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Anamnese e semiologia ginecológica e obstétrica

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Anamnese e semiologia ginecológica e obstétrica 1
Anamnese e semiologia ginecológica e obstétrica
Anamnese e semiologia ginecológica
Semiologia é a parte da medicina que estuda os sinais e sintomas das doenças, aplicado a metodologia de colheita de dados, 
bem como, o processo de sistematização do mesmo.
A semiologia ginecológica estuda os sinais e sintoma das modificações funcionais das doenças que acometem o 
aparelho genital feminino. Portanto, cabe ao médico criar um ambiente de confiança, fazendo-a se sentir segura para que 
outras queixas apareçam.
Escrevemos com as palavras do paciente.
Anamnese 
ANAMNESE → início da relação de confiança; base da investigação médica; 1° contato com o paciente; precisa de um ambiente 
adequado; 
IDENTIFICAÇÃO → nome, idade, cor, naturalidade, procedência, religião, dados socioeconômicos, grau de instrução, 
profissão/ocupação, estado civil/união, número e idade dependentes
Algumas doenças e condições fisiológicas são mais incidentes em algumas idades (como: malformações da genitália, 
corrimentos (menacme – corrimento fisiológico), distúrbios de hemostasia e falência ovariana), raças (mioma = mais comum 
em negros), nível de escolaridade e socioeconômico
obs.: questionar gestantes provenientes de áreas de risco para dengue, febre amarela, chagas etc
QUEIXA PRINCIPAL → motivo que levou o paciente a procurar o médico; analisar bem os sintomas (onde, quando, 
como etc) 
HDA → histórico da evolução (início → momento da consulta, local, características relacionadas, evolução, fatores de 
melhora ou piora); avaliar as condutar adotas por outros profissionais; particularidades = raciocínio clínico e hipóteses 
diagnósticas
AVALIAR OUTROS SISTEMAS
ANTECEDENTES PESSOAIS FISIOLÓGICOS → gestação e nascimento (doenças da mãe, tipo e condições de parto) 
desenvolvimento neuropsicomotor, antecedentes ginecológicos
ANTECEDENTES PESSOAS PATOLÓGICOS → doenças pregressas e tratamentos, uso de medicamentos, cirurgias 
prévias, transfusões e imunizações
ANTECEDENTES FAMILIARES → CA de mama e ovário, doenças cardiovasculares, HM, HAS, neoplasias, doenças 
congênitas, gemelaridade, patologias na gestação
HÁBITOS DE VIDA → tabagismo, etilismo, drogadição e atividade física, ambiente de trabalho
ANTECEDENTES GINECOLÓGICOS → menarca (1ª menstruação - ocorre em média dos 11-14 anos, podendo ser aceitável 
até os 16 anos), ciclos menstruais (duração, fluxo e intervalo), DUM (data da última menstruação), sexarca (1° atividade 
sexual) e vida sexual (idade de início, orientação sexual, número de parceiros, história prévia de DST, satisfação e receios da 
sexualidade), métodos contraceptivos (atuais e previamente utilizados; importante questionar o tempo de uso, efeitos 
colaterais, tolerância e se está usando da maneira correta), IST, cirurgias ginecologias ginecológicas anteriores e exames 
de rotina em dia, menopausa (idade, história de sangramento, pós, sintomas referentes)
ANTECEDENTES OBSTRÉTICOS → número de gestações, partos e abortos (GPA), descrição dos partos anteriores 
[tipo, época, instrumentação; idade gestacional do nascimento (a termo ou pré-termo), via de parto, local, complicações 
imediatas (hemorragias, acretismo, lacerações) e tardias (infecções, fístulas), amamentação e suas complicações, peso do 
RN e seu desenvolvimento posterior)], DUM, óbitos neonatais, aleitamento materno - sempre perguntar “nunca perdeu 
nenhum?”
Exame físico 
Exame físico geral 
Estado geral, antropometria, fácies, sinais vitais, ausculta e exame físico complementar.
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Exame físico especial 
Exame das mamas, da genitália externa, da genitália interna.
Exame das mamas 
INSPEÇÃO ESTÁTICA → paciente deve estar sentada, de frente para o examinador, com os membros superiores 
pendentes ao lado do corpo; médico deve observar, tamanho, simetria, formato (malformação, abaulamento), retração, 
depressão, cor da pele e aspecto, presença ou não de cicatrizes, cirurgias previas, qualidade do mamilo
INSPEÇÃO DINÂMICA → pedir para a paciente realizar movimentos de elevação dos membros superiores acima da 
cabeça, após inclinação do corpo em direção ao tronco e pressão sobre os quadris; médico deve visualizar se existe 
alterações, como depressão, retração da pele, nodulações
PALPAÇÃO MAMÁRIA → utilizar a palma dos dedos; nódulos (>1cm), verificar gll., dor; 
Com a paciente ainda sentada, o examinador coloca o braço direito da paciente sobre seu braço esquerdo, iniciando a 
palpação da região axilar com a sua outra mão; observar se existem linfonodos palpáveis, descrevendo tamanho, 
consistência, mobilidade e dor.
Após a palpação da axila, deslizar a mão em direção ao tórax, observando se existe as mesmas alterações citadas 
acima. O mesmo deve ser feito na mama contra lateral.
Ainda com a paciente sentada, deve-se palpar as fossas supra e infra-axilares.
Palpação das axilas → segurar os braços e palpar; palpar com suspeitas de malignidade
Palpação das fossas supra e infraclaviculares → palpar com suspeitas de malignidade
Terminado a palpação com a paciente sentada, esta deve deitar em decúbito dorsal, com as mãos estendidas sobre a 
cabeça, e com o tronco relaxado. Inicia-se então, a palpação da mama, com a ponta dos dedos, fazendo movimentos 
circulares no sentido horário, abrangendo os quatro quadrantes. O mesmo deve ser feito na mama contra lateral.
EXPRESSÃO MAMÁRIA → verificar secreções (aspectos preocupantes = unilateral, uniductal, cristalino, sanguinolento 
e espontâneo), cor, consistência, dor e presença de nódulos
Exame dos órgãos genitais
GENITÁLIA EXTERNA
GENITÁLIA INTERNA → via exame especular (collins) + colpocitologia oncótica (confecção do esfregaço 
endocervical) - visualização do colo do útero e coleta do preventivo; 
ÓRGÃOS INTERNOS → toque vaginal simples; toque combinado = abdominovaginal (características útero e colo) + 
vaginorretal (CA de colo e lacerações)
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Deve-se explicar cada passo a ser tomado, assim como solicitar permissão para realização de cada passo do exame. (afastar os 
joelhos, ao invés de falar abrir as pernas).
Posição ginecológica: paciente em decúbito dorsal, com as pernas fletidas sobre as coxas, apoiada na mesa ginecológica, com 
as nadegas na borda da mesa.
INSPEÇÃO → visualizar a genitália externa, observando disposição dos pelos, vulva, pequenos e grandes lábios, introito 
vaginal, vestíbulo da vagina, hímen, carúnculas himeais, meato uretral, glândulas de Skene e Bartholin, caso estejam 
visíveis.
MANOBRA DE VALSAVA → pedir para a paciente realizar, observando se existe prolapsos genitais, bem como 
incontinência urinaria
PREVENTIVO/PAPINICOLAU → através de um instrumento denominado espéculo, inicialmente, afastam-se os pequenos 
lábios, visualizando o introito vaginal, introduz-se o aparelho, em ângulo de 75 graus (evitando lesão uretral), em 
direção ao cóccix e fundo de saco; posteriormente, inicia-se a abertura do especulo, até a visualização do colo 
uterino. Inspecionando as paredes vaginais, manchas e lacerações, bem como orifício externo do colo (puntiforme nas 
nuliparas e em fenda nas multíparas). Exame fundamental para diagnostico, e prevenção de neoplasias do colo; colhe-se 
material da endo e ectocérvice
A coleta deve ser efetuada em duas fases. A primeira utiliza a espátula de Ayres, fazendo uma rotação de 360 
graus, possibilitando assim o raspado sobre a JEC (junção escamo-colunar), região onde se inicia a maioria dos 
processos neoplásicos.
A seguir, utiliza uma escova, que deve ser introduzida 2 cm dentro do canal endocervical, fazendo movimento de 
rotação.
Após a coleta de ambas, fazer o esfregaço na lâmina, e fixar com fixador citológico.
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TOQUE GENITAL → importante para avaliar os órgãos genitais internos, bem como a existência ou não de massas 
palpáveis
Semiologia obstétrica
Na semiologia obstétrica deve- se empregar a mesma sequência dapropedêutica ginecológica. Iniciando com identificação, 
queixa principal, história familiar, história pregressa, história ginecológica, história obstétrica e obstétrica atual.
Anamnese 
IDENTIFICAÇÃO → nome, idade, cor, profissão, estado civil, procedência, escolaridade, nível sócio econômico.
QUEIXA PRINCIPAL → “estou gravida e vim fazer o pré-natal “
HISTÓRIA FAMILIAR → deve ser investigado as doenças familiares, e aquelas de transmissão hereditária, (cardiopatias, 
diabetes, hipertensão arterial crônica, epilepsia, neoplasia, transmissão infecciosa vertical, como HIV, tuberculoses, hepatites 
B e C, sífilis)
HISTÓRIA PREGRESSA → algumas patologias podem ter repercussão negativa para o concepto - hipertensão arterial 
crônica, cardiopatias, DM tipo 1 e 2, doenças infecto contagiosas, doenças auto imunes, nefropatias, distúrbios tireoidianos; 
investigar os atos operatórios, transfusões de sangue, visto a possibilidade de sensibilização materna ao fator RH.
HISTÓRIA GINECOLÓGICA → idade da menarca, regularidade do ciclo menstrual, DUM, como cálculo da DPP (data 
provável do parto).
HISTÓRIA OBSTÉTRICA → evolução das gestações anteriores, número de partos a termo e pré termo, número de 
cesarianas e suas indicações, gestações ectópicas, natimortos e óbitos intra útero, abortamentos e se realizado ou 
não curetagens, perdas gestacionais recorrentes, tempo entre as gestações; investigar quanto aos RN anteriores, peso, 
prematuridade ou não, amamentação por quanto tempo e complicações desta.
HISTÓRIA OBSTÉTRICA ATUAL → DUM e DPP
Exame físico geral 
Na gestante, também devemos proceder com o exame físico geral, coletando sinais vitais e outros dados que possam nos auxiliar 
na propedêutica e diagnóstico, também devemos realizar o toque vaginal, exame especular, exames de mamas. 
Observar mucosas, peso, PA, temperatura, ausculta cardíaca, mamas e abdome.
Ectoscopia 
Mucosas, cloasma
Lanugem (sinal de Halban)
Varizes, edema
Acne
Mamas 
Formação do complexo aréolo-papilar
Aréola primária e secundária (sinal de Hunter)
Rede de Haller, tubérculos de Montgomery
Colostro
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Avaliação do mamilo
Avaliar na 1° consulta, no final da gestação e quando houver queixas.
Exame do abdome 
Ectoscopia - hiperpegmentação da linha alba (linha nigra).
Avaliar a estática fetal
Medida de circunferência fetal
Ausculta fetal intermitente
Medida da altura uterina → a partir de 20 semanas; 
MANOBRAS DE LEOPOLD-ZWEIFEL → a partir de 20 semanas; 
1. 1° manobra/tempo → delimitação do fundo uterino = situação (longitudinal ou transverso )
2. 2° manobra/tempo → palpação do dorso (a direita ou esquerda) e das pequenas partes fetais
3. 3° manobra/tempo → avaliação da mobilidade de apresentação (alto, flutuando ou fixo)
4. 4° manobra/tempo → confirmação da apresentação fetal (alto ou insinuado) 
A primeira manobra tem como objetivo, palpar o fundo do útero, que é a parte mais superior, e avaliar qual parte fetal ocupa 
aquele espaço. Se for a cabeça palparemos algo mais dura e arredondada), se for o polo pélvico, a sensação é de uma massa 
nodular, diagnosticamos a situação fetal. Já é possível, então, inferir que a apresentação é a oposta, se palpamos polo cefálico 
no fundo uterino, possível a apresentação é pélvica. Se palparmos a pelve, a apresentação deve ser cefálica.
Na segunda manobra, as mãos do examinador vão para as laterais do abdome materno, e exercem pressão de cada lado. 
A pressão é suave, mas profunda. De um lado, deveremos sentir algo firme e resistente, esse será o dorso (e é provável que seja 
lá o melhor foco de ausculta dos batimentos cardíacos fetais), do outro lado deveremos palpar várias partes pequenas, irregulares 
e móveis, são os membros fetais. Assim, daremos o diagnóstico de orientação fetal (dorso à direita, esquerda, anterior, ou 
posterior).
Na terceira das manobras, utiliza-se o polegar e os dedos de uma das mãos a parte inferior do abdome materno 
exatamente acima da sínfise pubiana. O objetivo é procurar o polo fetal que se insinua em direção a pelve. Serve para o 
diagnóstico da apresentação fetal.  Também podemos avaliar a sua mobilidade. 
Na quarta manobra, o examinador coloca-se de frente para os pés da mãe e, com as extremidades de seus três primeiros 
dedos de cada mão, exerce pressão profunda na direção do eixo da entrada da pelve. É muito comum, quando por exemplo 
essa manobra é feita no trabalho de parto, podemos perceber a insinuação fetal – se a apresentação é cefálica, e, na manobra 
anterior, perceber nitidamente o ombro fetal. A quarta manobra, então, procura determinar o grau de penetração da 
apresentação na pelve e seu grau de flexão.
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Exame especular 
OBJETIVOS:
Coleta de colpocitologia oncótica
Avaliação da anatomia dos órgãos genitais
Avaliação da secreção vaginal
Diagnóstico de aminiorrexe (quando houver queixa compatível)
Avaliação de sangramento vaginal
TOQUE:
Preferível fazer ultrassom
1° consulta = avaliar o comprimento do colo/volume uterino
Avaliação de trabalho de parto prematuro
Após 38 semanas = modificações prévias ao parto
Sinal de Hegar e sinal de Goodel
Sinal de Piskacek
Sinal de Puzzos (”sinal do rechaço fetal”)
Sinal de Nobile-Budin e Osiander
Acompanhamento nutricional 
Manter dieta balanceada com orientação médica e/ou nutricional.
Prescrever ácido fólico desde o diagnóstico da gestação, com o objetivo de evitar malformações do SNC, especificamente os 
defeitos de fechamento do tubo neural. Após o terceiro trimestre de gestação, recomendase o uso de polivitamínicos.
Controlar o ganho ponderal: é variável na dependência da gestante. Não deve exceder 12 kg.
Recomendar a realização de exercícios físicos orientados, que podem ser iniciados em qualquer idade gestacional, sendo os 
mais adequados natação, ginástica para gestante e caminhadas ao ar livre.
Evitar o uso excessivo de cafeína, que está associado a abortamentos e restrição de crescimento fetal, mediante uma ingestão 
> 250 ml/dia (10 xícaras).
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Contraindicar bebidas alcoólicas, porque o álcool atravessa facilmente a barreira placentária e está associado a restrição de 
crescimento fetal, abortamentos espontâneos e malformações fetais.
Exame obstétrico 
Cálculo da IG
Altura uterina → borda superior da sínfise púbica ao fundo uterino
Palpação uterina → manobras de Leopold
Ausculta fetal → utilizar o estetoscópio de Pnard (após 18 semanas), sonnar (após 12 semanas) ou ultrassonografia (após 6 
semanas)
Exame ginecológico 
Aparelho genital externo
Exame especular
Exame citopatológico
Toque vaginal

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