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Unidade II ORIENTAÇÃO E PRÁTICA DE PROJETOS DE ENSINO FUNDAMENTAL Profa. Eliana Chiavone Delchiaro Objetivos da Unidade II Explicitar as formas de organizar o tempo didático através da metodologia de projetos e outras modalidades presentes no cotidiano escolar. A fábula da convivência Durante uma era glacial muito remota, quando parte do globo terrestre esteve coberto por densas camadas de gelo, muitos animais não resistiram ao frio intenso e morreram indefesos, por não se adaptarem às condições do clima hostil. Foi então que uma manada de porcos-espinhos, em uma tentativa de se proteger e sobreviver, começou a se unir, ajuntar-se mais e mais. Assim, cada um podia sentir o calor do corpo do outro. E todos juntos, bem unidos, aqueciam-se naquele inverno tenebroso. A fábula da convivência Porém, a vida ingrata, os espinhos de cada um começaram a ferir os companheiros mais próximos, justamente aqueles que forneciam mais calor, aquele calor vital, questão de vida ou morte. E afastaram-se feridos, magoados e sofridos. Dispersaram-se por não suportarem por mais tempo os espinhos de seus semelhantes. Doíam muito... Mas essa não foi a melhor solução. Afastados, separados, logo começaram a morrer congelados. A fábula da convivência Os que não morreram voltaram a se aproximar, pouco a pouco, com jeito, com preocupações, de tal forma que, unidos, cada qual conservava uma certa distância do outro, mínima, mas suficiente para conviver sem magoar, sem causar danos recíprocos. Assim, suportaram-se, resistindo à longa era glacial. Sobreviveram. Função social das escolas “Entendendo que a função da escola não é só ‘transmitir conteúdos’, mas também facilitar a construção da subjetividade para as crianças e adolescentes, de maneira que tenham estratégias e recursos para interpretar o mundo no qual vivem e sintam-se parte dele, precisamos com urgência rever a forma como estamos trabalhando.” (HERNÁNDEZ, 1998) Como será a realidade das escolas brasileiras? Mais uma vez somos obrigados a reconhecer que ainda temos na escola uma incoerência entre a teoria e a prática. Embora tenhamos uma flexibilização curricular indicada pela LDB (art. 15), que permite um trabalho mais aberto, a escola continua autoritária, difundindo um conhecimento fragmentado, imposto, memorizado, confrontando-se com a exigência do mundo globalizado, que é a formação de um indivíduo inteiro, capaz de estabelecer relações, criativo, que se torne apto para resolver desafios e viver num mundo conectado. (KLEIMAN e MORAES, 2002) Como responder a esses questionamentos? Como equacionar estas duas situações: de um lado, a escola difunde um conteúdo fragmentado e, do outro, a sociedade exige um homem por inteiro? Como enfrentar essa realidade? Que saída podemos encontrar para romper com um currículo que fragmenta o conhecimento? Modalidades organizativas do tempo didático Atividades permanentes: Sistemáticas e intencionais. Marca principal é a regularidade. São suportes para outras propostas mais complexas. Favorecem o intercâmbio de informações e ampliam as relações vividas entre os colegas da classe. Modalidades organizativas do tempo didático Atividades ocasionais: São situações esporádicas. São assuntos importantes que devem ser trabalhados, mas variam e se resumem a uma única atividade. Devem ser planejadas com intencionalidade e antecedência. Exemplos de atividades ocasionais: programar visitas a recursos naturais, culturais, visitas diversas, estudos do meio, uma campanha sobre saúde etc. Modalidades organizativas do tempo didático Atividade sequenciada ou sequência didática: Conjunto de atividades planejadas e orientadas com o objetivo de promover aprendizagens específicas. O critério é o nível de dificuldade. A sequência apresenta problemas que a criança deverá resolver de diferentes modos: fazendo, pensando, experimentando, afirmando, perguntando etc. Ao contrário das atividades permanentes, essas sequências têm duração limitada. Vamos conhecer mais sobre a metodologia de projetos? Os projetos são sequências de ações organizadas por um determinado propósito e que culminam na elaboração de um produto final compartilhado com o grupo de alunos. Sua duração pode variar conforme o objetivo, o desenrolar das várias etapas, o desejo e o interesse pelo assunto tratado. Eles têm o mérito de articular propósitos didáticos e comunicativos, colocando em ação um propósito relevante pela perspectiva do aluno. Eles contextualizam conteúdos de forma interdisciplinar. Artigo 13 das Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais para a Educação Básica I. Concepção e organização do espaço curricular e físico que se imbriquem e alarguem, incluindo espaços, ambientes e equipamentos que não apenas as salas de aula da escola, mas, igualmente, os espaços de outras escolas e os socioculturais e esportivo-recreativos do entorno, da cidade e mesmo da região. (grifo nosso) Que tal começar pela reorganização da sala de aula do Ensino Fundamental? Inspiração na Educação Infantil “Está na hora de pensarmos numa organização espacial mais voltada para os interesses e autonomia das crianças, quebrando o paradigma das carteiras perfiladas, móveis fixos, armários chaveados e um aluno dependente do adulto para qualquer atividade.” (BARBOSA e HORN, 2008) Cantos diversificados Podemos buscar inspiração na Educação Infantil, que desenvolve um trabalho muito interessante. A sala de aula é transformada em cantos de atividades diversificadas. O espaço organizado num contexto temático com cantos e recantos permite o livre trânsito das crianças, proporcionando autonomia intelectual e liberdade de escolhas. Um ambiente rico e instigante sugere possibilidades de descobertas e o desenvolvimento de projetos. (BARBOSA e HORN, 2008, p. 51) Interatividade A organização do currículo por projetos é uma das propostas para o desenvolvimento integral do ser humano. Portanto, na sua realização deve-se considerar a elaboração de projetos: a) Que sejam integrados, interdisciplinares, fruto de planejamento conjunto, com participação ativa e compartilhada de todos os envolvidos, considerando-se, também, a realidade sociocultural e os interesses dos alunos. b) Que priorizem os programas governamentais como forma de atingir os índices satisfatórios de aprendizagem. c) Com um tema comum, de interesse pessoal, previamente aprovado pelo conjunto dos professores. d) Que reorganizem os espaços educativos como forma de manter a disciplina dos alunos na escola. e) Que sejam interligados com as necessidades dos educadores, tendo em vista as precárias condições de trabalho em que se encontram. Resposta A organização do currículo por projetos é uma das propostas para o desenvolvimento integral do ser humano. Portanto, na sua realização deve-se considerar a elaboração de projetos: a) Que sejam integrados, interdisciplinares, fruto de planejamento conjunto, com participação ativa e compartilhada de todos os envolvidos, considerando-se, também, a realidade sociocultural e os interesses dos alunos. b) Que priorizem os programas governamentais como forma de atingir os índices satisfatórios de aprendizagem. c) Com um tema comum, de interesse pessoal, previamenteaprovado pelo conjunto dos professores. d) Que reorganizem os espaços educativos como forma de manter a disciplina dos alunos na escola. e) Que sejam interligados com as necessidades dos educadores, tendo em vista as precárias condições de trabalho em que se encontram. Projetos: resgate histórico Escolhemos os estudos de Maria da Graça Souza Horn e Maria Carmen Silveira Barbosa (2008)* para subsidiar nossos estudos. O uso da palavra projeto é antigo, provavelmente surgiu em Florença, no período do Renascimento, com o nascimento dos esboços de projetos técnicos, como por exemplo, da arquitetura e da engenharia mecânica, usados como antecipações metódicas (“Projetos Pedagógicos na Educação Infantil”. Editora Artmed: Porto Alegre, 2008) Projetos: resgate histórico No Iluminismo também surgem discussões sobre projetos sociais com o objetivo de usar o conhecimento para se pensar em uma vida melhor para o futuro. O próprio Emílio, de Rousseau, era um projeto educacional inovador para a época, que detinha uma visão revolucionária de criança. Projetos: resgate histórico No período entre os séculos XIX e XX, o movimento denominado Escola Nova, representado por Decroly, Montessori e Dewey, entre outros, fez uma crítica à escola tradicional e procurava criar formas de organizar o ensino que tivesse como característica a integração dos conhecimentos. No Brasil esse movimento foi coordenado por educadores expressivos como Lourenço Filho e Paschoal Lemme, que criaram o documento “Manifesto dos Pioneiros pela Educação”, em 1932. Projetos: resgate histórico Tivemos outras experiências com Decroly e os centros de interesse; com Dewey e seu seguidor Kilpatrick tivemos o nascimento dos projetos. Dewey defendia que os seres humanos têm desejo de aprender e conhecer, e a partir de suas dúvidas buscam respostas e explicações válidas para os seus questionamentos. A partir dessa premissa, a escola deveria auxiliar a criança a compreender o mundo por meio de pesquisa e debates. A participação da comunidade e da família eram consideradas importantes. Projetos: resgate histórico Dewey (1959, p. 47)* é considerado o grande responsável por essa pedagogia, pois ele dizia que preparar uma criança para a vida seria colocá-la em condições de projetar, de buscar meios de realizar seus próprios empreendimentos e de realizá-los pela própria experiência. Ele afirmava que “projetar e realizar é viver em liberdade”. (*DEWEY, John. “Vida e Educação”. São Paulo: Melhoramentos,1959) Projetos: resgate histórico Para Horn e Barbosa (2008): No século XX várias escolas americanas tentaram implantar o trabalho com projetos, mas enfrentaram entraves como o ensino tradicional, que devido a uma densa programação de conteúdos fragmentados e impostos, conflitava com a proposta. Outro fator prejudicial foi o rigor na previsão de tempo para a duração do projeto. Antes mesmo de implantá-lo, o seu prazo já estava predeterminado, o que se tornava incoerente com a ideia original, ou seja, a de respeitar o tempo de interesse dos envolvidos. E por fim Na tentativa de incorporar os conteúdos e o controle do tempo, a proposta foi adaptada para outro modelo de organização de ensino chamada unidades de ensino, as quais abandonaram os princípios importantes dos projetos, transformando-se em unidades didáticas, com temas e tempo controlados, e a centralidade das decisões ficava a cargo dos adultos. Projetos aproximam-se dos temas geradores de Paulo Freire A proposta de trabalho partia dos interesses e das necessidades dos alunos, tomando como referência a realidade socioeconômica deles e era associada aos conteúdos e às habilidades a serem desenvolvidas. Podemos dizer que os projetos foram pensados com objetivo de romper com o modelo tradicional de ensino e seus criadores. Conforme confirmam as autoras, buscavam a inovação e tinham a convicção de romper com o modelo tradicional vigente. Comparação com base em Hernández e Ventura (1998) O quadro presente no livro-texto traz uma comparação dos modos de organizar o ensino ao longo da história, conforme já explanamos. Nele pode-se observar as diferenças e as semelhanças mais relevantes entre os modelos: tema gerador, unidade didática, centro de interesse e projetos. A comparação transcrita está baseada em Hernández e Ventura (1998) no livro “A organização do currículo por projetos de trabalho: o conhecimento é um caleidoscópio” e consta também em Barbosa e Horn (2008, pp. 20-21). Comparação com base em Hernández e Ventura (1998) Tema gerador. Unidade didática. Centro de interesses. Projetos. Parafraseando Hernández (1998) Atualmente, estamos ajudando nossos alunos a globalizar, a estabelecer relações entre os diferentes conhecimentos a partir do trabalho que estamos fazendo na sala de aula? Atenção à reflexão dos autores! Quando não se compreende o que se aprende, não há uma boa aprendizagem, isso indica a necessidade de se reorganizar o currículo a partir de uma nova abordagem, por que não? Os projetos de trabalho. Portanto, mudar a forma de se trabalhar a organização do currículo é mudar a organização do espaço e do tempo. São questões que envolvem o entendimento da função da escola como geradora de cultura e não só de aprendizagem de conteúdos. (HERNÁNDEZ, 1998, p. 32) Considerando que: Não é recente na história da educação a pedagogia de projetos. Voltamos a tratar deles hoje, diferente do formato proposto pelos escolanovistas. Há necessidade de se modificar a estrutura e a organização da vida escolar, tendo em vista a dinâmica da sociedade contemporânea. Conclui-se que os projetos podem ser uma forma de se trabalhar os conteúdos de forma integrada e interdisciplinar. Outros argumentos são necessários para revigorar a pedagogia dos projetos “O currículo globalizado e interdisciplinar converte-se assim em uma categoria ‘guarda-chuva’ capaz de agrupar uma variedade de práticas educacionais desenvolvidas nas salas de aula, e é um exemplo significativo do interesse em analisar a forma mais apropriada de contribuir para melhorar os processos de ensino aprendizagem.” (SANTOMÉ apud BARBOSA e HORN. 2008, p. 44) Novas formas de aprender O conhecimento é socialmente construído nas interações entre os sujeitos e o ambiente físico e social do qual fazem parte: “Não só a escola, mas todo o ambiente ensinar-aprender significa criar cultura”. (BARBOSA e HORN, 2008) Nova forma de organização do conhecimento e da gestão do tempo e do espaço na escola “O tempo é pensado em períodos de trabalho, onde o que se valoriza é o que cada aluno vai aprendendo, pois ele se torna responsável pela sua aprendizagem, tendo no professor um mediador, juntamente com a participação de outros alunos.” (HERNÁNDEZ, 1998) A organização curricular por projetos de trabalho leva em conta a ideia de integrar os conhecimentos Não é uma tarefa fácil mudar. A escola tem ainda que construir muitos caminhos e depende dos profissionais docentes, das expectativas das famílias e das políticas públicas e governamentais para concretizar mudanças que envolvem rever estruturas consolidadas há muitas décadas. Interatividade De acordo com os estudos apresentados, são modalidades organizativas da aprendizagem:I. Projetos. II. Sequências didáticas. III. Atividades permanentes. IV.Atividades ocasionais. Escolha o(s) item(ns) correto(s): a) I e II b) III e IV c) I, apenas d) IV, apenas e) Todos os itens. Resposta De acordo com os estudos apresentados, são modalidades organizativas da aprendizagem: I. Projetos. II. Sequências didáticas. III. Atividades permanentes. IV.Atividades ocasionais. Escolha o(s) item(ns) correto(s): a) I e II b) III e IV c) I, apenas d) IV, apenas e) Todos os itens. Conceito Vamos conhecer o significado da palavra projeto? A palavra projeto vem do latim projectu, que significa colocar adiante, lançar-se à frente. É uma ação intencional, um plano de ação que propõe algo, que se antecipa em um esboço que se concretiza por várias representações, sejam elas desenhos, textos, cálculos, plantas com vistas a vislumbrar a passagem do intencional para se tornar real. Para Machado apud Barbosa e Horn (2008, p. 32) Projetar é uma das características do homem: “Os sonhos, as ilusões e as utopias são essenciais para alimentar a imaginação quando se pensa na elaboração de projetos, mas é o caráter operatório dos projetos que os distingue das utopias.” (MACHADO, Nilson. “Educação: projetos e valores”. São Paulo: Escrituras, 2000) Diferentes denominações para projetos Projeto político-pedagógico. Projeto de trabalho pedagógico. Projeto pedagógico. Projeto didático. Projeto de trabalho, entre outros nomes. E as siglas que esses nomes representam? Cuidado com os modismos! O modismo dos projetos tem sido representado nas escolas por projetos temáticos que envolvem um trabalho em grupo com um tema, como a Copa ou as Olimpíadas, ou ainda um projeto do meio ambiente. Muitas vezes, esses “projetos” se resumem a um cartaz enfeitado para emoldurar as paredes das salas de aula. São na maioria reducionistas e superficiais na aquisição do conhecimento. Barbosa e Horn (2008) nos alertam que o projeto: Tem como marca a inovação, mas isso não significa que devemos imputar a essa marca um poder mágico na metodologia que ele abarca, existem preceitos básicos dos quais não podemos nos esquecer. Dá um sentido novo na forma de aprender, mas outras possibilidades devem ser levadas em conta, dependendo do momento e da natureza dos conhecimentos. Vamos verificar os pontos em comum em um projeto? Barbosa e Horn (2008, p. 33) apontam que no âmbito educativo Alguns momentos decisivos são universais na sua elaboração e estão presentes em quase todos os projetos. São eles: A definição do problema. O planejamento do trabalho. A coleta, a organização e o registro. A avaliação e a comunicação. Projetar, portanto, vai além do sonho, da utopia Nogueira (2002) criou um roteiro de ações para a implantação de um projeto e ainda esclarece que esse roteiro é o que diferencia um projeto de trabalho de um projeto temático, a saber: 1. Ter clareza nos objetivos. 2. Elaborar. 3. Planejar e definir um percurso. 4. Levantar hipóteses e fazer investigações. 5. Executar e replanejar, se necessário. 6. Apresentar e avaliar. A palavra chave é participação Um projeto não é um plano de trabalho ou um conjunto de atividades justapostas. Ele é uma intervenção pedagógica que tem um sentido claro, ou seja, é uma necessidade de aprendizagem de situações-problemas reais e diversificadas. Permite, assim, que os alunos, ao participarem do processo, decidam, opinem, debatam, construam sua autonomia e seu compromisso com o social, formando-se como sujeitos culturais. Para Hernández (1998) Os projetos de trabalho são possibilidades de se ressignificar os espaços de aprendizagem de forma que eles venham a contribuir para a formação de sujeitos ativos, reflexivos e participantes. Os projetos criam necessidades de aprendizagem de novos conteúdos, que poderão ser aprofundados e sistematizados em módulos de aprendizagem, que por sua vez irão repercutir sobre as situações e as intervenções dos alunos em outros momentos da vida escolar. Nogueira (2002) diz que projeto é “uma ação de investigação que possa propiciar a interação do sujeito aprendiz com meio e com o objeto de conhecimento, gerando por consequência a pesquisa, criação, elaboração, depuração, (re) elaboração e múltiplas aquisições.” Projetos de trabalho ou projetos didáticos os que são desenvolvidos na sala de aula, aqueles elaborados pelo professor a partir e com a participação dos alunos. Projetos da escola Os projetos da escola são aqueles que envolvem as famílias, a comunidade escolar, as equipes docentes e técnica, por exemplo, o projeto político-pedagógico, ou os projetos organizados para serem trabalhados com as famílias e os alunos ou ainda só para a formação de pais. O projeto político-pedagógico é um conjunto de intenções que revelam uma concepção de mundo, sociedade e educação da escola. Projeto político-pedagógico A sua construção envolve participação, compromisso e comprometimento de toda equipe escolar, pais e comunidade escolar. Nesse trabalho, muitas reuniões são feitas para discussão e cabem as mais diversas questões no seu debate para a elaboração de um documento que expresse a “cara”da escola define a carta de intenções das ações pedagógicas da escola. Projeto político-pedagógico Que tipo de escola se quer construir: com que características, valores e diretrizes? Que tipo de aluno se quer formar, com que valores, conhecimentos, habilidades, capacidades para participarem da sociedade onde vivem? Como devem ser as relações com a comunidade escolar? Nogueira (2002) traz em seu livro “Pedagogia dos projetos” Projetos Manguezais: importância da preservação. Projetos Pipas: um exemplo de projeto interdisciplinar. Projeto Centro Médico: um exemplo transdisciplinar. Exemplos de projetos sobre o sistema solar. Aniversário da cidade. As etapas de um projeto, segundo Nogueira Sonhos, utopias, desejos e necessidades. Planejamento. Execução e realização. Depuração. Apresentação e exposição. Avaliação e crítica. As etapas de um projeto, segundo Barbosa e Horn Definição do problema. Mapeamento de recursos. Coleta de informações. Sistematização e reflexão das informações. Documentação e comunicação do projeto. Resumindo Um projeto é: “[...] uma abertura de possibilidades amplas e com vasta gama de variáveis, de percursos imprevisíveis, criativos, ativos, inteligentes acompanhados de uma grande flexibilidade de organização.” (BARBOSA e HORN, 2008) Interatividade Uma característica significativa de um projeto de trabalho e que o diferencia das outras modalidades organizativas da aprendizagem é que ele conta com: a) A determinação da secretaria de educação. b) A decisão exclusiva do professor. c) A participação ativa dos alunos no processo de seu desenvolvimento. d) A influência da realidade local. e) O suporte de recursos materiais da Associação de Pais e Mestres. Resposta Uma característica significativa de um projeto de trabalho e que o diferencia das outras modalidades organizativas da aprendizagem é que ele conta com: a) A determinação da secretaria de educação. b) A decisão exclusiva do professor. c) A participação ativa dos alunos no processode seu desenvolvimento. d) A influência da realidade local. e) O suporte de recursos materiais da Associação de Pais e Mestres. Interdisciplinaridade A proposta de se trabalhar com projetos vem superar a ideia linear e fragmentada dos currículos. Os projetos representam novas configurações curriculares, que favorecem a interação da escola com a realidade, evitando a transmissão do conhecimento e incentivando a formulação de perguntas e da pesquisa. Interdisciplinaridade É vital que o professor compreenda a contribuição de cada área do conhecimento na construção dos saberes dos alunos, permitindo com isso um diálogo entre as disciplinas. No entanto, dizer que a interdisciplinaridade se resume à tarefa de criar uma integração entre as disciplinas é perder-se no conceito, empobrecê-lo. A interdisciplinaridade é marca do trabalho coletivo na medida em que aborda a intersubjetividade. Vamos entender melhor o que isso significa? A interdisciplinaridade combate a fragmentação do conhecimento entre os diferentes campos do saber, que apenas informa o aluno do conhecimento histórico produzido. Os currículos conduzem os alunos a um acúmulo de informações e a cada dia novas disciplinas se agregam a ele, avolumando ainda mais os conhecimentos a serem organizados e sistematizados. Vamos entender melhor o que isso significa? “Com a adoção de novas metodologias de trabalho, algumas escolas têm abandonado o currículo tradicional e dado ênfase a novos conhecimentos, pautados no senso comum, considerados mais atuais. Esquecem-se, com isso, que essa atitude é conservadora, pois pode gerar prepotência ainda maior que o conhecimento científico.” (FAZENDA, 2001, p. 17) Vamos entender melhor o que isso significa? Fazenda (2001) continua: “o senso comum, quando interpenetrado do conhecimento científico, pode gerar racionalidades – o conhecimento não seria privilégio de um, mas de vários.” Isso significa dizer que o pensar disciplinar tenta um diálogo com outras formas de conhecimento, deixando-se interpenetrar por elas. Aceita-se o senso comum como válido, ampliado através do diálogo com o conhecimento científico. Assim, em um projeto, causa e intenção se fundem, conseguindo captar a profundidade das relações entre as pessoas e as coisas. Fazenda (2001) reforça: O projeto sob essa ótica não se orienta para produzir, mas como um ato de vontade. O projeto interdisciplinar “não se ensina, nem se aprende, vive-se, exerce-se”. Isso exige entender a passagem da subjetividade para a intersubjetividade, quando o envolvimento e o desejo de busca de um contaminam o outro e o grupo, reelaborando-se a busca de um novo conhecimento, que não é interesse e nem privilégio de alguns, mas de todos. Metáfora da Professora Sandra Lúcia Ferreira Compara a compreensão de interdisciplinaridade ao conhecimento de uma sinfonia. Com objetivo de executá-la, é necessária a integração de muitos elementos: os instrumentos, as partituras, os músicos, o maestro, o público e os equipamentos eletrônicos, entre outros. Organizada a orquestra, todos os elementos são igualmente importantes, pois eles se ligam em um todo, em um movimento contínuo, equilibrado. O projeto é o mesmo para todos, ou seja, o foco é a execução da música. Metáfora da Professora Sandra Lúcia Ferreira Todavia, cada uma das partes desse projeto tem sua marca, sua individualidade. Para a sinfonia se concretizar, é preciso contar com a participação de seus envolvidos, da harmonia do maestro e a expectativa dos que a assistem para a composição de um todo integrado. Assim é a interdisciplinaridade: É a integração das muitas ciências, como possibilidade de enriquecer e ultrapassar a construção dos muitos elementos que compõem o conhecimento. A interdisciplinaridade tem a característica de integrar todos os elementos do conhecimento, mas pressupõe ainda um movimento ininterrupto, criando outros pontos de discussão, reinventando-se , buscando novas combinações e desdobramentos entre as pessoas que participam dessa busca. A sinfonia então não termina... ... ela se recria, transforma-se, combinando cada um dos seus elementos, respeitando a sua ideia norteadora por eixos comuns: a intenção, a humildade, o respeito pelo outro, a totalidade, a consciência da importância do diálogo. Sem esses elementos não estaríamos aprendendo uma atitude interdisciplinar que é pensar que um fato ou acontecimento nunca é isolado, mas uma consequência da relação entre muitos fatos. (FERREIRA, 2001, pp. 33-34) Exemplo de uma prática interdisciplinar A pipa (NEIRA, 2008, pp. 88-89) Para Ferreira (2001, p. 35), a interdisciplinaridade é: “norteada por quatro eixos básicos: a intenção, a humildade, a totalidade, o respeito pelo outro [...]”. A autora explica que um fato nunca está sozinho, mas ele é consequência da relação entre muitos outros fatores. Complementando, Fazenda (1993) diz: é importante considerar a necessidade de se assumir uma nova postura diante do conhecimento, ou seja, o ponto de partida e chegada de uma prática interdisciplinar depende da ação do diálogo que acontece entre as disciplinas e os sujeitos da ação. Interdisciplinaridade Integra horizontalmente os conteúdos, superando a fragmentação deles e aponta para a construção de um currículo mais vivo, articulado e participativo. Diante do exposto, retornamos o início da unidade II com a reflexão da fábula da convivência, ao se abordar a importância de sentir-se componente de um todo e que para isso precisamos nos desintegrar no outro e integrar-nos novamente, em um movimento que envolve a unidade e a totalidade, a razão e o humano. Resumindo O projeto de trabalho é uma modalidade organizativa do tempo didático que visa: Compartilhar objetivos mediante um propósito educacional. Elaborar um produto final que possa ser partilhado, divulgado. A organização/planejamento de etapas de trabalho em que todos devem se envolver. Comprometer todos os envolvidos, pois suas ideias, intenções e desejos estão circulando pelo projeto, constituindo e estruturando o projeto. O projeto de trabalho visa Promover o trabalho cooperativo, já que é preciso tomar decisões. Discutir ideias e avaliar em conjunto. Ampliar o conhecimento de um determinado saber, informação, situação, acontecimento. Ter como referência inicial o levantamento de dados conhecidos, evidenciados em uma dada situação (conhecimentos prévios do grupo). Por que trabalhar com projetos? Porque eles propiciam aprendizagens significativas, tiram o aluno da passividade, vão além do conteúdo conceitual, permitem uma formação mais ampla, auxiliam no desenvolvimento como um todo e oferecem a aprendizagem em diferentes áreas: emocional, social, afetivo, motor e cognitivo. Por que trabalhar com projetos? O trabalho com projeto favorece o aluno, pois o coloca no centro da atenção pedagógica. Parte da ideia das crianças, simboliza uma aprendizagem mais significativa, impulsiona o desenvolvimento e a autonomia do aluno, criam-se aulas dialogadas que partem de necessidades, problemas, perguntas e hipóteses dos alunos e ele nunca é um planejamento de passos fechados. Interatividade Do que aprendemos, cabe à disciplina OPPEF,em relação à formação do futuro professor: I. Contribuir para a construção de novos modelos didáticos. II. Colaborar para a solidificação das informações adquiridas durante seu processo escolar. III. Ajudá-lo a compreender que o ponto de partida é o conhecimento prévio do aluno. A única resposta correta é: a) I, II, III. b) I e II. c) Apenas a III. d) Apenas a II. e) I e III. Resposta Do que aprendemos, cabe à disciplina OPPEF, em relação à formação do futuro professor: I. Contribuir para a construção de novos modelos didáticos. II. Colaborar para a solidificação das informações adquiridas durante seu processo escolar. III. Ajudá-lo a compreender que o ponto de partida é o conhecimento prévio do aluno. A única resposta correta é: a) I, II, III. b) I e II. c) Apenas a III. d) Apenas a II. e) I e III. ATÉ A PRÓXIMA!
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