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Tutoria 5 - Transverso e vantajoso Compreender estudos transversais; Definir o valor de “P” e suas aplicações; Estudar prevalência; Entender a realização de um Inquérito; Estudos transversais (seccionais, ou corte-transversal) Classifica-se como: “estudo individuado-observacional-seccional”. Definição São investigações que produzem “instantâneos” da situação de saúde de uma população ou comunidade, com base na avaliação individual do estado de saúde de cada um dos membros do grupo, daí produzindo indicadores globais de saúde para o grupo investigado. Tais estudos são de grande utilidade para a realização de diagnósticos comunitários da situação local de saúde (Barros & Victora, 1998). Sobre a amostra Em geral, estudos transversais utilizam amostras representativas da população, devido às óbvias dificuldades para a realização de investigações que incluam a totalidade dos membros de grupos numerosos. É recomendável que qualquer investigação desse tipo defina claramente os limites da sua população, já que precisará dispor de denominadores para o cálculo da prevalência (indicador de escolha para esse tipo de estudo). Por esse motivo, tal modalidade de pesquisa epidemiológica tem sido também referida como “estudo de prevalência”. A definição que melhor distingue esse tipo de outros estudos do elenco da Epidemiologia pode ser assim enunciada: trata-se do estudo epidemiológico no qual fator e efeito são observados em um mesmo momento histórico: Uso prático desse estudo Costuma ser útil para realizar teste de hipóteses de associação, sem definir o seu caráter etiológico, devido à simultaneidade da informação sobre o sintoma/doença e o fator associado. Por exemplo, encontrar mais Malária entre migrantes não quer dizer necessariamente que a experiência migratória constitui fator de risco para essa patologia (Loureiro, Dourado & Noronha, 1986). É plenamente possível que a ocorrência dessa enfermidade tenha determinado o deslocamento geográfico do paciente, até mesmo em busca de tratamento especializado. Além do teste de hipóteses de associação, os estudos de pre- valência podem ser planejados para testar a validade de enunciados comparativos individuais ou contextuais do tipo: “a prevalência da doença x é maior entre os portadores do fator y”, ou então: “a prevalência da doença y entre os habitantes da região A, que possuem o fator x, é maior do que entre os habitantes da região B, que não possuem o dito fator”. A modalidade da hipótese e a natureza de suas consequências lógicas podem orientar a escolha ou mesmo condicionar o tipo de estudo a ser conduzido na etapa de verificação. Quando o fator sob suspeição é um traço genético, bioquímico ou fisiológico, ou uma característica permanente do ambiente onde vive o indivíduo doente, estudos de prevalência comparada podem, com vantagem, substituir desenhos mais sofisticados e custosos para o teste de hipóteses etiológicas. Os estudos transversais são de me- lhor aplicação para abordagens descritivas de doenças ou desfechos comuns, crônicos, i.e., que se mantenham por longo tempo, irreversíveis, e de baixa mortalidade (Checkoway et al,, 2007), ou que tenham início insidioso sem evidências objetivas, como na hipertensão arterial ou nas doenças mentais. Questões que os estudos transversais buscam responder: “Qual a proporção de indivíduos com determinado fenômeno?”; “Qual a prevalência de um dado desfecho?”; “Como se caracteriza certa população?” [Cap. 2 - Frequência - FLETCHER, Grant S. Epidemiologia Clínica: Elementos Essenciais.] Prevalência - um tipo de frequência Prevalência é a fração (proporção ou percentual) de um grupo que b bvgyde pessoas que possui uma condição ou desfecho clínico em um dado ponto no tempo. A prevalência é medida por meio do levantamento de uma população definida, na qual se averigua quem tem ou não tem a condição de interesse.Tipos: ➢ Prevalência-ponto é medida em um único ponto no tempo para cada pessoa (embora as medições não precisem ser necessariamente feitas no mesmo momento no tempo-calendário em todas as pessoas da população). ➢ Prevalência-período descreve casos que estavam presentes em qualquer momento durante um determinado período de tempo. Razão de Prevalência A razão de prevalência é similar ao risco relativo, entretanto é utilizada para associações em estudos transversais, em que a exposição aos fatores ocorre concomitantemente aos desfechos de interesse do estudo. Como o próprio nome já demonstra, consiste na razão entre as prevalências do desfecho no grupo exposto e no grupo não exposto. Ou seja: RP = Pe / Pne Onde: RP – Razão de prevalência Pe – Prevalência do desfecho entre os expostos Pne – Prevalência do desfecho entre os não expostos Levando-se em conta a tabela 2 (acima), a razão de prevalência pode ser calculada da mesma forma que o risco relativo: RP = (a / (a + b)) / (c / (c + d)) Quando a razão de prevalência é superior a 1, considera-se o fator de exposição como fator de risco. Quando RP < 1, considera-se fator de proteção, e quando RP = 1 não há relação causal. Veja o exemplo hipotético a seguir: um estudo selecionou 600 pessoas. 350 delas possuíam IMC adequado e as 250 restantes apresentavam IMC compatível com obesidade grau II. Constatou-se também que 300 pessoas possuíam hipertensão arterial sistêmica (HAS), 100 delas pertenciam ao grupo com IMC normal e 200 ao segundo grupo. Dessa forma, a razão de prevalência será dada por: RP = Pe / Pne = (a / (a + b)) / (c / (c + d)) RP = (200 / 250) / (100 / 350) RP = 0,8 / 0,3 RP = 2,7 Ou seja, o grupo de obesos grau II apresenta 2,7 vezes mais risco de apresentar HAS que o grupo de pessoas com IMC dentro da faixa de normalidade. Inquéritos Por inquérito epidemiológico deve ser entendido o estudo das condições de morbidade por causas específicas, efetuado em amostra representativa ou no todo de uma população definida e localizada no tempo e no espaço. O inquérito epidemiológico goza da vantagem de revelar a magnitude que assume a doença em uma população global. O inquérito por entrevista é feito com base numa amostra de população não institucional, isto é, nos dados recolhidos diretamente do informante, representando a família, e não pelos registros de instituições, como companhias de seguros, hospitais e asilos. O inquérito por registro funciona de modo contínuo ou periódico, utilizando-se de dados fornecidos por instituições públicas ou particulares, de saúde, escolhidas por amostragem. Os inquéritos epidemiológicos, sejam amostrais ou censitários, são caros e de difícil execução. Em regiões onde os problemas de saúde são evidentes e os recursos insuficientes para atender às ações necessárias, não se pode exigir tanta sofisticação nos dados de morbidade, e índices menos elaborados são admissíveis. Valor de P e suas aplicações Referências NAOMAR/MAURICIO. Epidemiologia & Saúde - Fundamentos, Métodos e Aplicações. Grupo GEN, 2011. 978-85-277-2119-6. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/ books/978-85-277-2119-6/. Acesso em: 19 mar. 2022. PEREIRA, Maurício G. Epidemiologia - Teoria e Prática. Grupo GEN, 1995. 9788527736077. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/ books/9788527736077/. Acesso em: 20 mar. 2022. FLETCHER, Grant S. Epidemiologia Clínica: Elementos Essenciais. Grupo A, 2021. 9786558820161. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/ books/9786558820161/. Acesso em: 19 mar. 2022. RAZÃO DE PREVALÊNCIA. <https://www.youtube.com/watch?v=N8ED wQSuOp8&list=PLo-4JRNpsuALB5qDJ89 7K2GSdixBRI6-b&index=20> Criado e desenvolvido por Heitor Marques Honório, Cirurgião-Dentista e Professor Associado do departamento de Odontopediatria, Ortodontia e Saúde Coletiva da Faculdade de Odontologia de Bauru da Universidade de São Paulo (FOB-USP). Atualmente é responsável pela Disciplina de Metodologia de Pesquisa e Estatística junto aos cursos de graduação e programas de Pós-graduação da FOB- USP e Hospital de Reabilitação de Anomalias Craniofaciais (HRAC/Centrinho) da USP.
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