Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
O professor e o ambiente de aprendizagem Núcleo de Educação a Distância www.unigranrio.com.br Rua Prof. José de Souza Herdy, 1.160 25 de Agosto – Duque de Caxias - RJ Reitor Arody Cordeiro Herdy Pró-Reitoria de Programas de Pós-Graduação Nara Pires Pró-Reitoria de Programas de Graduação Lívia Maria Figueiredo Lacerda Produção: Gerência de Desenho Educacional - NEAD Desenvolvimento do material: Andressa Arana 1ª Edição Copyright © 2020, Unigranrio Nenhuma parte deste material poderá ser reproduzida, transmitida e gravada, por qualquer meio eletrônico, mecânico, por fotocópia e outros, sem a prévia autorização, por escrito, da Unigranrio. Pró-Reitoria Administrativa e Comunitária Carlos de Oliveira Varella Núcleo de Educação a Distância (NEAD) Márcia Loch Sumário O professor e o ambiente de aprendizagem Para início de conversa… .................................................................. 04 Objetivos ......................................................................................... 05 1. O Papel do Professor na Gestão Escolar Democrática ................ 06 2. A Gestão do Ambiente de Aprendizagem: a Sala de Aula ........... 08 3. A Importância da Formação Continuada .................................. 14 Síntese ............................................................................................ 20 Referências ....................................................................................... 21 4 Gestão Democrática: Práticas e Desafios Para início de conversa… O professor exerce um papel que está diretamente relacionado aos objetivos escolares. Ele desenvolve as competências necessárias à formação do aluno e, por isso, é o grande aliado da escola no cumprimento de sua missão. A competência com a qual a escola é organizada e mantida afeta vitalmente o trabalho do professor e, em consequência, a sala de aula. Uma gestão democrática e colaborativa favorece a escola como um todo, pois compreende-se a organização escolar como uma comunidade de aprendizagem onde todos aprendem e ensinam ao mesmo tempo. O corpo docente realiza as atividades de ensino-aprendizagem que são capazes de transformar e desenvolver os alunos, de modo que esses se tornem sujeitos ativos, críticos e reflexivos no mundo em que atuam. O crescimento pessoal e profissional dos professores está intimamente relacionado ao do aluno. Uma das intervenções mais importantes que a escola pode realizar é investir na aprendizagem do professor, incentivando-o à inovação e à pesquisa continuamente. Dessa forma, nesta unidade, vamos refletir sobre o papel do professor na escola democrática, entender seus principais desafios como gestor da aprendizagem, como também analisar a contribuição da formação continuada em seu constante processo de aprendizado. 5Gestão Democrática: Práticas e Desafios Objetivos ▪ Compreender o papel docente no processo de gestão das escolas; ▪ Identificar os desafios da gestão da sala de aula; ▪ Reconhecer a importância da formação continuada. 6 Gestão Democrática: Práticas e Desafios 1. O Papel do Professor na Gestão Escolar Democrática De acordo com Libâneo, Oliveira e Toschi (2012), a escola é o local do exercício docente e a organização escolar é o espaço de aprendizagem da profissão, no qual o professor coloca em prática suas convicções, seu conhecimento sobre a realidade, suas competências pessoais e profissionais, trocando experiências com os colegas e aprendendo mais sobre o seu trabalho. O professor participa ativamente do processo de gestão escolar, pois forma, com os demais colegas, uma equipe de trabalho que aprende novas competências e uma maneira de agir coletiva, favorecendo assim a formação dos alunos. Segundo ainda Libâneo, Oliveira e Toschi (2012), a escola funciona com base em dois movimentos inter-relacionados: ▪ Estrutura da gestão escolar: atua na condução do trabalho administrativo e pedagógico, no modo de agir, na orientação e na prática dos profissionais da escola, incluindo os professores; ▪ Trabalho docente: contribui com a definição dos objetivos de ensino, a formulação do projeto pedagógico, a elaboração de formas didáticas de ensino etc. Em muitas escolas, nas quais o modelo de gestão democrático não funciona efetivamente, ainda se observa o trabalho docente de forma isolada, pois entende-se que a sua responsabilidade inicia e termina na sala de aula. No entanto, a escola, dentro de um processo democrático de gestão, adota um trabalho colaborativo e participativo no qual os docentes aprendem com as situações de trabalho, compartilham conhecimentos, metodologias e práticas avaliativas com os colegas que dão subsídios à construção do projeto pedagógico. Importante 7Gestão Democrática: Práticas e Desafios A escola, dentro de uma perspectiva democrática, é um ambiente de aprendizagem aberto aos conhecimentos, à ação e à reflexão da sua comunidade como um todo, incluindo professores, pais, alunos, profissionais técnicos e administrativos. Nesta concepção, entende-se que a sala de aula é um local de intensa interatividade que envolve um processo dialógico com a realidade e o contexto daqueles que a vivenciam (professores e alunos), e que necessita de participação, debate, trocas de significados e representações, pois a sala de aula é um espaço de construção, reconstrução e compartilhamentos de culturas. Libâneo, Oliveira e Toschi (2012, p.307) concordam que a escola: É um espaço de compartilhamento de significados, de conhecimento e de ações entre as pessoas. A organização escolar entendida como comunidade democrática de aprendizagem transforma a escola em lugar de compartilhamento de valores e práticas, por meio do trabalho e da reflexão conjunta sobre planos de trabalho, problemas e soluções relacionados à aprendizagem dos alunos e ao funcionamento da instituição. Para tanto, esta precisa introduzir formas de participação real de seus membros nas decisões, como reuniões, elaboração do projeto pedagógico-curricular, atribuição de responsabilidades, definição de modo de agir coletivos e de formas de avaliação, acompanhamento do projeto e das atividades da escola e da sala de aula. É preciso ainda, que estabeleçam ações de formação continuada, para o desenvolvimento dos professores e seu aprimoramento. (Libâneo, Oliveira e Toschi, 2012, p.307) Os autores destacam, ainda, a seguinte reflexão: se tanto a escola quanto a sala de aula são comunidades de aprendizagem, logo uma exerce efeito sobre a outra, ou seja, os valores e as práticas compartilhados no âmbito da organização escolar exercem efeitos diretos na sala de aula e o que ocorre na sala de aula tem efeitos na organização escolar. Importante 8 Gestão Democrática: Práticas e Desafios O professor tem um papel fundamental na condução dos objetivos escolares. Para compreender mais sobre a atuação do professor, indicamos a leitura de Qual o papel dos professores e como estimular a participação dos estudantes?. A referência completa está disponível no final da unidade. Vale conferir! 2. A Gestão do Ambiente de Aprendizagem: a Sala de Aula Pode-se afirmar que um dos grandes objetivos da escola relaciona-se com a aprendizagem dos alunos. Desse modo, a organização escolar necessária é a que busca a melhoria da qualidade do ensino. Por conta disso, o trabalho na sala de aula torna-se razão de ser da organização e gestão escolar, e o trabalho dos professores está relacionado à gestão direta deste ambiente de aprendizagem. Figura 1: Sala de aula do ensino fundamental. Fonte: Dreamstime. Importante 9Gestão Democrática: Práticas e Desafios A sala de aula faz parte de um todo maior que é a escola, e a mesma articula-se de maneira interdependente aos processos de gestão. Alguns exemplos clarificam esta relação: ▪ A gestão escolar proporciona as condições de infraestrutura para o trabalho na sala de aula; ▪ As normas disciplinares da escolaorientam o comportamento de todos os alunos dentro e fora da sala de aula (espaços comuns da escola); ▪ A aprendizagem dos alunos é contínua e sequencial, ou seja, o que aprende-se em uma série influenciará a aprendizagem nas séries seguintes; ▪ Os objetivos de formação são decididos coletivamente, por conta disso, os professores chegam a um consenso em relação às práticas avaliativas e de orientação de suas turmas. Os professores, em parceria com os demais membros da comunidade escolar, atuam de forma integrada. Cada um contribui com seus talentos e competências para construir uma escola de qualidade. Para conhecer alguns desafios da gestão da sala de aula, leia o artigo intitulado Gestão da sala de aula: você mais seguro em classe. A referência completa está disponível no final da unidade. Segundo Veiga (2008), a docência é o trabalho do professor que envolve atividades que ultrapassam a tarefa de ministrar aulas. As funções didáticas, tais como ter conhecimento e ensinar, tornaram-se complexas ao longo do tempo em decorrência, principalmente, das mudanças ocorridas na forma de gerir a escola de forma mais democrática. Por conta disso, o papel do professor ampliou-se agregando novas responsabilidades e funções. Saiba Mais 10 Gestão Democrática: Práticas e Desafios Figura 2: Professores. Fonte: Dreamstime. A autora (Veiga, 2008) aponta ainda que o campo da docência vem se ampliando a partir das necessidades de um novo cenário social e tecnológico e que, atualmente, uma das funções do professor é a de inovar. Inovação, no sentido de criar novas metodologias de ensino, mas também nas formas de se relacionar com os alunos. O exercício profissional do professor compreende, na percepção de Libâneo, Oliveira e Toschi (2012), três atribuições: ▪ Docência Como docente, necessita de preparo profissional específico para ensinar conteúdos, dar acompanhamento individual aos alunos e proceder à avaliação da aprendizagem, gerir a sala de aula, ensinar valores, atitudes e normas de convivência social e coletiva. 11Gestão Democrática: Práticas e Desafios Precisa também desenvolver conhecimentos sobre questões pedagógicas importantes, tais como: elaboração do projeto pedagógico, planos de ensino, formas de organização curricular, critérios de formação, práticas avaliativas, metodologias de ensino inovadoras etc. ▪ Atuação na organização e gestão da escola Como membro da equipe escolar, o professor deve dominar os conhecimentos relacionados à organização e à gestão, desenvolver capacidades e habilidades práticas para participar dos processos de tomada de decisões em várias situações (reuniões, conselhos de classe, conselho escolar etc.), bem como atitudes de cooperação, de solidariedade, de responsabilidade, de comprometimento, de respeito mútuo e de diálogo. ▪ Produção de conhecimento pedagógico Como profissional que produz conhecimento sobre o seu trabalho, o professor precisa pesquisar continuamente, tanto para rever suas práticas de ensino como para aprimorar e construir novos saberes. Acompanhando o processo de aprendizagem dos seus alunos, o professor tem a possibilidade de acompanhar o processo de ensino. A investigação didática pela avaliação da aprendizagem, pode indicar necessidades de mudanças na condução do processo, corroborar na eficácia de situações de ensino utilizadas, revelar os erros e acertos de quem organiza o processo, bem como apontar a melhor maneira de se organizar o ensino propriamente. Logo, a avaliação trata-se de uma via de mão de dupla. Por um lado, indica ao aluno seus progressos e dificuldades, por outro, indica ao professor como está sendo desenvolvido o processo de ensino-aprendizagem, assim como os aspectos mais bem-sucedidos ou aqueles que exigem mudanças. Sendo assim, assume uma característica dinâmica: é tanto impulsionadora da aprendizagem como promotora da melhoria do ensino. Acreditar que a avaliação é um instrumento de aprendizagem e investigação didática permanente implica em aceitar que o ensinar e o aprender ajustam-se ao próprio processo educativo. Esse tipo de avaliação 12 Gestão Democrática: Práticas e Desafios fornece ao professor diversas informações sobre o curso do processo de ensino-aprendizagem, que permitirá emitir um julgamento mais eficaz sobre o desenvolvimento do seu trabalho e, de acordo com essa análise, modificá-lo para adequar às características, às capacidades e às necessidades de seus alunos. Figura 3: Avaliação é um instrumento de aprendizagem e investigação. Fonte: Dreamstime. A avaliação como investigação didática deve auxiliar e orientar o professor na busca de respostas às seguintes questões: Como cada aluno está desenvolvendo sua aprendizagem? Por que este aluno não está aprendendo? Quais as suas dificuldades? Por que ele comete determinados erros? Como trabalhar com o erro dos alunos? Quais atividades e materiais ajudam a superar as dificuldades? Como fazer o acompanhamento do processo de aprendizagem criando novos desafios? Essas e muitas outras questões podem ser feitas, pois a investigação didática visa à análise não só do produto da aprendizagem, mas de todo o processo educativo (ANDRÉ; PASSOS, 2005, p.183). 13Gestão Democrática: Práticas e Desafios A investigação didática desencadeia a reflexão e a autocorreção do processo de ensino, tendo em vista a aprendizagem dos alunos. O professor interventor, nesse sentido, revisa e organiza seu método de ensino, pois ensinar leva à pesquisa, à investigação, ao descobrimento, que se constitui, assim, em um constante aprendizado. Não aprende apenas o aluno, mas também o professor em uma constante produção de autoconhecimento. De acordo com Monteiro e Mota (2013), a principal interface nos ambientes de aprendizagem é o professor que atua na mobilização, no estímulo, na mediação e na conexão com os alunos. Assumindo-se como interface humana, é necessário que o educador reúna condições para promover o acoplamento e o diálogo entre pessoas, ideias e valores, sendo estes os mais diferentes, o que exige dele um profundo conhecimento sobre essas diferenças para que possa reconhecer seus limites e suas possibilidades, identificando as oportunidades e as demandas para sua atuação. Os autores consideram que aprender, ensinar e o próprio modo de operar da inteligência são fenômenos essencialmente sociais e conectivos por natureza. Portanto, não podem ocorrer fora da dinâmica comunicativa das trocas simbólicas e dos discursos performativos, que dependem dos sistemas de códigos, linguagens e seus meios. Dessa forma, o professor, como gestor de ambiente de aprendizagem, precisa desenvolver três eixos estratégicos: ▪ Estratégias de comunicação didática; ▪ Estratégias de comunicação pessoal; ▪ Estratégias de relacionamento. Dessa forma, fica entendido que para gerir um ambiente de aprendizagem, seja uma sala de aula física ou virtual, o professor precisará potencializar suas estratégias para melhoria de seus métodos de ensino, de suas formas de comunicação e do relacionamento com as turmas, pensando que cada turma é única e que tem perfis e necessidades diferentes, o que exigirá do docente um exercício de aprendizagem contínua para atender aos anseios de cada grupo. Importantefornece ao professor diversas informações sobre o curso do processo de ensino-aprendizagem, que permitirá emitir um julgamento mais eficaz sobre o desenvolvimento do seu trabalho e, de acordo com essa análise, modificá-lo para adequar às características, às capacidades e às necessidades de seus alunos. Figura 3: Avaliação é um instrumento de aprendizagem e investigação. Fonte: Dreamstime. A avaliação como investigação didática deve auxiliar e orientar o professor na busca de respostas às seguintes questões: Como cada aluno está desenvolvendo sua aprendizagem? Por que este aluno não está aprendendo? Quais as suas dificuldades? Por que ele comete determinados erros? Como trabalharcom o erro dos alunos? Quais atividades e materiais ajudam a superar as dificuldades? Como fazer o acompanhamento do processo de aprendizagem criando novos desafios? Essas e muitas outras questões podem ser feitas, pois a investigação didática visa à análise não só do produto da aprendizagem, mas de todo o processo educativo (ANDRÉ; PASSOS, 2005, p.183). 14 Gestão Democrática: Práticas e Desafios 3. A Importância da Formação Continuada Segundo Libâneo (2013), é por meio da participação na organização e gestão do trabalho escolar que os professores aprendem a tomar decisões coletivamente, formular o projeto pedagógico, dividir com os colegas as preocupações, desenvolver o espírito de solidariedade, assumir coletivamente a responsabilidade pela escola, investir no seu desenvolvimento profissional e, principalmente, aprender sua profissão. Entende-se que a formação inicial (experiência como aluno e realização dos estágios) é o primeiro passo para o desenvolvimento profissional do professor. No entanto, é imprescindível ter a clareza de que os professores aprendem muito mais compartilhando a sua profissão e os seus problemas no contexto de trabalho. Figura 4: Reunião de professores. Fonte: Dreamstime. É nesse exercício do trabalho que, de acordo com Libâneo (2013), o docente produz sua profissionalidade, que atualmente é a ideia-chave do conceito de formação continuada. A profissionalidade pressupõe a profissionalização e o profissionalismo: 15Gestão Democrática: Práticas e Desafios ▪ A profissionalização refere-se às condições que garantam o exercício profissional de qualidade. Essas condições são a formação inicial e a continuada, nas quais o professor aprende e desenvolve suas competências. ▪ O profissionalismo refere-se ao desempenho competente e compromissado dos deveres e responsabilidades que constituem a especificidade de ser professor, e ao comportamento ético e político expresso nas atitudes relacionadas à prática profissional. Dessa forma, a formação continuada não pode ser compreendida como algo que ocorre esporadicamente no decorrer da carreira docente. Atualmente, ela é vista como uma das múltiplas dimensões que constituem a formação docente desde a sua graduação e ao longo de toda a sua vida profissional (PLACCO; SILVA apud GENTILINI; SCARLATTO, 2015). A dimensão da formação continuada é reconhecida pelas autoridades e pelos formuladores de políticas educacionais como fundamental para que os professores preencham as lacunas de sua formação inicial e tenham segurança em sua prática diante das mudanças que estão ocorrendo na sociedade e na educação. Reconhece-se, dessa forma, que a formação continuada, pensada em novas bases como uma das dimensões da formação docente, é o recurso mais eficiente para manter os professores permanentemente atualizados sobre as mudanças na educação transitando pela reflexão entre teoria e prática (GENTILINI e SCARLATTO; 2015). Colocar a escola como local de aprendizagem da profissão do professor significa entender que é nesse espaço que o professor desenvolve os saberes e as competências para ensinar, mediante um processo individual e coletivo. No entanto, o sentido de saberes e competências dos professores não pode ser reduzido às habilidades e às destrezas técnicas, isto é, apenas ao saber fazer. Não se quer um professor-técnico cujo conhecimento se restrinja ao domínio das aplicações do conhecimento científico e às regras de atuação. A internalização dos saberes e das competências profissionais supõe conhecimentos científicos e valorização de elementos criativos voltados para a arte do ensino, dentro de uma perspectiva crítico-reflexiva. Importante 16 Gestão Democrática: Práticas e Desafios Uma das formas mais eficazes de aprender a enfrentar as mudanças e os constantes desafios exigidos no processo educativo é o desenvolvimento de uma atitude crítico-reflexiva, que pode ser entendida como a capacidade reflexiva com base na própria prática do que se pensa, sente e age em relação às práticas de trabalho. Libâneo (2013) considera que a ação e a reflexão atuam simultaneamente, porque elas estão sempre entrelaçadas. Pode-se refletir sobre a ação, transformando-a em pensamento, ao mesmo tempo que pode- se traduzir ideias em ações. Dessa maneira, a formação profissional, tanto a inicial como a continuada, deve articular a prática e a reflexão sobre a prática de modo que o professor se transforme em um profissional crítico-reflexivo dominador de uma prática refletida. Pimenta (apud LIBÂNEO, 2013) ressalta que o trabalho do professor é uma atividade mais intelectual do que técnica, pois implica em compreender criticamente o funcionamento da realidade e associar esta compreensão ao papel do educador, de modo a aplicar sua visão crítica ao trabalho concreto nos contextos específicos em que eles acontecem.Ou seja, para que o professor possa facilitar a aprendizagem, ele precisa interagir com o contexto onde essa aprendizagem está inserida. Há uma intensa reflexão nesse processo, pois é necessário pensar na realidade cultural de cada escola que atua, no perfil dos alunos e nas formas de gestão que são desenvolvidas na organização escolar. A autora destaca ainda que: A formação de professores na tendência reflexiva se configura como uma política de valorização do desenvolvimento pessoal-profissional dos professores e das instituições escolares, uma vez que supõe condições de trabalho propiciadoras da formação contínua dos professores, nos locais de trabalho, em redes de autoformação, e em parceria com outras instituições de formação (PIMENTA apud LIBÂNEO, 2013). Importante 17Gestão Democrática: Práticas e Desafios A concepção atual da formação continuada do professor como intelectual crítico, profissional reflexivo, pesquisador, elaborador de conhecimentos e participante qualificado na organização e gestão da escola exige que o docente: Para Christov (apud LIBÂNEO, 2013; p.66-67), “a educação continuada se faz necessária pela própria natureza do saber e do fazer humanos como práticas que se transformam constantemente”, pois a realidade se modifica rapidamente e o saber que construímos sobre ela precisa ser revisto e ampliado sempre. Nas escolas, a construção da identidade profissional do professor depende, em boa parte, das formas de organização do trabalho escolar. Em especial, de uma coordenação pedagógica atuante em prol da qualidade do ensino que proponha e realize a gestão do projeto pedagógico, articulando o trabalho coletivo que lidere a inovação e favoreça a constante reflexão sobre a prática. Prepare-se teoricamente quanto aos temas pedagógicos e respectivos conteúdos para poder realizar a reflexão sobre a sua prática; Atue como intelectual crítico na contextualização sociocultural de suas aulas e na transformação social mais ampla; Torne-se investigador em sala de aula, analisando suas práticas, revendo rotinas e inventando novas soluções; Desenvolva habilidades de participação grupal e de tomada de decisões, seja na elaboração do projeto pedagógico e da proposta curricular, como também nas várias atividades da escola como execução de ações, análise de problemas, discussão de pontos de vista e avaliação de situações. 18 Gestão Democrática: Práticas e Desafios Figura 5: Projeto pedagógico para professores. Fonte: Dreamstime. Diante disso, o pedagogo deverá ser o agente articulador das ações pedagógico-didáticas e curriculares, assegurando que a escola se torne um ambiente de aprendizagem e um espaço de formação contínua, onde os professores refletem, pensam, analisam, criam novas práticas, como sujeitos pensantes, e não apenas como meros executores de decisões burocráticas. Dessa forma, o desenvolvimento profissional e a conquista da identidade profissional dependem da união entre os pedagogos e os professores que assumem juntos a gestão do cotidiano da escola, articulando em um todo o projeto pedagógico,o sistema de gestão, o processo ensino- aprendizagem e a avaliação (LIBÂNEO, 2013). A formação continuada é uma maneira diferente de perceber a capacitação profissional dos docentes, pois ela visa o desenvolvimento profissional e pessoal mediante práticas de envolvimento dos professores na organização e gestão da escola, na concepção do currículo escolar, nas atividades de assistência e apoio à coordenação pedagógica e vice-versa, nas Importante 19Gestão Democrática: Práticas e Desafios reuniões pedagógicas e na participação efetiva nos órgãos colegiados da escola (conselho de classe e escolar). Há muitas maneiras de realizar a formação continuada: por meio de cursos de pós-graduação lato sensu (especialização com duração mínima de 360 horas) e stricto sensu (mestrado e doutorado, sendo o primeiro com duração de dois anos e o segundo, quatro anos de curso); participação em congressos e seminários de estudos que podem ser realizados pela escola ou por outras instituições de ensino; encontros pedagógicos, etc. É importante compreender que a formação continuada é indispensável para a profissionalização, que se põe também como requisito para a luta de melhores salários e condições de trabalho, assim como para o exercício responsável da profissão. 20 Gestão Democrática: Práticas e Desafios Síntese O professor é um profissional cuja principal atividade é o ensino. Por isso, sua atuação é fundamental nas escolas, pois exerce o papel de formação e transformação dos alunos. Como aliado da escola, o professor atua diretamente na sala de aula, que é o espaço de aprendizagem onde ele interage e desenvolve seus alunos. Para que o processo educativo possa fluir sem grandes conflitos, faz-se necessário gerir esse ambiente de intenso aprendizado. Dessa maneira, algumas competências são essenciais: comunicação interpessoal, bom relacionamento e habilidades didáticas que possibilitem a inovação e a criatividade do trabalho docente. A formação inicial do docente visa a proporcionar competências necessárias que o leve adiante no processo de ensino e aprendizagem nas organizações de ensino. O conjunto dos requisitos profissionais que formam o docente é denominado profissionalidade e esta supõe a profissionalização e o profissionalismo. Os cursos de formação inicial têm um papel muito importante na construção de conhecimentos, atitudes e convicções dos futuros professores, necessários à identificação com a profissão. Mas é na formação continuada que esta identidade se consolida, uma vez que ela pode ser desenvolvida no próprio ambiente de trabalho. 21Gestão Democrática: Práticas e Desafios Referências ANDRÉ, M.; PASSOS, L. Avaliação escolar: desafios e perspectivas. In: CASTRO, A.; et al. Ensinar a ensinar: didática para a escola fundamental e média. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2005. ANDRÉ, Marli.; PONTIN, Marta. O diário reflexivo, avaliação e investigação didática. Revista Ensaio: Avaliação e políticas públicas em educação. Rio de Janeiro, v. 6, n. 21, p.447-462, out./dez. 1998. Disponível em: http://revistas.cesgranrio.org.br/index.php/metaavaliacao/article/ viewFile/66/62. Acesso em: 18 jan. 2018. CENTRO DE REFERÊNCIA EM EDUCAÇÃO INTEGRAL. Qual o papel dos professores e como estimular a participação dos estudantes? Disponível em: http://educacaointegral.org.br/metodologias/papel-dos-professores-e- participacao-dos-estudantes-nas-escolas-de-educacao-integral/. Acesso em: 18 jan. 2018. GENTILINI, João A.; SCARLATTO, Elaine C. Inovações no ensino e na formação continuada de professores: retrocessos, avanços e novas tendências. In: PARENTE, Cláudia da M. D.; VALLE, Luiza E. L. R. do; MATTOS, Maria J. V. M. de. (Organizadoras). A formação de professores e seus desafios frente às mudanças sociais, políticas e tecnológicas. Porto Alegre: Penso, 2015 (Minha Biblioteca). LIBÂNEO, José Carlos. Organização e gestão da escola: teoria e prática. 6 ed. São Paulo: Heccus, 2013. http://revistas.cesgranrio.org.br/index.php/metaavaliacao/article/viewFile/66/62 http://revistas.cesgranrio.org.br/index.php/metaavaliacao/article/viewFile/66/62 http://revistas.cesgranrio.org.br/index.php/metaavaliacao/article/viewFile/66/62 http://educacaointegral.org.br/metodologias/papel-dos-professores-e-participacao-dos-estudantes-nas-escolas-de-educacao-integral/ http://educacaointegral.org.br/metodologias/papel-dos-professores-e-participacao-dos-estudantes-nas-escolas-de-educacao-integral/ 22 Gestão Democrática: Práticas e Desafios ______. OLIVEIRA, João Ferreira; TOSCHI, Mirza Seabra. Educação escolar: políticas, estruturas e organização. São Paulo: Cortez, 2012. MONTEIRO, Eduardo; MOTTA, Artur. Gestão escolar: perspectivas, desafios e função social. 1 ed. Rio de Janeiro: LTC, 2013 (Minha Biblioteca). SALLA, Fernanda. Gestão da sala de aula: você mais seguro em classe. Nova Escola, 2012. Disponível em: https://novaescola.org.br/conteudo/1670/gestao-da-sala-de-aula-voce- seguro-em-classe. Acesso em: 18 jan. 2018. VEIGA, Ilma Passos A. Docência como atividade profissional. In: VEIGA, Ilma Passos A.; D´ÁVILA, Cristina (orgs). Profissão docente: novos sentidos, novas perspectivas. Campinas, SP: Papirus, 2008. (Biblioteca virtual) WENGZYNSKI, Danielle Cristiane; TOZETTO, Suzane Soares. A formação continuada face às suas contribuições para a docência. IX Seminário ANPED SUL, Caxias do Sul, 2012. Disponível em: http://www.ucs.br/etc/conferencias/index.php/anpedsul/9anpedsul/paper/ viewFile/2107/513. Acesso em: 18 jan. 2018. Qual o papel dos professores e como estimular a participação dos estudantes?. Disponível em: https://educacaointegral.org.br/metodologias/papel-dos- professores-e-participacao-dos-estudantes-nas-escolas-de-educacao- integral/. Acesso em 18 jun. 2018 Gestão da sala de aula: você mais seguro em classe. Disponível em: https://novaescola.org.br/conteudo/1670/gestao-da-sala-de-aula-voce- seguro-em-classe. Acesso em: 18 jan. 2018. https://novaescola.org.br/conteudo/1670/gestao-da-sala-de-aula-voce-seguro-em-classe https://novaescola.org.br/conteudo/1670/gestao-da-sala-de-aula-voce-seguro-em-classe http://www.ucs.br/etc/conferencias/index.php/anpedsul/9anpedsul/paper/viewFile/2107/513 http://www.ucs.br/etc/conferencias/index.php/anpedsul/9anpedsul/paper/viewFile/2107/513 https://educacaointegral.org.br/metodologias/papel-dos-professores-e-participacao-dos-estudantes-nas-escolas-de-educacao-integral/ https://educacaointegral.org.br/metodologias/papel-dos-professores-e-participacao-dos-estudantes-nas-escolas-de-educacao-integral/ https://educacaointegral.org.br/metodologias/papel-dos-professores-e-participacao-dos-estudantes-nas-escolas-de-educacao-integral/ https://novaescola.org.br/conteudo/1670/gestao-da-sala-de-aula-voce-seguro-em-classe https://novaescola.org.br/conteudo/1670/gestao-da-sala-de-aula-voce-seguro-em-classe Título da Unidade Objetivos Introdução A Escola como Lugar de Formação Para início de conversa… Objetivos 1. As Funções da Escola 2. A Gestão e o Desenvolvimento Profissional na Escola 3. Trabalho em Equipe Referências Formação do Educador: um Processo Permanente Para início de conversa… Objetivos 1. Pilares no Processo de Formação 1.1 A Dimensão do Conhecimento e da Aprendizagem 1.2 A Dimensão da Rede de Relacionamentos 1.3 A Dimensão Humana 1.4 Habilidades e Competências Necessárias ao Educador Referências Gestão Democrático-Participativa Para início de conversa… Objetivos 1. Estratégias de Participação 1.2 A Participação na Escola 2. Tipos de Autonomia 2.1 Pilares básicos para uma gestão flexível e autônoma das escolas Referências Gestão Econômico-Financeira da Escola Para início de conversa… Objetivo 1. Operações Financeiras 2. Bens Patrimoniais Referências Planejamento Estratégico Para início de conversa… Objetivos 1. Diagnóstico Estratégico 1.2 Fundamentos do Planejamento Estratégico 2. Coleta de Informações, Análise e Alinhamento 2.1 Coleta de Informações2.2 Análise do Ambiente 2.3 Alinhamento Referências O professor e o ambiente de aprendizagem Para início de conversa… Objetivos 1. O Papel do Professor na Gestão Escolar Democrática 2. A Gestão do Ambiente de Aprendizagem: a Sala de Aula 3. A Importância da Formação Continuada Síntese Referências
Compartilhar