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Sepse e SIRS SIRS: é uma síndrome inflamatória sistêmica, deflagrada por infecção ou por diversos outros insultos, como pancreatite, isquemia, queimaduras, cirurgias, traumas, transfusões sanguíneas, anafilaxia ou distúrbios autoimunes, definida pela presença de duas ou mais das seguintes variáveis: T: > 38 °C ou < 36 'C FC > 90 bpm FR > 20 irpm ou PaCO2 < 32 mmHg Contagem de células brancas > 12.000/uL ou <4.000/ou > 10% de bastões. Antes da atualização de 2016, sepse era considerada uma resposta inflamatória sistêmica (SIRS) secundária à resposta do hospedeiro a uma infecção suspeita ou documentada de qualquer etiologia Nesta condição, a infecção desencadearia uma resposta imunológica exacerbada com disfunções orgânicas longe do foco ou sítio infeccioso. Sepse: Disfunção orgânica com risco de vida, causada por uma resposta desregulada do hospedeiro à infecção (definida como um score SOFA 22 pontos) Choque séptico: Sepse associada a persistência de hipotensão, necessitando de vasopressores para manter PAM 2 65 mmHg e com um nível de lactato sérico >2 mmol/L apesar da reposição volêmica adequada. SOFA - um score que avalia disfunção de 6 sistemas do corpo através de exames laboratoriais. Com o SOFA o diagnóstico ficou fixado em exames laboratoriais, deixando a clínica de lado, então foi proposta uma modificação no SOFA, o quick SOFA (QSOFA). Que avalia 3 critérios para avaliar precocemente pacientes graves com suspeita de sepse em ambientes de emergência, ou à beira-leito. Considerado como alterado um QSOFA 2 2: FR>= 22 ipm; PAS <= 100 mmHg; Alteração do nível de consciência. Se obtiver 2 ou mais deste critérios para utilizar o SOFA. Caracterizar sepse: epidemiologia, fisiopatologia, quadro clínico, tratamento e diagnóstico. Epidemiologia: Sepse é um dos principais motivos para a admissão em UTI ao redor do mundo e a incidência vem aumentando nas últimas décadas. Essa incidência atinge por volta de 40% para sepse e 30% para sepse grave. Acredita-se que esse aumento venha como consequência do envelhecimento populacional, imunossupressão e infecções multirresistentes. Idade, sexo e raça ou grupo étnico, influenciam a incidência de sepse grave, que é maior nos extremos de idade, no sexo masculino e em negros. A incidência é também maior durante o inverno, provavelmente devido ao aumento na prevalência de infecções respiratórias. Pacientes com mais de 65 anos representam 60 a 85% de todos os episódios de sepse grave, taxa essa que, com o envelhecimento da população tende a aumentar no futuro. No Brasil, a mortalidade por sepse é bem maior que em países desenvolvidos. Um estudo brasileiro recente, utilizando base de dados do Sistema de Informações de Mortalidade (SIM), mostra que aproximadamente 13% da mortalidade dos brasileiros está relacionada à sepse e, de maneira semelhante ao mundo, vem aumentando. O estudo revela ainda, que as taxas de mortalidade são maiores entre crianças e idosos, e que os homens apresentam maiores taxas de mortalidade que as mulheres. Outro estudo evidencia que, no Brasil, a sepse é um dos principais geradores de custos, tanto no setor público quanto privado, chegando a representar entrepo a 35% dos gastos globais com a área de saúde. Algumas análises realizadas em hospitais brasileiros, mostram que ser tratado em hospital público está associado à maior mortalidade do que ser tratado em instituição privada, mesmo pacientes com gravidade semelhante. Já está bem definido que o risco de morte, como também de um novo episódio de sepse e readmissões, aumenta após a alta do hospital. A maioria das mortes ocorre dentro de 6 meses, mas o risco persiste alto no primeiro ano, inclusive podendo persistir o risco razoavelmente maior por até 5 anos após a internação por sepse. Os indivíduos que sobrevivem têm maior chance de precisar de internação, tanto para cuidados agudos, quanto crônicos e também acabam tendo, por vezes, queda importante na qualidade de vida. Dados sobre sepse no Brasil - Instituto latino americano de sepse 30% dos pacientes internados em UTIs brasileiras têm como causa da internação a sepse grave; Em torno de 50% a 60% dos pacientes internados com sepse em UTIs brasileiras morrem; Estima-se que ocorram 400 mil casos de sepse por ano no Brasil; A sepse não se restringe às UTIs - 50 a 60% dos pacientes com sepse dão entrada nos hospitais via unidades de emergência, 25 a 35% desenvolvem sepse quando estão em unidades de internação regulares e 15 a 20% durante a internação em UTIs. Fisiopatologia: Sepse grave representa uma resposta imune descontrolada (SIRS) secundária à exposição a diferentes tipos de microrganismos e produtos microbianos. Bacilos Gramnegativos (principalmente Escherichia coli, Klebsiella spp. e Pseudomonas aeruginosa) e cocos Gram-positivos (principalmente Staphylococci) são patógenos mais comumente associados com o desenvolvimento da síndrome. Fungos, principalmente Candida albicans, representam cerca de 17% de todos os casos de sepse grave. O sistema imune inato descreve uma rede de células imunes e seus receptores de superfície designados a reconhecer e reagir tanto a patógenos quanto a tecidos lesados. Quando qualquer um desses elementos encontra certos linfócitos ou monócitos, ligam-se a receptores preexistentes e causam a ativação de linfócitos, são ingeridos e então apresentados a receptores de superfície celular para ativar monócitos. A expansão e a ativação de muitas linhagens de células imunes, como polimorfonucleares (PMN) e linfócitos B estimulados pelas citocinas inflamatórias, então prossegue. A fisiopatologia da sepse bacteriana é iniciada por componentes externos da membrana de organismos Gram-negativos (lipopolissacarídeos, lipídio A, flagelina e peptidoglicano), organismos Gram-positivos (ácido teicóico, ácido lipoteicóico e peptidoglicano) e fungos (proteína manana). Estes componentes da membrana externa e produtos de destruição tecidual são capazes de se ligar a receptores CD14, uma proteína ancorada no folheto externo da superfície dos monócitos. Componentes de microrganismos também interagem com co receptores chamados toll-like receptors (TLR), que mostram um grau de especificidade a micróbios patogénicos e produtos teciduais (p.ex., TLR2 para ácido teicóico e lipoteicóico ou TLR4 para lipopolissacarídeo). Patogênese da sepse e progressão desde a destruição definitiva do patógeno até a persistência do patógeno com superinfecção. A ligação de TLR ativa vias de sinalização intracelular que disparam fatores de transcrição, como o fator k-Beta nuclear, que controla a expressão de genes de resposta imune, resultando na liberação de citocinas O aparecimento de uma "tempestade de citocinas" se expande além do microambiente local restrito e se espalha pela circulação sistêmica (como através de bacteremia). Células imunes secretam citocinas com propriedades inflamatórias (TNF-alfa, IL-1, IL-2 e IL-6) e leucócitos ativados, promovem adesão endotelial e induzem ao dano endotelial. Este dano endotelial, por sua vez, leva à expressão de fator tecidual e à ativação de uma cascata de coagulação dependente de fator tecidual, com subsequente formação de trombina, de forma que microagregados de fibrina, plaquetas, neutrófilos e células vermelhas dificultam o fluxo vascular capilar, dessa maneira, diminuindo a oferta de oxigênio e nutrientes. Citocinas inflamatórias do processo inicial aumentam a expressão da sintase de óxido nítrico (ON) induzível nas células endoteliais, e aumentam a síntese do potente vasodilatador ON levando à queda na resistência vascular sistêmica característica do choque séptico. Citocinas e outros mediadores inflamatórios induzem o gap entre as células endoteliais ao desmontar as junções intercelulares e alterar a estrutura do citoesqueleto ou diretamente danificando a monocamada celular. A criação desses gaps pode resultar em vazamento microvascular e edema tecidual, característicos da sepse. A IL-6 altera a síntese de proteínas hepáticas, gerando proteínas de fase aguda e promovendo anemia. A respostade fase aguda também resulta em down-regulation da produção de albumina e proteínas anticoagulantes, como proteína C. A disfunção microvascular tem papel chave no desenvolvimento da falência orgânica em pacientes com sepse grave. Como o resultado de um ciclo vicioso de inflamação e coagulação, insuficiência cardiovascular (devido ao efeito miocárdio depressor do fator de necrose tumoral alfa, vasodilatação e vazamento capilar) e a falência de múltiplos órgãos acaba ocorrendo, frequentemente indivíduo morre. A produção de citocinas anti-inflamatórias (IL4-4 e IL-10) durante SIRS resulta na expressão de CARS, que é considerada uma resposta compensatória do sistema imune na tentativa de reduzir as respostas imunes inflamatórias sistêmicas responsáveis pelo dano tecidual e disfunção orgânica. Essa resposta anti-inflamatória indica que a sepse pode estar associada ao estado de imunossupressão que pode durar por longos períodos (semanas, meses ou anos) após o acometimento inicial da SIRS. Em muitos casos de sepse, o sistema imune falha em erradicar os patógenos infecciosos e começa uma fase prolongada de imunossupressão induzida pela sepse, caracterizada pela falha na erradicação da infecção primária e o desenvolvimento de infecções nosocomiais secundárias. Esta imunossupressão é mediada por múltiplos mecanismos, incluindo apoptose massiva de linfócitos. Em resumo, a sepse é uma condição excessivamente complexa. A exposição de macrófagos humanos a antígenos bacterianos têm demonstrado significativa mudança na expressão de mais de 950 genes. Estes incluem genes para citocinas pró e anti-inflamatórias, quimiocinas, moléculas de adesão, fatores de transcrição, enzimas, fatores de coagulação, proteínas de estresse e moléculas anti apoptóticas. Esses produtos gênicos alteram a função de cada célula e tecido do corpo. Além disso, esses mediadores interagem em alças de feedback positivos e negativos e resultam em modificações epigenéticas que acabam alterando a expressão desta rede de mediadores. Como já mencionado, acredita-se que uma fase precoce da sepse resulta de uma produção descontrolada de mediadores pró-inflamatórios chamada "tempestade de citocinas". Entretanto, dados recentes sugerem que, tanto uma resposta pró-inflamatória quanto anti inflamatória ocorre concomitantemente em pacientes com sepse. Em geral, seguindo um curso variável de tempo, os pacientes transitam de uma forma predominantemente pró-inflamatória para um estado imunossupressivo anti-inflamatório. O mecanismo patogenético e as mudanças fisiológicas associadas à sepse são demasiadamente complexos para o entendimento deste tópico que evolui rapidamente. As maiores mudanças fisiopatológicas nos pacientes com sepse grave e choque séptico incluem o choque vasoplégico (choque distributivo), disfunção miocárdica, alteração de fluxo microvascular, ativação da coagulação e dano endotelial difuso. Essas mudanças fisiopatológicas têm um papel central no manejo precoce de pacientes com sepse. A lesão endotelial difusa resulta em "vazamento" microvascular com edemas de órgãos e tecidos, hipotensão e choque. A permeabilidade capilar aumentada é causada pela perda do glicocálice endotelial e desenvolvimento de espaços entre as células endoteliais (vazamento para celular). O choque vasoplégico, devido à falha da musculatura vascular lisa em se contrair, resulta em dilatação arterial e venosa. Acredita-se que o choque vasoplégico se deva ao aumento da expressão da sintetase de ON induzível com aumento da produção de ON e ativação de canais de KATP, resultando na hiperpolarização da membrana da célula muscular, aumento da produção de peptídeos natriuréticos (que agem sinergicamente com o ON) e uma deficiência relativa de vasopressina. Venodilatação aumenta o tamanho do volume sanguíneo não estressado, diminuindo o retorno venoso, componente importante do déficit de volume intravascular, além das perdas por leak vascular. Quadro clínico: As manifestações clínicas da sepse são altamente variáveis, dependendo do sítio de infecção inicial, o patógeno causador, o padrão de disfunção orgânica, o estado de saúde basal do paciente e a demora para se instituir o tratamento. A sepse começa a se manifestar, classicamente, por meio de sinais e sintomas inespecíficos, tais como febre ou leucocitose. Os sinais e parâmetros laboratoriais mais evidentes, em geral, são tardios e muitas vezes já associados a disfunções orgânicas e alta mortalidade. Uma resposta inflamatória intensa, assim como a sabotagem bacteriana do sistema imune e de outras células eucarióticas, são a base sobre a qual se manifestam, nos mais variados órgãos e tecidos, as alterações decorrentes dessa doença. Dado que tanto infecção, quanto disfunção orgânica podem ter manifestações súbitas, é importante estar atento para alguns sinais de alerta: Cardiovascular: Taquicardia, Hipotensão, Contratilidade diminuída e Vasodilatação Respiratória: Taquipneia, Queda na relação PaO2 e SARA Hematológica: Trombocitopenia, Aumento do TP/TTPa e Aumento do D-dímero. Neurológica: Confusão. Agitação. Alteração da consciência. Neuropatia, Miopia. Edema cerebral. Renal: Oligúria e Aumento da creatinina. Hepática: Aumento de transaminases e Queda na albumina. Metabólico/endócrino: Acidose com AG elevado. Aumento do lactato. Insuficiência adrenal relativa. Hiperglicemia/hipoglicemia. Hipofosfatemia. A presença de hemólise ativa sugere bacteremia por Clostridium, malária, reação a fármacos ou CIVD; no caso da CIVD, podem-se observar alterações microangiopáticas no esfregaço sanguíneo. No início da sepse, a hiperventilação induz à alcalose respiratória. Com a fadiga dos músculos respiratórios e o acúmulo de lactato, sobrevém acidose metabólica (com o aumento do anion gap). A gasometria arterial revela hipoxemia, inicialmente corrigível pela administração de oxigênio suplementar, mas a refratariedade à inalação de oxigênio a 100% indica shunt direito esquerdo. A radiografia de tórax pode ser normal ou mostrar evidências de pneumonia subjacente, sobrecarga de volume ou infiltrados difusos da SDRA. O eletrocardiograma pode revelar apenas taquicardia sinusal ou anormalidades inespecíficas de ST e T. A maior parte dos pacientes com sepse desenvolve hiperglicemia. A infecção grave pode precipitar cetoacidose diabética, a qual pode exacerbar a hipotensão. Raramente ocorre hipoglicemia. O nível sérico de albumina declina à medida que a sepse continua. A hipocalcemia é rara. Diagnóstico: Não há testes diagnósticos específicos para a resposta séptica. Os achados com sensibilidade diagnóstica em paciente com infecção suspeita ou comprovada consistem em febre ou hipotermia, taquipneia, taquicardia e leucocitose ou leucopenia; alterações agudas do estado mental, trombocitopenia, elevação do nível sanguíneo de lactato ou hipotensão também sugerem o diagnóstico. Entretanto, a resposta séptica pode ser bem variável. Em um estudo, 36% dos pacientes com sepse grave tinham temperatura normal; 40%, frequência respiratória normal; 10%, frequência cardíaca normal; e 33%, contagem de leucócitos normal. Além disso, as respostas sistêmicas dos pacientes acometidos por outros distúrbios não infecciosos podem ser similares às respostas características da sepse. As etiologias não infecciosas de SIRS são a pancreatite, queimaduras, traumatismos, disfunção supra-renal, embolia pulmonar, aneurismas dissecantes ou rotos da aorta, infarto do miocárdio, hemorragia oculta, tamponamento cardíaco, síndrome de pós-circulação extracorpórea, anafilaxia, acidose láctica associada ao tumor e overdose de fármacos. O diagnóstico etiológico definitivo requer o isolamento do microrganismo do sangue ou do local de infecção. Pelo menos duas amostras de sangue devem ser obtidas (de dois locais diferentes de venopunção) para cultura, em um paciente com cateter de demora, uma amostra deve ser coletada de cada luz do cateter e outra de venopunção. Em muitos casos, as hemoculturas são negativas, resultado que pode refletir a administração prévia de antibióticos,presença de microrganismos de crescimento lento ou de difícil cultivo, ou ausência de invasão da corrente sanguínea. Nesses casos, a coloração de Gram e cultura do material obtido do local primário de infecção ou de lesões cutâneas infectadas podem ajudar a estabelecer a etiologia microbiana. A identificação de DNA microbiano nas amostras de sangue periférico ou tecido por reação em cadeia de polimerase também pode ser definitiva. A pele e as mucosas devem ser examinadas cuidadosa e repetidamente em busca de lesões que possam trazer informações diagnósticas. Nas bacteremias avassaladoras (p. ex., sepse pneumocócica em indivíduos esplenectomizados, meningococcemia fulminante ou infecção por V. vulnificus, B. pseudomallei ou Y, pestis), os microrganismos são, às vezes, visíveis nos esfregaços do sangue periférico. Tratamento Sepse e choque séptico: uma conduta bem-sucedida requer medidas urgentes para tratar a infecção, fornecer suportes hemodinâmico e respiratório, bem como eliminar os microrganismos agressores. Estas medidas devem ser iniciadas em até 1 h após a apresentação do paciente com sepse grave ou choque séptico. Por isso, são essenciais a avaliação e o diagnóstico rápidos. Antimicrobianos: A quimioterapia antimicrobiana deve iniciar-se tão logo as amostras de sangue ou outros locais relevantes tenham sido obtidas para cultura. É importante instituir um tratamento antimicrobiano empírico eficaz contra as bactérias Gram-positivas e Gram Negativas. Os antimicrobianos devem ser administrados por via intravenosa nas suas doses máximas recomendadas, com ajuste para função renal, quando necessário. Devem ser levadas em conta as informações disponíveis sobre os padrões de sensibilidade aos antimicrobianos das amostras bacterianas isoladas na comunidade, no hospital e no próprio paciente. O esquema poderá ser simplificado quando os resultados das culturas estiverem disponíveis, já que um único antimicrobiano costuma ser adequado para o tratamento de patógeno conhecido. A maior parte dos pacientes requer tratamento antimicrobiano por pelo menos 1 semana. A duração do tratamento é influenciada por fatores como o local da infecção tecidual, a adequação da drenagem cirúrgica, a doença subjacente do paciente e a sensibilidade dos micróbios isolados aos antimicrobianos. Remoção da fonte de infecção: É essencial a remoção, ou drenagem, do foco de onde se origina a infecção. Os locais com infecção oculta devem ser cuidadosamente pesquisados, particularmente nos pulmões, abdome e trato urinário. Os cateteres intravenosos ou arteriais de demora devem ser removidos, ter a sua ponta culturada sobre placa de ágar sangue para cultura quantitativa, e um novo cateter deve ser inserido em outro local, após o início do tratamento antibiótico. Os cateteres de Foley e de drenagem devem ser substituídos. Suportes hemodinâmico, respiratório e metabólicos: Os objetivos primários são restaurar tão rapidamente quanto possível a oferta de oxigênio e substratos aos tecidos, bem como melhorar a utilização tecidual de oxigênio e o metabolismo celular. Por isso, a adequada perfusão dos órgãos é essencial. A adequação circulatória é avaliada pela mensuração da pressão arterial e monitoramento de parâmetros como atividade mental, débito urinário e perfusão cutânea. Suporte geral: Em pacientes com sepse grave prolongada (e., de duração > 2 ou 3 dias), a suplementação nutricional pode reduzir o impacto do hipercatabolismo proteico; as evidências disponíveis, não muito fortes, favorecem o aporte por via enteral. A heparinização profilática para prevenir a trombose venosa profunda é indicada aos pacientes que não apresentam sangramento ativo ou coagulopatia; quando a heparina é contraindicada, meias de compressão ou um dispositivo de compressão intermitente devem ser usados. Prevenir a ruptura das barreiras cutâneas, infecções hospitalares e úlceras de estresse facilita a recuperação. O papel do controle rigoroso da concentração de glicose no sangue na recuperação de uma doença crítica foi abordado em inúmeros ensaios controlados. Metanálises desses experimentos concluíram que o uso de insulina para baixar os níveis de glicose no sangue para 100-120 mg/dL é potencialmente prejudicial e não melhora as taxas de sobrevida. A maioria dos especialistas atualmente recomenda o uso de insulina apenas se for necessário manter a concentração de glicose no sangue abaixo de aproximadamente 150 mg/dL. Os pacientes que recebem insulina intravenosa devem ser monitorados com frequência (a cada 1-2 h) para hipoglicemia. Cerca de 20 a 35% dos pacientes com sepse grave e 40 a 60% dos pacientes com choque séptico morrem em 30 dias. Outros morrem nos 6 meses seguintes. As mortes tardias frequentemente resultam de infecção mal controlada, imunossupressão, complicações inerentes à terapia intensiva, insuficiência de múltiplos órgãos ou doença subjacente do paciente. As taxas de letalidade são semelhantes para sepse grave com cultura positiva e negativa. Os sistemas de estratificação do prognóstico, como o APACHE II, indicam que a idade do paciente, o estado clínico subjacente e as diversas variáveis fisiológicas fornecem uma estimativa do risco de morte na sepse grave.
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