Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Ciências Aeronáuticas w w w. u n i s u l . b r capa_regulamento_trafego_aereo.pdf 1 01/12/14 10:38 UnisulVirtual Palhoça, 2015 Universidade do Sul de Santa Catarina Regulamento de Tráfego Aéreo e Comunicações Aeronáuticas book.indb 1 01/12/14 11:30 Créditos Universidade do Sul de Santa Catarina – Unisul Reitor Sebastião Salésio Herdt Vice-Reitor Mauri Luiz Heerdt Pró-Reitor de Ensino, de Pesquisa e de Extensão Mauri Luiz Heerdt Pró-Reitor de Desenvolvimento Institucional Luciano Rodrigues Marcelino Pró-Reitor de Operações e Serviços Acadêmicos Valter Alves Schmitz Neto Diretor do Campus Universitário de Tubarão Heitor Wensing Júnior Diretor do Campus Universitário da Grande Florianópolis Hércules Nunes de Araújo Diretor do Campus Universitário UnisulVirtual Fabiano Ceretta Campus Universitário UnisulVirtual Diretor Fabiano Ceretta Unidade de Articulação Acadêmica (UnA) - Educação, Humanidades e Artes Marciel Evangelista Cataneo (articulador) Unidade de Articulação Acadêmica (UnA) – Ciências Sociais, Direito, Negócios e Serviços Roberto Iunskovski (articulador) Unidade de Articulação Acadêmica (UnA) – Produção, Construção e Agroindústria Anelise Cubas (articuladora) Unidade de Articulação Acadêmica (UnA) – Saúde e Bem-estar Social Aureo dos Santos (articulador) Gerente de Operações e Serviços Acadêmicos Moacir Heerdt Gerente de Ensino, Pesquisa e Extensão Roberto Iunskovski Gerente de Desenho, Desenvolvimento e Produção de Recursos Didáticos Márcia Loch Gerente de Prospecção Mercadológica Eliza Bianchini Dallanhol book.indb 2 01/12/14 11:30 Livro didático UnisulVirtual Palhoça, 2015 Designer instrucional Marina Cabeda Egger Moellwald 2ª edição revista e atualizada Regulamento de Tráfego Aéreo e Comunicações Aeronáuticas Marcos Fernando Severo de Oliveira book.indb 3 01/12/14 11:30 Livro Didático Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca Universitária da Unisul Copyright © UnisulVirtual 2015 Professor conteudista Marcos Fernando Severo de Oliveira Designer instrucional Marina Melhado Gomes da Silva Marina Cabeda Egger Moellwald (2° edição revista e atualizada) Projeto gráfico e capa Equipe UnisulVirtual Diagramador(a) Pedro Teixeira Revisor(a) Diane Dal Mago Nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida por qualquer meio sem a prévia autorização desta instituição. 629.13 036 Oliveira, Marcos Fernando Severo de Regulamento de tráfego aéreo e comunicações aeronáuticas : livro didático / Marcos Fernando Severo de Oliveira ; design instrucional Marina Cabeda Egger Moellwald – 2. ed. rev. e atual. – Palhoça : UnisulVirtual, 2015. 244 p. : il. ; 28 cm. Inclui bibliografia. 1. Aeronáutica – Comunicação. 2. Aeronáutica – Medidas de segurança. 3. Direito aéreo – Brasil. I. Moellwald, Marina Cabeda Egger. II. Título. book.indb 4 01/12/14 11:30 Sumário Introdução | 7 Capítulo 1 Aviação civil: acordos e organismos internacionais | 9 Capítulo 2 Normas internas e Administração Pública | 23 Capítulo 3 Regras do ar | 45 Capítulo 4 Serviço de Informação Aeronáutica (AIS) | 101 Capítulo 5 Plano de voo | 133 Capítulo 6 Serviços de tráfego aéreo | 167 Capítulo 7 Léxico e fraseologia | 207 Considerações Finais | 231 Referências | 233 Sobre o Professor Conteudista | 241 Respostas e Comentários das Atividades de Autoavaliação | 243 book.indb 5 01/12/14 11:30 book.indb 6 01/12/14 11:30 Introdução Prezado aluno, prezada aluna, Você está iniciando a Unidade de Aprendizagem Regulamentos de Tráfego Aéreo e Comunicações Aeronáuticas. Uma matéria que exige estudo permanente, porquanto normas de tráfego aéreo variam de um país para outro e também evoluem na velocidade das inovações tecnológicas. O controle do tráfego aéreo é área multidisciplinar de estudo, a qual progressivamente vem atraindo o interesse de pesquisadores dos mais variados campos. Profissionais de saúde, engenheiros de diversas denominações, juristas, contadores, economistas, entre outros, já percebem os problemas que precisam de respostas na seara do controle de tráfego. Pilotos e administradores também notam o controle de tráfego como elemento nuclear de estratégias corporativas de incremento de segurança e lucratividade. Para alcançar respostas ou obter resultados é importante saber manejar as normas fundamentais, que, por definição, sempre são mais perenes do que a as regras delas decorrentes. Sobretudo, o profissional de aviação precisa saber atualizar seus conhecimentos em tráfego aéreo de uma forma autônoma. Esse é um objetivo que será perseguido ao longo do curso, com a indicação de fontes de conhecimento e crítica. Nos sete capítulos desta obra, você vai adquirir habilidades para: • Tomar decisões operacionais de voo e gerenciamento segundo as normas domésticas e internacionais; • Escolher a melhor forma de operar segundo o cenário de tráfego aéreo e condições meteorológicas; • Identificar e manejar os produtos oferecidos pelos órgãos prestadores de serviços de informações aeronáuticas; • Produzir, criticar e atualizar planos de voo; • Entender e criticar as decisões dos órgãos prestadores de serviços de controle de tráfego aéreo; • Conhecer e ser capaz de empregar, em português e em inglês, os vocábulos e locuções que constituem os registros idiomáticos específicos das transmissões radiofônicas aeronáuticas. book.indb 7 01/12/14 11:30 8 Ao final do curso, você entenderá porque o controle do tráfego aéreo requer uma mudança paradigmática, a qual permite a ocupação das rotas atmosféricas por um número maior de aeronaves, atendendo a uma demanda que não deixa de crescer. Caro(a) aluno(a), você viverá transições como a substituição do atual modo de comunicação entre a tripulação e o controle de tráfego. Canais de voz devem ser substituídos por canais de dados, com reflexo garantido nas regras de tráfego aéreo. Transmissão de ícones em lugar de palavras, verdadeiros ideogramas, que eventualmente surgirão em uma tela na cabine para orientar o piloto como uma nova forma de fraseologia. Outra mudança já está em curso veloz, qual seja, a transição da navegação baseada em equipamentos eletrônicos no solo, para a navegação orientada por dispositivos em órbita. Isso implica a obsolescência dos radares, com novo reflexo nas regras de tráfego aéreo. Como se pode concluir, a habilidade de absorver novos processos e modos de pensar a aviação civil será fundamental para o profissional que esperamos formar. Por esse motivo, destinamos essa obra a todos os que se preparam para a dinâmica vigorosa da aviação civil, que desejam estar atualizados e que procuram sempre aperfeiçoar seu trabalho. Para você, um abraço e o meu desejo de um estudo proveitoso e agradável! Professor Marcos Fernando Severo de Oliveira. book.indb 8 01/12/14 11:30 9 Habilidades Seções de estudo Capítulo 1 Aviação civil: acordos e organismos internacionais Seção 1: Origens Seção 2: A convenção de Chicago Seção 3: Os anexos técnicos e suas publicações complementares Seção 4: Mais acordos relevantes e organismos de interesse Acompanhar o desenvolvimento histórico das organizações reguladoras de âmbito internacional. Interpretar os Anexos e Emendas da ICAO. Identificar o âmbito de atuação dos principais órgãos reguladores estrangeiros. book.indb 9 01/12/14 11:30 10 Capítulo 1 Seção 1 Origens Aprofundar o estudo da aviação exige entender não só o nosso presente de inovação tecnológica constante, mas também conhecer um passado igualmente dinâmico e rico, ainda que relativamente recente. Uma vez que você tenha entendido a origem e a evolução de determinado aspecto da aviação, poderá antever seus desdobramentos futuros. Assim, será capaz de adquirir as habilidades necessárias para estar preparado em face de novos cenários. Mesmo nos primórdios da aviação, quando os aviões eram feitos de madeira, tecido e arame, já se cogitava uma regulação que transcendesse as fronteirasnacionais. Com esse objetivo, em 1910 houve a primeira conferência com vistas a conceber um código aéreo internacional. A conferência foi realizada em Paris, onde 18 estados europeus celebraram um acordo de regras básicas. Os conflitos mundiais da primeira metade do século XX aceleraram sobremaneira o desenvolvimento tecnológico da nossa área de estudo e, no mesmo passo, tornaram ainda mais evidente a conveniência de uma harmonia regulatória. (FAA, 2008). Todavia, mesmo após a Primeira Guerra, esses esforços continuaram paroquiais, sendo a mais destacada tentativa realizada novamente em Paris, que culminou com a celebração de um tratado específico, no bojo da Conferência de Paz de 1919. Nesse encontro, só participaram as potências vitoriosas no conflito, sendo que, dos 38 participantes, só 26 assinaram a então denominada Convenção Aérea Internacional. A seguir, a denominação dos atos internacionais advinda da Convenção Aérea Internacional: Denominação dos atos internacionais Tratado: designação genérica para qualquer acordo internacional, bilateral ou multilateral, com relevância política superior. Convenção: atos multilaterais, concebidos em conferências, que disciplinam matérias que são, por sua própria natureza, de interesse de qualquer país. Acordo: designação genérica, ainda que boa parte da doutrina entenda que deva ser aplicada para nomear atos bilaterais ou multilaterais de âmbito reduzido e de importância secundária. book.indb 10 01/12/14 11:30 11 Regulamento de Tráfego Aéreo e Comunicações Aeronáuticas Foi a Segunda Guerra Mundial que forçou um notável salto qualitativo e quantitativo (LAUNIUS, 1999) na busca de uma regulação internacional. Como resultado do gigantesco esforço bélico, ao término do conflito restou um excedente de produtos, capacidade industrial e mão de obra qualificada, prontos para imediato emprego no mercado. Assim, rapidamente surgiu uma indústria configurada para produção em escala de aeronaves de transporte, grande quantidade de cargueiros disponíveis e um fabuloso excedente militar de pilotos formados pelas forças armadas e destinados ao regresso à vida civil. Grande parte dessa capacidade de produção foi absorvida pela indústria de transporte, a qual contava, a partir do final da Guerra, com outro incentivo mercadológico: vasto número de potenciais consumidores, então já familiarizados com o transporte aéreo, pois contemplaram, durante os tenebrosos anos de guerra, um massivo e nunca visto deslocamento de pessoas e produtos pelo ar e por longas distâncias. A nova tentativa de estabelecer um marco regulatório internacional foi resultado de estudos elaborados, ainda durante a Guerra, pelo governo dos Estados Unidos. O trabalho foi divulgado por via diplomática somente para os países aliados, os quais, após deliberações, decidiram que 55 países seriam convidados para uma conferência sobre aviação civil a ser realizada tão logo possível. O encontro iniciou em novembro de 1944, em Chicago, durou cinco semanas e contou com a participação de 52 estados. Seção 2 A convenção de Chicago Os 52 participantes da convenção de Chicago concordaram em aceitar regras gerais, as quais visavam a garantir, para a aviação civil, um desenvolvimento seguro, ordenado, economicamente sólido e pautado pela igualdade de oportunidades para a iniciativa empresarial dos países signatários. Essa vontade política foi materializada em um documento intitulado Convenção de Aviação Civil Internacional. Mais conhecido por “Convenção de Chicago”, possui noventa e seis artigos que estabelecem procedimentos padronizados para navegação aérea, infraestrutura aeroportuária e controle alfandegário, com o propósito de estimular o trânsito de pessoas e mercadorias. book.indb 11 01/12/14 11:30 12 Capítulo 1 A assembleia decidiu, também, criar um organismo permanente para promover os princípios acordados: a Organização da Aviação Civil Internacional ou International Civil Aviation Organization (ICAO). A cidade de Montreal, sede da ICAO, abriga as instalações de seu escritório central, onde são discutidos os futuros acordos e arquivados os atos internacionais compromissados (MACKENZIE, 2010). Nesse espaço, são elaborados procedimentos padronizados para aplicação pelos países contratantes, em termos de aspectos operacionais, legais e econômicos, sempre com a finalidade de alcançar os objetivos da organização previstos na Convenção de Chicago. A qualificação de contratante ou signatário tem uma boa justificativa: no cenário político mundial não há, ao menos formalmente, relação de hierarquia entre os estados. É por esse motivo que os países assinam um contrato entre si, o qual pode ser posteriormente repelido, pois os estados são soberanos. Segundo a Convenção de Chicago, a ICAO deve promover princípios, desenvolver a técnica de navegação aérea internacional e estimular o desenvolvimento de transportes aéreos internacionais, com o fito de: • alcançar um desenvolvimento seguro e ordeiro da aviação civil internacional no mundo; • incentivar o avanço tecnológico das aeronaves e sua operação para fins pacíficos; • estimular o desenvolvimento de aerovias, aeroportos e facilidades à navegação aérea na aviação civil internacional; • satisfazer às necessidades dos povos do mundo no tocante ao transporte aéreo seguro, regular, eficiente e econômico; • evitar o desperdício de recursos econômicos causados por competição desleal; • assegurar que os direitos dos estados contratantes sejam plenamente respeitados, e que todo estado contratante tenha uma oportunidade equitativa de operar empresas aéreas internacionais; • evitar a discriminação indevida entre os estados contratantes; • contribuir para a segurança dos voos na navegação aérea internacional; • fomentar, de modo geral, o desenvolvimento de todos os aspectos da aviação civil internacional. Repelido A expressão que designa essa recusa é denúncia de tratado, convenção, protocolo etc. book.indb 12 01/12/14 11:30 13 Regulamento de Tráfego Aéreo e Comunicações Aeronáuticas A ICAO acabou por assumir o papel de agência especializada da ONU e, por isso, adquiriu o status de entidade multilateral de referência nos assuntos relativos à aviação civil. Sua estrutura organizacional é semelhante à da própria ONU, com a relevante diferença de não existir um colegiado composto por representantes de estados signatários com direito a veto, como ocorre no Conselho de Segurança das Nações Unidas. Os estados contratantes devem se reunir ao menos uma vez a cada três anos, sendo atribuído um voto para cada país. A Assembleia da ICAO é seu corpo deliberativo principal. O Conselho da ICAO é um colegiado permanente, composto por representantes de 33 estados signatários, eleitos para mandatos de três anos. Esse órgão atua como administrador responsável pela efetivação de tudo o que foi deliberado na Assembleia da ICAO e, para atingir esse fim, conta com comissões e uma secretaria com seus departamentos. As comissões são compostas de membros escolhidos pelo conselho a partir de listas apresentadas pelos estados contratantes. Por eleição, o Conselho da ICAO pode designar alguns de seus próprios membros para compor uma das sete comissões. As comissões tratam dos seguintes assuntos: • navegação aérea; • transporte aéreo; • questões jurídicas; • recursos humanos; • prestação conjunta de serviços de navegação aérea; • interferência ilícita; • finanças. Entende-se por interferência ilícita (unlawful interference), na área de aviação, certas ações intencionais exemplificadas por: destruir ou danificar gravemente uma aeronave, atuar de forma a colocar em risco pessoas a bordo ou no solo, expor alguém a risco e danificando auxílios à navegação aérea ou transmitindo informações falsas à tripulação. A Secretaria da ICAO responde pelo apoio técnico e administrativo ao conselho. É presidida por um Secretário- Geral escolhidopelo conselho e responsável por supervisionar cinco repartições (bureaux) representadas no organograma a seguir: Secretaria da ICAO Administração, navegação aérea, transporte aéreo, assistência técnica e apoio jurídico. book.indb 13 01/12/14 11:30 14 Capítulo 1 Figura 1.1 – Organograma da ICAO SECRETARIA CONSELHO DA ICAO ASSEMBLEIA DA ICAO - Comissão de Navegação Aérea - Comitê de Transporte Aéreo - Comitê Jurídico - Comitê de Apoio Conjunto aos Serviços de navegação Aérea - Comitê de Recursos Humanos - Comitê Financeiro - Comitê de Interferência Ilícita - Departamento de Navegação Aérea - Departamento de Transporte Aéreo - Departamento de Assistência Técnica - Departamento Jurídico - Departamento Administrativo Fonte: Adaptação e tradução de JAA (2007). Enquanto curiosidade, você sabia que a Organização das Nações Unidas (ONU), hoje com 192 membros, foi fundada em 1945, sendo, portanto, mais nova que a sua agência especializada em aviação. A ICAO conta, atualmente, com 190 membros. Agora que você sabe como surgiu a Organização da Aviação Civil Internacional e conhece a sua estrutura, já pode traçar a rota para o domínio de suas publicações! Mas antes disso, leia a Convenção de Aviação Civil Internacional (Convenção de Chicago), que pode ser encontrada em nosso Espaço UnisulVirtual de Aprendizagem (EVA). Depois, digite ICAO no dispositivo de busca na internet de sua preferência e navegue pelas páginas da ICAO. Você contará com os seguintes benefícios: vai aprimorar seu inglês e ainda saberá como manter atualizado seu patrimônio intelectual! book.indb 14 01/12/14 11:30 15 Regulamento de Tráfego Aéreo e Comunicações Aeronáuticas Seção 3 Os anexos técnicos e suas publicações complementares Você deve estar curioso(a) em saber o significado de “anexo” no contexto desse capítulo introdutório, pois o termo já foi citado algumas vezes. Podemos elucidar esse ponto e, ao mesmo tempo, conhecer outras expressões frequentes em tráfego aéreo, a partir do art. 37 da Convenção de Aviação Civil Internacional, concluída em 7 de dezembro de 1944 e firmada pelo Brasil em 29 de maio de 1945: Art. 37: Adoção de normas e processos internacionais: Os Estados Contratantes se comprometem a colaborar a fim de lograr a maior uniformidade possível em regulamentos, padrões, normas e organização relacionadas com as aeronaves, pessoal, aerovias e serviços auxiliares, em todos os casos em que a uniformidade facilite e melhore a navegação aérea. Para este fim, a Organização Internacional de Aviação Civil adotará e emendará, oportunamente, segundo a necessidade, as normas internacionais e as práticas e processos relativos aos pontos seguintes: (a) Sistema de comunicação e auxílio à navegação aérea, inclusive as marcações terrestres; (b) Características de aeroportos e áreas de pouso; (c) Regras de tráfego e métodos de controle de tráfego aéreo; (d) Licenças para o pessoal de vôo e mecânicos; (e) Navegabilidade das aeronaves; (f) Registro e matrícula de aeronaves; (g) Coleta e troca de dados meteorológicos; (h) Livros de bordo; (i) Mapas e cartas; (j) Formalidades de alfândega e de imigração; (k) Aeronaves em perigo e investigação de acidentes; Assim como todas as sugestões relacionadas com a segurança, regularidade e eficiência de navegação aérea que oportunamente forem necessárias. (BRASIL, 1946, grifo nosso). As orientações técnicas que visam à uniformidade de ações, sempre que uma padronização seja melhor para a navegação aérea, são designadas pela expressão “normas e práticas recomendadas”. São comumente referidas como Standards and Recommended Practices (SARPs). book.indb 15 01/12/14 11:30 16 Capítulo 1 Leia, novamente, o que está destacado em negrito no art. 37 da Convenção de Chicago. Você pode constatar que os estados contratantes se comprometeram a colaborar, a fim de lograr a maior uniformidade possível em regulamentos. Não se trata de cumprir estritamente, com o fim de alcançar um determinado objetivo. Assim, fica assegurada certa flexibilidade a qual acaba por contemplar as diferenças regionais e as especificidades de cada país contratante, em termos de geografia, recursos econômicos, configuração política etc. Uma vez que a aviação é caracterizada pelo dinamismo, não é possível que todos os procedimentos, normas e metodologias sejam igualmente adotados pela totalidade dos estados contratantes, ao menos em um primeiro momento. Assim, a ICAO divulga SARPs na forma de documentos anexados à Convenção de Chicago. Por conta do método de divulgação adotado pela ICAO, os Anexos (Annex) não exigem o mesmo grau de aderência, não obrigando os estados contratantes com a mesma força vinculante da Convenção de Chicago. Como vimos, as orientações técnicas da ICAO apresentam dois núcleos distintos de significado em sua designação: • podem ser normas a seguir (standards); ou, • práticas recomendadas (recommended practices). Ambos estão fundamentados em especificações relativas a desempenho, procedimentos, materiais, configuração, desenho, propriedades físicas e aptidões pessoais voltadas para a navegação aérea internacional. Mas as semelhanças são somente essas, pois as normas são reconhecidas como necessárias para a segurança ou regularidade da navegação aérea internacional e devem ser seguidas, como prevê a Convenção de Chicago; sendo obrigatório notificar o Conselho da ICAO quando não for possível seu cumprimento, conforme o art. 38 da Convenção de Aviação Civil Internacional. (BRASIL, 1946). As práticas recomendadas são reconhecidas como desejáveis. No interesse da segurança, regularidade ou eficiência da navegação aérea internacional, sendo que os estados contratantes irão envidar esforços para alcançá-las. Agora você já pode concluir que a Convenção de Chicago vincula os estados contratantes nos termos das cláusulas previstas em seus artigos, ao passo que as normas podem não ser cumpridas, desde que atendidas determinadas condições, e, por fim, as práticas recomendadas são objetivos a buscar com diligência, de acordo com o Anexo 2. (BRASIL, 2005). book.indb 16 01/12/14 11:30 17 Regulamento de Tráfego Aéreo e Comunicações Aeronáuticas Os Anexos que divulgam as SARP’s são os seguintes: Anexo 1 – Licenças Anexo 2 – Regras do Ar Anexo 3 – Serviços de Informação Meteorológica Anexo 4 – Cartas Aeronáuticas Anexo 5 – Unidades de Medida Anexo 6 – Operação de Aeronaves Anexo 7 – Registros e Marcas de Nacionalidade de Aeronaves Anexo 8 – Requisitos de Aeronavegabilidade Anexo 9 – Facilidades (disponibilidade de meios) Anexo 10 – Telecomunicações Aeronáuticas Anexo 11 – Serviços de Tráfego Aéreo Anexo 12 – Busca e Salvamento Anexo 13 – Investigação de Acidentes Anexo 14 – Aeródromos Anexo 15 – Serviços de Informação Aeronáutica Anexo 16 – Proteção Ambiental Anexo 17 – Segurança: Proteção da Aviação Civil Internacional contra Atos de Interferência Ilícita Anexo 18 – Salvaguardas para o Transporte Aéreo de Mercadorias Perigosas Anexo 19 – Gerenciamento de Segurança Operacional book.indb 17 01/12/14 11:30 18 Capítulo 1 Você deve adquirir familiaridade com esses documentos. Seja como piloto, gerente ou analista, saber como fundamentar suas decisões é essencial para sua carreira e para a segurança das operações. Sobretudo, o desrespeito ao preconizado nos Anexos pode acarretar a perda inestimável de vidas. Em segundo lugar, um acidente aeronáutico traz consequências jurídicas e mercadológicas capazes de levar à falência uma empresa e ao fim de seus postos de trabalho! A ICAO publica outros documentos além dos Anexos à Convenção de Chicago. São oferecidos periódicos sobre Economia, tecnologia e Direito, sempre centrados na aviação civil internacional. Treinamento ou atualização por meio de manuais, programas de computador e vídeos, também são veiculados mediante pagamento. Mas não se preocupe em gastar com isso, por enquanto. Na Midiateca, vocêencontrará documentos como: PANS_OPS - Procedimentos de Navegação Aérea e Operação de Aeronaves; PANS_ ATM - Procedimentos de Navegação Aérea e Gerenciamento de Tráfego Aéreo. Seção 4 Mais acordos relevantes e organismos de interesse Sua profissão está ligada a um leque de organizações multilaterais de caráter regulador; algumas com pretensão global, outras, claramente regionais. Mesmo entre as agências de atuação doméstica, existem aquelas que são modelares, cujas decisões servem de paradigma e ajudam a traçar o futuro da regulação aeronáutica nos estados. Há agências de regulação, execução, investigação, pesquisa e desenvolvimento, e ainda aquelas que combinam essas tarefas. Entre esses organismos, alguns estão submetidos diretamente ao poder executivo de seus estados, enquanto outros detêm grande autonomia. Podem estar fundados em acordos bilaterais, multilaterais de âmbito global ou regional. Segurança Você sabia que traduzir “segurança” para o inglês implica distinguir safety de security? Mormente, em aviação, safety significa estar livre de riscos e security expressa o estado daquilo que está protegido contra ataques (crimes). book.indb 18 01/12/14 11:30 19 Regulamento de Tráfego Aéreo e Comunicações Aeronáuticas Antes de encerrar esse capítulo introdutório, você precisa conhecer os organismos e acordos principais, de sorte que poderá, então, situar no contexto adequado as questões que serão apresentadas para sua decisão na qualidade de graduado em Ciências Aeronáuticas. Faça uma busca na internet e visite os sítios dos organismos abaixo, não se esquecendo de pesquisar e ler as demais convenções. • ECAC: European Civil Aviation Conference; • JAA: Joint Aviation Authorities; • EUROCONTROL; • FAA: Federal Aviation Administration; • NTSB: National Transportation Safety Board; • BEA: Bureau d’Enquêtes et d’Analyses; • Convenção de Varsóvia; • Convenção de Montreal. Vejamos um pouco sobre cada uma delas: ECAC, fundado em 1955, congrega, com o suporte da ICAO e da União Europeia, 44 países europeus. Seu propósito é promover o desenvolvimento contínuo, seguro e sustentável do transporte aéreo na Europa, harmonizar políticas entre seus membros e promover entendimento. JAA é um organismo associado à ECAC que reúne as agências reguladoras da aviação civil europeias. Seu objetivo é desenvolver e aplicar um conjunto de normas e práticas de segurança (safety), melhorar a eficiência das empresas e promover a cooperação internacional. EUROCONTROL é uma agência executiva que responde pelo controle de tráfego aéreo nas camadas atmosféricas superiores do território europeu e pelo gerenciamento do fluxo de aeronaves. O controle de tráfego aéreo traduz a atividade de evitar colisões e acelerar ordenadamente o fluxo de aeronaves, em escopo tático, em tempo real. Já o gerenciamento de fluxo opera em perspectiva estratégica, objetivando evitar a sobrecarga de meios pela alocação prévia de rotas, horários e quantidade de aeronaves. O gerente de fluxo deve estar sempre atento a mudanças de cenário para intervir tempestivamente e evitar o “caos aéreo”. FAA é uma agência regulatória e executiva de aviação civil em inúmeros aspectos. É subordinada ao Departamento de Transporte dos Estados Unidos. Regula a infraestrutura aeroportuária e de navegação aérea doméstica, exerce o controle do tráfego aéreo e o gerenciamento de fluxo, emite certificados profissionais e homologa instalações e equipamentos. book.indb 19 01/12/14 11:30 20 Capítulo 1 NTSB é uma autarquia vinculada ao poder legislativo dos Estados Unidos, que exerce a fiscalização e a investigação dos meios de transporte domésticos, desde oleodutos até aviação. Uma vez que opera com independência do poder executivo, suas análises são muito respeitadas. BEA é uma divisão administrativa vinculada por linha de assessoria ao Ministro dos Transportes da França. É responsável pela investigação de acidentes e incidentes envolvendo aviação civil. Ganhou certa notoriedade no Brasil a partir do acidente do voo AF447, que caiu no Oceano Atlântico, em 1º de junho de 2009, a 565 Km da costa brasileira. A Convenção de Varsóvia remonta ao ano de 1929 e trata da responsabilidade civil do transportador, já a Convenção de Montreal, de 1971, regula as formas de repressão de atos ilegais e prejudiciais à segurança da aviação civil. Ao longo do século XX foram realizadas outras convenções relativas à aviação civil, as quais acabaram por ser referidas pelo nome das cidades que as acolheram: Bruxelas, Tókio, Genebra, Guadalajara, Guatemala. Ocorre que as temáticas tratadas fogem ao escopo da nossa Unidade de Aprendizagem, por esse motivo são apenas ora referidas. Síntese Nesse capítulo, você descobriu como necessidades de locomoção das pessoas e as demandas empresariais se aliaram a inovações tecnológicas e circunstâncias históricas para criar, em um curto espaço de tempo, um novo mercado de transporte aéreo baseado em aeronaves de asa fixa. Encerrada a era dos charmosos dirigíveis, o novo modo de deslocamento aéreo entrou na vida das pessoas com eficiência globalizada e suficiente para retirar da navegação marítima o importante mercado do transporte de passageiros e, até mesmo, competir no transporte de certos tipos de mercadorias. Uma atividade econômica dessa magnitude precisa de regulação para funcionar adequadamente. Uma das dimensões dessa atividade é o tráfego de aeronaves, cujo regramento, assim como acontece com o movimento dos automóveis nas estradas e o trânsito dos navios nos mares, demanda um conjunto de normas de alcance global. Como cada país possui características geográficas, econômicas e políticas diferentes, essas normas precisam respeitar essas particularidades e, ao mesmo tempo, garantir a aplicação de princípios universais necessários para a manutenção de um fluxo seguro, econômico e rápido de aeronaves. book.indb 20 01/12/14 11:30 21 Regulamento de Tráfego Aéreo e Comunicações Aeronáuticas Nesse capítulo, você aprendeu sobre como surgiram os estatutos gerais da aviação civil, seus conteúdos e a forma como são atualizados. Depois disso, conheceu os organismos que tratam da evolução normativa em âmbito mundial e regional (Europa e Estados Unidos). Esse conhecimento garantirá sua autonomia para, no seu futuro profissional, manter seu patrimônio intelectual atualizado e, assim, exercer juízos críticos bem fundamentados. O transporte aéreo internacional exige uma uniformização de normas e procedimentos. Os estados buscam esse objetivo principalmente através da ICAO, cujos documentos norteadores, os anexos, divulgam normas e práticas recomendadas. Os estados signatários da convenção de Chicago aplicam o preconizado nos anexos por meio de agências ou departamentos de naturezas e funções variadas. Entidades multilaterais de âmbito regional colaboram em esforço comum para assegurar um fluxo de tráfego aéreo seguro, rápido e sustentável. Acesse o EVA para leituras complementares, visualização de multimídia e realização de atividades colaborativas referentes ao tema abordado nesse capítulo. Atividades de Autoavaliação 1) Qual o resultado da Convenção de Chicago? a) ( ) Os 19 Anexos. b) ( ) A Convenção de Aviação Civil Internacional. c) ( ) ICAO. d) ( ) Os procedimentos padronizados de navegação aérea. e) ( ) As regras do ar. book.indb 21 01/12/14 11:30 22 Capítulo 1 2) Qual sentença melhor descreve o termo “ICAO”? a) ( ) Consolidação das normas internacionais de aviação civil. b) ( ) Organização da Aviação Comercial Internacional. c) ( ) Conselho de países proeminentes na aviação civil internacional. d) ( ) Organismo especializado em aviação civil vinculado à ONU. e) ( ) Associação das empresas de transporte aéreo internacional. 3) No sentido de security, qual das situações abaixo é uma questão de segurança? a) ( ) Uma pane nos radares.b) ( ) Um voo em zona cega e sem contato por rádio. c) ( ) Um piloto estrangeiro incapaz de conversar em inglês com o controlador de tráfego aéreo. d) ( ) Um funcionário do aeroporto pede, usando um comunicador portátil, a um colaborador para ser avisado do pouso de um avião de transporte de valores. e) ( ) Uma pista de pouso molhada e muito escorregadia. 4) Qual alternativa não apresenta erro? a) ( ) A FAA está subordinada ao Departamento de Defesa. b) ( ) EUROCONTROL é o órgão responsável pelo controle de todo o espaço aéreo continental da Europa. c) ( ) O BEA está vinculado ao parlamento da França. d) ( ) A FAA é uma divisão da Força Aérea Americana. e) ( ) O NTSB é independente do poder executivo. book.indb 22 01/12/14 11:30 23 Habilidades Seções de estudo Capítulo 2 Normas internas e Administração Pública Seção 1: Internalização das normas internacionais Seção 2: Distribuição de competências Seção 3: Pessoas Seção 4: Aeródromos Seção 5: Aeronaves Entender o processo de incorporação ao ordenamento pátrio das normas criadas por organismos multilaterais de regulação da aviação civil internacional. Identificar as autoridades aeronáuticas nacionais e distinguir suas competências administrativas. Conhecer os requisitos padronizados exigidos para pilotos, aeronaves e aeródromos. book.indb 23 01/12/14 11:30 24 Capítulo 2 Seção 1 Internalização das normas internacionais É hora de conhecer as formas de incorporação dos tratados internacionais e das normas deles decorrentes, como os Anexos, em nosso ordenamento jurídico. Nesta seção, veremos que uma norma pode adquirir eficácia imediatamente, ou, pelo contrário, como a maior parte dos tratados, deverá passar por algumas etapas antes de vigorar no âmbito interno. Esse vigor pode ser exercido com a força de uma norma constitucional, lei complementar, lei ordinária ou mesmo de uma portaria. A vigência interna faz surgir portarias, instruções, circulares e outras figuras normativas infralegais. Ainda que não seja o caso de mergulharmos profundamente no direito internacional, não podemos olvidar que as regras de tráfego aéreo fazem parte do direito administrativo e, portanto, devemos conhecer as consequências normativas da adesão brasileira à Convenção de Chicago segundo essa ótica. Existe uma hierarquia entre normas: no topo da pirâmide, a norma fundamental, a Constituição, seguida das leis complementares e das leis ordinárias. Por último estão decretos, portarias e outras espécies de atos administrativos. Moraes (2003) nos informa de uma divergência já antiga sobre a paridade entre leis complementares e leis ordinárias. Ainda que essa discussão seja de pouca relevância para o objeto de nosso estudo nesta Unidade de Aprendizagem, é bom saber que ela existe. book.indb 24 01/12/14 11:30 25 Regulamento de Tráfego Aéreo e Comunicações Aeronáuticas Figura 2.1 – Hierarquia normativa brasileira SECRETARIA CONSELHO DA ICAO ASSEMBLEIA DA ICAO - Comissão de Navegação Aérea - Comitê de Transporte Aéreo - Comitê Jurídico - Comitê de Apoio Conjunto aos Serviços de navegação Aérea - Comitê de Recursos Humanos - Comitê Financeiro - Comitê de Interferência Ilícita - Departamento de Navegação Aérea - Departamento de Transporte Aéreo - Departamento de Assistência Técnica - Departamento Jurídico - Departamento Administrativo CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA (mais emendas constitucionais e tratados sobre direitos humanos posteriores à Emenda 45/2004). LEIS DELEGADAS LEIS DELEGADAS SENTENÇAS CONTRATOS MEDIDAS PROVISÓRIAS NORMAS SUPRALEGAIS (tratados sobre direitos humanos anteriores à Emenda 45/2004) LEIS COMPLEMENTARES LEIS ORDINÁRIAS E TRATADOS INTERNACIONAIS Fonte: Brasil (1988). Internação, internalização, incorporação e recepção são palavras que designam o processo que leva à criação de uma norma doméstica correspondente a um acordo celebrado no âmbito do concerto entre estados soberanos. Primeiro, vamos conhecer o processo de maior magnitude jurídica, determinado na Lei Máxima de nosso país, a Constituição da República. Vamos fazê-lo a partir do seu art. 5º, o qual, por ser muito extenso, será exposto de forma abreviada: book.indb 25 01/12/14 11:30 26 Capítulo 2 Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: I - homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta Constituição; [...] LXXVIII - a todos, no âmbito judicial e administrativo, são assegurados a razoável duração do processo e os meios que garantam a celeridade de sua tramitação. § 1º - As normas definidoras dos direitos e garantias fundamentais têm aplicação imediata. § 2º - Os direitos e garantias expressos nesta Constituição não excluem outros decorrentes do regime e dos princípios por ela adotados, ou dos tratados internacionais em que a República Federativa do Brasil seja parte. § 3º Os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que forem aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos membros, serão equivalentes às emendas constitucionais. (BRASIL, 1988, grifo nosso). A leitura do artigo, especialmente o que foi destacado em negrito, permite a você algumas conclusões sobre o status normativo. Segundo Dallari (2003), os tratados sobre temas diversos daqueles afetos aos direitos humanos são internalizados como normas infraconstitucionais. É o caso da Convenção de Chicago, já recepcionada pela Constituição. Em relação ao momento de eficácia da norma, para entender essa determinação constitucional, considere a hipótese de substituição da Convenção de Chicago por dois novos diplomas: • um, tratando da aviação civil comercial; e • outro, da aviação civil particular. Se isso ocorresse, segundo o art. 5º e seus parágrafos, essas hipotéticas convenções não ganhariam eficácia tão logo fossem ratificadas, pois só as normas definidoras dos direitos e garantias fundamentais têm aplicação imediata, não dependendo de produção legislativa para adquirir eficácia. Recepcionada Recepção é o instituto que permite ao novo ordenamento constitucional receber, em seu repertório de normas válidas e eficazes, todas as normas anteriores à Constituição vigente que forem com ela compatíveis. book.indb 26 01/12/14 11:30 27 Regulamento de Tráfego Aéreo e Comunicações Aeronáuticas De acordo com Saleme e Costa (2007, p. 122): [...] embora seja possível expressar o consentimento em obrigar- se por um tratado mediante assinatura ou firma, na atualidade é comum a exigência de ratificação. Este é o ato internacional mediante o qual um estado confirma seu consentimento em obrigar-se a um tratado internacional mediante a troca de instrumentos de ratificação ou seu depósito junto a um estado ou organização internacional. Então, qual o caminho que uma futura Convenção de Chicago deverá traçar para ingressar em nosso ordenamento jurídico-administrativo com eficácia, isto é, obrigando a todos os envolvidos, notadamente o governo, as empresas e os trabalhadores do setor? A resposta está no art. 49 da Constituição: “Art. 49. É da competência exclusiva do Congresso Nacional: I - resolver definitivamente sobre tratados, acordos ou atos internacionais que acarretem encargos ou compromissos gravosos ao patrimônio nacional; [...].” (BRASIL, 1988). Você certamente já leu os 96 artigos da Convenção de Aviação Civil Internacional (BRASIL, 1946) e percebeu alguns encargos e compromissos gravosos. Então, cabe ao Congresso Nacional decidir definitivamente a aceitação de eventual inovação dessa qualidade. Esse dever legislativo é cumprido mediante um Decreto do Legislativo, promulgado pelo Presidente doSenado Federal, aprovando o compromisso e autorizando o Presidente da República a ratificá-lo. Rocha (1996) esclarece que o chefe do poder executivo, por seu turno, ratifica e promulga o que foi convencionado mediante um decreto do Executivo, trazendo o acordo internacional para a ordem jurídica interna, com vigência e hierarquia de lei federal. Seção 2 Distribuição de competências Você está vivendo uma época de mudanças significativas na Administração Pública brasileira, em tudo que se refere à aviação civil. Leis e regulamentos que concretizam as previsões de acordos internacionais estão sendo modificados, seja pela via rápida das tão frequentes medidas provisórias, seja por decretos ou Encargos e compromissos gravosos Despesas com busca e salvamento de aeronaves perdidas, por exemplo. book.indb 27 01/12/14 11:30 28 Capítulo 2 instruções normativas. Competências administrativas transitam de um órgão a outro, ao passo que novas secretarias são criadas, de sorte que competências cruzadas acabam surgindo. Você encontrará, recorrentemente, um mesmo tema sendo disciplinado em duas esferas administrativas completamente diferentes! A atual distribuição de competências voltadas à Administração Pública da aviação civil no Brasil encontra fundamento na Lei 10.683 de 28 de maio de 2003 (BRASIL, 2003), com suas alterações posteriores. Esse diploma, resultado de conversão de medida provisória, foi modificado em 2011 pelo mesmo hábito legislativo e representa o estágio atual de um processo de redistribuição de competências iniciado com criação do Ministério da Defesa, em 1999. (BRASIL, 2011). A última modificação tratou de vários assuntos afetos à organização da Presidência da República, e, em alguns poucos dispositivos, acabou por disparar mudanças importantes na aviação brasileira: retirou do Ministério da Defesa a competência da gestão da infraestrutura aeroportuária e criou a Secretaria de Aviação Civil. Mas existe um modo de orientação seguro para navegar nessa paisagem normativa em constante mutação: conheça os anexos à Convenção de Chicago e acompanhe a evolução normativa doméstica, visitando, periodicamente, os sítios na internet dos departamentos, secretarias e agências que você vai conhecer na seção a seguir. 2.1 Secretaria de Aviação Civil da Presidência da República – SAC Criada pela Medida Provisória 527, de 18 de março de 2011, convertida na Lei 12.462 (BRASIL, 2011), a SAC tem as seguintes competências: - formular, coordenar e supervisionar as políticas para o desenvolvimento do setor de aviação civil e das infraestruturas aeroportuária e aeronáutica civil, em articulação, no que couber, com o Ministério da Defesa; - elaborar estudos e projeções relativos aos assuntos de aviação civil e de infraestruturas aeroportuária e aeronáutica civil e sobre a logística do transporte aéreo e do transporte intermodal e multimodal, ao longo de eixos e fluxos de produção, em articulação com os demais órgãos governamentais competentes; - formular e implementar o planejamento estratégico do setor, definindo prioridades dos programas de investimentos; - elaborar e aprovar os planos de outorgas para exploração da infraestrutura aeroportuária, ouvida a Agência Nacional de book.indb 28 01/12/14 11:30 29 Regulamento de Tráfego Aéreo e Comunicações Aeronáuticas Aviação Civil – ANAC; - propor ao presidente da república a declaração de utilidade pública, para fins de desapropriação ou instituição de servidão administrativa, dos bens necessários à construção, manutenção e expansão da infraestrutura aeronáutica e aeroportuária; - administrar recursos e programas de desenvolvimento da infraestrutura de aviação civil; - coordenar os órgãos e entidades do sistema de aviação civil, em articulação com o Ministério da Defesa, no que couber; - transferir para Estados, Distrito Federal e Municípios a implantação, administração, operação, manutenção e exploração de aeródromos públicos, direta ou indiretamente. A SAC desenvolve essas atividades por meio de três divisões administrativas. São, de fato, subsecretarias que foram designadas por secretarias na Lei 12.462. (BRASIL, 2011). Vamos aprender sobre suas competências administrativas em seguida. A (sub)Secretaria de Aeroportos é competente para: - coordenar os órgãos responsáveis pela gestão da infraestrutura aeroportuária; - formular políticas para o desenvolvimento e gestão da infraestrutura aeroportuária; - elaborar o plano plurianual de investimentos em infraestrutura aeroportuária e aeronáutica civil, em conjunto com a Secretaria de Navegação Aérea Civil; - planejar e acompanhar a execução de programas de investimentos em infraestrutura aeroportuária; - administrar a aplicação dos recursos do Programa Federal de Auxílio a Aeroportos (um programa destinado ao melhoramento, reaparelhamento, reforma e expansão de aeroportos e aeródromos de interesse estadual ou regional). (BRASIL, 2011). Compete à (sub)Secretaria de Navegação Aérea Civil, conforme o site da Secretaria de Aviação Civil (SECRETARIAS, 2014): • a coordenação dos órgãos responsáveis pela gestão, regulação e fiscalização da infraestrutura aeronáutica civil (DECEA, Infraero); • formular políticas para o desenvolvimento da infraestrutura aeronáutica civil; • planejar os investimentos federais em infraestrutura aeronáutica civil; book.indb 29 01/12/14 11:30 30 Capítulo 2 • implementar as políticas de desenvolvimento; • aplicar tecnologias que aumentem a eficiência da infraestrutura aeronáutica civil; • propor políticas para a Zona de Proteção de Aeródromos, área na qual o aproveitamento e o uso do solo sofrem restrições em prol da segurança das pessoas e das operações de voo, para os Planos Específicos de Zoneamento de Ruído e para a mitigação do perigo da avifauna nos aeródromos. São funções da (sub)Secretaria de Política Regulatória (SECRETARIAS, 2014): • coordenar os órgãos responsáveis por regulação e fiscalização; • propor políticas para delegação da infraestrutura aeroportuária; • propor políticas para a formação e a capacitação de recursos humanos; • propor políticas de regulação econômica de serviços aéreos, infraestrutura aeroportuária e aeronáutica civil, assim como para o desenvolvimento do mercado comum sul-americano de transporte aéreo; • elaborar o plano de outorga para exploração de infraestrutura aeroportuária; • propor a transferência por convênio para Estados, DF e Municípios da exploração de aeródromos públicos; • propor diretrizes para representação internacional no setor. As atribuições que você acabou de conhecer podem ser alteradas a qualquer momento, por medida provisória. Por isso, é importante fazer consultas regulares. book.indb 30 01/12/14 11:30 31 Regulamento de Tráfego Aéreo e Comunicações Aeronáuticas 2.2 Agência Nacional de Aviação Civil – ANAC Segundo Celso Antônio Bandeira de Mello (1998), a administração da aviação civil no Brasil é exercida de forma centralizada e descentralizada. Centralizadamente, quando exercida por órgãos diretamente ligados ao Poder Executivo federal. Seus dirigentes são subordinados hierarquicamente ao chefe desse poder, em uma cadeia de comando. Trata-se da execução direta de um serviço público, em nome do Estado, configurando uma administração direta. A forma descentralizada ocorre quando o Estado desempenha suas atribuições por meio de outras pessoas jurídicas, entidades que exercem uma administração indireta. (ALEXANDRINO; PAULO, 2008). É justamente dessa forma que atua a Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC). Criada pela Lei 11.182, de 27 de setembro de 2005 (BRASIL, 2005), a ANAC veio substituir o Departamento de Aviação Civil, um órgão integrante da administração direta que, até 1999, fizera parte do extinto Ministério da Aeronáutica. Como você pode perceber, houve uma transição não só da administração direta para a indireta, mas da gestão militar paraa civil. Vinculada finalisticamente à Secretaria de Aviação Civil da Presidência da República, a ANAC é uma autarquia especial de regime especial: por ser uma agência reguladora, detém privilégios específicos e maior autonomia em comparação com autarquias comuns. Portanto, apresenta independência administrativa e autonomia financeira, não estando subordinada hierarquicamente ao chefe do poder executivo e atuando como autoridade de aviação civil. Segundo a lei de criação, modificada pela MP nº 527 em 2011, que foi convertida na Lei n. 12.462 (BRASIL, 2011), cabe destacar as principais competências da ANAC, que são: • regular e fiscalizar as atividades de aviação civil e de infraestrutura aeronáutica e aeroportuária; • representar o Brasil em acordos, tratados e convenções internacionais relativas a assuntos de sua competência; • estabelecer um modelo de concessão de infraestrutura aeroportuária; • outorgar serviços de transporte aéreo, concedendo ou permitindo sua exploração comercial; • conceder homologações e certificados para aeronaves tripuladas, drones, aeroportos, empresas e profissionais de aviação civil. book.indb 31 01/12/14 11:30 32 Capítulo 2 Drones Veículos aéreos não tripulados (VANT): podem ser remotamente pilotados ou funcionar sem intervenção humana, mediante o emprego de controladores lógicos programáveis (computadores dedicados a uma tarefa específica). Vale destacar que não estão no campo de atuação da agência as atividades de investigação de acidentes aeronáuticos e o controle do espaço aéreo (tráfego aéreo). Essas atribuições foram distribuídas ao Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes (CENIPA) e ao Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA). 2.3 Departamento de Controle do Espaço Aéreo – DECEA Trata-se de órgão da administração direta, integrante da estrutura administrativa do Comando da Aeronáutica (FAB), o qual, por seu turno, integra o Ministério da Defesa. Segundo seu regulamento interno, ROCA 20-7 (BRASIL, 2013), o DECEA representa o núcleo de um sistema de controle de espaço aéreo, responsável por planejar, gerenciar e controlar atividades relacionadas com a proteção ao voo, serviços de busca e salvamento e telecomunicações no âmbito do Comando da Aeronáutica. Entre as atividades relacionadas à proteção das aeronaves em voo no espaço aéreo brasileiro, estão cartografia para aeronavegação, inspeções dos equipamentos que auxiliam a navegação, meteorologia aeronáutica, pesquisa, planejamento e formação de recursos humanos. Em um grau maior de detalhamento, o ROCA 20-7 (BRASIL, 2013) também determina: • apurar e julgar, por intermédio da Junta de Julgamento da Aeronáutica, as infrações às regras de tráfego aéreo previstas no Código Brasileiro de Aeronáutica (CBA) e na legislação complementar; bem como adotar as providências administrativas que incluam o processamento, a cobrança de multas, a aplicação de penalidades e o reconhecimento dos respectivos recursos; • processar a cobrança das Tarifas de Uso das Comunicações e dos Auxílios à Navegação Aérea e do Adicional Tarifário correspondentes; • homologar empresas para execução e/ou prestação de serviços relativos às suas atividades. book.indb 32 01/12/14 11:30 33 Regulamento de Tráfego Aéreo e Comunicações Aeronáuticas Atuando como gerente ou piloto, ainda conforme o ROCA 20-7 (BRASIL, 2013), você deve saber que existem isenções tarifárias para aeronaves nas seguintes situações ou missões: • militares e públicas brasileiras da Administração Direta Federal, Estadual, Municipal e do Distrito Federal; • privadas brasileiras utilizadas em serviços da Administração Indireta Federal, Estadual, Municipal e do Distrito Federal; • militares e as públicas de países estrangeiros, destinadas ao território nacional, em trânsito ou sobrevoo, quando em atendimento à reciprocidade de tratamento; • categorizadas como instrução ou histórica; • em voos de experiência ou de retorno por motivos de ordem técnica ou meteorológica; • civis engajadas em missão de Busca e Resgate, de Assistência, de Investigação e Acidentes Aeronáuticos e outras de caráter público, quando requisitadas pela autoridade competente. Como você sabe, organizações militares são, por natureza, objetos de despesa pública. Já o DECEA é uma organização militar sui generis, uma vez que gera receitas públicas pela cobrança de tarifas de navegação aérea. 2.4 Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos – CENIPA O Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (CENIPA) é um organismo diretamente vinculado por linha de assessoramento ao titular do Comando da Aeronáutica, portanto, trata-se de entidade da administração direta, pois esse comando militar está subordinado ao Ministério da Defesa. Não se pode afastar a possibilidade desse órgão seguir o mesmo caminho da ANAC (ex-DAC) ou da Infraero e tornar-se uma agência especial ou uma autarquia, com as mesmas funções hoje exercidas. Segundo o Decreto nº 87.249 (BRASIL, 1982), o CENIPA é núcleo de um sistema cuja finalidade é planejar, orientar, coordenar, controlar e executar as atividades de investigação e prevenção de acidentes aeronáuticos. Sistema Conjunto das pessoas físicas e jurídicas que participam da aviação brasileira e, portanto, têm a responsabilidade de prevenir acidentes. book.indb 33 01/12/14 11:30 34 Capítulo 2 Para o exercício dessas atividades, foram atribuídas ao CENIPA, conforme o Decreto nº 87.249, as seguintes funções (BRASIL, 1982): a orientação normativa do sistema; a supervisão técnica do desempenho da atividade sistêmica, através da análise dos relatórios e outros dados elaborados e encaminhados pelos elos do sistema; o controle da atividade sistêmica dos órgãos e elementos executivos; o provimento aos elos do sistema dos itens específicos necessários ao desempenho de sua atividade sistêmica; a busca permanente do desenvolvimento e da atualização de técnicas a serem adotadas pelo sistema, em face da constante evolução tecnológica da atividade aérea; a elaboração, a atualização e a distribuição das normas do sistema; a formação de pessoal para o exercício da atividade sistêmica. Os resultados da realização dessas atividades são relatórios sobre acidentes ou incidentes e, ainda, recomendações de segurança, sempre baseados em análises de natureza técnica e científica. Uma política e uma filosofia de segurança são cultivadas no meio aeronáutico por meio de seminários e cursos promovidos pelo órgão. Quando você puder, participe! Visite o sítio da CENIPA, na internet, e descubra como comunicar uma situação que você acha perigosa! Seção 3 Pessoas Seja em maior ou menor intensidade e abrangência, o Estado não pode deixar de atuar no domínio econômico. Se não o fizer, acabará por permitir aos agentes econômicos a possibilidade de ofertar um serviço ou produto abaixo dos padrões normalmente aceitos. Segundo Fiani (1998), o Estado está promovendo a regulação de uma atividade econômica quando substitui a decisão privada, por empresas ou profissionais, em prol de uma maior eficiência ou um comportamento de interesse público que não seriam alcançados naturalmente pela livre ação das forças do mercado. book.indb 34 01/12/14 11:30 35 Regulamento de Tráfego Aéreo e Comunicações Aeronáuticas Você agora vai conhecer a atuação do Estado brasileiro como regulador da atividade profissional das pessoas que, direta ou indiretamente, lidam com regras de tráfego aéreo e fraseologia aeronáutica. Essa atuação deve seguir as normas e recomendações previstas no Anexo I da ICAO. Isso nem sempre ocorre por conta das especificidades de cada país contratante e, nesses casos, deve ser notificado à ICAO a adoção de procedimentos que não atendam ou divirjam do disposto nos Anexos como standards (normas). A ICAO publica, para cada Anexo, um suplemento que contém as diferenças apresentadaspor todos os países. Esse procedimento permite que você, como profissional atuante na aviação civil internacional, possa planejar uma tarefa no exterior consoante as regras aplicáveis naquele espaço. Entre todos os suplementos, o do Anexo I (Supplement to Annex I) (ICAO, 2011) é o mais volumoso, o que demonstra a grande variedade de procedimentos de habilitação profissional no mundo. Veja, em seguida, como o Brasil procura alcançar os requisitos de qualificação profissional preconizados pela ICAO. 3.1 Pilotos Existe um currículo mínimo previsto no Anexo I (ICAO, 2011) para a formação teórica e prática de pilotos. A ANAC internaliza essa orientação por meio de manuais destinados às entidades de ensino, as quais oferecem cursos específicos para cada graduação de piloto ou natureza da habilitação almejada. Além de um nível mínimo de instrução teórica e de prática de voo, é exigido o atendimento de requisitos de idade, escolaridade, experiência e estado de saúde (aptidão psicofísica) para cada categoria. As condições físicas e psicológicas são periodicamente avaliadas por juntas de saúde específicas, com experiência em medicina aeroespacial, distribuídas nas principais unidades da Força Aérea. Esse exame também pode ser realizado no Centro de Medicina Aeroespacial (CEMAL), um organismo do Comando da Aeronáutica. book.indb 35 01/12/14 11:30 36 Capítulo 2 Mas qual seria a melhor alternativa? Concentrar as funções de normatizar, executar e investigar em um mesmo órgão ou distribuí-la entre órgãos distintos? Você acaba de encontrar um caso de separação de funções, pois os requisitos de saúde (normatização) são internalizados pela ANAC e aferidos (execução) pelo Comando da Aeronáutica. Os requisitos referidos estão detalhados no Regulamento Brasileiro da Aviação Civil (RBAC nº 61), Licenças, Habilitações e Certificados para Pilotos. (BRASIL, 2012). Orientações complementares são encontradas no RBAC nº 121 (BRASIL, 2010), quanto aos requisitos exigidos para os profissionais que vão voar aeronaves transporte aéreo. A título de ilustração, veremos, a seguir, os pré-requisitos para pilotos de aeronaves de asas fixas em uma linha aérea. Mas, antes disso, veremos o significado desse termo. O termo “aeronaves de asas fixas” parece óbvio, não é mesmo? Quem quer voar em uma aeronave com as asas soltas? Na verdade, existem aeronaves cujas asas não são fixas: os helicópteros. Aquelas superfícies aerodinâmicas que ficam girando acima do helicóptero para lhe dar sustentação não são hélices, são realmente asas! O helicóptero é uma aeronave de asas rotativas. Os pré-requisitos para pilotos de aeronaves de asas fixas, conforme o RBAC nº 61, são os seguintes: • Ter completado 21 anos; • Ter concluído o ensino médio; • Ter sido aprovado em banca de exames da ANAC; • Ter o Certificado de Capacidade Física (CCF) 1ª classe válido; • Ter experiência prévia de 1.500 horas de voo como piloto. • A experiência prévia de 1.500 horas de voo ainda deve abarcar, no mínimo: » 250 horas como piloto em comando, podendo ser, para tal cômputo, 100 horas como piloto em comando mais o número de horas adicionais necessárias realizadas como copiloto, desempenhando, sob supervisão de um piloto em comando detentor de uma licença de piloto de linha aérea (PLA), as obrigações e funções de piloto em comando; » 200 horas de voo em rota, das quais no mínimo 100 horas como piloto em comando ou como copiloto desempenhando, sob supervisão de um piloto em comando detentor de uma licença de PLA, as obrigações de piloto em comando; book.indb 36 01/12/14 11:30 37 Regulamento de Tráfego Aéreo e Comunicações Aeronáuticas » 75 horas de voo por instrumento, das quais um máximo de 30 horas de voo pode ser realizado em simulador ou dispositivo de treinamento; » 100 horas de voo noturno. Certificados de instrutor de voo, de piloto de helicóptero, agrícola, de balões, planadores, entre outros, também são emitidos para o mercado de trabalho pela ANAC. 3.2 Mecânico de Manutenção Aeronáutica O mecânico de manutenção aeronáutica tem o exercício profissional regido pelo RBHA nº 65 (BRASIL, 2001). Esse regulamento exige uma idade mínima de 18 anos, ensino médio, curso homologado pela ANAC e aprovação em banca examinadora. São três as habilitações que o mecânico pode obter, isto é, o profissional recebe uma licença para exercer a profissão com habilitações específicas. As habilitações que o mecânico de manutenção aeronáutica licenciado pode obter são para trabalhar com, conforme o RBHA nº 65 (BRASIL, 2001): • Motopropulsão – motores, turbinas, rotores e hélices; • Aviônicos – sistemas elétricos e eletrônicos, em especial navegação, radar e comunicação; • Célula – pressurização interna, condicionadores de ar, sistemas hidráulicos, estrutura e revestimento. No Brasil, a duração estimada para cada habilitação é de 13 meses. Aprenda um fato recorrente na aviação: você pode obter uma licença para atuar como profissional em uma área específica e ainda precisar de uma habilitação. Um controlador de tráfego aéreo deve possuir uma licença (sem data de expiração) e pode alcançar algumas habilitações, como habilitação para ministrar instrução em treinamento real ou para trabalhar em um determinado órgão de controle. Essa última expira em 90 dias de afastamento da atividade, sendo exigindo estágio operacional para a revalidação da habilitação. book.indb 37 01/12/14 11:30 38 Capítulo 2 3.3 Despachante Operacional de Voo (DOV) O despachante operacional de voo (DOV) é o profissional que opera em terra como um verdadeiro facilitador para a tripulação, pois responde pelos cálculos relativos à autonomia, peso e balanceamento da aeronave, altitude ideal para o voo, rota a ser voada, e ainda fornece informações essenciais para os pilotos. Precisa ter conhecimentos sobre meteorologia, teoria de voo, navegação aérea e características técnicas das aeronaves operadas pela sua companhia aérea. No Brasil, alguns pré-requisitos são exigidos para o exercício dessa atividade, segundo o RBHA nº 65 (BRASIL, 2001): • ter completado 21 anos; • ensino médio; • aprovação em curso homologado pela ANAC; • ter sido aprovado em banca de exames da ANAC; • estágio operacional. Em grandes empresas, o DOV faz também o controle operacional das aeronaves, mantendo um quadro atualizado da posição, fase do voo e estado operativo, com a meta de alocar adequadamente os recursos materiais da empresa. Seção 4 Aeródromos Aeródromo é uma designação geral, gênero que inclui instalações encontradas em bases aéreas militares, campos de pouso particulares, aeroclubes, fazendas, fábricas, embarcações e, até mesmo, em condomínios bem sofisticados. Nessa breve seção, o objeto de nosso estudo será estudar o aeroporto, isto é, um aeródromo público destinado a operações comerciais de pouso e decolagem, embarque e desembarque de pessoas e mercadorias. Antes de funcionar como um aeroporto, um aeródromo deve ser construído com aprovação da ANAC, sob sua fiscalização e, naturalmente, de acordo com as especificações técnicas do Anexo respectivo da ICAO, volume 1 do Anexo 14. (ICAO, 2013). Além de atender ao exigido pelo DECEA, para um aeródromo ter sua operação liberada ao tráfego, deverá estar cadastrado para tal junto à ANAC. book.indb 38 01/12/14 11:30 39 Regulamento de Tráfego Aéreo e Comunicações Aeronáuticas O processo de cadastramento está previsto no Código Brasileiro de Aeronáutica, Lei 7.565 (BRASIL, 1986), tem validade decenal e é requisito para a certificação operacional de um aeroporto. A certificação operacional de aeroportos é um processo conduzido pela ANAC, do qual resulta um documento de aplicação compulsória e específico do aeródromo certificado, o Manual de Operações do Aeródromo (MOPS). O RBAC 139 – Certificação Operacional de Aeroportos (BRASIL, 2014) orienta esse processo. Seção 5 Aeronaves A ANAC também responde pelas atividadesde registro de aeronaves, controle de importação e exportação, certificação, homologação de fabricantes de aeronaves, de produtores de componentes aeronáuticos e de empresas de manutenção. As informações registradas são de domínio público, consoante determinação do Código Brasileiro de Aeronáutica. Para atender a esse propósito legal, a ANAC divulga em seu sítio os dados do RAB, Registro Aeronáutico Brasileiro. Veja, como exemplo, o registro de uma aeronave brasileira que sofreu acidente no Aeroporto de Congonhas em 17 de julho de 2007 (REGISTRO, [200-]): • Matrícula: PRMBK • Fabricante: Airbus • Modelo: A320-233 • Tipo (ICAO): A320 • Tipo de Habilitação para pilotos: A320 • Classe da aeronave: pouso convencional 2 motores jato/turbofan • Peso máximo de decolagem: 77.000 kg • Número máximo de passageiros: 174 • Categoria do registro: privada, serviço de transporte aéreo público regular book.indb 39 01/12/14 11:30 40 Capítulo 2 • Situação no RAB: Arrendamento Operacional • Data da compra: 31 de janeiro de 2007 • Situação de aeronavegabilidade: matrícula cancelada • Motivo: aeronave avariada por acidente ou incidente Visite o sítio da ANAC, disponível na Internet, e colha informações sobre algum avião cuja matrícula você conheça! O RAB é administrado por uma divisão da ANAC, a Superintendência de Aeronavegabilidade (SAR). Outra de suas atribuições é a fiscalização do cumprimento das normas que regem atividades relativas ao desenho, qualidade de materiais, qualificação de mão de obra, construção e proteção ambiental dos diversos componentes de emprego na aviação civil. Entre essas normas estão as diretrizes de aeronavegabilidade (DA), previstas no Capítulo IV do Anexo 8 à Convenção de Chicago. Entenda uma diretriz de aeronavegabilidade como uma notificação dirigida aos proprietários ou operadores de uma aeronave certificada. Essa notificação deve informar sobre uma deficiência de segurança operacional em um determinado tipo de aeronave ou em um componente aeronáutico de emprego corrente na aviação civil. É comum que a diretriz informe quais procedimentos devem ser adotados para continuidade da operação com segurança. Ignorar uma diretriz de aeronavegabilidade pode ser fatal para pessoas e empresas, assim como pode destruir carreiras de trabalhadores e funcionários públicos. Aprimore os conteúdos que aprendeu até agora, pesquisando os documentos citados ao longo do capítulo, mas não tente ler tudo integralmente! Faça um skimming para identificar só a ideia principal, o sentido geral do texto: leia títulos, subtítulos, sumários, e eventualmente a primeira sentença de um parágrafo. Observe as ilustrações e analise os gráficos. Assim você conhecerá a topologia textual e tornará mais fácil a pesquisa posterior. book.indb 40 01/12/14 11:30 41 Regulamento de Tráfego Aéreo e Comunicações Aeronáuticas Síntese Você está adquirindo conhecimentos para trabalhar na aviação civil como profissional de nível superior. Não pode prescindir, portanto, da habilidade de julgar razoavelmente uma regra ou recomendação, pois, sem esse atributo cognitivo, não será possível, por exemplo, propor mudanças normativas, quer seja no ambiente da organização na qual você colabora ou no âmbito externo. Entender o alcance, o propósito e a relevância de uma orientação de caráter normativo requer que se conheça sua origem e também o lugar que a entidade normativa ocupa na administração pública. Por isso, você conheceu a parcela mais importante da administração pública para os profissionais de aviação civil que lidam com regras de tráfego aéreo: os organismos multilaterais de regulação da aviação civil internacional. Os organismos que foram apresentados também são criadores de expressões que acabam por ser incorporadas ao léxico da aviação, constituindo a fraseologia aeronáutica. Você também conheceu a forma que o Brasil escolheu, por enquanto, para distribuir funções de gerenciamento e execução entre diferentes órgãos, cujas naturezas são uma variedade só encontrada aqui em nosso país. Os acordos internacionais celebrados pelo Brasil no âmbito da aviação civil são internalizados com o status de lei ordinária. As determinações e recomendações veiculadas por meio desses acordos merecem o mesmo prestígio quando são tornadas efetivas por meio de decretos, portarias, instruções ou outras espécies normativas infralegais. Vários órgãos da Administração Pública procuram disciplinar diferentes aspectos da aviação civil de forma sistêmica, impondo aos administrados determinados deveres e garantindo-lhes certos direitos. Entre esses últimos, o voo seguro, entendido não só como direito, mas também como dever de todos. Acesse o EVA para leituras complementares, visualização de multimídia e realização de atividades colaborativas referentes ao tema abordado nesse capítulo. book.indb 41 01/12/14 11:30 42 Capítulo 2 Atividades de Autoavaliação 1) Em caso de infração a regras de tráfego aéreo, assinale a entidade responsável pela aplicação de penalidades e cobrança de multas: a) ( ) ANAC, após julgamento administrativo no DECEA. b) ( ) CENIPA, após análise técnico-científica da ocorrência. c) ( ) DECEA. d) ( ) Junta de Julgamento da Aeronáutica, mediante parecer do CENIPA. e) ( ) DECEA ou ANAC, dependendo do tipo de infração. 2) Entre outras atribuições, compete ao CENIPA a elaboração de relatório de natureza técnico- científica quando ocorre um acidente aéreo. Sobre esse órgão, qual a assertiva correta? a) ( ) O CENIPA é órgão de assessoria do Ministério da Defesa. b) ( ) O CENIPA está vinculado à ANAC. c) ( ) Trata-se de uma autarquia. d) ( ) O CENIPA é órgão de assessoria da SAC. e) ( ) Trata-se de órgão da administração direta. 3) Marque a alternativa correta que responde às perguntas: Qual o Anexo que disciplina a qualificação dos pilotos de uma linha aérea? Qual a idade mínima para estes pilotos? a) ( ) Anexo 1, 18 anos. b) ( ) Anexo 1, 21 anos. c) ( ) Anexo 2, 18 anos. d) ( ) Anexo 2, 21 anos. e) ( ) Anexo 1, 21 anos para atuar em voos internacionais, 18 anos em voos domésticos. book.indb 42 01/12/14 11:30 43 Regulamento de Tráfego Aéreo e Comunicações Aeronáuticas 4) Assinale a assertiva correta: a) ( ) A certificação operacional de aeroportos é um processo conduzido pela ANAC, do qual resulta um documento geral de aplicação compulsória aos aeródromos certificados, o Manual de Operações do Aeródromo (MOPS). O RBAC 139 – Certificação Operacional de Aeroportos – orienta esse processo. b) ( ) A certificação operacional de aeroportos é um processo conduzido pela ANAC, do qual resulta um documento de aplicação compulsória e específico do aeródromo certificado, o Manual de Operações do Aeródromo (MOPS). O RBAC 100-12 – Certificação Operacional de Aeródromos – orienta esse processo. c) ( ) A certificação operacional de aeroportos é um processo conduzido pelo DECEA do qual resulta um documento de aplicação compulsória e específico do aeródromo certificado, o Manual de Operações do Aeródromo (MOPS). O RBAC 139 – Certificação Operacional de Aeroportos – orienta esse processo. d) ( ) A certificação operacional de aeroportos é um processo conduzido pelo CENIPA, do qual resulta um documento de aplicação compulsória e específico para aeroportos, o Manual de Operações do Aeródromo (MOPS). O RBAC 139 – Certificação Operacional de Aeroportos – orienta esse processo. e) ( ) A certificação operacional de aeroportos é um processo conduzido pela INFRAERO, do qual resulta um documento de aplicação compulsória e geral para os aeródromos a serem certificados, o Manual de Operações do Aeródromo (MOPS). O RBAC 139 – Certificação Operacional de Aeroportos – orienta esse processo. book.indb 43 01/12/14 11:30 book.indb 44 01/12/14 11:30 45 Habilidades Seções de estudo Capítulo 3Regras do ar Seção 1: Aplicação Seção 2: Conceitos e regras fundamentais Seção 3: Operação VFR Seção 4: Operação IFR Seção 5: Tabelas de níveis de voo em cruzeiro Seção 6: Voo VFR especial Seção 7: Regras do ar: sinais e mensagens Aplicar conceitos principais e as regras fundamentais. Atualizar com autonomia seus conhecimentos quanto às normas de tráfego aéreo. Identificar as fontes normativas e seus meios de acesso. Dominar o manejo de tabelas. Interpretar sinais visuais. Transmitir as mensagens de urgência adequadamente. book.indb 45 01/12/14 11:30 46 Capítulo 3 Seção 1 Aplicação As regras fundamentais de tráfego aéreo estão descritas no Anexo 2 à Convenção de Chicago e são designadas, na maior parte dos idiomas falados nos países contratantes, por expressões equivalentes a “Regras do Ar”. (ICAO, 2005). O conteúdo do Anexo 2 apresenta somente normas (standards), não veiculando em seu texto práticas recomendadas (recommended practices). Isso implica a obrigatoriedade dos países contratantes em notificar o Conselho da ICAO sempre que não for possível cumprir uma de suas normas. Nenhum Estado detém soberania no espaço aéreo sobre águas internacionais ou sobre a Antártida, portanto, quanto a esses espaços aéreos, não há diferenças em relação ao Anexo 2 que possam ser notificadas por algum Estado contratante. Assim, independentemente da nacionalidade, as Regras do Ar devem ser cumpridas na íntegra pelas tripulações, quando em voo pelo espaço aéreo internacional. Esse é um dos casos de aplicação das Regras do Ar na forma mais pura e integral. O mesmo ocorreria no espaço geográfico de um país contratante que não depositou nenhum documento descrevendo diferenças locais em relação às Regras do Ar. Nessa perspectiva, você pode entender que uma aeronave estrangeira ou brasileira – voando no Brasil – deverá cumprir as Regras do Ar com as diferenças adotadas em nosso âmbito doméstico, o que significa cumprir as previsões da nova ICA 100-12, agora com o título de Regras do Ar e que está em vigor desde 12 de dezembro de 2013. (BRASIL, 2013). Quando essa aeronave cruzar fronteiras, passará a obedecer à versão local das Regras do Ar, a qual pode ser idêntica ao Anexo 2 ou apresentar algumas diferenças. A ICA 100-12 é uma norma bastante particular e sua leitura requer cuidado. É altamente recomendado que seja lida sempre em comparação com o Anexo 2. Isso permitirá aclarar trechos que parecerem obscuros e perceber as diferenças em relação à norma de curso internacional. Além disso, é um documento que contém traduções e, como se sabe, a leitura da versão original sempre facilita a interpretação. book.indb 46 01/12/14 11:30 47 Regulamento de Tráfego Aéreo e Comunicações Aeronáuticas Agora que você está ciente dessas cautelas, é hora de passar a analisar os principais pontos do Anexo 2, sempre em cotejamento com o que foi disciplinado a respeito na ICA 100-12, principalmente quando houver alguma diferença de procedimento. Quando a transcrição normativa não for literal, as referências ao Anexo 2 (ICAO, 2005) e à ICA 100-12 (BRASIL, 2013) serão grafadas entre parênteses, com indicação da norma, capítulo, e item: item capítulo ANEXO 2, 3, 4, 3.1.1 4.1ICA 100-12, Mas saiba que o estudo dos pontos principais das Regras do Ar não o/a desobriga da leitura integral de ambos os diplomas, é claro. Entenda que essa obra não tem, e não poderia ter, a pretensão de exaurir o tema abordado. Isso seria impossível em um semestre, mas é factível apresentar um guia para a sua formação. Vamos adiante! Seção 2 Conceitos e regras fundamentais O terceiro capítulo do Anexo 2 introduz disposições acerca da proteção de pessoas e propriedades. Veja agora suas orientações e acompanhe as explicações sobre os seguintes termos de uso corrente (ICAO, 2005): • Operação Responsável • Alturas mínimas de voo • Níveis de cruzeiro • Lançamentos em voo • Voo em formação • Trajetórias opostas • Trajetórias convergentes e direito de passagem • Ultrapassagem • Pouso • Deslocamento no solo • Luzes de sinalização da aeronave book.indb 47 01/12/14 11:30 48 Capítulo 3 • Voo simulado por instrumentos • Operação em aeródromos e nos espaços aéreos adjacentes • Planos de voo: conteúdo • Apresentação do plano de voo • Forma e oportunidade da apresentação de um plano de voo • Informação de horário • Serviço de controle de tráfego aéreo • Observância do plano de voo • Interferência ilícita • Interceptação • Método de interceptação Vamos a cada um deles. Operação Responsável, conforme Anexo 2, 3, 3.1.1 (ICAO, 2005), remete à vedação da operação negligente ou imprudente de aeronaves. Exceto em operações de pouso ou decolagem, ou quando autorizadas pela autoridade aeronáutica competente, é vedado voar sobre cidades, povoados, lugares habitados ou sobre grupos de pessoas ao ar livre, em altura inferior àquela que lhes permita, em caso de emergência, pousar com segurança e sem perigo para pessoas ou propriedades. Isso diz respeito às alturas mínimas de voo e consta no Anexo 2, 3, 3.1.2 (ICAO, 2005). Antes de prosseguirmos, cabem algumas explicações sobre alguns conceitos que o/a acompanharão durante todo o curso. Um dos instrumentos de navegação é o altímetro. Existe um tipo de altímetro que funciona com base no tempo decorrido entre a emissão de um sinal de microondas e o recebimento de seu reflexo que partiu do solo. É o rádio- altímetro, o qual fornece uma altura real a partir do solo, de seus acidentes topográficos ou da água. O tipo de altímetro que nos interessa agora é outro, menos preciso, que funciona medindo a pressão atmosférica e indicando a distância vertical da aeronave até o nível de pressão atmosférica que foi ajustado no aparelho. Trata-se, em verdade, de um barômetro calibrado para mostrar distâncias verticais. Altura Distância vertical entre uma aeronave e a superfície do solo, montanhas, prédios ou água. Altímetro Serve para indicar a distância da aeronave em relação ao solo. HPA Hectopascal, igual ao antigo milibar. book.indb 48 01/12/14 11:30 49 Regulamento de Tráfego Aéreo e Comunicações Aeronáuticas O valor de pressão atmosférica depende da altura em que a medição é feita e varia ao longo do tempo, sempre ao sabor das variantes meteorológicas. Não obstante, é possível encontrar um valor para a pressão média ao nível do mar. Trata-se da pressão do ar em condições atmosféricas médias, e seu valor padronizado é de 1013.25 Hpa ou 29,92 polegadas de mercúrio. Esse valor de ajuste da escala do altímetro recebeu a designação de “QNE”. Não se trata de uma abreviatura, mas de um recurso para facilitar transmissões e que remonta à época do telégrafo e do rádio-telégrafo. Lembre-se de que essa distância vertical é quase sempre fictícia: raramente a pressão atmosférica verdadeira — calculada para o nível médio do mar — será igual ao padrão estatístico. A seguir, imagens de altímetros. Figura 3.1 – Altímetros SUBESCALA DO ALTÍMETRO Fontes: Adaptação de Innovative (2013); MGL ([200-]). Quando é inserida no altímetro — como valor de ajuste — a pressão calculada (reduzida) ao nível do mar resulta em uma marcação que será igual à elevação do aeroporto em relação ao nível médio do mar. Vamos fazer agora uma experiência mental para alcançarmos um entendimento completo. Imagine um aeroporto com uma torre de controle. Ao lado da torre existe um poço cuja profundidade alcança o nível do mar. No fundo do poço repousa um barômetro, cujas marcações podem ser vistas na torre de controle por meio de um circuito fechado de televisão. Pronto! O controlador pode informar aos pilotos o valor da pressão reduzida ao nível do mar, para que seus altímetros possam ser ajustados. • Voo simulado por instrumentos • Operação em aeródromos e nos espaços aéreos adjacentes • Planos de voo: conteúdo • Apresentação do plano de voo • Forma e oportunidade
Compartilhar