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Brasília-DF. SiStema de embalagem Elaboração Thays de Souza João Luiz Produção Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e Editoração Sumário APRESENTAÇÃO ................................................................................................................................. 5 ORGANIZAÇÃO DO CADERNO DE ESTUDOS E PESQUISA .................................................................... 6 INTRODUÇÃO.................................................................................................................................... 8 UNIDADE I REQUERIMENTOS DE EMBALAGENS ...................................................................................................... 11 CAPÍTULO 1 FUNDAMENTOS DE CINÉTICA DE DEGRADAÇÃO E ESTIMATIVA DE VIDA DE PRATELEIRA ............ 11 CAPÍTULO 2 QUALQUER MATERIAL PODE SER EMBALAGEM? ....................................................................... 23 CAPÍTULO 3 ASPECTOS QUÍMICOS CONSIDERADOS .................................................................................. 27 CAPÍTULO 4 ASPECTOS FÍSICOS CONSIDERADOS ...................................................................................... 31 CAPÍTULO 5 ASPECTOS MICROBIOLÓGICOS CONSIDERADOS ................................................................... 36 UNIDADE II CARACTERÍSTICAS DAS EMBALAGENS .................................................................................................. 40 CAPÍTULO 1 CARACTERÍSTICAS, PROPRIEDADES E CONTROLE .................................................................... 40 CAPÍTULO 2 SISTEMAS DE ENVASE ASSÉPTICO – TECNOLOGIAS RECENTES ................................................. 56 CAPÍTULO 3 RELAÇÕES DE ACOMODAÇÃO POR CATEGORIA ................................................................... 63 CAPÍTULO 4 RELAÇÃO DE GESTÃO DE ESTOQUE E OTIMIZAÇÃO DE EMBALAGENS ..................................... 67 UNIDADE III ESCOLHA DAS EMBALAGENS E ESTABILIDADE DO INSUMO.................................................................... 71 CAPÍTULO 1 PRESERVAÇÃO DO PRODUTO ................................................................................................. 71 CAPÍTULO 2 EMBALAGENS COMO VALOR AGREGADO.............................................................................. 75 CAPÍTULO 3 EQUILÍBRIO NO CONTRASTE À GESTÃO DE RESÍDUOS .............................................................. 80 CAPÍTULO 4 MINORANDO A BIOMASSA NA PRODUÇÃO DE EMBALAGENS ................................................. 84 UNIDADE IV LEGISLAÇÃO, ROTULAÇÃO E TECNOLOGIA DE EMBALAGENS ............................................................... 86 CAPÍTULO 1 MATERIAIS COMPATÍVEIS PARA EMBALAGENS........................................................................... 86 CAPÍTULO 2 CONTROLE DE QUALIDADE .................................................................................................... 91 CAPÍTULO 3 REGULAMENTOS SEGUNDO A ANVISA ..................................................................................... 96 CAPÍTULO 4 NANOTECNOLOGIA APLICADA À EMBALAGEM DE ALIMENTOS ................................................ 99 REFERÊNCIAS ................................................................................................................................ 104 5 Apresentação Caro aluno A proposta editorial deste Caderno de Estudos e Pesquisa reúne elementos que se entendem necessários para o desenvolvimento do estudo com segurança e qualidade. Caracteriza-se pela atualidade, dinâmica e pertinência de seu conteúdo, bem como pela interatividade e modernidade de sua estrutura formal, adequadas à metodologia da Educação a Distância – EaD. Pretende-se, com este material, levá-lo à reflexão e à compreensão da pluralidade dos conhecimentos a serem oferecidos, possibilitando-lhe ampliar conceitos específicos da área e atuar de forma competente e conscienciosa, como convém ao profissional que busca a formação continuada para vencer os desafios que a evolução científico-tecnológica impõe ao mundo contemporâneo. Elaborou-se a presente publicação com a intenção de torná-la subsídio valioso, de modo a facilitar sua caminhada na trajetória a ser percorrida tanto na vida pessoal quanto na profissional. Utilize-a como instrumento para seu sucesso na carreira. Conselho Editorial 6 Organização do Caderno de Estudos e Pesquisa Para facilitar seu estudo, os conteúdos são organizados em unidades, subdivididas em capítulos, de forma didática, objetiva e coerente. Eles serão abordados por meio de textos básicos, com questões para reflexão, entre outros recursos editoriais que visam tornar sua leitura mais agradável. Ao final, serão indicadas, também, fontes de consulta para aprofundar seus estudos com leituras e pesquisas complementares. A seguir, apresentamos uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos Cadernos de Estudos e Pesquisa. Provocação Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor conteudista. Para refletir Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa e reflita sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. É importante que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. As reflexões são o ponto de partida para a construção de suas conclusões. Sugestão de estudo complementar Sugestões de leituras adicionais, filmes e sites para aprofundamento do estudo, discussões em fóruns ou encontros presenciais quando for o caso. Atenção Chamadas para alertar detalhes/tópicos importantes que contribuam para a síntese/conclusão do assunto abordado. 7 Saiba mais Informações complementares para elucidar a construção das sínteses/conclusões sobre o assunto abordado. Sintetizando Trecho que busca resumir informações relevantes do conteúdo, facilitando o entendimento pelo aluno sobre trechos mais complexos. Para (não) finalizar Texto integrador, ao final do módulo, que motiva o aluno a continuar a aprendizagem ou estimula ponderações complementares sobre o módulo estudado. 8 Introdução Todos nós, consumidores, vivemos cercados pelo mundo das embalagens. Embalagens para armazenar alimentos, para remédios, para produtos de limpeza, para cosméticos etc. Chegamos ao grau máximo da dependência de embalagens. Na atual conjuntura não podemos mais viver sem as embalagens. Mas, o uso das embalagens deve sempre priorizar o consumo consciente e o equilíbrio ecológico. Ao se comprar uma embalagem deveríamos pensar se poderemos usá-la de forma sustentável. Hoje, tanto para os cosméticos como para diversos produtos de limpeza e higiene, já é possível comprar a embalagem apenas uma vez. Nas outras vezes podemos comprar apenas o refil para encher a embalagem que compramos da primeira vez. As embalagens são tão importantes no nosso dia que você, aluno, está dedicando seu tempo para estudar as embalagens num curso de pós-graduação latu sensu. Há cursos de mestrado e doutorado sobre o tema de embalagens por todo o país. É uma área que demanda estudos constantes e cuja importância só tem aumentado ao longo do Brasil e todo mundo. Nesta disciplina vamos aprender sobre os requisitos aos quais uma embalagem deve atender. Estudaremos as características principais que toda embalagem deve possuir. Vamos discutir um pouco sobre a estabilidade da embalagem e quais devem ser os fatores que devem nos nortear na escolha das embalagens. Por último, falaremos sobre a rotulação de embalagens, sobre a legislação vigente no Brasil a esse respeito e, finalmente, falaremos sobre a tecnologia das embalagens. O curso não poderá falar sobre tudo que envolve o sistema de embalagens, pois este é um assunto muito vasto. Mas, tentaremos, aqui, falar de forma mais concisa e rápida sobre os aspectos relevantesdo sistema de embalagens. Só posso garantir a vocês que se trata de um assunto importante e fascinante para todos nós. Seja muito bem-vindo ao nosso curso! 9 Objetivos » Compreender os principais requerimentos das embalagens. » Entender as características das embalagens. » Entender os procedimentos de escolha de embalagens. » Escolher embalagens que garantam a estabilidade do insumo. » Estudar os aspectos principais da legislação, rotulação e tecnologia de embalagens. 10 11 UNIDADE IREQUERIMENTOS DE EMBALAGENS CAPÍTULO 1 Fundamentos de cinética de degradação e estimativa de vida de prateleira Primeiras definições Você já parou para pensar como as embalagens evoluíram ultimamente? Desde um simples papel de embrulho de uma bala até as embalagens mais sofisticadas, como de pasta de dente, de sucrilhos, caixa Tetra Pak® que armazenamos o leite etc. Mas, qual é a razão de as empresas investirem tanto nas embalagens de seus produtos? A resposta é simples: os alimentos se degradam dentro das embalagens. E sabemos disso! Antes, o leite era armazenado em saquinhos plásticos conforme mostrado na figura 1: Figura 1. Embalagem de leite em saco plástico. Fonte: Itambé (2019ª). Disponível em: www.itambe.com.br/portal/Images/Produto/leite-integral-saquinho--pasteurizado-1- litro_medium.png. 12 UNIDADE I │ REQUERIMENTOS DE EMBALAGENS Ainda existe a opção de comprar leite da marca Itambé® e de outras marcas nesta embalagem de saquinho plástico. Mas, comprando uma embalagem dessas teremos que saber que o produto deverá ser consumido no prazo máximo de uma semana mesmo sendo conservado na geladeira. As embalagens mais usadas hoje em dia, são as de Tetra Pak® cujo exemplo é mostrado na figura 2: Figura 2. Embalagem de leite do tipo Tetra Pak®. Fonte: Itambé (2019b). Disponível em: www.itambe.com.br/portal/Images/Produto/110119leitepaste urizadointegralvitaminado1lt_medium.png. Sobre as embalagens Tetra-pak®, os autores Silva et al. (2015, p. 59) nos dão a seguinte definição: As embalagens Tetra Pak-®, também conhecidas como longa vida, são formadas por várias camadas de diferentes materiais como o papel, o polietileno de baixa densidade e o alumínio (PEDROSO; ZWICKER, 2007). São considerados materiais nobres, que não devem ser descartados na natureza, contribuindo para o aumento da poluição ambiental. Um destino correto para as embalagens após seu uso seria a reciclagem. Embalagens Tetra Pak-® também podem ser empregadas na fabricação de telhas, proporcionando benefícios ao ambiente. Não falaremos sobre as embalagens Tetra-pak®, nem sobre a reciclagem de embalagens aqui. Usamos o exemplo de embalagens Tetra-pak® apenas para ilustrar como uma simples embalagem de leite evoluiu nesses últimos trinta anos. Podemos conservar o leite neste tipo de embalagem durante três meses antes de abri-la. Nas antigas embalagens de saco plástico tínhamos que consumir o leite em, no máximo, uma semana. 13 REQUERIMENTOS DE EMBALAGENS │ UNIDADE I Usamos este exemplo para enfatizar o fato de que os produtos que consumimos costumam também sofrer deteriorações mesmo dentro das embalagens. Os autores Villadiego et al. (2012, p. 11) dizem que as deteriorações sofridas pelos alimentos consistem em alterações neles. Essas alterações são as responsáveis pela qualidade dos alimentos, como sabemos. Como alterações podemos entender as reações químicas, microbiológicas e físicas que costumam ocorrer nos alimentos. Sobre as alterações químicas, microbiológicas e físicas, Villadiego et al. (2012, p. 11) ainda nos acrescentam a relevante explicação:“Essa divisão é feita por motivos didáticos, mas suas fronteiras nem sempre são bem definidas. Por exemplo, certos microrganismos podem produzir alterações enzimáticas (químicas) em proteínas, resultando em modificações na textura (física) do alimento.” Cinética de degradação de alimentos e/ou produtos Segundo Villadiego et al. (2012, p. 105), quando usamos o termo cinética de degradação estamos nos referindo ao fato de os alimentos serem dotados de sistemas ativos, sob os aspectos químico e biológico. Isso faz com que a qualidade dos alimentos seja um estado dinâmico cujos níveis estão continuamente se reduzindo, com exceção de alguns casos em que a maturação e o envelhecimento fazem parte do processo de melhoria da qualidade do produto, como ocorre com vinhos e com alguns queijos. Ou seja, assim que os alimentos que consumimos são embalados, passam a ocorrer as reações químicas que vão reduzindo a qualidade dos alimentos. Os alimentos vão passando por um processo de deterioração que tem início no momento da sua embalagem e, muitas vezes, os alimentos sofrem reações químicas, físicas e microbiológicas tão aceleradas que podem chegar até nós sem condições de serem consumidos. Há um tempo ideal para que o alimento ou qualquer produto, possa ser mantido na embalagem e ainda apresentar as suas propriedades. Segundo Villadiego et al. (2012, p. 106) explicam que a degradação, ou perda da qualidade de um alimento é representada pelos seguintes fatores: » Pela perda de atributos de qualidade (ex.: nutrientes, sabores característicos). » Pela formação de atributos indesejáveis (toxinas, sabores estranhos). Estes autores Villadiego et al. (2012, p. 105) nos ensinam que os indicadores de qualidade de um alimento são: 14 UNIDADE I │ REQUERIMENTOS DE EMBALAGENS » cor, presença (ou ausência) de determinados compostos de sabor; » presença (ou ausência) de determinados microrganismos; » teor de certas vitaminas; » medidas instrumentais de textura; » outros. O que seria a degradação dos indicadores de qualidade dos alimentos? A degradação nada mais é do que reações químicas descritas da forma mostrada na equação 1 a seguir (VILLADIEGO et al., 2012, p. 106): aA bB→ (1) Na equação 1, a corresponde ao composto desejável no nosso alimento e B é o composto indesejável que se forma depois que o composto A se degradou. O componente A, por exemplo, pode ser a vitamina C de um suco de laranja e o componente B são os ácidos resultantes da degradação da vitamina C. Segundo Teixeira e Monteiro (2006, p. 220): “Os principais fatores que podem afetar a degradação da vitamina C em suco de fruta incluem o tipo de processamento, condições de estocagem, tipo de embalagem, oxigênio, luz, catalisadores metálicos, enzimas e pH. Alguns autores também relatam a influência da concentração de sais e de açúcar, concentração inicial de ácido ascórbico e carga microbiana.” Como a equação 1 envolve uma reação de degradação, podemos dizer que a reação de degradação ocorre a uma taxa de degradação r que, segundo Villadiego et al. (2012, p. 106) tem a seguinte fórmula: Ar θ −∆ = ∆ (2) Na equação 2, o termo A∆ é a variação da concentração do reagente A. O termo θ∆ corresponde ao intervalo de tempo θ em que ocorre a reação de degradação. Você deve se recordar das aulas de físico-química do ensino médio ou das aulas de físico-química do seu ensino superior, caso sua formação seja em exatas ou biológicas. Aprendemos na disciplina de físico-química que a taxa r de uma reação química, ou seja, sua velocidade, é proporcional à concentração do reagente A e é definida por Villadiego et al. (2012, p. 106) conforme a equação 3: 15 REQUERIMENTOS DE EMBALAGENS │ UNIDADE I [ ]nr k A= (3) Onde k corresponde à constante de proporcionalidade entre a velocidade de reação r e a contração do reagente A, escrita como [ ]nA . O termo n corresponde à ordem aparente da reação de degradação que estamos estudando. Podemos então igualar as equações 2 e 3 desta forma: Ar θ −∆ = ∆ (2) [ ]nr k A= (3) [ ]nAr k A θ −∆ = = ∆ (4) Segundo Villadiego et al. (2012, p. 107), para o composto desejável A, temos a seguinte reação de redução: [ ]nA k A θ −∆ = ∆ (5) O reagente A diminui, como sabemos, e o produto B aumenta numa reação que segundo os autores mencionados e de acordo com o mesmo raciocínioque estamos usando para o reagente A, deverá ser escrita assim: [ ] ' ' nB k A θ +∆ = ∆ (6) Conforme falamos anteriormente, a concentração do produto indesejado B aumenta, por isso, na equação 6, a variação do produto B, representada por B∆ , recebe o sinal de “+”. Os atributos A e B podem ser atributos de qualidade do tipo químico, físico ou microbiológico conforme nos explicam Villadiego et al. (2012, p. 107). Vida de prateleira de um produto E você deve estar se perguntando: o que tem a ver esse tal de “tempo de prateleira” do produto com tudo o que vimos até o momento? Para obtermos o significado de tempo de prateleira, vamos pegar a equação 5 novamente: [ ]nA k A θ −∆ = ∆ (5) Vamos escrever a equação em termos de derivada assim: 16 UNIDADE I │ REQUERIMENTOS DE EMBALAGENS [ ] [ ] n n A k A dA k A d θ θ −∆ = ∆ − = [ ]ndA k A dθ − = (7) Se você tem dúvidas sobre derivadas, consulte os livros de cálculo de sua preferência. Recomenda-se que você consulte os volumes I e II de Stewart (2017a) e Stewart (2017b) para que revise a teoria sobre integrais e derivadas. Bem, vamos continuar com a nossa dedução, então! Segundo Taoukis e Labuza (1996), as reações que ocorrem nos alimentos são de ordem 0 e de ordem 1. Isto significa que teremos 0n = ou 1n = . Então deveremos fazer duas deduções para as reações de degradação do componente A, ok? Para 0n = , a equação 7 ficará assim: [ ]ndA k A dθ − = (7) [ ]0dA k A d dA k d θ θ − = − = dA k dθ − = (8) Integraremos os dois lados da equação 8 da seguinte forma: 0 0 0 0 f f f f A A A A dA k d dA kd dA kd dA kd θ θ θ θ θ θ θ θ − = − = − = − = ∫ ∫ ∫ ∫ 0 0 f fA A dA kd θ θ θ− =∫ ∫ (9) 17 REQUERIMENTOS DE EMBALAGENS │ UNIDADE I Resolvendo as integrais acima teremos: ( ) ( ) ( ) ( ) 0 0 0 0 0 0 0 0 f fA A f f f f f f dA kd A A k A A k A A k θ θ θ θ θ θ θ θ θ − = − − = − − + = − − + = − ∫ ∫ ( )0 0 f f A A k θ θ − + = − (10) Na equação 10 temos a seguinte descrição dos termos: fA = concentração final do reagente A; 0A = concentração inicial do reagente A; fθ = tempo final da reação de degradação; 0θ = tempo inicial da reação de degradação. Para facilitar os nossos cálculos, convencionamos assumir que o tempo inicial na reação de degradação é igual a zero, ou seja, 0 0θ = . Então, a equação 10 ficará assim: ( )0 0 f f A A k θ θ − + = − (10) ( )0 0 0f f f f A A k A A k θ θ − + = − − = 0 f f A A k θ − = (11) A equação 11, é a que define o termo fθ , que é o tempo limite de estocagem de um produto, ou o tempo final da reação de degradação, ou melhor dizendo, a vida de prateleira (VP) de determinado produto. Villadiego et al. (2012, p. 107) nos ensinam que o tempo limite de estocagem ( fθ ) ou vida de prateleira de um produto (VP) representa o tempo de estocagem, desde o tempo zero de estocagem, ou seja, 0 0θ = , até que o atributo desejável A de qualidade atinja um valor limite, denominado daqui em diante de grau de qualidade crítico, representado pelo termo fA da equação 11. 18 UNIDADE I │ REQUERIMENTOS DE EMBALAGENS Então, finalmente teremos a seguinte equação para o tempo de limite de estocagem ou vida de prateleira de um produto: 0 f f A A VP k θ − = = (12) Agora, vamos para a dedução do nosso tempo limite de estocagem ou vida de prateleira para um produto que sofra uma reação de degradação de primeira ordem. Na reação de primeira ordem temos 1n = . Basta substituir 1n = na equação 7 assim: [ ]ndA k A dθ − = (7) [ ]1 1 dA k A d dA kA d dA kd A θ θ θ − = − = − = 1 dA kd A θ− = (13) Vamos precisar integrar os dois lados da equação 13 assim: 0 0 0 0 1 1 1 f f f f A A A A dA kd A dA kd A dA kd A θ θ θ θ θ θ θ − = − = − = ∫ ∫ ∫ ∫ 0 0 1f f A A dA kd A θ θ θ− =∫ ∫ (14) Resolvemos as integrais da equação 14 assim: ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) 0 0 0 0 0 0 0 0 1 ln ln ln ln ln ln f fA A f f f f f f dA kd A A A k A A k A A k θ θ θ θ θ θ θ θ θ − = − − = − − = − − = − ∫ ∫ ( )0 0 ln ln f f A A k θ θ − = − (15) 19 REQUERIMENTOS DE EMBALAGENS │ UNIDADE I Para a equação 15, também assumimos que temos o tempo zero de estocagem, ou seja, 0 0θ = . Com isso, a equação 15 ficará assim: ( )0 0 ln ln f f A A k θ θ − = − ( )0ln ln 0f f A A k θ − = − ( )0 0 0 ln ln ln ln f f f f f f A A k A A k A A k θ θ θ − = = = 0ln f f A A k θ = (16) A mesma definição dos termos da equação 11 é válida para a equação 16. Só falta assumirmos que o tempo limite de estocagem é igual à vida de prateleira do produto e obteremos a seguinte equação final: 0ln f f A A VP k θ = = (17) Retomemos a equação 11, da reação de ordem zero: 0 f f A A k θ − = (11) Para esta equação, quando plotamos a concentração do reagente A versus o tempo de estocagem, obteremos o gráfico mostrado na figura 3: 20 UNIDADE I │ REQUERIMENTOS DE EMBALAGENS Figura 3. Representação geral do comportamento de uma reação de ordem zero. Fonte: Villadiego et al. (2012, p. 108). Para a reação de ordem zero, a declividade k corresponde à declividade da reta obtida no gráfico da figura 3. Retomemos então a equação do tempo limite de estocagem para reações de primeira ordem: 0ln f f A A VP k θ = = (17) Ao representarmos a diminuição do reagente ao longo do tempo de estocagem obteremos o gráfico do lado esquerdo da figura 4. Para determinarmos a declividade k, precisaremos plotar o gráfico da direita da figura 4. Teremos que calcular os logaritmos naturais das concentrações A0 e Af e plotar versus os tempos de estocagem θ0 e θf. Só por meio do gráfico da direita da figura é que se obtém a declividade k para a reação de primeira ordem. Figura 4. Representação geral do comportamento de uma reação de ordem um. Fonte: Villadiego et al. (2012, p. 109). 21 REQUERIMENTOS DE EMBALAGENS │ UNIDADE I Toda esta dedução sobre tempo de estocagem ou vida de prateleira pode ter sido trabalhosa e um pouco extensa, mas precisávamos entender que a vida de prateleira é algo essencial para o projeto de embalagens. Não tínhamos como definir este conceito para você, sem ser passo a passo, para que você entendesse que este conceito não surgiu do nada, ok? Não será pedido para você durante o curso, o cálculo deste tempo de prateleira para cada produto, isto cabe ao responsável pelo projeto da embalagem que deverá calcular o tempo de prateleira de inúmeros componentes químicos, físicos e microbiológicos para chegar ao tempo de prateleira ótimo que possa garantir que os atributos do produto se alterem, mas ainda permitam que o produto seja consumido. Vamos fazer mais duas colocações para podermos finalizar este capítulo. A primeira colocação é a de que segundo Villadiego et al. (2012, p. 108), as reações de ordem zero são frequentes nos seguintes casos: As reações de ordem zero são frequentes em alterações de alimentos, especialmente quando a quantidade de produto formado é apenas uma fração reduzida da quantidade de reagentes. Nesse caso, o reagente está presente em quantidade tão excessiva para a reação, que sua concentração permanece constante, fazendo com que a taxa de reação pareça independente da concentração do reagente. Um Exemplo típico é a formação de compostos de cor, como resultado da reação de Maillard. Com relação às reações de ordem um, Villadiego et al. (2012, p. 108) nos dão a seguinte explicação sobre a frequência da sua ocorrência: A oxidação de lipídios pode ter comportamento aplicável à cinética de ordem zero ou de primeira ordem. Se o produto for acondicionado em embalagens de alta permeabilidade aos gases, como garrafas de plástico, a disponibilidade de O2 não limita a reação, a qual ocorre em taxas aproximadamente constantes com o tempo; assim, a reação é de ordem 0 (zero). Por sua vez, se o produtofor acondicionado em embalagens impermeáveis aos gases, como as latas, a disponibilidade de O2 torna-se um fator limitante da reação. Com a redução dos níveis remanescentes de O2 (a saber, o O2 do espaço livre e o O2 dissolvido no produto), a taxa de oxidação diminui, seguindo um comportamento de primeira ordem. 22 UNIDADE I │ REQUERIMENTOS DE EMBALAGENS Com base no que foi dito pelos autores supracitados podemos concluir que os atributos físicos e poucos atributos químicos são mais propensos a seguir reações de degradação de ordem zero. Já os atributos químicos e microbiológicos tendem a sofrer reações de degradação de ordem 1. Esta colocação é muito importante na hora de escolha do material para se fazer uma embalagem. O tempo de deterioração dos produtos que seguem a reação de primeira ordem é muito menor do que o tempo de deterioração dos produtos que seguem a reação de ordem zero. Basta olharmos os gráficos das figuras 3 e 4 e chegaremos a esta conclusão. Portanto, o tempo de estocagem ou vida de prateleira de um atributo que siga uma reação de ordem 1 é sempre menor que o tempo de estocagem ou vida de prateleira de um atributo que siga uma reação de ordem zero. Com isto, finalizamos a nossa conceituação sobre vida de prateleira e a sua correlação com as embalagens e produtos armazenados. Até o próximo, capítulo. Reveja as deduções que fizemos até agora. Bons estudos! A Revista Embanews traz reportagens sobre embalagens, e existe há trinta anos no Brasil. É atualmente a única revista impressa sobre o setor de embalagens. Trata-se de uma publicação editorial séria que também pode ser acessada no formato digital e poderá ser muito útil a você, aluno do curso de embalagens. Veja aqui o site da Revista Embanews e acesse as publicações de 2019 e dos anos anteriores. O link é: embanews.com/. 23 CAPÍTULO 2 Qualquer material pode ser embalagem? Segundo Barão (2011, p. 3), temos a seguinte definição de embalagem: Embalagem para alimento, de acordo com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária – ANVISA, é o invólucro, recipiente ou qualquer forma de acondicionamento, removível ou não, destinada a cobrir, empacotar, envasar, proteger ou manter, especificamente ou não, matérias-primas, produtos semielaborados ou produtos acabados. Incluído dentro do conceito de embalagem se encontram as embalagens primárias, secundárias e terciárias. Este conceito não se restringe apenas a alimentos, obviamente. As embalagens são usadas para armazenar remédios, rações animais, cosméticos, produtos de higiene e limpeza, e muitos outros tipos de produtos. Os requisitos mencionados na definição acima também devem ser aplicados para todos os produtos mencionados anteriormente. Não falaremos, no presente momento, sobre a classificação das embalagens em primárias, secundárias e terciárias. Abordaremos este assunto apenas no Capítulo 3 – Relações de Acomodação por Categoria, da Unidade II desta disciplina. Segundo Barão (2011, pp. 3-4), as embalagens exercem as seguintes funções: » proteção: é uma função óbvia de toda embalagem. A embalagem deve proteger o produto durante o transporte, a distribuição e o manuseio; » conservação: a embalagem permite controlar a ação dos fatores como umidade, oxigênio, luz sobre o produto. A embalagem age como barreira contra os micro-organismos existentes na atmosfera e impede que estes micro-organismos proliferem no produto embalado; » informação: a embalagem informa tanto os distribuidores quanto os consumidores do produto. Para os distribuidores, a embalagem fornece as informações necessárias à gestão de estoque. Para os consumidores a embalagem fornece todas as informações que devem constar no rótulo do produto, conforme previsto em lei; » convivência e serviço: a embalagem traz a facilidade de manuseio e estocagem para o consumidor. Como exemplo, temos as embalagens de 24 UNIDADE I │ REQUERIMENTOS DE EMBALAGENS abertura fácil, com tampas dosadoras e com possibilidade de fecho entre utilizações. Pode-se aquecer; cozinhar e servir na própria embalagem; utilizar em fornos de micro-ondas; permitir a combinação de produtos diferentes, como iogurte e cereais; ser adequada às diferentes ocasiões de consumo e diferentes quantidades. Não é qualquer material que pode ser uma embalagem. Para ser uma embalagem, ele deve atender aos requisitos da Anvisa que Barão (2011, p. 3) mencionou na sua definição de embalagem. Além do mais, o material dever ser apto a exercer as cinco funções que acabamos de mencionar e que foram explicadas por Barão (2011, pp. 3-4). Segundo Barão (2011, pp. 4-17) e Jorge (2013, pp. 21-25), temos três tipos de classificações de embalagens: » classificação quanto à estrutura; » classificação quanto ao material das embalagens; » classificação quanto à função das embalagens. Conforme mencionamos anteriormente, falaremos sobre a classificação das embalagens quanto à sua função, apenas no capítulo 3 da Unidade II. A classificação das embalagens quanto à estrutura e quanto ao material com a qual as embalagens são feitas estão na Tabela 1: Tabela 1. Classificação das embalagens. Embalagens Metálica Plástica Vidro Papel Rígidas Latas em folha de flandres e alumínio Bandejas, garrafas, potes, grades e caixas Garrafas e frascos Caixas de papelão Semirrígidas Bandejas de alumínio Bandejas em poliestireno expandido - Caixas e cartuchos em cartolina Frascos, copos e potes termoformados Bandejas e alvéolos em polpa moldada Flexíveis Folha de alumínio Filmes - Folha de papel Estruturas laminadas Estruturas laminadas Estruturas laminadas Fonte: Modificado de Jorge (2013, p. 22). Por meio da tabela 1 é possível ver que as embalagens, quando à estrutura, são classificadas como: » rígidas; » semi rígidas; » flexíveis. 25 REQUERIMENTOS DE EMBALAGENS │ UNIDADE I Quantos aos materiais dos quais são feitas, costumamos classificar as embalagens como: » metálicas; » plásticas; » de vidro; » de papel. Sabemos que cada um dos quatro tipos de embalagens mencionados acima apresenta vantagens e desvantagens quanto ao seu uso. Não discutiremos sobre as vantagens nem sobre as desvantagens aqui. As características de cada tipo de embalagem mencionado anteriormente estão no quadro 1 a seguir: Quadro 1. Características das embalagens quanto ao material. Metal (base de aço) » interação química com o produto: corrosão, sulfuração; » resistente a baixas e elevadas temperaturas; » boa resistência mecânica; » possibilidade de decoração; » elevada barreira a gases; » não transparente; » reutilização limitada; » reciclável e facilidade de separação dos resíduos. Metal (base de alumínio) » leve e resistente; » elevada barreira; » elevada resistência a sulfuração e moderada a corrosão; » boa capacidade de formação; » flexível ou rígido (depende da espessura); » possibilidade de combinação com papel ou plástico (laminados); » reciclável; » custos elevados de produção. Plástico » leve; » inquebrável; » resistência mecânica e térmica relativa; » não reutilizável; » reciclável; » possibilidade de combinação com papel e alumínio, e com outros plásticos. Vidro » inerte; » transparente com a possibilidade de se tornar colorido; » elevada resistência a compressão vertical; » elevada barreira; » várias formas e tamanhos; » elevado peso; » possibilidade de fechamento entre as utilizações; » reutilizável e reciclável. 26 UNIDADE I │ REQUERIMENTOS DE EMBALAGENS Papel » várias espessuras e formatos; » combinação com vários materiais para formar produtos laminados e revestidos; » baixa resistência mecânica; » baixa barreira; » falta de inércia; » resistente a baixas temperaturas; » boa impressão; » baixo peso; » reciclável. Fonte: Modificado de Jorge (2013, pp. 23-24). Por enquanto, ficaremos com o breve estudo das características das embalagens quanto ao tipo de material. Precisávamos saber quais tipos de materiaiscompõem as embalagens e como elas são classificadas quanto à estrutura. Nos próximos capítulos desta unidade, estudaremos sobre os aspectos físicos, químicos e microbiológicos que devem ser considerados no projeto das embalagens. Muito se fala sobre a reciclagem de materiais no Brasil. Se você quiser se informar sobre os dados da reciclagem dos materiais de embalagens, pesquise nos sites das seguintes ONGs: » Abralatas – Associação Brasileira dos Fabricantes de Latas de Alumínio. » Abipet – Associação Brasileira da Indústria do Pet. » Abividro – Associação Brasileira das Indústrias do Vidro. » Abiplast – Associação Brasileira da Indústria do Plástico. Procure se informar sobre o que esses quatro tipos de indústrias de embalagens têm feito no que diz respeito à reciclagem desses materiais. Existe uma outra ONG, chamada Compromisso Empresarial para Reciclagem (Cempre), que é uma associação sem fins lucrativos dedicada à promoção da reciclagem dentro do conceito de gerenciamento integrado do lixo. Esta associação foi fundada em 1992, e é mantida por empresas privadas de diversos setores. Vale a pena consultar o trabalho da Cempre e ver o engajamento de diversas empresas do setor alimentício e de outros setores no processo de reciclagem das embalagens e de diversos materiais. 27 CAPÍTULO 3 Aspectos químicos considerados Segundo Villadiego et al. (2012, p. 41), podemos observar que as alterações químicas que ocorrem nos alimentos durante o processo de estocagem são: » degradação de sabor, cor e textura; » deterioração de propriedades funcionais de compostos, como perda da capacidade de retenção de água por aquecimento de proteínas; » perda de valor nutricional; » desenvolvimento de compostos tóxicos. Os mesmos autores Villadiego et al. (2012, p. 41) ainda nos explicam que as principais alterações nos alimentos são: A oxidação de lipídios é uma das alterações mais importantes em alimentos, porque compromete não apenas a qualidade de óleos, mas também de leite e derivados, de carnes, entre outros tipos de alimentos. Entre as alterações catalisadas por enzimas, destaca-se o escurecimento enzimático, muito comum durante a estocagem de certas frutas e hortaliças. Sobre este assunto, decidimos descrever as alterações químicas que ocorrem nos alimentos e propor as soluções através das embalagens por meio de tópicos que se encontram no quadro 2: 28 UNIDADE I │ REQUERIMENTOS DE EMBALAGENS Quadro 2. Alterações químicas nos produtos embalados. Oxidação de lipídeos 1. Auto-oxidação 2. Foto-oxidação Definição: A auto-oxidação é um mecanismo autocatalítico que envolve a participação de radicais livres. Definição: A foto-oxidação é um mecanismo que envolve a adição direta de O (oxigênio) em seu estado singlete, altamente reativo, à molécula lipídica. Não envolve a participação de radicais livres. Requer a presença de O 2 , luz e compostos fotossensibilizadores, que são substâncias cromóforas, como clorofila e compostos heme, os quais absorvem intensamente na região do visível ou UV próximo. Fatores que afetam a oxidação de lipídeos São vários os fatores que afetam as taxas de oxidação de alimentos ricos em lipídios. Entre os fatores intrínsecos, destacam-se o grau de insaturação dos lipídios e o teor de compostos pró e antioxidantes. Entre os fatores extrínsecos, merecem destaque a temperatura, as radiações luminosas (especialmente UV) e o O 2 . Soluções para o controle da oxidação de lipídeos » uso de anti-oxidantes: que são compostos que reduzem a taxa de reação de materiais auto-oxidáveis; » uso de embalagens que tenham a característica de possuir alta barreira a oxigênio e luz. Alterações enzimáticas Definição: Os organismos vegetais e animais possuem seus próprios mecanismos enzimáticos, cuja atividade resiste à colheita ou abate. Muitas dessas enzimas são inativadas pelo processamento ou permanecem inativas devido a condições inadequadas de pH, atividade de água ou temperatura de estocagem. Entretanto, algumas enzimas permanecem ativas mesmo após o processamento, acarretando consequências como: » escurecimento resultante da oxidação de compostos fenólicos em tecidos vegetais; » desmetilação pós-colheita de substâncias pécticas, resultando no amolecimento de tecidos vegetais durante o amadurecimento; » hidrólise enzimática de triglicerídeos, produzindo ácidos graxos de cadeia curta, responsáveis pela chamada rancidez hidrolítica. Fatores que afetam as taxas de alterações enzimáticas » pH; » temperatura; » atividade de água. Soluções para o controle de alterações enzimáticas » inibição da atividade enzimática por uso de calor; » controle do pH. Escurecimento Enzimático Definição: O escurecimento enzimático é a reação responsável pelo escurecimento de muitos produtos vegetais (ex.: banana, maçã, batata) e de alguns crustáceos (camarão e lagosta). Fatores que afetam as taxas de escurecimento enzimático » as concentrações da enzima e de substratos (compostos fenólicos); » o ph; » a temperatura; » a disponibilidade de O 2 . Soluções para o controle do escurecimento enzimático » prevenção de injúrias mecânicas (lesões) durante o transporte e a estocagem de frutas e hortaliças frescas, para prevenir o acesso do O 2 aos tecidos; » inativação térmica da enzima de escurecimento a temperaturas acima de 50°c » complexação de polifenóis da enzima de escurecimento, por adição de ciclodextrinas ou polietilenoglicol; » uso de inibidores para a enzima de escurecimento, especialmente ácido benzoico e derivados; » ajuste do pH por adição de ácidos, especialmente cítrico, málico ou fumárico; » controle do O 2 do sistema, o que pode ser feito com o uso de embalagens de alta barreira a gases, por acondicionamento a vácuo ou sob atmosfera de N 2 ou CO 2 ; » uso de compostos redutores, para evitar a oxidação do alimento. 29 REQUERIMENTOS DE EMBALAGENS │ UNIDADE I Degradação de pigmentos Definição: A cor determina a vida útil de muitos alimentos, já que afeta muito a aceitação do produto pelo consumidor, exercendo, assim, importante papel mercadológico. Muitas vezes, a manutenção da cor natural de alimentos representa certa dificuldade, já que o processamento e a estocagem do produto frequentemente resultam em degradação, e consequente mudança de coloração dos pigmentos. Fatores que afetam as taxas de degradação de pigmentos » a estocagem inapropriada dos produtos; » uso da excessivo de corantes artificiais; » uso de embalagens inadequadas para o produto. Soluções para o controle da degradação de pigmentos » controle do pH das reações que ocasionam a degradação da cor dos alimentos; » uso de corantes naturais ao invés de corantes artificiais; » uso de embalagens apropriadas que combinem diversos tipos de materiais que causem barreira para as reações de degradação dos pigmentos. Degradação de vitaminas Definição: No que se refere à estabilidade de vitaminas hidrossolúveis, o ácido ascórbico (vitamina C) tem sido o mais estudado, em grande parte por sua importância na dieta humana. Além disso, quimicamente, é considerada a vitamina mais degradável. Geralmente, considera-se que, se o ácido ascórbico for retido no alimento, os demais nutrientes também o serão. Assim, sua retenção é considerada um índice de manutenção da qualidade. Fatores que afetam as taxas de degradação de vitaminas » as vitaminas hidrossolúveis se deterioram devido às reações de oxidação; » as vitaminas lipossolúveis se deterioram devido às reações de oxidação de lipídeos. Soluções para o controle da degradação de vitaminas » prevenção das reações de oxidação para as vitaminas hidrossolúveis; » prevenção das reações de oxidação para as vitaminas lipossolúveis; » evitar o impacto da estocagem e armazenamento das embalagens sobre o produto, pois isso acarreta a ocorrência das reações de oxidação das vitaminas, o que leva a sua indesejada degradação; » o projeto correto das embalagens com o usodo material correto. Fonte: Adaptado de Villadiegoet al. (2012, pp. 41-67). Com relação ao dito sobre os aspectos químicos a serem levados em consideração no projeto das embalagens e quais as principais reações químicas que ocorrem nos alimentos, está tudo no quadro 2. No capítulo 4 desta unidade I, trataremos de abordar os aspectos físicos a serem considerados nos sistemas de embalagens. Reveja o quadro 2 e estude este capítulo 3 para fixar os conceitos. Bons estudos e até a próxima! Sabemos que as embalagens de vidro são muito importantes, porque o vidro é inerte a muitos tipos de reações químicas que podem ocorrer com o conteúdo que armazena. Dantas (1997) nos apresenta um interessante estudo sobre os aspectos relacionados à resistência das embalagens de vidro. Trata-se de um artigo bem técnico sobre o tema de embalagens de vidro, mas ele consiste numa leitura muito importante sobre essas embalagens. As embalagens de vidro, apesar de muito caras, são excelentes devido ao fato de serem muito resistentes do ponto de vista químico. A 30 UNIDADE I │ REQUERIMENTOS DE EMBALAGENS produção de embalagens de vidro na conservação de alimentos deveria ser mais incentivada. inclusive devido ao fato do vidro ser um material 100% reciclável. Poderiam ser estabelecidos diversos pontos de coleta para este tipo de embalagem e o consumidor de embalagens de vidro poderia participar de campanhas de descontos em produtos em supermercados, farmácias e outros estabelecimentos. Assim é feito nos países europeus. Você pode ler o artigo em questão por meio deste link:moodle.ufsc.br/pluginfile. php/2740995/mod_resource/content/1/Artigo%201.pdf. 31 CAPÍTULO 4 Aspectos físicos considerados Villadiego et al. (2012, p. 79) consideram as alterações físicas ocorrentes nos produtos embalados como sendo as menos importantes se comparadas às alterações químicas e às alterações microbiológicas dos produtos. Segundos os mesmos autores, as alterações físicas mais relevantes que ocorrem nos produtos são as enumeradas a seguir: » alterações de textura; » alterações associadas à absorção; » perda de umidade dos produtos; » desestabilização de emulsões; » retrogradação do amido dos alimentos; » alterações no congelamento dos alimentos. É conveniente falar que, segundo Villadiego et al. (2012, p. 79), apesar das alterações físicas serem menos importantes que as químicas e microbiológicas pelas quais os produtos passam, as alterações físicas comprometem a aceitabilidade do produto pelo consumidor. Isso é algo óbvio de entender porque qualquer consumidor se norteia pelo aspecto físico do produto contido em uma embalagem para poder comprar este produto. Quando se trata da aquisição de um produto alimentício, este fato é muito mais fácil de se observar. Na feira livre ou nas feiras dos supermercados, dificilmente os legumes, verduras e frutas que contenham manchas ou que não apresentem uma aparência agradável são adquiridos. O mesmo ocorre com relação aos produtos como bolos, salgados e pães de uma padaria. Ao observar qualquer alteração física na aparência do produto, o consumidor sempre tenderá a rejeitar o produto. Da mesma forma que foi feito no estudo dos aspectos químicos das embalagens, os principais tópicos sobre as alterações físicas serão resumidos em forma de quadro, conforme pode ser visto no quadro 3. Este quadro reúne as informações mais relevantes que você deverá estudar sobre as alterações físicas que ocorrem nos produtos e a relação dessas alterações com as 32 UNIDADE I │ REQUERIMENTOS DE EMBALAGENS embalagens a serem escolhidas. Quando possível, será proposta a escolha do tipo de embalagem mais apropriado para poder minimizar ou resolver o problema físico mencionado. Quadro 3. Alterações físicas nos produtos embalados. Transição vítrea na estabilidade física Definição: Em processos que envolvem resfriamento ou desidratação, um produto pode passar para um estado vítreo, quando resfriado ou desidratado rapidamente, ou para um estado cristalino, quando o resfriamento é lento. Isso é importante para o setor de confeitaria, durante o resfriamento de açúcares fundidos, ou no processo de fabricação de sorvetes. Fatores que afetam a transição vítrea » quantidade de água inserida no alimento; » quantidade de O 2 . » temperatura do alimento. Soluções para o controle da transição vítrea dos alimentos » controle da quantidade de água a ser colocada num alimento, e o controle da quantidade de sólidos; » controle da quantidade de O 2 e da temperatura do alimento; » uso de embalagem que garanta uma barreira térmica, fazendo com que o alimento não passe pela transição vítrea e acabe endurecendo dentro da embalagem. Caking de produtos em pó Definição: O caking é um processo pelo qual um pó de baixa umidade e escoamento livre vai se aglomerando, e acaba por formar um material pastoso e pegajoso, resultando em perda de funcionalidade e qualidade. Após o processo de caking, o alimento ou material em pó, acaba por se liquefazer. Você pode observar o caking quando um produto achocolatado em pó está perto da sua data de validade. Fatores que afetam o caking de produtos em pó » umidade; » temperatura; » o fato de alguns produtos serem ricos em açúcar e ácidos. Soluções para o controle do caking em produtos em pó » adição de produtos que auxiliem no processo de secagem destes alimentos em pó e que evitem o caking dentro das embalagens; » controle da temperatura do produto; » produtos como leite em pó, achocolatados são melhor acondicionados em embalagens metálicas que minimizam a ocorrência do caking. Cristalização de produtos Definição: Conforme aumenta o tempo de estocagem, certos produtos tendem a se cristalizar. A cristalização é um processo muito comum em açúcares. A cristalização dá um aspecto arenoso aos produtos. Em alguns produtos, é preferível a cristalização controlada de açúcares em alguns produtos, como caramelos e fondants, mas deve ser prevenida em outros, como marshmallows e sorvetes. Fatores que afetam as taxas de cristalização de produtos » excesso de umidade; » altas temperaturas. Soluções para o controle da cristalização de produtos » controle da umidade do produto a ser embalado; » controle das temperaturas às quais o produto ficará submetido nos seus processos de produção e de estocagem; » uso de embalagens que sejam uma barreira higroscópica, ou seja, sejam uma barreira para a absorção de água. » uso de embalagens que sejam uma barreira de temperatura, para que o produto resista às altas temperaturas a que for submetido no seu processo de armazenagem. 33 REQUERIMENTOS DE EMBALAGENS │ UNIDADE I Alterações de textura por ganho ou perda da umidade Definição: Não se trata de uma definição de alteração de textura, mas de uma exemplificação dos casos mais recorrentes de alteração na textura dos alimentos. Em muitos produtos, a textura crocante é essencial à qualidade, como biscoitos, cereais e batatas fritas. Quando acondicionados em embalagem de alta permeabilidade a umidade, ou estocados a temperaturas inadequadas, tais produtos podem sofrer transição vítrea, tornando-se macios e gomosos, o que compromete sua aceitação. A perda de crocância pode ser também promovida por transferência de umidade em alimentos formados por vários componentes, como barras de cereais com frutas, pizzas, entre outros. Quando um biscoito é colocado em contato com queijo ou geleia, ele absorve água e torna-se gomoso. Cereais em contato com frutas de umidade intermediária absorvem água e tornam-se menos crocantes. Em pizzas, a umidade tende a migrar do molho para a massa, o que faz com que a massa perca sua textura crocante. O mesmo ocorre com cones de biscoito (“casquinhas”) em contato com sorvete. Similarmente ao ganho de umidade, um alimento perderá água (na forma de vapor) quando sua umidade relativa (atividade de água) for superior à do ambiente. As consequências mais comuns da perda de umidadeem alimentos são: » perda de peso, com prejuízo da textura, como ocorre com carnes frescas e queijos; » murchamento de frutas e hortaliças; » endurecimento e recristalização de massas e doces. Fatores que afetam as alterações da textura por ganho ou perda da umidade » teor de umidade no alimento; » atividade da água no alimento. Soluções para o controle da degradação de pigmentos » acondicionar o produto adequadamente em embalagens que apresentem boa barreira ao vapor d’água. » sempre manter a temperatura de estocagem em valores que ultrapassem o mínimo possível à temperatura de transição vítrea. Alterações físicas durante o congelamento Definição: A principal alteração está relacionada aos danos causados pelo crescimento dos cristais de gelo. Existem diferenças relevantes entre os danos causados pelo congelamento em tecidos animais e vegetais. As carnes apresentam estrutura fibrosa mais flexível, que se separa durante o congelamento ao invés de romper-se, não afetando muito sua textura. Tanto em frutas como em hortaliças, a estrutura mais rígida das células pode ser danificada pelos cristais de gelo. Fatores que afetam as alterações físicas durante o congelamento » velocidade com a qual o alimento foi congelado; » umidade; » temperaturas de congelamento; » transferência da umidade do alimento para a atmosfera de estocagem. Soluções para as alterações físicas durante o processo de congelamento dos alimentos » uso de compostos crioprotetores nos alimentos para que ao serem congelados não percam a umidade e não sofram alterações na sua composição ou na sua estrutura; » uso de embalagens apropriadas que garantem a proteção dos alimentos após o processo de resfriamento e que permitam que o alimento não perca a sua umidade natural para o ambiente de estocagem. Instabilidade das interfaces que compõem os alimentos Definição: os alimentos são formados por combinações de vários componentes, pertencentes a diferentes classes químicas, constituindo estruturas complexas, organizadas em microestruturas de vários tipos, como dispersões, emulsões, espumas e géis. Muitos alimentos contêm sistemas coloidais por natureza, como os glóbulos de gordura, agregados proteicos (micelas) e grânulos de amido. Esses sistemas são estabilizados pela presença de agentes de superfície, como os emulsificantes, que podem estar presentes como constituintes naturais do alimento ou ser adicionados intencionalmente. Podem ocorrer instabilidades nas interfaces que compõem os alimentos quando eles são acondicionados nas embalagens de forma indevida, quando as embalagens sofrem choques ou danos durante o transporte ou quando as temperaturas de estocagem das embalagens não são apropriadas etc. Fatores que afetam a estabilidade das interfaces dos alimentos » uso dos estabilizantes de forma inadequada e na dosagem insuficiente; » temperatura; » viscosidade. 34 UNIDADE I │ REQUERIMENTOS DE EMBALAGENS Soluções para a instabilidade das interfaces dos alimentos » uso correto dos emulsificantes; » controle da temperatura do alimento; » uso de embalagens que contenham barreiras térmica e contra a luz de forma a garantir a ação dos emulsificantes nos alimentos. Retrogradação do amido Definição: trata-se do processo de cristalização do amido presente nos alimentos. O processo de retrogradação ocorre gradualmente, afetando profundamente a qualidade e a vida de prateleira de produtos amiláceos. A retrogradação do amido contribui para o envelhecimento de produtos de panificação, e se caracteriza por perda de textura (endurecimento) do produto. Fatores que afetam a estabilidade das interfaces dos alimentos » temperatura de estocagem do produto; » congelamento do produto que contenha amido feito de forma não controlada. Soluções para a retrogradação do amido » congelar os produtos com amido de forma adequada; » evitar o congelamento e descongelamento brusco desses tipos de alimento; » estocar o alimento com a temperatura de estocagem apropriada; » usar embalagens que garantam a temperatura de estocagem correta para este alimento. Fonte: Adaptado de Villadiego et al. (2012, pp. 79-97). Bem, podemos até discordar deVilladiego et al. (2012) no que diz respeito à importância das alterações físicas nos alimentos. Trata-se de alterações muito importantes para os alimentos. E não é só por causa do fato destas alterações afetarem a aparência dos produtos. As alterações físicas alteram a estrutura dos alimentos com relação à estrutura dos átomos e fórmula das moléculas que compõem os alimentos em questão. Pode-se dizer que as alterações físicas podem causar menos danos aos alimentos do que as alterações químicas e microbiológicas. Mesmo assim, elas não são menos importantes que os outros tipos de alterações mencionados. A meu ver, os três tipos de alterações são interligados e, por isso, deve ser dada a elas a mesma importância e relevância. Uma alteração física pode desencadear uma alteração química e uma alteração microbiológica num produto. Uma alteração química pode resultar em alterações físicas e microbiológicas nos produtos. Finalmente, uma alteração microbiológica ocasiona alterações físicas e químicas nos produtos. Trata-se de um processo cíclico de alterações e extremamente interligado. Terminamos por aqui o estudo dos aspectos físicos que devem ser levados em conta no estudo das embalagens e, no próximo capítulo, estudaremos, finalmente, os aspectos microbiológicos a serem considerados. 35 REQUERIMENTOS DE EMBALAGENS │ UNIDADE I Neste capítulo falamos sobre os aspectos físicos dos alimentos ou produtos que devem ser protegidos por uma embalagem. O Instituto de Física da Unicamp (IFI, 2019) tem um interessante artigo sobre o uso de filmes multicamadas nas embalagens de alimentos com a função de proteger os alimentos contra a luz e os raios ultravioleta e de evitar a reação dos alimentos com o oxigênio. Você pode acessar este artigo por meio do link: sites.ifi.unicamp.br/labvacrio/ propriedades-de-barreira-de-embalagens/. 36 CAPÍTULO 5 Aspectos microbiológicos considerados Villadiego et al. (2012, p. 18) fazem a seguinte colocação sobre as alterações microbiológicas ocorrentes nos produtos e/ou alimentos: A principal causa de deterioração química de alimentos decorre do crescimento microbiano, com consequente formação de metabólitos que lhes conferem sabores desagradáveis como sulfetos, álcoois, aldeídos, cetonas e ácidos orgânicos, fazendo com que o produto seja rejeitado. No entanto, o conceito de inaceitável é específico para cada alimento. Conforme explicam Villadiego et al. (2012, pp. 20-27), os fatores intrínsecos que ocasionam as alterações microbiológicas nos alimentos são: » atividade da água; » pH; » composição química dos nutrientes do alimentos; » potencial redox (redução/oxidação) dos alimentos. Em compensação, segundo Villadiego et al. (2012, pp. 28-29), os fatores extrínsecos que causam as alterações microbiológicas são: » umidade relativa; » temperatura; » composição gasosa do ambiente. Assim como fizemos nos capítulos 3 e 4 colocaremos na forma de quadro as alterações microbiológicas que ocorrem nos alimentos. Acompanhe o quadro 4: 37 REQUERIMENTOS DE EMBALAGENS │ UNIDADE I Quadro 4. Alterações microbiológicas nos produtos embalados. Alterações nos carboidratos dos alimentos Definição: O metabolismo desses nutrientes pode ocorrer segundo dois mecanismos básicos: » na presença de oxigênio, pelo aproveitamento de carboidratos por microrganismos aeróbios; » na ausência de oxigênio, pela utilização dos compostos por microrganismos anaeróbios estritos ou facultativos, acumulando produtos que afetam sensorialmente o alimento. Fatores que afetam as alterações nos carboidratos » a presença do O 2 ; » a ausência de O 2 . Soluções para o controle das alterações nos carboidratos » controle da quantidade de oxigênio; » usar embalagens inertes que sirvam como barreira à oxidação doscarboidratos. Alterações nas proteínas dos alimentos Definição: A descarboxilação de aminoácidos por microrganismos resulta na formação de compostos de odor desagradável, como as aminas biogênicas, caracterizando a chamada putrefação. Além das alterações sensoriais, as aminas biogênicas – especialmente a histamina e a tiramina – são tóxicas, quando ingeridas. Fatores que afetam as alterações nas proteínas » umidade; » temperatura; » mal acondicionamento dos produtos. Soluções para o controle das alterações das proteínas » desenvolver embalagens que protejam os alimentos contra a degradação e que contenham barreira; » uso de embalagens inertes; » controle da temperatura e pH dos alimentos. Alterações nos lipídeos dos alimentos Definição: Os triglicerídeos são hidrolisados por ação de lipases bacterianas, produzindo ácidos graxos livres. Muitos deles, especialmente os de baixo peso molecular, conferem odor desagradável ao produto, caracterizando a rancidez hidrolítica. Fatores que afetam as alterações nos lipídeos dos alimentos » umidade; » pH; » mal acondicionamento do produto. Soluções para o controle das alterações nos lipídeos » controle da umidade do produto a ser embalado; » uso de embalagens apropriadas; » controle do pH do produto de forma a não permitir as reações bacterianas. Fonte: Adaptado de Villadiego et al. (2012, pp. 19-20). Há muitos exemplos de alterações microbiológicas nos alimentos. Resolvemos colocar as alterações mais comuns também na forma de um quadro igual ao anterior apenas para servir como estudo de casos de alterações microbiológicas em alimento para você. Então, para acompanhar o término deste capítulo 5, analise as informações contidas no quadro 5: 38 UNIDADE I │ REQUERIMENTOS DE EMBALAGENS Quadro 5. Exemplos de deterioração microbiológica de alimentos. Deterioração de leites e derivados Definição: A deterioração do leite relaciona-se à presença de micro-organismos do gênero Pseudomonas. Fatores que afetam a deterioração de leites e derivados A qualidade do produto final depende das condições microbiológicas da matéria-prima, que pode ser afetada por contaminações durante a ordenha ou por equipamentos usados no transporte e durante o processamento. Soluções para o controle da deterioração do leite e dos derivados » controle rígido do processo de pasteurização do leite; » prolongamento do tempo de prateleira de horas para meses com o uso de embalagens de vidro e de Tetra-pak® ou com o desenvolvimento de embalagens apropriadas. Deterioração de carnes e derivados Definição: As carnes constituem excelente meio para crescimento bacteriano, graças à sua baixa acidez (pH entre 5,5 e 5,9) e à sua composição, formada por 75% de água e muitos compostos nitrogenados como aminoácidos, peptídeos, nucleotídeos, além de glicose e outros carboidratos simples. Fatores que afetam a deterioração das carnes e derivados A qualidade microbiológica de uma carne depende do estado fisiológico do animal no momento do abate, do grau de contaminação durante o processamento, e das condições (especialmente temperatura) de estocagem e distribuição. A presença da Pseudomonas é o maior responsável pelo processo de deterioração das carnes. Soluções para o controle da deterioração das carnes e derivados » acondicionamento correto das carnes; » refrigeração correta; » uso de embalagens inertes; » controle higiênico do processo de abate do gado. Deterioração de pescados Definição: Após o abate, os pescados apresentam alto pH (geralmente acima de 6,0), propriedade que, aliada à presença de altos teores de aminoácidos livres, torna-os altamente suscetíveis a deterioração. A fração de N (nitrogênio) não proteico dos pescados compreende compostos nitrogenados hidrossolúveis de baixo peso molecular, como aminoácidos e nucleotídeos. A deterioração de pescados decorre, principalmente, da utilização microbiana desses compostos. Fatores que afetam a deterioração dos pescados É comum que haja um grupo específico de bactérias (os deterioradores específicos) cujo crescimento ultrapasse o dos demais e que cause a maior parte das alterações. Soluções para o controle da deterioração de pescados » controle higiênico do processo de embalagem e estocagem; » consumo do alimento sempre dentro do prazo de validade; » refrigeração correta do alimento; » acondicionamento do alimento em embalagens apropriadas e inertes. Fonte: Adaptado de Villadiego et al. (2012, pp. 30-35). Com este último quadro terminamos o nosso estudo sobre os aspectos a serem considerados no projeto de embalagens e na escolha de embalagens para cada produto levando em conta as alterações a que o produto está sujeito. Convém apenas enfatizar que as alterações físicas, químicas e microbiológicas estudadas influem no tempo de estocagem dos alimentos ou sua vida de prateleira, como era de se esperar. Uma embalagem deve ter uma vida de prateleira que contemple os três tipos de alterações a que os produtos estão sujeitos a passar. 39 REQUERIMENTOS DE EMBALAGENS │ UNIDADE I Terminamos aqui os nossos estudos desta Unidade I. Releia e reveja os conceitos estudados e não se esqueça de fazer as atividades desta Unidade para fixar os conceitos e ampliá-los também. Todos nós sabemos que não é só de alimentação humana que vive o mercado de embalagens. Temos o mercado Pet também, o mercado de animais domésticos, rações para o gado, e rações para equinos, avestruzes e peixes. Gabbi et al. (2011) nos apresentam um excelente estudo onde foram avaliadas três rações comerciais para avestruz, peixe e equinos entre setembro de 2005 e janeiro de 2006, com o objetivo de analisar os aspectos microbiológicos e físico-químicos. Leia este artigo na íntegra no seguinte endereço: revistas.ufba.br/index.php/rbspa/article/view/2122/1154. Este artigo serve como exemplo do quanto é importante o estudo das propriedades microbiológicas que devem ser levadas em conta no desenvolvimento de embalagens. 40 UNIDADE IICARACTERÍSTICAS DAS EMBALAGENS CAPÍTULO 1 Características, propriedades e controle Na Unidade I, estudamos brevemente sobre o conceito de embalagem e as características que uma embalagem deve ter. Não custa nada revermos estes conceitos. Corso (2007, p. 9) nos dá a seguinte definição de embalagem: “Embalagem é todo acondicionante que exerça funções de proteção do alimento in natura, da matéria-prima alimentar ou do produto alimentício, temporária ou permanentemente, no decorrer de suas fases de elaboração e armazenamento.” O conceito não se refere apenas aos alimentos, podemos também aplicá-lo para embalagens de produtos de limpeza, higiene, ração de animais, produtos de higiene e limpeza para animais e muitas outras aplicações. A maioria dos livros costuma definir embalagens com base na sua função principal que é a de armazenar alimentos, mas sabemos que este conceito se aplica a todos os tipos de embalagens existentes, inclusive as de remédios que costumam ser uma das aplicações mais importantes das embalagens depois, é claro, das embalagens para produtos alimentícios. Ainda segundo Corso (2007, p. 9), as embalagens devem ter as seguintes funções: » proteger o alimento contra contaminação ou perdas; » facilitar e assegurar o transporte; » facilitar a distribuição do alimento; » identificar o fabricante e o padrão de qualidade; » atrair a atenção do consumidor; » instruir o consumidor no uso do produto. 41 CARACTERÍSTICAS DAS EMBALAGENS │ UNIDADE II Além disso, a autora supracitada nos diz que as embalagens devem atender aos seguintes requisitos: » não ser tóxica e ser compatível com o alimento; » dar proteção sanitária; » dar proteção contra a passagem de umidade, ar e luz; » ter resistência ao impacto; » ter boa aparência e causar boa impressão; » facilitar a abertura; » ter limitações de forma, peso e tamanho; » ter transparência quando necessário; » oferecer facilidade de eliminação; » ter baixo preço.Nesta unidade vamos estudar as características dos tipos de embalagens mais comuns e, se possível, falaremos sobre as vantagens e desvantagens do uso de cada tipo de embalagem estudada. Comecemos então com as embalagens de materiais metálicos. As embalagens deste tipo mais comumente usadas são as embalagens de folhas de flandres, as de folha cromada e as de folhas de alumínio. Na figura 5 temos um exemplo de embalagem metálica de folha de flandres. Na figura 6 há um exemplo de embalagem de folha cromada e na 7 temos um exemplo de embalagem metálica de folha de alumínio. 42 UNIDADE II │ CARACTERÍSTICAS DAS EMBALAGENS Figura 5. Embalagem de Folha de Flandres. Fonte: Modificado de Metalgráfica Itaquá (2019). Disponível em: www.metalgraficaitaqua.com.br/novo/meio_ambiente.asp. Figura 6. Embalagem de folha cromada. Fonte: Companhia Siderúrgica Nacional - CSN (2019). Disponível em: www.csn.com.br/conteudo_pti.asp?idioma=0&tipo=613 68&conta=45&id=231898. Figura 7. Embalagem de folha de alumínio. Fonte: Mineradora Hydro - Hydro (2019). Disponível em: www.hydro.com/pt-BR/produtos-e-servicos/produtos-laminados/ produtos-laminados-para-empacotamento/folha-de-aluminio-para-embalagens-flexiveis-de-alimentos/. Jorge (2013, p. 30) nos apresenta uma comparação interessante entre as propriedades mecânicas das embalagens metálicas que é mostrada na tabela 2: 43 CARACTERÍSTICAS DAS EMBALAGENS │ UNIDADE II Tabela 2. Comparação das propriedades mecânicas dos materiais metálicos das embalagens. Propriedade Mecânica Material Folha de flandres Folha cromada Folha de alumínio Resistência a corrosão Muito boa Muito boa Baixa Resistência a sulfuração Boa Muito boa Boa Soldagem Boa Fraca - Capacidade de formação Boa Boa Muito boa Custo Médio Baixo Elevado Aplicação Latas de 2 e 3 peças, Tampas Lata de 2 peças, Tampas Lata de 2 peças, Tampas easy-open, Bisnagas Fonte: Modificado de Jorge (2013, p. 30). Analisando a tabela 2, podemos dizer que as embalagens de alumínio que costumamos usar em latinhas de sucos e refrigerantes podem ser consideradas as mais desvantajosas entre as embalagens metálicas. Elas apresentam pouca resistência à corrosão e custo elevado. Além do mais, convém dizer que são os tipos de embalagens metálicas que consomem mais energia para serem produzidas. A única solução para driblar o problema deste alto gasto energético é incentivar a reciclagem das latas de alumínio. Na tabela 3 apresentamos para você algumas das principais aplicações das embalagens metálicas na indústria alimentícia. Tabela 3. Aplicações das embalagens metálicas. Produtos esterelizados Exemplo: conservas de legumes, pescados, carnes, frutas e sucos de fruta Tipos de embalagem: latas de 2 ou 3 peças, redondas, retangulares, ovais, troncocônicas, trapezoidais. Bebidas Exemplo: cerveja e bebidas carbonatadas. Tipos de embalagem: latas de 2 peças embutidas-estiradas em alumínio e em folha de flandres. Aerossóis Exemplo: diversos produtos alimentícios. Tipos de embalagem: latas altas de 2 peças. Outros produtos alimentícios Exemplo: leite e produtos lácteos, xaropes, óleos comestíveis, chocolate e café, biscoitos. Tipos de embalagem: caixa com tampa de encaixe, tambores. Fonte: Jorge (2013, p. 31). Sobre as embalagens metálicas, já falamos o que tínhamos que falar. Vamos agora estudar os tipos de embalagens que têm exercido certa predominância no mercado de embalagens: as plásticas. Segundo Jorge (2013, p. 67), as embalagens plásticas apresentam as seguintes características peculiares: 44 UNIDADE II │ CARACTERÍSTICAS DAS EMBALAGENS » o preço destas embalagens é mais econômico se comparado com os outros tipos de embalagens; » os plásticos são materiais a base de polímeros sintéticos ou naturais modificados; » as embalagens plásticas têm características que dependem do tipo de material e sua composição estrutural. São muitos os tipos de plásticos utilizados na confecção de embalagens. Os mais conhecidos são: » polietileno (PE); » polipropileno (PP); » poliestireno (PS); » policloreto de vinila (PVC); » policloreto de vinilideno (PVDC); » poliamidas (PA); » poliésteres; » polietileno tereftalato (PET); » polietileno naftalato (PEN); » policarbonato (PC); » etileno e acetato de vinila (EVA); » etileno e álcool vinílico (EVOH). Nas figuras 8 a 18 são mostrados exemplos de cada uma das embalagens listadas acima: 45 CARACTERÍSTICAS DAS EMBALAGENS │ UNIDADE II Figura 8. Embalagens de polietileno (PE). Fonte: Embalagem Ideal (2019). Disponível em: www.embalagemideal.com.br/embalagem-polietileno. Figura 9. Embalagens de polipropileno (PP). Fonte: Piloto Plásticos (2019). Disponível em: www.pilotoplasticos.com.br/images/sliders/pp.jpg. Figura 10. Embalagem de poliestireno (PS). Fonte: Fogaça (2019). Disponível em: brasilescola.uol.com.br/quimica/poliestireno.htm. 46 UNIDADE II │ CARACTERÍSTICAS DAS EMBALAGENS Figura 11. Embalagem de policloreto de vinila (PVC). Fonte: Faz Fácil (2019). Disponível em: www.fazfacil.com.br/reforma-construcao/pvc-policloreto-vinila/. Figura 12. Embalagem de policloreto de vinilideno (PVDC). Fonte: Protervac (2019a). Disponível em: www.protervac.com.br/embalagens/enco-max/. Figura 13. Embalagem de poliamidas (PA). Fonte: Solupack (2019). Disponível em: www.solupack.com.br/produto.php?prod=43. 47 CARACTERÍSTICAS DAS EMBALAGENS │ UNIDADE II Figura 14. Embalagem de poliésteres (PE). Fonte: Embalagens Flexíveis Diadema (2019). Disponível em: www.efd.com.br/media/image/produtos/cafe_double-wall_final. png. Figura 15. Embalagem de polietileno tereftalato (PET). Fonte: Bonapack (2019). Disponível em: agfcembalagens.com.br/wp-content/uploads/2016/06/pet-10-litros-azul-modelo- redondo-foto-1-de-4.png. Figura 16. Embalagem de polietileno naftalato (PEN). Fonte: Neil George Ryan (2015). Disponível em: www.neilgeorgesalon.com/why-no-plastic-beer-bottles/. 48 UNIDADE II │ CARACTERÍSTICAS DAS EMBALAGENS Figura 17. Embalagem de policarbonato (PC). Fonte: Fonte Valle Nevado (2016). Disponível em: aguavallenevado.com.br/wp-content/uploads/bfi_thumb/bpa-2-mx2ouawk84 kkezl0atqh9r2vw003pgahab00zcr8oo.jpg. Figura 18. Embalagem de etileno e acetato de vinila (EVA). Fonte: Shekinah Representações (2015). Disponível em: shekinah-mg.com.br/25-large_default/sacos-e-bobinas-eva.jpg. Figura 19. Embalagem de etileno e álcool vinílico (EVOH). Fonte: Protervac (2019b). Disponível em: www.protervac.com.br/embalagens/enco-bag-1/. No quadro a seguir colocamos as principais características das embalagens de plástico mostradas nas figuras 8 a 19. 49 CARACTERÍSTICAS DAS EMBALAGENS │ UNIDADE II Quadro 6. Quadro resumo sobre as embalagens plásticas. Tipo de embalagem Principal uso Vantagens Desvantagens PE Como filme plástico. Laminados para massas, carnes. Embalagens rígidas para balas, sorvetes. Bandejas rígidas para queijos cremosos. Fonte: Jorge (2013) Fonte: Fabris et al. (2006) » atóxico, ou seja, não é nocivo; » alta resistência à tração, tensão e compressão; » impermeável; » bastante flexível; » pode ser utilizado com outros polímeros mesclando características; » boa resistência à incidência de raios solares, quando comparado a outros polímeros. Fonte: Goma (2018) » demora para se desintegrar no meio ambiente, deve ser incentivada a sua reciclagem. PP As principais aplicações do polipropileno são como filme termorretrátil, potes para sorvetes e margarinas, camada interna de bandejas termoprocessáveis e para uso em fornos micro-ondas, garrafas para ketchup e molhos com enchimento a quente, e em embalagens de alimentos sensíveis a umidade. Fonte: Jorge (2013) » baixo custo; » resistência química; » fácil moldagem; » fácil coloração; » resistência moderada ao impacto; » boa estabilidade térmica; » atóxico; » resistência a flexão; » baixa absorção de umidade Fonte: Mais polímeros (2019) » baixa resistência à variaçãobrusca do clima, o que pode por exemplo causar manchas e perdas de propriedades quando expostas ao sol. Fonte: Mais polímeros (2019) PS Sua aplicação inclui os copos descartáveis, copos para iogurtes, bandejas descartáveis e outros. Quando expandido, é usado em bandejas pré- moldadas para acondicionar carnes, frutas e ovos. Fonte: Jorge (2013) » resistência mecânica, muito boa a tração, facilidade de termoformação; e ótica, elevado brilho e transparência; Fonte: Jorge (2013) » preço acessível Fonte: Oliveira et al. (2018) » a barreira, fraca a umidade e a gases e ruim a gorduras; » baixa resistência térmica, não solda de -30° a 50°C, resistência baixa a impacto/perfuração. Fonte: Jorge (2013) » baixa aderência e baixa resistência Fonte: Oliveira et al. (2018) PVC O PVC é também utilizado como filme estirável para carnes frescas, frutos e vegetais e como filme termorretrátil, para bandejas, potes para achocolatados, margarinas e manteiga, garrafas para óleo, etiquetas de garrafas e cápsulas de inviolabilidade. Fonte: Jorge (2013) » apresenta boas propriedades mecânicas; » média soldabilidade; » resistência térmica média; » excelente barreira a gorduras. Fonte: Jorge (2013) » o grande problema com o uso do PVC é a migração dos aditivos do plástico para o alimento. Por outro lado, ainda existe a grande toxicidade do monômero (cloreto de vinila). Fonte: Jorge (2013) PVDC Material de barreira em recipientes termoformados semirrígidos. Material em multicamada: coextrusado com poliolefinas: carnes, queijos, alimentos sensíveis à umidade e gases. Recobrimento para: papel e cartão, celofane, filmes, recipientes rígidos. Fonte: Fabris et al. (2006) » melhor barragem de gases, vapores, aromas e gorduras; » boa adesão; » uma das menores taxas de permeabilidade de ar; » baixo peso da embalagem; » aumento da vida útil; » embalagem mais translúcida; » boa resistência. Fonte: Hernandez (2019). » material extremamente difícil de se reciclar; Fonte: Hernandez (2020). » alto preço; » polímero extremamente pegajoso. Fonte: Jorge (2013) 50 UNIDADE II │ CARACTERÍSTICAS DAS EMBALAGENS PA Coextrusados: com poliolefinas para termosoldagem, barreira à umidade e redução de custo. Multicamadas: embalagem à vácuo para cárneos processados. Fonte: Fabris et al. (2006) » alta resistência mecânica; » baixa permeabilidade ao oxigênio. Fonte: Jorge (2013) » as poliamidas são materiais extremamente caros; » material muito permeável à água. Fonte: Jorge (2013) Poliésteres Uso em materiais cirúrgicos, como linhas para se dar pontos em machucados, que possam ser absorvidos pelo corpo humano. Fonte: Piatti & Rodrigues (2005) » plástico 100% reciclável; » tem muitas aplicações cirúrgicas, inclusive é muito usado como embalagens para materiais cirúrgicos; » ;usado na suturação de ferimentos em cirurgias. Fonte: Bezerra (2019). » a produção de poliéster consome muita água e este fato causa danos ao meio ambiente. » o poliéster leva 400 anos para ser degradado no meio ambiente. Fonte: Bezerra (2019). PET Garrafas de diferentes volumes para bebidas carbonatadas, água mineral, óleos comestíveis, molhos, temperos, maionese. Filmes laminados para café, biscoitos, laminados flexíveis esterilizáveis, bag-in- box, produtos cárneos, frutas e hortaliças congeladas. Embalagens termoformadas (PET cristalizado - 28 - 30%) para bandejas e potes para uso em forno de microondas e forno convencional em produtos como pratos prontos, sopas, molhos. Fonte: Fabris et al. (2006) » possui grande resistência a tração e ao impacto; » baixa permeabilidade; » boas propriedades óticas; » 100% reciclável. Fonte: Jorge (2013) » material caro; » demora muito para ser degradado. Fonte: Jorge (2013) PEN É um polímero de grande interesse para o mercado de bebidas e alimentos com enchimento a quente (marmeladas e gelatinas). Fonte: Jorge (2013) » grande barreira ao vapor d’água; » melhor resistência química; » alto desempenho térmico; » elevada resistência química, mecânica e hidrolítica. Fonte: Jorge (2013) » polímero caro; » tempo de degradação é extremamente alto como de qualquer plástico. Fonte: Jorge (2013) PC Muito utilizado para garrafões de água de volumes superiores a 5 litros. » excelente combinação de resistência a altas temperaturas; » elevada resistência ao impacto e transparência, conservando suas propriedades com o aumento da temperatura. Fonte: Jorge (2013) » tende a amarelar sob exposição da luz ultravioleta; » muito permeável a ações de gases e ao vapor d’água. Fonte: Jorge (2013) EVA O EVA e um polímero de aplicação restrita em embalagens flexíveis, pois tem alta tendência ao bloqueio e atrito, o que dificulta sua maquinabilidade. Fonte: Jorge (2013) » tem boas propriedades de adesão; » boas propriedades de selagem. Fonte: Jorge (2013) » tem uma aplicação muito restrita no ramo de embalagens. Fonte: Jorge (2013) EVOH Co-extrusados: carne vermelha, carnes processadas, queijos. Laminados: condimentos Recobrimento por extrusão: embalagens assépticas. Termoformagem: iogurte Fonte: Fabris et al. (2006) » tem uso muito amplo como material de recobrimento e combinado com outros tipos de plástico. Fonte: Jorge (2013) » muito permeável à água; » muito permeável ao oxigênio. Fonte: Jorge (2013) Fonte: Elaborado pela autora (2019) com base nas fontes citadas. 51 CARACTERÍSTICAS DAS EMBALAGENS │ UNIDADE II Pela análise do quadro 6 podemos perceber que os plásticos têm muitas aplicações nas indústrias de embalagens, inclusive como material para embalagens para alimentos. Mas qualquer plástico , apresenta o problema de ser não biodegradável. Os plásticos demoram séculos para se decomporem no meio ambiente e todos devem ser reciclados. Os plásticos costumam ter preferência de uso, como material de embalagem porque têm um preço muito mais acessível do que as embalagens metálicas, as de papel e de vidro. Mas o consumidor deveria pensar muitas vezes ao adquirir embalagens plásticas, devido ao problema que elas causam ao meio ambiente. As empresas que produzem produtos com embalagens plásticas deveriam ter a preocupação de recolherem essas embalagens depois de usadas e dar a destinação correta aos resíduos plásticos por meio da reciclagem. A indústria do plástico parece ter um lobby da indústria de petróleo. Há mais incentivo para se produzir embalagens plásticas do que outros tipos de embalagens menos poluidoras. O plástico tem sido o material que mais se difundiu nos oceanos e vem causando a morte dos animais marítimos que acabam por engolir as embalagens plásticas descartadas de forma incorreta nos mares e rios. A Política de Gestão de Resíduos no Brasil deveria ser mais enérgica com relação às empresas e moradores que descartam plásticos nos rios, lagos ou em qualquer curso de água. O problema das enchentes nos grandes certos urbanos se agrava a cada ano devido ao descarte de diversos tipos de embalagens nas ruas, levando ao entupimento dos bueiros e às enchentes e inundações que estamos acostumados a ver, nas épocas de chuvas mais intensas. Vamos agora ao estudo das embalagens de vidro. Sobre as embalagens de vidro, Jorge (2013, p. 104) faz as seguintes colocações: A década de 1990 foi marcante para a indústria de embalagens de vidro, pois foi introduzida no Brasil a tecnologia de vidros leves, causando uma redução de 20% no peso da embalagem e permitindo que o vidro se tornasse mais resistente. O vidro também possui outras aplicações, além de embalagens para alimentos, como as fibras óticas que substituem com vantagens os tradicionais cabos de cobre e alumínio utilizados em comunicações, lâmpadas, isoladores etc. 52 UNIDADE II │ CARACTERÍSTICAS DAS EMBALAGENS No quadro 7 apresentamos um resumo das principais características do vidro. Quadro 7. Características principais do vidro.
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