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Edema - Semiologia Medica med_rabiscos

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Taise Terra @med_rabiscos 
 
 
 
 
 
Definição 
• Do grego oidema ® tumefação (aumento do volume em algum tecido) 
• Expansão de volume do componente extravascular (intersticial) do 
líquido extracelular 
• Excesso de líquido no espaço intersticial ou no interior das próprias 
células 
• Pode ser localizado ou generalizado 
Edema localizado: restrito a um segmento do corpo (um dos membros 
inferiores, um dos membros superiores, etc) 
Edema generalizado: anasarca 
Intensidade 
• Técnica para avaliar: com a polpa digital do polegar ou indicador, faz-se 
uma compressão, firme e sustentada, de encontro a uma estrutura 
rígida subjacente à área do exame (pode ser a tíbia, o sacro, ossos da 
face, etc) 
• Se tiver edema, quando tirar o dedo ficará uma depressão no local 
comprimido (fóvea) ® sinal do cacifo 
• A intensidade do edema é dada de acordo com a profundidade da fóvea 
(de acordo com o tanto que o dedo afundou), avaliando em cruzes (+) 
• É possível avaliar também comparando o peso do paciente diariamente 
(variações muito acentuadas traduzem retenção ou eliminação de 
água) 
• Ou ainda, medindo o perímetro da região edemaciada (comparar um 
lado com o outro em dias sucessivos) 
Consistência 
• Grau de resistência encontrado ao se comprimir a região edemaciada 
• Edema mole: facilmente depressível; retenção hídrica de duração não 
muito longa; tecido celular subcutâneo está infiltrado de água 
• Edema duro: maior resistência pra formar fóvea; existência de 
proliferação fibroblástica; edemas de longa duração ou que 
acompanham repetidos surtos inflamatórios 
Elasticidade 
• Indicada pelo dedo que comprime, mas principalmente pela volta da 
pele à posição anterior após a compressão 
• Edema elástico: a pele retorna imediatamente à sua situação normal; 
fóvea dura pouco; típico de edema inflamatório 
• Edema inelástico: a pele comprimida demora a voltar 
Temperatura da pele circunjacente 
• Usa o dorso dos dedos ou costas das mãos 
• Compara com a pele da região vizinha e da região homóloga 
• Pele quente: edema inflamatório 
• Pele fria: comprometimento da irrigação sanguínea daquela área 
Sensibilidade da pele 
• Doloroso ao fazer digitopressão: indica processo inflamatório 
• Pode ser indolor também 
Outras alterações da pele 
• Mudança de coloração: palidez, cianose, vermelhidão 
• Palidez: transtorno da irrigação sanguínea 
• Cianose: indicativa de perturbação venosa localizada 
• Vermelhidão: processo inflamatório 
Fisiopatologia do edema 
• Forças que atuam ao nível dos capilares, 
regulando a passagem de água e de 
eletrólitos de um compartimento para o 
outro: pressão hidrostática, pressão 
oncótica das proteínas, permeabilidade 
da parede capilar, osmolaridade intra e 
extravascular, fluxo linfático. 
• Forças agem por si, ou por mecanismos 
humorais (aldosterona, histamina) 
• Também participam da formação de edema generalizado os 
mecanismos reguladores de reabsorção de sódio e água ao nível dos 
rins (sujeitos à ação de hormônios – aldosterona e ADH) 
• Leis de Starling dependem: dos gradientes de pressão que atuam 
através do endotélio capilar, da área de superfície disponível para 
passar o líquido, e da permeabilidade da parede capilar 
• Alterações das forças de Starling para a formação de edema: aumento 
da filtração na extremidade arteriolar, diminuição da reabsorção na 
extremidade venular e bloqueio da drenagem linfática 
 
Lei de Starling 
• Pressão hidrostática intracapilar média: joga o líquido pra fora 
• Pressão oncótica do líquido intersticial: puxa o líquido do vaso para o 
interstício 
• Pressão hidrostática média do líquido intersticial: joga o líquido pra 
dentro do vaso 
• Pressão oncótica do plasma: puxa o líquido para dentro 
• Mecanismo básico da formação de edema: uma ou mais alterações nas 
forças de Starling 
• Alterações: # na filtração da extremidade arteriolar; $ da reabsorção 
na extremidade venular; bloqueio da drenagem linfática 
• Na extremidade arteriolar predominam as forças de filtração ® P 
hidrostática do capilar e P oncótica do interstício 
• Na extremidade venular: reabsorção ® P hidrostática do líquido 
intersticial e P oncótica do plasma 
• Sai 20L/dia para o interstício e voltam 18L/dia para o capilar. Os 2 litros 
que sobram são removidos pelos vasos linfáticos ® podem aumentar 
o fluxo como fator de segurança pra evitar a formação de edema 
# da pressão hidrostática do capilar 
$ da pressão oncótica do plasma 
# da permeabilidade do capilar 
Bloqueio da drenagem linfática 
ACÚMULO DE LÍQUIDO 
FORMAÇÃO DE EDEMA 
 
Principais causas de edema 
• Síndrome nefrítica, síndrome nefrótica, pielonefrite, insuficiência 
cardíaca, cirrose hepática, hepatite crônica, desnutrição proteica, 
fenômenos angioneuróticos (edema alérgico), gravidez, toxemia 
gravídica, obesidade, hipotireoidismo, medicamentos 
(corticosteroides, anti-inflamatórios, antagonistas do cálcio), etc. 
• A retenção de sódio e água constitui fator importante em todo edema 
generalizado 
 
Diagnóstico 
• Intumescimento das partes atingidas, tendência ao arredondamento 
das formas e perda do pregueamento cutâneo 
• Com o aumento do volume, a pele fica mais lisa e brilhante (esticada), 
podendo romper com facilidade – permitindo a saída de líquido 
• Sinal do cacifo ® produzido pela digitopressão ao comprimir a pele em 
cima de uma estrutura óssea ® fica uma depressão onde apertou 
• Se tiver edema acompanhado de sinais inflamatórios (calor, dor, rubor, 
tumor) ® edema de origem infecciosa 
• Manifestações do paciente: anel apertado, dificuldade em calçar 
sapatos, ganho de peso rápido sem alterar alimentação... 
• Exames complementares para identificação: raio x, punções 
(toracocentese, paracentese, punção articular, artrocentese) ® 
determinar presença de líquido e natureza 
 
EDEMA NA INSUFICIÊNCIA CARDÍACA (ICC) 
• Inicia-se geralmente ao nível dos tornozelos, na região maleolar interna 
(medial); adquiri caráter ascendente e pode, em fases avançadas, 
chegar até a raiz das coxas e se generalizar, associando-se a derrames 
nas cavidades serosas e configurando quadro de anasarca 
(generalizado) 
• Começa nos pés e vai subindo conforme a retenção líquida aumenta 
• Predomina nos membros inferiores (ação da gravidade) 
• Mais acentuado ao entardecer; diminui a noite 
• É um edema mole, frio, indolor e que se associa a outras manifestações 
da insuficiência cardíaca: 
o Dispneia: falta de ar, principalmente ao esforço físico 
o Ortopneia: falta de ar deitado 
o Tosse noturna 
o Taquicardia: $volume sistólico # frequência cardíaca pra compensar 
o Congestão hepática: hepatomegalia por insuficiência cardíaca direita 
o Crepitações pulmonares 
o Ritmo de galope pré-sistólico 
o Na ICC direita aparece jugular engorgitada e hepatomegalia 
EDEMA NAS NEFROPATIAS 
• Proteinúria maciça (perde proteína na urina): causa hipoalbuminemia 
$pressão oncótica do plasma #líquido interstício $ volume circulante 
efetivo ® retenção hidrossalina ® edema 
Edema 
SEMIOLOGIA MÉDICA Taise Terra @med_rabiscos 
Taise Terra @med_rabiscos 
• Síndrome nefrótica: edema mais evidente nas pálpebras e face; mais 
intenso pela manhã. O edema é por causa da proteinúria 
• Síndrome nefrítica aguda/glomerulonefrite difusa aguda – GNDA: 
edema, proteinúria, hematúria, hipertensão arterial. A perda da 
filtração glomerular que provoca o edema, não a proteinúria ® 
Streptococos 
• Na insuficiência renal aguda e crônica avançada, o edema geralmente 
é muito expressivo e se deve ao balanço hidrossalino positivo que 
ocorre sempre que a ingestão excede a capacidade de excreção renal 
• Insuficiência renal crônica avançada: podem contribuir também para o 
edema a descompensação cardíaca, a anemia (perda de moléculas que 
mantém a força oncótica) e a hipoproteinemia secundária ao mau 
estado nutricional dos pacientes 
• Necrose tubular aguda: a pressão cai e o rim fica mal perfundido 
(hipoperfusão renal) 
EDEMA NAS HEPATOPATIAS 
• Cirrose hepática ® hepatopatiacrônica fibrosante com subversão da 
arquitetura lobular 
o Insuficiência hepática; normalmente acarreta em hipertensão portal 
• Quadro clínico: síndrome de insuficiência hepatocelular (com 
deficiente síntese proteica) e síndrome de hipertensão portal 
(acompanhada de hipertensão sinusoides hepáticas com 
extravasamento de líquido rico em proteínas para os espaços de Disse 
® levando à ascite 
• Cirrotização: álcool, vírus, questões metabólicas, infecções por metais 
pesados ® evolução para disfunção hepática ® hipoalbuminemia 
• A hepatogênese da retenção hidrossalina na cirrose hepática é 
controversa: teoria clássica, teoria do transbordamento, teoria da 
vasodilatação periférica 
• Sinais periféricos de insuficiência hepática: icterícia, ascite, 
ginecomastia, edema generalizado 
EDEMA NUTRICIONAL 
• Associado à desnutrição 
• Aparece em qualquer faixa etária, mas mais comum em crianças (1-3 
anos de idade) 
• Mecanismo responsável pelo edema: diminuição da pressão oncótica 
do plasma (por causa da hipoalbuminemia) 
• Outros fatores: aumento da produção de radicais livres, aumento da 
permeabilidade capilar 
• Crianças com Kwashiorkor: edema acompanhado de parada do 
crescimento, alterações na pigmentação cutânea (hipocorado) e 
modificação nos cabelos (quebra e queda, tonalidades mais claras e 
sem brilho) 
• Pode coexistir esteatose hepática potencialmente reversível 
• As crianças têm alimentação calórica e com baixa concentração 
proteica 
Gastroenteropatias perdedoras de proteínas 
• Perda de proteína pelo TGI ou má absorção 
• Hipoalbuminemia: perde mais do que sintetiza 
• Podem coexistir esteatorreia, hipocalcemia, linfocitopenia, 
hipogamaglobulinemia e deficiência imunológica 
• Essa perda de proteína exagerada pelo TGI pode ser por: linfangiectasia 
intestinal primária ou congênita (rara), processos inflamatórios da 
mucosa intestinal (Crohn), anormalidades na estrutura das vilosidades 
intestinais (doença celíaca), hipertensão linfática secundária ao 
acometimento linfonodal (neoplasias e granulomatoses) 
EDEMA NA GRAVIDEZ 
• Gravidez normal: 
o Aumento do conteúdo total de água, sendo 4-6 no espaço 
extracelular 
o Comum edema membros inferiores; 20% edema generalizado 
o Grávidas edemaciadas geralmente tem bebês maiores e trabalho 
de parto mais fácil 
• Gravidez patológica: 
o Doença hipertensiva específica da gravidez ® pré-eclâmpsia (24ª 
semana; hipertensão arterial, proteinúria, vários graus de edema) 
 
EDEMA IDIOPÁTICO 
• Incerto; geralmente mulheres em idade fértil, sem hipoalbuminemia, 
doença cardíaca, hepática ou renal 
• Geralmente relaciona com posição ortostática 
• Melhora deitado 
• Aliança apertada, sapato apertado 
Síndrome do extravasamento capilar sistêmico 
• Afecção rara (doença de Clarkson): aumento inexplicado da 
permeabilidade capilar (#líquido interstício) 
• Acompanha de choque hipovolêmico, aumento acentuado de 
hematócrito, hipoalbuminemia e edema periférico 
• Dengue em fase avançada parece muito com a síndrome de Clarkson 
• S. aureus provoca uma alteração na permeabilidade dos vasos 
EDEMA POR ESTASE VENOSA 
• Resulta da dificuldade do retorno venosa decorrente de veias varicosas, 
trombose venosa ou compressão extrínseca dos troncos venosos 
• Localizado ou locorregional 
• Deve-se à elevação da pressão hidrostática associada ao aumento, 
induzido pela hipóxia, da permeabilidade capilar 
• Geralmente em membros inferiores 
TROMBOSE VENOSE PROFUNDA (TVP) 
• Geralmente inicia nas veias da panturrilha (80%), ou no segmento ilíaco-
femoral (20%), associando-se a estase sanguínea, à lesão do endotélio 
e/ou a determinados estados de hipercoagulabilidade 
• Tríade de Virchow: hipercoagulabilidade, lesão do endotélio (tabagismo, 
trauma), estase venosa 
• Pode ser silenciosa; principal manifestação é tromboembolismo 
pulmonar 
• Se não há fluxo a trombose é total e há formação de edema 
• Doenças familiares (trombofilias); contraceptivos orais associados ao 
tabagismo 
• Não deixar de pensar em tromboembolismo pulmonar em pacientes ® 
fatal 
Síndrome pós-flebítica 
• Edema predominantemente vespertino (a tarde) 
• Atrofia da pele 
• Fibrose subcutânea 
• Pigmentação por depósito de hemossiderina 
• Úlceras de difícil cicatrização ® deitar e ficar com as pernas pra cima pra 
cicatrizar 
Síndrome da veia cava superior 
• Edema de membro superior (veia cava drena cabeça e MMSS) 
• Invasão ou compressão da cava superior por: carcinoma brônquico, 
aneurismas de aorta, tumores mediastinais 
• Tudo acima da cava fica edematoso: edema facial, braços, cervical 
LINFEDEMA OU EDEMA LINFÁTICO 
• Bloqueio da drenagem linfática prejudica a reabsorção do líquido 
intersticial e a reabsorção das proteínas que atravessam a parede vascular 
• Edema duro, rico em proteínas, acompanhado de espessamento, fibrose, 
hipertrofia da pele e da tela subcutânea, acentuação dos sulcos e dobras 
cutâneas da região afetada ® pode atingir proporções gigantescas e 
assumir aspecto verrucoso ou papilomatoso (elefantíase) 
• Não tem cacifo (duro demais) 
• Pode ter eczematização (vermelho e dolorido), impetigo (strepto) e 
ulcerações secundárias 
• Principais causas: filarioses, linfogranuloma venéro, pós surtos repetidos 
de erisipela, linfedema traumático, linfedema maligno, linfedema 
congênito 
 
EDEMA INFLAMATÓRIO 
• Acompanhado de dor, hiperemia, aumento da temperatura local 
• Ex: erisipela (hiperemia, rubor, calor. Strepto; se for bolhosa é Stafilo 
 
ANGIOEDEMA E URTICÁRIA 
• pode ser simultâneo ou independente 
• Interação de anticorpos IgE com antígenos específicos, resultando na 
desgranulação dos mastócitos e liberação de mediadores (histamina) que 
irão aumentar a permeabilidade capilar e o extravazamento do líquido 
para o interstício 
• Reações de hipersensibilidade frequentes: drogas, alimentos, agentes 
físicos, parasitas intestinais, inalantes, picada de insetos 
• Edema de Quincke ® edema facial frequente 
 
EDEMA PULMONAR 
• Aumento da quantidade de líquido extravascular do pulmão ® aumenta 
parede do alvéolo, atrapalha hematose ® dispneia 
• Começa com edema intersticial, depois avança para o interior dos 
espaços aéreos, e vai para um edema alveolar 
• Cardiogênico (# pressão hidrostática capilar – insuficiência esquerda) ou 
não cardiogênico (alteração na permeabilidade da membrana 
alveolocapilar) 
• Causa: insuficiência no ventrículo esquerdo ou estenose mitral 
• SARA- síndrome da angústia respiratória no adulto

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