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Sociedade e Contemporaneidade
TRABALHO E EMPREGO NO MUNDO DAS NOVAS TECNOLOGIAS
Nesta unidade temática, você vai aprender
· compreender as novas condições de empregabilidade neste mundo de novas tecnologias que está se descortinando, e as novas oportunidades e ameaças para o Brasil e para os brasileiros em um contexto novo da economia do conhecimento;
· perceber como se caracteriza este novo cenário da economia do conhecimento;
· analisar quais as condições de empregabilidade nesta nova economia em um mundo de novas tecnologias;
· analisar as qualidades imprescindíveis para o profissional do século XXI conectar-se neste país e neste mundo.
Introdução
· Dados divulgados pelos órgãos oficiais do próprio governo têm apontado para uma discrepância entre o crescimento de nosso PIB (Produto Interno Bruto) e o parco investimento em pesquisa e ensino para acompanhar devidamente nosso desenvolvimento nacional. Há, portanto, um hiato entre uma economia que clama por mão de obra qualificada e as possibilidades desse desenvolvimento ameaçado justamente pela falta dessa “mão de obra”.
· Assim, este capítulo “Trabalho e emprego no mundo das novas tecnologias” tem por objetivo apresentar as novas condições de empregabilidade neste mundo de novas tecnologias que está se descortinando, portanto, de novas oportunidades e ameaças para o Brasil e os brasileiros, em um contexto novo da economia do conhecimento. Então, a pergunta provocativa para abrir nosso capítulo é: como se caracteriza esse novo cenário da economia do conhecimento? Quais as condições de empregabilidade nessa nova economia em um mundo de novas tecnologias? Quais são as competências necessárias, as qualidades imprescindíveis para o profissional do século XXI conectar-se nesse país, nesse mundo?
· Para responder a essas questões, dividimos este capítulo em três partes interdependentes. Na primeira parte, “Economia do conhecimento”, vamos caracterizar o contexto em que vivemos como um momento novo de uma sociedade pós-industrial deste início de século, que não é mais a economia de exploração do início de nossa colonização, nem mesmo a economia agroexportadora da primeira metade do século passado ou mesmo a economia industrial recente, mas uma economia que tem no conhecimento e no avanço tecnológico extraordinário sua principal mola propulsora para o desenvolvimento. Na segunda parte, tendo como base essa compreensão, discutiremos a “Empregabilidade na era da economia do conhecimento”, ou seja, a empregabilidade passará necessariamente pela redefinição das carreiras, passando-se das “carreiras organizacionais” tradicionais às “carreiras sem fronteiras”.
· Em um terceiro momento, “Planejamento e gestão de carreira – o profissional do século XXI”, discutiremos a necessária gestão e planejamento de sua carreira, a necessidade de autonomia no planejamento profissional dando ênfase na responsabilidade individual, propondo ao final do capítulo uma metodologia mínima para o começo do seu planejamento.
A economia do conhecimento
O Brasil, como sabemos, foi uma colônia portuguesa que desde o século XV, com a chegada dos primeiros europeus, teve seu processo de colonização marcado pela exploração de seus recursos naturais nos primeiros séculos de sua história. Esse processo foi fruto da política mercantilista europeia colonialista que impulsionou as grandes navegações na procura de novas terras e riquezas na expansão ultramarítima.
As extrações do pau-brasil nas costas litorâneas com a utilização da mão de obra indígena, num primeiro momento, abasteceram a coroa portuguesa com recursos naturais que caracterizaram uma economia de exploração (RIBEIRO, 2000), em que as riquezas do País eram transladadas da colônia para a Europa. Tal economia significava o enriquecimento da metrópole portuguesa em prejuízo da colônia e de seus habitantes autóctones. Posteriormente, na sequência histórica e dado o início da colonização propriamente dito, a partir de 1530, os ciclos da cana-de-açúcar e do ouro (nos séculos XVI a XVIII) com a utilização da mão de obra escrava africana, e, a partir do início do século XIX, o ciclo do café com a ajuda da mão de obra de imigrantes alemães e italianos, caracterizariam uma economia de produtos primários para a exportação.
Figura 1: A economia pré-colonial centrou-se no pau-brasil, madeira avermelhada existente em toda a Mata Atlântica, desde o litoral do Rio Grande do Norte ao Rio de Janeiro. O pau-brasil era conhecido na Europa desde a Idade Média, pois dele se extraía um corante utilizado na tintura de tecidos e tingimento de móveis.
Alguns estudiosos argumentavam que o Brasil exportava produtos primários para os países centrais e, em troca, importava produtos industrializados no final do século XIX e início do XX, justamente porque a Europa já havia se constituído em uma importante região industrializada nessa época. Dada essa divisão internacional do trabalho, com o Brasil exportando produtos primários e importando produtos industrializados, nós teríamos “vantagens comparativas” em relação a eles, pois nossos produtos agrícolas seriam vendidos mais caro em comparação com a importação dos produtos industrializados deles (países centrais) mais baratos, pois o uso de novos maquinários industriais tenderia a baratear os preços dos produtos industrializados importados em comparação com o não uso desses maquinários nos produtos primários. Assim, exportar produtos primários e importar produtos industrializados davam “vantagens comparativas” para o Brasil, pois venderíamos caro e importaríamos barato.
Todavia, uma forte crítica dos estudos da Cepal (Comissão Econômica para a América Latina) demonstrou que este raciocínio estava equivocado, pois as exportações de produtos primários teriam um limite, “as pessoas não podem comer mais do que a sua barriga suporta”, mas os produtos industrializados podem ser comprados de maneira abundante (MANTEGA, 1990). Ou seja, a demanda por produtos industrializados tende a ser maior do que a demanda por produtos primários e, assim, teríamos uma alta no preço dos produtos industrializados europeu-americanos e uma queda nos produtos primários exportados (a lei da oferta e da procura). Um mau negócio para nós! Dada essa constatação, o Brasil passa a investir pesadamente numa política para a industrialização do País, principalmente a partir dos anos 1930, buscando recuperar esse gap com a criação de um parque industrial brasileiro capitaneado pelo Estado.
Figura 2: A CEPAL (Comissão Econômica para a América Latina) nasceu de uma iniciativa latino-americana de reação ao avanço do liberalismo econômico apregoado pelos EUA no pós-Segunda Guerra Mundial.
O Brasil passou, ao longo do século XX, a consolidar-se como um país de economia industrial. Com um êxodo rural expressivo de agricultores para os centros urbanos, a expansão da mão de obra assalariada, a criação do salário mínimo, da carteira de trabalho e toda legislação trabalhista moderna edificada a partir da Era Vargas. O processo de industrialização brasileiro se tornou irreversível já nos anos 1940 e 1950.
Figura 3: Enquanto os países considerados desenvolvidos, como, por exemplo, Inglaterra, França e Estados Unidos, tiveram o início do seu processo no período da Primeira Revolução Industrial, a industrialização brasileira iniciou-se por volta do final do século XIX.
Quando o Brasil se consolida como uma nação industrial, os países centrais, que até então eram países industriais, passam paulatinamente a exportar suas indústrias para os países ditos “periféricos”, de “terceiro mundo”, como os países latino-americanos, não só porque encontram uma mão de obra barata, uma legislação flexível, tributos menores, mas, também, a inexistência de uma legislação ambiental que puna indústrias poluentes. Todavia, esses países centrais passam a se concentrar cada vez mais na produção do conhecimento.
Na verdade, a nova divisão internacional do trabalho, principalmente na segunda metade do século XX, passa a ocorrer entre aqueles países que produzem oconhecimento, tecnologia e inovação, e aqueles que são os consumidores desse conhecimento e dessas tecnologias. Nesse caso, tanto os EUA quanto a Europa e posteriormente alguns países asiáticos foram os grandes produtores de conhecimento, não só pelos investimentos e o acúmulo de capital que realizaram em priscas eras, como pelo acúmulo de conhecimento através do desenvolvimento de pesquisas e inovações tecnológicas no pós-guerra.za
Figura 4: Divisão Internacional do Trabalho (DIT) - Histórico.
Esse padrão de consumidores de tecnologia e pesquisa pelos países “periféricos”, “emergentes”, ficou mais ou menos estável até o final dos anos 1980, quando a divisão do mundo entre capitalistas pró Estados Unidos e os comunistas pró União Soviética era vigente. Contudo, três grandes impactos de proporções tectônicas mudaram a ordem política, a ordem econômica e a ordem tecnológica, alterando o panorama internacional de maneira significativamente profunda, segundo ZaKaria (2008).
O fim da União Soviética e a queda do muro de Berlim simbolizaram a mudança da ordem política. Com o colapso de um modelo de sociedade comunista, que tinha no partido único e na economia centralizada e planificada seu mote central, alterando a ordem mundial na qual a rivalidade entre o mundo capitalista e o mundo comunista passa a dar lugar à liberalização dos regimes autoritários, a difusão da democracia liberal, tornando-se ponto de pauta principal na agenda internacional de países que até então viviam sob os auspícios da União Soviética, entre eles os países do leste europeu.
Figura 5: O fim do comunismo na União Soviética representado pela derrubada do Muro de Berlim mudou o cenário político mundial para sempre.
Na ordem econômica, intensificou-se a livre movimentação do capital e do dinheiro, agora não mais restrita aos países capitalistas, mas a todos aqueles que se aventurarem a ingressar nessa ordem “por livre e espontânea pressão”, dadas as novas circunstâncias econômicas, que não deixavam margem para o isolamento. Nesse sentido, houve a difusão de bancos centrais independentes em diferentes países e um forte controle da inflação em países da América Latina, como o Brasil e a Argentina, por exemplo, que enfrentavam altos índices inflacionários. Certamente, o controle dessa inflação possibilitou equilibrar essas economias, estabilizando-as politicamente. A Índia e a China, nesse sentido, foram duas grandes nações dignas de nota na contribuição para a contenção da inflação mundial produzindo produtos de custo barato para o mundo ocidental de maneira abundante. Atualmente, não se consegue mais comprar uma “lembrancinha” de nenhum país no mundo que não tenha um “Made in China”. Até a loja oficial dos Beatles, na Baker Street em Londres, é made in China.
Junto a essas mudanças de ordem econômica e política, também a mudança tecnológica tornou esse mundo mais conectado, interligado como uma “aldeia global”, como diz Friedman (2000), “o mundo é plano”. Desde as grandes navegações, temos uma intensificação desses processos de interconexão entre os povos sob a face da Terra. O desenvolvimento tecnológico das comunicações com o acesso aos telefones móveis, a banda larga dando acesso à rede internacional de computadores (internet), a TV digital, as viagens intercontinentais mais rápidas, mais baratas e acessíveis, certamente tornaram esse mundo muito menor, “muito frequentado”.
Figura 6: A globalização é a expansão do capitalismo que derrubou as fronteiras mundiais e unificou as relações comerciais entre as nações.
Essas três ordens de mudanças deixaram o mundo mais aberto, é verdade, mais conectado e, portanto, mais exigente, na medida em que permitiram pela instantaneidade e visibilidade dos acontecimentos mundiais a comparação entre países, regiões, pessoas e empresas, abrindo a competição internacional para muitos países, inclusive os ditos “países emergentes”, como nós. É verdade, também, que essa conexão internacional alargou os mercados, diversificou os produtos, aumentou os concorrentes levando à destruição de muitos empregos, inclusive redesenhando-os numa nova era econômica, que chamaremos aqui de “economia do conhecimento”, cujas fontes de riqueza não são mais os recursos naturais ou o trabalho físico dos séculos pretéritos, mas o conhecimento e a comunicação (STEWART, 1998).
Figura 7: Nesta nova economia, a disputa agora é pela posse, produção e distribuição do conhecimento em escala global.
Esse, evidentemente, sempre foi um componente importante na história da evolução da humanidade. Desde a pré-história, na passagem do período da pedra lascada ao período da pedra polida, no domínio manual de determinadas técnicas para o fabrico de instrumentos, avançando-se à revolução industrial inglesa, com a mecanização do trabalho, lá estava o conhecimento como mola propulsora dos avanços científicos e tecnológicos. Contudo, nunca anteriormente visto, o conhecimento tomaria a centralidade que tem na contemporaneidade, por essa razão a denominação de economia do conhecimento.
Do acúmulo de ferramentas, máquinas, capital econômico, passamos à busca de acúmulo de conhecimento, de “capital intelectual”. Como argumenta Stewart (1998), a Volkswagen havia declarado nos anos 1990 que precisava de dois terços de seus funcionários para manter sua produtividade, e os empregos na indústria, nos EUA, caíram de 34% da força de trabalho em 1950 para 16% em 1996 e atualmente chegam a 12%.
É lugar-comum constatar que cada vez mais as empresas têm investido em tecnologias de ponta, substituindo operários das linhas de montagens por robôs, computadores e equipamentos mais sofisticados. Se, por um lado, esse fenômeno destruiu vários empregos, por outro, criou uma série de oportunidades para gerentes, projetistas, comerciantes e operadores. As empresas passaram a depender cada vez mais da produção do conhecimento, de patentes e pesquisas. Indústrias que transportam informações estão crescendo mais rápido do que aquelas que transportam mercadorias, o tráfego internacional de telefone vem aumentando 16% ao ano e 30% do tráfego da internet (STEWART, 1998).
Dentro dessa perspectiva, há o surgimento das chamadas “indústrias culturais”, “indústrias criativas” que têm na exploração da criatividade e do talento individual, capacidade para a criação de riqueza e trabalho. Entretanto, essa exploração econômica diferencia-se daquela meramente industrial porque passa obrigatoriamente pela devida apropriação dos direitos de propriedade intelectual. Assim, um filme, um livro, um CD, um software podem ser agregadores expressivos de valores tanto quanto produtos clássicos como carros ou eletrodomésticos de um país ou região. Tudo isso em um mundo em que as pessoas estão menos pobres e mais propensas ao consumo de massa.
Figura 8: Novos tipos de trabalho são criados na sociedade do conhecimento (Economia Criativa). “Artesanato, dança, música e o mundo digital trazem consigo uma forma de gerar renda baseada em uma matéria prima inesgotável e inerente ao homem: a criatividade! É desse elemento que se abastece a Economia Criativa, a união entre uma atividade cultural e econômica que gera renda, trabalho e emprego. Seu centro de gravidade é a articulação de economia, tecnologia e cultura, sendo que sua mobilização se dá em três dimensões: cidadã, simbólica e econômica.
Em razão das oportunidades que se abriram neste início de século, o professor Zakaria (2008), da Universidade de Harvard, tem apontado que a proporção de pessoas que vivem apenas com 1 dólar ou menos por dia no mundo despencou de 40% em 1981 para 18% em 2004, e estima-se que cairá a patamares de 15% de 2015 em diante. O fato é que a miséria está diminuindo em países que abrigam 80% da população mundial. Em 142 países, que incluem a China, Índia, Brasil, Rússia, Indonésia, Turquia, Quênia e África do Sul, as populações pobres estão sendo absorvidas por economias produtivas e crescentes. Esse fenômeno está criando uma situação em que ospaíses que outrora eram apenas observadores no cenário internacional passam a ser agora atores protagonistas. Assim, complementa o autor, há evidências dessas oportunidades quando verificamos que o edifício mais alto do mundo fica em Dubai e não em Nova York, o homem mais rico do mundo é um mexicano, o maior avião do mundo está sendo fabricado na Ucrânia e na Rússia, a maior indústria cinematográfica do mundo (dentro da perspectiva da indústria criativa) não é Hollywood nos EUA, mas Bollywood na Índia.
Então, sinteticamente, para fecharmos este ponto, podemos dizer que, passada a fase da economia de exploração no Brasil, com a exploração de nossos recursos naturais, tivemos uma relação de dependência com os produtos industrializados das nações centrais pela exportação de nossos produtos primários, constituindo-nos como uma economia agroexportadora. Posteriormente, com o processo de industrialização no Brasil, ou seja, quando o Brasil consegue tornar-se uma economia industrializada, passamos a ser dependentes do conhecimento dos países centrais capitalistas. Na contemporaneidade, com as principais economias do mundo constituindo-se como economias do conhecimento, a disputa passa a ser agora pela produção e distribuição desse conhecimento. Nós vivemos um delay no Brasil em relação a essas economias, mas precisamos e devemos nas próximas décadas recuperar essa distância, a fim de podermos avançar.
Empregabilidade na era da economia do conhecimento
Se estamos vivendo um processo de mudança para uma nova era, a economia do conhecimento, evidentemente precisaremos repensar também o emprego nessa nova ordem das coisas. Os especialistas têm provocado o debate dizendo que, atualmente, não podemos mais falar em “mão de obra do trabalhador”, mas em “cérebro de obra do trabalhador”, pois o mercado passa a exigir cada vez mais trabalhadores qualificados que usam, por sua vez, cada vez mais o cérebro e menos as mãos.
Há um aumento nos empregos que pagam bem aos trabalhadores do conhecimento, como cargos executivos, administrativos, gerenciais e consultorias, ou seja, aqueles cargos que criam e agregam valor. Por outro lado, há uma queda no número de cargos de apoio administrativo, burocrático, aqueles cargos que não criam valor e que podem ser facilmente substituídos por um software (STEWART, 1998). De fato, o “capital intelectual” passa a ser uma propriedade central nessa nova economia para aqueles que desejam ingressar, permanecer ou ascender nesse novo ambiente.
Mas o que é o capital intelectual? O capital intelectual aqui não é o capital como usualmente conhecemos, o capital material, capital financeiro. Quando nós compramos uma empresa, por exemplo, de remédios, não estamos comprando propriamente o seu capital físico, seus pavilhões, escritórios, ferramentas, laboratórios, mas, sobretudo, estamos comprando seus talentos, capacidades e habilidades em produzir e fabricar remédios, segundo Stewart (1998). Dessa forma, o capital intelectual é o conhecimento existente em uma organização que pode ser usado para obter uma vantagem competitiva, o chamado conhecimento útil, a inteligência aplicada como um ativo para criar ou agregar valor.
Figura 9: Na sociedade do conhecimento um novo tipo de capital é valorizado, um capital intangível, o capital intelectual.
Se analisarmos a economia doméstica de uma pessoa de ensino superior completo, com um emprego estável para dar outro exemplo, veremos que provavelmente o grande percentual de capital que esta pessoa possui não é o capital econômico dela, seu carro (às vezes financiado) ou mesmo sua casa própria, mas possivelmente seu capital intelectual. Seis meses ou um ano de desemprego podem solapar o patrimônio de uma vida. Claro, esse trabalhador gera ao mês quantias significativas de valor através de seu salário. O maior patrimônio que alguém pode ter nessa nova economia é o seu capital intelectual, sua formação, é ele que gera valor e que, portanto, deve ser cuidado, fomentado, estimulado, ele se constitui em um ativo, em outras palavras, ele é um investimento, pois é gerador de renda e receita, ao contrário de uma casa ou carro, que, aliás, de maneira geral, são passivos, criadores de despesas. É muito comum as pessoas acharem que casa e carro são investimentos, que são ativos. Ledo engano, não são. Eles só poderiam ser um ativo, ou seja, geradores de renda e receita, se a casa fosse de aluguel e o carro fosse um táxi, por exemplo. De fato, a casa para moradia e o carro da família são passivos, são geradores de despesas. Inclusive, a classe média no mundo é uma classe que adora, via de regra, quando recebe um aumento de salário, aumentar as suas despesas comprando um carro novo, comprando uma casa maior, quando não uma casa na praia, aumentando suas despesas, diminuindo ainda mais suas receitas e comprometendo seu futuro.
Se o sujeito investisse em um curso de pós-graduação ao invés de trocar de carro, a sua empregabilidade não só aumentaria como seu salário, de acordo com pesquisas recentes divulgadas pelos órgãos oficiais, aumentaria em cerca de 101%. Com o salário dobrado, aí sim ele poderia desfrutar da compra de um carro melhor. Mas como o investimento não foi feito, o salário não vai dobrar e suas receitas tenderão a minguar, pois suas perspectivas de futuro serão, previsivelmente, aumento de despesas e diminuição de receitas.
Na era da economia do conhecimento, portanto, a empregabilidade vai passar necessariamente por investimentos em “ativos intelectuais”, cursos de graduação, cursos de extensão, pós-graduação, aprendizado de línguas etc. Todavia, dada a história recente do Brasil, que se constituiu ao longo do século passado em um país de base industrial, principalmente a partir da década 1970, com um crescimento econômico expressivo, podemos constatar que os investimentos em formação não eram o mote principal daqueles trabalhadores, via de regra a mão de obra tinha baixa qualificação. O emprego passava tão somente pela ideia de treinamento, e a empregabilidade em uma organização era para toda a vida. Na década de 1980, foi a chamada “década perdida”, marcada pela estagnação da economia, planos econômicos e inflação galopante. O emprego dentro de uma empresa seguia a sequência de cargos. Temos, assim, as chamadas “carreiras organizacionais”. Segundo esse conceito, essas carreiras seriam ligadas às grandes organizações, grandes empresas concebidas para revelar um único cenário de emprego, cujas características, segundo Veloso (2012), sintetizando autores especializados, seriam:
· ambiente estável e dinâmico;
· economia subordinada às grandes firmas que geram oportunidades de emprego;
· mudanças nas firmas geram mudanças de carreiras;
· há interdependência entre empresa e pessoa;
· as empresas oferecem carreiras para toda a vida;
· o empreendimento é uma opção e não um elemento necessário;
· os empregados são parte da organização;
· a carreira é predeterminada pela empresa e não pelo indivíduo.
Nos anos 1990, o avanço tecnológico, a necessidade de competitividade, a redução dos postos de trabalho e as privatizações mudaram esse panorama. A reengenharia e a terceirização, fizeram com que o emprego passasse a ser representado por novas possibilidades de empregabilidade (VELOSO, 2012). Nos anos 2000, com a intensificação da globalização, um ambiente marcado por fusões, aquisições, responsabilidade social e ambiental, busca-se o alinhamento entre vida pessoal e profissional.
Nos anos 2010, tivemos um crescimento econômico no País que foi capaz de proporcionar uma relativa queda no desemprego e na desigualdade social no País, aliados a um aumento do crédito pessoal e imobiliário, e o crescimento de pequenas e médias empresas jogaram água no moinho das novas “carreiras sem fronteiras”. Que carreira é essa? Carreiras que vêm se constituindo a partir dos anos 1990 em diante. Segundo Veloso (2012), são carreiras que não têm a fronteira da organização como parâmetro, ou seja, o desenvolvimento profissional não está ligado a somente uma organização, como eraantes, portanto trabalhar pode não significar ter um emprego fixo em uma empresa estruturada. Elas surgem não somente porque os trabalhadores mudaram, mas porque as próprias organizações passaram a necessitar de quadros profissionais mais flexíveis. Portanto, a história de uma pessoa que passa a maior parte da sua vida em uma única empresa vai ser cada vez mais rara na contemporaneidade, segundo a autora. Sintetizando autores consagrados, as características dessas carreiras são:
· ter a pessoa como principal responsável pela carreira;
· apresentar condições de mobilidade por meio de fronteiras organizacionais e valor do trabalho, independentemente do empregador;
· ser subsidiada por informações sobre o mercado de trabalho e redes de relacionamento (networks, capital social);
· reconhecer formas de progressão e de continuidade independentemente da hierarquia organizacional, bem como ser permeada pela conciliação entre necessidades profissionais, pessoais e familiares;
· ter condições de se organizar por meio do indivíduo e não somente mediante possibilidades oferecidas pela organização;
· reconhecer possibilidades de atuação em pequenos projetos;
· considerar a aprendizagem como fator para o desenvolvimento profissional e para a continuidade da carreira; 
· ter a ação e participação não contratual como elementos essenciais ao seu desenvolvimento.
Como podemos ver, a ideia de estabilidade no emprego é substituída pela ideia de empregabilidade, em outras palavras, a pessoa perde a segurança de que vai estar empregada amanhã naquela empresa, porém ganha com a possibilidade não somente de estar empregada em duas ou mais organizações, mas também de ser facilmente empregada em outra organização porque é ela mesma quem faz a gestão de sua carreira. Não se monitora mais o seu cargo hierárquico dentro da empresa (sua função), mas o grau de sua colaboração para levar adiante os projetos da organização. Nessa ordem das coisas, perde-se a ideia do salário, daquele ganho único e certo de uma determinada organização. Agora, as pessoas passam a ter renda, que se constitui na composição de ganhos, quer seja com consultoria, palestras, empregos por determinadas horas, semanas ou meses sazonais ou até mesmo a aposentadoria pública ou privada que se soma a essa renda (dada a ampliação da expectativa de vida).
Nesse tipo de carreira, torna-se imperativo a pessoa ser um empreendedor de sua própria vida profissional. Nesse sentido, segundo Veloso (2012), devemos atentar para os ganhos que podem ter as pessoas e as organizações.
O que pode ganhar uma pessoa com essa modalidade de carreira?
· autonomia e auto-organização na composição de seus horários e dias de trabalho;
· conhecimento acumulado em diferentes organizações;
· ganhos maiores na composição da renda final;
· tolerância, adaptabilidade, flexibilidade;
· status e respeitabilidade profissional são ampliadas;
· relacionamentos mais horizontalizados dentro das próprias organizações.
O que pode ganhar uma organização com essa carreira:
· quadros mais qualificados, com experiências diversificadas;
· quadros mais motivados devido aos ganhos maiores;
· conhecimento, pois quando o indivíduo deixar a organização, parte do seu conhecimento ficará;
· experiência, pois ao se mover entre organizações, o indivíduo leva o benefício de sua experiência para outro cenário;
· economia na qualificação de quadros que muitas vezes já entram na organização altamente capitalizados. 
Portanto, como podemos constatar, as “carreiras sem fronteiras” vieram como uma tendência tímida nos anos 1990, mas vêm se consolidando no contexto dessa nova economia do conhecimento. Assim, ao que tudo indica, haverá uma tendência no aprofundamento das “carreiras sem fronteiras”, em que os indivíduos passam a primar, agora com maior renda e escolarização, pela sua autorrealização e o sucesso psicológico e não mais meramente o sucesso externo, da “carreira pela carreira”. Nesse sentido, as “carreiras sem fronteiras” tenderão também a ultrapassar de forma mais visível as fronteiras não só organizacionais, mas também nacionais, da empregabilidade continental e intercontinental.
Planejamento e gestão de carreira – o profissional do século XXI
De posse da compreensão das características da economia do conhecimento, bem como das condições que dão empregabilidade às pessoas nesse novo contexto, passemos agora para o planejamento e a gestão propriamente ditos da sua carreira profissional. Partindo do pressuposto de que na “carreira sem fronteiras” a responsabilidade com a sua gestão e o planejamento são das pessoas e não mais das organizações, teremos uma tarefa nova e dificultosa diante da tradição brasileira de ver as carreiras gestadas e planejadas somente pelas empresas.
Atualmente, é falsa a ideia de que há uma escolha em encontrar um bom emprego com uma carreira segura e linear ou trabalhar por conta própria tendo mais autonomia e liberdade para empreender. Na economia do conhecimento, todos trabalhamos por “conta própria” de forma autônoma e empreendedora, a não ser que você faça um concurso público em carreiras altamente estruturadas. Todavia, mesmo assim, é comum nessa opção profissional de carreira as pessoas estrategicamente optarem por fazer vários concursos até chegarem naquele desejado, havendo, assim, espaços bem claros de autonomia. Não é raro pessoas provenientes das forças policiais que se aposentam cedo, constituindo-se em consultores na área de segurança, ou mesmo pilotos das forças armadas passando para a iniciativa privada após a aposentadoria. Em outras palavras, o ato de empreender está intrinsecamente ligado às profissões do presente e vão estar no futuro próximo. O empreendedor aqui não é aquele dos anos 1980, em que o sujeito resolve abrir seu próprio negócio e ele resolve abrir uma pousada na “Praia do Rosa” para ganhar dinheiro nos verões com os turistas.
Não, o empreendedorismo de que estamos falando aqui é aquele que mobiliza recursos externos para crescer e alcançar seus objetivos, na esteira de Drucker, porém, voltados para sua carreira e não necessariamente para “abrir uma empresa”. Imaginem profissionais na área da saúde como enfermeiros, médicos, odontólogos e fisioterapeutas que não tiverem nenhum traço empreendedor e não investirem em equipamentos, livros, revistas especializadas para se atualizarem ao longo de suas carreiras. Será que terão que esperar que o Hospital, a Empresa, a Universidade ou a Organização o faça? Não! A carreira é sua, não da empresa. Lembram da “carreira sem fronteiras”?! Um turismólogo, um arquiteto ou um urbanista vão ter que viajar por algumas das cidades mais importantes do mundo em virtude de suas formações e para se atualizarem. Viajar para eles é um investimento. Quem pagará a viagem deles(as) a Paris, a Barcelona, a Buenos Aires? A empresa? Você confiaria o planejamento de sua viagem a um profissional da área do turismo que nunca viajou até a esquina? É preciso planejar e investir na sua carreira, é preciso ter uma estratégia de carreira.
Estratégia de carreira
Primeiramente, é preciso dizer que escolher um curso de nível superior não é necessariamente escolher uma carreira. Certo?! Há especialistas na área de RH que afirmam que a ordem correta seria escolher primeiro a carreira e só depois o curso. Por exemplo, eu posso escolher fazer uma carreira como corretor de imóveis e fazer um curso de direito, ou mesmo fazer a carreira como gestor em uma empresa de calçados ou metal mecânica e ter feito engenharia, administração, contabilidade etc. Posso escolher fazer uma carreira no setor público e fazer uma graduação em gestão pública, mas também em medicina ou engenharia de trânsito. O curso escolhido não necessariamente me coloca na carreira. Qual é a sua carreira?
Qualquer que seja a carreira escolhida, será preciso que você saiba de antemão que o mercado de trabalho precisa e vai precisar cada vez mais de pessoas “qualificadas e inteligentes”! Sim, mas vamos substituir esses dois clichês pelo conceito de competência. Em outras palavras, omercado de trabalho precisa de pessoas competentes, pessoas capazes de serem “CHA”. Primeiro, que tenham Conhecimento, ou seja, que tenham “saber” apreendido na escolarização formal e informal, mas não necessariamente posto em prática. Conhecimento é o conjunto de saberes teóricos que uma pessoa tem. É o resultado de experiências pessoais e profissionais, formação acadêmica e estudo não formal e está muito ligado à vontade que as pessoas têm de aprender.
Segundo, que tenham Habilidade, que “saibam fazer”, que tenham experiência, que saibam, sobretudo, colocar em prática o conhecimento. Habilidade é a capacidade de colocar em prática o conhecimento adquirido, ou seja, é saber fazer. Sem conhecimento é difícil desenvolver habilidades para executar as tarefas.
Terceiro, é a Atitude, é o “querer fazer”, a disposição que articula o conhecimento e a habilidade. Atitude é o saber ser, ou seja, tomar iniciativas para querer mudar o ambiente organizacional. Portanto, a “era do Coeficiente de Inteligência elevado”, da inteligência cognitiva, por si só, hoje em dia, não diz absolutamente mais nada.
Resumindo…
Cada empresa valoriza tipos diferentes de conhecimentos, habilidades e atitudes, no entanto, há algumas dessas competências que são importantes independentemente da organização tais como: motivação, equilíbrio emocional, atitudes inovadoras, pensamento crítico e criatividade.
Feito esta primeira e importante observação é necessário traçarmos um plano de ação para nossa carreira, uma estratégia. A estratégia aqui é entendida como um conjunto de decisões, e escolha de caminhos por meio dos quais as pessoas buscarão atingir seus objetivos, fundamentalmente, a estratégia é tomar decisões pensadas (ROSA, 2011), é o seu plano. É a partir dela que será possível ampliar as possibilidades de seu êxito profissional.
Para finalizar este tema, mas não a discussão do “Trabalho e Emprego no Mundo das Novas Tecnologias”, queremos salientar que este capítulo teve tão somente a ideia de provocá-lo para entrar nesta interessante e imprescindível discussão sobre você e seu futuro profissional!
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