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Agentes Alquilantes em Quimioterapia Fármacos que actuam no DNA 25 de Novembro de 2013 Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas Química Farmacêutica Orgânica Fármacos que actuam no DNA Breves noções sobre cancro e quimioterapia Classificação dos agentes quimioterápicos Agentes alquilantes em quimioterapia Mostardas de azoto Profármacos de mostardas de azoto Síntese de Mostardas de azoto QSAR das mostardas de azoto ADEPT e outras abordagens Outros agentes alquilantes Breves noções sobre cancro e quimioterapia Químicos Radiação Vírus Mutação Genética ● Proliferação incontrolada ● Invasão de tecidos adjacentes facilitada ● Angiogénese ● Menos especializadas levando à perda de funções e consequente morte do tecido invadido Breves noções sobre cancro e quimioterapia Quimioterapia Uso de substâncias químicas que afectam o crescimento celular no tratamento de tumores A maioria dos agentes antitumorais actua de forma não específica Ocorre dano nas células cancerosas assim como de células normais de crescimento rápido. Ex: Células gastrointestinais, capilares e do sistema imunitário Classificação dos agentes quimioterápicos Calabresi e Chabner Classificação dos agentes quimioterápicos Classificação dos agentes quimioterápicos Fármacos que actuam em etápas especificas do ciclo celular •Fármacos ciclo-celular específicos Fármacos que actuam em qualquer fase mesmo na fase de repouso G0 •Fármacos ciclo-celular não específicos Classificação dos agentes quimioterápicos Agentes alquilantes em quimioterapia Os agentes quimioterápicos mais antigos e de elevada utilização Do tipo ciclo-celular não específicos Afectam directamente o DNA Mostardas de azoto Nitrosouréias Triazenos Derivados de hidrazina Ésteres metanossulfónicos (Alquilssulfonatos) Agentes alquilantes em quimioterapia Os agentes alquilantes são quimicamente reactivos que podem gerar espécies electrofílicas, as quais podem formar ligações covalentes com uma variedade de grupos nucleofílicos biológicamente importantes, como grupos amino (NH2), hidroxilo (OH), carboxilo (COOH), mercapto (SH) e fosfato (PO3H2) de enzimas, outras proteínas e ácidos nucleicos ARN e ADN. Agentes alquilantes em quimioterapia +R - X R - Nu + X .. .. Substrato Nucleófilo Produto de substituição nucleofílica Grupo abandonante Grupo saínte Nucleófogo Nu X Nu + + X- Nu + + .. Saida do grupo sainte Formação do carbocatião Ataque do nucleófilo ao carbocatião A reacção envolvida na alquilação é uma Substituição Nucleofilica: Mostardas Cl Cl Cl N Gás mostarda S Cl Cl 1945 CH3N(CH2CH2Cl)2 Mustina 1946, 1963 c N(CH2CH2Cl)3 1948 Goodman & Gilman tris(2-chloroetil)amina bis(2-chloroetil)metilamina S(CH2CH2Cl)2 1,1-tiobis(2-chloroetano) Mostarda de enxofre Mostardas de azoto Cl N Cl Mostardas de azoto Mecanismo da reacção de substituição N Cl + .. N Cl Nu .. Cl N Cl .. N Cl + Nu .. Nu .. N Cl + N Cl + .. carbocatião ião aziridinio ● É uma reacção não específica ● É uma reacção irreversível em condições biológicas ● Pode ocorrer dupla alquilação Agentes alquilantes bifuncionais Mostardas de azoto Acção alquilante via reacções tipo SN N-7 guanina, N-3 adenina, N-1 adenina, N-1 citosina, O-6 guanina DNA os sítios mais reactivos são: o mais importante Mostardas de azoto C H 2 CH 2 + N C H 2 C H 2 Cl R Mostarda N N NH NH 2 O R N 7 Guanina N N NH NH 2 O R N C H 2 CH 2 N C H 2 C H 2 Cl R 7 N N NH NH 2 O R N C H 2 CH 2 N C H 2 H 2 C R 7 + N N NH NH 2 O R N C H 2 CH 2 N N N N NH O R NH 2 C H 2 H 2 C R ++ + o u tra G u a n in a + Ligação cruzada Ligação cruzada com o DNA Mostardas de azoto Ligação cruzada entre as duas cadeias paralelas de DNA impedem a sua separação, passo essencial no processo de divisão celular. Efeitos biológicos doas agentes alquilantes Efeito citostático (baixa dosagem) mitose celular é diminuída Efeito mutagénico (dosagem média) dá-se a divisão celular mas as células filhas estão alteradas com possível desenvolvimento de propriedades carcinogénicas Efeito citotóxico (alta dosagem) as células são irreparavelmente danificadas e morrem. Mostardas de azoto Reactividade das mostardas A reactividade química depende da facilidade de saída do grupo X (normalmente átomo de halogénio – cloro ) da molécula. A ligação do azoto a um anel aromático permite obter compostos menos reactivos do que os análogos alifáticos. A reacção é facilitada pela capacidade electrodoadora do átomo de azoto. R N X X Mostardas de azoto R N Cl Cl Alifáticas Muito reactivas Pouco selectivas Aromáticas Menos reactivas Mais selectivas N Cl Cl Y 1ª usada clinicamente: Y=H (N,N-bis-(2-cloroetil)anilina) Haddow & Ross Mostardas de azoto N Cl Cl Y N Cl Cl OH São mais reactivas se Y=grupo activador do anel N Cl Cl NH 2 Mostardas de azoto Cl N Cl NH 2 Cl N Cl NH 2 OH N OHO Cl N Cl ON OTs N OTs 2 x 150º, 20h 1) Cl-OTs/Py 2) H2O CaCl2/ C2H5OCH2OH HCl, H2O / NaNO2H2 / Pd Síntese Mostardas de azoto Melhorar a selectividade Aumentar o número de variáveis que afectam a actividade do fármaco Danelli, 1952 Estratégias: Diferenças na reactividade química e propriedades físicas (solubilidade, polaridade) dos fármacos Diferenças entre células normais e malignas (pH, níveis de enzimas, etc.) Ligação de estruturas (a.a. ex:fenilalanina, carbohidratos, péptidos, nucleótidos ex:uracilo e esteróides): melhorar o seu transporte inactivar o componente tóxico Mostardas de azoto menor pH antigenes associados maior % de [K] maior % de água menor % de [Ca] níveis elevados de enzimas maior número de radicais livres maior % de nucleótidos metilados Células malignas Mostardas de azoto Cl N Cl OH O Clorambucilo Cl N Cl NH 2 OH O Melphalan mostarda de fenilalanina(L) NH N H Cl N ClO O Mostarda de uracilo OH CH 3 O Cl N Cl O Estramustina Cl N Cl H N+ Mostarda derivada de 9 - aminoacridina intercalante do ADN monoaducto (efeito genotóxico) ligação cruzada (efeito citotóxico) Profármacos de mostardas Cl N Cl NH 2 Cl N Cl N O H Cl N Cl N H O O Profármaco Enzima activa in vivo Fármaco Diminuição da toxicidade Aumento da biodisponibilidade Hidrólise, redução e oxidação Acilarilamidase N,N-bis(2-choroetil)-4-amino-anilina ou mostarda fenilenodiamina Ross, 1950 Cl N Cl NH 2 Hidrolase - CO2 Profármacos de mostardas Cl N Cl N N Cl N Cl O 2 N Cl N Cl NH 2 nitro azo redução Bioactivação selectiva Estratégia: tumores sólidos pouco vascularizado baixa concentração de oxigénio capacidade redutora aumentada azoredutase nitroredutase ADEPT e outras abordagens Mostardas de azoto em Quimioterapia Cronologia: . Mostardas de azoto alifáticas (1946) . Mostardas de azoto aromáticas (1948) . Profármacos de mostardas de azoto aromáticas (1952) . ADT (Antibody Directed Therapy) (1983) . ADEPT (Antibody Directed Enzime Prodrug Therapy) (1987) ADEPT e outras abordagens ADT (Antibody Directed Therapy) O Fármaco é ligado a um anticorpo e dirigido ao respectivo antigene da célula tumoral. Problema: Heterogenidade na distribuição dos antigenes nas células tumorais com consequente baixa retenção de droga. ADEPT ADEPT (Antibody Directed Enzyme Prodrug Therapy) Colocar o enzima no localespecífico do tumor através da administração do complexo enzima- anticorpo. O enzima ligado ao anticorpo é dirigido ao respectivo antigene da célula tumoral permitindo a localização selectiva do enzima. Administrar o Profármaco e conversão no Fármaco. O Profármaco é convertido no Fármaco activo, somente no local específico do tumor, pela acção do enzima que aí se encontra. O restante Profármaco é eliminado intacto não provocando toxicidade. ADEPT 1986, Searle et al. 1º Complexo conjugado enzima – anticorpo Agente antitumoral contra linhas de células in vitro do carcinoma do colon (tumor sólido). enzima: carboxipeptidase G2 (metaloenzima de zinco) isolada da bactéria Pseudomonas sp. ADEPT 1988, Bagshawe et al. 1ª Combinação do conjugado enzima – anticorpo com uma prodroga para activar um agente alquilante – uma mostarda. Activação do profármaco por hidrólise da ligação amida com libertação de ácido glutâmico e o agente alquilante. ADEPT OH O Xb N Xa N H O HOOC OSO 2 CH 3 N Cl O OH C a rb o x ip e p t id a s e G 2 OH O NH 2 HOOC + Xa = Cl, Xb = OSO2CH3 Xa = Xb = Cl Xa = Xb = OSO2CH3 1991, Bagshawe et al. 1º Sucesso clínico no tratamento do carcinoma do cólon Á c id o g lu t â m ic o M o s t a r d a d e á c id o b e n z o ic o Activação do profármaco por hidrólise da ligação amida com libertação de ácido glutâmico e o agente alquilante. ADEPT Vantagens: Elevada especificidade. Reduzida toxicidade Utilização de uma maior variedade de Profármacos Maior variedade de enzimas de origem não mamífera disponíveis para a conversão em droga Estabilidade do Profármaco in vivo (pequena molécula altamente difusível através do tumor). Farmacocinética do profármaco. Diferença de toxicidade entre o Profármaco e o Fármaco. Toxicidade do Fármaco. Sucesso depende ADEPT Sucesso depende (cont.) Grau de selectividade do tumor para o complexo enzima–anticorpo. Velocidade da conversão enzimática ProfármacoFármaco. Farmacocinética do complexo enzima–anticorpo Boa distribuição e retenção do complexo enzima– anticorpo no tumor e sua eliminação dos tecidos normais. Concentração do enzima endógeno livre não conjugado. QSAR Relações quantitativas de estrutura-actividade X N X Y ● Normalmente a reactividade química (velocidade de hidrólise, velocidade de alquilação de um padrão) correlaciona com a actividade biológica (toxicidade LD50, actividade antitumoral ED90) ● in vivo há factores adicionais como transporte e metabolismo da droga, e reparação do ADN ● A reactividade é dependente das propriedades electrónicas de Y e do carácter de grupo sainte de X QSAR Relações quantitativas de estrutura-actividade ● Tumores sólidos mostardas mais lipofílicas Exº: N,N-bis (2-cloroetilo) grupo muito lipofílico ● Tumores líquidos (leucemias) mostardas mais hidrofílicas ● O grupo Cl embora não seja o melhor grupo sainte (metóxi OSO2CH3 é melhor) é o mais solúvel e o mais sensível aos efeitos electrónicos do substituinte ● ADEPT requer mostardas muito sensíveis a efeito electrónicos do substituinte Y X N X Y Outros agentes alquilantes Nitrosouréias Necessitam de biotransformação não enzimática para gerar o agente alquilante Altamente lipofílicas com aplicabilidade em tumores cerebrais Outros agentes alquilantes Derivados de Triazenos Inicialmente considerado antimetabólito Funciona como alquilante do DNA Necessita N-desmetilação prévia pelo P-450 Na célula alvo ocorre clivagem espontânea que gera o agente alquilante – diazometano Outros agentes alquilantes Alquilssulfonatos Complexos de coordenação de platina Alcalóides Outros agentes quimioterápicos Análogo do ácido fólico, inibe competitivamente a dihidrofolato reductase, enzima que reduz o ciclo dihidrofólico-tetrahidrofólico no processo de síntese do DNA e replicação celular. Antimetabolito Outros agentes quimioterápicos Alcalóides de vinca Inibidor mitótico, actuando por complexação com a tubulina, uma subunidade protéica dos microtúbulos que formam o fuso mitótico. A formação do complexo Sulfato de Vincristina-Tubulina previne a polimerização da subunidade de tubulina, dentro dos microtúbulos, e induz a despolimerização dos microtúbulos resultando, assim, na interferência da montagem destes e interrompendo a divisão celular na metáfase. Taxol Éster alcalóide do Teixo ocidental e Teixo europeu
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