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Correspondente ao primeiro modelo de como os indivíduos tomam decisões, a “teoria clássica da decisão” foi criada por economistas e estatísticos. Suas três suposições básicas são: • As pessoas possuem informações completas sobre todas as possíveis opções para suas decisões; • As pessoas são infinitamente sensíveis às diferenças sutis entre as opções de decisão; • As pessoas são totalmente racionais em relação à escolha de opções. Esse primeiro modelo diz que o indivíduo escolhe o que lhe rende maiores lucros. Surge como uma teoria alternativa à “teoria clássica da decisão” e diz que a meta da ação humana consiste em buscar prazer (indicado como utilidade positiva) e evitar a dor (indicada como utilidade negativa); ao tomarem decisões, as pessoas buscam maximizar o prazer. Dessa forma, o indivíduo atribui valores subjetivos a suas decisões. Por exemplo: o emprego A que pode oferecer um salário maior do que o emprego B, exige muitas viagens para lugares distantes, então, se não apetecer a subjetividade do indivíduo, apesar de receber mais, ele não escolherá a opção A. Ao agir desse modo, cada pessoa faz dois tipos de cálculos: • Utilidade subjetiva: consiste em um cálculo firmado no peso que uma pessoa atribui à utilidade (valor) ao invés de critérios objetivos. • Probabilidade subjetiva: um cálculo com base nas estimativas que a pessoa faz da possibilidade ao invés de cálculos estatisticamente objetivos. Considere um exemplo de como esse modelo funciona: ao decidirem qual das duas ofertas de emprego aceitar, indivíduos distintos atribuíram utilidade subjetiva positiva ou negativa a cada característica da oferta de emprego. Considere alguém com um marido e quatro filhos. Ela poderia atribuir uma utilidade positiva maior a benefícios do tipo seguro-saúde, plano de assistência odontológica, duração das férias, férias pagas e assim por diante do que uma pessoa solteira com forte orientação para a carreira. De modo similar, a mulher com família poderia atribuir uma utilidade negativa maior à característica de que um emprego envolve muitas viagens, exigindo que a pessoa esteja ausente do estado vários dias a cada mês. REFERÊNCIA: STERNBERG, R. J. Tomada de decisões e raciocínio, In Psicologia cognitiva. 5° ed. São Paulo: Cengage Learning. 2010. p.430 a 447 Essa teoria leva em consideração as diversas variáveis subjetivas que surgem quando pessoas estão envolvidas. Para prever a melhor decisão para determinado indivíduo, essa teoria diz que precisamos conhecer somente as utilidades subjetivas esperadas deste indivíduo. Os 05 passos para a tomada de decisão, de acordo com a teoria subjetiva da utilidade esperada, são: 1. Analisar todas as alternativas possíveis conhecidas; 2. Usar da maior quantidade de informações possíveis; 3. Atribuir um peso cauteloso, mesmo que seja subjetivo, aos custos (riscos) e benefícios potenciais de cada alternativa; 4. Calcular cuidadosamente (embora subjetiva) a probabilidade de vários resultados; 5. Ter um grau máximo de raciocínio fundamentado, com base no exame de todos os fatores mencionados anteriormente. Na década de1950, alguns pesquisadores começaram a contestar a noção de racionalidade ilimitada, trazendo a noção de racionalidade limitada: os seres humanos não são integral e ilimitadamente racionais na tomada de decisão. Para a satisfatoriedade, consideramos as opiniões individualmente e, então, selecionamos uma opção logo que encontramos aquela que é satisfatória ou suficientemente boa para atender ao nosso nível mínimo de aceitabilidade. Não levamos em consideração todas as possíveis opções e, então, julgamos cuidadosamente quais entre todo o universo de opções maximizará nossos ganhos e minimizará nossas perdas (STERNBERG, 2010, p. 432). O satisficing, seria, entretanto, uma estratégia pouco adequada em certos cenários, como o diagnóstico de uma doença, já que busca encontrar um resultado minimamente satisfatório. Além disso, há algumas provas que indicam que existem recursos limitados na memória de trabalho. De acordo com STENBERG (2010) a eliminação por aspectos acontece quando existe vastas opções de escolhas, e o indivíduo então, define aspectos de exclusão e seleção para que se agilize o processo. Nesse processo, focalizamos, em particular, um aspecto (atributo) das várias opções. Formamos um critério mínimo para esse aspecto e eliminamos, em seguida, todas as opções que não atendem a esse critério. Por exemplo, João vai a livraria e diz buscar um livro do gênero terror, logo, todos os outros gêneros são desclassificados; ou Joana decide comprar um carro, mas define um preço como aspecto. REFERÊNCIA: STERNBERG, R. J. Tomada de decisões e raciocínio, In Psicologia cognitiva. 5° ed. São Paulo: Cengage Learning. 2010. p.430 a 447 Muitos pesquisadores argumentam que a tomada de decisões é um processo complexo que não pode ser reproduzido adequadamente no laboratório. As decisões reais são tomadas, frequentemente, em situações nas quais há grandes riscos. Por exemplo, o estado mental e a pressão cognitiva a que um médico da sala de emergência de um hospital é submetido ao atender um paciente são difíceis de reproduzir fora do ambiente clínico. Esta crítica conduziu o desenvolvimento de um campo de estudo firmado na tomada de decisões em ambientes naturais (STERNBERG, 2020, p. 434). Trabalhar em grupo pode aumentar a eficácia da tomada de decisões do mesmo modo que pode aumentar a eficácia da resolução de problemas. Muitas empresas reúnem indivíduos em grupos para melhorar a tomada de decisões (Cannon-Bowers, Salas, 1998). Ao formar equipes para a tomada de decisão, o grupo se beneficia do conhecimento especializado de cada um dos membros. Ocorre também um aumento de recursos e ideias (STERNBERG apud Salas Burke, Cannon-Bowers, 2020, p. 435). Além disso, a memória grupal é melhor que a memória individual. Entretanto, trabalhar em grupo pode ter algumas desvantagens, pois o pensamento de grupo é um fenômeno caracterizado por uma tomada de decisão prematura que, geralmente, é o resultado de os membros do grupo tentarem evitar conflito. Os sintomas do pensamento em grupo são: 1. Na atitude de mente fechada, o grupo não está aberto a ideias alternativas; 2. Na racionalização, o grupo faz de tudo para justificar o processo e o resultado de sua tomada de decisão, distorcendo a realidade quando necessário, a fim de ser persuasivo; 3. Na supressão da dissensão, aqueles que discordam são desprezados, criticados ou mesmo afastados do grupo; 4. Existe uma pessoa para ditar as normas do grupo para manter a harmonia; 5. O grupo acredita ser invulnerável, tendo em vista a inteligência de seus membros e as informações que possuem disponíveis; 6. No considerar-se unânime, os grupos acreditam que todos partilham unanimemente as opiniões expressas pelo grupo. Antídotos para o pensamento de grupo: 1. O líder de um grupo deve incentivar a crítica construtiva, ser imparcial e assegurar que os membros busquem informações com pessoas fora do grupo. É importante que ele assuma responsabilidade por impedir conformidade falsa a uma norma do grupo; REFERÊNCIA: STERNBERG, R. J. Tomada de decisões e raciocínio, In Psicologia cognitiva. 5° ed. São Paulo: Cengage Learning. 2010. p.430 a 447 2. O grupo também deve formar subgrupos que se reúnem separadamente para examinar soluções alternativas a um problema específico. As pessoas costumam tomar muitas decisões com base em heurísticas (atalhos) e vieses em seu pensamento. Esses atalhos mentais aliviam a carga cognitiva de tomada de decisão, porém também levam a uma maior probabilidade de erro. Existem dois sistemas mentais (o 01 e o 02) que fazem uma divisão de trabalho altamente eficiente, minimizando o esforço e otimizando o desempenho. • Sistema 01: mais automático. Otimiza o dia a dia. Os erros que ocorrem no sistema um sãoas heurísticas (atalhos mentais). • Sistema 02: consciente. Requer mais esforço mental. Os erros que ocorrem no sistema dois são os vieses. Heurística de representatividade: na representatividade o indivíduo se guia pelo que lhe parece ser o cenário aparentemente mais provável. Exemplo (H-homens, M-mulheres) seria mais provável um casal que tenha cinco filhos ter HMMHM? Ou HHHHM? As pessoas acreditam que a primeira ordem de nascimentos é mais provável porque (1) é mais representativa o número de mulheres e homens na população e (2) parece mais provável que a segunda ordem de nascimentos. Neste processo julgamos a probabilidade de um evento incerto de acordo com a obviedade com que é similar ou representativo da população que se origina e de acordo com o grau em que reflete as características notáveis do processo pelo qual é gerado (aleatoriedade). Outro exemplo de heurística de representatividade é a falácia do jogador, a qual corresponde à crença errada de que a probabilidade de um determinado evento aleatório, como ganhar ou perder em um jogo de azar, é influenciada por outros eventos aleatórios anteriores. Por exemplo, um jogador que perde cinco apostas sucessivas pode acreditar que ser mais provável que ganhará na sexta vez. Heurística de disponibilidade: na disponibilidade, fazemos julgamentos com base no grau de facilidade com que podemos trazer à lembrança aquilo que percebemos como situações relevantes de um fenômeno. Exemplo: “recentemente comecei a duvidar de minha antiga impressão de que o adultério é mais comum entre políticos do que entre físicos ou advogados. Eu chegara a elaborar explicações para esse “fato”, incluindo o efeito afrodisíaco do poder e as tentações da vida longe de casa. No fim me dei conta de que as transgressões dos políticos têm muito maior probabilidade de serem REFERÊNCIA: STERNBERG, R. J. Tomada de decisões e raciocínio, In Psicologia cognitiva. 5° ed. São Paulo: Cengage Learning. 2010. p.430 a 447 noticiadas do que as transgressões de advogados e médicos. Minha impressão intuitiva talvez se devesse inteiramente à pauta dos jornais e à minha confiança na heurística da disponibilidade”. Heurísticas de ancoragem: correspondem a atalhos relacionados à disponibilidade pela qual as pessoas ajustam suas avaliações, por meio de certos pontos de referência denominadas “âncoras de finalidade”. *Hurísticas como as da representatividade e da disponibilidade nem sempre conduzem a julgamentos errados ou a decisões inadequadas. Usamos efetivamente esses atalhos mentais porque, muitas vezes, estão certos (STERNBERG, 2010, p. 440). Vieses são erros sistemáticos na tomada de decisão, que ocorrem quando estamos processando e interpretando informações ao nosso redor. Viés do excesso de confiança: é a tendência que lava a pessoa a confiar excessivamente em seus próprios conhecimentos e opiniões, além de superestimar sua contribuição pessoal para a tomada de decisão, tendendo a acreditar que sempre está certa em suas escolhas e atribuindo seus eventuais erros a fatores externos. Viés do otimismo: é a tendência a superestimar a probabilidade de eventos positivos e subestimar o risco de ocorrerem eventos negativos em nossa vida. É o fenômeno pelo qual indivíduos que possuem pouco ou nenhum conhecimento sobre determinado assunto, acreditam saber mais que outros que conhecem bem mais sobre o tema, fazendo-os tomar decisões erradas e chegar a resultados muitas vezes desastrosos. Em outras palavras, são “pequenas autoridades”. Um bom exemplo seriam os “influencers” que vemos no Instagram. Conhecida também como a teoria da perspectiva, ela postula que os sujeitos identificam um ponto de referência que geralmente representa seu estado atual. Essa teoria demonstra que as tomadas de decisões (ou seja, suas escolhas) levam mais em consideração as chances de perdas, do que de REFERÊNCIA: STERNBERG, R. J. Tomada de decisões e raciocínio, In Psicologia cognitiva. 5° ed. São Paulo: Cengage Learning. 2010. p.430 a 447 ganhos, e as probabilidades são substituídas por pesos ou ponderações na decisão. Em síntese, a tendência natural do ser humano é ter aversão aos riscos. Os indivíduos são muito mais sensíveis às possíveis perdas do que aos ganhos potenciais; trata- se do conceito de aversão à perda. Dentro da teoria do prospecto, foram descobertos três efeitos, sendo eles: • Efeito certeza: está associado à tendência humana em preferir os eventos que são certos ao invés dos eventos altamente prováveis. Por exemplo, se você tiver que escolher entre a garantia de receber R$ 750,00 ou ter 90% de certeza de que irá receber mil reais, certamente você irá preferir receber os R$ 750,00; • Efeito isolamento: as pessoas possuem a tendência de focar em parte do problema, ao invés de analisarem a situação como um todo. Ao focarmos apenas em parte do problema, a decisão parece ser mais simples. Contudo, variáveis importantes deixam de ser consideradas. Por exemplo, se você estiver analisando uma empresa para incluir na carteira de investimentos e se deparar com uma informação que você goste, é possível que você ignore outros dados importantes sobre a companhia e invista nela somente por causa da informação que te chamou a atenção. • Efeito reflexão: é a tendência humana de sentir mais os impactos das perdas do que os ganhos, mesmo que ambos possuam o mesmo valor. Por exemplo, vamos imaginar que você tinha R$ 4 mil reais e decidiu investir R$ 2 mil nas ações da empresa X e R$ 2 mil na empresa Y. Vamos supor também que na empresa X você fez uma análise fundamentalista e investiu porque a empresa é boa. Porém, você aplicou na empresa Y seguindo o efeito manada. Neste caso, você perdeu R$ 500,00 da aplicação na empresa Y e ganhou outros R$ 500,00 na valorização dos papéis da empresa X. Nessa situação, provavelmente a perda teria mais impacto, apesar de os ganhos terem sido do mesmo valor. REFERÊNCIA: STERNBERG, R. J. Tomada de decisões e raciocínio, In Psicologia cognitiva. 5° ed. São Paulo: Cengage Learning. 2010. p.430 a 447 https://investidorsardinha.r7.com/aprender/analise-fundamentalista/ https://investidorsardinha.r7.com/aprender/efeito-manada-investimentos/
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