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BIOÉTICA N1

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Bioética
Aluna de Medicina: Greice A. Giongo
Faculdade Metropolitana - Campus Porto Velho - RO
Bioética - conceito
- O termo tem força simbólica
- Estimula a reflexão ética sobre a “nova biologia” emergente a partir dos anos 50
- interação de questões biológicas, médicas, tecnológicas, éticas, sociais e de métodos de pensar
- Vai além de temas éticos da medicina
- Inclui assuntos da saúde pública
- Preocupações sobre a população, genética, meio ambiente, sanitário, práticas e tecnologias reprodutivas,
saúde e bem-estar animal
Evento adverso
- é quando ocorre um mau resultado devido uma ação ou omissão do médico
- Pode acontecer por
- Imperícia
- Imprudência
- Negligência
- A imperícia ocorre quando o profissional não possui conhecimento técnico, teórico e prático para exercer
determinada atividade e, mesmo assim, ele a pratica.
- Ex: prescrever medicação errada, médicos que não tem conhecimentos de cirurgias e as realizam,
- O médico imprudente é aquele que age sem cautela, sem se preocupar com as consequências de seus atos. Por
ação ou omissão assume procedimentos de risco para o paciente sem observar as normas técnicas e adequadas.
- Ex: alta prematura, realizar cirurgia sem equipe cirúrgica mínima, realizar duas anestesias simultâneas.
- A negligência é o ato de agir sem tomar as devidas precauções, com descuido, sem atenção. É aquele profissional
que age de forma omissa, com total descaso de seus deveres éticos e obrigações com o paciente. Consiste em não
fazer o que deveria ter feito.
- Ex: abandono de paciente, omissão e retardo de TTO, não comparecer ao plantão ou sair do plantão
sem deixar outro médico encarregado, letra ilegível nas prescrições, não notificar doenças compulsórias.
- Esses três fatores - imperícia, imprudência e negligência - podem gerar danos ao paciente, muitas vezes, de caráter
irreparável.
- Ao exercer a profissão, o médico deve obediência aos princípios norteadores de sua atividade, deve zelar e
trabalhar pelo perfeito desempenho ético da Medicina e pelo prestígio e bom conceito da profissão.
- É o guardião da vida, bem maior assegurado ao ser humano.
- Do médico exige-se correção, dedicação, respeito pela vida, devendo em razão de seu trabalho, agir
sempre com cautela, diligência, evitando que seu paciente seja conduzido ao sofrimento, a dor, a
angústias ou perdas irreparáveis.
- Responsabilidade civil do médico
É o dever de reparar os danos provocados em uma situação onde uma pessoa sofre prejuízos jurídicos, como consequência
de atos ilícitos praticados por outra pessoa.
- Se encaixa nos artigos 186, 927 e 949 do código civil:
- art. 186 - Quem comete ato ilícito:
- Aquele que , por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direitos e
causar dano a outrem, ainda que moral.
- art. 927
- Quem causa dano a outrem, por ato ilícito, é obrigado a repará-lo
- art. 949
- No caso de lesão ou ofensa à saúde, o agente ofensor indenizará o ofendido
- despesas do TTO e os lucros que o ofendido deixa de ganhar, até o fim da
convalescença.
- Para que possa se possa sustentar a alegação de evento adverso médico e de responsabilidade civil,
eventuais prejuízos suportados pelo paciente devem decorrer da culpa quando da realização do TTO
médico, da identificação de imperícia, imprudência e negligência.
- Na presença de uma denúncia, devido a um desses fatores, o CRM vai apurar os fatos, julgar e ponderar
as sanções
- Apuração da denúncia pelo CRM
- Sindicância - apurar a veracidade dos fatos
- Processo ético-disciplinar (PD) - acusação - defesa
- Julgamento - inocência ou culpa
- O médico pode ser submetido a pagar por indenizações de caráter:
- Monetário
- Dano material - quando o paciente tem perda de rendimento, deixa de produzir - lesa o
patrimônio.
- Dano moral - é pelo sofrimento, angústia causado. Injúria psicológica ou agravamento de um
quadro já existente
- Dano estético - quando há a presença de lesão física do paciente e a sua aparência.
Enfeiamento do corpo. Causa embaraço de forma visual.
Elementos da responsabilidade civil
- Ação
- É o ato que, de alguma forma, prejudica alguém, gera o dano
- É o que causa a responsabilidade civil.
- Dano
- É o resultado da ação
- O prejuízo - seja ele perceptível, seja na esfera íntima ou psicológica ou física, corporal
- Pode ser um dano material, moral ou estético.
- Nexo de causalidade
- É a relação entre o ato (ação) e o seu resultado
- Não é possível atribuir a alguém uma responsabilidade se o resultado danoso não tem ligação
com o ato, ação ou fato praticado pelo seu agente.
- Em processos envolvendo médicos, muitas vezes, é difícil estabelecer esse nexo, porque boa parte
do jurídico não tem conhecimento da matéria e é necessário um especialista na área em questão
para poder caracterizar o nexo de causalidade, também, muitas vezes, indisponível.
- Culpa
- É atribuir a responsabilidade do dano a alguém
- A teoria da responsabilidade civil aponta a culpa como fundamento da obrigação de reparar um dano
- Se não há culpa, não há obrigação
- Há necessidade de se provar o nexo entre dano e culpa
Responsabilidade objetiva
- É aquela que acontece independente de culpa ou dolo
- Deve estar presentes
- o ato ilícito
- o nexo de causalidade
- o dano
- Há diversas justificativas para as leis adotarem a responsabilidade objetiva, uma delas é a Teoria do risco da
atividade:
- Determinadas atividades (Medicina) expõem os demais membros da sociedade a riscos, e quem se
beneficia delas teria o dever de reparar os danos causados, independente de culpa ou dolo.
- Outra responsabilidade objetiva é quando existe desequilíbrio nas posições jurídicas, p.ex., o Direito do
Consumidor
- em que o consumidor está em desvantagem em relação ao fornecedor - que tem mais
conhecimento técnico e pode definir contratos de adesão.
Responsabilidade subjetiva
- É o dever de indenizar os danos causados diante de uma ação ou omissão dolosa ou culposa
- Deve estar presentes os 4 elementos:
- culpa ou dolo
- ato ilícito
- dano
- nexo de causalidade
Responsabilidade penal do médico
- É quando o evento adverso é considerado um crime
- Pode ocorrer multa ou prisão
- O crime pode ser doloso ou culposo
- Doloso - é quando a conduta criminosa na qual o agente quis ou assumiu o resultado
- Ou seja, o agente prevê o resultado e tem a intenção de produzir esse resultado
- São elementos do dolo
- Consciência - conhece o fato
- Vontade - realizar o fato.
- Espécies de dolo:
- Dolo direto (determinado, intencional, imediato)
- É aquele que a vontade do agente é voltada a determinado resultado. Sua conduta é
para uma finalidade precisa.
- Dolo indireto (indeterminado)
- O agente não tem vontade dirigida a um resultado determinado
- Subdivide-se em Dolo alternativo e dolo eventual
- Alternativo:
- É quando o agente deseja um ou outro resultado. P.ex: sujeito atira contra seu
desafeto, com o propósito de matar ou ferir - se matar: homicídio, se ferir -
tentativa de homicídio
- Eventual:
- O agente não quer o resultado, por ele previsto, mas assume o risco de
produzi-lo.
- Culposo
- É quando o comportamento do agente é voluntário e desatencioso, voltado a um resultado
específico, lícito ou ilícito, embora produza resultado ilícito, não desejado, mas previsível, que
podia ser evitado.
- Define-se como crime culposo quando o agente deu causa ao resultado por imprudência,
imperícia ou negligência.
- Espécies de culpa:
- Inconsciente: o resultado não é previsto pelo agente, embora previsível. É a culpa comum,
normal, ocasionada pela imprudência, imperícia ou negligência.
- Consciente: o resultado é previsto pelo agente, que espera que não ocorra ou que possa evitá-lo
- Fatalidade - Acidente
- Não quer cometer o crime - não quer gerar o resultado
- O resultado é gerado por causa ou circunstâncias alheias à sua vontade e sobre a qual não
tinha controle.
- Fatores concomitantes para os eventos adversos médicos:
- Condiçõesadversas para o exercício da Medicina
- Falta de recursos terapêuticos e diagnósticos, estruturas precárias
- Imposição de economias
- Atendimento massificado (campanhas, mutirões)
- Educação deficitária médica
- Ausência de educação continuada.
- Caraterísticas do evento adverso médico
- Dano irreversível
- Resultado adverso imediato
- Falso evento adverso
- Falha persistente da ação do médico
- mais elevada que falhas em equipamentos, instrumentos e medicações utilizadas.
Diferença entre obrigação de meio e obrigação de resultado
- O resultado do médico depende diretamente da vontade do paciente, ou seja, da conduta do paciente frente as
suas recomendações médicas, portanto, a responsabilidade médica, em regra geral, é de meio e, não de resultado,
pois a medicina não é uma ciência exata
- Exceção: cirurgia plástica - obrigação de resultado
Código de ética médica
➔ Responsabilizar o médico pelas reações orgânicas do corpo humano é extremar sua responsabilidade, ignorando a
falibilidade da medicina e do profissional médico.
➔ Os códigos de ética trazem sob a forma de orações, juramentos, credos e normas os direitos e deveres dos médicos.
➔ Alguns documentos que trazem a ética médica:
◆ Ayurveda - o juramento feito por estudantes existente em um antigo manuscrito
● é o mais antigo sistema de saúde
● Os estudantes são incentivados a seguir um caminho de sacrifício pessoal e compromisso para
com seus deveres.
◆ Código de Hamurabi (1780 a.C)
● apresenta normas de conduta médica
◆ Juramento de hipócrates - código de ética atribuído ao médico grego
● O princípio básico é sustentar que o médico promete beneficiar seu paciente de acordo com sua
capacidade e julgamento, além de protegê-lo contra danos.
◆ Juramento de Asaf (séc VII d.C)
● influências de Hipócrates
○ nas orientações sobre a não administração de venenos ou abortivos
○ na realização de cirurgias
○ no não cometimento de adultério
○ e sigilo profissional
◆ Taoísmo - China
● Salienta a importância da preservação da vida e de servir os interesses do paciente
◆Oração diária de um médico - texto judaico mais conhecido
● atribuída ao médico e filósofo judeu Maimônides, que viveu entre 1135 e 1204
➔Até mais ou menos o ano de 1800, a ética profissional estava relacionada a questões pessoais, inerentes ao
cidadão. Consequentemente, o que era levado em conta eram o caráter, a honra ou a desonra, a virtude ou o
vício. A ética nada tinha a ver com códigos de conduta previamente estabelecidos.
◆ A mais significativa contribuição para a história da ética médica ocidental, depois de Hipócrates foi
dada por Tomas Percival, médico, filósofo e escritor inglês, que em 1803 publicou um Código de Ética
Médica, assim se manifestou a Associação Médica Americana em 1847, reconhecendo a importância do
trabalho deste médico inglês.
● Dois trabalhos marcaram sua trajetória definitivamente.
○ 1-“Regimento Interno dos Hospitais”, em 1771.
○ 2- “Normas de conduta profissional relativas aos hospitais e outros hospitais de
caridade”, em 1772.
● O trabalho de Thomas Percival é considerado o primeiro código moderno de ética médica.
◆ Código de Nuremberg (1946)
● Menciona o consentimento informado
○ noção de que o paciente tem o direito de ser informado sobre fatos relevantes daquilo
que está sendo proposto e, aprovar ou reprovar, os procedimentos antes que o médico
prossiga.
➔ Os objetivos na esfera médica são:
◆ Preservar a vida
◆ Promover saúde
◆ Aliviar sofrimento
◆ Curar doenças
- O novo código de ética estabelece limites, compromissos e direitos para os profissionais e para os pacientes.
- 30/04/2019 - entrou em vigor a resolução 2.217 do CFM (Conselho Federal de Medicina), que aprovou o novo
código revisado e atualizado.
- Principais novidades:
- Respeito ao médico com deficiência ou doença crónica
- assegurando o direito dele exercer suas atividades profissionais nos limites de suas capacidades e
sem colocar em risco a vida e a saúde de seus pacientes.
- Também ficou estabelecido das relações pessoais e profissionais com o advento da transformação digital
- art. 37, §2ºdispõe : “Ao utilizar mídias sociais e instrumentos correlatos, o médico deve respeitar
as normas elaboradas pelo Conselho Federal de Medicina”.
- O mesmo vale para serviços oferecidos a distância - Telemedicina.
- No código de ética anterior, o prontuário médico só podia ser disponibilizado, quando solicitado
judicialmente, a um perito judicial nomeado pelo juiz. No novo código, o médico pode encaminhar
cópias do documento diretamente ao juiz.
- Houve alteração em relação às pesquisas realizadas na área médica.
Capítulo 1 - Princípios fundamentais
- A atenção do médico é a saúde do Ser humano
- Agir com zelo e o melhor da sua capacidade profissional
- Guardar absoluto respeito pelo SH e atuar em seu benefício
- Jamais utilizar seus conhecimentos para causar sofrimento físico ou moral, ou
- para permitir e acobertar tentativas contra a dignidade e integridade do mesmo
Capítulo 2 - Direitos do médico (11 art)
- Exercer a medicina sem ser discriminado por qualquer questão
- Indicar o procedimento adequado observando as práticas científicas reconhecidas e respeitando a legislação
- Apontar falhas em normas, contratos e práticas internas das instituições em que trabalhe
- Quando julgar indignas do exercício profissional ou prejudicial - a si, ao pac ou a terceiros
- comunicar CRM
- É direito do médico se recusar a exercer sua profissão em instituições de saúde onde as condições de trabalho não
sejam dignas ou possam prejudicar a própria saúde, a do pac e dos demais profissionais.
- Comunicar diretor técnico, CRM e Comissão de Ética da instituição
- Suspender suas atividades quando das mesmas condições acima ou quando não remunerado digna e justamente
- EXCETO em situações de emergencia e urgencia
- Comunicar imediatamente CRM
- Internar e assistir seus pacientes em instituições de saúde (privadas, públicas, filantrópicas), mesmo não fazendo
parte do corpo clínico, respeitando as normas aprovadas pelo CRM.
- Requerer desagravo público ao CRM quando atingido no exercício profissional
- Decidir, em qualquer circunstâncias, levando em consideração sua experiência e capacidade profissional, o tempo
a ser dedicado ao paciente
- sem permitir que o acúmulo de encargos ou de consultas prejudique seu trabalho.
- Recusar a realizar atos médicos que, embora permitidos por lei, sejam contrários aos princípios de sua consciência.
- Estabelecer seus horários de forma justa e digna.
- É direito do médico com deficiência ou com doença crônica, nos limites de suas capacidades e da segurança dos
pacientes, exercer sua profissão sem ser discriminado.
Capítulo 3 - Responsabilidade profissional
- É vedado ao médico
- Causar dano ao paciente, por ação ou omissão, caracterizável como imperícia, imprudência ou
negligência
- A responsabilidade médica é sempre pessoal e não pode ser presumida.
Capítulo 4 - Direitos humanos
Capítulo 5 - Relação com pacientes e familiares
Capítulo 6 - Doação e transplantes de órgãos e tecidos
Capítulo 7 - Relações entre médicos
Capítulo 8 - Remuneração profissional
Capítulo 9 - Sigilo profissional
Capítulo 10 - Documentos médicos
Capítulo 11 - Auditoria e perícia médica
Capítulo 12 - Ensino e pesquisa
Capítulo 13 - Publicidade médica
Capítulo 14 - Disposições gerais

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