Prévia do material em texto
1 Maria Carolina Braga Sampaio * Secundário a uma resposta inflamatória desregulada a uma infecção a qual provoca disfunções orgânicas. * Sx clínica caracterizada por alterações biológicas, fisiológicas e bioquímicas no hospedeiro; * Culmina em disfunção no funcionamento de órgãos e sistemas → Síndrome de disfunção de múltiplos órgãos (SOMOS) → Sepse grave. Presença de pelo menos dois de quatro sinais da síndrome de resposta inflamatória sistêmica (SRIS): 1. Febre (> 38°C) ou hipotermia (< 36°C); 2. Taquicardia → > 90 bpm; 3. Taquipneia → > 20 rpm; Hipocapnia → PCO2 < 32 mmhg, ou Necessidade de assistência ventilatória mecânica; 4. Leucocitose → > 12.000 células/mm'; Leucopenia → < 4.000 células/mm ou Desvio para a esquerda → > 10% de células em bastão (= imaturas) no leucograma diferencial e infecção suspeitada ou provada. Choque séptico Definido como sepse grave em adição a hipotensão → estado de hipoperfusão orgânica Hipotensão: PA Sistólica < 90 mmHg ou uma ↓de > 40 mmHg da básica → mesmo se reposição hídrica adequada; Um paciente pode se encontrar em choque sem ter uma hipotensão (hipotensão não é sinônimo de choque). Etiologia Bactérias gram-positivas: » Staphylococus aureus resistente à meticilina → S. aureus » Enterococos resistentes à vancomicina, » Streptococcus pneumonuie resistente à penicilina, Bacilos gram-negativos resistentes Bactérias gram-negativas: » Enterobactérias → E. coli, Klebsiella sp, Enterobacter sp, Proteus sp etc.; » Pseudomonas aeruginosa. População infantil: » Streptococcus agalactiae do grupo B (GP) » Pneumococo → no período neonatal; (GP) » Haemophilus influenzae → lactentes (Cocobacilo GN) » Neisseria meningitidis → lactentes. (Cocos GN) O tipo de bactéria que causará sepse está intimamente relacionado com o local do foco ou com o tipo de manipulação, em locais onde há flora bacteriana normal. Desvio à esquerda no hemograma é um sinal de produção aumentada de neutrófilos, o que, na maioria dos casos, indica um processo infeccioso agudo em curso. 2 Maria Carolina Braga Sampaio Fisiopatologia → Resposta desregulada e generalizada à infecção; → Desequilíbrio da homeostase inflamatória → ativação sistêmica; → Alteração da coagulação (exacerbação) → Comprometimento da coagulação e da fibrinólise → trombose microcirculação → Coagulação intravascular disseminada; → Apoptose e lesão mitocondrial; Desregulação da resposta inflamatória » Liberação de mediadores pró e anti-inflamatórios em resposta a uma infecção ultrapassando os limites locais da infecção → levando a uma resposta generalizada + disfunção orgânica; » Particularidades dos MO: Componentes da parede bacteriana (endotoxina) e produtos bacterianos (enterotoxina); Mecanismos geradores de disfunção orgânica » ↓ oferta tecidual de O2: Por causa das alterações circulatórias → trombose por ex. » Lesão celular: Pela ↓ O2, disfunção mitocondrial e apoptose; Alterações circulatórias Alterações circulatórias * Hipotensão → Pela vasodilatação difusa associada à hipovolemia relativa → por causa do extravasamento capilar ocasionado pela liberação dos mediadores vasoativos (Prostaciclina e NO produzidos pelas cel. endoteliais. Há também liberação de vasopressina. Circulação central: Coração e grandes vasos →↓ desempenho ventricular → sistólico e diastólico → devido liberação de subst. depressoras do miocárdio. Circulação regional: Pequenos vasos → Vasoconstrição inadequada → fluxo sanguíneo inadequado aos órgãos. Microcirculação → Capilares → Seriamente comprometida → Presença de estase e microtrombos → ↓ nº de capilares funcionantes → Heterogeneidade de fluxo com áreas bem perfundidas e outras com má perfusão → devido a perda da capacidade dos eritrócitos se deformar → eritrócitos rígidos tem dificuldade de circular. Alterações do sistema de coagulação Predomínio das funções pró-coagulantes → gerar trombose na microcirculação → hipoperfusão → disfunção orgânica; » Iniciada pela presença do fator tecidual (FT) nas células endoteliais; (O inibidor do FT (TFPI) está em [ ] insuficientes para conter o excesso de FT); » Mecanismos anticoagulantes e fibrinólise estão comprometidos → ↓ antitrombina (AT); alteração dos sistemas proteína C e S (vai comprometer a sua ação anti- inflamatória e pró-fibrinolítica); » Plaquetopenia; » CIVD → expressão da disfunção da coagulação associada a sepse → alterações laboratoriais e até quadros de hemorragias; 3 Maria Carolina Braga Sampaio Quadro clínico A apresentação inicial da sepse é inespecífica; Taquicardia, febre e leucocitose A febre é bastante sugestiva de sepse, mas pode estar ausente em pacientes imunossuprimidos, idosos e neonatos. * Hipotermia: Mais comum em RN prematuros e Idosos → pelo processo degenerativo do SNC; Pacientes hipotérmicos no início do quadro, geralmente, tendem a evoluir com hipertermia durante o curso da doença, mas os quadros de hipotermia não estão associados a uma maior incidência de choque ou maior letalidade. * Hiperventilação → ↑ FR + ↑ amplitude dos mov. Respiratórios → alterações do nível de consciência; ansiedade; agitação psicomotora... (pag 35); * Desnutrição e caquexia: * Alterações na pele: lesões cutâneas decorrentes de infecção da pele ou de coagulopatia → Petéquias; celulites; eritemas → causados por MO GP (estafilo e estrepto). * Icterícia: Decorrente de hemólise, colestase intra-hepática ou falência hepática; Fases iniciais da sepse costumam estar presentes: » SS sugestivos de infecção: ▪ Temperatura > 38,3 ou < 36°C; ▪ FC > 90 batimentos/min ou; ▪ Taquipneia e FR > 20 respirações/minuto; ▪ Pele quente; » SS sugestivos de choque: ▪ ↓ Do enchimento capilar; ▪ Cianose ou Livedo (achado dermatológico extremamente comum constituído por uma aparência malhada e rendilhada da pele) Diagnóstico Baseia-se no quadro clínico e, se possível, na positividade de hemoculturas. → Hemoculturas é fundamental → coleta, bem-feita, no início do quadro febril → ausência de crescimento bacteriano não exclui o diag. » Coletadas por punção venosa ou arterial; » Não devem ser coletados a partir de cateteres, pois eles favorecem a contaminação → Só se o cateter for a suspeita da origem da infec. » Limpeza da pele; → LCR; Valores → Níveis plasmáticos da procalcitonina (PCT) → auxiliar no diagnóstico da sepse grave e do choque séptico, distinguindo a SIRS de origem infecciosa daquelas de outra natureza; PCT é de baixa sensibilidade e alta especificidade » PCT > de 2 ng/mL → altamente sugestivos de infecções bacterianas graves e sepse; » PCT entre 0,5 e 2 ng/mL → podem ocorrer em casos de SIRS não infecciosa como trauma e queimaduras extensas. » PCT < 0,5 ng/mL → infecções bacterianas leves, infecções virais e outros processos inflamatórios. 4 Maria Carolina Braga Sampaio Valores baixos de PCT na presença de quadro clínico de sepse não excluem o diagnóstico de infecção bacteriana grave, por causa da sensibilidade não muito elevada do teste. Valores baixos são confiáveis para excluir o diagnóstico, por causa da sua alta especificidade. RN: pode chegar até a 20 ng/mL → Valores acima desse limite são considerados significativos para o diagnóstico de sepse neonatal. → PCR: > 10 mg/dL → sugestivos de infec. Bact. → sensibilidade e especificidade moderadas. → Hemograma: Série branca: leucocitose → com neutrofilia e desvio à esquerda, anaeosinofilia e linfopenia; Série vermelha: pode apresentar anemia em graus variados; Plaquetopenia → Alguns casos podem ter CIVD; → Lactato sérico → Indicador da perfusão tecidual → ↑ isquemia e hipóxia decorrentes de choque ou hipovolemia → Quanto mais alto, pior o prognóstico > 2 mmol/L + ↓ PA → indicativos de quadros graves; → Hipocalcemia→ associada a maiores complicações e mortalidade → há desregulação na homeostase do cálcio na sepse; → Hipofosfatemia → insuficiência respiratória, disfunção leucocitária, acidose metabólica, e distúrbios do SNC, podendo levar a falha na resposta à administração de catecolaminas. → Hipomagnesemia → geralmente por perdas intestinais ou renais, pode causar fraqueza muscular (que é potencializada pelo uso de aminoglicosídeos), além de predispor a arritmias cardíacas e insuficiência cardíaca. → Hipopotassemia: associado às arritmias cardíacas. → Função renal: ureia, creatinina, fração de excreção de sódio; → Função hepática: bilirrubina, transaminases, fosfatase alcalina etc. → Função respiratória: gasometrias arterial e venosa, espirometria. O diagnóstico de sepse, do ponto de vista prático, é feito quando há aumento de 2 ou mais pontos (qSOFA >= 2) no escore SOFA, → As disfunções orgânicas mais comumente associadas ao quadro séptico são: » Síndrome do desconforto respiratório agudo (SDRA); » Injúria renal aguda; » Coagulação intravascular disseminada; Critério de SIRS foi significativamente mais sensível e superior ao critério qSOFA para o diagnóstico de sepse, já o qSOFA foi melhor que o SIRS para predizer mortalidade intra-hospitalar. 5 Maria Carolina Braga Sampaio Tratamento 1. Reconhecimento precoce. 2. Coleta de culturas. 3. Coleta de lactato. 4. Antibioticoterapia da primeira hora. 5. Fluidoterapia. 6. Ressuscitação precoce guiado por metas. ATB: Antes de iniciar, deve-se saber: » Origem: A infecção foi adquirida na comunidade ou nosocomial; » Localização: Se há foco identificável; » Doenças de base e os tratamentos e manipulações realizadas; » Paciente já se encontrava em uso de algum antibiótico → pois, em caso positivo, provavelmente o microrganismo em questão será resistente a esse antibiótico; » Caracterizar se a doença de base cursa no momento da sepse com alguma falência orgânica, já instalada, o que poderia influenciar na farmacocinética dos antimicrobianos a serem empregados. → Com o advento de antibióticos potentes de amplo espectro, a monoterapia vem sendo cada vez mais empregada; → O uso de combinações de antimicrobianos → por objetivo: » Ampliar o espectro de ação antibacteriano; » Permitir doses mais baixas → reduzindo-se efeitos tóxicos; » Obter associações com efeitos sinérgicos ou aditivos; » Permitir cobertura de diversos tipos de bactérias gram-positivas e gram-negativas, aeróbios e anaeróbios; » Prevenir o aparecimento de cepas resistentes. → Os antibióticos mais modernos, de espectro muito ampliado, permitem conseguir muitos desses efeitos, sem a necessidade de combinações. → Os antibióticos devem ser administrados de preferência por via intravenosa, pois assim os picos séricos serão mais altos, garantindo a melhor penetração tecidual;