Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
O QUE É: É a formação de trombos/coágulos nas veias profundas, aquelas situadas abaixo da fáscia muscular, dos membros superiores ou inferiores, ou das veias centrais (ilíacas, cava, viscerais ou intracranianas). Tromboembolismo venoso (TEV): entidade nosológica que compreende a TVP e a EP. COMPLICAÇÕES: Insuficiência venosa crônica/síndrome pós trombótica (se desenvolve nos 2 anos seguintes a um episódio de TVP) Embolia pulmonar (pode evoluir para óbito por EP) FISIOPATOLOGIA: Tríade de Virchow: estase, lesão endotelial e hipercoaguabilidade ESTASE: tudo que dificulta o retorno venoso, diminuindo a velocidade e volume de fluxo sanguíneo. o Vis a fronte: pressão negativa insuficiente (tórax, alterações respiratórias). o Vis a tergo: contração dos mm. das panturrilhas e válvulas (alterações na marcha, imobilidade) o Vis a latere: retorno do sangue dos MMII por conta da pressão que as artérias exercem sobre as veias (a pulsação das artérias ajuda no retorno venoso). LESÃO ENDOTELIAL o Adesão de plaquetas e leucócitos (hemostasia primária) ocorre toda vez que ocorre lesão endotelial (exposição de colágeno e outros compostos do subendotélio), havendo também ativação da coagulação por conta da liberação de tromboxano A2 e ADP, agregando mais plaquetas e fibrina (hemostasia secundária). HIPERCOAGUABILIDADE São as chamadas trombofilias que podem ser primárias (de origem genética) ou secundárias (consequência de um estado fisiológico ou patológico). o Agentes pró coagulantes: responsáveis pela hemostasia primária e secundária. o Agentes anticoagulantes: é o que permite com que o sangue flua de maneira adequada e não produza trombos aleatoriamente. o Agentes fibrinolíticos: dissolvem os trombos. →Antiagregante plaquetário age na hemostasia primária. → Anticoagulante age na hemostasia secundária. o Vias intrínseca e extrínseca: → KPTT ou TTPa (tempo de tromboplastina parcial ativado): avalia via intrínseca. → TAP ou TP (tempo de atividade de protrombina): avalia via extrínseca, via dos fatores vitamina K dependente (fatores VII, VIII, IX e X). o Via comum: FATORES DE RISCO TROMBOSE NÃO PROVOCADA/IDIOPÁTICA o Aquela que surge espontaneamente, sem que a sua origem seja conhecida. TROMBOSE PROVOCADA o Fator de risco adquirido: câncer, infecções, cirurgia e trauma, gravidez (puerpério), obesidade, viagem de longa distância, idade (mais comum após os 40 anos), TVP prévio, insuficiência cardíaca, uso de anticoncepcionais. o Fator de risco hereditário: tipo sanguíneo não-O, trombofilia (pode ser polimorfismo do gene do fator V de Leiden homo ou heterozigoto, deficiência de antitrombina, proteína C ou proteína S, SAF). CLASSIFICAÇÃO E FORMAS CLÍNICAS DE TVP DE MEMBROS INFERIORES Proximal: envolve veias femorais, ilíacas ou poplíteas. Distal: envolve veias infrapoplíteas. o A TVP proximal tem um risco maior de EP; a distal raramente evolui para EP grave, mas pode evoluir para TVP proximal. QUADRO CLÍNICO: Dor, edema, eritema, cianose, aumento da circunferência da perna > 3cm, empastamento muscular, dor à palpação muscular, dor no trajeto venoso. Sintomas prodrômicos: febre, taquicardia, mal-estar. Trombose ilíaca interna ou de veias do plexo pélvico pode cursar com edema púbico ou de genitália externa, disúria, incontinência ou retenção urinária, meteorismo. 20% da proximal recanaliza e 80% da distal recanaliza Flegmasia Alba Dolens: TVP extensa iliofemoral resulta em maciço edema de perna com cacifo, causando síndrome compartimental, e dor e edema intensos no membro, podendo haver palidez por vasoespasmo e diminuição dos pulsos. Flegmasia Cerúlea Dolens: comprometimento do fluxo arterial por conta do edema, trombose completa ou quase completa de veias da extremidade; edema intenso, cianose, os pulsos distais podem estar ausentes; pode evoluir para EP, gangrena, choque e óbito. DIAGNÓSTICO: Diagnóstico Clínico ANAMNESE: condições em que os sintomas se desenvolveram. Interrogar nos antecedentes sobre doenças recentes ou atuais, principalmente trombose venosa, EP ou tromboflebites anteriores, neoplasias, moléstias cardiovasculares, infecciosas, hematológicas, vasculites, repouso e/ou operação ou parto recente, traumatismo e fraturas. Uso de medicamentos em geral e, principalmente, de estrógenos com finalidade anticoncepcional, terapêutica ou de reposição hormonal pós menopausa e viagens muito longas. Nos antecedentes familiares, perguntar sobre quadros de TEV em membros da família. O exame físico isolado para confirmação de TVP pode errar em até 50% dos casos; em falta de disponibilidade de exames subsidiários, recomenda-se iniciar o tratamento apenas com base na suspeita clínica e confirmar com exames assim que possível. EXAME FÍSICO: o busca por edema do subcutâneo (sinal de Godet ou Cacifo) e edema muscular (sinal da Bandeira: diminuição da mobilidade da panturrilha); o dor à palpação muscular (sinal de Moses); o dor à palpação dos trajetos venosos; o trajetos venoso superficiais visíveis (sinal de Pratt, sinal da veia sentinela); o cianose (mais intensa na flegmasia cerúlea); o palidez (por conta do vasoespasmo); o dor à dorsiflexão passiva da panturrilha (sinal de Homans). Critérios de Wells → Score menor ou igual a 1 e DD negativo: probabilidade menor que 2% de TVP podendo excluí-la com segurança, em diferentes grupos de pacientes, com exceção de condições como o câncer e TVP recorrente. Métodos Complementares D-dímero: produto da degradação de fibrina, não é um marcador específico de TVP. Alta sensibilidade, mas pouca especificidade para o diagnóstico da TVP. Valores de referência: negativo (<350 ng/mL), intermediário (351-500 ng/mL), e positivo (>500 ng/mL). A dosagem do DD deve ser utilizada apenas em pacientes de baixa probabilidade clínica para TVP, já que a sensibilidade não é 100%. O uso de DD isolado apresenta um valor preditivo negativo alto em população específica: pacientes ambulatoriais, não recorrentes, adultos (não-idosos) e com curta duração dos sintomas. Em pacientes com alta probabilidade pré-teste para TVP ou EP, a utilidade do DD é questionável. Eco Doppler colorido (EDC): é o exame de escolha para o diagnóstico de TVP, com sensibilidade de 96% e especificidade de 98-100%, em substituição à venografia. A acurácia do EDC para diagnosticar TVP assintomática é menor em relação à TVP sintomática. O paciente que tem alta probabilidade de acordo com o escore de Wells, EDC negativo e DD positivo, o EDC deverá ser repetido em três a sete dias. *** Só com USG modo B já é possível fazer o diagnóstico de TVP se o modo Doppler Color não estiver disponível. Venografia/Flebografia: venografia com contraste é o exame considerado padrão-ouro para o diagnóstico de TVP, reservado, atualmente, apenas quando os outros testes são incapazes de definir o diagnóstico; porém, devido a suas limitações, não é um exame de rotina na suspeita de TVP. Tomografia Computadorizada: apresenta sensibilidade e especificidade similares à do EDC. Não é o exame de escolha inicial. Pode ser útil para pacientes com suspeita de TVP, para os quais a EDC não pode ser aplicado devido a limitações técnicas e suspeita de anomalia venosa. Ressonância Magnética: pode ser usada quando o ECD fornece resultados inconclusivos. Apresenta acurácia similar ao ECD no diagnóstico da TVP do segmento ilíaco-caval. *** Quando o EDC não puder ser realizado, recomenda-se angiotomografia, angiorressonância ou RM da imagem direta do trombo, como alternativa a venografia tradicional. → Durante os 3 a 7 dias de espera, se sua suspeita de TVP é muito alta e o paciente tem baixo risco de sangramento, pode-se começar a intervenção com anticoagulante. Pensar em trombofilia: o Primeiro episódio deTVP antes dos 50 anos; o História de recorrência de tromboembolismo; o Proveniente de famílias com tendência a desenvolver a trombose e/ou recorrência (mais de 2 familiares de primeiro grau com sintomas) o Abortos recorrências o Persistência de altos resultados de DD após suspensão de uso de anticoagulantes → Na presença de um ou mais desses fatores, realizar avaliação completa para trombofilia hereditária. DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL Celulite e erisipela, rotura muscular, rotura de cisto de Baker, miosites, vasculites, linfedemas, artrite de joelho. TRATAMENTO → Tratamento conservador medicamentoso → 10% apenas necessita de intervenção Medidas gerais: o Orientar a fazer repouso (mas não repouso absoluto) em posição de Trendelenburg, mas o paciente deve deambular para melhorar a circulação o Terapia de compressão (meia compressora): ajuda a evitar síndrome pós trombótica; utilizar meia de 30 a 40 mmHg por no mínimo dois anos, ou por mais tempo se o paciente persistir com os sintomas de SPT o Anticoagulantes e trombolíticos Tratamento medicamentoso o Analgésicos (não pode usar AINEs por conta do anticoagulante) o Flebotônicos (potencializam o retorno venoso) o Anticoagulantes: alivia sintomas agudos, previne extensão e reduz complicações; não dissolve o trombo, quem faz isso são os próprios agentes fibrinolíticos do organismo Heparinas Anticoagulantes orais o Drogas fibrinolíticas (minoria dos casos) 3 FASES de tratamento o INICIAL (5 a 7 dias) - heparina e NOACS: período em que o paciente tem maior risco de sofrer um TEP; pode ser feita com inibidor direto ou com heparina (a heparina tem um interessante potencial anti-inflamatório); o PROLONGADO (3 a 6 meses) - heparina, NOACS e AVK: a anticoagulação deve durar no mínimo 3 meses, mas pode se estender até 6 meses; o ESTENDIDO (mais de 6 meses) - heparinas, NOACS ou AVK → Em casos de alta suspeita clínica de TVP: iniciar anticoagulação enquanto aguarda a confirmação do diagnóstico, desde que não haja contraindicação (risco de sangramento) O tratamento se inicia pelo uso de HNF, HBPM ou fondaparinux (liga-se à antitrombina III, potencializando a neutralização fisiológica do fator Xa); Associar o uso de heparina aos antagonistas da vitamina K até que o RNI atinja nível terapêutico entre 2 e 3 por dois dias consecutivos; Então, suspendem-se as drogas parenterais, e continua-se pela via oral. Heparina Não Fracionada (HNF)→ Endovenoso → Bolus EV - 80 UI/Kg ou 5000 UI → Infusão venosa contínua (bomba de infusão) na dose de 18 UI/Kg/h ou 10000-15000 UI em SG5% 250 ml 8/8 horas → Ajuste da dose - manter um TTPa/KPTT (via intrínseca) entre 1,5 e 2,5 acima do basal dosado 6 a 12 horas após a aplicação do medicamento HNF → Subcutâneo → Dose de ataque: 5000 UI IV e depois segue com a aplicação subcutânea → 250 UI/Kg duas vezes ao dia, com ajuste de dose para obter e manter um TTPa entre 1,5 e 2,5 acima do basal coletado após 4-6 horas → 15000 - 20000 UI 12/12 horas - coletar TTPa no mesmo horário todo dia Heparina de Baixo Peso Molecular → OBS: a heparina não fracionada tem maior poder anti-inflamatório → Maior biodisponibilidade → Posologia mais fácil → Ajuste da dose no peso → Dispensa laboratório → Menos complicações (trombocitopenia) → Menor mortalidade em pacientes oncológicos → Clexane (enoxaparina): 1 mg/Kg SC de 12/12 horas → ANTÍDOTO HEPARINA: protamina - 1 mg, 100 UI (é mais eficaz contra HNF). → EFEITOS ADVERSOS: Trombocitopenia precoce: 24 a 48 horas após início da terapêutica, o tratamemento pode ser continuado sem risco de hemorragia; Trombocitopenia tardia: é uma reação alérgica, menos frequente, e se inicia 5 a 10 dias após início do tratamento e é reversível ao suspendê-lo. o Por isso é importante fazer um coagulograma completo antes de iniciar o tratamento, para saber o número de plaquetas do paciente, o que torna possível identificar caso ocorra trombocitopenia. Antagonista da Vitamina K → Anticoagulante via oral disponível no SUS; seu uso é mais complicado que NOACS. → Os AVKs (cumarinas - warfarin e femprocumona) são iniciados no mesmo dia, mas após o início da heparina (porque causam um estado transitório de hipercoagubilidade por reduzirem a síntese das proteínas C e S). → Dose inicial de 10mg/dia e depois diminui para 5mg/dia e vai ajustando até acertar a meta. → Dá-se o AVK por três dias e depois pede-se o coagulograma (para avaliar TAP - via extrínseca; meta de RNI entre 2 e 3, em dois exames consecutivos). → Normalmente, demora de 3 a 7 dias para alcançar a meta terapêutica. Depois de alcançada a meta, o paciente pode receber alta, e irá acompanhar com o médico da UBS, primeiro semanalmente, depois a cada 15 dias e por fim uma vez por mês. → ANTÍDOTO: vitamina K 10 mg IV, ou plasma fresco. → Cuidados com alimentação e uso de outros medicamentos: sempre que for inserir outra medicação ao paciente deve-se dosar o TAP para avaliar interação; a alimentação também influencia no tratamento, já que comer vegetais verdes escuros aumenta a ingesta de vitamina K, diminuindo o poder anticoagulante do medicamento. Anticoagulantes Orais Não Antagonistas da Vitamina K (NOACs) → Inibidores diretos da trombina (dabigatrana) e do fator Xa (rivaroxabana, apixabana e edoxabana). → Exemplos: Rivaroxabana - Xarelto (15 mg 12/12 horas por 21 dias → 20 mg 1X ao dia); Apixabana (10 mg 12/12 horas por 7 dias → 5 mg 12/12 horas); Endoxabana; Dabigatrana Tratamento cirúrgico o Trombectomia ou trombólise o 2 Indicações: primeiro episódio de TVP agudo do segmento fêmoro-ilíaco, sintomas com menos de 14 dias de duração, baixo risco de sangramento, boa capacidade funcional e expectativa de vida maior que 1 ano; pacientes com Flegmasia Cerulea Dolens. Tratamento Não Farmacológico o Filtro de veia cava Indicação absoluta: TEV com contraindicação de anticoagulação (TCE e neurocirurgia até 4-6 semanas, hemorragia do TGI recente e cirurgias de grande porte), ineficiência ou complicações da anticoagulação. Indicação relativa: risco alto de complicações com anticoagulação, EP maciça, trombo flutuante, TVP em paciente com limitada reserva cardiopulmonar. o Compressão elástica: pressão de 30-40 mmHg, por no mínimo 2 anos. O uso de meias compressivas reduz em 50% a incidência de SPT após um primeiro episódio de TVP proximal tratada com anticoagulantes. o Deambulação Avaliação do risco de TEV → Protocolo Sírio-Libanês Protocolo%20para%20avalia%C3%A7%C3%A3o%20de%20risco%20de%20tromboembolismo%20venoso.pd f → Score de Pádua → Score de Caprini https://guiafarmaceutico.hsl.org.br/manuais-e-rotinas-da-farmacia/PublishingImages/protocolo-de-tev/Protocolo%20para%20avalia%C3%A7%C3%A3o%20de%20risco%20de%20tromboembolismo%20venoso.pdf https://guiafarmaceutico.hsl.org.br/manuais-e-rotinas-da-farmacia/PublishingImages/protocolo-de-tev/Protocolo%20para%20avalia%C3%A7%C3%A3o%20de%20risco%20de%20tromboembolismo%20venoso.pdf TROMBOFLEBITE SUPERFICIAL → Trombose de veias superficiais → Mais comum que TVP → Patologia: Tríade de Virchow → Fatores etiológicos: varizes, cateter venoso periférico (especialmente quando usados para substâncias irritantes), gestação, ACHO, neoplasias → Quadro clínico: dor, febre, cordão endurado, vermelho e quente → Tratamento: AINEs, calor local, elastocompressão (dependendo da causa e da extensão da tromboflebite pode-se usar antibióticos e anticoagulantes) → Duração: 1 a 3 semanas
Compartilhar