de edema, hiperemia e infiltração leucocitária. - Outros sintomas gerais podem estar presentes, como calafrios, astenia, mal-estar, anorexia, etc. - Tratamento: - Enquanto no furúnculo o tratamento é conservador, o carbúnculo requer uma terapêutica cirúrgica agressiva, no sentido de aliviar a dor, promover uma drenagem eficaz e acelerar a cura. - Além da terapêutica cirúrgica, deve ser instituído ainda um tratamento clinico complementar, que consiste no uso de antibioticoterapia sistêmica (penicilina sintética penicilinase- resistente, cefalosporinas de primeira geração), analgésicos, repouso do segmento atingido e calor úmido local. - A cirurgia utiliza uso de incisões em cruz atingindo toda a extensão do carbúnculo. 24 Hidradenite Supurativa (acne inversa) - É uma doença inflamatória crônica, recorrente, debilitante que atinge a pele intertriginosa das regiões axilar, inguinal, inflamatória, genital ou perianal – glândulas sudoríparas apócrinas. - Decorre de oclusão do orifício apopilossebáceo por queratina, com infecção bacteriana secundária da glândula. - Os microrganismos mais encontrados são o Staphylococcus aureus, o Streptococcus milleri, bactérias aeróbias gram-negativas e anaeróbios. - Desenvolve-se então o processo infecciosos que atinge a derme, o tecido celular subcutâneo e as glândulas sudoríparas apocrinas adjacentes, levando a fibrose e enduração, formação de cicatrizes e destruição de anexos da pele e formação de sinus. - Até o momento não se sabe a causa da obstrução ductal. Alguns autores afirmam haver relação hormonal, pois, em adição à puberdade, a gravidez, a segunda metade do ciclo menstrual e o uso de anticoncepcionais orais tornam a hidradenite supurativa mais ativa. - Tratamento: - Medidas locais (antissepsia + calor úmido)
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