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Hanseníase Definição - A hanseníase, também conhecida como lepra, é uma infectologia crônica, que afeta a pele e o sistema nervoso periférico - É causada pelo Mycobacterium leprae (bacilo de Hansen) - BAAR, gram e Ziehl- Neelsen positivos - No Brasil é uma doença de notificação compulsória - Os países com maior incidência de lepra são a Índia e o Brasil - Dentro da Brasil, as regiões com maior incidência são norte, nordeste e centro-oeste Contágio - O contágio ocorre por contato com secreção contaminada das vias aéreas superiores - A porta de entrada para a micobactéria se dá pelas vias aéreas superiores e lesões do tegumento - No entanto, normalmente apenas um breve contato com a micobactéria não causa contágio. Na maioria das vezes é necessário um contato mais prolongado com pacientes multibacilíferos - O período de incubação varia de 2 a 5 anos História Natural da Doença - A maioria dos pacientes que entram em contato com o bacilo evoluem para cura - Aqueles que entram em contato com o bacilo e evoluem para a doença apresentam inicialmente um quadro denominado hanseníase indeterminada - 70% dos pacientes com hanseníase indeterminada acabam evoluindo para cura. Apenas os 30% restantes evoluem para alguma outra forma de hanseníase (tuberculóide, dimorfa ou virchowiana) Espectro da Hanseníase - O que vai determinar qual será a história de evolução da doença é o sistema imunológico do paciente - Pacientes que apresentam uma resposta imunológica celular tendem a evoluir para a forma tuberculóide da doença (TT no gráfico). Esses pacientes tem um bom controle da hanseníase e normalmente apresentam poucos bacilos circulantes (paucibacilares) - Pacientes que apresentam uma resposta imunológica humoral (baseada em anticorpos) tendem a evoluir para a forma virchowiana da doença (LL no gráfico). Esses pacientes não tem um bom controle da hanseníase e normalmente apresentam vários bacilos circulantes (multibacilares) - Pacientes que apresentam esses dois tipos de resposta imunológica evoluem para a forma dimórfica da doença (mistura entre hanseníase tuberculóide e virchowiana) Tipos de pacientes - Pacientes paucibacilares: • Até 5 lesões (hanseníase indeterminada ou tuberculóide) - Pacientes multibacilares: • Mais de 5 lesões (hanseníase dimófica ou virchowiana) Hanseníase Indeterminada - Presença de uma a algumas máculas hipocrômicas ou eritematosas com limites pouco nítidos - Cursa com hipoestesia (principalmente térmica) - Os troncos nervosos estão normais (não estão espessados à palpação) - A baciloscopia é negativa nesse momento (pois são pacientes paucibacilares — apresentam poucos bacilos) - Teste de Mitsuda: é como se fosse o PPD (teste tuberculínico) da hanseníase - O paciente pode ser Mitsuda positivo ou negativo - Esses pacientes não transmitem a doença Hanseníase Tuberculóide - Presença de uma ou poucas placas infiltradas eritematosas e/ ou acastanhadas com limites nítidos (em forma anelar —> bordo espessado e centro raso) - Evidente perda da sensibilidade (térmica, dolorosa e tátil) - Apresenta até 1 nervo periférico espessado - Presença de alopecia - Mitsuda positivo (mostra que a imunidade celular está boa) - Baciloscopia ainda é negativa - Esses pacientes também não transmitem a doença Hanseníase Virchowiana - Presença de numerosas máculas, pápulas, nódulos e placas cor de pele, eritematosos ou acastanhados com distribuição simétrica - Cursa com hipoestesia - Fáscies leonina: infiltração difusa da face + perda do 1/3 externo da sobrancelha (madarose) - Essa infiltração difusa da fase leva a perfuração do septo nasal, que pode evoluir para queda do nariz - Vários nervos estão espessados - Espessamento e nódulos no pavilhão auricular e de nervos superficiais - Comprometimento do sistema nervosos autonômico, o que impede a sudorese e evoluir para xerose (ictiose adquirida) - Edema de MMII - Mitsuda negativo (mostra que a imunidade celular está comprometida) - Baciloscopia positiva - Infiltração de outros órgãos (Laringe, olhos, linfonodos, fígado, baço, testículos e medula óssea) Hanseníase Dimorfa - Overlaping entre lesões tuberculóides e virchowianas (padrão intermediário de distribuição) - Apresenta uma lesão característica —> Lesão foveolar ou em queijo suiço (Placas infiltradas eritematosas anulares com a borda interna bem delimitada e a externa mal definida) - No entanto, é difícil identificar a lesão em queijo suíço - A hanseníase dimorfa é instável, pode passar para o polo T (tuberculóide) ou V (virchowiano) - Mitsuda geralmente negativo - Baciloscopia geralmente positiva Estados Reacionais - São repercussões sistêmicas da doença - Pode ocorrer: • Modificação da resposta imunológica ao bacilo (eventos agudos e potencialmente graves) • Febre, mal estar, cefaléia, artralgia e nódulos ou, menos frequentemente, placas eritêmato-infiltradas • Neurite, uveíte, orquite, nefrite e vasculite - Tratamento: • Repouso • Predinosa • Talidomida • Descompressão nervosa Lesões Neurais - Alterações da sensibilidade: • Impedem o paciente de se defender das agressões do cotidiano, gerando lesões • Ordem da perda da sensibilidade: térmica —> dolorosa —> tátil • Mal perfurante plantar: • Ocorre por danos repetitivos na planta do pé por ausência de sensibilidade • Indica comprometimento neurológico grave - Alterações motoras: • Paresia, paralisia, retrações tendinosas e fixações articulares (mão em garra, mão simiesca, etc) - Alterações autonômicas: • Hipo/anidrose (xerose) e alterações circulatórias Exame Físico - Teste da sensibilidade térmica: realizado encostando tubos de ensaio com água morna e fria na pele do paciente (também pode ser realizado com tubos de ensaio com algodão e éter) - Teste da sensibilidade dolorosa: utilizar a ponta e a cabeça de um alfinete para averiguar se o paciente percebe quando a ponta está encostando - Teste da sensibilidade tátil: pode ser utilizado um algodão ou estesiômetro - Teste de força: avaliar força e amplitude do movimento - Palpação e percussão dos nervos periféricos - Baciloscopia: identificação do bacilo nos tecidos - Teste de Mitsuda: injeção intradérmica e deve-se verificar se houve pápula 4 semanas depois - Exame anátomo-patológico: identifica bacilos, granulomas e lesões neurais Diagnóstico Diferencial - Existem inúmeras doenças - No entanto, sempre suspeitar de hanseníase quando houver lesões de pele + redução de sensibilidade Tratamento - Para pacientes paucibacilares: • Tratamento por 6 meses (o paciente deve cumprir o tratamento em até 9 meses) • Rifampicina 600 mg/mês • Dapsona 100 mg/dia Teste de sensibilidade térmica Teste de sensibilidade dolorosa Teste de sensibilidade tátil Teste de força Palpação de nervos Baciloscopia Teste de Mitsuda - Para pacientes multibacilares: • Tratamento por 12 meses (o paciente deve cumprir o tratamento em até 18 meses) • Rifampicina 600 mg/mês • Clofazemina 300 mg/semana • Dapsona 100 mg/d + clofazemina 50mg/d • Obs: após iniciado o tratamento esse paciente deixa de transmitir bacilos e não precisa ser afastado do convívio social Prevenção - Campanhas - Diagnóstico precoce - Elos epidemiológicos - Exame dos familiares - BCG para familiares (a vacina BCG fornece uma proteção parcial à hanseníase) - Melhora das condições sócio-econômicas
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