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[Digite aqui] 2 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................. 4 2 SISTEMA CIRCULATÓRIO .............................................................................. 5 2.1 Coração ...................................................................................................... 6 3 DOENÇAS CARDIOVASCULARES ................................................................. 7 4 ATEROSCLEROSE .......................................................................................... 9 4.1 Causas e fatores de risco da aterosclerose ............................................. 11 4.2 Tratamento Farmacológico ....................................................................... 13 4.3 Tratamento Nutricional ............................................................................. 14 5 ANGINAS ........................................................................................................ 15 5.1 Sinais e Sintomas ..................................................................................... 16 6 INFARTO AGUDO DO MIOCÁRDIO .............................................................. 16 6.1 Causas e fatores associados ao Infarto Agudo do Miocárdio ................... 18 6.2 Diagnóstico ............................................................................................... 18 6.3 Prevenção e tratamento ........................................................................... 20 7 INSUFICIÊNCIA CARDÍACA .......................................................................... 22 7.1 Sinais e Sintomas ..................................................................................... 24 7.2 Tratamento ............................................................................................... 25 8 ENDOCARDITE .............................................................................................. 27 8.1 Prevenção e tratamento ........................................................................... 28 9 PERICARDITE ................................................................................................ 30 10 TROMBOSE E EMBOLIA ............................................................................... 33 10.1 Sintomas .................................................................................................. 34 10.2 Tratamento ............................................................................................... 35 11 HIPERTENSÃO ARTERIAL ............................................................................ 36 11.1 Prevenção e Tratamento .......................................................................... 37 11.2 Fatores de risco ........................................................................................ 38 12 FISIOTERAPIA CARDIORRESPIRATÓRIA ................................................... 40 13 REABILITAÇÃO CARDIORRESPIRATÓRIA .................................................. 41 14 ELETROESTIMULAÇÃO MUSCULAR ........................................................... 42 15 VENTILAÇÃO NÃO INVASIVA ....................................................................... 44 3 15.1 Complicações por uso da VNI .................................................................. 45 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................................... 47 4 1 INTRODUÇÃO Prezado aluno! O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - um aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma pergunta, para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum é que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em tempo hábil. Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora que lhe convier para isso. A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser seguida e prazos definidos para as atividades. Bons estudos! 5 2 SISTEMA CIRCULATÓRIO Fonte: encrypted- O sistema circulatório é responsável pelo fornecimento de nutrientes e oxigênio às células, recolha de dióxido de carbono e resíduos a eliminar resultantes da atividade celular. Divide-se no sistema cardiovascular e no sistema linfático. O sistema cardiovascular é composto pelo sangue, coração e vasos sanguíneos e o sistema linfático é composto pela linfa, vasos e gânglios linfáticos (BOURBON, 2016). O sangue é um tecido conjuntivo líquido constituído por vários tipos de células, que circulam num meio fluído denominado plasma. Os três tipos de células sanguíneas são: os leucócitos ou glóbulos brancos, que são células de defesa do sistema imunitário; os eritrócitos, hemácias ou glóbulos vermelhos, responsáveis pelo transporte de oxigénio através da hemoglobina; e as plaquetas, responsáveis pela coagulação sanguínea que permite evitar hemorragias através de vasos sanguíneos danificados (BOURBON, 2016). O coração é um órgão vital constituído por tecido muscular e que funciona como uma bomba que permite ao sangue circular por todo o sistema vascular sanguíneo do nosso corpo. Situa-se na cavidade torácica entre os pulmões inclinado 6 para o lado esquerdo. Tem o tamanho aproximado da mão fechada e pesa em média 230g nas mulheres e 280g nos homens. Os vasos sanguíneos são as vias por onde circula o sangue no nosso corpo. Estão divididos em: Artérias, que saem do coração e conduzem o sangue arterial, rico em oxigénio, a todo o corpo; Veias, que conduzem o sangue venoso, rico em dióxido de carbono, dos tecidos ao coração; Capilares, vasos sanguíneos microscópicos que têm origem nas ramificações das artérias e se unem para formar as veias. A linfa é um fluido transparente constituído pelo excesso de líquido que passa dos capilares sanguíneos para o espaço entre as células quando o sangue chega aos tecidos, por detritos que as células produzem durante o seu metabolismo e por gorduras que não conseguem ser diretamente absorvidas para o sangue. Os vasos linfáticos são responsáveis por drenar dos tecidos os componentes da linfa e transportar a linfa até ao sangue. Os gânglios linfáticos são pequenos órgãos distribuídos pela rede linfática, perfurados por canais por onde circula e é filtrada a linfa. Detritos celulares, bactérias e vírus são eliminados por macrófagos e linfócitos presentes nestes gânglios que também produzem anticorpos e que têm por isso uma importante função na defesa do organismo (BOURBON, 2016). 2.1 Coração O coração dos seres humanos, assim como o dos outros mamíferos, é um órgão muscular formado por quatro câmaras: dois átrios e dois ventrículos. Os átrios são as câmaras responsáveis por garantir o recebimento do sangue no coração, enquanto os ventrículos são as câmaras responsáveis por garantir o bombeamento do sangue para a fora do coração. No lado esquerdo do coração, percebe-se a presença apenas de sangue rico em oxigênio, enquanto do lado direito observa-se a presença apenas de sangue rico em gás carbônico. No coração, há ainda a presença de quatro válvulas que impedem o refluxo do sangue, permitindo, desse modo, um fluxo contínuo (SANTOS, 2020).7 Fonte: image/jpeg O coração apresenta três camadas ou túnicas: o endocárdio, o miocárdio e o epicárdio. O endocárdio é a camada mais interna. O miocárdio é a camada média, a qual é formada por tecido muscular estriado cardíaco, sendo ela, portanto, a responsável por assegurar que o sangue seja bombeado adequadamente devido às contrações musculares. O miocárdio é a camada mais espessa do coração. Por fim, temos o epicárdio, que é a camada mais externa. É no epicárdio que se acumula a camada de tecido adiposo que geralmente envolve o órgão. O coração é capaz de contrair e também de relaxar, sendo chamada a contração de sístole e o relaxamento de diástole. Quando ele contrai, bombeia sangue e quando relaxa, enche-se de sangue. Nos seres humanos, os batimentos cardíacos originam-se no próprio coração. A região que origina o batimento cardíaco é chamada de nó sinoatrial e ele é caracterizado por ser um aglomerado de células que produzem impulsos elétricos (SANTOS, 2020). 3 DOENÇAS CARDIOVASCULARES Conceito 8 Fonte: encrypted- As doenças cardiovasculares (cardio = coração; vasculares = vasos sanguíneos) afetam o sistema circulatório, ou seja, o coração e os vasos sanguíneos (artérias, veias e vasos capilares). As doenças cardiovasculares (DVC) são de vários tipos, sendo as mais preocupantes a doença das artérias coronárias (artérias do coração) e a doença das artérias do cérebro. Quase todas são provocadas por aterosclerose, ou seja, pelo depósito de placas de gordura e cálcio no interior das artérias que dificultam a circulação sanguínea nos órgãos e podem mesmo chegar a impedi-la. Quando a aterosclerose aparece nas artérias coronárias, pode causar sintomas e doenças como a angina de peito, ou provocar um enfarte do miocárdio. Quando se desenvolve nas artérias do cérebro, pode originar sintomas como, por exemplo, alterações de memória, tonturas ou causar um acidente vascular cerebral (AVC) (BOURBON et al. 2016). Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), observa-se um aumento recente na carga de doenças cardiovasculares, principalmente em países de baixa e média rendas (WHO, 2011), reflexo do aumento da expectativa de vida e, consequentemente, do maior tempo de exposição aos fatores risco para as doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) (WHO, 2014). As doenças cardiovasculares são atualmente a principal causa de morte nos países em desenvolvimento, e espera-se que continue sendo a causa de mortalidade mais importante no mundo durante a próxima década (GBD, 2013). 9 Doenças cardiovasculares são a principal causa de morte no mundo, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), estima-se que 17,7 milhões de pessoas faleceram por doenças cardiovasculares em 2015, isso representa 31% de todas as mortes em nível global. Somente no Brasil, de acordo com a Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), calcula-se que 349 mil pessoas morreram em decorrência de doenças do coração no ano de 2016. Obter uma melhor compreensão sobre o funcionamento do Sistema Circulatório Humano (SCH) é de vital importância para o avanço das pesquisas que buscam desenvolver tratamentos para as diversas cardiopatias existentes (RODRIGUES, 2019). Estudos apontam elevada prevalência de doenças cardiovasculares decorrentes principalmente às mudanças relacionadas ao padrão alimentar, mais particularmente ao elevado consumo de carboidratos refinados e gorduras saturadas, sedentarismo e crescimento econômico progressivo da industrialização, o que não se configurou de forma distinta no presente estudo (TESTON et al, 2016). A associação entre a longevidade e o aumento de doenças crônicas é conhecida na literatura e os resultados da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) apontam para uma maior morbidade por doenças cardiovasculares em indivíduos mais velhos. Segundo a PNS, em 2013 a prevalência das doenças cardiovasculares na população adulta brasileira (≥ 18 anos) era de 4,2%, apresentando um gradiente crescente nos grupos de maior idade da população, sendo a prevalência de DCV entre idosos de 11,4% (THEME, 2015). 4 ATEROSCLEROSE A aterosclerose pode ser definida como uma doença progressiva do sistema circulatório caracterizada pelo acúmulo de lipídios, elementos fibrosos e inflamatórios como resposta a alguma injúria endotelial vascular. Essa doença pode resultar da interação de vários fatores, como anormalidades metabólicas e nutricionais, tais como hiperlipidemias, forças mecânicas associadas à hipertensão arterial, toxinas exógenas associadas a infecções virais e bacterianas. A aterosclerose é a principal patologia cardiovascular relacionada ao envelhecimento, uma vez que sua incidência aumenta exponencialmente em indivíduos com idades superiores a 45 anos (WHO, 2016). 10 Fonte: encrypted- Uma lesão aterosclerótica bloqueia e diminui o escoamento do sangue, causando o aumento da espessura da parede vascular e alterando suas propriedades mecânicas. Com o crescimento anual do número de casos de aterosclerose, a dificuldade da realização de experimentos in vivo tem incentivado o uso de ferramentas de fluidodinâmica computacional (CFD) na área de pesquisas cardiovasculares. Essas aplicações incluem o design e fabricação de próteses cardiovasculares, artérias artificiais e modelos preditivos específicos utilizando simulações do escoamento sanguíneo (KARIMI, 2013). Como os vasos sanguíneos possuem diferentes composições e particularidades dependendo da função que exerce no organismo humano, a geração de simulações que representem seu comportamento requer o uso de modelos matemáticos específicos. Enquanto as artérias, que suportam altas pressões, fazem o transporte do sangue do coração para as arteríolas e capilares, as veias seguem o caminho inverso apresentando as menores pressões do sistema vascular as artérias são ormadas por três camadas, sendo elas a túnica intima, a túnica média e a túnica externa (HERRERO, et al, 2019). O interior da artéria, por onde o sangue flui, é chamado de lúmen e é nessa camada que se encontram as células endoteliais. A irrigação das próprias artérias é feita por pequenos vasos sanguíneos chamados de vasa vasorum. A túnica média é constituída primariamente por células musculares lisas, fibras de elastina e colágeno. Essa camada proporciona resistência à parede arterial, sendo fator predominante para 11 o comportamento mecânica da artéria. Sabe-se que essa composição é a razão pela qual as artérias apresentem comportamento anisotrópico e deformações elásticas não-lineares (KALLEKAR, 2017). 4.1 Causas e fatores de risco da aterosclerose Fonte: data:image/jpeg São vários os fatores que colaboram para o desenvolvimento da aterosclerose, dentre eles podemos citar a idade, genética, dislipidemia, hipertensão sistêmica, tabagismo, obesidade e etilismo. Devido ao fato da aterosclerose ser uma doença de caráter progressivo, a idade do paciente é um fator que colabora no prognóstico da doença. Quanto maior a idade do paciente maior são as chances de desenvolver uma doença secundária (GONÇALVES et al, 2018). A genética é um fator intrínseco crucial para o desenvolvimento ou não da doença, como por exemplo, a hipercolesterolemia familiar, de ordem hereditária e que está relacionada a doenças cardiovasculares agressivas e prematuras. A obesidade e a dislipidemia resultam em aumento dos níveis séricos de LDL e LDL oxidadas, constituintes da placa de ateroma, e, portanto, é um fator de suma importância para a formação da placa aterosclerótica. Contudo, a obesidade e a dislipidemia são condições passíveis de mudança no estilo de vida com uma reeducação alimentar adequada e monitoramento dos níveis lipídicos por meio de exames bioquímicos periódicos (MACEDO et al, 2017). 12 O uso abusivo de álcool e o tabagismo estão relacionados àhipertensão arterial sistêmica, o tabaco possui efeito vasoconstritor que influência na pressão arterial, esta por sua vez aumenta à probabilidade de lesões no endotélio, criando um ambiente favorável a formação da placa de ateroma; também pode fazer com que as placas ateroscleróticas já estabelecidas se rompam causando complicações como, por exemplo, embolia (REHM et al, 2016). Como consequência, a disfunção endotelial aumenta a permeabilidade da íntima às lipoproteínas plasmáticas, favorecendo a retenção destas no espaço subendotelial. Retidas, as partículas de LDL sofrem oxidação, causando a exposição de diversos neoepítopos, tornando-as imunogênicas. O depósito de lipoproteínas na parede arterial, processo-chave no início da aterogênese, ocorre de maneira proporcional à concentração destas lipoproteínas no plasma. Além do aumento da permeabilidade às lipoproteínas, outra manifestação da disfunção endotelial é o surgimento de moléculas de adesão leucocitária na superfície endotelial, processo estimulado pela presença de LDL oxidada. As moléculas de adesão são responsáveis pela atração de monócitos e linfócitos para a intimidade da parede arterial. Induzidos por proteínas quimiotáticas, os monócitos migram para o espaço subendotelial, no qual se diferenciam em macrófagos, que, por sua vez, captam as LDL oxidadas. Os macrófagos repletos de lípides são chamados de células espumosas e são o principal componente das estrias gordurosas, lesões macroscópicas iniciais da aterosclerose. Uma vez ativados, os macrófagos são, em grande parte, responsáveis pela progressão da placa aterosclerótica por meio da secreção de citocinas, que amplificam a inflamação, e de enzimas proteolíticas, capazes de degradar colágeno e outros componentes teciduais locais (SBC, 2017). O comprometimento da resposta imune de linfócitos, diminuindo a produção de anticorpos anti-LDL oxidada, foi associado à aterosclerose e complicações (AMMIRATI et al, 2015) A maior gravidade da aterosclerose está relacionada com fatores de risco clássicos, como dislipidemia, diabetes, tabagismo, hipertensão arterial, entre outros, mas, a nível celular, cristais de colesterol, micro filamentos liberados por neutrófilos, isquemia e alterações na pressão de arrasto hemodinâmico têm sido implicados na ativação de complexo inflamatório, que se associa com ruptura da placa 13 aterosclerótica ou erosão endotelial. A partir destas complicações, ocorre interação do fator tecidual da íntima vascular com fator VII a circulante, levando à geração de trombina, ativação plaquetária e formação do trombo, determinando as principais complicações da aterosclerose, infarto agudo do miocárdio e Acidente Vascular Cerebral (AVC) (RIDKER, 2016). A placa aterosclerótica plenamente desenvolvida é constituída por elementos celulares, componentes da matriz extracelular e núcleo lipídico e necrótico, formado principalmente por debris de células mortas. As placas estáveis caracterizam-se por predomínio de colágeno, organizado em capa fibrosa espessa, escassas células inflamatórias, e núcleo lipídico e necrótico de proporções menores. As instáveis apresentam atividade inflamatória intensa, especialmente em suas bordas laterais, com grande atividade proteolítica, núcleo lipídico e necrótico proeminente, e capa fibrótica tênue. A ruptura desta capa expõe material lipídico altamente trombogênico, levando à formação de um trombo sobrejacente. Este processo, também conhecido por aterotrombose, é um dos principais determinantes das manifestações clínicas da aterosclerose (SBC, 2017). 4.2 Tratamento Farmacológico A fim de evitar o aumento de ateromas nos vasos, indivíduos com níveis elevados de LDL e expostos a fatores de risco de aterosclerose em geral são candidatos a tomar estatina, o remédio para controle do colesterol. Estatinas: é o medicamento mais frequentemente utilizado. Antes de sua utilização, devem ser instituídos pelo menos 6 meses de intensivas mudanças de estilo de vida (Grau de Recomendação: I; Nível de Evidência: A). Deve ser iniciado idealmente acima de 10 anos (em casos especiais, acima de 7 anos), estádio II de Tanner em meninos ou menarca nas meninas. A meta de tratamento é abaixo de 135 mg/dl para crianças e adolescentes (Grau de Recomendação: II a; Nível de Evidência: A). Os níveis de LDL para início da administração, assim como suas metas, variam segundo a gravidade das condições clínicas ou fatores de risco (VUORIO et al, 2014). Diante de quadros mais graves, com queixas de dor no peito e alterações consideráveis no eletrocardiograma, a recomendação é a angioplastia, ou cateterismo 14 O procedimento, feito pela passagem de um cateter até as artérias que irrigam o coração, investiga a presença de coágulos e muitas vezes já desobstrui os vasos. Se for necessário, é feita a colocação de um stent no local, para facilitar a circulação sanguínea. Bloqueios mais severos por trás de infarto só se resolvem com cirurgias de revascularizações, chamadas corriqueiramente de pontes de safena ou mamária. Nelas, os médicos usam veias saudáveis do paciente para criar um caminho alternativo para o sangue chegar ao coração (PINHEIRO, 2019). 4.3 Tratamento Nutricional Fonte: encrypted- A quantidade recomendada destes nutrientes na dieta depende do tipo de hipertrigliceridemia, que pode se apresentar na forma primária ou secundária, cujas bases fisiopatológicas são distintas. A terapia nutricional indicada para a hipertrigliceridemia primária grave, caracterizada pelo aumento da concentração plasmática de quilomícrons, por diminuição da enzima lipoproteína lipase, baseia-se na redução importante da gordura na dieta, que deve atingir, no máximo, 10% do valor calórico total. Na hipertrigliceridemia primária moderada, recomendam-se aproximadamente 25 a 35% das calorias na forma de gorduras e controle da ingestão de açúcares. Já na hipertrigliceridemia de causa secundária, observada na obesidade e no diabetes, mantêm-se o controle de gorduras (30 a 35% das calorias) e a adequação no consumo de carboidratos, com ênfase na restrição de açúcares (SANTOS et al, 2013) 15 Atualmente, as recentes diretrizes e guias internacionais apontam para os benefícios de padrões alimentares saudáveis, como demonstrado nos estudos INTERHEART e em diversos estudos que testaram a eficiência da Dieta do Mediterrâneo, nos quais a matriz alimentar assume papel de destaque. Em comum, todos estes estudos reafirmam a relevância de se manterem quantidades moderadas de gordura na dieta, eliminar ácidos graxos trans, controlar o consumo de saturados, priorizar poliinsaturados e monoinsaturados, reduzir açúcares e incluir carnes magras, frutas, grãos e hortaliças na dieta (SBC, 2017). 5 ANGINAS Conceito A angina pectoris trata-se de uma síndrome clínica secundária à isquemia miocárdica, caracterizada por episódios de desconforto ou pressão precordial, precipitada por exercício e aliviada por repouso ou nitroglicerina. A angina pectoris ocorre quando o trabalho cardíaco e a demanda miocárdica de O2 excedem a capacidade do sistema coronário em fornecer sangue oxigenado. Acredita-se que a dor de angina pectoris seja uma manifestação direta da isquemia miocárdica e do resultante acúmulo de metabólitos tóxicos. À medida em que o miocárdio se torna isquêmico, ocorre diminuição do pH arterial do seio coronário, perda de K celular e a produção de lactato suplantando sua utilização; aparecem anormalidade ao ECG, e o desempenho ventricular deteriora-se (FERREIRA, 2015). Os principais determinantes do consumo miocárdico de O2 são: Frequência Cardíaca, tensão sistólica, Pressão Arterial e a contractilidade. Qualquer aumento destes fatores em virtude da diminuição do fluxo sanguíneo coronário pode desencadear a angina. Assim, o exercício no paciente com estenose coronária induzangina. Na maioria dos pacientes, ela é provocada por obstrução arterial coronária crítica por aterosclerose. Os pacientes com angina que falecem, quase sempre apresentam doença coronária aterosclerótica e fibrose miocárdica em placas. Podem estar presentes evidências de IAM. Ocasionalmente, podem estar presentes doenças de base que não a aterosclerose (estenose aórtica calcificada, insuficiência aórtica). Nestas condições, o trabalho miocárdico é acentuadamente aumentado. 16 Ocasionalmente, pode haver um paciente que apresente IAM fatal com artérias coronárias anatomicamente normais. Nesses casos, podem ser postulados como fatores causais, tanto a embolia quanto o espasmo coronário (FERREIRA, 2015). 5.1 Sinais e Sintomas O desconforto da angina pectoris, extremamente variável, é mais comumente sentido sob o esterno. Pode ser descrito com uma dor vaga ou desconfortável que pode tornar-se rapidamente intensa e grave. Frequentemente, os pacientes não percebem o desconforto como dor. A dor pode se irradiar para o ombro esquerdo e face interna do braço, atingindo até os dedos. Pode se irradiar diretamente para as costas, garganta, mandíbulas, dentes e até mesmo para o braço direito. O desconforto anginal pode ser referido para o abdome superior. Como raramente é referida a região do ápice cardíaco, o paciente que aponta esta área geralmente não apresenta angina. A angina pectoris é desencadeada pela atividade física e, geralmente, persiste não mais que alguns minutos, regredindo com o repouso. A resposta ao esforço é previsível. Também é precipitada por baixas temperaturas. A angina pode ocorrer à noite (angina noturna) ou quando o paciente encontra-se repousando serenamente e sem estímulo aparente (angina de repouso). As crises podem variar em frequência, desde várias por dia até crises ocasionais, separadas por intervalos assintomáticos. Uma vez que as características de angina, em geral, são constantes para um determinado indivíduo, qualquer alteração no padrão dos sintomas deve ser interpretada como grave (FERREIRA, 2015). 6 INFARTO AGUDO DO MIOCÁRDIO O Infarto Agudo do Miocárdio (IAM) é uma doença caracterizada pela necrose tecidual do músculo do coração (miocárdio) devido à falta de irrigação sanguínea, por conta do comprometimento de algum vaso que leva sangue ao coração. O IAM encontra-se comumente presente nas emergências dos hospitais, representando um 17 sério problema de saúde em função de sua alta taxa de morbimortalidade (SEBBEN, 2013). O IAM é uma patologia que se desenvolve principalmente em pessoas que se encontram na 3ª idade, entretanto, pessoas de qualquer idade podem vir a apresentar tal quadro, o qual apresenta uma série de características e fatores específicos (MEDEIROS et al, 2018). Fonte: image.slidesharecdn.com O Infarto Agudo do Miocárdio trata-se de uma patologia que afeta o tecido do coração (miocárdio), de maneira que o mesmo deixa de receber irrigação sanguínea em função de alguma obstrução nos vasos ou artérias, ou quando ocorre o rompimento de um desses. Termo infarto diz respeito a morte de cardiomiócitos, a qual é causada pela ocorrência de isquemia prolongada. Na maioria dos casos a isquemia é causada pela ocorrência de trombose e/ou vasoespasmo devido a placa aterosclerótica8.Uma vez que a irrigação do miocárdio deixa de acontecer, os nutrientes e oxigênio que precisam chegar ao miocárdio, torna-se precários, resultando dessa maneira, em necrose tecidual. Os autores lembram ainda, que diante da ocorrência de tal quadro, o próprio organismo tenta encontrar “saídas’ como forma de impedir que os tecidos venham a morrer, surgindo dessa forma, a denominada circulação colateral (SALES et al, 2019). O IAM trata-se de uma patologia, onde o paciente precisa ser atendido de maneira mais precoce possível, sendo necessário, que o mesmo venha a ser 18 internado, de maneira que seja prestada toda a assistência necessária, até que o mesmo não encontre mais riscos de evoluir para óbito (SALES et al, 2019). 6.1 Causas e fatores associados ao Infarto Agudo do Miocárdio O IAM é um doença, que comumente está associada a diversos fatores preexistentes, sendo que muitos desses estão ligados a morbidades que já se fazem presente no indivíduo (diabetes e hipertensão), enquanto que outros são basicamente mais ligados a hábitos de vida não saudáveis (sedentarismo, tabagismo, obesidade etc.). Muitos dos fatores que contribuem para que o paciente venha a apresentar infarto são potencialmente controláveis, tais como, tabagismo, obesidade central, hipertensão arterial e perfil lipídico. Análises realizadas revelaram que fatores de riscos tais como tabagismo, RCQ, antecedente de HAS, antecedente de DM, história familiar de DAC e nível sérico de LDL - colesterol, estão independentemente associados com risco elevado de IAM sendo que o tabagismo apresenta o maior fator de risco entre todos os que foram citados acima (SALES et al, 2019). A história familiar, é um fator de grande relevância para que o IAM venha a ocorrer, uma vez que foi demonstrado que pessoas que possuem histórico familiar, onde algum parente já sofreu da patologia, possuem uma porcentagem maior, de desenvolverem a doença. Por se tratar de uma patologia do aparelho circulatório, o IAM está intimamente relacionado a pessoas que possuem outras morbidades presentes anteriormente a ocorrência do quadro, sendo que a diabetes e a hipertensão ganham destaque, uma vez que são as doenças crônicas com maior prevalência nas pessoas, especialmente as que se encontram na terceira idade (SALES et al, 2019). 6.2 Diagnóstico O emprego de biomarcadores cardíacos para auxílio diagnóstico do IAM é atualmente considerada uma boa estratégia devido à eficácia de diferenciação na indicação de processos patogênicos mediados pela liberação de componentes intracelulares na corrente sanguínea em concentrações mais elevadas que as usuais, 19 especificidade e sensibilidade para detectar lesões miocárdicas, reprodutibilidade, precisão e limites discriminatórios para distinguir entre níveis patológicos e fisiológicos. (BENJAMIN; MUNTNER; BITTENCOURT, 2018). Estudos mostram que pelo menos 4 a 8% dos pacientes com IAM em evolução são erroneamente liberados das emergências sem a análise de marcador em série que possibilitaria um diagnóstico adequado, resultando em uma maior taxa de mortalidade a curto prazo (ENGEL; ROCKSON, 2020). Os altos níveis de biomarcadores cardíacos são induzidos pelo processo de ativação por liberação desses componentes estruturais rapidamente após dano nos cardiomiócitos e consequente morte celular. Atualmente, os importantes biomarcadores cardíacos para o diagnóstico de IAM são troponina cardíaca I (cTnI) e 13T (cTnT), mioglobina (Mb), creatina quinase-MB (CK-MB) e, mais recentemente, a proteína de ligação a ácidos graxos do coração (H-FABP) (YOUSEFI et al., 2019). O H-FABP é um tipo de proteína intracardíaca, extremamente sensível nas primeiras horas após a lesão do miocárdio e durante a reperfusão, que desempenha um papel essencial no metabolismo de ácidos graxos nos cardiomiócitos (YE et al., 2018). Clinicamente, a elevação do H-FABP na circulação indica dano histórico ou contínuo aos miócitos e é um marcador útil para monitoramento e gerenciamento da terapia em diversos problemas cardiovasculares (HO et al., 2018). Além disso, podem ser cruciais na previsão de risco futuro de eventos cardíacos, e ser útil para monitorar os danos do miocárdio induzidos pela ablação por radiofrequência de arritmias e angioplastia coronariana (DELLAS, et al. 2018). Sabe-se que a maioria das mortes por IAM ocorrem nas primeiras horas de manifestação clínica da doença, sendo 40% a 65% na primeira hora do início dos sintomas e cerca de 80% nas primeiras 24 horas. Sendo assim, um grande númerode mortes por IAM acontecem fora do ambiente hospitalar, consequentemente desfavorecidas de um atendimento rápido e especializado que se torna crucial para reversão do quadro clínico, uma vez que o efeito deletério da isquemia cardíaca é dependente da detecção rápida do início do evento (GREENSLADE et al., 2020). Para diagnóstico do IAM, os pacientes devem apresentar pelo menos duas das três condições estabelecidas pela OMS: dor precordial característica, alterações no ECG e elevação dos marcadores cardíacos (PADHY et al., 2020). A dor precordial 20 peculiar ao IAM, é caracterizada por um forte desconforto agudo com duração média de 20 minutos (INGREMEAU et al., 2020). Pode apresentar-se de forma atípica principalmente no epigástrio (frequentemente confundido com patologia digestiva), braços, ombros, mandíbula e costas; associados ou não, à dispneia devido a insuficiência ventricular esquerda, náusea, vômito, diaforese ou síncope. A dor se caracteriza por ser geralmente opressiva e ardente, embora estudos relatem que em 25% dos pacientes infartados os sintomas são silenciosos (SILVA; MELO; NEVES, 2019). O ECG é um método diagnóstico bastante utilizado nas emergências cardiológicas devido seu fácil acesso e manuseio. O exame é realizado através de um aparelho que medirá impulsos elétricos do musculo cardíaco, fornecendo um traçado fisiológico característico, permitindo assim a identificação de uma possível cardiopatia (PEREIRA et al., 2019). Apesar disso, um ECG normal não exclui o IAM em presença de quadro clínico característico, aspecto de grande importância na tomada de decisões no serviço de emergência, uma vez que o paciente sintomático e apresentando eletrocardiograma negativo (cerca de 50%) deve ser admitido para acompanhamento e confirmação diagnóstica a partir dos resultados enzimáticos ou alterações eletrocardiográficas evolutivas. Também é necessário levar consideração que existem achados eletrocardiográficos de outros processos patológicos que podem confundir o diagnóstico do IAM (IBANEZ et al., 2018). 6.3 Prevenção e tratamento A participação em programas de reabilitação cardíaca promove a adesão ao tratamento medicamentoso e permite um controle mais próximo dos fatores de risco, diminuindo a mortalidade em vários países (SOCERJ, 2017). Considerando que os fatores de risco para DAC são em grande parte modificáveis, é necessário adotar medidas eficazes para prevenção de eventos recorrentes. Padrão alimentar adequado, diminuição no consumo de sódio, moderação na ingesta alcoólica, controle do peso e prática de atividade física. Tratamento relacionado ao tabaco, direcionar para programa de cessação de tabagismo combinado com a farmacoterapia tem se mostrado eficaz. Além disso, 21 englobar a família, evitar a exposição a locais com fumantes é extremamente importante (SOCERJ, 2017). Modificações no estilo de vida incluem a prática de exercícios físicos, sendo atestado mundialmente como benéfico e seu resultado favorece a prevenção de ECA. O Institute for Health Care Excellence (NICE) indica a prática de 150 minutos de exercícios físicos de moderada intensidade ou 75 minutos de atividade vigorosa semanalmente (STEWART, 2017). A dieta empreende um papel expressivo no risco para ECA, porém, as diretrizes não têm uma concordância igualitária sobre o tema. A Americam Hearth Association (AHA) sugere dietas que visam o controle da PA, pobre em gorduras saturadas e açucares e rica em vegetais, frutas e grãos integrais. A Europe na Society of Cardiology (ESC) recomenda uma dieta com ácidos graxos poliinsaturados, acrescido de fibras, vegetais, frutas e peixe, além da abstenção de álcool e adesão uma dieta estilo mediterrâneo. ANICE sugere redução do consumo de gordura saturada, adição de ácidos graxos monoinsaturados e cinco porções de legumes e frutas diariamente e consumo de duas vezes por semana de peixe, além de dieta rica em fibras (STEWART, 2017). Redução da pressão arterial (PA) pode ser realizado através da dieta hipossódica. A HA sugere 2,4 g diária, NICE 6 g reduzindo para 3 g até 2025 e ESC 5-6g. No entanto, como essa redução ocorre após no mínimo 4 semanas, se houver risco de ECA, deve ser instituído tratamento farmacológico para redução imediata da PA. O tipo de droga a ser utilizado varia de acordo com cada indivíduo, devendo ser considerado fatores adicionais como comorbidades, idades, ECA, etnia. Ou só de inibidores da enzima conversora da angiotensina (IECA) e os bloqueadores dos receptores de angiotensina II (BRA) é essencial para prevenção de eventos recorrentes, em pacientes com e sem sinais de insuficiência cardíaca ou disfunção sistólica do ventrículo esquerdo, interrompendo a remodelagem das células miocárdicas e com DAC estável. Estudo de Chinwong expõe que de 405 pacientes tratados com IECA/BRA, 235 não sofreram IAM recorrente, 18 tiveram um episódio recorrente e 09 mais que 02 eventos (CHINWONG et al, 2015). As estatinas são utilizadas desde a década de 1980 para a redução dos níveis lipídicos. Atualmente, a sociedade americana propõe estatinas para a prevenção 22 primária com LDL sérico>4,9mmol/L, independente do perfil de risco; a europeia aconselha para pacientes com alto risco ou com níveis elevados de colesterol > 4,9mmol/L. Os efeitos colaterais das estatinas incluem artralgia, mialgia e transtornos gastrointestinais temporários. Terapia antiplaquetária deve ser instituída para prevenção secundária (75-160mgdiária), além dos betabloqueadores após IAM (STEWART, 2017). 7 INSUFICIÊNCIA CARDÍACA Fonte: image/jpeg Insuficiência cardíaca (IC) é um distúrbio em que o coração não consegue suprir as necessidades do corpo, causando redução do fluxo sanguíneo, refluxo (congestão) de sangue nas veias e nos pulmões e/ou outras alterações que podem debilitar ou enrijecer ainda mais o coração. A IC é definida como uma complexa síndrome caracterizada pela falência do coração e incapacidade deste de propiciar suprimento sanguíneo adequado para atender às necessidades metabólicas dos tecidos na presença depressões de enchimento normais ou fazê-lo somente com pressões de enchimento elevadas (NOGUEIRA et al, 2010). A insuficiência cardíaca é a causa mais frequente de internações por doenças do aparelho cardiovascular em brasileiros acima de 20 anos de idade, representando 3% do total de internações gerais e 23% das internações por doenças cardiovasculares (CORRÊA et al, 2016). 23 A insuficiência cardíaca pode surgir em qualquer idade, mesmo em crianças pequenas (sobretudo nas nascidas com algum defeito cardíaco congênito). Entretanto, ela é bem mais comum entre pessoas idosas, pois elas têm mais chances de terem distúrbios que predispõem à insuficiência cardíaca (como doença arterial coronariana que danifica o músculo cardíaco) ou distúrbios das válvulas cardíacas. As alterações no coração relacionadas à idade também tendem a fazer com que o coração funcione com menos eficácia (SANJIV, 2018). Segundo dados do DATASUS, existem cerca de dois milhões de pacientes brasileiros com IC, com 240 mil casos diagnosticados anualmente no mundo. Múltiplos fatores de riscos estão presentes de forma simultânea e precedem o surgimento da IC, o que dificulta selecionar a causa básica e definir ações específicas de planejamento de saúde, de modo a reduzir sua incidência (NOGUEIRA et al, 2010). A síndrome de insuficiência cardíaca é uma patologia de elevada prevalência, morbidade e mortalidade na atual sociedade, especialmente na faixa etária acima dos 60 anos. Essa doença possui um prognóstico ruim, com redução da qualidade de vida e sobrevida em 5 anos menor que 50% (MURAD et al. 2018). Ela consiste como consequência de várias doenças, como hipertensão arterial sistêmica, diabetes mellitus e coronariopatias (NOGUEIRA et al, 2010). Reconhece-se que a hipertensão arterial sistêmica é um precursor da insuficiência cardíaca crônica em aproximadamente 75% dos casos. Em países subdesenvolvidos, a hipertensão arterial sistêmica é a causa principal de insuficiência cardíaca crônica com associação com doença arterial coronariana. A insuficiência cardíaca crônica com hipertensão arterial sistêmica pode se dar por disfunção sistólica ventricular esquerda ou disfunção diastólica ventricular esquerda (ROLANDE et al, 2012). O principal mecanismo pelo qual a hipertensão promove a insuficiência cardíaca diastólica é através do desenvolvimento da hipertrofia do ventrículo esquerdo. A hipertrofia do ventrículo esquerdo é uma resposta cardíaca adaptativa ao aumento da carga de trabalho e a massa do ventrículo esquerdo está diretamente relacionada à PA sistólica. A hipertrofia patológica associada à hipertensão inclui a fibrose perivascular e miocárdica e o espessamento medial das artérias coronárias intramiocárdicas, bem como a hipertrofia dos miócitos. A hipertrofia dos miócitos ocorre principalmente em resposta à deformidade mecânica, mas também é 24 influenciada por hormônios estimuladores, incluindo norepinefrina, endotelina e angiotensina II. A hipertrofia dos miócitos sem fibrose é vista em atletas que desenvolvem hipertrofia fisiológica e parecem benignos. As biópsias de pacientes com hipertensão e hipertrofia de ventrículo esquerdo, demonstram aumento do conteúdo de colágeno e fibrosidade extensiva em comparação com corações normais. O grau de fibrose é um determinante crítico da gravidade da disfunção diastólica (MURAD et al. 2018). Fonte: Sanjiv J. Shah (2018) 7.1 Sinais e Sintomas Pacientes com IC apresentam sintomas físicos, emocionais, sociais e espirituais (PEREIRA et al, 2012). Dispneia, dor, tosse, depressão, fadiga, náusea, constipação, distúrbios do sono e ansiedade são os sintomas mais frequentes em pacientes com IC (POFFO et al, 2017). Esses sintomas, em geral, ocorrem de forma 25 concomitante, e sua intensidade tende a aumentar com o tempo, a despeito da otimização terapêutica (HERR et al, 2014). Nesse contexto, o manejo dos sintomas é uma prioridade para os pacientes. No Evaluation Study of Congestive Heart Failure and Pulmonary Artery Catheterization Effectiveness (ESCAPE) trial, a maioria dos pacientes trocaria maior tempo de sobrevida por melhor controle de sintomas. Entretanto, a sobrecarga de sintomas em pacientes com IC é um desafio no manejo da doença, especialmente com o aumento da longevidade desses pacientes (ALPERT et al, 2017) Esses sintomas afetam negativamente a percepção de bem-estar e a qualidade de vida, provocam sensação de perda da autonomia. Interferem nas relações sociais e estão associados a maior número de visitas ao serviço de emergência, hospitalização e mortes (CIRELLI et al, 2017). A avaliação abrangente dos sintomas é, portanto, componente essencial para melhorar o estado de saúde e reduzir exacerbações e hospitalizações. A inexistência de medidas padrão-ouro para a avaliação da sobrecarga de sintomas nos pacientes com IC compromete a generalização dos dados disponíveis na literatura (STOKDILL et al, 2019). Considerando que a IC é uma síndrome de elevada prevalência e que a intensidade de seus sintomas interfere na qualidade de vida, é necessário investigar a sobrecarga de sintomas nesses pacientes e a sua relação com desfechos sistêmicos, funcionais, emocionais e sociais (KUROGI et al, 2020). 7.2 Tratamento O remodelamento cardíaco ocorre principalmente pela ação de três hormônios, aldosterona, angiotensina-II e noradrenalina, portanto, o pilar do tratamento está relacionado à inibição desse eixo. A noradrenalina gera injúria do miócito, pois, com o tempo o estímulo excessivo leva ao alongamento da fibra e hipofuncionamento dos receptores (FILHO et al, 2015). O aumento muscular reduz a reserva coronariana e consequentemente auemnta o risco de isquemia nesse tecido (ROSCANI et al, 2010) A diminuição do sistema simpático–adrenérgico pelo tratamento crônico com betabloqueadores, cujos resultados não são os mesmos do uso na administração 26 aguda, levou à mudança do paradigma da contra-indicação para o uso desses agentes na IC, demonstrando grande avanço na terapêutica da IC. Uma grande quantidade de estudos tem documentado que os betabloqueadores reduzem a morbidade e mortalidade dos portadores de IC (MURAD et al. 2018). Os betabloqueadores constituem uma classe terapêutica que possui o mecanismo de ação de bloqueio dos receptores beta-adrenérgicos, contudo possuem perfis farmacológicos diferentes, visto que uma parte possui seletividade de receptores beta-adrenérgicos gerando efeitos diferentes na circulação periférica. O carvedilol é um bloqueador não seletivo beta e alfa-adrenérgico sendo geralmente associado a melhora da fração de ejeção ventricular. Já o metoprolol, é cardiosseletivo, portanto possui um efeito focado na redução do cronotropismo e inotropismo gerando melhora na fração de ejeção (KARABACAK et al, 2015). A eficiência de um betabloqueador depende de uma variação genética dos receptores β2 agonistas, usualmente são encontrados 2 genes (Arg16Gln27 and Gly16Glu27) que estão relacionados ao down regulation dos receptores. Foi realizado uma meta analise para comparar a eficácia dos betabloqueadores (PEUTER et al, 2013). Todos betabloqueadores demonstraram uma diminuição da mortalidade, sendo que o efeito foi mais observado com o Carvedilol, oddsratiomais baixo. O Carvedilol também apresentou melhor tolerabilidade demonstrada por uma descontinuacão menor do uso da medicação. O Bucindolol apresentou melhora na fração de ejeção contudo, não foi significativamente superior as outras drogas. Carvedilol também foi considerado superior ao metoprolol na manutenção de um perfil glicêmico favorável em pacientes com diabetes, melhora da sensibilidade à insulina e diminuição da progressão para a micro albuminúria, que mostrou ter efeitos cardioprotetores. A análise também mostrou que diferentes dosagens alvo de betabloqueadores individuais utilizados nos ensaios randomizados, bem como as doses médias alcançadas, não influenciaram o logaritmo do oddsratiode mortalidade, conforme determinado pela análise de meta-regressão ponderada (CHATTERIEE et al, 2013). O metoprolol é um betabloqueador seletivo ipofílico, sem atividade simpaticomimética intrínseca. Entre os betabloqueadores, metoprolol foi o primeiro e 27 mais estudado para a IC. Em pacientes com IC, o metoprolol melhora a função cardíaca, o remodelamento ventricular esquerdo, a capacidade de exercício físico e diminuição os sintomas de IC (MURAD et al. 2018). 8 ENDOCARDITE Fonte: image/jpeg A endocardite é uma doença infeciosa do revestimento da superfície do endocárdio, envolvendo normalmente as válvulas cardíacas. Apesar de incomum, apresenta elevado índice de mortalidade e morbidade, e é hoje em dia considerada a quarta síndrome de infeção mais comum logo após à sepsia, pneumonia e abcesso intra-abdominal. As bactérias orais parecem exercer um papel importante como agente etiológico, pois, devido à sua introdução na corrente sanguínea pode levar a uma condição transitória chamada bacteremia em que bactérias colonizam tecidos cardíacos previamente comprometidos, causando infeção local e, por consequência, a EB (BADDOUR et al., 2015). Apesar da incidência global da EB se manter estável, a sua incidência causada por Staphylococcus aureus tem vindo a aumentar, tornando-se no organismo etiológico mais comum atualmente. (BADDOUR et al., 2015). Pant et al. (2015) referência sobre as mudanças, ao longo dos anos, da epidemiologia da EI. Estas alterações devem-se a uma melhora da gestão e ferramentas de diagnóstico como também das modificações da prevalência dos fatores de risco, como o aumentoda 28 sobrevivência de populações propensas a EI, por exemplo, adultos com doença cardíaca congénita e portadores de prótese valvular. Ainda no que diz respeito à microbiologia da Endocardite, tem havido um aumento significativo da incidência de Streptococcus. Especula-se que isto pode estar relacionado com a diminuição da utilização da profilaxia antibiótica desde da mudança das guidelines em 2008 (GOMES, 2016) 8.1 Prevenção e tratamento Como método de prevenção, a profilaxia antibiótica tem sido recomendada há quase cinco décadas para pacientes de risco que se submetem a tratamento dentário. Em 1955, a American Heart Association (AHA) publicou a sua primeira guideline com o intuito de orientar os médicos dentistas. (DAYER et al., 2015). Entretanto, desde o lançamento da primeira guideline, houve uma diminuição gradual da intensidade e duração da profilaxia antibiótica, bem como no número de pacientes a quemera recomendada. Autores de guidelines recentes pressupõem que os benefícios da profilaxia antibiótica são pequenos, e que só os pacientes de risco elevados o devem fazer, como é o caso de pacientes com próteses valvulares. (Tabelas I e II) (DAYER & THORNHILL, 2015). 29 A Amoxicilina é o medicamento de eleição por ser o mais bem absorvido pelo trato gastrointestinal e fornecer concentrações séricas mais elevadas por um maior período de tempo. Os fluoroquinonas e glicopéptidos não são recomendados devido à falta de eficácia e por risco de indução de resistência bacteriana. (HABIB et al., 2015). A profilaxia com Amoxicilina é capaz de diminuir incidência de espécies bacterianas intervenientes na EB em 68%. As espécies bacterianas relacionadas com a EB que diminuíram significativamente com a administração de Amoxicilina foram Streptococcus spp., Fusobacterium nucleatum e Peptostreptococcus micros. Entretanto, F. nucleatum e P. microsnão são frequentemente responsáveis pela EB. Entretanto outras 18 espécies (Actinomyces naeslundii, Granulicatella adiacens, Haemophilus aphrophilus, Peptostreptococcus micros, Prevotella melaninogenica, 30 Propionibacterium acnes, Staphylococcus epidermidis, Streptococcusmitis, Streptococcus mutans, Streptococcusoralis, Streptococcus sanguinis, and Veillonella dispar/parvulla) diminuíram a sua frequência em 81%. (MOUGEOT, SAUNDERS, BRENNAN, & LOCKHART, 2015) 9 PERICARDITE O pericárdio é uma membrana formada por dois folhetos, visceral e parietal, compostos por fibras de colágeno, elásticas e células mesoteliais. Entre as camadas visceral e parietal existe uma cavidade que contém cerca de 15-50 ml de ultrafiltrado plasmático. O pericárdio tem como função a sustentação do coração, proteção e redução de atrito com as estruturas do mediastino. Além disso, exerce efeito mecânico sobre o coração ao impedir a dilatação excessiva das câmaras cardíacas em situações de sobrecarga aguda de volume (ex. infarto de ventrículo direito, regurgitação valvar aguda) (KLEIN et al, 2013). A pericardite constritiva é uma doença caracterizada pela inflamação, fibrose e perda de elasticidade do pericárdio, levando a restrição do enchimento ventricular e disfunção diastólica. Trata-se de sequela de uma agressão pericárdica, porém os mecanismos fisiopatológicos que determinam seu surgimento ainda são pouco conhecidos. 31 Fonte: slideplayer.com.br O risco de desenvolver pericardite constritiva após pericardite aguda depende essencialmente da etiologia: 0,2% após cirurgia cardíaca,0,5-1% após pericardites virais/idiopáticas e 20-30% após pericardites bacteriana e tuberculosa (ADLER et al, 2016). Em geral, acomete mais comumente o sexo masculino. Em países desenvolvidos, as principais causas são: viral/idiopática, pós-cirurgia cardíaca e pós- radioterapia. No Brasil, dados da literatura são escassos. Em séries de casos nacionais a maioria é idiopática (51-70%), seguida pela tuberculose (20%). A pericardite constritiva pode se manifestar de diferentes formas de acordo com tempo de evolução (aguda, subaguda, crônica), grau de espessamento pericárdico (localizado, difuso, calcificado) ou a presença de derrame pericárdico (MELO et al, 2016). A tabela 1 resume a classificação das síndromes constritivas proposta pela diretriz europeia de doenças do pericárdio (ADLER et al, 2016). Em pacientes com pericardite constritiva, o pericárdio rígido e inelástico determina o encarceramento do coração. Dessa forma, as câmaras cardíacas passam a funcionar dentro de uma cavidade com volume fixo e isolada das variações de 32 pressão intratorácica (MELO, 2017). Esse fenômeno nos permite compreender as principais características fisiopatológicas da doença. (ADLER et al, 2016) Pressões elevadas de enchimento ventricular: no momento em que se abrem as valvas átrio ventriculares, ocorre rápido enchimento dos ventrículos e aumento abrupto da pressão diastólica. Como resultado, a maior parte do enchimento ventricular ocorre no terço inicial da diástole e, a partir do momento em que o pericárdio determina a máxima expansão da cavidade, cessa o aumento de volume e de pressão em seu interior. Estas alterações determinam no cateterismo direito o padrão chamado de “dip” (descenso Y rápido) e “plateau”, ou “sinal da raiz quadrada”. Na curva de pressão venosa observamos queda inicial da pressão, aumento abrupto e estabilização. Além disso, ocorre equalização das pressões de enchimento nas quatro câmaras cardíacas (MELO, 2017). Interdependência ventricular: a inspiração determina aumento do retorno venoso para as câmaras direitas do coração e diminuição para as câmaras esquerdas. Em pacientes com fisiologia constritiva o ventrículo direito, ao receber maior volume sanguíneo durante a diástole, é impedido pelo pericárdio espessado de expandir sua parede livre. Como resultado, ocorre desvio do septo interventricular em direção ao ventrículo esquerdo, com consequente redução de seu enchimento diastólico, volume e pressão sistólicos. Assim, na inspiração ocorre aumento das pressões de enchimento em câmaras direitas associado à redução da pré carga em câmaras 33 esquerdas e do débito cardíaco. O fenômeno oposto ocorre na expiração (MELO, 2017). Disfunção miocárdica: a presença de pericárdio espessado e rígido aderido ao miocárdio pode causar distorções na geometria ventricular e alterações de contratilidade (mecanismo de tethering). Esses fenômenos podem agravar as disfunções sistólica e diastólica (KUSUNOSE et al, 2013) 10 TROMBOSE E EMBOLIA Causas Os agentes causais de embolias arteriais estão relacionados a condições em sua maioria preexistentes, que acarretam na formação de trombos, tais como arritmias, diabetes, hipertensão arterial, tabagismo aneurisma, lesões de válvulas cardíacas e iatrogenia após procedimentos endovasculares, estes são mais frequente em idosos (WENDELBOE; 2016). Além dessas causas, agentes insólitos, substâncias gasosas, câncer e trauma, este relacionado mais aos jovens. Já a trombose é decorrente de um processo aterosclerótico, resultante de lesão causada pelo depósito lipídico que infiltra na região subendotelial, diminuindo o lúmen vascular (YAMANARI, 2014). 34 Fonte: google.com 10.1 Sintomas Os sintomas do quadro embólico estão relacionados às alterações isquêmicas agudas, que apresentam-se com ausência de pulso, palidez cutânea e poiquilotermia. As alterações neurológicas mais presentes são dor, parestesia e com a evolução do quadro pode ocorrer paralisia do membro afetado (MORAIS FILHO, 2012). Já a trombose cursa de forma insidiosa, com os sintomas progredindo à medida que agrava o quadro, sendo a claudicação intermitente, sensação de dor ao deambular, sintoma típico de acometimento dos membros inferiores. Indivíduos com quadro de trombose apresentam menor taxa de mortalidadequando comparado com a embolia. O diagnóstico diferencial entre essas duas patologias é difícil em vários casos, sendo de grande valia investigar quadros de sintomas pregressos, como a presença prévia de claudicação intermitente que sugere trombose arterial (YAMANARI, 2014). O diagnóstico de embolia arterial é realizado através de ecodoppler, angiotomografia e arteriografia, sendo este último padrão-ouro, em que é identificada a imagem de “taça invertida” com comprometimento significativo da 35 circulação colateral. O exame físico é de suma importância para auxiliar no diagnóstico em que se observa a presença de sinais e sintomas sugestivos do quadro. A trombose arterial pode ser identificada com os mesmos exames aplicados naembolia, entretanto apresenta como melhor recurso para confirmar o quadro a angiotomografia, em que se evidencia a imagem de “ponta de lápis”, e por ser um quadro insidioso, a circulação colateral mostra-se bem estabelecida (RODRIGUES et al, 2019). 10.2 Tratamento A terapêutica adequada para o quadro de embolia inclui a instituição de medidas para alívio da dor, anticoagulação e manter a temperatura do membro afetado elevada. Dentre as modalidades cirúrgicas, a embolectomia através do cateter de Fogarty tem sido uma modalidade de revascularização com uso crescente e com bons resultados. Já a trombose apresenta resultados inferiores ao tratamento clínico, com melhor resolução através de angioplastia. Em quadros avançados, a amputação é implicada como terapêutica devido comprometimento significativo do membro afetado, bem como o óbito também pode ocorrer em alguns casos (MORAIS FILHO, 2012). 36 11 HIPERTENSÃO ARTERIAL Fonte: encrypted- Atualmente as doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) apresentam elevados índices de mortalidade, dentre elas as doenças cardiovasculares, as respiratórias crônicas, câncer e diabetes sendo estas as responsáveis pela maior parte da carga de doenças que acometem os indivíduos, que estão diretamente associadas ao processo de globalização vivenciado no Brasil e no mundo (BERNAL et. al, 2016). Segundo o Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM), até o mês de julho de 2015, as doenças cardiovasculares haviam sido a principal causa para as DCNT, com representação de 50,3% dos óbitos declarados (BRASIL, 2015). Corroborando com o SIM, a pesquisa nacional por amostra de domicílio realizada em 2008, revela que na medida em que a idade avança, aumentam as doenças crônicas de tal modo que 79,1% dos brasileiros de 65 anos ou mais, relatam ser portadores de um grupo de doze doenças crônicas, que em primeiro lugar encontra-se a Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) (MENDES, 2012). Estimativas do Ministério da Saúde, afirmam que a HAS apresenta uma abrangência global e sua prevalência atinge a um bilhão de indivíduos, quando não controlada permanece como importante problema de saúde acarretando aproximadamente 7,1 milhões de mortes ao ano no mundo (BARRETO; REINERS; MARCON, 2014) 37 11.1 Prevenção e Tratamento Vários estudos comprovam que existem, basicamente, duas abordagens terapêuticas para a hipertensão arterial: o tratamento baseado em modificações do estilo de vida (MEV): perda de peso, incentivo às atividades físicas, alimentação saudável, etc. E o tratamento medicamentoso. A adoção de hábitos de vida saudáveis é parte fundamental da prevenção de hipertensão e do manejo daqueles com HAS (BROO-ME, 2010). Para o tratamento da HAS, é importante que seja considerado não apenas a adesão no uso dos fármacos de maneira adequada, mas também é fundamental a mudança nos hábitos e estilo de vida, com envolvimento dos serviços de saúde, profissionais, família e do próprio indivíduo. Os serviços de saúde devem estar pautados em ações com embasamento cientifico e metodológico, com a capacidade de garantir a qualidade no atendimento e cuidado dos indivíduos (PERTENCE; MELEIROS, 2010). No tocante ao contexto das ferramentas básicas da qualidade (FBQ) no setor saúde, a qualidade envolve todos os atores do processo de cuidado, de modo que seja elevado o padrão da assistência a partir dos constantes aperfeiçoamentos da prática, oportunizando reflexos positivos na saúde dos envolvidos (GALDINO et al., 2016). Prevenir e tratar a hipertensão arterial envolve ensinamentos para o conhecimento da doença, de suas inter-relações, de suas complicações e implica, na maioria das vezes, a necessidade da introdução de mudanças de hábitos de vida. As mudanças no estilo de vida são entusiasticamente recomendadas na prevenção primária da HAS, notadamente nos indivíduos com PA limítrofe (SILVA, 2010). 38 11.2 Fatores de risco Fonte: image.slidesharecdn.com Os fatores de riscos para HAS podem ser classificados como modificáveis ou não-modificáveis. Quanto aos não-modificáveis destacam-se: história familiar de doença coronariana, idade, raça e sexo. Enquanto que os modificáveis incluem: associação de doenças crônico-degenerativas, maus hábitos de vida como o tabagismo, etilismo, sedentarismo e má alimentação, como também excesso de peso, obesidade, fatores socioeconômicos e uso de medicamentos como o contraceptivo (RODRIGUES; SILVA; CABRAL, 2015). A hereditariedade desempenha papel fundamental no processo de desenvolvimento da hipertensão (NOBRE et al., 2013) e com relação à raça, observa- se maior prevalência na população negra (MENDES, 2014). No fator idade, há relação intrínseca do envelhecimento com a prevalência de HAS com valor acima de 50% na população idosa brasileira (MENDES, 2014). A presença de vários fatores de riscos para HAS na população de idosos, bem como as diversas comorbidades contribuem para ampliar a prevalência desta doença, porém o envelhecimento vascular é o principal aspecto relacionado ao aumento da pressão arterial (MALACHIAS et al., 2016). 39 A HAS também está relacionada ao processo de menopausa, em que há elevação do tônus vascular periférico devido queda na produção dos hormônios esteroides (MENDES, 2014). Outro fator que contribui para a HAS é o tabagismo. A ação da nicotina eleva a pressão arterial ocasionando maior deposição de colesterol nos vasos sanguíneos (LOPES et al, 2012). Com relação ao consumo elevado e frequente de bebidas alcoólicas nas mulheres, há risco de desenvolvimento de HAS quando há consumo de 30 a 40g de álcool/dia e nos homens a partir de 31g de álcool/dia (MALACHIAS et al., 2016). Há associação significativa entre o sedentarismo e o aumento da pressão arterial. A prática de atividade física é fator protetor para HAS em mulheres idosas (NUNES et al, 2015) e observa-se alta taxa de idosos insuficientemente ativos (MALACHIAS et al., 2016). O excesso de peso e a obesidade possuem clara aproximação com a HAS e acredita-se que esteja relacionada à resistência insulínica, estimulação simpática e retenção de líquido (NOBRE et al, 2013). O consumo de sal é fator que predispõe a HAS em indivíduos geneticamente predispostos, o excesso de sal na alimentação e a incapacidade dos rins em excretar o excesso induzem ao desenvolvimento desta patologia. A sensibilidade ao sal pode variar entre indivíduos, em que os mais sensíveis apresentam maior variação da pressão com o consumo de sal. Observa-se que os negros e os idosos são mais sensíveis entre os hipertensos (NOBRE et al., 2013). A escolaridade também é fator de risco modificável para HAS, adultos com nível de escolaridade analfabeto ou fundamental incompleto apresentam maior prevalência. A proporção diminui na população com fundamental completo, mas observa-se pequena elevação nos adultos com nível superior (MALACHIAS et al., 2016). A HAS é duas a três vezes mais comum em usuárias de anticoncepcionais orais, principalmente entre as mulheres idosas e obesas e em mulheres com mais de 35 anos e tabagistas, o anticoncepcionaloral está contraindicado (RODRIGUES; SILVA; CABRAL, 2016). 40 12 FISIOTERAPIA CARDIORRESPIRATÓRIA Fonte:lardpedrov.com/fotos/gerais/fisioterapia_cardiorespiratoria.png Fisioterapia Cardiorrespiratória é uma área na qual o fisioterapeuta intervém na reabilitação das funções cardíaca e respiratória, antes e após as cirurgias, quando assim é recomendado para o paciente. Ela está presente em uma variedade de setores e locais do Sistema de Saúde, como em hospitais, centros comunitários, centros especializados de reabilitação, centros comunitários, prática privada, ambientes acadêmicos, entre outros. Tem como objetivo melhorar a qualidade de vida relacionada com a saúde e condição física da população. A intervenção da fisioterapia cardiorrespiratória tem impacto, sobretudo, nos sistemas cardíaco, respiratório, vascular e metabólico (OLIVEIRA, 2019). A reabilitação cardiorrespiratória engloba exercícios, frequência e duração específicos a cada indivíduo e disfunção. Na maioria dos casos, são realizadas sessões de 60 minutos, 3 a 5 vezes por semana, com exercícios de aquecimento, expansão pulmonar, mobilidade torácica, exercícios respiratórios acompanhados com movimentos dos membros superiores e inferiores, ou posicionamento adequado para uma reabilitação eficaz. A intervenção da fisioterapia cardiorrespiratória promove o alivio da falta de ar (dispneia), fadiga, tosse, expectoração, maior resistência para as atividades, previne e ajuda a controlar a diabetes e o peso, mais autonomia e um melhor padrão ventilatório (inspiração e expiração), entre outros benefícios para uma 41 melhor qualidade de vida e bem-estar físico e psicológico do paciente (OLIVEIRA, 2019). 13 REABILITAÇÃO CARDIORRESPIRATÓRIA Redução na força muscular respiratória na oxigenação prejuízo na função pulmonar são alterações observadas no pós-operatório de cirurgia de revascularização miocárdica (CRM) com circulação extracorpórea. Da mesma forma, ocorre uma marcada diminuição na capacidade funcional (ZANINI, 2016). Neste contexto, a reabilitação cardiopulmonar é composta por diferentes técnicas fisioterapêuticas que atuam com o intuito de auxiliar no retorno mais precoce a funcionalidade e em reduzir a incidência de complicações. No ambiente hospitalar, a fisioterapia respiratória é disponibilizada após a CRM e, tradicionalmente, inclui mobilização precoce e uma variedade de manobras respiratórias. Nos últimos anos, a fisioterapia motora tem sido agregada de forma mais sistemática aos exercícios respiratórios. Técnicas como deambulação precoce e movimentação ativa de membros inferiores e superiores têm sido utilizadas como estratégias complementares nos programas de reabilitação (ZANINI, 2016). Além da fisioterapia específica e convencional, o fisioterapeuta atua no planejamento e execução dos programas de reabilitação cardiopulmonar (RCP), os quais atingem grau de recomendação A e nível de evidência 1 nos pacientes mais graves com indicação para Transplante Cardíaco (TC). A reabilitação prévia à cirurgia pode melhorar as condições gerais, tornando mais seguros o ato cirúrgico e o pós- operatório. Os programas de RCP são divididos em quatro fases como descritas no Quadro (SILVA, 2016). 42 SILVA, (2016) As atividades devem ter monitorização constante das variáveis hemodinâmicas em repouso, durante a atividade e no período de recuperação, além do acompanhamento da percepção subjetiva de esforço através da escala de Borg, associado a exercícios de mobilidade articular, flexibilidade e resistência (SILVA, 2016). 14 ELETROESTIMULAÇÃO MUSCULAR A eletroestimulação muscular é um método de tratamento da fisioterapia para aumentar o desempenho muscular, essa técnica pode ser melhor tolerada do que exercícios globais em pacientes com DPOC grave podendo aliviar as disfunções musculares e permitindo a entrada desses pacientes nos programas de reabilitação pulmonar. O prejuízo funcional entre os MMSS e os MMII parece diferir e pode ser explicado pela teoria dos compartimentos. Em breves palavras, a funcionalidade dos músculos respiratórios e dos músculos de MMII está prejudicada por mudanças estruturais e funcionais. Tanto a estrutura quanto a função da musculatura de MMSS estão relativamente preservadas, devido à manutenção de AVD que envolvem os braços ou mesmo o uso de alguns desses músculos durante o trabalho ventilatório (MIRANDA et al., 2011). 43 Segundo Fernandes (2009) a reabilitação pulmonar aperfeiçoa a função de outros sistemas, minimizando a disfunção pulmonar e consequentemente reduzindo a dispneia e melhorando a qualidade de vida de pneumopatas crônicos. Araújo e Santos (2012) compararam dois protocolos distintos de reabilitação pulmonar baseado em fisioterapia não convencional e convencional. O protocolo de fisioterapia convencional consistiu no uso de estimulação elétrica neuromuscular, aplicada sobre pontos motores do músculo quadríceps femoral durante 6 semanas, duas vezes por semana. Frequência de 5 Hz por 5 minutos para aquecimento da musculatura, 35 Hz por 25 minutos, a intensidade variou entre 49 e 80 mA durante todo o período. Para o treinamento muscular respiratório utilizou-se = reshold®, já o protocolo de fisioterapia convencional constava em alongamento global, respiração em padrão diafragmático, séries de exercícios para mobilidade de caixa torácica, ambos associados a retardo expiratório e condicionamento aeróbio na bicicleta ergométrica por 12 minutos. A eletroestimulação neuromuscular mostrou-se benéfica. O tratamento convencional aumentou a capacidade funcional. Os pacientes com DPOC apresentam menor força e resistência muscular quando comparados a indivíduos saudáveis. Possíveis mecanismos são a alteração da mecânica toracoabdominal dos músculos respiratórios e da resistência muscular global corporal por perda da massa muscular e da capacidade aeróbia, assim como com o predomínio do metabolismo glicolítico durante o exercício, que podem ser responsáveis pela fadiga muscular precoce nesses pacientes (MÓDENA et al 2017). 44 15 VENTILAÇÃO NÃO INVASIVA Fonte: encrypted- Ventilação não invasiva (VNI), é uma alternativa no tratamento dos doentes com insuficiência respiratória hipoxémica ou hipercápnica, evitando a intubação orotraqueal e as complicações decorrentes deste procedimento. Todavia, neste estudo assume-se a definição de Bezerra et al. (2019) que defende que a VNI consiste na administração de ventilação mecânica aos pulmões sem que haja a necessidade de vias aéreas artificiais, podendo ser oferecida ao paciente por meio de ventiladores mecânicos com objetivo de diminuir o trabalho respiratório, o repouso dos músculos respiratórios e melhoria das trocas gasosas. A VNI apresenta-se como uma alternativa no tratamento de doentes que por apresentarem falência de um ou mais níveis de funções vitais, são considerados doentes críticos (Sociedade Portuguesa de Cuidados Intensivos, 2008) ou pessoa em situação crítica (Ordem dos Enfermeiros, 2010). A este propósito, e porque é neste estudo a amostra de conveniência, a tipologia de pessoa em situação crítica é caracterizada pela Ordem dos Enfermeiros, no que respeita às competências específicas do enfermeiro especialista, definindo esta condição específica: A pessoa em situação crítica é aquela cuja vida está ameaçada por falência ou eminência de falência de uma ou mais funções vitais e cuja sobrevivência depende de meios avançados de vigilância, monitorização e terapêutica (Regulamento nº 124/11 de 18 de Fevereiro, p. 8656, 2011). 45 De acordo com Cruz e Zamora (2013), e Esquinas (2011), a VNI está indicada na presença de sinais funcionais e clínicos de desconforto respiratório, nomeadamente: deterioração da troca gasosa (PaO2 /FiO2 < 200) ou saturação de oxigénio (SpO2< 92%); falênciana bomba ventilatória aguda ou crónica agudizada, com hipercapnia e acidose respiratória (PaCO2> 45 mmHg e pH < 7,35); dispneia com uso da musculatura acessória e/ou respiração paradoxal; taquipneia (frequência respiratória > 24 incursões por minuto); hipoxemia [pressão arterial de O2, (PaO2 < 60 mmHg) com fração de O2 inspirado (FiO2>21% e com PaCO2< 45 mmHg)]. De entre as patologias respiratórias com caráter de urgência, há indicações para VNI (Esquinas, 2011) mais frequentemente em: doença pulmonar obstrutiva crónica reagudizada; asma agudizada; na insuficiência respiratória aguda hipoxémica cardiogénica; na insuficiência respiratória aguda hipoxémica não cardiogénica e, ainda, na pneumonia. 15.1 Complicações por uso da VNI As complicações por uso da VNI agrupam-se em três áreas (GAY, 2009): as relacionadas com o tipo de máscara; as causadas pelo fluxo de ar; e as mais graves, com consequências hemodinâmicas e potencialmente fatais. As primeiras, relacionadas com a máscara, são as erupções cutâneas, as ulcerações da ponte nasal, a obstrução nasal, a aspiração de vómito, a hipersalivação ou boca seca, e a aerofagia e lesões nas mucosas. As causadas por pressão ou fluxo de ar são, segundo o mesmo autor, dor de ouvidos, sinusite, insuflação gástrica, pneumotórax e irritação dos olhos. Por fim, Gay (2009) apresenta a agitação ou intolerância à ventilação (desconforto), o acúmulo de secreções, a hipoxemia severa, a hipotensão e o compromisso hemodinâmico. Outras, relacionadas com a dor ou desconforto da face, lesões na pele, e sensação de claustrofobia (promotora de agitação e intolerância à VNI), a congestão nasal, a secura da mucosa nasal e oral, a dor ao nível das orelhas, irritação dos olhos e distensão gástrica (XIMENDES & SILVA, 2015), e ainda: o eritema facial, alterações a nível das mucosas, agitação e intolerância à ventilação; claustrofobia, distensão abdominal; aerofagia, vómitos, pneumonia aspirativa, 46 broncoaspiração, lesões de pele no ponto de contato da máscara (face e nariz), dor, acumulação de secreções na via aérea (PINTO, 2013). 47 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ADLER Y, CHARRON P, IMAZIO M, BADANO L, BARÓN-ESQUIVIAS G, BOGAERT J, et al. 2015 ESC Guidelines for the diagnosis and management of pericardial diseases: The Task Force for the Diagnosis and Management of Pericardial Diseases of the European Society of Cardiology ( ESC) Endorsed by: The European Association of Cardio-Thoracic Surgery (EACTS). 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