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Educação Profissional: Contextualização e Modo de Produção Capitalista

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EDUCAÇÃO PROFISSIONAL 1 
Apresentação ................................................................................................................................ 7 
Aula 1: Contextualização dos cenários econômicos ..................................................................... 8 
 ............................................................................................................................. 8 Introdução
 ................................................................................................................................ 9 Conteúdo
Contextualização ............................................................................................................... 9 
Contextualização ............................................................................................................... 9 
Era do ouro ......................................................................................................................... 9 
Era do ouro: área política e social ................................................................................ 10 
Era do ouro: campo educacional ................................................................................. 10 
Crise capitalista ................................................................................................................ 11 
Crise capitalista: consequências ................................................................................... 12 
Crise capitalista: acumulação flexível .......................................................................... 12 
Consenso de Washington .............................................................................................. 13 
Década de 90: reorganização do capitalismo ............................................................ 14 
Década de 90: início da globalização .......................................................................... 15 
O mercado e a globalização .......................................................................................... 16 
Lei de diretrizes e bases .................................................................................................. 16 
Novo modelo escolar e educativo ............................................................................... 17 
Precarização do trabalho e competitividade ............................................................. 19 
Atividade proposta .......................................................................................................... 20 
........................................................................................................................... 21 Referências
 ......................................................................................................... 22 Exercícios de fixação
Notas ........................................................................................................................................... 26 
Chaves de resposta ..................................................................................................................... 26 
 ..................................................................................................................................... 26 Aula 1
Exercícios de fixação ....................................................................................................... 26 
Aula 2: Modo de produção capitalista ........................................................................................ 29 
 ........................................................................................................................... 29 Introdução
 .............................................................................................................................. 31 Conteúdo
Significado de trabalho ................................................................................................... 31 
O trabalho através do tempo ........................................................................................ 31 
"Trabalho" sobre a visão de Marx .................................................................................. 32 
Fordismo ............................................................................................................................ 33 
 
 EDUCAÇÃO PROFISSIONAL 2 
A ideia central do fordismo ........................................................................................... 33 
As questões de Ford ........................................................................................................ 34 
O macrocorporativismo ................................................................................................. 34 
Taylorismo ........................................................................................................................ 35 
Produção em massa ........................................................................................................ 36 
Os princípios básicos do taylorismo ............................................................................ 36 
Os princípios básicos do taylorismo ............................................................................ 37 
Autoestima do trabalhador ............................................................................................ 39 
Mas, afinal, o que é o toyotismo? ................................................................................. 39 
Atividade proposta .......................................................................................................... 40 
........................................................................................................................... 43 Referências
 ......................................................................................................... 43 Exercícios de fixação
Chaves de resposta ..................................................................................................................... 48 
 ..................................................................................................................................... 48 Aula 2
Exercícios de fixação ....................................................................................................... 48 
Aula 3: Os empresários e a educação brasileira ......................................................................... 51 
 ........................................................................................................................... 51 Introdução
 .............................................................................................................................. 52 Conteúdo
Relações entre empresariado e educação .................................................................. 52 
Confederação Nacional da Indústria – CNI ............................................................... 52 
Outros acontecimentos .................................................................................................. 53 
Visões da CNI sobre o Brasil .......................................................................................... 54 
Discurso pedagógico do CNI ........................................................................................ 55 
Educação voltada para o trabalho ................................................................................ 56 
Aproximação dos empresários com a educação ...................................................... 56 
Aproximação dos empresários com a educação: 1º momento ............................. 57 
Aproximação dos empresários com a educação: 2º momento ............................ 58 
Responsabilidade social .................................................................................................. 59 
Universidades corporativas ............................................................................................ 60 
Empresas como tábua de salvação ..............................................................................62 
Atividade proposta .......................................................................................................... 62 
........................................................................................................................... 66 Referências
 ......................................................................................................... 67 Exercícios de fixação
Chaves de resposta ..................................................................................................................... 72 
 ..................................................................................................................................... 72 Aula 3
Exercícios de fixação ....................................................................................................... 72 
 
 EDUCAÇÃO PROFISSIONAL 3 
Aula 3: Os empresários e a educação brasileira ......................................................................... 75 
 ........................................................................................................................... 75 Introdução
 .............................................................................................................................. 76 Conteúdo
Relações entre empresariado e educação .................................................................. 76 
Confederação Nacional da Indústria – CNI ............................................................... 76 
Outros acontecimentos .................................................................................................. 77 
Visões da CNI sobre o Brasil .......................................................................................... 78 
Discurso pedagógico do CNI ........................................................................................ 79 
Educação voltada para o trabalho ................................................................................ 80 
Aproximação dos empresários com a educação ...................................................... 80 
Aproximação dos empresários com a educação: 1º momento ............................. 81 
Aproximação dos empresários com a educação: 2º momento ............................ 82 
Responsabilidade social .................................................................................................. 83 
Universidades corporativas ............................................................................................ 84 
Empresas como tábua de salvação .............................................................................. 86 
Atividade proposta .......................................................................................................... 86 
........................................................................................................................... 90 Referências
 ......................................................................................................... 91 Exercícios de fixação
Chaves de resposta ..................................................................................................................... 96 
 ..................................................................................................................................... 96 Aula 3
Exercícios de fixação ....................................................................................................... 96 
Aula 4: O mundo do trabalho para a educação .......................................................................... 99 
 ........................................................................................................................... 99 Introdução
 ............................................................................................................................ 100 Conteúdo
Trabalho e educação .................................................................................................... 100 
Características do fordismo ......................................................................................... 101 
Divisão do trabalho ....................................................................................................... 101 
Educação dos mais pobres .......................................................................................... 102 
Educação elementar ..................................................................................................... 102 
A teoria de Marx – oposição a Smith ......................................................................... 102 
A função da escola segundo Marx ............................................................................. 103 
Politecnia ......................................................................................................................... 104 
Entendendo melhor Omnilateral ................................................................................ 104 
Novos conceitos ............................................................................................................ 105 
Escola unitária ................................................................................................................ 106 
A dicotomia do trabalho .............................................................................................. 107 
 
 EDUCAÇÃO PROFISSIONAL 4 
Obrigações da educação pública ............................................................................... 107 
Meritocracia .................................................................................................................... 108 
Finalidades da educação .............................................................................................. 108 
Terceira via ...................................................................................................................... 109 
Atividade proposta ........................................................................................................ 109 
......................................................................................................................... 109 Referências
 ....................................................................................................... 110 Exercícios de fixação
Chaves de resposta ................................................................................................................... 114 
 ................................................................................................................................... 114 Aula 4
Exercícios de fixação ..................................................................................................... 114 
Aula 5: A teoria do capital e intelectual .................................................................................... 117 
 ......................................................................................................................... 117 Introdução
 ............................................................................................................................ 118 Conteúdo
Conceito de capital humano ....................................................................................... 118 
Teoria do Capital Humano .......................................................................................... 118 
Educar para trabalhar .................................................................................................... 119 
Modelo capitalista, excludente e desigual ................................................................ 120 
Possibilidade de reversão das desigualdades ........................................................... 121 
Uma crítica à visão do processo educativo .............................................................. 122 
Conceito de capital intelectual ................................................................................... 122 
Conhecimento tácito ....................................................................................................123 
Era da Informação ......................................................................................................... 124 
Sociedade do Conhecimento ...................................................................................... 125 
Conclusão ....................................................................................................................... 126 
Atividade proposta ........................................................................................................ 128 
......................................................................................................................... 128 Referências
 ....................................................................................................... 129 Exercícios de fixação
Chaves de resposta ................................................................................................................... 133 
 ................................................................................................................................... 133 Aula 5
Exercícios de fixação ..................................................................................................... 133 
Aula 6: Histórico na formação profissional ............................................................................... 137 
 ......................................................................................................................... 137 Introdução
 ............................................................................................................................ 138 Conteúdo
Conceito de formação profissional ............................................................................ 138 
Conceito de formação profissional no Brasil ........................................................... 139 
Início da educação profissional no Brasil.................................................................. 139 
 
 EDUCAÇÃO PROFISSIONAL 5 
Educação profissional – Estado Novo ....................................................................... 141 
Educação profissional – Estado Novo ....................................................................... 142 
Educação profissional – fim do Estado Novo .......................................................... 142 
Educação profissional – anos seguintes ................................................................... 143 
Educação profissional no contexto atual .................................................................. 145 
Educação no período capitalista ................................................................................ 145 
Educação como bem de produção ............................................................................ 146 
Fatos históricos .............................................................................................................. 147 
Toyotismo ....................................................................................................................... 148 
Educação profissional – décadas de 80 e 90 ........................................................... 148 
Teoria do capital intelectual ........................................................................................ 149 
Lei de Diretrizes e Bases (Lei nº 9.394/96) ................................................................ 149 
Atividade proposta ........................................................................................................ 151 
......................................................................................................................... 152 Referências
 ....................................................................................................... 152 Exercícios de fixação
Notas ......................................................................................................................................... 157 
Chaves de resposta ................................................................................................................... 157 
 ................................................................................................................................... 157 Aula 6
Exercícios de fixação ..................................................................................................... 157 
Aula 7: Competências ................................................................................................................ 160 
 ......................................................................................................................... 160 Introdução
 ............................................................................................................................ 161 Conteúdo
Conceitos diversos de competência .......................................................................... 161 
Definindo competência ................................................................................................ 161 
Competências do mundo pedagógico ..................................................................... 162 
Competências do mundo do trabalho ...................................................................... 163 
Ampliando a ideia de competência ........................................................................... 164 
Certificação de competências ..................................................................................... 164 
Diretrizes Curriculares Nacionais ............................................................................... 164 
Separação do ensino médio e educação profissional ............................................ 165 
Perfil profissional ............................................................................................................ 166 
Certificação profissional ............................................................................................... 168 
Regulamentação da certificação profissional .......................................................... 169 
O processo de certificação profissional .................................................................... 170 
Certificação profissional baseado em competências ............................................. 170 
Certificação de competência, uma tendência ......................................................... 172 
 
 EDUCAÇÃO PROFISSIONAL 6 
Conclusão ....................................................................................................................... 172 
Atividade proposta ........................................................................................................ 175 
......................................................................................................................... 175 Referências
 ....................................................................................................... 176 Exercícios de fixação
Chaves de resposta ................................................................................................................... 179 
 ................................................................................................................................... 179 Aula 7
Exercícios de fixação ..................................................................................................... 179 
Aula 8: Competências ................................................................................................................ 182 
 ......................................................................................................................... 182 Introdução
 ............................................................................................................................ 183 Conteúdo
Trabalho como princípio educativo .......................................................................... 183 
Conceitos de Marx ......................................................................................................... 184Contradições .................................................................................................................. 185 
Princípio educativo do trabalho dentro do modo de produção capitalista ....... 187 
Finalidades da educação .............................................................................................. 188 
Correntes antagônicas .................................................................................................. 189 
Visão civil-democrática e visão produtivista ............................................................ 191 
Educação emancipatória .............................................................................................. 192 
Atividade proposta ........................................................................................................ 194 
......................................................................................................................... 194 Referências
 ....................................................................................................... 195 Exercícios de fixação
Chaves de resposta ................................................................................................................... 199 
 ................................................................................................................................... 199 Aula 8
Exercícios de fixação ..................................................................................................... 199 
Conteudista ............................................................................................................................... 203 
 
 
 
 
 
 
 EDUCAÇÃO PROFISSIONAL 7 
 
As mudanças ocorridas no campo econômico nas últimas décadas trazem 
invariavelmente mudanças no campo educacional. Para que se compreenda o 
cenário atual onde a educação e a formação profissional são colocadas em 
evidência, partimos do contexto histórico traçando um caminho com limites e 
possibilidades até chegarmos aos dias atuais, levando em conta os paradigmas 
existentes e a sociedade em que vivemos. 
 
Sendo assim, essa disciplina tem como objetivos: 
1. Compreender as relações entre trabalho e educação: os projetos 
educacionais, objetivos e finalidades; 
2. Reconhecer as visões políticas que dominam a formação e a qualificação 
profissional; 
3. Conhecer as normas principais que norteiam e educação profissional. 
 
 
 EDUCAÇÃO PROFISSIONAL 8 
 
Introdução 
Bem-vindo(a) à nossa primeira aula! 
 
Aqui, você terá a oportunidade de compreender todo o histórico político, 
econômico e social que originou o contexto das relações de trabalho e 
educação que temos hoje, analisando as mudanças no mundo do trabalho 
decorrentes da globalização econômica e da adoção do padrão de acumulação 
flexível. Como e por que tudo mudou tanto? O trabalho de hoje não é mais 
como o de antigamente, não acha? E a educação também não. 
 
Você conhecerá os atores envolvidos, os cenários e terá a oportunidade de 
entender o debate que envolve a educação brasileira com relação à formação 
para o mundo do trabalho. 
 
Será uma introdução aos conceitos que serão tratados aqui e nas próximas 
aulas para que você possa se situar perceber que o que temos hoje é uma 
construção que vem sendo desenvolvida ao longo dos anos sob os nossos olhos 
e que precisamos entendê-la e reconhecê-la para que possamos modificá-la, ou 
não. Esta aula será a base para o estudo das demais disciplinas. Bons estudos! 
 
Objetivo: 
1. Compreender o histórico político, econômico e educacional da nossa 
sociedade; 
2. Conhecer os atores, os conceitos ligados à temática e o contexto atual. 
 
 
 
 
 
 
 EDUCAÇÃO PROFISSIONAL 9 
Conteúdo 
Contextualização 
Como analisar a educação profissional contemporânea? 
 
Para tratarmos das políticas educacionais e da educação profissional 
propriamente dita nos dias atuais, é extremamente necessário compreender 
como todo esse cenário se desenhou ao longo dos anos. 
 
As mudanças ocorridas inicialmente na economia nos trouxeram também 
mudanças no campo educacional. 
 
Contextualização 
Como analisar a educação profissional contemporânea? 
 
Para tratarmos das políticas educacionais e da educação profissional 
propriamente dita nos dias atuais, é extremamente necessário compreender 
como todo esse cenário se desenhou ao longo dos anos. 
 
As mudanças ocorridas inicialmente na economia nos trouxeram também 
mudanças no campo educacional. 
 
Era do ouro 
Partiremos da chamada “era de ouro” capitalista, que ocorreu entre 1945 e 
1970, onde tínhamos a larga industrialização, a produção em série e o consumo 
em massa. Foi um período próspero, de crescimento e desenvolvimento do 
país. 
 
Nessa época, predominavam, na área econômica, algumas características, 
como produção controlada por tempos e movimentos (lembram-se da esteira 
de produção em uma cena do filme “Tempos Modernos”, de Chaplin, de 1936?) 
 
 EDUCAÇÃO PROFISSIONAL 10 
e separação entre quem pensava e quem executava, quem controlava e quem 
efetuava. Vejamos a seguir como era a política e a sociedade dessa época. 
 
Era do ouro: área política e social 
Na área política e social, tínhamos como características o pleno emprego e a 
forte intervenção do Estado na economia. Além disso, também existiam 
políticas sociais para a população e um considerável poder de reivindicação 
sindical, que protegia a classe trabalhadora. 
 
Fonte: http://almanarkitapema.blogspot.com.br/2014/05/presidente-lula-no-
itapemasp.html 
 
Quem nunca ouviu falar que, no passado, a saúde pública era melhor e a 
educação pública idem? E quem não ouviu falar de inúmeras greves no Brasil? 
 
Fonte: http://lh5.ggpht.com/-ECC7mLt13OE/Ub2TFtiBD-
I/AAAAAAAABeM/OEZ0M4aKyV8/greve_thumb3.jpg?imgmax=800 
 
Esse movimento era tão badalado que elegemos um ex-sindicalista como 
presidente da república. 
 
Fonte: 
http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/e/e6/Luiz_In%C3%A1cio_Lula
_da_Silva.jpg 
 
Era do ouro: campo educacional 
Qual a influência da “era do ouro” na educação? 
 
Nessa época, preocupava-se com a educação profissional voltada para o ensino 
técnico, já que era um período de industrialização; portanto, era necessário 
alinhar educação e economia, formando jovens para os postos criados no 
mercado vigente, basicamente industrial. 
 
 EDUCAÇÃO PROFISSIONAL 11 
Assim, houve a ascensão das escolas técnicas, como o Serviço Nacional de 
Aprendizagem Industrial – SENAI (instituição privada, sem fins lucrativos, 
mantida através de contribuição compulsória das empresas industriais) e o 
Centro Federal de Educação Tecnológica – CEFET (escola basicamente de 
formação profissional). 
 
 
Atenção 
 Até 1970, aproximadamente, vigorava o modelo de organização 
fabril, também conhecido como “modelo de produção 
taylorista/fordista” (temática que será aprofundada na próxima 
aula). 
 
Crise capitalista 
A partir da crise do petróleo, por volta de 1973, ocorreu a chamada crise 
capitalista. 
 
Inicialmente tida como uma recessão percebeu-se posteriormente que a crise 
capitalista era um quadro bastante grave e que mudaria dali por diante, todo o 
cenário global, com enorme velocidade e potente impacto, implicando, 
consequentemente, na queda da era do ouro. 
 
As características dessa crise foram: o esgotamento do padrão de acumulação 
taylorista/fordista, a concentração do capital e sua internacionalização, as 
fusões e monopólios, a desregulamentação dos mercados e a crise da 
organização assalariada. 
 
A crise, impulsionada por alterações na economia mundial entre 1970 e 1980, 
coincidiu com a ascensão do neoliberalismo, promovida, em parte, pelo 
desmantelamento dos regimes socialistas e pelo desmonte do Estado de bem-
estar social. (DELUIZ, 1996). 
 
 
 EDUCAÇÃO PROFISSIONAL 12 
O Estado de bem-estar social nada mais é do que o nomedado às políticas 
públicas assistenciais e sociais que vigoraram na chamada “era do ouro”. 
 
Todas essas mudanças ocorridas após os anos 70 desencadearam uma 
instabilidade na economia capitalista, que passou a buscar cada vez mais 
estratégias para aumentar a competitividade, além de usar novas tecnologias e 
fazer uma gestão empresarial adequada, termos estes tão familiares 
atualmente. 
 
Assim, como resposta à crise capitalista, que se iniciou no plano internacional, 
várias mudanças começaram a ocorrer na sociedade. Como era necessário se 
“reestruturar”, o capital buscou novas formas de organização da produção e do 
trabalho. 
 
Crise capitalista: consequências 
Segundo Antunes (1995), todo esse processo trouxe graves consequências para 
o mercado de trabalho, como desemprego e exclusão resultantes da 
flexibilização. Essa nova forma de gestão empresarial apresenta novos padrões 
para produzir mais e novas formas de adequar a produção ao mercado. 
 
E esse é o quadro que predomina até hoje, quando vemos por aí trabalhos 
temporários, por escala, terceirização, quarteirização, prestação de serviços, 
trabalho por projetos e uma infinidade de nomes e termos utilizados para 
qualificar as relações de trabalho instituídas a partir de então. 
 
Crise capitalista: acumulação flexível 
Ainda conforme Antunes apud Luz (2007), a década de 80 presenciou 
profundas transformações no mundo do trabalho, onde a “classe-que-vive-do-
trabalho” sofreu a mais aguda crise do século XX. Alguns autores chamam a 
década de 80 de década perdida. 
 
Harvey (1992, p. 141-143) também aponta que: 
 
 EDUCAÇÃO PROFISSIONAL 13 
A acumulação flexível parece implicar níveis relativamente altos de desemprego 
estrutural, rápida destruição e reconstrução de habilidades, ganhos modestos 
de salários reais e o retrocesso do poder sindical – uma das colunas políticas do 
regime fordista. O mercado de trabalho, por exemplo, passou por uma radical 
reestruturação. Diante da forte volatilidade do mercado, do aumento da 
competição e do estreitamento das margens de lucro, os patrões tiraram 
proveito do enfraquecimento do poder sindical e da grande quantidade de mão 
de obra excedente (desempregados e subempregados) para impor regimes e 
contratos de trabalho mais flexíveis. 
 
 
Atenção 
 A acumulação flexível foi o novo o modelo de produção 
estabelecido pelo capital em substituição ao taylorismo/fordismo 
da era industrial. Esse tema será tratado detalhadamente na 
próxima aula. 
As consequências da crise capitalista citadas pelo autor estão 
visíveis até hoje na nossa economia, no mercado de trabalho e 
nas relações que vemos hoje na sociedade. Ou você vê um 
panorama diferente? 
A seguir, conheça o restante desta história. 
 
Consenso de Washington 
Somente ao final da década de 1980, percebeu-se que a crise não era apenas 
uma recessão; portanto, foi necessário implementar uma nova perspectiva para 
que o modo de produção capitalista se estabilizasse no mundo. 
 
Foi então que, em 1989, ocorreu o Consenso de Washington, uma reunião 
internacional realizada pelos países centrais a fim de discutir os rumos do 
capitalismo e as ações necessárias para sair da década perdida, que foi um 
período de estagnação e inflação em todo o mundo. 
 
 
 EDUCAÇÃO PROFISSIONAL 14 
A partir dessa reunião, os organismos internacionais (que são instituições 
multilaterais criadas pelas principais nações do mundo com o objetivo de 
trabalhar em conjunto para o desenvolvimento político, econômico, social e 
educacional), responsáveis pelos grandes investimentos no país, passaram, de 
fato, a ditar as regras na nossa economia. Desde então, começamos a ouvir 
falar frequentemente em: 
 
• BIRD (Banco Interamericano para Reconstrução e Desenvolvimento), também 
conhecido como Banco Mundial; 
• FMI (Fundo Monetário Internacional); 
• BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento); 
• PNUD (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento); 
• OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico); 
• OMC (Organização Mundial do Comércio); 
• OIT (Organização Internacional do Trabalho). 
 
Quais foram as consequências do Consenso de Washington? 
 
As privatizações, a redução da participação do Estado nas políticas sociais, a 
total abertura dos mercados e a internacionalização do capital, visando ao 
desenvolvimento, crescimento, competitividade e produtividade. 
 
É o que vemos desde 1990: um cenário mais próximo da realidade, onde 
podemos observar tudo o que acontece a nossa volta, seja na política e nas 
empresas, seja em relação aos empregos e à educação, percebendo, assim, por 
que e como tudo isso se construiu. 
 
Acompanhe a seguir o que ocorreu a partir dos anos 90. 
 
Década de 90: reorganização do capitalismo 
A partir de, aproximadamente, 1990, apareceu uma nova forma de gestão 
empresarial que, consequentemente, alterou o panorama educacional. 
 
 EDUCAÇÃO PROFISSIONAL 15 
Frigotto (1995, p. 144) explica: 
 
Os novos conceitos abundantemente utilizados pelos homens de negócio e seus 
assessores – globalização, integração, flexibilidade, competitividade, qualidade 
total, participação, pedagogia da qualidade e defesa da educação geral, 
formação polivalente e “valorização do trabalhador” – são uma imposição das 
novas formas de sociabilidade capitalista tanto para estabelecer um novo 
padrão de acumulação quanto para definir as formas concretas de integração 
dentro da nova reorganização da economia mundial. 
 
Definir um novo padrão de acumulação significa essa reorganização que o 
capitalismo precisou fazer para sair da crise e se tornar estável em ordem 
mundial. Acompanhe a seguir o início da globalização. 
 
Década de 90: início da globalização 
Ao conceituarmos a globalização como um processo internacional de integração 
de ordem econômica, social, cultural e política, passamos a compreender que 
esse fenômeno trouxe mudanças que chegaram com certo atraso ao Brasil em 
relação aos países centrais em função da nossa tardia industrialização. A partir 
do Governo Collor (1990-1992), isso se tornou latente devido às medidas 
econômico-político fiscais adotadas (confisco). 
 
Assim, o empresariado se viu pressionado também a rever suas formas de 
atuação para adequar-se ao mercado, agora global, para ter qualidade e 
competitividade; senão, certamente seria engolido pelos oligopólios (mercado 
com poucos vendedores para muitos compradores) e pelas grandes 
corporações, uma vez que o mercado se internacionalizou. 
 
Na economia atual, a concorrência se efetua mais ao nível de garantia, 
qualidade, fidelização e imagem, traços da globalização existentes hoje no 
mercado. Acompanhe a seguir como fica o mercado em tempo de globalização. 
 
 
 EDUCAÇÃO PROFISSIONAL 16 
O mercado e a globalização 
Como uma empresa consegue ser e ter tudo isso? O que ela deve fazer para 
atender às exigências do mercado e conseguir sobreviver? 
 
1 - Como falamos aqui, após a crise, tivemos: desemprego, enfraquecimento 
dos sindicatos, aumento da competição e estreitamento das margens de lucro. 
Consequentemente, os patrões tiraram proveito desse cenário e da mão de 
obra excedente para impor regimes e contratos de trabalho mais flexíveis, ao 
mesmo tempo em que pregavam a necessidade de uma mão de obra mais 
qualificada para atender às demandas desse novo mercado. 
 
2 - O avanço das ideias neoliberais e a adoção desse novo modelo econômico, 
político e social foram consequências do ajuste do país à nova ordem mundial. 
Sendo assim, conceitos como competitividade, competências, entre outros, 
começaram a estabelecer um vínculo entre as empresas e a educação; afinal, 
precisaríamos de novas competências nos nossos trabalhadores. 
 
Avance e veja a relação da competitividade e competência. 
 
Lei de diretrizes e bases 
Mas, afinal, qual é a relação entre competitividade e competências?Para que a empresa possa se desenvolver, competir, fazer frente aos avanços 
tecnológicos e à velocidade com que as mudanças surgem, ela deve estar 
capacitada para isso. 
 
E quem faz as empresas? 
As pessoas. Assim sendo, percebeu-se que elas são o diferencial nessa época 
de volatilidade do conhecimento e que, por esse motivo, era preciso que elas 
tivessem uma formação adequada. 
 
Assim, iniciou-se o grande debate educacional em torno da Lei de Diretrizes 
e Bases da Educação – LDB, de 1996, e em seus dispositivos de 
 
 EDUCAÇÃO PROFISSIONAL 17 
regulamentação, como decretos, pareceres e resoluções, que, inicialmente, 
focavam na educação básica, mas, em função da situação atual econômica e 
política, estendeu suas preocupações para o ensino médio e profissional. 
 
 
Atenção 
 Dentre as competências hoje exigidas do trabalhador, estão 
funções muito mais abstratas e intelectuais do que no paradigma 
da era industrial, onde, na esteira de Chaplin, era exigido 
destreza manual. 
 
Esse novo papel central da educação foi indicado pelo Banco Mundial como 
uma das saídas para o crescimento econômico, mas, da maneira como estão 
propostas na LDB, volta-se para a lógica utilitarista do mercado, ou seja, 
formamos apenas mão de obra para as empresas. 
 
E assim surgem as críticas dos educadores, que propunham uma formação 
integral do sujeito como cidadão e não apenas a formação para o trabalho. 
Rodrigues (2004) diz que a LDB sucumbiu aos apelos do mercado. 
 
A seguir, analisaremos melhor este tema. 
 
Novo modelo escolar e educativo 
Christian Laval (2004) apud Luz (2007) aponta que a escola, que, antigamente, 
encontrava seu centro de gravidade não somente no valor profissional, mas, 
também, no valor social, cultural e político do saber, está orientada pelas 
reformas em curso para objetivos de competitividade que prevalecem na 
economia globalizada. 
 
“Ela era principalmente voltada à formação do cidadão, mais do que à 
satisfação do usuário, do cliente, do consumidor.” (p. XIII). 
 
 
 EDUCAÇÃO PROFISSIONAL 18 
Então, temos toda a discussão atual voltada aos objetivos e finalidades da 
educação e da formação profissional, onde vemos aqueles organismos 
internacionais citados anteriormente exercendo influência diretamente na 
educação brasileira, financiando projetos e dando as diretrizes para que tudo 
seja sob a lógica do capital. 
 
Laval (2004) complementa: 
 
“O novo modelo escolar e educativo que tende a se impor está fundamentado, 
inicialmente, na sujeição mais direta da escola à razão econômica. Ele depende 
de um ‘economismo’ aparentemente simplista cujo axioma principal é que as 
instituições, em geral, e as escolas, em particular, só têm sentido dentro do 
serviço que elas devem prestar às empresas e à economia. O ‘homem flexível’ e 
o ‘trabalhador autônomo’ constituem, assim, as referências do novo ideal 
pedagógico”. 
 
E, assim, chegamos ao panorama atual do mundo da educação e do mundo do 
trabalho, onde a questão da qualificação passa a se incorporar ao discurso dos 
atores envolvidos neste novo processo, que são: Estado, empresários e 
trabalhadores. 
 
O SENAI, SENAC, CEFET, entre outras instituições do passado que formavam 
mão de obra para o contexto anterior já não dariam conta, sozinhas, desse 
novo desafio. 
 
Surge daí o interesse das empresas em protagonizar várias ações educativas 
por meio de diversos projetos, como: 
 
• Colocar escolas em fábricas; 
• Parcerias com escolas para formação de funcionários, incluindo, até mesmo, 
iniciativas atuais de educação superior; 
 
 EDUCAÇÃO PROFISSIONAL 19 
• Incentivos a empregados que possuem cursos de graduação e pós-
graduação, e que, mesmo nessas condições, estão presentes na educação 
corporativa. 
 
Ou seja, o braço empresarial determina o quê, quando e como a educação 
precisa para o seu empregado. 
 
 
Atenção 
 Temos a escola formando para o mercado, enquanto este último 
exclui e explora, vide as novas formas de contratação, a 
precarização, a intensa jornada de trabalho, a terceirização, a 
quantidade de autônomos, prestadores de serviços e 
empresários individuais. Tudo isso é estratégia das empresas 
para se desonerarem da carga tributária, dos impostos 
trabalhistas e da responsabilidade com as pessoas, que 
passaram a ser responsáveis por sua própria qualificação sob 
pena de ficarem de fora do mercado. 
 
Precarização do trabalho e competitividade 
O que significa a precarização do trabalho? 
 
Segundo Antunes (2011), significa: 
 
• O desmonte dos direitos trabalhistas; 
• As condições; 
• As formas de compensação; 
• A flexibilização das relações de trabalho; 
• O desassalariamento; 
• O crescimento da informalidade e do desemprego, que criam as ocupações 
paralelas e sem nenhuma garantia para o cidadão, como os chamados “bicos”. 
A consequência disso é a competitividade acirrada. 
 
 EDUCAÇÃO PROFISSIONAL 20 
Como ocorre a competitividade? 
 
A competitividade passou a existir entre as empresas e as pessoas, que 
passaram a se qualificar mais para conseguir vaga nesse mercado cruel. Hoje 
em dia, necessita-se da tão divulgada empregabilidade, que pode ser entendida 
como a capacidade de ser “empregável”, ou seja, de ter formação, habilidades, 
competências e conhecimento desejados pelo mercado. Quanto mais dessas 
características você tiver, supõe-se maior empregabilidade, ou seja, mais 
chances de ter uma boa colocação. 
 
Atividade proposta 
A partir do texto Os sentidos do trabalho (ANTUNES, 1999, p. 209-223): 
 
1. Indique as principais tendências presentes no mundo do trabalho hoje, 
apontadas pelo autor (p. 209-214). 
2. No mesmo texto, a partir da página 215, o autor mostra-se contrário à tese 
de outros autores, que defendem a perda da centralidade da categoria de 
trabalho na sociedade contemporânea e apontam para uma “crise da sociedade 
do trabalho”. Quais são os argumentos usados por Antunes para criticar os 
outros autores? 
 
Chave de resposta: As principais tendências presentes no mundo do 
trabalho hoje, apontadas pelo autor (p. 209-214): 
 
— Mudanças que ocorrem nos países avançados se refletem no 3º mundo; 
— Todos os setores se envolvem e são atingidos, não somente o industrial; 
— Desproletarização, ou seja, redução do número de operários em função da 
implantação de novas tecnologias; 
— Mão de obra precária, temporária, parcial, subcontratada e heterogênea 
(inclusive com bom contingente feminino); 
— Complexificação e fragmentação do trabalho; 
 
 EDUCAÇÃO PROFISSIONAL 21 
— Transformações no trabalho na forma de inserção produtiva, representação 
sindical e política; 
— Substituição do trabalho vivo pelo trabalho morto; 
— Intelectualização do trabalho manual e, ao mesmo tempo, desqualificação, 
expressa no trabalho informal, etc. 
 
Os argumentos usados por Antunes para criticar os outros autores são: 
 
O autor defende que não existe exatamente a “crise da sociedade do trabalho”. 
Apesar de admitir todas as tendências citadas na questão anterior, ele acredita 
que há uma reestruturação produtiva, fazendo questão de especificar sobre 
qual dimensão se trata e se é trabalho abstrato ou concreto, além de 
argumentar que uma coisa é conceber, com a eliminação do capitalismo, 
também o fim do trabalho abstrato, estranhado; outra, distinta, é conceber a 
eliminação, no universo da sociabilidade humana, do trabalho concreto, que 
cria coisas socialmente úteis e, ao fazê-lo, transformar seu próprio criador. O 
autor aposta na hipótese da emancipação do trabalho, no trabalho e pelo 
trabalho, simultaneamente. 
 
 
Material complementar 
 
Para saber mais sobre a Lei de Diretrizes e Bases - LDB, leia o 
texto disponível em nossa biblioteca virtual. 
 
 
Referências 
ANTUNES, R. Adeus ao Trabalho?: Ensaio sobre as metamorfoses e a 
centralidade do mundo do trabalho. 2. ed. São Paulo: Cortez; Campinas:Editora da Universidade Estadual de Campinas, 1995. 
______. Os sentidos do Trabalho: Ensaio sobre a afirmação e a negação do 
trabalho. 5. ed. São Paulo: Boitempo Editorial, 1999. 
______. O Continente do Labor. 1. ed. São Paulo: Boitempo Editorial, 2011. 
 
 EDUCAÇÃO PROFISSIONAL 22 
DELUIZ, N. A Globalização Econômica e os Desafios à Formação 
Profissional: Boletim Técnico do Senac. mai./ago. 1996. 
FRIGOTTO, G. A Educação e a Crise do Capitalismo Real. São Paulo: 
Cortez, 1995. 
HARVEY, D. Condição Pós-Moderna: uma pesquisa sobre as origens da 
mudança cultural. Trad. de Adail Ubirajara Sobral e Maria Stela Gonçalves. São 
Paulo: Ed. Loyola, 1992. 
LAVAL, C. A Escola não é uma empresa: O neoliberalismo em ataque ao 
ensino público. Londrina: Editora Planta, 2004. 
LUZ, D. Educação corporativa: a proposta empresarial no discurso e na 
prática. Dissertação de mestrado. UNESA, Rio de Janeiro, 2007. 
 
Exercícios de fixação 
Questão 1 
Na “era do ouro”, com a larga industrialização e a produção em série, uma era 
próspera de crescimento e desenvolvimento, como se caracterizava o Estado de 
bem-estar social? 
a) Pela intervenção do Estado na economia. 
b) Com o acordo traçado a partir do consenso de Washington, quando as 
empresas adotaram novas medidas para fazer frente à crise. 
c) Tinha relação com os incentivos fiscais oferecidos às empresas pelos 
organismos internacionais. 
d) Como um modelo de produção oriundo do capitalismo voltado à 
competitividade, que garantiria o bem-estar de empresas e pessoas. 
e) Pelas políticas sociais implementadas pelos governos, garantindo serviços 
públicos e proteção à população. 
 
Questão 2 
A crise do petróleo desencadeou uma série de mudanças político-econômico-
sociais no Brasil e no mundo, e tinha como características: 
a) O Estado de bem-estar social e a necessidade de criar o Consenso de 
Washington. 
 
 EDUCAÇÃO PROFISSIONAL 23 
b) A crise do neoliberalismo e a crise estrutural do emprego. 
c) O fortalecimento dos regimes socialistas e dos sindicatos. 
d) A internacionalização do capital e a crise do emprego. 
e) A desregulamentação da economia e o surgimento das competências. 
 
Questão 3 
Sobre o Consenso de Washington, é incorreto afirmar que: 
a) Ocorreu em 1999, no Brasil. 
b) A partir dessa reunião, os organismos internacionais passaram a fazer 
parte efetivamente da nossa vida política, econômica, social e 
educacional. 
c) Teve como objetivo discutir os novos rumos do capitalismo. 
d) Foi uma reunião internacional organizada pelos países centrais. 
e) Teve como consequências as privatizações e a redução da participação 
do Estado nas políticas sociais. 
 
Questão 4 
Sobre a década perdida, é correto afirmar que: 
a) Ocorreu entre 1945 e 1970, período em que a industrialização, tardia no 
Brasil, não crescia adequadamente. 
b) Foi a década da crise, ou seja, os anos 70, onde o capitalismo viveu, a 
partir de 1973, a crise do petróleo, considerada a pior época de sua 
existência. 
c) Se refere aos anos 80, época em que o capitalismo ainda buscava 
formas de se reorganizar para ter estabilidade no Brasil e no mundo. 
d) Foi nos anos 90, com o confisco do governo Collor, que deixou a 
economia estagnada. 
e) Se refere aos anos 2000, quando, com a crise educacional e do mundo 
do trabalho, todos saíram perdendo. 
 
 
 
 
 EDUCAÇÃO PROFISSIONAL 24 
Questão 5 
Dentre as opções abaixo, marque a que descreve corretamente os organismos 
internacionais atuantes na nossa economia atual. 
a) Banco Mundial e UNESCO 
b) OCDE (Organização para o Crescimento e Desenvolvimento Econômico) 
e FMI 
c) BIRD (Banco Interamericano de Desenvolvimento ) e Greenpeace 
d) Banco Mundial e OMS (Organização Mundial da Saúde) 
e) FMI (Fundo Monetário Internacional) e OCDE (Organização para a 
Cooperação e Desenvolvimento Econômico) 
 
Questão 6 
Com relação à tão propalada globalização, é possível afirmar que: 
a) Esse processo trouxe apenas benefícios à sociedade em geral. 
b) Se trata de um fenômeno de integração de ordem econômica, social, 
cultural e política que vigora até hoje. 
c) Foi um processo ocorrido entre 1945 e 1970 no mundo todo e que 
desencadeou uma enorme crise. 
d) É um fenômeno em torno dos avanços tecnológicos, que originou, dentre 
outras coisas, a internet. 
e) Esse fenômeno teve como consequências o pleno emprego e um 
aumento elevado da escolarização da população. 
 
Questão 7 
Para se adequarem à nova ordem econômica mundial e se prepararem para um 
mercado altamente competitivo, que atitudes as empresas começaram a tomar? 
a) Contrataram mais para produzirem mais. 
b) Procuraram reduzir os custos e aumentar a produtividade, flexibilizando 
a mão de obra. 
c) Foram obrigadas a rever suas formas de gestão, produzindo menos. 
d) Deixaram de se preocupar com a qualidade e passaram a se preocupar 
com a quantidade. 
 
 EDUCAÇÃO PROFISSIONAL 25 
e) Optaram por reduzir seus lucros para treinarem os funcionários. 
 
Questão 8 
Sobre competências, assinale a alternativa falsa. 
a) Diz-se que as competências são necessárias para o aumento da 
empregabilidade do trabalhador. 
b) Dentre as competências hoje exigidas do trabalhador, estão as funções 
muito mais abstratas e intelectuais. 
c) As competências não têm relação direta com a competitividade das 
empresas. 
d) Além das competências, fala-se ainda em habilidades e conhecimentos 
desejados pelo mercado. 
e) As competências têm um papel central na educação nos dias de hoje. 
 
Questão 9 
“Ela era principalmente voltada à formação do cidadão, mais do que à 
satisfação do usuário, do cliente, do consumidor.” O autor Chistian Laval, ao 
fazer essa afirmação sobre o papel da escola: 
a) Concorda com essa nova concepção, que se refere à escola voltada para 
o mercado de trabalho. 
b) Discorda com essa nova concepção, referente à escola formando 
cidadãos. 
c) Concorda e acredita que o papel da escola é atender às exigências do 
capitalismo. 
d) Discorda dessa nova concepção, pois acredita que, antes de tudo, a 
escola deve dar uma formação integral. 
e) Concorda com esse novo papel da escola, pois é assim que se 
desenvolve cidadãos. 
 
Questão 10 
Dentre as ações educativas das empresas na tentativa de qualificar mão de 
obra para atender às demandas do mercado, estão: 
 
 EDUCAÇÃO PROFISSIONAL 26 
a) Universidades corporativas, incentivos à formação, parcerias com 
escolas. 
b) Projetos educacionais em fábricas e construção de creches. 
c) Contratação somente de universitários e parcerias com universidades. 
d) Programas intensivos de treinamento e demissão dos menos 
escolarizados. 
e) Educação corporativa e benefícios para a saúde do trabalhador. 
 
Neoliberalismo: É como uma corrente de pensamento ou ideologia; refere-se 
a um conjunto capitalista de ideias político-econômicas, que defende a não 
participação do Estado na economia e a liberdade total de comércio, 
objetivando o crescimento e desenvolvimento de uma nação. 
 
Aula 1 
Exercícios de fixação 
Questão 1 - E 
Justificativa: Estado de bem-estar social significa ter o Estado como 
regulamentador e promotor de toda a vida e saúde social da população. 
 
Questão 2 - D 
Justificativa: A internacionalização e a mundialização do capital eram 
características daquele momento de crise, que também teve sérias dificuldades 
com a classe assalariada. 
 
Questão 3 - A 
Justificativa: Ocorreu em 1989, em Washington, EUA. 
 
 
 
 EDUCAÇÃO PROFISSIONAL 27 
Questão 4 - C 
Justificativa: A década perdida, conforme explicado no texto acima, refere-se 
aos anos 80, época em que, a partir da crise que havia se estabelecido, o 
capitalismo ainda não havia encontrado uma forma de se reestruturar. 
 
Questão 5 - E 
Justificativa: São os organismos internacionais envolvidos na economia, com 
suas respectivas siglas descritas adequadamente. 
 
Questão 6 - B 
Justificativa: A globalizaçãoé um fenômeno internacional de integração 
econômico-social, presente ainda nos dias de hoje e que tem pontos positivos e 
negativos. 
 
Questão 7 - B 
Justificativa: Foi necessário rever as formas de gestão, fato que diminuiu o 
lucro; portanto, para aumentá-lo, tinham que produzir mais e 
gastar menos. 
 
Questão 8 - C 
Justificativa: As competências, na visão do mercado, têm relação direta com a 
competitividade das empresas, pois, quanto mais qualificados forem os 
funcionários, mais retorno darão para a organização. 
 
Questão 9 - D 
Justificativa: O autor discorda da concepção da escola voltada para a lógica do 
capital e acredita em uma formação integral para o sujeito, sendo este, antes 
de tudo, cidadão. 
 
Questão 10 - A 
Justificativa: Para capacitar empregados, as empresas têm feito programas de 
educação corporativa e criado suas próprias universidades corporativas por 
 
 EDUCAÇÃO PROFISSIONAL 28 
meio de parcerias com escolas e outras instituições de ensino, realizando 
projetos em fábricas e incentivando funcionários à educação. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 EDUCAÇÃO PROFISSIONAL 29 
 
Introdução 
Nesta aula, teremos a oportunidade de compreender os conceitos do mundo 
trabalho, entender os modelos/modos de produção taylorista/fordista, seus 
princípios básicos, as características que apresentam sua origem, seus objetivos 
e finalidades. 
 
Além disso, observaremos os sujeitos envolvidos e analisaremos como se 
situam frente às mudanças ocorridas na economia e educação ao longo dos 
anos. Também conheceremos o toyotismo, o processo de acumulação flexível, 
seus fundamentos, as causas e consequências aparentes em nossa sociedade. 
 
O objetivo é nos posicionarmos acerca do ambiente que temos e do contexto 
que se instaurou. Ademais, ao reconhecermos como isso se deu e 
considerarmos o processo de mudanças pelo qual passamos e que, 
consequentemente, estamos envolvidos direta e indiretamente, possamos, 
criticamente, fazer uma análise do cenário e do ambiente atual. 
 
Você verá que o mercado de trabalho que temos hoje, com todas as suas 
dificuldades e exigências, é fruto de um processo mundial não tão recente, mas 
com consequências drásticas para o nosso dia a dia. Você perceberá como isso 
afeta, sim, a realidade atual em que você se insere. 
Bons estudos! 
 
Objetivo: 
1. Conceituar trabalho e fordismo; 
2. Reconhecer os modos de produção no contexto atual; 
3. Conceituar taylorismo, compreendendo e associando-o ao fordismo; 
4. Caracterizar o toyotismo e o modo de produção vigente/modelo de 
acumulação de flexível de capital; 
 
 EDUCAÇÃO PROFISSIONAL 30 
5. Relacionar a crise do fordismo com o surgimento do toyotismo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 EDUCAÇÃO PROFISSIONAL 31 
Conteúdo 
Significado de trabalho 
Para estudar e discutir sobre formação profissional e o mercado de trabalho, é 
imperativo conceituar e definir uma série de termos fundamentais para o 
entendimento do tema. Assim, iniciaremos pelo mais relevante: 
 
O que é trabalho? 
 
Segundo o dicionário, é a aplicação da atividade física ou intelectual; atividade 
humana aplicada à produção da riqueza; ocupação, emprego, tarefa; lida, luta, 
fadiga, esforço. 
 
Pois bem, em quase todas as línguas, o termo “trabalho” tem mais de um 
significado. Os gregos tinham uma palavra para exprimir fabricação, e outra 
para exprimir esforço. No inglês, há uma clara distinção entre labour e work, 
sendo o primeiro relativo a “esforço e cansaço”, e o segundo relativo à “criação, 
obra”. 
 
Em português, usamos labor e trabalho como sinônimos, oriundos do latim 
tripalium, que era um instrumento feito de três paus aguçados, algumas vezes 
munidos de pontas de ferro, no qual os agricultores batiam trigo e/ou espigas 
de milho. Esse instrumento era usado frequentemente como forma de tortura. 
 
O trabalho através do tempo 
Se tivéssemos que sintetizar o trabalho através do tempo, veríamos que: 
 
1 - Na antiguidade grega, o trabalho na lavoura, com esforço físico, e a vida ao 
ar livre tinham prestígios semelhantes ao da atividade de guerreiro. 
 
2 - Só depois que passaram a ser vistos como serviços menos nobres, que 
deviam ser realizados por escravos e não pelos proprietários. 
 
 EDUCAÇÃO PROFISSIONAL 32 
 
3 - Foi então que esse conceito ganhou outra vertente: passou a ser algo que 
não era realizado de maneira livre, mas, sim, algo feito sob controle e como 
forma de sobrevivência. 
 
Digamos que eram vistos como trabalhos pouco importantes, destinados aos 
menos habilitados intelectualmente. 
 
"Trabalho" sobre a visão de Marx 
Marx, pensador do século XIX, filósofo e cientista político, tinha uma visão 
bastante diferente e peculiar do que seria “trabalho”. Ele considerava que a 
essência humana estava no trabalho, e que aquilo que os homens produzem é 
o que eles são; o homem é o que ele faz, e a natureza dos indivíduos depende 
das condições que determinam a sua atividade produtiva. O trabalho é o que 
faz a mediação entre o homem e a natureza, e é através do trabalho que o 
homem se transforma. 
 
E é exatamente aí que começamos a falar do fordismo... 
 
Mas você deve estar se perguntando: como assim, que relação isso pode ter? 
 
Marx dizia que esse tipo de trabalho, da forma como ele conceitua e acredita, 
não era possível na produção mecanizada em série, na qual o trabalho se 
tornava alienado, desumanizado. E essa era uma das características do modelo 
de produção fordista. 
 
Na aula 1, vimos a contextualização do histórico político e econômico da nossa 
sociedade. Na “era de ouro”, entre 1945 e 1970, o modo de produção que 
vigorava era o fordista, caracterizado pela produção em massa, em série, à 
esteira de produção. 
 
 EDUCAÇÃO PROFISSIONAL 33 
Fordismo 
O fordismo é definido com um modelo/modo de produção baseado em 
inovações técnicas e organizacionais que se articulam tendo em vista a 
produção e o consumo em massa. É a prática de gestão na qual se observa a 
radical separação entre concepção e execução, baseado no trabalho 
fragmentado e simplificado. Fundamenta-se na linha de trabalho acoplada à 
esteira rolante, que evita deslocamento do trabalhador, mantém um fluxo 
contínuo de peças e reduz tempos mortos. O trabalho é repetitivo, parcelado e 
monótono, com ritmo e velocidade estabelecidos pela máquina. 
 
A ideia central do fordismo 
A ideia central do fordismo, que vigorou por quase todo o século XX, era 
produzir massivamente numa empresa onde tudo é móvel, menos o 
trabalhador; havia uma intensa exploração deste sujeito. Era uma estratégia 
mais abrangente de organização da produção, que envolvia extensa 
mecanização, ferramentas especializadas, linha de montagem e crescente 
divisão do trabalho. 
 
A divisão do trabalho, que, posteriormente, será melhor explicada com o 
taylorismo, nada mais é do que a separação total das funções, dar a cada um 
tarefas específicas. 
 
“A fabricação de roupa deve ficar mais barata quando uma carda, outro fia, 
outra tece, outro puxa, outro alinha, outro passa e empacota, do que todas as 
operações mencionadas sendo canhestramente executadas por uma só mão.” 
William Petry, famoso economista do século XVII. 
 
Apesar de citado por um economista de séculos atrás, isto ainda lhe parece 
familiar? 
 
O trabalho de concepção é altamente qualificado, como desenhos de produtos 
e programação fora da linha de montagem. 
 
 EDUCAÇÃO PROFISSIONAL 34 
Com o alto desempenho que alcançou, Henry Ford (fundador da Ford, empresa 
da indústria automobilística, e responsável pela denominação “fordismo”) 
demonstrou que era possível aumentar a produção, reduzir os preços e elevar o 
consumo e, consequentemente, o lucro. Ele afirmava que o trabalho a ser 
executado pelo operário era tãofácil que até os mais estúpidos poderiam 
aprender a executá-lo em dois dias, o que nos mostra que, nessa época, era 
mais importante os braços do que o cérebro do trabalhador. 
 
As questões de Ford 
Ford insistiu em duas questões importantes: a mecanização e a defesa de 
salários mais elevados como recompensa pela disciplina e estabilidade da 
força de trabalho em uma empresa racionalmente organizada. Além disso, ele 
formou mercado comprador necessário para a produção em massa. 
 
 Sua visão era: produção em massa = consumo em massa; uma nova política 
de controle e gerência do trabalho; um novo tipo de sociedade democrática, 
racionalizada, modernista e populista. Significava dar aos trabalhadores renda e 
tempo de lazer suficientes para que consumissem. 
 
Era tal a crença no poder corporativo de regulamentação da economia como 
um todo, que sua empresa aumentou os salários no começo da grande 
depressão na expectativa de que isso aumentasse a demanda, mas as leis da 
competição foram mais fortes, e Ford teve que, inclusive, demitir. Então, 
através da intervenção do Estado, conseguiu-se o que Ford queria fazer 
sozinho: salvar o capitalismo. 
 
O macrocorporativismo 
O macrocorporativismo (método de resolução de conflitos e solução negociada 
para crises) foi estabilizado pela formulação da mútua concessão fordista entre 
gerência e sindicatos sob o Estado. A legislação social foi sistematizada; o 
estado de bem-estar, ampliado; a negociação coletiva, generalizada. Isso 
 
 EDUCAÇÃO PROFISSIONAL 35 
resultou em 20 anos de expansão da produtividade, do investimento e do poder 
de compra. 
 
Lembram do estado de bem-estar social característico da “era de ouro”? Olha 
ele sendo explicado aí, com exemplos práticos. Também ainda pode-se 
observar a presença e a força dos sindicatos naquela época. 
 
Nos anos 70, a crise econômica do fordismo teve origem quando seus princípios 
tornaram-se menos eficazes devido às novas tecnologias de informação e à 
internacionalização. 
 
O fordismo não se confunde com o taylorismo, apesar de serem processos 
de trabalho que podem se encontrar juntos numa mesma empresa. Veremos 
logo adiante como isso acontece. 
 
Taylorismo 
Para introduzirmos a temática do taylorismo, vamos recorrer à explicação de 
Kuenzer (1985): 
 
“O trabalho dos economistas clássicos burgueses, que introduzem a 
racionalização no campo do trabalho, (...) possibilitou o surgimento da teoria 
geral da administração com as obras de Taylor e Fayol, motivadas pela 
necessidade de racionalização do processo produtivo, tendo em vista a 
acumulação ampliada do capital.” 
 
Esses autores tratam especificamente da divisão do trabalho através de 
hierarquias, especializações, autoridades e controle, tendo em vista a 
produtividade. Pode-se dizer que, apesar de apresentarem semelhanças em 
suas obras, Taylor preocupa-se com a racionalização do trabalho a nível dos 
operários; enquanto Fayol, do nível da administração, da cúpula e da parte 
estrutural. 
 
 
 EDUCAÇÃO PROFISSIONAL 36 
Assim, o taylorismo caracteriza-se pela intensificação do trabalho através de 
sua racionalização científica, tendo como objetivo eliminar os movimentos 
inúteis utilizando instrumentos de trabalho mais adaptados à tarefa. Pode ser 
aplicado em firmas médias e pequenas, diferentemente do fordismo, que 
difundiu-se principalmente nas grandes empresas, mas o que não impediu que 
seus conceitos fossem usados na indústria automobilística. Aliás, foi nela que, 
segundo Peres (2012), se originou tanto o fordismo quanto os métodos flexíveis 
de produção, que serão aprofundados mais adiante. 
 
Produção em massa 
No início, de forma artesanal e individualizada, a produção de automóveis 
precisava massificar. Foi quando Ford aplicou os métodos do taylorismo 
(chamado de organização científica do trabalho) para atender ao potencial do 
consumo de massas. Ele precisava produzir mais rápido e mais barato para 
vender mais. 
 
Tempos Modernos, 1936. 
 
Assim, ainda segundo Peres (2012), esse trabalho massificado ganhou 
condições precárias e, ainda, com tarefas parceladas, fazendo com que as 
ações dos trabalhadores ficassem incompreensíveis para eles próprios: eles não 
concebiam, só executavam; eles não precisavam pensar somente fazer. O 
operário era o apêndice da máquina. 
 
Os princípios básicos do taylorismo 
Dentro dessas características, devemos nos remeter ao conceito de trabalho de 
Marx; mas, se o trabalho é a essência do homem, nessas condições, ele fica 
resumido a quê? Marx explica que o trabalho no capitalismo aliena, pois o 
homem não é capaz de reconhecer a si nos seus produtos; o trabalho alienado, 
além de produzir a mercadoria, produz a força de trabalho como mercadoria. 
 
Os princípios básicos do taylorismo são: 
 
 EDUCAÇÃO PROFISSIONAL 37 
1 - 1- A separação da execução da concepção e intensificação da divisão do 
trabalho; 
2 - 1- A separação da execução da concepção e intensificação da divisão do 
trabalho; 
2 - Estímulo ao desempenho individual; 
3 - 1- A separação da execução da concepção e intensificação da divisão do 
trabalho; 
2 - Estímulo ao desempenho individual; 
3 - Controle de tempos e movimentos para eliminar o período 
dedicado às tarefas não produtivas; 
4 
1- A separação da execução da concepção e intensificação da divisão do 
trabalho; 
2 - Estímulo ao desempenho individual; 
3 - Controle de tempos e movimentos para eliminar o período dedicado às 
tarefas não produtivas; 
4 - Criação de uma estrutura hierarquizada. 
 
 
Atenção 
 Desde o seu início, esse modelo deparou-se com a resistência 
operária e recebeu inúmeras críticas de autores humanistas, pois 
retirou a autonomia do trabalhador, transformando-o em 
operário-massa, alienado. Mas isso não impediu (e não impede 
até hoje) que ainda tenhamos relações de trabalho exploratórias 
e alienantes. 
 
Os princípios básicos do taylorismo 
A crise estrutural ocorrida no final da era fordista fez com que o capitalismo 
criasse estratégias para que, digamos, continuasse a existir. 
 
 
 EDUCAÇÃO PROFISSIONAL 38 
“A crise do modelo fordista exigia que o capital viesse a estabelecer mutações 
em sua estrutura. Por ser incontrolável, o capital elabora sempre uma saída 
para sua crise. Utilizando-se da experiência do fordismo, cria-se um novo 
modelo de produção que tem como objetivo solucionar os problemas que 
teriam levado o modelo anterior a uma crise estrutural. Tem início, então, um 
processo de reorganização, que teve como principal resultado a emergência do 
neoliberalismo, com a privatização do Estado, a desregulamentação dos direitos 
do trabalho e a falência do setor público estatal. Posterior a isso, ocorre um 
intenso processo de reestruturação da produção e do trabalho, que daria 
origem ao modelo flexível de produção. Tudo isso no intuito de recuperar o 
ciclo reprodutivo do capital.” (ANTUNES, 1999 apud Peres, 2002). 
 
Da crise do modelo fordista nasce o modelo toyotista, com estratégias 
diferenciadas e projetos novos para superar as falhas do modelo anterior, 
principalmente no tocante à atuação das pessoas, que passaram a ter um papel 
central nessa nova lógica de acumulação, o que fez com que, 
consequentemente, a questão da escolarização e da qualificação viessem à 
tona logo depois. 
 
Ao contrário do modelo taylorista/fordista, esse “novo modelo de produção” 
requer a participação não apenas dos braços, mas do cérebro do trabalhador, 
que passa a ter mais participação em todo o processo de trabalho, de forma 
integrada, com tarefas diversificadas. 
 
Assim, com o avanço dos ideais neoliberais e a adoção de novos modelos 
econômicos, políticos e sociais (já comentados na aula 1 após o consenso de 
Washington), novos conceitos também vieram à tona, como competências e 
competitividade, estabelecendo um vínculo entre a educação e o processo 
produtivo, fortalecendoo mercado como regulador das relações sociais. 
 
 
 EDUCAÇÃO PROFISSIONAL 39 
Autoestima do trabalhador 
O processo de gestão transforma-se da produção fordista para a toyotista, pois, 
agora, é imprescindível que o executor das tarefas interfira no processo fabril 
sempre que houver necessidade. Então, na gestão da qualidade total – 
estratégia de administração voltada para criar qualidade em todos os processos 
organizacionais –, o primeiro passo para seu sucesso é criar um processo 
educativo que restaure a autoestima do trabalhador. Em um primeiro momento, 
busca-se a conscientização para que, depois, se busque o comprometimento e 
a responsabilidade participativa. 
 
Neste momento, já estamos tratando mais sobre a atualidade, e estes termos 
já são bem conhecidos, não é? Gestão pela qualidade total, 5S, adventos do 
toyotismo. Mas ainda falaremos mais sobre isso no decorrer da disciplina, ok? 
 
Mas, afinal, o que é o toyotismo? 
Esse termo aparece em função do conjunto de técnicas de organização da 
produção e do trabalho industrial desenvolvido pelos japoneses, que inclui 
práticas administrativas, relações de trabalho e princípios de gestão de 
empresas voltadas para o aumento da produtividade. 
 
Esse modelo, também conhecido como “modelo japonês”, surgiu nas fábricas 
da Toyota após a Segunda Guerra Mundial. 
 
O toyotismo revolucionou a fabricação industrial em todo o mundo, partindo do 
princípio que, atrás das máquinas, havia um homem capaz; assim, a mão de 
obra passou a ser vista como polivalente e flexível, adaptável. Troca-se um 
homem fordista, alienado em seu trabalho, por um homem toyotista, que saiba 
decidir e escolher a melhor maneira de produzir, teoricamente. Mas vejamos o 
que isso, de fato, representa para o trabalhador. 
 
Veja o case a seguir e entenda melhor o toyotismo. 
 
 
 EDUCAÇÃO PROFISSIONAL 40 
No Japão, eles não tinham necessidade de comprar a capital da cadeia de 
abastecimento, nem espaço para armazenar seus componentes de riqueza. 
 
A Toyota desenvolveu um sistema de produção “apenas a tempo”, com pouco 
armazenamento. 
 
Mas foi necessária muita coordenação com os seus fornecedores. 
 
Hoje, tem-se uma linha de produção inspirada no toyotismo a partir da 
necessidade específica do Japão de produzir pequenas quantidades de modelos 
variados de produtos. No toyotismo, o trabalho é realizado em pequenas células 
de produção, e todos conhecem a execução das atividades. É um modelo 
extremamente competitivo de diversificação. 
 
Como precisa se ajustar ao mercado, à demanda e suas variações, a ideia é 
não acumular estoque para não encalhar; daí o just in time, ou seja, produzir o 
suficiente, não o excedente, ser uma fábrica “enxuta”. Outra característica 
importante é a ocultação das hierarquias de poder. Nesse sistema, flexibilidade 
e qualidade são as palavras mais usadas, assim como os sistemas de ensino. 
 
Atividade proposta 
1 – Pesquise e conceitue cada um dos termos utilizados no mercado de 
trabalho e trace um paralelo com o conteúdo da aula 1: produtividade, 
downsizing, precarização, empregabilidade, competências e competitividade. 
2 – Compare as características do fordismo com as dos toyotismo a partir do 
texto de Ricardo Antunes: Adeus ao trabalho? Ensaio sobre as 
metamorfoses e a centralidade do mundo do trabalho (pode ser feito um 
quadro comparativo). 
3 – Indique as consequências da globalização para os trabalhadores a partir do 
texto de O. Ianni: O mundo do trabalho. São Paulo em perspectiva (pode ser 
feito em tópicos). 
 
 
 EDUCAÇÃO PROFISSIONAL 41 
Chave de resposta: 
 
FORDISMO TOYOTISMO 
Cronômetro e produção em série Flexibilização da produção, 
“especialização flexível”. Produção 
voltada para a demanda 
Direitos do trabalho conquistados Direitos do trabalho 
desregulamentados e flexibilizados 
Despotismo Participação dentro da ordem e do 
universo da empresa; envolvimento 
Produção em massa da grande 
indústria, unidades fabris 
concentradas e verticalizadas, 
trabalho parcelar e fragmentado 
Concepção de trabalho mais flexível, 
isento de alienação. Processo mais 
desconcentrado e tecnologicamente 
desenvolvido para um mercado mais 
localizado e regional 
Produção em grande quantidade e 
pouca variedade 
Satisfazer pedidos pequenos e 
variáveis. É o consumidor quem 
determina o que será produzido. 
Estoque mínimo 
Todo o processo se baseia em um 
homem/uma máquina 
Melhor aproveitamento do tempo pelo 
just in time e melhor qualidade com 
processo produtivo flexível. Um 
operário trabalha com várias máquinas 
Caráter de trabalho parcelar 
 
Trabalho em equipe 
Surgimento do sindicalismo do 
trabalhador 
 
Surgimento do sindicalismo patronal 
Verticalização Horizontalização e expansão dos 
métodos para os fornecedores. 
Grande número de trabalhadores Número mínimo de trabalhadores e 
pagamento de horas extras, 
 
 EDUCAÇÃO PROFISSIONAL 42 
subcontratações, terceirizações 
Trabalho desqualificado 
 
O operário torna-se polivalente 
Hierarquização 
 
Diminuição da hierarquia 
 
A transição do planejamento centralizado à economia de mercado tem 
estabelecido novas formas de organização do processo de trabalho, relações 
trabalhistas e condições jurídico-políticas de organização do movimento 
operário. Será cada vez mais difícil chegar-se a princípios e acordos aceitáveis e 
aplicáveis a todos. 
 
A máquina se vigia e se regula a si mesma, o que significa não a fábrica sem 
homens, mas, sim, o homem exercer funções mais abstratas e intelectuais. A 
distância entre o operário e o engenheiro tende a diminuir. 
 
O trabalho organizado foi solapado pela reconstrução de focos de acumulação 
flexível, que implica níveis altos de desemprego “estrutural”, rápida destruição e 
reconstrução de habilidades, ganhos modestos de salários e retrocesso do 
poder sindical. 
 
Diante da volatilidade do mercado e da competitividade, os patrões tiraram 
proveito do enfraquecimento dos sindicatos para impor regimes e contratos de 
trabalho mais flexíveis. 
 
A revolução da microeletrônica, com novas formas de automação e robótica, 
com articulação do trabalho intelectual e manual. 
 
Busca de níveis mais avançados de racionalização. 
 
Progressiva diminuição do mundo agrário e crescente urbanização do mundo. 
 
 
 EDUCAÇÃO PROFISSIONAL 43 
Mesclam-se culturas, raças e civilizações nos movimentos migratórios que 
atravessam fronteiras geográficas e políticas, articulando nações e continentes. 
 
O trabalhador coletivo é uma categoria universal. 
 
Alguns dos aspectos mais evidentes na questão social são: desemprego cíclico e 
estrutural, crescimento de contingentes situados na condução de subclasse, 
superexploração da força de trabalho, discriminação racial, sexual, de idade, 
política e religiosa. 
 
Referências 
ANTUNES, R. Adeus ao Trabalho?: Ensaio sobre as metamorfoses e a 
centralidade do mundo do trabalho. 2. ed. São Paulo: Cortez; Campinas: 
Editora da Universidade Estadual de Campinas, 1995. 
______. Os sentidos do Trabalho: Ensaio sobre a afirmação e a negação do 
trabalho. 5. ed. São Paulo: Boitempo Editorial, 1999. 
CATTANI, A. D. (Org.). Trabalho e Tecnologia: Dicionário crítico. Petrópolis: 
Vozes, 1997. 
HARVEY, D. Condição Pós-Moderna: uma pesquisa sobre as origens da 
mudança cultural. Trad. de Adail Ubirajara Sobral e Maria Stela Gonçalves. São 
Paulo: Ed. Loyola, 1992. 
IANNI, O. O mundo do trabalho. São Paulo em perspectiva, 8 (1): 2-12, 
jan./mar., 1994. 
KUENZER, A. Pedagogia da Fábrica: As relações de produção e a educação 
do trabalhador. São Paulo: Cortez: Autores Associados, 1985. 
OUTHWAITE, W.; BOTTOMORE, T. (Orgs). Dicionário do Pensamento 
Social do Século XX. Rio de Janeiro: Zahar Ed., 1996. 
 
Exercícios de fixação 
Questão 1 
Para Marx, o trabalho: 
a) Se caracterizava pela venda dos serviços em troca de salário.

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