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FIBROMIALGIA Fisiopatologia - A fibromialgia se caracteriza pela queixa de dor musculoesquelética crônica (superior a três meses), generalizada, que em geral é acompanhada de alterações neuropsicológicas típicas como fadiga, distúrbios do sono, cefaleia, parestesias, síndrome do cólon irritável e alterações do humor (depressão e/ou ansiedade), entre outras. - Fisiopatologia principal: Hiperativação das vias álgicas (mínimos estímulos levam a dor). Substâncias envolvidas na algesia = Glutamato e Subst. P / Subst. Envolvidas na analgesia = Encefalinas e Serotonina. - Embora trabalho mais recente não confirme tais alterações, imagina-se que a ação da serotonina, ainda por mecanismos desconhecidos, possa estar alterada nos pacientes fibromiálgicos. - Encontram-se ainda alteradas, em pessoas com fibromialgia, as ações da substância P, a atividade das células natural killer e a concentração de prolactina, cortisol sérico e hormônio do crescimento. Todas essas disfunções têm, de alguma forma, relação com a atividade da serotonina. - Principais “gatilhos” ambientais que iniciam essa hipersensibilização/desregulação das vias álgicas: Infecções virais e traumatismos. - É uma doença essencialmente genética (mais de 50% dos pct). / Acomete mais mulheres (9:1). Normalmente a pessoa já tem um histórico de dor desde a infância, por isso ficar atento a diagnósticos diferenciais em idosos. Intensifica- se entre 30-50 anos. - Muitos fatores contribuem para o desenvolvimento da fibromialgia de maneira única: predisposição genética, experiências pessoais, fatores emocionais- cognitivos, relação mente-corpo e capacidade biopsicológica de lidar com o estresse. Manifestações clínicas - Dor! Em todo o corpo. (Principal sintoma). A dor pode ser relatada como queimação, peso, contusão ou "exaustão" da região afetada. A dor, que costuma ser ampla e difusa, frequentemente se inicia na nuca, no pescoço e nos ombros. - Associada à dor, muitos pacientes queixam-se de rigidez articular, sobretudo pela manhã. Diferindo-se da rigidez matinal que ocorre em pessoas com artrite reumatoide, na fibromialgia ela é de curta duração, acontecendo geralmente por períodos inferiores a 15 minutos. - Dor em 4 quadrantes: definido como dor nos lados esquerdo e direito do corpo, acima e abaixo da cintura, e esquelético axial (cervical ou torácico), coluna vertebral, tórax anterior ou lombar. - A evolução de dor localizada para dor difusa na fibromialgia envolve o mecanismo de sensibilização do SNC; nesse mecanismo, o SNC, de maneira não fisiológica, obtém o potencial de manter e aumentar os estímulos dolorosos periféricos. Os pacientes passam a apresentar redução do limiar doloroso (alodinia), resposta aumentada a estímulos dolorosos (hiperalgesia) e aumento na duração da dor após o estímulo (dor persistente). Essa alodinia faz com que os pct tenham pequenas sensações de dor durante o sono REM, o que faz com que eles acordem mais “cansados” no dia seguinte. - Sintomas neurocognitivos: Memória, concentração, anedonia, depressão (mais leve), alteração no sono (o sono não é reparador/sono alfa-delta), Fadiga. Sintomas somáticos: A fibromialgia faz parte do conjunto de pólos da Síndrome de Sensibilização Central, que são um conjunto de doenças que não tem uma causa fixa, sendo bem relacionada a uma desregulação hormonal. - Tender points: utilizados para os critérios de classificação de fibromialgia segundo o Colégio Americano de Reumatologia (1990). 1. Inserção do músculo suboccipital. 2. Borda superior do trapézio- porção média. 3. Origem do músculo supraespinhoso superiormente à borda medial da escápula. 4. Vista anterior dos espaços intertransversos de C5-C7. 5. Segunda junção costocondral. 6. Epicôndilo lateral. 7. Quadrante superior externo das nádegas. a. Grande trocanter - uniões musculares adjacentes. 9. Almofada gordurosa medial do joelho próximo à interlinha articular. Diagnóstico - O diagnóstico é essencialmente clínico. O tto pode ser iniciado após uma consulta e um exame físico. - Revisão de 2016 para os Critérios Diagnósticos para Fibromialgia da ACR 2010/2011: - Exames complementares: Exclusão de comorbidades, somente. Diagnóstico diferencial - Algumas doenças podem se manifestar com quadros semelhantes à fibromialgia. Aquelas que mais podem ser confundidas com esta entidade são: artrite reumatoide, lúpus eritematoso sistêmico, polimialgia reumática e hipotireoidismo. Todas podem se manifestar, inicialmente, com dor musculoesquelética generalizada. - O exame minucioso das articulações e a solicitação de exames laboratoriais são fundamentais para afastar esses diagnósticos. A presença de sinais flogísticos articulares, mesmo que discretos, e o achado de anemia de doença crônica e de aumento do VHS sugerem o diagnóstico de uma doença reumática que não a fibromialgia. Altos títulos de Fator Reumatoide e alterações radiológicas nas mãos falam a favor de AR; altos títulos de Fator Antinuclear (FAN) e alterações cutâneas e/ou sistêmicas sugerem LES. - O hipotireoidismo pode se manifestar com mialgia difusa, confundindo-se com a fibromialgia. Às vezes, os sintomas e sinais típicos do hipotireoidismo podem ser sutis, não chamando a atenção do médico. A dosagem de hormônios tireoidianos deve ser feita de rotina em pacientes com sintomas fibromiálgicos. Tratamento - 70% da melhora depende das atitudes do pct, os outros 30% vem do tto medicamentoso em si. É importante que o médico explique a doença e crie um vínculo forte de confiança com o pct. - O tratamento deve ser multimodal e baseado em quatro pilares (educação do paciente; condicionamento físico; farmacoterapia e psicoterapia); a abordagem deve ser individualizada, baseada em sintomas e passo a passo, estabelecendo metas compartilhadas com o paciente. - Exercícios físicos lentamente escalonados. A dor do treino é mais insidiosa em quem tem fibromialgia. Deve-se iniciar com baixas cargas, baixos volumes e poucos dias na semana. O escalonamento vai sendo feito a cada 2-3 meses, sempre de forma bem lenta. / Mescla entre aeróbicos e de carga. - Tto farmacológico Duloxetina e Pregabalina são as mais usadas e que possuem evidência científica / Pode-se usar um tricíclico e um ISRS para modular a ação da duloxetina, que não é dada no SUS. / Tramadol é pouquíssimo usado. Ele possui uma ação na recaptação de serotonina, por isso pode ser usado, mas no geral, opioides não devem ser usados na fibromialgia.
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