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Habilidade de cardiologia – 7ª etapa Módulo 3 - ECG 2 ELETROCARDIOGRAMA SISTEMA DE CONDUÇÃO As células cardíacas, em seu estado de repouso, são eletricamente polarizadas, ou seja, o seu meio interno é carregado negativamente em relação ao seu meio externo Essa polaridade elétrica é mantida através dos íons de membrana: potássio, sódio, cloro e cálcio A despolarização é o evento elétrico fundamental do coração, em que as células cardíacas perdem sua negatividade interna. A despolarização é propagada célula a célula, produzindo uma onda de despolarização por todo o coração e faz ele contrair Após a despolarização, as células restauram a sua polaridade de repouso através da repolarização. Existem 3 tipos de células no coração: • Células marca-passo: fonte de eletricidade • Células de condução elétrica: circuito de fios • Células miocárdicas: máquina contrátil Nó sinoatrial ou sinusal (SA): Localizado na parede posterior do átrio direito, é a célula marca-passo dominante - Inicia o impulso elétrico e essa onda de despolarização prossegue para os átrios, contraindo simultaneamente os dois átrios - Despolarização atrial = onda P - Dispara uma frequência de 60-100 x/min - Impulso chega no nó atrioventricular (AV) Nó atrioventricular (AV) Nesse local há uma pausa de 1/10 segundos, para que o sangue entre nos ventrículos - Após a pausa, o nó AV é estimulado → impulso desce pelo Feixe de His para o Ramo direito e Ramo esquerdo no septo interventricular, e depois para as Fibras de Purkinje - Despolarização ventricular = complexo QRS - As fibras de Purkinje transmitem o impulso elétrico para as células miocárdicas, realizando contração simultânea dos ventrículos OBS: se o nó SA (marcapasso) não funcionar, há marcapassos potenciais que assumem o controle, ou seja, eles só funcionam em casos de emergência - Nó AV: 60/min - Ventricular: 30-40/min - Atrial: 75/min - Urgência: 150-250/min DETALHES DO ECG Ondas As ondas que aparecem no ECG refletem primariamente a atividade elétrica das células miocárdicas. São produzidas ondas com 3 características principais: • Duração (medida em fração de segundos) • Amplitude (medida em milivolts – mV) • Configuração (forma e aspecto da onda) Papel do ECG Rolo de papel gráfico longo e contínuo, com linhas claras e escuras na vertical e horizontal • Linhas claras: 1x1 mm • Linhas escuras: 5x5 mm • Eixo horizontal: tempo - Pequeno quadrado (1mm): 0,04 s ou 40 mms - Grande quadrado (5mm): 0,2 s ou 200mms • Eixo vertical: voltagem - Pequeno quadrado (1mm): 0,1 mV - Grande quadrado (5mm): 0,5 Mv A velocidade do ECG é 25 mm/s: N (velocidade normal), 2N (velocidade em dobro), N/2 (velocidade pela metade). 12 DERIVAÇÕES Existem 12 maneiras de ver o coração: como é um orgão tridimensional, são necessários vários eletrodos para compreender o coração como um todo O ECG capta a carga elétrica do coração No século XX Einthoven descobriu como captar a diferença de potencial elétrico externamente Triângulo de Einthoven: Primeiramente, precisamos entender onde são colocados os eletrodos para analisar os vetores: 4 eletrodos nos membros: braço direito, braço esquerdo, perna direita, perna esquerda → captam a carga elétrica da periferia → DERIVAÇÕES PERIFÉRICAS • E como são colocados? “FLAMENGO” e “BRASIL” - Nas pernas ficam os eletrodos escuros e nos braços os claros - Preto – perna direita - Vermelho – braço direito - Verde – perna esquerda - Amarelo – braço esquerdo 6 eletrodos no tórax → DERIVAÇÕES PRECORDIAIS **Cada derivação tem a sua visão específica do coração, ou ângulo de orientação Os eletrodos são como “olhinhos”, e eles enxergam a ponta da seta como positivo e a parte de trás enxerga como negativo **Os eventos estão acontecendo todos ao mesmo tempo, o que muda é onde estão os olhinhos e o que eles captam DERIVAÇÕES PERIFÉRICAS / FRONTAIS / VERTICAIS D1, D2, D3, aVR, aVF, aVL 3 derivações bipolares: D1, D2, D3 → captam a diferença de potencial entre os membros 3 derivações unipolares: aVR, aVF, aVL OBS: lembrando que o eletrodo do MID é somente m neutralizados (fio-terra) D1: MSE +; MSD - → vê a diferença entre braço esquerdo e braço direito, e está olhando à esquerda → ângulo de orientação 0° D2: MIE +; MSD - → vê a diferença entre braço direito e perna esquerda, e está olhando à esquerda na perna → ângulo de orientação 60° D3: MIE +; MSE - → vê a diferença entre braço esquerdo e perna direita (neutralizador), e está olhando à esquerda na perna → ângulo de orientação 120° OBS: o “a” das próximas derivações significa aumentada, pois a máquina de ECG precisa amplificar o traçado para obter um registro adequado aVR: braço direito + → ângulo -150° aVL: braço esquerdo + → ângulo -30° aVF: perna esquerda + → ângulo +90° DERIVAÇÕES PRECORDIAIS / HORIZONTAIS São colocados 6 ventosas / eletrodos no tórax, fazendo uma rotação da direita para esquerda V1: 4° EIC à direita do esterno V2: 4° EIC à esquerda do esterno V3: entre V2 e V4 V4: 5° EIC na linha hemiclavicular V5: 5° EIC na linha axilar anterior V6: 5° EIC na linha axilar média OBS: EXISTEM OUTRAS DERIVAÇÕES MAIS ESPECÍFICAS PARA ALGUNS CASOS DE SUSPEITA DE SCA: V7, V8, V9 solicitamos quando há suspeita de IAM de parede lateral → seguem a mesma ‘direção’ de V5 e V6 na parte posterior V7: 5° EIC à esquerda na linha axilar posterior V8: 5° EIC na linha paraescapular ou hemiclavicular posterior V9: 5° EIC, à esquerda do corpo vertebral Na suspeita de infarto de VD, devemos realizar V3R e V4R (derivações direitas). Seguem os mesmos parâmetros de localização de V3 e V4, só que no hemitórax direito: V3R: na borda esternal direita, entre 4° e 5° EIC V4R: 5° EIC, na linha hemiclavicular direita. FREQUÊNCIA A FC é determinada pelo nó SA R x R = distância de um R ao outro R (no de quadradinhos) REGRA PRÁTICA: • Achar um R que coincida com a linha mais escura do ECG • Contar até onde encontrar o próximo R • Cada linha escura representa uma FC | 300 | 150 | 100 | 75 | 60 | 50 | Em um ECG normal em cada segundo existem 5 quadrados grandes em 1 minuto = 300 quadrados grandes Assim, conseguimos calcular a FC através do intervalo RR (desde que o ritmo seja regular) Localize uma onda R que coincida com a linha escura e conte o no de quadrados grandes até a próxima onda R, e divida 300 pelo no de quadrados grandes E SE A SEGUNDA R NÃO COINCIDIR COM UMA LINHA ESCURA? • Dividir 300 novamente, mas dessa vez adicionamos 0,2 para cada quadradinho a mais • Ex: a distância é 4 quadrados grandes e 3 quadradinhos → 300 / 4,6 = 65 bpm FREQUÊNCIA CARDÍACA NO RITMO IRREGULAR Geralmente um ECG registra 10 segundos, então conta-se todos os complexos QRS e multiplica por 6 Ex: 20 complexos QRS x 6 = 120 bpm RITMO Ritmo sinusal FC > 60 bpm e < 100 bpm FC < 60 bpm + ritmo sinusal = BRADICARDIA SINUSAL FC > 100 bpm + ritmo sinusal = TAQUICARDIA SINUSAL O ritmo sinusal é regular e deve ter as seguintes características: - Ritmo regular: espículas do QRS com a mesma distância → intervalo RR regular - Todo QRS precedido por onda P (melhor derivação para ver é a D2) - Onda P + em D1, D2, aVF ONDAS NO ECG ONDA P = DESPOLARIZAÇÃO ATRIAL COMPLEXO QRS = DESPOLARIZAÇÃO VENTRICULAR ONDA T = REPOLARIZAÇÃO VENTRICULAR ONDA P A onda P representa a despolarização atrial e possui duas metades, pois, após o nó SA ativar o potencial, como ele está localizado no átrio direito, o AD despolariza primeiro e depois o AE: ▪ Primeira metade = despolarização do AD ▪ Segunda metade = despolarização do AE 2,5 x 2,5 Melhor visualizada na derivação D2 · Duração (2,5mm) – 2 quadradinhos e meio = 100mms - Se durar > 2,5mm = problema no AE, sinal sugestivo de sobrecarga de AE · Amplitude (2,5mm) – 2 quadradinhos e meio = 0,25mmV - Se amplitude > 2,5mm = problema no AD, sinal sugestivo de sobrecarga de AD INTERVALO PR Desde o início da onda P até o início do QRS (pega mais de uma deflexão) Duração: 3-5 quadradinhos = 120-200 mms < 3 = PR curto (patológico) > 5 = PR longo (bloqueio AV de 1o grau) SEGMENTO PR: representa a linha de base - Sem eletricidade (tempo de paradano nó AV) - Duração do fim da onda P até início do QRS - Não é medido! Serve para comparação de linha de base COMPLEXO QRS O complexo QRS representa a despolarização ventricular e possui várias ondas distintas e assim, várias configurações: ▪ Primeira deflexão negativa = onda Q ▪ Primeira deflexão positiva = onda R ▪ Deflexão negativa após deflexão positiva = onda S ▪ Segunda deflexão positiva = onda R’ ▪ Segunda deflexão negativa após positiva = onda S’ ▪ Única deflexão para baixo = onda QS OBS: a maior onda do complexo escrevemos com letra maiúscula, e as outras menores, comparando com a maior, escrevemos com letra minúscula Duração: até 3 quadradinhos (3mm) = 120 mms ! Sempre medir onde tem maior duração (normalmente V3 / V4 / V5) · < 3 quadradinhos = QRS estreito (normal !) · > 3 quadradinhos = QRS alargado - Bloqueio de ramo OBS: observar duração, morfologia e amplitude (5 indicadores) do QRS OBS: PONTO J = final da onda S = tem que estar na linha de base OBS: - D1 = RS - D2 = qRs - aVR = rSr’ - V1 = rS → sempre assim, não pode ter r’ - V1-V6 = começa – em V1, faz uma virada em V3/V4 e fica + em V6 - V1-V2 = não deve ter onda Q SEGMENTO ST Final do complexo QRS até início da onda T · Nos esquemas ele aparece em cima da linha de base, mas na vida real ele não é assim, ele é “curvado”, como se estivesse acompanhando o fim do QRS e indo de encontro ao T · Por esse motivo é muito difícil de ver no ECG se está com supra ou infra de ST no IAM - Olhar o ponto J - Ponto J acima da linha de base = supra ST - Ponto J abaixo da linha de base = infra ST ONDA T A onda T representa a repolarização ventricular · Ramo ascendente lento e ramo descendente rápido = é assimétrico - Se a onda for simétrica é patológico! - Geralmente acompanha a polaridade do QRS nas derivações periféricas - Geralmente é positiva nas precordiais (V1-V6) - Pode ser negativa em V1, V2, V3, V4 em mulheres; negativa em aVR; negativa em D3 em obesos · Amplitude máxima < 5 mm nas derivações periféricas e < 15 mm nas derivações precordiais ONDA U Onda positiva de baixa voltagem, que se vê principalmente em derivações precordiais após a onda T. A sua origem é desconhecida, poderia significar a repolarização dos músculos papilares. Na hipocalemia moderada ou grave é típico a presença de ondas U proeminentes (ver onda U). EIXO ELÉTRICO / DEANGULAÇÃO Determinar o eixo elétrico do complexo QRS, o mais importante “o eixo elétrico é a direção principal do estímulo elétrico em seu caminho através dos ventrículos” Onde ele está? Qual direção está a despolarização dos ventrículos? VAMOS SEGUIR OS PASSSOS: Localizar D1 D1 positiva (+) = eixo indo para ESQUERDA D1 negativa (-) = eixo indo para DIREITA Localizar AVF AVF positiva (+) = eixo indo de cima para BAIXO AVF negativa (-) = eixo indo de baixo para CIMA Localizar o vetor RESUMINDO: • D1 (+) / AVF (+) = eixo entre 0° e +90° • D1 (-) / AVF (+) = eixo entre +90° e +180° • D1 (-) / AVF (-) = eixo entre +180° e -90° • D1 (+) / AVF (-) = eixo entre -90° e 0° Localização fina do vetor O EIXO ELÉTRICO É CONSIDERADO NORMAL DE – 30° ATÉ + 120° Desvios do eixo elétrico: • Entre -30o e -90o = desvio à esquerda • Entre +120o e +180o = desvio à direita • Entre +180o e -90o = desvio extremo Sempre lembrar dessa rosa dos ventos: Linha escura: positivo (+) Linha tracejada: negativo (-) PERPENDICULARES: D1 --- aVF D2 --- aVL D3 --- aVR Vamos seguir um exemplo para entender: 1) Primeiro, vamos determinar o quadrante D1 + / aVF + = 1° quadrante 2) Depois, veremos quais derivações ficam dentro desse quadrante D2 e aVR 3) Agora, verificamos quais são as perpendiculares dessas derivações D2 → AVl aVR → D3 4) Traçamos uma linha imaginária nas derivações que estão dentro do quadrante selecionado e vemos a polaridade de sua perpendicular no ECG Vamos supor que no ECG o aVL é positivo (+), então sabemos que o eixo está entre 0° e +60° Vamos supor que no ECG o D3 é positivo (+), então sabemos que o eixo está entre +30° e +60° 5) Combinamos os dois resultados encontrados e sabemos o eixo elétrico final No exemplo acima, o eixo está entre +30° e +60°, assim, um eixo normal Outro exemplo: 1) D1 - / aVF + = 2° quadrante 2) D3 e aVL estão dentro 3) Perpendiculares: D3 --- aVR aVL --- D2 4) aVR + = entre +120° e 180° D2 - = entre +150° e 180° 5) Eixo está entre +150° e 180° Outro exemplo: 1) D1 + / aVF - = 4o quadrante 2) D3 e aVL estão dentro 3) Perpendiculares: D3 --- aVR aVL --- D2 4) aVR - = entre 0 e -60°° D2 + = entre 0° e -30° 5) Eixo está entre 0° e -30° E QUANDO O QRS É ISOELÉTRICO? Derivação isoelétrica: Se o vetor estiver exatamente perpendicular ao eletrodo explorador de determinada derivação, nessa derivação observaremos uma inscrição isoelétrica ou isodifásica Quando uma derivação está isoelétrica, o vetor está localizado a 90° desta derivação (PERPENDICULAR), pois, como não está nem positivo, nem negativo, ele se localiza na bolinha central da rosa dos ventos, assim, é preciso olhar à 90° Exemplo: 1) D1 isoelétrico → eixo em +90° ou -90°; aVF + (p/ baixo) → concluo que eixo está em +90°; se aVF – (p/ cima) → concluo que eixo está em -90°. 2) D1 + / aVF - → 4° quadrante; D2 – (entre -90° e -30°); aVR isoelétrico → perpendicular → em -60°. 3) D1 + / aVF isoelétrico → podia estar em 0° ou 180°, mas como D1 é positivo, está para esquerda, assim, vetor em 0°. 4) D1 + / aVF + → 1° quadrante; aVL isoelétrico → está na posição de D2 (+60°). **maioria dos ECG estão em +60° OBS: técnica rápida de achar o eixo, mas pode confundir: • Se não encontramos nenhuma derivação isoelétrica dentro do quadrante → a derivação que está maior a amplitude de acordo com a sua polaridade é onde está mais próximo • Exemplo: D1 + / aVF - = 4o quadrante (0° e -90°) No meio tem a parte positiva de aVL e parte negativa de D3 Eu olho no ECG e observo qual parte está maior: a parte negativa de D3 ou a parte positiva de aVL Vamos supor que a parte positiva de aVL é maior → ou seja, o eixo está mais próximo de -30° Resumo eixo elétrico · Se o QRS em D1 e AVF é (+), o eixo é normal (1° quadrante) · Se o QRS em D1 e AVF é (-), o eixo tem um desvio extremo (3° quadrante) · Se em D1 é (-) e em AVF é (+), o eixo tem um desvio à direita (2° quadrante) · Se o QRS é (+) em D1 e (-) em AVF (4° quadrante), é necessário avaliar a derivação D2 - Se D2 é (+), o eixo é normal - Se D2 é (-), o eixo tem um desvio à esquerda Eixo com desvio à esquerda 4° QUADRANTE -30° ATÉ -90° DESVIO MODERADO P/ ESQ. = entre -30° e -45° DESVIO MARCADO P/ ESQ. = entre -45° e -90° - Bloqueio divisional anterior CAUSAS DO DESVIO À ESQUERDA: • Variantes normais: pacientes idosos e obesos. • Hipertrofia ventricular esquerda. • Bloqueio divisional anterior. • Bloqueio do ramo esquerdo. • Infarto do miocárdio da parede inferior. • Ritmos ventriculares ectópicos (taquicardia ventricular). • Cardiopatia congênita: comunicação interatrial tipo ostium primum, canal atrioventricular. • Hipercalemia • Enfisema • Alterações mecânicas, como expiração ou elevação do diafragma: gravidez, ascite, tumores abdominais. • Síndrome de Wolff-Parkinson-Whit, ritmo de marcapasso. Eixo com desvio à direita 2° QUADRANTE +120°° ATÉ +180° DESVIO MODERADO P/ DIR. = entre +90° e +120° DESVIO MARCADO P/ DIR. = entre +120° e +180° - Bloqueio divisional posteroinferior CAUSAS DO DESVIO À DIREITA: • Variantes da normalidade: crianças, jovens ou adultos magros. - Ao nascer, o eixo se encontra entre 60° e 160° - No 1o ano de idade, o eixo muda gradualmente até estar entre 10° e 100° • Troca da colocação dos eletrodos dos braços direito e esquerdo. • Bloqueio divisional posteroinferior. • Hipertrofia ventricular direita. • Infarto do miocárdio de parede lateral. • Doença pulmonar aguda ou crônica: embolia pulmonar, DPOC, hipertensão pulmonar, cor pulmonale. • Síndrome de Wolff-Parkinson-White. • Cardiopatias congênitas: tetralogia de Fallot, transposição das grandes artérias, drenagem anômala total de veias pulmonares, comunicação interatrial ou interventricular. • Ritmos ventriculares ectópicos(taquicardia ventricular). Eixo com desvio extremo 3° QUADRANTE +180° ATÉ -90° achado eletrocardiográfico raro CAUSAS DO DESVIO EXTREMO: • Colocação incorreta dos eletrodos dos membros: inversão do braço direito e da perna esquerda. • Ritmos ventriculares: taquicardia ventricular, ritmo idioventricular acelerado, ritmo de escape ventricular. • Hipercalemia. • Enfisema. • Estimulação por marcapasso SÍNDROME CORONARIANA AGUDA CLASSIFICAÇÃO DA SCA CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS DE IAM (FASE AGUDA) Aumento ou queda de marcador de necrose miocárdica (preferir troponina) com pelo menos um valor acima da referência + Pelo menos um dos itens: 1. Sintomas de isquemia miocárdica (dor torácica) 2. Supra ou infra desnivelamento do segmento ST ou bloqueio de ramo esquerdo novo (BRE) 3. Perda de miocárdio viável por exame de imagem 4. Identificação de trombo coronariano Reconhecimento dos sinais sugestivos ANAMNESE: 1. Característica da dor torácica • Localização • Qualidade • Duração (> 20min, crescendo, grave) • Irradiação • Evolução temporal • Fatores provocativos / atenuantes 2. Presença de sintomas associados • Dispneia • Náuseas / vômitos • Sudorese 3. Lembrar da apresentação atípica: mal-estar, indigestão, dispneia e sudorese **Fatores que aumentam a chance de SCA, mas não são essenciais para o diagnóstico • História prévia de doença arterial coronariana (DAC) ou vascular • Homem > 55 anos, Mulher > 65 anos • Fatores de risco para DAC - Sexo masculino - HAS, DM, dislipidemia - Tabagismo - Hit. familiar precoce de DAC EXAME FÍSICO: 1. Sinais de gravidade: • Crepitações pulmonares • B3 • Hipotensão (PAS < 90mmHg) • Taquicardia ou bradicardia 2. Geralmente é inespecífico • Pulsos periféricos finos, não plapáveis • Sopro carotídeo • AVC prévio • B4 (bulhas acessórias) 3. Contribui no diagnóstico diferencial • Sopro sistólico ejetivo: estenose aórtica • Assimetria de pulsos e/ou sopro de insuficiência aórtica: dissecção de aorta • Ausência de sons pulmonares: pneumotórax Diagnóstico diferencial Momentos de decisão clínica • ECG a cada 10 minutos e seriados • MNM (marcadores de necrose cardíaca) • Escores de risco CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS DE ECG EXISTEM 3 POSSIBILIDADES: 1. Supradesnivelamento de ST ou bloqueio de ramo esquerdo (BRE) novo • Supradesnível ≥ 1 mm em 2 derivações contíguas, exceto em V2 e V3 • Mulheres ≥ 1,5 mm • Homens < 40 anos: ≥ 2,5 mm • Homens ≥ 40 anos: ≥ 2,0 mm 2. Infradesnivelamento de ST ≥ 0,5 mm em 2 derivações contíguas ou ondas T profundas e simétricas 3. ECG não diagnóstico COMO DIAGNOSTICAR UM DESNIVELAMENTO DE ST? ATRAVÉS DO PONTO J ! DERIVAÇÕES CONTÍGUAS São derivações que se completam e reforçam o achado uma à outra, assim, sempre olhar elas juntas! - PAREDE INFERIOR (VE): D2, D3, aVF - PAREDE LATERAL ALTA (VE): D1, aVL - VENTRÍCULO DIREITO (VD): aVR, V3R, V4R - PAREDE ANTERIOR: V1 – V6 - PAREDE ANTERIOR EXTENSA: V1 – V6, D1, aVL - PAREDE ÂNTERO-SEPTAL: V1 – V4 - VD + SEPTO: V1 - SEPTO + PAREDE ANTERIOR + LATERAL: V2 - SEPTAL-ESTRITO: V1, V2 - PAREDE POSTERIOR: V7, V8 SINAIS DE ISQUEMIA E LESÃO SINAIS DE ISQUEMIA: alteração de onda T SINAIS DE LESÃO MIOCÁRDICA: alteração do segmento ST SINAIS DE NECROSE MIOCÁRDICA: cicatriz/fibrose → alteração do complexo QRS SUBEPICÁRDICA (TRANSMURAL / GRAVE): acomete a primeira camada ventricular (de fora pra dentro), o epicárdio – é o primeiro local onde as coronárias vão perfurando para levar o sangue oxigenado. SUBENDOCÁRDICA (LEVE): o endocárdio recebe o sangue menos oxigenado após o epicárdio ser irrigado, assim, o endocárdio é o primeiro a sofrer isquemia → primeiro ocorre isquemia no endocárdio, pra depois virar transmural (toda a camada ventricular) RECOMENDAÇÕES DO ELETROCARDIOGRAMA •O ECG deve ser realizado em todo paciente com suspeita de SCA em até 10 minutos •Se o ECG inicial não for diagnóstico, repetir em 15-30 minutos •Caso o paciente permaneça em observação, repetir: - De 3/3 horas nas primeiras 9-12 horas, ou - Caso haja mudança na condição clínica •Estender ECG para derivações posteriores e direitas, quando indicado - V7, V8: infra ST ou ondas R proeminentes em V1 e V2 - V3r, v4r: infarto inferior MARCADORES DE NECROSE MIOCÁRDICA TROPONINA: - Preferência para ela - Mais sensível e específica - Começa a elevar com 2h do início da dor - Pico 12-24h CKT/MB: - Começa a aumentar com 2h do início da dor - Pico 24h - Curva e relação (5-20%) “TEMPO É MÚSCULO” IAM COM SUPRA DE ST: NÃO ESPERAR PARA SOLICITAR MARCADORES -→ NÃO DEVE ATRASAR A REALIZAÇÃO DA TERAPIA DE REPERFUSÃO RECOMENDAÇÕES DOS ESCORES DE RISCO •Deve ser realizado em todos os pacientes com suspeita de SCA •Escores de risco mais utilizados: TIMI ou GRACE •Estratificação de risco inicial inclui 2 estratégias paralelas: 1. Avaliação da chance do paciente em questão realmente apresentar SCA 2. Se SCA, o risco de um desfecho clínico adverso, incluindo morte e infarto recorrente Indicação de internação e manejo do paciente SUSPEITA DE SCA ABORDAGEM INICIAL •Anamnese dirigida - Sexo, idade - Características da dor torácica: qualidade, localização, irradiação, início, evolução temporal. - Presença de sintomas associados - Fatores de risco para DAC - Hist. Prévia de DAC •Exame físico dirigido - Dados vitais (FC, PA, FR) - Vasculopatia ? - Diagnóstico diferencial ? - Sinais de gravidade clínica •TRABALHO EM EQUIPE: - ECG em até 10 min - Acesso venoso - Monitorização cardíaca (se possível) - Oxigênio suplementar, se SatO2 < 92% - Manter paciente em local onde ele possa receber manobras de ressuscitação, se necessário •MEDICAÇÕES: - AAS 200-300 mg - Clopidogrel 300 mg (600 mg, se angioplastia primária) - Avaliar nitrato sublingual (dinitrato de isossorbida 5 mg) > CI: PA < 90/60 mmHg, não houver uso recente de inibidores da fosfodiesterase ou IAM de VD > Repetir a cada 5 minutos, até 3 doses - Avaliar betabloqueadores: atentar para contraindicações - Se IAM com supradesnivelamento de ST = terapia de reperfusão o mais rápido possível > Trombolítico em 30 minutos > Angioplastia primária em 90 minutos •ACIONAR SAMU PARA TRANSFERÊNCIA DO PACIENTE: - Se IAM com supra ST: a transferência é uma emergência e paciente deve ser direcionado para local onde seja possível realizar terapia de reperfusão - Se IAM sem supra ST e demais casos: a transferência é uma urgência e deverá ser realizada assim que possível - Enquanto o paciente não é transferido: > Realizar ECG de 3/3 horas ou se houver mudança do quadro clínico > Solicitar coleta de marcadores de necrose miocárdica, hemograma, coagulograma, função renal, potássio e magnésio Caso clínico SCA Você está no Centro de Saúde e é chamado para avaliar paciente que chegou com queixa de “dor no peito”. O que você faz? ANAMNESE DIRIGIDA: 50 anos, tabagista, hipertenso Desconforto intenso, progressivo que iniciou em repouso há 6 horas. Tórax anterior e irradiação para a mandíbula. Sudorese e náuseas. Relata angina aos esforços prévia e uso de AAS. EXAME FÍSICO DIRIGIDO: PA 150/80 mmHg, FC 95, SatO2 95% RCR2T, sem sopros. Pulsos radiais e pediosos palpáveis, simétricos. MV com crepitações em base bilateral E agora, a dor é anginosa? O que fazer? - ECG em até 10 min - AAS 200 – 30 mg para mastigar - Clopidogrel 300 mg - Consideral: isordil 5 mg (lembrar: PA, FC, VD) ECG SCA EXEMPLO 1 Paciente masculino 56 anos, chega no PS com uma dor precordial típica há 10 min, durando 2 min, indo e voltando em repouso, é tabagista e obeso D1 e aVL: onda T negativa e simétrica, infra de ST discreto → Parede lateral alta (D1, aVL) tem sinal de isquemia e lesão D3 e aVF: supra ST → Parede inferior (D3 e aVF) tem sinal de lesão V1/V2: onda T assimétrica em processo de inversão → está isquemiando ainda V5 / V6: isquemiando e lesionando **Não dá o laudo do ECG → fazer ECG seriado a cada 10 minutos, pois ele é dinâmico e vai modificando ECG SCA EXEMPLO 2 ECG obtido do Holter – paciente diabético, sem dor precordial, sentia palpitações somente enquanto dormia. INFRA DE ST BEM PRONUNCIADO(> 4 quadradinhos) ISQUEMIA SILENCIOSA → lesão em repouso ECG SCA EXEMPLO 3 Paciente com dor precordial D1, aVL: onda T invertida em aVL e supra ST discreto = possibilidade de isquemia e lesão D2, D3: normal V1: supra ST discreto; V2: supra ST com IAM característico (QRS deformado), indicando necrose; V3: supra ST e QRS deformado **Se tiver isquemia + lesão, na hora de descrever precisa falar só da lesão, que é mais grave ISQUEMIA → LESÃO → NECROSE **Necrose: presença de Q patológico (intenso e largo) ECG SCA EXEMPLO 4 D1 e aVL: supra ST; D2: normal; D3: infra ST V1: supra ST e sobrecarga atrial direita (onda P negativa maior que 1 quadradinho) V2: supra ST acentuado + QRS deformado V3: “suprão” de ST com ausência de QRS, por estar bem deformado V4: supra ST; V5: normal; V6: infra ST discreto LAUDO: IAM de parede ântero-septal e parede lateral alta *Um tempo depois o pcte já deve suprar em V5 e V6 (parede anterior extensa) ECG SCA EXEMPLO 5 D1, aVL: supra ST D2: onda T simétrica e negativa (mas acompanha a polaridade da onda P, infra ST → sinal de isquemia e lesão subendocárdica D3, aVF: infra ST V1: supra ST com onda T invertida; complexo QRS fora do padrão de V1 (deveria ser rS) V2: supra ST; V3: supra ST V4: QRS deformado e supra ST; V5 e V6: normal + onda T simétrica LAUDO: IAM com supra em parede lateral alta **quando tem supra e infra de ST, só falar que tem supra, pois é de pior prognóstico ECG SCA EXEMPLO 6 Paciente assintomático no consultório → pós IAM ou isquemia EIXO ELÉTRICO NORMAL (1o QUADRANTE) D1, aVL: onda T simétrica D2: onda T invertida e simétrica D3, aVF: onda T invertida LAUDO: Isquemia subepicárdica em parede inferior + Isquemia subendocárdica em parede lateral alta V1 – V6: normal o segmento ST; onda T assimétrica; onda T querendo inverter em V4-V6, sugerindo isquemia de parede inferior ECG SCA EXEMPLO 7 SUPRA ST CARACTERÍSTICO ECG SCA EXEMPLO 8 SEM SUPRA DE ST IMPORTANTE, MAS PACIENTE COM DOR PRECORDIAL → ECG SERIADO A ACADA 10 MINUTOS Exercícios de ECG: normais e alterados 01 • Ritmo: sinusal (onda P+ em D1, D2, aVF; onda P antes de QRS; RR regular) • FC: 75 bpm → 1500/20 ou 4 quadrados • Onda P: 2 x 2 (80mmss x 0,2mV) → normal • Intervalo PR: 4 (160mmss) → normal • Complexo QRS: 2,5 → estreito / normal - V1: rS (-) - V2: rS (-) - V3: RS (transição) - V4: RS (transição) - V5: qRs (+) - V6: Rs (+) • Intervalo ST: sem supra/infra desnível → normal • Onda T: assimétrica → normal - (+) D1, D2, D3, aVL, aVF → acompanha a polaridade do QRS - (-) aVR → acompanha a polaridade do QRS - (+) V1, V2, V3, V4, V5. V6 02 03 04 05 06 DETERMINE: RITMO CARDÍACO, FC, ONDA P (DURAÇÃO, AMPLITUDE, MORFOLOGIA), INTERVALO PR (DURAÇÃO), COMPLEXO QRS (DURAÇÃO E MORFOLOGIA), SEGMENTO ST (NIVELAMENTO EM RELAÇÃO À LINHA DE BASE), ONDA T (SIMETRIA E POLARIDADE), EIXO DO QRS, LAUDO FINAL. 07 DETERMINE O RITMO, FC E ALTERAÇÕES ELETROCARDIOGRÁFICAS → LAUDO FINAL 08 DETERMINE O RITMO, FC E ALTERAÇÕES ELETROCARDIOGRÁFICAS → LAUDO FINAL 09 DETERMINE O RITMO, FC E ALTERAÇÕES ELETROCARDIOGRÁFICAS → LAUDO FINAL 10 DETERMINE: RITMO CARDÍACO, FC, ONDA P (DURAÇÃO, AMPLITUDE, MORFOLOGIA), INTERVALO PR (DURAÇÃO), COMPLEXO QRS (DURAÇÃO E MORFOLOGIA), SEGMENTO ST (NIVELAMENTO EM RELAÇÃO À LINHA DE BASE), ONDA T (SIMETRIA E POLARIDADE), EIXO DO QRS, ALTERAÇÕES ELETROCARDIOGRÁFICAS E O LAUDO FINAL
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