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MÓDULO 04 | COMPETÊNCIA II 1 MÓDULO 04 | COMPETÊNCIA II 2 ATENÇÃO! O conteúdo presente neste material é sigiloso e não pode ser divulgado, distribuído, impresso ou utilizado para qualquer outra finalidade que não faça parte do objetivo específico do curso de capacitação. No caso de quebra de sigilo, a Fundação Getulio Vargas aplicará todas as medidas legais cabíveis e desligará do processo a pessoa envolvida. Alertamos também que o conteúdo pedagógico foi atualizado e aprimorado. O cursista deve estudar o material de forma cuidadosa, mesmo que tenha participado do curso de capacitação de 2020, para que possa assimilar as mudanças e ampliar seus conhecimentos. MÓDULO 04 | COMPETÊNCIA II 3 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 4 1.1. MATRIZ DE REFERÊNCIA DA COMPETÊNCIA II ......................................... 6 2. GRADE ESPECÍFICA DA COMPETÊNCIA II ............................................................ 6 2.1. TERMOS IMPORTANTES PARA A APLICAÇÃO DA GRADE ESPECÍFICA DA COMPETÊNCIA II ................................................................................................ 7 3. AVALIAÇÃO DA ABORDAGEM DO TEMA .......................................................... 17 4. AVALIAÇÃO DO TIPO TEXTUAL ......................................................................... 27 5. AVALIAÇÃO DO REPERTÓRIO ........................................................................... 30 6. DESCRIÇÃO DOS NÍVEIS .................................................................................... 36 6.1. NÍVEL 1 (NOTA 40) ..................................................................................... 37 6.1.1. TANGÊNCIA ........................................................................................ 37 6.1.2. AGLOMERADO CAÓTICO DE PALAVRAS .............................................. 40 6.1.3. TRAÇOS CONSTANTES DE OUTROS TIPOS TEXTUAIS .......................... 42 6.2. NÍVEL 2 (NOTA 80) ..................................................................................... 45 6.2.1. 2 PARTES DO TEXTO EMBRIONÁRIAS ................................................. 46 6.2.2. CONCLUSÃO FINALIZADA POR FRASE INCOMPLETA ........................... 49 6.2.3. MUITOS TRECHOS DE CÓPIA .............................................................. 51 6.3. NÍVEL 3 (NOTA 120) ................................................................................... 54 6.3.1. 3 PARTES DO TEXTO (1 PODE SER EMBRIONÁRIA) ............................. 55 6.3.2. REDAÇÕES COM CORPO DO TEXTO COMPOSTO POR ATÉ 8 LINHAS EM QUE NÃO É POSSÍVEL RECONHECER AS 3 PARTES ........................................ 56 6.3.3. REPERTÓRIO BASEADO NOS TEXTOS MOTIVADORES ......................... 58 6.3.4. REPERTÓRIO NÃO LEGITIMADO ......................................................... 61 6.3.5. REPERTÓRIO LEGITIMADO, MAS NÃO PERTINENTE AO TEMA ............ 64 6.4. NÍVEL 4 (NOTA 160) ................................................................................... 67 6.5. NÍVEL 5 (NOTA 200) ................................................................................... 71 7. CONCLUSÃO ..................................................................................................... 77 8. REFERÊNCIAS .................................................................................................... 78 MÓDULO 04 | COMPETÊNCIA II 4 1. INTRODUÇÃO Neste Módulo do nosso curso, estudaremos as determinações da Matriz de Referência para Redação do Enem sobre a Competência II, na qual tratamos dos elementos essenciais da produção textual, ou seja, o tema e o tipo de texto. Na Competência II, então, avaliamos como o participante se apropria da proposta de redação — aplicando conceitos de várias Áreas de Conhecimento para desenvolver o tema de forma plena e consistente —, bem como do texto dissertativo-argumentativo, demonstrando conhecimento sobre os limites estruturais da tipologia textual em prosa. Em outras palavras, para que, na Competência II, o texto seja avaliado em um dos cinco níveis previstos pela Matriz de Referência para Redação do Enem, será fundamental realizarmos o estudo e a avaliação de ambos os elementos, atentando sempre para os condicionantes que levam à passagem de um nível para outro. Desse modo, se um texto puder ser avaliado em um determinado nível apenas pelo descritor do tema, isso não será suficiente para avaliá-lo de forma definitiva nesse nível. Essa lógica também se aplica para a avaliação quanto à análise da tipologia textual, ou seja, quando avaliamos o tipo de texto, sempre será preciso observar também o cumprimento do tema, para termos a certeza do nível em que o texto deve ser classificado (o que será mais detalhado na explicação da Grade Específica da Competência II). Sobre o estudo do tema, levamos em consideração uma produção que se adéque plenamente à proposta de redação apresentada — avalia-se a capacidade do participante de abordar, em seu texto, todos os elementos da proposta. Quando a proposta é abordada parcialmente, entendemos que o texto explora apenas o assunto, não articulando a discussão à frase temática em sua amplitude. Já quando o texto apresenta todos os elementos solicitados pela proposta, passamos a avaliar também se o participante foi capaz de trazer para sua discussão referências e argumentos do seu repertório sociocultural, extrapolando os textos motivadores da prova. Em contrapartida, serão penalizados aqueles textos em que o participante apresenta repertório a partir de muitos trechos de cópia. MÓDULO 04 | COMPETÊNCIA II 5 Na avaliação da tipologia textual, observamos, principalmente, questões ligadas à estrutura do texto dissertativo-argumentativo clássico: introdução, argumentação e conclusão. Importante ressaltar que, na Competência II, essas partes serão avaliadas do ponto de vista estrutural, ou seja, apenas pela sua proporcionalidade, sem considerar a organização e o desenvolvimento de informações, fatos e opiniões utilizadas, aspectos avaliados na Competência III, que será apresentada no Módulo 5. Ainda sobre a tipologia textual e a complexidade de seu estudo, consideramos que, em uma avaliação em larga escala, não seria viável um aprofundamento nos meandros desse conceito, pois geraria conflitos de interpretações pela diversidade de discussões teórico-críticas sobre o assunto. Por isso, a avaliação do tipo textual será centralizada na verificação da proporcionalidade das partes da estrutura do tipo dissertativo-argumentativo: introdução, argumentação e conclusão. Para iniciarmos nossos estudos sobre a Competência II, é importante fazermos a leitura da Matriz de Referência em relação a essa Competência. MÓDULO 04 | COMPETÊNCIA II 6 COMPETÊNCIA II Compreender a proposta de redação e aplicar conceitos das várias áreas do conhecimento para desenvolver o tema, dentro dos limites estruturais do texto dissertativo-argumentativo em prosa 1 Apresenta o assunto, tangenciando o tema, ou demonstra domínio precário do texto dissertativo-argumentativo, com traços constantes de outros tipos textuais. 2 Desenvolve o tema recorrendo à cópia de trechos dos textos motivadores ou apresenta domínio insuficiente do texto dissertativo-argumentativo, não atendendo à estrutura com proposição, argumentação e conclusão. 3 Desenvolve o tema por meio de argumentação previsível e apresenta domínio mediano do texto dissertativo-argumentativo, com proposição, argumentação e conclusão. 4 Desenvolve o tema por meio de argumentação consistente e apresenta bom domínio do texto dissertativo-argumentativo, com proposição, argumentação e conclusão. 5 Desenvolve o tema por meio de argumentação consistente, a partir deum repertório sociocultural produtivo, e apresenta excelente domínio do texto dissertativo- argumentativo. 2. GRADE ESPECÍFICA DA COMPETÊNCIA II A partir da leitura da Matriz de Referência para Redação do Enem, chegamos a uma Grade Específica da Competência II, cuja função é objetivar o processo de correção, apresentando, de maneira detalhada, todos os elementos que precisam ser identificados para classificação das redações em cada um dos níveis dessa Competência. 1.1. MATRIZ DE REFERÊNCIA DA COMPETÊNCIA II MÓDULO 04 | COMPETÊNCIA II 7 Como apontado anteriormente, verifica-se, na Competência II, a abordagem completa do tema e o cumprimento do tipo de texto solicitado na proposta (dissertativo-argumentativo em prosa), além da mobilização de repertório sociocultural para a construção da argumentação. Nesse sentido, os textos avaliados nos níveis 1, 2 e 3 possuem alguma deficiência na abordagem do tema ou na tipologia textual. O atendimento pleno à abordagem completa da proposta temática e ao tipo textual serão pré-requisitos para que o participante atinja o nível 4 dessa Competência. Ademais, para diferenciarmos os textos com melhor desempenho, o uso do repertório e sua pertinência ao tema serão determinantes para a distinção dos níveis 4 e 5. 2.1. TERMOS IMPORTANTES PARA A APLICAÇÃO DA GRADE ESPECÍFICA DA COMPETÊNCIA II TEMA O tema é definido a partir da frase temática apresentada na prova de redação. Em relação à prova de 2020, a partir da frase temática "O estigma associado às doenças mentais na sociedade brasileira", esperava-se que o participante compreendesse e abordasse o tema de forma completa, apresentando as doenças mentais e algum aspecto que se refira ao estigma ou à estigmatização a MÓDULO 04 | COMPETÊNCIA II 8 elas relacionada. Portanto, textos que abordassem exclusivamente problemas de saúde e doenças em geral E/OU estigma, de modo geral, sem qualquer referência a elementos do universo da saúde mental, não teriam abordado sequer o assunto mais geral da prova e deveriam ser avaliados como "Fuga ao Tema". TANGÊNCIA A tangência é observada naqueles textos que apenas resvalam o tema. A tangência ao tema caracteriza-se por uma abordagem incompleta dos elementos relacionados a ele. Essa abordagem parcial demonstra dificuldades de leitura e interpretação que prejudicam a avaliação do texto elaborado pelo participante. TEXTO DISSERTATIVO-ARGUMENTATIVO Cada tipo textual apresenta forma e marcas específicas de sua estrutura. No Enem, o tipo textual exigido é o dissertativo-argumentativo, que se fundamenta nas explicitações das relações argumentativas. Espera-se que um texto dissertativo-argumentativo defenda um ponto de vista sobre determinado assunto, por meio de articulações consistentes entre os significados, como argumentos, exemplificações, citações, para convencer o leitor de que a ideia defendida é plausível. Lembramos que a organização e o desenvolvimento da argumentação serão avaliados na Competência III, como será explicado no Módulo 5. Na Competência II, identificaremos: a adequação à tipologia exigida ou a presença de traços constantes de outros tipos textuais, bem como a proporção entre as partes do texto dissertativo-argumentativo, ou seja, se introdução ou argumentação ou conclusão são embrionárias. AGLOMERADO CAÓTICO DE PALAVRAS Trata-se de um caso raro em que não é possível reconhecer características de qualquer tipo textual, isto é, não há marcas de outros tipos textuais nem é possível afirmar que há adequação ao tipo dissertativo-argumentativo. Textos com essa característica são formados por um aglomerado caótico de palavras que compromete o entendimento, total ou da maior parte, das ideias do texto. Devido a tal precariedade, esses textos não devem ultrapassar o nível 1 da MÓDULO 04 | COMPETÊNCIA II 9 Competência II. Portanto, desde que haja qualquer elemento relacionado ao tema, não é preciso verificar se o texto tangencia ou aborda de forma completa o tema, pois essa característica não será suficiente para que ele seja avaliado em um nível mais alto da Competência II. TRAÇOS CONSTANTES DE OUTROS TIPOS TEXTUAIS Há traços constantes de outros tipos textuais nas redações que apresentam características de outro tipo textual em muitos momentos, mas ainda atendem, predominantemente, ao tipo textual dissertativo-argumentativo. A definição de “traços constantes de outros tipos textuais” sempre dependerá da análise da produção do participante, isto é, não existe uma quantidade precisa de linhas de outros tipos textuais que determine o que são traços constantes; por isso, é preciso comparar o conjunto textual produzido pelo participante com a recorrência desses traços. PARTES EMBRIONÁRIAS Há parte embrionária no texto dissertativo-argumentativo quando ou a introdução ou a argumentação ou a conclusão é muito curta devido a sua pouca produção, em até 2 linhas. No Enem, por conta da quantidade mínima de linhas exigidas para a avaliação (8 linhas ou mais), um texto pode ter 1 ou 2 partes embrionárias. REPERTÓRIO Elemento importante para a redação do Enem e requisito fundamental para que o participante atinja as notas mais altas na Competência II, o repertório sociocultural configura-se como toda e qualquer informação, fato, citação ou experiência vivida que, de alguma forma, contribui como argumento para a discussão proposta pelo participante. O repertório esperado pode ser caracterizado por: [...] provas concretas (dados ou fatos sobre o tema), exemplos (fatos similares ou relacionados ao tema), autoridades (citação de especialistas no tema), lógica (causa e consequência, por exemplo) e senso comum (o que as pessoas em geral pensam sobre o tema) (CANTARIN, BERTUCCI; ALMEIDA, 2016, p. 78). MÓDULO 04 | COMPETÊNCIA II 10 TIPOS DE REPERTÓRIO • Repertório a partir de muitos trechos de cópia (Textos Motivadores e Caderno de Questões) Há textos que não configuram "Cópia" como descrito no Módulo 2 (Situações), por apresentarem ao menos 8 linhas sem cópia, mas, ainda assim, observa-se que mais de 1/3 do conjunto textual produzido pelo participante é composto de trechos copiados. Esses casos deverão ser penalizados na Competência II, não podendo ultrapassar o nível 2. • Repertório baseado nos textos motivadores Trata-se de repertório em que se utilizam apenas informações já disponibilizadas pelos textos motivadores. O participante pode tanto realizar uma paráfrase bem próxima ao original (inclusive fazendo uso pontual de cópia), apenas trocando palavras e expressões, por exemplo, quanto se apropriar melhor do que leu, mas ainda sem complementar com informações que extrapolem os textos motivadores. • Repertório não legitimado Trata-se de repertório em que se utilizam informações, fatos, situações e experiências vividas SEM respaldo nas Áreas do Conhecimento (científicas ou culturais). • Repertório legitimado Trata-se de repertório em que se utilizam informações, fatos, situações e experiências vividas COM respaldo nas Áreas do Conhecimento. Há duas condições para a existência de repertórios legitimados por essas Áreas: 1. Conceitos e suas definições – para essa ocorrência, o conceito deve necessariamente estar acompanhado de sua definição. MÓDULO 04 | COMPETÊNCIA II 11 Ex.: “A cidadania – complexo de direitos e deveres atribuídos aos indivíduos que integram uma Nação e que abrange direitos políticos, sociais e civis – garante que toda pessoa deve ter direito à saúde.” REPERTÓRIO LEGITIMADO No exemplo acima, nota-se que o conceito cidadania é acompanhado de sua definição, o que configura repertório legitimado. Ex.: “É urgente pensarmos nos avanços e impasses em torno da cidadania da pessoa com transtorno mental”. REPERTÓRIO NÃO LEGITIMADO Nesse exemplo, porém, o conceito de cidadania, emboraligado a uma Área do Conhecimento, não configura repertório legitimado, porque não está diretamente acompanhado de sua definição. 2. Informações/citações/fatos acompanhados de referência a uma Área do Conhecimento – para essa ocorrência, é preciso considerar algumas possibilidades, a saber: a. Referência direta a Áreas do Conhecimento (Sociologia, Filosofia, Literatura, Educação, Direito, Medicina, Linguística etc.), desde que elas sejam mobilizadas como a fonte de uma informação, indicando que elas são responsáveis pela produção e/ou divulgação do conhecimento. As nomenclaturas aqui exemplificadas estão diretamente ligadas às disciplinas de uma Área do Conhecimento; por isso, não é necessário especificar o estudo a que se referem. Ex.: “Para a Antropologia, o indivíduo consiste num ser individual, conhecido pela sua existência única e indivisível, por isso não pode ser vítima de estigmas.” REPERTÓRIO LEGITIMADO Nesse exemplo, a Antropologia, além de ser uma disciplina diretamente ligada a uma Área do Conhecimento, é utilizada como fonte da informação apresentada no período, o que configura repertório legitimado. MÓDULO 04 | COMPETÊNCIA II 12 Ex.: “Para a Medicina, ser portador de uma doença mental não significa ser um indivíduo incapaz de viver em sociedade”. REPERTÓRIO LEGITIMADO No exemplo acima, observa-se novamente uma referência à Área do Conhecimento (Medicina). A menção à Medicina legitima a informação apresentada no período – de que a pessoa com doença mental não é incapaz de viver em sociedade –, o que configura repertório legitimado. Ex.: “Há pessoas que não acreditam que a Psicologia contribua para a saúde do indivíduo”. REPERTÓRIO NÃO LEGITIMADO O excerto acima faz referência a uma Área do Conhecimento. No entanto, a menção à Psicologia não é utilizada como uma fonte de informação e, por isso, configura-se apenas como repertório não legitimado. ATENÇÃO! Diferentemente do que foi aplicado na correção do Enem 2020, nesta edição da avaliação, a menção aos profissionais ligados a uma Área do Conhecimento (sociólogos, filósofos, escritores/poetas, educadores, médicos, linguistas etc.), sem especificar o nome desses profissionais, não será válida como repertório legitimado. b. Referência a um estudo ou a um produto resultante de uma Área do Conhecimento (livros, obras, peças, filmes, esculturas, músicas, estudos, pesquisas etc.). MÓDULO 04 | COMPETÊNCIA II 13 IMPORTANTE! Para essa ocorrência, é preciso que o participante especifique o nome do estudo ou do produto a que se refere. Ele pode, ainda, apresentar o nome da instituição que realizou o estudo ou pesquisa (um instituto, um laboratório, uma universidade etc.), o que também servirá para legitimar o repertório. Caso contrário, a simples menção a um produto ou estudo genérico será avaliada como repertório não legitimado. Ex.: "Pesquisas realizadas pela Universidade de São Paulo mostram que houve um agravamento dos transtornos mentais durante a pandemia". REPERTÓRIO LEGITIMADO Ex.: "Estudos indicam que houve um agravamento dos transtornos mentais durante a pandemia REPERTÓRIO NÃO LEGITIMADO Ex.: “O filme Melhor é impossível mostra um indivíduo portador de transtorno mental que aprende a conviver e amar outras pessoas”. REPERTÓRIO LEGITIMADO Ex.: “A obra O alienista discute a loucura de modo bastante interessante”. REPERTÓRIO LEGITIMADO Nos dois exemplos acima, há especificação de um produto ligado a uma Área do Conhecimento, o que configura repertório legitimado. Ex.: “Há diferentes livros que abordam problemas mentais”. REPERTÓRIO NÃO LEGITIMADO Contudo, nesse último exemplo, a menção a “livros”, de forma genérica, ainda não é suficiente para respaldar a informação apresentada no período; por isso, o trecho é avaliado como repertório não legitimado. MÓDULO 04 | COMPETÊNCIA II 14 ATENÇÃO! A menção a fatos históricos reconhecidos será avaliada como um estudo resultante de uma Área do Conhecimento. Ex.: “Na Antiguidade clássica, em cidades como Roma e Esparta, as pessoas tinham permissão para sacrificar filhos que nasciam com algum tipo de deficiência”. c. Referência a personalidades, celebridades, figuras, personagens diretamente ligados a uma Área do Conhecimento. Ex.: “Erasmo de Roterdã discutiu a loucura em uma obra bastante conhecida”. REPERTÓRIO LEGITIMADO Ex.: “Vincent van Gogh é conhecido como um artista genial e louco”. REPERTÓRIO LEGITIMADO Nos exemplos anteriores, nota-se que a especificação de uma personalidade diretamente ligada a uma Área do Conhecimento respalda as informações apresentadas em cada período, o que configura repertório legitimado. d. Referência aos meios de comunicação conhecidos, como redes sociais, mídia e jornais desde que eles sejam mobilizados como a fonte de uma informação (Facebook, Portal G1, Revista ISTOÉ, Bandnews, Bahia Notícias, Gazeta do Povo (PR), Tribuna de Petrópolis, Estado de Minas, Diário Catarinense, Gazeta de Alagoas, Diário do Pará etc.). Ex.: “Recentemente, a revista Carta Capital publicou um artigo sobre como as transformações no mundo do trabalho e na família acabam afetando a saúde mental dos universitários”. REPERTÓRIO LEGITIMADO MÓDULO 04 | COMPETÊNCIA II 15 Ex.: “A CNN Brasil noticiou que muitos atletas de alto rendimento têm dificuldades para lidar psicologicamente com o estresse e as expectativas por resultados”. REPERTÓRIO LEGITIMADO Nos dois exemplos anteriores, a referência à revista Carta Capital e à CNN Brasil, meios de comunicação, funciona como fonte para a informação apresentada em cada período, o que configura repertório legitimado. Ex.: “O Instagram é a rede social mais nociva à saúde mental dos jovens”. REPERTÓRIO NÃO LEGITIMADO Já nesse exemplo, o Instagram, embora seja reconhecido como um meio de comunicação, não é utilizado como a fonte para a informação apresentada. Trata- se, portanto, de uma afirmação sem respaldo das Áreas do Conhecimento e configura-se apenas como repertório não legitimado. ATENÇÃO! Se o participante apresentar, em sua redação, informações que já estavam presentes nos textos motivadores, mas com uma fonte diferente da original, consideraremos que ainda se trata de repertório baseado nos textos motivadores. Ex.: “Segundo o Estadão, a depressão é a doença mais incapacitante do mundo”. REPERTÓRIO BASEADO NOS TEXTOS MOTIVADORES (INFORMAÇÃO DO TEXTO III TROCANDO A FONTE ORIGINAL, QUE ERA O SITE “ZENCLUB”, PELO JORNAL “ESTADÃO”) Por outro lado, se o participante apresentar, em sua redação, informações diferentes daquelas presentes nos textos motivadores, mesmo que com uma fonte que apareceu na proposta, consideraremos que há repertório legitimado. Ex.: “De acordo com o site da Abrata, o transtorno bipolar é caracterizado por promover uma instabilidade de humor e de comportamento em polos extremos”. REPERTÓRIO LEGITIMADO (MESMA FONTE DO TEXTO II, MAS ASSOCIADA A UMA INFORMAÇÃO TOTALMENTE NOVA) MÓDULO 04 | COMPETÊNCIA II 16 Em resumo, as condições para a legitimação de um repertório são: REPERTÓRIO LEGITIMADO CONCEITOS E SUAS DEFINIÇÕES • Conceito acompanhado de sua definição. “A democracia é o regime político fundamentado na ideia da soberania popular, e que se caracteriza pelo direito ao voto, pela divisão dos poderes e pelo controle dos meios de decisão e execução”. INFORMAÇÕES/ CITAÇÕES/FATOS ACOMPANHADOS DE REFERÊNCIA A UMA ÁREA DO CONHECIMENTO • Referência direta a Áreas do Conhecimento, desde que utilizadas como fonte de uma informação. – Literatura; Artes; Educação; Direito etc. “De acordo com a Psicologia, há traços de personalidade que predispõem o desenvolvimento de um transtorno mental”. • Referência a um estudo ou a um produto resultantede uma Área do Conhecimento, desde que indicando o nome desse estudo ou produto. – Obras; filmes; esculturas; pesquisas etc. “A música “Pais e Filhos”, da Legião Urbana, retrata o suicídio de uma garota com constantes problemas psicológicos por causa de um conflito com os pais”. • Referência a personalidades, celebridades, figuras, personagens diretamente ligados a uma Área do Conhecimento. “Jorge Forbes afirma que os remédios podem resolver os mal- estares das doenças a que se dirigem, mas não resolvem o mal-estar de viver”. • Referência aos meios de comunicação conhecidos, desde que utilizados como fonte de uma informação. – Folha de São Paulo, Rede Globo etc. “De acordo com o Jornal O Dia, a pandemia agravou a saúde mental de profissionais da saúde”. MÓDULO 04 | COMPETÊNCIA II 17 Destaca-se que a avaliação do repertório legitimado depende SEMPRE da associação de um conceito e sua definição e/ou de informações, fatos, citações ou experiências vividas a uma Área do Conhecimento, sem que seja necessário pesquisar a veracidade dessa informação. No entanto, sabemos que algumas informações são associadas a fontes inverídicas, gerando uma relação esdrúxula. Trata-se de um caso raro, que, por isso, deve sempre ser enviado como ocorrência para o supervisor. PERTINÊNCIA AO TEMA Trata-se da associação do repertório legitimado ao menos a um dos elementos do tema. Essa associação pode se dar por sinônimos, hiperônimos ou hipônimos, na citação direta ou no uso do repertório. USO PRODUTIVO Ocorre o uso produtivo de repertório legitimado e pertinente ao tema quando o participante vincula esse repertório à discussão proposta. Espera-se que esse repertório seja mobilizado no texto com o intuito de construir uma comparação ou contraponto ou exemplificação entre ele e a discussão proposta pelo participante, ainda que de forma pontual. 3. AVALIAÇÃO DA ABORDAGEM DO TEMA Para avaliar um texto na Competência II, é fundamental sabermos diferenciar uma abordagem temática completa de uma incompleta. Antes, porém, é importante realizarmos a leitura da proposta de redação do Enem 2020 (presente também no Material de Apoio do curso). MÓDULO 04 | COMPETÊNCIA II 18 MÓDULO 04 | COMPETÊNCIA II 19 A partir da proposta de redação aplicada no Enem 2020, considera-se abordagem completa quando o participante menciona: • doenças mentais e algum aspecto que se refira ao estigma ou à estigmatização a elas relacionada. Por outro lado, é considerada incompleta a abordagem que se limita a assuntos parcialmente relacionados à proposta, isto é, textos em que o participante menciona apenas: • saúde mental (com ou sem menção a estigma), sem referir-se às doenças mentais; • doenças mentais, sem relação com o estigma. Para avaliar a abordagem do tema em textos que apresentem muitos trechos de cópia dos textos motivadores, devemos considerar toda a produção, inclusive a cópia. Visando facilitar a identificação dos elementos desse tema, apresentamos, a seguir, uma lista com algumas ocorrências observadas nos textos avaliados na correção do Enem 2020. Também incluímos observações importantes sobre termos específicos presentes nos textos motivadores e recorrentes nas redações, que podem adquirir diferentes significados, dependendo da abordagem do participante. É importante observamos que, ainda que apareçam na redação de MÓDULO 04 | COMPETÊNCIA II 20 forma minimamente relacionada, os dois elementos exigidos para abordagem do tema (doenças mentais/estigma) devem ser considerados para a avaliação. DOENÇAS MENTAIS A primeira tentativa de padronizar o diagnóstico de doenças mentais ocorreu pela publicação da terceira edição do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders – DSM-III), em 1980. A edição mais recente, o DSM-V, de 2013, propõe a classificação das doenças mentais em categorias diagnósticas orientadas pela descrição dos sintomas e do curso da doença. A inclusão dessas categorias diagnósticas na Décima Revisão da Classificação Internacional de Doenças (International Classification of Disease, 10th Revision) — CID-10 — sugere que o diagnóstico das doenças mentais tem ocorrido de forma mais padronizada, ou seja, observa-se uma evolução na abordagem de doenças ou transtornos mentais pelos profissionais de saúde. O Manual de Doenças Mentais (DSM-V, 2013, p. 20) traz a seguinte definição de doença mental (transtorno mental): Um transtorno mental é uma síndrome caracterizada por perturbação clinicamente significativa na cognição, na regulação emocional ou no comportamento de um indivíduo que reflete uma disfunção nos processos psicológicos, biológicos ou de desenvolvimento subjacentes ao funcionamento mental. Transtornos mentais estão frequentemente associados a sofrimento ou incapacidade significativos que afetam atividades sociais, profissionais ou outras atividades importantes. Uma resposta esperada ou aprovada culturalmente a um estressor ou perda comum, como a morte de um ente querido, não constitui transtorno mental. Desvios sociais de comportamento (p. ex., de natureza política, religiosa ou sexual) e conflitos que são basicamente referentes ao indivíduo e à sociedade não são transtornos mentais a menos que o desvio ou conflito seja o resultado de uma disfunção no indivíduo, conforme descrito. MÓDULO 04 | COMPETÊNCIA II 21 Será aceita como “doenças mentais” a menção: • ao termo “doença mental”; • à constatação de falta da saúde mental ou de prejuízo relacionado a ela (apenas com o uso do termo “saúde mental”, especificamente); “não ter saúde mental”, “ter a saúde mental afetada”; • ao termo “doença” ou aos seus sinônimos diretos (mal, moléstia, patologia, distúrbio, problema, transtorno, perturbação, disfunção, síndrome) relacionados ao universo da saúde mental ou a algum sentimento/emoção: · doenças psiquiátricas; · distúrbios psicológicos; · problemas psicológicos; · perturbações mentais; · disfunções mentais; · transtornos mentais; · transtornos psiquiátricos; · transtornos de saúde mental; · patologia psiquiátrica; · transtorno que deixa a pessoa triste. • a exemplos de doenças/transtornos mentais ou às pessoas acometidas por elas: · síndrome do pânico, síndrome de Burnout; · depressão/depressivo; · ansiedade/ansioso; · compulsão/compulsivo; · obsessão/obsessivo; · esquizofrenia/ esquizofrênico; · psicose/psicótico; · sociopatia/sociopata; LISTA NÃO EXAUSTIVA MÓDULO 04 | COMPETÊNCIA II 22 · autismo/autista; · dependência química/dependente químico; · transtorno de bipolaridade/bipolar; · neurose/neurótico; · mania/maníaco; · vício/viciado. • às siglas referentes a doenças mentais: · TDAH (Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade); · TDO (Transtorno Desafiador Opositivo); · TEA (Transtorno do Espectro Autista); · TOC (Transtorno Obsessivo Compulsivo); · TDI (Transtorno Dissociativo de Identidade). • a termos não científicos ou informais que remetem a pessoas acometidas por doença mental: doido, maluco, pinel, lelé, pancada, tantã, noia, aluado, abilolado etc. UNIVERSO DA SAÚDE MENTAL Quando não houver a expressão “doenças mentais” ou seus sinônimos diretos, será considerada, apenas para tangenciamento, a menção: • ao termo “saúde mental”; • aos termos “mente”/mental”; • a psicologia e a palavras com esse mesmo radical; • a psiquiatria e palavras derivadas; • a manicômio, hospício, hospital psiquiátrico. LISTA NÃO EXAUSTIVA LISTA NÃO EXAUSTIVA ATENÇÃO! A menção ao termo suicídio e à expressão “Setembro Amarelo” não é válida para a abordagem do universo da saúde mental. MÓDULO 04 | COMPETÊNCIAII 23 ESTIGMA O termo “estigma” é claramente definido no Texto Motivador II da proposta de redação e remete à marcação corporal dos escravos e criminosos na Grécia Antiga. Na Era Cristã, o termo passou a referir-se às chagas do sofrimento físico de Jesus Cristo ou “a sinais corporais da graça divina” (GOFFMAN, 1963, p. 5). Para a sociologia, o termo refere-se à categorização como inferior, menos valorizado ou desqualificado de um grupo social por outro. Dito de outro modo, o estigma relaciona-se à identidade social. O caráter perverso do estigma refere-se ao processo em que o indivíduo ou o grupo social passa a atribuir para si, ou a internalizar, o estigma que lhe foi atribuído. O estigma desempenha o papel de designar aqueles que pertencem e os que não pertencem a um grupo social determinado. O grupo que detém o poder de categorizar os demais atribui a si próprio características de superioridade, ao passo que o estigma é a marca de exclusão, de marginalização e de inferiorização do grupo categorizado. De acordo com Norbert Elias e John Scotson (2000, p. 22), em Os estabelecidos e os outsiders, “a exclusão e a estigmatização dos outsiders pelo grupo estabelecido eram armas poderosas para que este grupo preservasse sua identidade e afirmasse sua superioridade, mantendo os outros firmemente em seu lugar”. A negação de direitos ao grupo ou ao indivíduo estigmatizado é um efeito perverso dessa dinâmica social. Dessa forma, a frase temática propõe que o participante aborde o estigma associado às doenças mentais ou o estigma conferido às pessoas com doenças ou transtornos mentais na sociedade brasileira. Tanto a sociedade inflige um estigma às pessoas que sofrem com doenças ou transtornos mentais quanto a própria pessoa em sofrimento pode reproduzir esse estigma: Ainda que se tenha alcançado grandes avanços na compreensão e no tratamento das doenças mentais, o estigma que as rodeia ainda persiste. Por exemplo, a pessoa com doença mental pode ser culpada pela sua doença ou considerada preguiçosa ou irresponsável. A doença mental pode ser interpretada como menos real ou legítima do que a doença física, gerando desinteresse no que diz respeito ao MÓDULO 04 | COMPETÊNCIA II 24 pagamento do tratamento por parte dos responsáveis de saúde e das companhias de seguros. No entanto, a crescente conscientização sobre o quanto a doença mental afeta os custos dos planos de saúde e o número de dias de trabalho perdidos está mudando essa tendência. (FIRST, 2017). Para vencer o estigma imposto às pessoas com doenças e transtornos mentais, é preciso reconhecer que as características negativas associadas a essas pessoas não são características intrínsecas, essenciais, mas são resultantes da imposição social, cultural, política e econômica de grupos hegemônicos. Serão aceitos como “estigma”: • a menção ao termo “estigma”; • a referência à forma negativa como a doença mental é vista pela sociedade ou pelo próprio indivíduo doente: · frescura/ bobagem; · algo sem valor; · menos real/legítimo que a doença física; · um tabu. • a referência à forma negativa como o doente mental é visto pela sociedade ou pelo próprio indivíduo doente: · inferior; · incapaz; · desqualificado; · culpado pela própria doença; · fraco; LISTA NÃO EXAUSTIVA LISTA NÃO EXAUSTIVA MÓDULO 04 | COMPETÊNCIA II 25 · preguiçoso. • a termos que recuperam a ideia de “estigma”: · preconceito; · discriminação; · exclusão; · inferiorização; · descaso; · desconhecimento. ATENÇÃO! A menção aos “termos que recuperam a ideia de ‘estigma’”, especificamente, só é válida para a abordagem do elemento “estigma” se forem decorrentes da visão que se tem da doença mental, e não a causa dessa doença. Ex.: “Pessoas depressivas acabam sofrendo preconceito”. Formulação que equivale ao termo “estigma”, pois o preconceito é a consequência da doença mental. Ex.: “Crianças obesas são excluídas pelos colegas e acabam desenvolvendo transtornos mentais”. Formulação que não equivale ao termo “estigma”, pois a exclusão é a causa da doença mental. • a processos relacionados ao estigma associado às doenças mentais: · negação de direitos a indivíduos com doenças mentais; · dificuldade de acesso ao diagnóstico e ao tratamento; LISTA NÃO EXAUSTIVA MÓDULO 04 | COMPETÊNCIA II 26 · discriminação e exclusão social dos indivíduos com doenças mentais: na família, no trabalho, na convivência com outros indivíduos; · supressão ou redução de políticas públicas para a promoção da saúde mental e para o tratamento de pessoas com doenças mentais; · corte de verbas destinadas à promoção da saúde mental ou ao tratamento e acolhimento de pessoas com doenças mentais; · promoção de tratamento indigno ou desumano em instituições manicomiais; · vergonha de procurar ajuda ou negação do problema (indivíduo); · ignorar o problema. MÓDULO 04 | COMPETÊNCIA II 27 CONSIDERAÇÕES IMPORTANTES PARA A ABORDAGEM DO TEMA 1) Se o participante se apropria do discurso da doença mental como frescura, bobagem, preguiça, mas, ao invés de reconhecer isso como algo negativo, fica claro que ele reproduz esse estigma imposto ao doente mental, então, essa formulação não será válida como “estigma”. Ex.: “A depressão é uma grande frescura do nosso tempo!” O exemplo acima não equivale ao termo “estigma” porque apenas reproduz o discurso da doença mental como algo negativo, sem explicitar que essa é, também, a visão negativa da sociedade (ou do indivíduo) sobre a doença mental. Ou seja, o participante não reconhece que há um estigma associado à doença mental. 2) Propor uma solução para o problema, que ajudaria a mente a não adoecer, sem admitir sua falta não é estigma. Ex.: “É preciso ter empatia com os doentes mentais”. Nesse exemplo, apresenta-se uma proposta para que as pessoas tenham empatia com os doentes mentais, porém essa formulação não é válida como estigma porque não é explicitada a ideia de que falta empatia. Situação distinta ocorre no exemplo a seguir, em que é proposta uma solução para o problema, admitindo a falta/ ausência de algo positivo. Ex.: “É preciso rever a falta de empatia com os doentes mentais”. Nessa formulação, a menção à falta de empatia com os doentes mentais é válida para a abordagem do “estigma”. 4. AVALIAÇÃO DO TIPO TEXTUAL Para a avaliação do tipo textual, devemos observar aspectos relacionados à estrutura do texto dissertativo-argumentativo. A primeira etapa para essa avaliação é verificar se a redação é composta por palavras justapostas – com comprometimento total ou da maior parte das ideias do texto, o que caracteriza o aglomerado caótico de palavras do descritor no nível 1. Trata-se de textos precários e raros, que, geralmente, também são avaliados nos níveis mais baixos das demais competências. MÓDULO 04 | COMPETÊNCIA II 28 IMPORTANTE Textos com características injuntivas não são penalizados como traços constantes de outros tipos textuais. Compreende-se que essas características são usadas, por exemplo, para descrever ações próprias da proposta de intervenção, requisito da redação produzida no Enem – avaliado na Competência V –, e por isso devem ser avaliadas normalmente na Competência II. Outra possibilidade de avaliação da redação no nível 1 é a presença de traços constantes de outros tipos textuais, isto é, se a redação apresenta muitas marcas ou características de outros tipos textuais, mas ainda atende, de forma predominante, ao tipo textual dissertativo-argumentativo. Relevante destacar que, ainda que com abordagem completa do tema, se a redação apresentar um dos descritores do nível 1 no que se refere à análise do tipo textual, ela não poderá ser avaliada nos níveis 2, 3, 4 ou 5. Se a redação não se enquadranos descritores do nível 1, é preciso considerar a proporcionalidade entre as partes do texto dissertativo-argumentativo, ou seja, analisar se as partes são curtas devido a sua pouca produção, o que configura o conceito de parte embrionária. Importante atentar para o fato de que a existência de 2 partes embrionárias impede que o texto do participante seja avaliado nos níveis 3, 4 ou 5. Por exemplo, se um texto apresenta introdução e conclusão em 2 linhas, isso é suficiente para manter a avaliação no descritor do nível 2. A redação ainda pode ser avaliada no nível 2 se apresentar conclusão finalizada por frase incompleta. Para avaliação no nível 3, a redação poderá conter apenas 1 parte embrionária. A partir deste ano, poderão se enquadrar no nível 3, ainda, textos extremamente curtos, com o corpo do texto composto por até 8 linhas de produção, que não se encaixam nesse conceito de parte embrionária por não ser possível afirmar que a introdução ou a argumentação ou a conclusão são construídos em até 2 linhas – seja porque se trata de um monobloco ou porque esses textos estão divididos em apenas dois parágrafos. Como textos com essa quantidade de linhas MÓDULO 04 | COMPETÊNCIA II 29 apresentariam necessariamente pelo menos 1 parte embrionária caso fossem divididos em três parágrafos, esses casos deverão ser penalizados na Competência II, não podendo ultrapassar o nível 3. É possível afirmar que um texto com até 8 linhas tem pelo menos uma parte embrionária pelo fato de que um texto sem nenhuma parte embrionária precisa apresentar, no mínimo, 9 linhas, o que faz com que seja possível supor que há 3 parágrafos com 3 linhas cada. ATENÇÃO! É importante destacar que uma redação com até 8 linhas no corpo do texto não será avaliada automaticamente no nível 3 – é preciso observar, antes, se é possível reconhecer as 3 partes e quantas delas são embrionárias, pois, se duas delas o forem, ela deverá ser avaliada no nível 2. Por fim, para os níveis 4 e 5, não poderá haver nenhuma parte embrionária. EM RELAÇÃO ÀS PARTES DO TEXTO DISSERTATIVO-ARGUMENTATIVO, TRÊS CONSIDERAÇÕES SE FAZEM NECESSÁRIAS: • Redações escritas em forma de monobloco evidenciam o desconhecimento sobre a paragrafação, o que pode afetar a coesão, aspecto avaliado na Competência IV. Na Competência II, considera-se que um texto em formato de monobloco com corpo do texto composto por 9 linhas ou mais linhas de produção já pode apresentar as 3 partes do texto dissertativo-argumentativo (nenhuma delas embrionária), pois, muitas vezes, não é possível identificar onde termina uma das partes e começa a outra. Portanto, textos com essas características devem ser avaliados normalmente, diferentemente do que ocorre com textos em formato de monobloco com até 8 linhas no corpo do texto, que não devem ultrapassar o nível 3, como indicado anteriormente. • Para efeito de correção, se o participante faz um parágrafo inicial ou final com até duas linhas, consideramos esses parágrafos a introdução e a conclusão do texto, respectivamente. MÓDULO 04 | COMPETÊNCIA II 30 • O desenvolvimento só é considerado embrionário se for escrito em um único parágrafo de até duas linhas, conforme o exemplo a seguir: 5. AVALIAÇÃO DO REPERTÓRIO A origem do repertório, a sua legitimação, a sua pertinência ao tema e o uso que o participante faz dele são os aspectos que determinarão a avaliação de uma redação dissertativo-argumentativa com abordagem completa do tema nos níveis 2, 3, 4 ou 5. Essa avaliação será feita de acordo com as seguintes etapas: • primeiramente, é preciso identificar se a origem do repertório está ligada apenas aos textos motivadores ou não; • caso a origem do repertório esteja ligada apenas aos textos motivadores, é preciso diferenciar textos que são limitados a muitos trechos de cópia dos textos motivadores daqueles apenas baseados nos textos motivadores; • caso a origem do repertório não esteja ligada apenas aos textos motivadores, analisamos se as informações, fatos, citações ou experiências vividas são ou não legitimados pelas Áreas do Conhecimento; • quando o repertório apresenta legitimação, é preciso verificar sua pertinência ao tema, isto é, se o repertório é associado ao menos a um dos seus elementos. Considerando a proposta de redação do Enem 2020, há pertinência ao tema quando o repertório legitimado está relacionado, diretamente ou por meio de sinônimos, hiperônimos ou hipônimos, ao universo da saúde mental, a doenças mentais ou a estigma. Deve-se destacar que a pertinência ao tema pode ser encontrada tanto na referência direta que o participante apresenta, por meio Xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx xxxx. (INTRODUÇÃO) Xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx xxxxxxxxxxxxx. (DESENVOLVIMENTO) Xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx xxxxxx. (CONCLUSÃO) DESENVOLVIMENTO EMBRIONÁRIO MÓDULO 04 | COMPETÊNCIA II 31 de conceitos, informações, fatos ou citações, quanto na existência de um uso que ele faz do repertório legitimado; • verificadas a legitimação e a pertinência ao tema de um repertório, passa-se à avaliação do uso que é feito dele. Se há vínculo entre a referência e a discussão proposta pelo participante, consideramos que o uso é produtivo. Da mesma forma, se o participante apresenta repertório legitimado e pertinente ao tema, mas sem vínculo explícito com a discussão, isto é, não faz uma comparação ou um contraponto ou uma exemplificação, consideramos que há uso não produtivo desse repertório. A seguir, analisaremos o repertório sociocultural (destacado com o sublinhado rosa) presente em alguns trechos de redações. Observe, no Exemplo 1, como se dá a pertinência ao tema de forma direta na própria citação do repertório legitimado e com uso produtivo. Exemplo 1 O Exemplo 1 traz um repertório na menção ao filme “Fratura”. Trata-se de um repertório legitimado pelas Áreas do Conhecimento (dado que esse filme é um produto cultural reconhecido) e com pertinência ao tema na própria referência. A informação utilizada associa-se a uma das possibilidades previstas para a pertinência ao tema (doenças mentais), ao citar que um dos personagens, do referido filme, “adquire transtornos mentais que dificultam a separação entre realidade e paranóia”. Além disso, o uso desse repertório é produtivo no texto, porque há um vínculo de ideias entre a referência à obra cinematográfica e a discussão proposta. Observa-se que o participante estabelece uma comparação entre a obra ficcional e o cotidiano de parte da sociedade que convive com o preconceito em relação aos doentes mentais. MÓDULO 04 | COMPETÊNCIA II 32 No exemplo a seguir, nota-se a presença de pertinência ao tema na citação direta do repertório legitimado, mas sem uso produtivo. Exemplo 2 No Exemplo 2, notamos a presença de repertório na menção ao artigo 6º da Constituição da República Federativa do Brasil, de 1988. Trata-se de repertório legitimado pelas Áreas do Conhecimento, uma vez que a Constituição é um documento oficial do Estado brasileiro. Além disso, há pertinência ao tema na própria referência à Constituição, associando-a a um dos elementos do tema (doenças mentais). Entretanto, observa-se que o uso desse repertório no texto não é produtivo, ou seja, não há um vínculo de ideias entre a menção ao documento e a discussão proposta pelo participante, visto que ele não explicita por que razão há uma aproximação entre a Constituição e os estigmas relacionados às doenças mentais na sociedade brasileira. Observe que isso não é feito nem no período nem no parágrafo subsequente, já que ele passa a discutir outras questões ligadas às doenças psicológicas. No Exemplo 3, verifica-se a presença de repertório legitimado, e a pertinência ao tema se dá no uso produtivoque é feito desse repertório. MÓDULO 04 | COMPETÊNCIA II 33 Exemplo 3 No Exemplo 3, observamos que o participante utiliza repertório legitimado pelas Áreas do Conhecimento na referência à afirmação da filósofa Marilena Chauí, sem pertinência ao tema na referência direta. Note que o período “a democracia não é apenas um regime político, com três poderes e imprensa livre, mas também um regime de cidadãos, em que todos dispoem dos direitos fundamentais” não recupera os elementos do tema “doenças mentais” e/ou “estigma”, isto é, o repertório não é associado ao menos a um dos elementos da proposta de redação. Entretanto, a pertinência ao tema é encontrada no uso produtivo que o participante faz desse repertório legitimado visto que ele vincula a ideia de democracia ao fato de a saúde ser um direito fundamental a que todo cidadão brasileiro tem direito e que o Estado deve, portanto, oferecer mais suporte, garantindo assim a saúde, o que justifica a ideia apresentada no início do parágrafo de que é preciso aumentar o atendimento das pessoas com doenças mentais. Por isso, consideramos que o uso produtivo do repertório, que até então era apenas legitimado, transformou-o em repertório legitimado e pertinente ao tema. No exemplo seguinte, nota-se a presença de repertório legitimado, com pertinência ao tema no uso, ainda que não produtivo, desse repertório. Exemplo 4 MÓDULO 04 | COMPETÊNCIA II 34 ATENÇÃO! Para a avaliação do repertório, considera-se que a sua ocorrência pode ser apresentada em qualquer parte do texto dissertativo-argumentativo. No Exemplo 4, há presença de repertório legitimado pelas Áreas do Conhecimento na referência a uma frase do filósofo Thomas Hobbes, que é uma personalidade reconhecida pelas Áreas do Conhecimento; contudo, a citação direta a esse repertório não recupera ao menos uma das possibilidades para a pertinência ao tema (doenças mentais/estigma/universo da saúde mental). Nesse caso, a pertinência ao tema é encontrada no uso, ainda que não produtivo, que o participante faz do repertório legitimado. Observe que o trecho subsequente à citação “grande pensador da antiguidade diz muito sobre o problema da saúde mental” retoma a ideia de doenças mentais, o que configura a presença de pertinência ao tema, mas o uso dessa informação não é produtivo no trecho analisado, porque o participante não estabelece uma relação entre a frase “o homem é o lobo do homem”, mencionada na citação, e o fato de as pessoas não levarem a sério a questão da saúde mental. Portanto, no trecho acima, não há uso produtivo do repertório legitimado e pertinente ao tema. ROTEIRO PARA A AVALIAÇÃO DO REPERTÓRIO Para compreender melhor a verificação do repertório em um texto, apresentamos, a seguir, um esquema de perguntas e respostas que nos leva à atribuição correta de cada nível da Competência II a partir da presença e do uso do repertório, desde que observadas também as características relacionadas à abordagem do tema e à adequação ao tipo textual. Reforçamos que esse esquema não precisa ser utilizado na avaliação de cada uma das redações, mas está sendo apresentado para facilitar a visualização da gradação de notas a partir do repertório. MÓDULO 04 | COMPETÊNCIA II 35 À exceção do repertório desenvolvido a partir de muitos trechos de cópia nível 2), a presença de dois ou mais repertórios de ní- veis distintos implicará a sua avaliação no nível mais elevado. Por exemplo, uma redação que apresenta três repertórios baseados nos textos motivadores (nível 3) e um com uso produtivo de repertório legitimado e pertinente ao tema (nível 5) será avaliada no nível mais elevado, ou seja, no nível 5. MÓDULO 04 | COMPETÊNCIA II 36 6. DESCRIÇÃO DOS NÍVEIS Neste capítulo, analisaremos redações avaliadas em cada um dos níveis da Grade Específica da Competência II. O objetivo desse estudo é aplicarmos os conceitos desenvolvidos a partir dela, bem como nos familiarizarmos com o uso dos seus termos. Para facilitar o entendimento das análises, apresentamos uma diferenciação nas marcações dos elementos de abordagem do tema, do tipo textual e do repertório utilizado, conforme a legenda a seguir: Para a avaliação do tema, destacamos apenas uma ocorrência de cada elemento, o que não invalida a existência de outras ocorrências ao longo do texto. Da mesma forma, para a avaliação do repertório, marcamos apenas uma ocorrência, ainda que o texto apresente outras. É importante observar que, na Competência II, não há descrição do nível 0, pois um texto que foge ao tema ou que não atende ao tipo de texto dissertativo- argumentativo se enquadra em uma situação que leva à nota zero, não sendo avaliado em nenhuma Competência. MÓDULO 04 | COMPETÊNCIA II 37 6.1.1. TANGÊNCIA Do ponto de vista do tema, serão avaliados no nível 1 textos que tangenciam o tema. Exemplo 5 A redação do Exemplo 5 é considerada tangente ao tema porque não aborda plenamente a proposta temática. O texto trata do elemento doenças mentais na linha 5 (“doenças mentais”), mas o estigma, um dos elementos para a abordagem completa do tema, não é mencionado na redação. Convém destacar que o participante menciona o público mais afetado pelas doenças mentais nas linhas 7 a 9 (“Os jovens costumam ser a grande maioria dos afetados”), sem explicitar a existência de um estigma imposto a essas pessoas. Da mesma forma, nas linhas 12 e 13 (“As redes sociais contribuem muito para que a população tenha doenças 6.1. NÍVEL 1 (NOTA 40) NIVEL 1 TANGÊNCIA AO TEMA OU • Texto composto por aglomerado caótico de palavras OU • Traços constantes de outros tipos textuais MÓDULO 04 | COMPETÊNCIA II 38 mentais”), as redes sociais são apresentadas como a causa do surgimento das doenças mentais, o que não é válido para a abordagem do tema. Com relação à tipologia textual, a redação apresenta as 3 partes do texto dissertativo-argumentativo (nenhuma delas é embrionária), mas o tangenciamento ao tema define a avaliação no nível 1 da Competência II. Exemplo 6 A redação do Exemplo 6 é considerada tangente ao tema porque não aborda plenamente a proposta temática. O texto trata do elemento “doenças mentais MÓDULO 04 | COMPETÊNCIA II 39 nas linhas 1 e 2 (“doenças mentais”), mas o estigma, um dos elementos para a abordagem completa do tema, não é mencionado na redação. Vale destacar que o trecho, nas linhas 9 e 10, no qual o participante menciona que muitos brasileiros têm depressão por falta de acompanhamento psicológico (“11, 5 milhões (onze, cinco milhões) de brasileiros possuem depressão devido a falta de acompanhamento psicológico”) não pode ser considerado estigma, pois essa falta de apoio psicológico é a causa do problema e não sua consequência. Também não podemos considerar como estigma o trecho entre as linhas 16 e 17, no qual o participante lembra que algumas empresas oferecem atendimento psicológico para seus funcionários (“Portanto temos algumas empresas no Brasil, qual pedem para seus funcionários um acompanhamento com um psicologico”). Nesse caso, o participante trata de algo que é feito, sem apontar que existe uma falta de suporte a pessoas acometidas por transtornos mentais. Com relação à tipologia textual, a redação apresenta as 3 partes do texto dissertativo-argumentativo (nenhuma delas é embrionária), mas o tangenciamento ao tema define a avaliação no nível 1 da Competência II. Vale destacar, ainda, que a redação apresenta repertório legitimado ao mencionar o protagonista da obra Harry Potter, mas a tangência impede sua avaliação nos níveis mais altos. MÓDULO 04 | COMPETÊNCIA II 40 6.1.2. AGLOMERADOCAÓTICO DE PALAVRAS Serão avaliados no nível 1 textos compostos por um aglomerado caótico de palavras, como o apresentado no Exemplo 7, a seguir. Exemplo 7 A redação do Exemplo 7 é tangente ao tema e composta por um aglomerado caótico de palavras. Em relação ao tema, observa-se que o texto apresenta um sinônimo direto para o elemento “doenças mentais” na linha 2 (“louco”), mas o estigma, um dos elementos para a abordagem completa, não é mencionado. A tangência ao tema já seria suficiente para atribuição do nível 1 à redação, mas há ainda outra característica que garante a avaliação nesse nível. Com relação à tipologia textual, não é possível reconhecer características de qualquer tipo textual, o que impede que a redação seja avaliada como “Não Atendimento ao Tipo Textual” ou que atinja o nível 2 da Competência II. Trata-se de um caso atípico: como o texto é constituído por uma lista de palavras/expressões desconexas, formando um aglomerado caótico de palavras que compromete seu entendimento, ele deve ser avaliado no nível 1 da Competência II. MÓDULO 04 | COMPETÊNCIA II 41 Exemplo 8 A redação do Exemplo 8 apresenta abordagem completa do tema e é composta por um aglomerado caótico de palavras. Em relação à abordagem temática, observa-se que o texto apresenta os dois elementos do tema: doenças mentais (“doença mental”) e estigma (“estigma”) na linha 1, o que permitiria a avaliação da redação nos níveis mais altos da Competência II se não houvesse outra característica que impede a atribuição desse nível. Quanto à estrutura textual, não é possível reconhecer características de qualquer tipo textual, o que impede que a redação seja avaliada como “Não Atendimento ao Tipo Textual” ou que atinja o nível 2 da Competência II. Trata-se de um caso atípico: como o texto é constituído por uma lista de palavras/expressões desconexas, formando um aglomerado caótico de palavras que compromete seu entendimento, ele deve ser avaliado no nível 1 da Competência II. ATENÇÃO! Ainda que uma redação apresente abordagem completa do tema (menção a todos os elementos da proposta), a presença de um aglomerado caótico de palavras faz com que ela seja avaliada no nível 1. MÓDULO 04 | COMPETÊNCIA II 42 6.1.3. TRAÇOS CONSTANTES DE OUTROS TIPOS TEXTUAIS Outra característica que leva uma redação a ser avaliada no nível 1 é a presença de traços constantes de outros tipos textuais, como ocorre nos Exemplos 9 e 10. Exemplo 9 No Exemplo 9, há tangenciamento do tema, porque o participante apresenta um sinônimo direto de doenças mentais na linha 3 (“depressão”), mas o estigma, um dos elementos para a abordagem completa do tema, não é mencionado no texto. Portanto, o texto é avaliado como tangente. Embora a tangência ao tema já defina a avaliação no nível 1 da Competência II, a redação apresenta, ainda, traços constantes de outros tipos textuais. Observa-se que as linhas 7 a 14 são compostas por um relato extenso em 1ª pessoa do singular, de uma mulher que enfrentou diversas dificuldades por conta da depressão (trecho destacado com retângulo rosa vazado), caracterizando a presença de outra tipologia textual: o tipo narrativo. Contudo, a redação não é MÓDULO 04 | COMPETÊNCIA II 43 avaliada como “Não Atendimento ao Tipo Textual”, pois ela é predominantemente dissertativo-argumentativa (linhas1, 3 a 6 e 15 a 20). Cumpre destacar que é a análise quantitativa da produção do participante que definirá se um texto apresenta traços constantes de outros tipos textuais. Assim, esse texto deve ser avaliado no nível 1 da Competência II porque é tangente ao tema e contém traços constantes de outros tipos textuais. Exemplo 10 No Exemplo 10, o texto apresenta abordagem completa do tema ao mencionar doenças mentais na linha 2 (“doenças mentais”) e estigma na linha 7 (“Muitos falam que ansiedade e frescura”, na referência à forma negativa como a doença mental é vista pela sociedade, uma das possibilidades para a abordagem desse elemento). MÓDULO 04 | COMPETÊNCIA II 44 Quanto à tipologia textual, embora a redação apresente as 3 partes do texto dissertativo-argumentativo, nenhuma delas embrionária, observa-se a presença de marcas constantes de enumeração no início de todos os parágrafos, configurando uma exposição em tópicos. Por isso, considerando as características apontadas, o texto é avaliado no nível 1 da Competência II. Como comparação, vamos analisar agora uma redação que não deve ser avaliada como traços constantes de outros tipos textuais: Exemplo 11 MÓDULO 04 | COMPETÊNCIA II 45 Na redação do Exemplo 11, há abordagem completa do tema, porque o participante apresenta um dos sinônimos aceitos para doenças mentais na linha 4 (“falta de boa saúde mental”) e o estigma nas linhas 14 a 16 (“a pessoa procura ajuda através de conversas, mas não encontram por preconceito da ideia de quem vai ao psicólogo é maluco, ou por considerarem “frescura””, referência à forma negativa como o doente é visto pela sociedade). Quanto à tipologia textual, a redação apresenta, do total de 5 parágrafos produzidos pelo participante, 1 parágrafo com marca de enumeração e 4 parágrafos sem essas marcas. Há, na linha 7, um “x” que poderia ser confundido com um marcador, mas que é uma rasura e por isso não foi destacado. Como a presença de marcador não é predominante, a redação não pode ser avaliada como traços constantes de outros tipos textuais. Assim, por não se tratar de um texto tangente, não ser composto por um aglomerado de palavras e não haver traços constantes de outros tipos textuais, a avaliação desse texto poderá atingir os níveis superiores a 1 da Competência II. As redações avaliadas no nível 2 já precisam apresentar, necessariamente, abordagem completa do tema, mas ainda contêm problemas relacionados ao tipo textual e/ou à presença de muitos trechos de cópia. Do ponto de vista do tipo textual, serão avaliados no nível 2 textos que apresentam 2 partes embrionárias ou conclusão finalizada por frase incompleta. 6.2. NÍVEL 2 (NOTA 80) NIVEL 2 Abordagem completa do tema E • 3 partes do texto (2 delas embrionárias) OU • Conclusão finalizada por frase incompleta Textos que apresentam muitos trechos de cópia não devem ultrapassar esse nível MÓDULO 04 | COMPETÊNCIA II 46 6.2.1. 2 PARTES DO TEXTO EMBRIONÁRIAS Exemplo 12 A redação do Exemplo 12 apresenta abordagem completa do tema e as 3 partes do texto dissertativo-argumentativo, porém 2 delas são embrionárias. O texto aborda as doenças mentais e o estigma na linha 1, fazendo menção direta aos elementos do tema (“O estigma associado ás doenças mentais”). Quanto à estrutura textual, ao analisar a proporção entre as 3 partes do texto dissertativo-argumentativo, nota-se que os trechos destacados (linhas 1 e 2 – MÓDULO 04 | COMPETÊNCIA II 47 introdução; linha 30 – conclusão) configuram partes embrionárias, pois são curtas devido a sua pouca produção. Por essa razão, embora a redação apresente abordagem completa do tema e as 3 partes do texto dissertativo-argumentativo, ela deve ser avaliada no nível 2 da Competência II, uma vez que 2 dessas partes são embrionárias. Convém ressaltar que as linhas 1 e 2 foram consideradas como parte do texto, e não título, porque elas não estão destacadas do corpo do texto, seja pela separação por meio de uma linha em branco, seja pelo uso de destaques (aspas, sublinhado etc.), seja pelo fato da frase estar centralizada. É possível notar que as linhas 1 e 2 estão alinhadas com alguns parágrafos do texto, como os das linhas 13 e 27. Exemplo 13 A redação do Exemplo 13 apresenta abordagem completa do tema e as 3 partes do texto dissertativo-argumentativo, porém 2 delas são embrionárias. O texto menciona um dos sinônimos diretos paradoenças mentais na linha 8 (“disturbio Bipolar”) e aborda o estigma nas linhas 11 e 12 (“o endivido já é considerado e MÓDULO 04 | COMPETÊNCIA II 48 rotulado”, aspecto que recupera a ideia de inferiorização, uma das possibilidades para a abordagem desse elemento). Quanto à estrutura textual, ao analisar a proporção entre as 3 partes do texto dissertativo-argumentativo, nota-se que os trechos destacados (linhas 5 e 6 – introdução; linhas 15 e 16 – conclusão) configuram partes embrionárias, pois são curtas devido a sua pouca produção. Por essa razão, embora a redação apresente abordagem completa do tema e as 3 partes do texto dissertativo-argumentativo, ela deve ser avaliada no nível 2, uma vez que 2 dessas partes são embrionárias. MÓDULO 04 | COMPETÊNCIA II 49 6.2.2. CONCLUSÃO FINALIZADA POR FRASE INCOMPLETA Exemplo 14 Esse texto aborda o tema de forma completa, mencionando diretamente os elementos doenças mentais na linha 1 (“Doenças mentais”) e estigma na linha 3 (“estigma”). Com relação à estrutura textual, a redação apresenta as 3 partes do texto dissertativo-argumentativo, nenhuma delas embrionária, porém a conclusão é finalizada por frase incompleta. O trecho “com objetivo não ver o cidadão como um ser diferente e” (linhas 29 e 30) é interrompido e não apresenta sentido MÓDULO 04 | COMPETÊNCIA II 50 completo. Por essa razão, a redação do Exemplo 14 deve ser avaliada no nível 2 da Competência II. Deve-se ressaltar que o texto tem repertório legitimado, mas o fato de apresentar conclusão incompleta impede sua avaliação nos níveis mais altos da Competência II. Exemplo 15 No Exemplo 15, há abordagem completa do tema, porque o participante aborda as doenças mentais e o estigma nas linhas 1 e 2 (“as questões preconceituosas liberadas por conexão com a presença de distúrbios mentais”, aspecto que MÓDULO 04 | COMPETÊNCIA II 51 recupera a forma negativa como a doença mental é vista pela sociedade, uma das possibilidades para a abordagem do tema). Quanto ao tipo textual, a redação apresenta as 3 partes do texto dissertativo- argumentativo, nenhuma delas embrionária, mas a conclusão é finalizada por frase incompleta. Na linha 25, a oração “tornando um Brasil menos” é interrompida e não apresenta sentido completo. Convém destacar ainda que, nessa redação, verifica-se a presença de repertório legitimado em dois momentos: no conceito e definição de Pós-globalização (1º parágrafo); e na referência ao político e ditador Adolf Hitler (2º parágrafo). Porém, a presença de conclusão finalizada por frase incompleta impede a análise desses repertórios e mantém a avaliação no nível 2 da Competência II. 6.2.3. MUITOS TRECHOS DE CÓPIA Exemplo 16 MÓDULO 04 | COMPETÊNCIA II 52 O texto do Exemplo 16 apresenta abordagem completa do tema, as 3 partes do texto dissertativo-argumentativo (nenhuma delas embrionária) e a conclusão não é embrionária nem finalizada por frase incompleta. Entretanto, percebe-se, nos segmentos destacados em amarelo, a presença de muitos trechos de cópia. A redação aborda o tema de forma completa, apresentando, na linha 5 um sinônimo direto para doenças mentais (“Depressão”) e o estigma na linha 22 (“preconceito”, uma das possibilidades de abordagem desse elemento). Convém ressaltar que, nesse trecho, o participante não prova que o preconceito é a causa da doença, por isso aceitamos essa menção a “preconceito” como estigma. A despeito de a abordagem do tema e de a estrutura textual serem completas, nota-se, na avaliação do repertório, que o participante recorre a muitos trechos copiados destacados em amarelo (linhas 1, 2 e 3 [Texto I]; linhas 7 e 8 [Texto II]; linhas 5, 9 a 12, 14 a 16, 24 e 25 [Texto III], 16 e 17 [Caderno de Questões]) em meio a trechos de produção própria. Devemos atentar para o fato de que a definição de “muitos trechos de cópia” sempre dependerá da análise do conjunto textual produzido pelo participante, ou seja, não existe uma quantidade precisa de linhas copiadas que determine o que são muitos trechos de cópia, mas é preciso comparar o tamanho do texto com a recorrência dos trechos de cópia (desde que o trecho de produção própria do participante tenha 8 linhas ou mais; caso contrário, a redação deve ser avaliada como Cópia, conforme explicado no Módulo 2). É relevante ressaltar, ainda, que os trechos de cópia são considerados para efeito de avaliação, inclusive no que se refere à identificação dos elementos do tema, e que a redação permanece no nível 2 mesmo que apresente o repertório esperado para os níveis mais altos da Competência II. MÓDULO 04 | COMPETÊNCIA II 53 Exemplo 17 Esse texto aborda o tema de forma completa, apresentando o estigma na linha 3 (“estigma”) e um sinônimo direto para doenças mentais na linha 4 (“problema mental”). Além disso, observa-se a presença das 3 partes do texto dissertativo- argumentativo, nenhuma delas embrionária. Contudo, na avaliação do repertório, nota-se que o participante recorre a muitos trechos de cópia, destacados em amarelo (linhas 7 a 9, 19 a 24 [Texto III], linhas 10 e 11 [Texto II]), em meio a trechos de produção própria. Assim, a redação deve ser avaliada no nível 2 da Competência II, porque, embora apresente abordagem MÓDULO 04 | COMPETÊNCIA II 54 completa do tema e as 3 partes do texto dissertativo-argumentativo, nenhuma delas embrionária, o participante recorre a muitos trechos de cópia. Serão avaliados no nível 3 textos que apresentam abordagem completa do tema, as 3 partes do texto dissertativo-argumentativo (podendo 1 delas ser embrionária) e repertório baseado nos textos motivadores e/ou repertório não legitimado e/ou repertório legitimado, mas não pertinente ao tema ou redações com corpo do texto composto por até 8 linhas em que não é possível reconhecer as 3 partes do texto. 6.3. NÍVEL 3 (NOTA 120) NIVEL 3 Abordagem completa do tema E • 3 partes do texto (1 parte pode ser embrionária) • Redações com corpo do texto composto por até 8 linhas em que não é possível reconhecer as 3 partes não devem ultrapassar este nível E • Repertório baseado nos textos motivadores E/OU • Repertório não legitimado E/OU • Repertório legitimado, MAS não pertinente ao tema MÓDULO 04 | COMPETÊNCIA II 55 6.3.1. 3 PARTES DO TEXTO (1 PODE SER EMBRIONÁRIA) Exemplo 18 O Exemplo 18 aborda o tema de forma completa, mencionando doenças mentais na linha 1 (“Doenças mentais”) e o estigma nas linhas 1 e 2 (“são tratadas há muito tempo como “frescura””, aspecto que recupera a forma negativa como a doença mental é vista na sociedade). Além disso, nota-se a presença das 3 partes do texto dissertativo-argumentativo, mas a conclusão – nas linhas 11 e 12 – é embrionária devido a sua pouca produção em 2 linhas, o que é permitido pelo descritor da Grade Específica para esse nível de avaliação. Nota-se ainda, nesse exemplo, a presença de repertório baseado nos textos motivadores, isto é, acontece a reelaboração dos textos de apoio, mantendo a ideia central da informação. Por exemplo, nas linhas 1 e 2, o participante se apropria de informações do Texto II da proposta de redação. Além disso, há repertório não legitimado em diversos momentos do texto, como, por exemplo, nas linhas 6 e 7, em que o participante afirma “Sabemos que ninguém tem a vida perfeita, todos temos momentos bons e ruins”. Assim, tendo em vista a abordagem completa do tema, a presença das 3 partes do texto dissertativo-argumentativo – com a conclusão embrionária –, de MÓDULO 04 | COMPETÊNCIA II 56 repertório baseado nos textos motivadores e de repertório não legitimado, o Exemplo 18 é avaliado no nível 3 da Competência II. 6.3.2. REDAÇÕES COM CORPO DO TEXTO COMPOSTO POR ATÉ8 LINHAS EM QUE NÃO É POSSÍVEL RECONHECER AS 3 PARTES Exemplo 19 A redação do Exemplo 19 apresenta abordagem completa do tema, mencionando as doenças mentais na linha 4 (“doenças mentais”) e o estigma nas linhas 7 e 8. (“suas familia dão motivos ainda dizendo, que não passa de preguiça”, aspecto que retoma a forma negativa como a doença é vista pela sociedade, uma das possibilidades para a abordagem desse elemento). Com relação à estrutura textual, ao analisar as 3 partes do texto dissertativo- argumentativo, nota-se que o corpo do texto é formado por apenas um parágrafo de 8 linhas, o que nos impede de identificar claramente quais são as três partes do texto. Por esse motivo, ela não pode ultrapassar o nível 3 da Competência II. MÓDULO 04 | COMPETÊNCIA II 57 Exemplo 20 Essa redação aborda o tema de forma completa, apresentando as doenças mentais na linha 3 (“depressão”) e o estigma nas linhas 5 e 6 (“devido a esteriotipacão de que a depressão so ocorre em pessoas tristes”, expressão que recupera a ideia de inferiorização, uma das possibilidades aceitas para a abordagem desse elemento). Quanto ao tipo textual, o fato de a redação apresentar 8 linhas de produção no corpo do texto e ser composta por apenas 1 parágrafo faz com que não seja possível reconhecer as 3 partes do texto ou dizer quantas e quais delas são embrionárias. Portanto, a redação deve ser avaliada no nível 3 da Competência II. Cumpre lembrar, ainda, que o texto apresenta repertório legitimado e pertinente ao tema na linha 2 ao mencionar o humorista Whindersson Nunes, uma personalidade artística, mas tal ocorrência não é suficiente para avaliá-lo em um nível superior, visto que o corpo do texto apresenta 8 linhas em que não é possível reconhecer as 3 partes do tipo textual dissertativo-argumentativo. MÓDULO 04 | COMPETÊNCIA II 58 6.3.3. REPERTÓRIO BASEADO NOS TEXTOS MOTIVADORES Exemplo 21 O Exemplo 21 aborda o tema de forma completa, mencionando um sinônimo direto para doenças mentais na linha 5 (“transtornos mentais”) e o estigma nas linhas 5 a 8 (““ignorância” de algumas pessoas não e vista como uma doença é sim como frescura ou forma de querer chamar atenção”, aspecto que recupera a forma negativa como a doença mental é vista na sociedade”). Além disso, nota-se a presença das 3 partes do texto dissertativo-argumentativo e que nenhuma delas é embrionária – como explicado no box do item 4, monoblocos com mais de 8 linhas, como o Exemplo 20, não devem ser penalizados na Competência II. A partir dessas considerações, o que definirá o nível em que o texto será avaliado é a análise do repertório mobilizado para desenvolver o tema. Nesse exemplo, percebe-se que o repertório utilizado é baseado nos textos motivadores, isto é, acontece a reelaboração dos textos de apoio, mantendo a ideia central da informação. Por exemplo, no trecho destacado (linhas 8 a 10), o participante se apropria de informações do Texto III da proposta de redação. Há, ainda, o trecho entre as linhas 5 e 7 cuja informação central é baseada no Texto II da coletânea de textos motivadores. MÓDULO 04 | COMPETÊNCIA II 59 Assim, tendo em vista a abordagem completa do tema, a presença das 3 partes do texto dissertativo-argumentativo e o repertório baseado nos textos motivadores, o Exemplo 21 é avaliado no nível 3 da Competência II. Cumpre lembrar, ainda, que o texto apresenta repertório não legitimado em alguns momentos (linhas 1 a 3, por exemplo), mas tais ocorrências não são suficientes para avaliá-lo em um nível superior, visto que esse tipo de repertório também é avaliado no nível 3. Exemplo 22 O Exemplo 22 aborda o tema de forma completa, apresentando as doenças mentais na linha 2 (“transtornos mentais”) e o estigma nas linhas 5 e 6 (“apesar de ser tratada por muitas pessoas como “frescura””, aspecto que recupera a forma negativa como a doença mental é vista pela sociedade, uma das possibilidades para a abordagem desse elemento). Além disso, é possível MÓDULO 04 | COMPETÊNCIA II 60 reconhecer que nenhuma das 3 partes do texto dissertativo-argumentativo é embrionária. Depois disso, a análise do repertório mobilizado para desenvolver o tema é que definirá o nível em que o texto será avaliado. No exemplo acima, observa-se a presença de repertório baseado nos textos motivadores, ou seja, há a reelaboração dos textos de apoio, mantendo a ideia central da informação. É o que ocorre no trecho destacado no primeiro parágrafo, em que o participante se apropria de uma informação presente no Texto III da proposta de redação. Há, ainda, repertório baseado nos textos motivadores em outros momentos da redação (linhas 5 e 6) e repertório não legitimado (linhas 18 a 20), porém isso ainda não é suficiente para que o texto seja avaliado em um nível superior, visto que esses dois tipos de repertório também são avaliados no nível 3. Assim, por todas essas razões, a redação é avaliada no nível 3 da Competência II. MÓDULO 04 | COMPETÊNCIA II 61 6.3.4. REPERTÓRIO NÃO LEGITIMADO Exemplo 23 O Exemplo 23 apresenta o tema de forma completa, com as 3 partes do texto dissertativo-argumentativo (nenhuma delas é embrionária) e repertório não legitimado. Verifica-se que o participante aborda o tema ao mencionar um sinônimo direto de doenças mentais na linha 5 (“depressão”) e o estigma, entre as linhas 13 e 15 (“tratando doenças como transtorno mental, bipolaridade e principalmente ansiedade como se não fossem assuntos sérios” aspecto que MÓDULO 04 | COMPETÊNCIA II 62 recupera o descaso com relação aos problemas mentais, uma das formas de abordagem desse elemento). Como não há problemas de adequação ao tipo dissertativo-argumentativo, será a análise do repertório utilizado para desenvolver o tema que definirá o nível de avaliação desse texto. Nesse sentido, o participante utiliza informações que extrapolam as ideias dos textos motivadores, mas que não são fundamentadas pelas Áreas do Conhecimento, por exemplo, nos trechos grifados entre as linhas 1 e 6 (“Atualmente a população brasileira ven se mostrando negativa em varios aspectos, estimando padrões e se esquecendo da empatia, acarretando problemas psicológicos em varias pessoas causando graves doenças como a depressão, atingindo todos os gêneros”). Portanto, em razão da abordagem completa, da presença das 3 partes do texto dissertativo-argumentativo e do repertório não legitimado, o Exemplo 23 é avaliado no nível 3 da Competência II. MÓDULO 04 | COMPETÊNCIA II 63 Exemplo 24 Nesse exemplo, a redação apresenta abordagem completa do tema, mencionando um dos sinônimos diretos para doenças mentais na linha 13 (“depressivas”) e o estigma na linha 12 (“Sendo assim imterpletada com mentirosas”, aspecto que recupera a ideia de que doenças mentais são menos relevantes que outras doenças, uma das possibilidades para a abordagem desse elemento). Observa-se, também, que há as 3 partes do texto dissertativo- argumentativo e nenhuma delas é embrionária. Nota-se, nessa redação, a presença de repertório não legitimado, ou seja, o participante utiliza informações que não são fundamentadas pelas Áreas do Conhecimento, como acontece, por exemplo, nos trechos destacados nas linhas 1 e 2 (“Atualmente nota-se na sociedade contemporanea um crescente numeros de consulta aos piscologos”) e com outras afirmações presentes no texto. MÓDULO 04 | COMPETÊNCIA II 64 Por isso, em razão da abordagem completa do tema, da presença das 3 partes do texto dissertativo-argumentativo (nenhuma delas embrionária) e do repertório não legitimado, essa redação é avaliada no nível 3 da Competência II. 6.3.5. REPERTÓRIO LEGITIMADO, MAS NÃO PERTINENTE AO TEMA Exemplo 25 O Exemplo 25 traz um texto com abordagem completa do tema, mencionando um dos sinônimos
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