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S1. É possível dizer que o estudo de Broca é o marco inicial para o surgimento da Neurolinguística? Há uma divergência acerca dessa questão. Existem estudiosos defendem que o estudo de Broca foi de extrema importância para o surgimento da Neurolinguística, uma vez que ele analisou a relação entre o cérebro e a linguagem. Entretanto, há uma vertente que discorda, visto que, a linguística ainda não era oficializada como ciência. Tal fato só foi legitimado anos depois, por volta de 1910/1920, com os estudos de Ferdinand de Saussure. S2. Discuta a afirmação “A perda linguística é um processo desordenado que ocorre em pacientes que sofrem lesões cerebrais”. Diferentemente do que diz a afirmação, a perda linguística é um processo ordenado decorrente de lesões cerebrais que ocasionam um déficit nas funções linguísticas. Na Afasia de Broca, a ordem da perda linguística do afásico pode ser explicada com a hipótese da poda da árvore, teoria por meio da qual se entende que os nódulos mais altos na árvore sintática estão prejudicados na gramática do afásico. Salientando, dessa forma, que existe uma regularidade e um ordenamento nesse processo. S3. Diz-se que, nas Afasias Transcorticais, a repetição está preservada. Discuta tal afirmação. A característica mais comum nas Afasias Transcorticais é a ocorrência de síndromes afásicas que caracterizam-se pela preservação da repetição de forma desproporcional em relação a outras funções da linguagem. Entretanto, nessas afasias, a capacidade de repetição apresenta-se de maneiras distintas. Na Afasia Transcortical Motora os afásicos se negam a repetir sílabas sem sentido e corrigem erros gramaticais das frases que foram solicitadas a reproduzir. Diferentemente, na Afasia Transcortical Sensorial, os afásicos podem reproduzir erros sintáticos, palavras sem sentido e, apesar da preservação dessa capacidade, a repetição é de caráter mandatório e eles não conseguem compreender o significado das palavras e frases ditas pelo examinador. Na Afasia Transcortical Mista é possível observar uma limitação de 3 a 4 palavras na repetição de frases, e além disso, ocorre o fenômeno de terminação no qual o afásico ao ouvir o início de uma frase pode repetir e até mesmo completá-la. Já na Afasia Anômica, os afásicos apresentam uma boa capacidade de repetição. S4. Discorra sobre o avanço que permitiu o entendimento das afasias subcorticais e forneça uma breve descrição dos dois tipos existentes. O avanço tecnológico na medicina permitiu, por meio da tomografia computadorizada, um melhor entendimento acerca das Afasias Subcorticais. Esse método de localização da lesão permite uma observação identificação de patologias de estruturas profundas do cérebro como, por exemplo, as Afasias Subcorticais que apresentam danos subcorticais na cápsula estriada ou no tálamo. A Afasia Subcortical Talâmica é caracterizada anatomicamente pela lesão nos núcleos posteriores do tálamo, e linguisticamente pela preservação da repetição; leve alteração da compreensão; redução da fluência; predominância de parafasias semânticas e anomia. Já a Afasia Subcortical Não-Talâmica, é caracterizada anatomicamente pela lesão na cápsula estriada (gânglio basal e cápsula interna), e linguisticamente pela variação no modelo dos distúrbios da linguagem (por apresentar uma área maior); fala lenta; parafasias; variadas dificuldades de compreensão que vão desde razoável até muito prejudicada; e alteração de leve a moderada nas capacidades de repetição e nomeação. S5. O que é “reorganização funcional da linguagem no cérebro” / “reorganização do sistema funcional” e qual sua importância no tratamento das afasias? A reorganização funcional da linguagem no cérebro é uma técnica de reestruturação compensatória caracterizada pela reorganização da funções perdidas. Esse processo ocorre quando uma região, preservada, do cérebro gera um novo mecanismo de coordenação funcional para executar a função cognitiva de uma área que foi lesionada. No caso de pacientes afásicos, essa reorganização é de extrema importância, visto que, a terapia irá estimular outra região cerebral para o uso da linguagem, com o intuito de suprir a função cognitiva comprometida da área que sofreu a lesão. É importante frisar que, essa evolução depende da neuroplasticidade e de fatores particulares de cada indivíduo. S6. No tocante ao déficit sintático observado na Doença de Alzheimer, discute-se, do ponto de vista teórico, a origem de tal comprometimento. Discorra sobre a razão das divergências teóricas sobre o assunto e as duas grandes posturas adotadas entre os autores. Existe uma divergência quanto a origem do déficit sintático, observado na doença de Alzheimer, que pode ser decorrente do módulo da linguagem, do módulo dos conceitos, ou do módulo da memória. A expressão linguística é o que podemos observar (como a produção errada de uma sentença), e essa expressão é definida por meio do conhecimento mental (módulo da linguagem). De certo modo, o comprometimento sintático de um indivíduo com Alzheimer pode derivar de um problema na expressão linguística pelo módulo da linguagem ter sido afetado, ou pelo fato da memória estar comprometida. Existem autores que defendem que a sintaxe está preservada nesses pacientes, ou seja, os problemas sintáticos são decorrentes de outras capacidades cognitivas que acabam afetando a linguagem (ROCHON, WATERS & CAPLAN, 1994; GROSSMAN & WHITE-DEVINE, 1998; LESSA, 2010; Etc), e outros que indicam que a sintaxe está comprometida, ou seja, que o conhecimento linguístico desses indivíduos está afetado (GROBER & BANG, 1995; MARTINS, 2010; NESPOLI, 2013 e GOMES, 2020). S7. Que diferenças podemos estabelecer entre as Afasias e as Afasias Progressivas Primárias? Apesar de ambas as afasias serem determinadas pela deterioração de regiões responsáveis pela linguagem no cérebro, as Afasias Progressivas Primárias – diferentemente das outras afasias – caracterizam-se pelo déficit que é ocasionado por uma doença neurodegenerativa, ou seja, as áreas do cérebro e a linguagem são acometidas ao decorrer dessa patologia. Na APP o déficit é progressivo, enquanto nas outras afasias esse déficit é estático. S8. Que tipos de delimitações precisamos fazer na metodologia ao desenvolver uma pesquisa sobre Perda da Linguagem? Alguns dos critérios que precisam ser levados em consideração na formulação da metodologia em uma pesquisa sobre a perda da linguagem são: testar sempre o mínimo de condições possíveis em uma sentença; evitar o uso de um vocabulário complexo; evitar o uso de sentença com dois verbos; evitar sentenças semanticamente reversíveis; evitar sentenças com voz passiva ou sintaticamente complexas; além de tentar diminuir a demanda de memória.
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