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EDUCAÇÃO PROFISSIONAL 1 Apresentação ................................................................................................................................ 7 Aula 1: Contextualização dos cenários econômicos ..................................................................... 8 ............................................................................................................................. 8 Introdução ................................................................................................................................ 9 Conteúdo Contextualização ............................................................................................................... 9 Contextualização ............................................................................................................... 9 Era do ouro ......................................................................................................................... 9 Era do ouro: área política e social ................................................................................ 10 Era do ouro: campo educacional ................................................................................. 10 Crise capitalista ................................................................................................................ 11 Crise capitalista: consequências ................................................................................... 12 Crise capitalista: acumulação flexível .......................................................................... 12 Consenso de Washington .............................................................................................. 13 Década de 90: reorganização do capitalismo ............................................................ 14 Década de 90: início da globalização .......................................................................... 15 O mercado e a globalização .......................................................................................... 16 Lei de diretrizes e bases .................................................................................................. 16 Novo modelo escolar e educativo ............................................................................... 17 Precarização do trabalho e competitividade ............................................................. 19 Atividade proposta .......................................................................................................... 20 ........................................................................................................................... 21 Referências ......................................................................................................... 22 Exercícios de fixação Notas ........................................................................................................................................... 26 Chaves de resposta ..................................................................................................................... 26 ..................................................................................................................................... 26 Aula 1 Exercícios de fixação ....................................................................................................... 26 Aula 2: Modo de produção capitalista ........................................................................................ 29 ........................................................................................................................... 29 Introdução .............................................................................................................................. 31 Conteúdo Significado de trabalho ................................................................................................... 31 O trabalho através do tempo ........................................................................................ 31 "Trabalho" sobre a visão de Marx .................................................................................. 32 Fordismo ............................................................................................................................ 33 EDUCAÇÃO PROFISSIONAL 2 A ideia central do fordismo ........................................................................................... 33 As questões de Ford ........................................................................................................ 34 O macrocorporativismo ................................................................................................. 34 Taylorismo ........................................................................................................................ 35 Produção em massa ........................................................................................................ 36 Os princípios básicos do taylorismo ............................................................................ 36 Os princípios básicos do taylorismo ............................................................................ 37 Autoestima do trabalhador ............................................................................................ 39 Mas, afinal, o que é o toyotismo? ................................................................................. 39 Atividade proposta .......................................................................................................... 40 ........................................................................................................................... 43 Referências ......................................................................................................... 43 Exercícios de fixação Chaves de resposta ..................................................................................................................... 48 ..................................................................................................................................... 48 Aula 2 Exercícios de fixação ....................................................................................................... 48 Aula 3: Os empresários e a educação brasileira ......................................................................... 51 ........................................................................................................................... 51 Introdução .............................................................................................................................. 52 Conteúdo Relações entre empresariado e educação .................................................................. 52 Confederação Nacional da Indústria – CNI ............................................................... 52 Outros acontecimentos .................................................................................................. 53 Visões da CNI sobre o Brasil .......................................................................................... 54 Discurso pedagógico do CNI ........................................................................................ 55 Educação voltada para o trabalho ................................................................................ 56 Aproximação dos empresários com a educação ...................................................... 56 Aproximação dos empresários com a educação: 1º momento ............................. 57 Aproximação dos empresários com a educação: 2º momento ............................ 58 Responsabilidade social .................................................................................................. 59 Universidades corporativas ............................................................................................ 60 Empresas como tábua de salvação ..............................................................................62 Atividade proposta .......................................................................................................... 62 ........................................................................................................................... 66 Referências ......................................................................................................... 67 Exercícios de fixação Chaves de resposta ..................................................................................................................... 72 ..................................................................................................................................... 72 Aula 3 Exercícios de fixação ....................................................................................................... 72 EDUCAÇÃO PROFISSIONAL 3 Aula 3: Os empresários e a educação brasileira ......................................................................... 75 ........................................................................................................................... 75 Introdução .............................................................................................................................. 76 Conteúdo Relações entre empresariado e educação .................................................................. 76 Confederação Nacional da Indústria – CNI ............................................................... 76 Outros acontecimentos .................................................................................................. 77 Visões da CNI sobre o Brasil .......................................................................................... 78 Discurso pedagógico do CNI ........................................................................................ 79 Educação voltada para o trabalho ................................................................................ 80 Aproximação dos empresários com a educação ...................................................... 80 Aproximação dos empresários com a educação: 1º momento ............................. 81 Aproximação dos empresários com a educação: 2º momento ............................ 82 Responsabilidade social .................................................................................................. 83 Universidades corporativas ............................................................................................ 84 Empresas como tábua de salvação .............................................................................. 86 Atividade proposta .......................................................................................................... 86 ........................................................................................................................... 90 Referências ......................................................................................................... 91 Exercícios de fixação Chaves de resposta ..................................................................................................................... 96 ..................................................................................................................................... 96 Aula 3 Exercícios de fixação ....................................................................................................... 96 Aula 4: O mundo do trabalho para a educação .......................................................................... 99 ........................................................................................................................... 99 Introdução ............................................................................................................................ 100 Conteúdo Trabalho e educação .................................................................................................... 100 Características do fordismo ......................................................................................... 101 Divisão do trabalho ....................................................................................................... 101 Educação dos mais pobres .......................................................................................... 102 Educação elementar ..................................................................................................... 102 A teoria de Marx – oposição a Smith ......................................................................... 102 A função da escola segundo Marx ............................................................................. 103 Politecnia ......................................................................................................................... 104 Entendendo melhor Omnilateral ................................................................................ 104 Novos conceitos ............................................................................................................ 105 Escola unitária ................................................................................................................ 106 A dicotomia do trabalho .............................................................................................. 107 EDUCAÇÃO PROFISSIONAL 4 Obrigações da educação pública ............................................................................... 107 Meritocracia .................................................................................................................... 108 Finalidades da educação .............................................................................................. 108 Terceira via ...................................................................................................................... 109 Atividade proposta ........................................................................................................ 109 ......................................................................................................................... 109 Referências ....................................................................................................... 110 Exercícios de fixação Chaves de resposta ................................................................................................................... 114 ................................................................................................................................... 114 Aula 4 Exercícios de fixação ..................................................................................................... 114 Aula 5: A teoria do capital e intelectual .................................................................................... 117 ......................................................................................................................... 117 Introdução ............................................................................................................................ 118 Conteúdo Conceito de capital humano ....................................................................................... 118 Teoria do Capital Humano .......................................................................................... 118 Educar para trabalhar .................................................................................................... 119 Modelo capitalista, excludente e desigual ................................................................ 120 Possibilidade de reversão das desigualdades ........................................................... 121 Uma crítica à visão do processo educativo .............................................................. 122 Conceito de capital intelectual ................................................................................... 122 Conhecimento tácito ....................................................................................................123 Era da Informação ......................................................................................................... 124 Sociedade do Conhecimento ...................................................................................... 125 Conclusão ....................................................................................................................... 126 Atividade proposta ........................................................................................................ 128 ......................................................................................................................... 128 Referências ....................................................................................................... 129 Exercícios de fixação Chaves de resposta ................................................................................................................... 133 ................................................................................................................................... 133 Aula 5 Exercícios de fixação ..................................................................................................... 133 Aula 6: Histórico na formação profissional ............................................................................... 137 ......................................................................................................................... 137 Introdução ............................................................................................................................ 138 Conteúdo Conceito de formação profissional ............................................................................ 138 Conceito de formação profissional no Brasil ........................................................... 139 Início da educação profissional no Brasil.................................................................. 139 EDUCAÇÃO PROFISSIONAL 5 Educação profissional – Estado Novo ....................................................................... 141 Educação profissional – Estado Novo ....................................................................... 142 Educação profissional – fim do Estado Novo .......................................................... 142 Educação profissional – anos seguintes ................................................................... 143 Educação profissional no contexto atual .................................................................. 145 Educação no período capitalista ................................................................................ 145 Educação como bem de produção ............................................................................ 146 Fatos históricos .............................................................................................................. 147 Toyotismo ....................................................................................................................... 148 Educação profissional – décadas de 80 e 90 ........................................................... 148 Teoria do capital intelectual ........................................................................................ 149 Lei de Diretrizes e Bases (Lei nº 9.394/96) ................................................................ 149 Atividade proposta ........................................................................................................ 151 ......................................................................................................................... 152 Referências ....................................................................................................... 152 Exercícios de fixação Notas ......................................................................................................................................... 157 Chaves de resposta ................................................................................................................... 157 ................................................................................................................................... 157 Aula 6 Exercícios de fixação ..................................................................................................... 157 Aula 7: Competências ................................................................................................................ 160 ......................................................................................................................... 160 Introdução ............................................................................................................................ 161 Conteúdo Conceitos diversos de competência .......................................................................... 161 Definindo competência ................................................................................................ 161 Competências do mundo pedagógico ..................................................................... 162 Competências do mundo do trabalho ...................................................................... 163 Ampliando a ideia de competência ........................................................................... 164 Certificação de competências ..................................................................................... 164 Diretrizes Curriculares Nacionais ............................................................................... 164 Separação do ensino médio e educação profissional ............................................ 165 Perfil profissional ............................................................................................................ 166 Certificação profissional ............................................................................................... 168 Regulamentação da certificação profissional .......................................................... 169 O processo de certificação profissional .................................................................... 170 Certificação profissional baseado em competências ............................................. 170 Certificação de competência, uma tendência ......................................................... 172 EDUCAÇÃO PROFISSIONAL 6 Conclusão ....................................................................................................................... 172 Atividade proposta ........................................................................................................ 175 ......................................................................................................................... 175 Referências ....................................................................................................... 176 Exercícios de fixação Chaves de resposta ................................................................................................................... 179 ................................................................................................................................... 179 Aula 7 Exercícios de fixação ..................................................................................................... 179 Aula 8: Competências ................................................................................................................ 182 ......................................................................................................................... 182 Introdução ............................................................................................................................ 183 Conteúdo Trabalho como princípio educativo .......................................................................... 183 Conceitos de Marx ......................................................................................................... 184Contradições .................................................................................................................. 185 Princípio educativo do trabalho dentro do modo de produção capitalista ....... 187 Finalidades da educação .............................................................................................. 188 Correntes antagônicas .................................................................................................. 189 Visão civil-democrática e visão produtivista ............................................................ 191 Educação emancipatória .............................................................................................. 192 Atividade proposta ........................................................................................................ 194 ......................................................................................................................... 194 Referências ....................................................................................................... 195 Exercícios de fixação Chaves de resposta ................................................................................................................... 199 ................................................................................................................................... 199 Aula 8 Exercícios de fixação ..................................................................................................... 199 Conteudista ............................................................................................................................... 203 EDUCAÇÃO PROFISSIONAL 7 As mudanças ocorridas no campo econômico nas últimas décadas trazem invariavelmente mudanças no campo educacional. Para que se compreenda o cenário atual onde a educação e a formação profissional são colocadas em evidência, partimos do contexto histórico traçando um caminho com limites e possibilidades até chegarmos aos dias atuais, levando em conta os paradigmas existentes e a sociedade em que vivemos. Sendo assim, essa disciplina tem como objetivos: 1. Compreender as relações entre trabalho e educação: os projetos educacionais, objetivos e finalidades; 2. Reconhecer as visões políticas que dominam a formação e a qualificação profissional; 3. Conhecer as normas principais que norteiam e educação profissional. EDUCAÇÃO PROFISSIONAL 8 Introdução Bem-vindo(a) à nossa primeira aula! Aqui, você terá a oportunidade de compreender todo o histórico político, econômico e social que originou o contexto das relações de trabalho e educação que temos hoje, analisando as mudanças no mundo do trabalho decorrentes da globalização econômica e da adoção do padrão de acumulação flexível. Como e por que tudo mudou tanto? O trabalho de hoje não é mais como o de antigamente, não acha? E a educação também não. Você conhecerá os atores envolvidos, os cenários e terá a oportunidade de entender o debate que envolve a educação brasileira com relação à formação para o mundo do trabalho. Será uma introdução aos conceitos que serão tratados aqui e nas próximas aulas para que você possa se situar perceber que o que temos hoje é uma construção que vem sendo desenvolvida ao longo dos anos sob os nossos olhos e que precisamos entendê-la e reconhecê-la para que possamos modificá-la, ou não. Esta aula será a base para o estudo das demais disciplinas. Bons estudos! Objetivo: 1. Compreender o histórico político, econômico e educacional da nossa sociedade; 2. Conhecer os atores, os conceitos ligados à temática e o contexto atual. EDUCAÇÃO PROFISSIONAL 9 Conteúdo Contextualização Como analisar a educação profissional contemporânea? Para tratarmos das políticas educacionais e da educação profissional propriamente dita nos dias atuais, é extremamente necessário compreender como todo esse cenário se desenhou ao longo dos anos. As mudanças ocorridas inicialmente na economia nos trouxeram também mudanças no campo educacional. Contextualização Como analisar a educação profissional contemporânea? Para tratarmos das políticas educacionais e da educação profissional propriamente dita nos dias atuais, é extremamente necessário compreender como todo esse cenário se desenhou ao longo dos anos. As mudanças ocorridas inicialmente na economia nos trouxeram também mudanças no campo educacional. Era do ouro Partiremos da chamada “era de ouro” capitalista, que ocorreu entre 1945 e 1970, onde tínhamos a larga industrialização, a produção em série e o consumo em massa. Foi um período próspero, de crescimento e desenvolvimento do país. Nessa época, predominavam, na área econômica, algumas características, como produção controlada por tempos e movimentos (lembram-se da esteira de produção em uma cena do filme “Tempos Modernos”, de Chaplin, de 1936?) EDUCAÇÃO PROFISSIONAL 10 e separação entre quem pensava e quem executava, quem controlava e quem efetuava. Vejamos a seguir como era a política e a sociedade dessa época. Era do ouro: área política e social Na área política e social, tínhamos como características o pleno emprego e a forte intervenção do Estado na economia. Além disso, também existiam políticas sociais para a população e um considerável poder de reivindicação sindical, que protegia a classe trabalhadora. Fonte: http://almanarkitapema.blogspot.com.br/2014/05/presidente-lula-no- itapemasp.html Quem nunca ouviu falar que, no passado, a saúde pública era melhor e a educação pública idem? E quem não ouviu falar de inúmeras greves no Brasil? Fonte: http://lh5.ggpht.com/-ECC7mLt13OE/Ub2TFtiBD- I/AAAAAAAABeM/OEZ0M4aKyV8/greve_thumb3.jpg?imgmax=800 Esse movimento era tão badalado que elegemos um ex-sindicalista como presidente da república. Fonte: http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/e/e6/Luiz_In%C3%A1cio_Lula _da_Silva.jpg Era do ouro: campo educacional Qual a influência da “era do ouro” na educação? Nessa época, preocupava-se com a educação profissional voltada para o ensino técnico, já que era um período de industrialização; portanto, era necessário alinhar educação e economia, formando jovens para os postos criados no mercado vigente, basicamente industrial. EDUCAÇÃO PROFISSIONAL 11 Assim, houve a ascensão das escolas técnicas, como o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial – SENAI (instituição privada, sem fins lucrativos, mantida através de contribuição compulsória das empresas industriais) e o Centro Federal de Educação Tecnológica – CEFET (escola basicamente de formação profissional). Atenção Até 1970, aproximadamente, vigorava o modelo de organização fabril, também conhecido como “modelo de produção taylorista/fordista” (temática que será aprofundada na próxima aula). Crise capitalista A partir da crise do petróleo, por volta de 1973, ocorreu a chamada crise capitalista. Inicialmente tida como uma recessão percebeu-se posteriormente que a crise capitalista era um quadro bastante grave e que mudaria dali por diante, todo o cenário global, com enorme velocidade e potente impacto, implicando, consequentemente, na queda da era do ouro. As características dessa crise foram: o esgotamento do padrão de acumulação taylorista/fordista, a concentração do capital e sua internacionalização, as fusões e monopólios, a desregulamentação dos mercados e a crise da organização assalariada. A crise, impulsionada por alterações na economia mundial entre 1970 e 1980, coincidiu com a ascensão do neoliberalismo, promovida, em parte, pelo desmantelamento dos regimes socialistas e pelo desmonte do Estado de bem- estar social. (DELUIZ, 1996). EDUCAÇÃO PROFISSIONAL 12 O Estado de bem-estar social nada mais é do que o nomedado às políticas públicas assistenciais e sociais que vigoraram na chamada “era do ouro”. Todas essas mudanças ocorridas após os anos 70 desencadearam uma instabilidade na economia capitalista, que passou a buscar cada vez mais estratégias para aumentar a competitividade, além de usar novas tecnologias e fazer uma gestão empresarial adequada, termos estes tão familiares atualmente. Assim, como resposta à crise capitalista, que se iniciou no plano internacional, várias mudanças começaram a ocorrer na sociedade. Como era necessário se “reestruturar”, o capital buscou novas formas de organização da produção e do trabalho. Crise capitalista: consequências Segundo Antunes (1995), todo esse processo trouxe graves consequências para o mercado de trabalho, como desemprego e exclusão resultantes da flexibilização. Essa nova forma de gestão empresarial apresenta novos padrões para produzir mais e novas formas de adequar a produção ao mercado. E esse é o quadro que predomina até hoje, quando vemos por aí trabalhos temporários, por escala, terceirização, quarteirização, prestação de serviços, trabalho por projetos e uma infinidade de nomes e termos utilizados para qualificar as relações de trabalho instituídas a partir de então. Crise capitalista: acumulação flexível Ainda conforme Antunes apud Luz (2007), a década de 80 presenciou profundas transformações no mundo do trabalho, onde a “classe-que-vive-do- trabalho” sofreu a mais aguda crise do século XX. Alguns autores chamam a década de 80 de década perdida. Harvey (1992, p. 141-143) também aponta que: EDUCAÇÃO PROFISSIONAL 13 A acumulação flexível parece implicar níveis relativamente altos de desemprego estrutural, rápida destruição e reconstrução de habilidades, ganhos modestos de salários reais e o retrocesso do poder sindical – uma das colunas políticas do regime fordista. O mercado de trabalho, por exemplo, passou por uma radical reestruturação. Diante da forte volatilidade do mercado, do aumento da competição e do estreitamento das margens de lucro, os patrões tiraram proveito do enfraquecimento do poder sindical e da grande quantidade de mão de obra excedente (desempregados e subempregados) para impor regimes e contratos de trabalho mais flexíveis. Atenção A acumulação flexível foi o novo o modelo de produção estabelecido pelo capital em substituição ao taylorismo/fordismo da era industrial. Esse tema será tratado detalhadamente na próxima aula. As consequências da crise capitalista citadas pelo autor estão visíveis até hoje na nossa economia, no mercado de trabalho e nas relações que vemos hoje na sociedade. Ou você vê um panorama diferente? A seguir, conheça o restante desta história. Consenso de Washington Somente ao final da década de 1980, percebeu-se que a crise não era apenas uma recessão; portanto, foi necessário implementar uma nova perspectiva para que o modo de produção capitalista se estabilizasse no mundo. Foi então que, em 1989, ocorreu o Consenso de Washington, uma reunião internacional realizada pelos países centrais a fim de discutir os rumos do capitalismo e as ações necessárias para sair da década perdida, que foi um período de estagnação e inflação em todo o mundo. EDUCAÇÃO PROFISSIONAL 14 A partir dessa reunião, os organismos internacionais (que são instituições multilaterais criadas pelas principais nações do mundo com o objetivo de trabalhar em conjunto para o desenvolvimento político, econômico, social e educacional), responsáveis pelos grandes investimentos no país, passaram, de fato, a ditar as regras na nossa economia. Desde então, começamos a ouvir falar frequentemente em: • BIRD (Banco Interamericano para Reconstrução e Desenvolvimento), também conhecido como Banco Mundial; • FMI (Fundo Monetário Internacional); • BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento); • PNUD (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento); • OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico); • OMC (Organização Mundial do Comércio); • OIT (Organização Internacional do Trabalho). Quais foram as consequências do Consenso de Washington? As privatizações, a redução da participação do Estado nas políticas sociais, a total abertura dos mercados e a internacionalização do capital, visando ao desenvolvimento, crescimento, competitividade e produtividade. É o que vemos desde 1990: um cenário mais próximo da realidade, onde podemos observar tudo o que acontece a nossa volta, seja na política e nas empresas, seja em relação aos empregos e à educação, percebendo, assim, por que e como tudo isso se construiu. Acompanhe a seguir o que ocorreu a partir dos anos 90. Década de 90: reorganização do capitalismo A partir de, aproximadamente, 1990, apareceu uma nova forma de gestão empresarial que, consequentemente, alterou o panorama educacional. EDUCAÇÃO PROFISSIONAL 15 Frigotto (1995, p. 144) explica: Os novos conceitos abundantemente utilizados pelos homens de negócio e seus assessores – globalização, integração, flexibilidade, competitividade, qualidade total, participação, pedagogia da qualidade e defesa da educação geral, formação polivalente e “valorização do trabalhador” – são uma imposição das novas formas de sociabilidade capitalista tanto para estabelecer um novo padrão de acumulação quanto para definir as formas concretas de integração dentro da nova reorganização da economia mundial. Definir um novo padrão de acumulação significa essa reorganização que o capitalismo precisou fazer para sair da crise e se tornar estável em ordem mundial. Acompanhe a seguir o início da globalização. Década de 90: início da globalização Ao conceituarmos a globalização como um processo internacional de integração de ordem econômica, social, cultural e política, passamos a compreender que esse fenômeno trouxe mudanças que chegaram com certo atraso ao Brasil em relação aos países centrais em função da nossa tardia industrialização. A partir do Governo Collor (1990-1992), isso se tornou latente devido às medidas econômico-político fiscais adotadas (confisco). Assim, o empresariado se viu pressionado também a rever suas formas de atuação para adequar-se ao mercado, agora global, para ter qualidade e competitividade; senão, certamente seria engolido pelos oligopólios (mercado com poucos vendedores para muitos compradores) e pelas grandes corporações, uma vez que o mercado se internacionalizou. Na economia atual, a concorrência se efetua mais ao nível de garantia, qualidade, fidelização e imagem, traços da globalização existentes hoje no mercado. Acompanhe a seguir como fica o mercado em tempo de globalização. EDUCAÇÃO PROFISSIONAL 16 O mercado e a globalização Como uma empresa consegue ser e ter tudo isso? O que ela deve fazer para atender às exigências do mercado e conseguir sobreviver? 1 - Como falamos aqui, após a crise, tivemos: desemprego, enfraquecimento dos sindicatos, aumento da competição e estreitamento das margens de lucro. Consequentemente, os patrões tiraram proveito desse cenário e da mão de obra excedente para impor regimes e contratos de trabalho mais flexíveis, ao mesmo tempo em que pregavam a necessidade de uma mão de obra mais qualificada para atender às demandas desse novo mercado. 2 - O avanço das ideias neoliberais e a adoção desse novo modelo econômico, político e social foram consequências do ajuste do país à nova ordem mundial. Sendo assim, conceitos como competitividade, competências, entre outros, começaram a estabelecer um vínculo entre as empresas e a educação; afinal, precisaríamos de novas competências nos nossos trabalhadores. Avance e veja a relação da competitividade e competência. Lei de diretrizes e bases Mas, afinal, qual é a relação entre competitividade e competências?Para que a empresa possa se desenvolver, competir, fazer frente aos avanços tecnológicos e à velocidade com que as mudanças surgem, ela deve estar capacitada para isso. E quem faz as empresas? As pessoas. Assim sendo, percebeu-se que elas são o diferencial nessa época de volatilidade do conhecimento e que, por esse motivo, era preciso que elas tivessem uma formação adequada. Assim, iniciou-se o grande debate educacional em torno da Lei de Diretrizes e Bases da Educação – LDB, de 1996, e em seus dispositivos de EDUCAÇÃO PROFISSIONAL 17 regulamentação, como decretos, pareceres e resoluções, que, inicialmente, focavam na educação básica, mas, em função da situação atual econômica e política, estendeu suas preocupações para o ensino médio e profissional. Atenção Dentre as competências hoje exigidas do trabalhador, estão funções muito mais abstratas e intelectuais do que no paradigma da era industrial, onde, na esteira de Chaplin, era exigido destreza manual. Esse novo papel central da educação foi indicado pelo Banco Mundial como uma das saídas para o crescimento econômico, mas, da maneira como estão propostas na LDB, volta-se para a lógica utilitarista do mercado, ou seja, formamos apenas mão de obra para as empresas. E assim surgem as críticas dos educadores, que propunham uma formação integral do sujeito como cidadão e não apenas a formação para o trabalho. Rodrigues (2004) diz que a LDB sucumbiu aos apelos do mercado. A seguir, analisaremos melhor este tema. Novo modelo escolar e educativo Christian Laval (2004) apud Luz (2007) aponta que a escola, que, antigamente, encontrava seu centro de gravidade não somente no valor profissional, mas, também, no valor social, cultural e político do saber, está orientada pelas reformas em curso para objetivos de competitividade que prevalecem na economia globalizada. “Ela era principalmente voltada à formação do cidadão, mais do que à satisfação do usuário, do cliente, do consumidor.” (p. XIII). EDUCAÇÃO PROFISSIONAL 18 Então, temos toda a discussão atual voltada aos objetivos e finalidades da educação e da formação profissional, onde vemos aqueles organismos internacionais citados anteriormente exercendo influência diretamente na educação brasileira, financiando projetos e dando as diretrizes para que tudo seja sob a lógica do capital. Laval (2004) complementa: “O novo modelo escolar e educativo que tende a se impor está fundamentado, inicialmente, na sujeição mais direta da escola à razão econômica. Ele depende de um ‘economismo’ aparentemente simplista cujo axioma principal é que as instituições, em geral, e as escolas, em particular, só têm sentido dentro do serviço que elas devem prestar às empresas e à economia. O ‘homem flexível’ e o ‘trabalhador autônomo’ constituem, assim, as referências do novo ideal pedagógico”. E, assim, chegamos ao panorama atual do mundo da educação e do mundo do trabalho, onde a questão da qualificação passa a se incorporar ao discurso dos atores envolvidos neste novo processo, que são: Estado, empresários e trabalhadores. O SENAI, SENAC, CEFET, entre outras instituições do passado que formavam mão de obra para o contexto anterior já não dariam conta, sozinhas, desse novo desafio. Surge daí o interesse das empresas em protagonizar várias ações educativas por meio de diversos projetos, como: • Colocar escolas em fábricas; • Parcerias com escolas para formação de funcionários, incluindo, até mesmo, iniciativas atuais de educação superior; EDUCAÇÃO PROFISSIONAL 19 • Incentivos a empregados que possuem cursos de graduação e pós- graduação, e que, mesmo nessas condições, estão presentes na educação corporativa. Ou seja, o braço empresarial determina o quê, quando e como a educação precisa para o seu empregado. Atenção Temos a escola formando para o mercado, enquanto este último exclui e explora, vide as novas formas de contratação, a precarização, a intensa jornada de trabalho, a terceirização, a quantidade de autônomos, prestadores de serviços e empresários individuais. Tudo isso é estratégia das empresas para se desonerarem da carga tributária, dos impostos trabalhistas e da responsabilidade com as pessoas, que passaram a ser responsáveis por sua própria qualificação sob pena de ficarem de fora do mercado. Precarização do trabalho e competitividade O que significa a precarização do trabalho? Segundo Antunes (2011), significa: • O desmonte dos direitos trabalhistas; • As condições; • As formas de compensação; • A flexibilização das relações de trabalho; • O desassalariamento; • O crescimento da informalidade e do desemprego, que criam as ocupações paralelas e sem nenhuma garantia para o cidadão, como os chamados “bicos”. A consequência disso é a competitividade acirrada. EDUCAÇÃO PROFISSIONAL 20 Como ocorre a competitividade? A competitividade passou a existir entre as empresas e as pessoas, que passaram a se qualificar mais para conseguir vaga nesse mercado cruel. Hoje em dia, necessita-se da tão divulgada empregabilidade, que pode ser entendida como a capacidade de ser “empregável”, ou seja, de ter formação, habilidades, competências e conhecimento desejados pelo mercado. Quanto mais dessas características você tiver, supõe-se maior empregabilidade, ou seja, mais chances de ter uma boa colocação. Atividade proposta A partir do texto Os sentidos do trabalho (ANTUNES, 1999, p. 209-223): 1. Indique as principais tendências presentes no mundo do trabalho hoje, apontadas pelo autor (p. 209-214). 2. No mesmo texto, a partir da página 215, o autor mostra-se contrário à tese de outros autores, que defendem a perda da centralidade da categoria de trabalho na sociedade contemporânea e apontam para uma “crise da sociedade do trabalho”. Quais são os argumentos usados por Antunes para criticar os outros autores? Chave de resposta: As principais tendências presentes no mundo do trabalho hoje, apontadas pelo autor (p. 209-214): — Mudanças que ocorrem nos países avançados se refletem no 3º mundo; — Todos os setores se envolvem e são atingidos, não somente o industrial; — Desproletarização, ou seja, redução do número de operários em função da implantação de novas tecnologias; — Mão de obra precária, temporária, parcial, subcontratada e heterogênea (inclusive com bom contingente feminino); — Complexificação e fragmentação do trabalho; EDUCAÇÃO PROFISSIONAL 21 — Transformações no trabalho na forma de inserção produtiva, representação sindical e política; — Substituição do trabalho vivo pelo trabalho morto; — Intelectualização do trabalho manual e, ao mesmo tempo, desqualificação, expressa no trabalho informal, etc. Os argumentos usados por Antunes para criticar os outros autores são: O autor defende que não existe exatamente a “crise da sociedade do trabalho”. Apesar de admitir todas as tendências citadas na questão anterior, ele acredita que há uma reestruturação produtiva, fazendo questão de especificar sobre qual dimensão se trata e se é trabalho abstrato ou concreto, além de argumentar que uma coisa é conceber, com a eliminação do capitalismo, também o fim do trabalho abstrato, estranhado; outra, distinta, é conceber a eliminação, no universo da sociabilidade humana, do trabalho concreto, que cria coisas socialmente úteis e, ao fazê-lo, transformar seu próprio criador. O autor aposta na hipótese da emancipação do trabalho, no trabalho e pelo trabalho, simultaneamente. Material complementar Para saber mais sobre a Lei de Diretrizes e Bases - LDB, leia o texto disponível em nossa biblioteca virtual. Referências ANTUNES, R. Adeus ao Trabalho?: Ensaio sobre as metamorfoses e a centralidade do mundo do trabalho. 2. ed. São Paulo: Cortez; Campinas:Editora da Universidade Estadual de Campinas, 1995. ______. Os sentidos do Trabalho: Ensaio sobre a afirmação e a negação do trabalho. 5. ed. São Paulo: Boitempo Editorial, 1999. ______. O Continente do Labor. 1. ed. São Paulo: Boitempo Editorial, 2011. EDUCAÇÃO PROFISSIONAL 22 DELUIZ, N. A Globalização Econômica e os Desafios à Formação Profissional: Boletim Técnico do Senac. mai./ago. 1996. FRIGOTTO, G. A Educação e a Crise do Capitalismo Real. São Paulo: Cortez, 1995. HARVEY, D. Condição Pós-Moderna: uma pesquisa sobre as origens da mudança cultural. Trad. de Adail Ubirajara Sobral e Maria Stela Gonçalves. São Paulo: Ed. Loyola, 1992. LAVAL, C. A Escola não é uma empresa: O neoliberalismo em ataque ao ensino público. Londrina: Editora Planta, 2004. LUZ, D. Educação corporativa: a proposta empresarial no discurso e na prática. Dissertação de mestrado. UNESA, Rio de Janeiro, 2007. Exercícios de fixação Questão 1 Na “era do ouro”, com a larga industrialização e a produção em série, uma era próspera de crescimento e desenvolvimento, como se caracterizava o Estado de bem-estar social? a) Pela intervenção do Estado na economia. b) Com o acordo traçado a partir do consenso de Washington, quando as empresas adotaram novas medidas para fazer frente à crise. c) Tinha relação com os incentivos fiscais oferecidos às empresas pelos organismos internacionais. d) Como um modelo de produção oriundo do capitalismo voltado à competitividade, que garantiria o bem-estar de empresas e pessoas. e) Pelas políticas sociais implementadas pelos governos, garantindo serviços públicos e proteção à população. Questão 2 A crise do petróleo desencadeou uma série de mudanças político-econômico- sociais no Brasil e no mundo, e tinha como características: a) O Estado de bem-estar social e a necessidade de criar o Consenso de Washington. EDUCAÇÃO PROFISSIONAL 23 b) A crise do neoliberalismo e a crise estrutural do emprego. c) O fortalecimento dos regimes socialistas e dos sindicatos. d) A internacionalização do capital e a crise do emprego. e) A desregulamentação da economia e o surgimento das competências. Questão 3 Sobre o Consenso de Washington, é incorreto afirmar que: a) Ocorreu em 1999, no Brasil. b) A partir dessa reunião, os organismos internacionais passaram a fazer parte efetivamente da nossa vida política, econômica, social e educacional. c) Teve como objetivo discutir os novos rumos do capitalismo. d) Foi uma reunião internacional organizada pelos países centrais. e) Teve como consequências as privatizações e a redução da participação do Estado nas políticas sociais. Questão 4 Sobre a década perdida, é correto afirmar que: a) Ocorreu entre 1945 e 1970, período em que a industrialização, tardia no Brasil, não crescia adequadamente. b) Foi a década da crise, ou seja, os anos 70, onde o capitalismo viveu, a partir de 1973, a crise do petróleo, considerada a pior época de sua existência. c) Se refere aos anos 80, época em que o capitalismo ainda buscava formas de se reorganizar para ter estabilidade no Brasil e no mundo. d) Foi nos anos 90, com o confisco do governo Collor, que deixou a economia estagnada. e) Se refere aos anos 2000, quando, com a crise educacional e do mundo do trabalho, todos saíram perdendo. EDUCAÇÃO PROFISSIONAL 24 Questão 5 Dentre as opções abaixo, marque a que descreve corretamente os organismos internacionais atuantes na nossa economia atual. a) Banco Mundial e UNESCO b) OCDE (Organização para o Crescimento e Desenvolvimento Econômico) e FMI c) BIRD (Banco Interamericano de Desenvolvimento ) e Greenpeace d) Banco Mundial e OMS (Organização Mundial da Saúde) e) FMI (Fundo Monetário Internacional) e OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) Questão 6 Com relação à tão propalada globalização, é possível afirmar que: a) Esse processo trouxe apenas benefícios à sociedade em geral. b) Se trata de um fenômeno de integração de ordem econômica, social, cultural e política que vigora até hoje. c) Foi um processo ocorrido entre 1945 e 1970 no mundo todo e que desencadeou uma enorme crise. d) É um fenômeno em torno dos avanços tecnológicos, que originou, dentre outras coisas, a internet. e) Esse fenômeno teve como consequências o pleno emprego e um aumento elevado da escolarização da população. Questão 7 Para se adequarem à nova ordem econômica mundial e se prepararem para um mercado altamente competitivo, que atitudes as empresas começaram a tomar? a) Contrataram mais para produzirem mais. b) Procuraram reduzir os custos e aumentar a produtividade, flexibilizando a mão de obra. c) Foram obrigadas a rever suas formas de gestão, produzindo menos. d) Deixaram de se preocupar com a qualidade e passaram a se preocupar com a quantidade. EDUCAÇÃO PROFISSIONAL 25 e) Optaram por reduzir seus lucros para treinarem os funcionários. Questão 8 Sobre competências, assinale a alternativa falsa. a) Diz-se que as competências são necessárias para o aumento da empregabilidade do trabalhador. b) Dentre as competências hoje exigidas do trabalhador, estão as funções muito mais abstratas e intelectuais. c) As competências não têm relação direta com a competitividade das empresas. d) Além das competências, fala-se ainda em habilidades e conhecimentos desejados pelo mercado. e) As competências têm um papel central na educação nos dias de hoje. Questão 9 “Ela era principalmente voltada à formação do cidadão, mais do que à satisfação do usuário, do cliente, do consumidor.” O autor Chistian Laval, ao fazer essa afirmação sobre o papel da escola: a) Concorda com essa nova concepção, que se refere à escola voltada para o mercado de trabalho. b) Discorda com essa nova concepção, referente à escola formando cidadãos. c) Concorda e acredita que o papel da escola é atender às exigências do capitalismo. d) Discorda dessa nova concepção, pois acredita que, antes de tudo, a escola deve dar uma formação integral. e) Concorda com esse novo papel da escola, pois é assim que se desenvolve cidadãos. Questão 10 Dentre as ações educativas das empresas na tentativa de qualificar mão de obra para atender às demandas do mercado, estão: EDUCAÇÃO PROFISSIONAL 26 a) Universidades corporativas, incentivos à formação, parcerias com escolas. b) Projetos educacionais em fábricas e construção de creches. c) Contratação somente de universitários e parcerias com universidades. d) Programas intensivos de treinamento e demissão dos menos escolarizados. e) Educação corporativa e benefícios para a saúde do trabalhador. Neoliberalismo: É como uma corrente de pensamento ou ideologia; refere-se a um conjunto capitalista de ideias político-econômicas, que defende a não participação do Estado na economia e a liberdade total de comércio, objetivando o crescimento e desenvolvimento de uma nação. Aula 1 Exercícios de fixação Questão 1 - E Justificativa: Estado de bem-estar social significa ter o Estado como regulamentador e promotor de toda a vida e saúde social da população. Questão 2 - D Justificativa: A internacionalização e a mundialização do capital eram características daquele momento de crise, que também teve sérias dificuldades com a classe assalariada. Questão 3 - A Justificativa: Ocorreu em 1989, em Washington, EUA. EDUCAÇÃO PROFISSIONAL 27 Questão 4 - C Justificativa: A década perdida, conforme explicado no texto acima, refere-se aos anos 80, época em que, a partir da crise que havia se estabelecido, o capitalismo ainda não havia encontrado uma forma de se reestruturar. Questão 5 - E Justificativa: São os organismos internacionais envolvidos na economia, com suas respectivas siglas descritas adequadamente. Questão 6 - B Justificativa: A globalizaçãoé um fenômeno internacional de integração econômico-social, presente ainda nos dias de hoje e que tem pontos positivos e negativos. Questão 7 - B Justificativa: Foi necessário rever as formas de gestão, fato que diminuiu o lucro; portanto, para aumentá-lo, tinham que produzir mais e gastar menos. Questão 8 - C Justificativa: As competências, na visão do mercado, têm relação direta com a competitividade das empresas, pois, quanto mais qualificados forem os funcionários, mais retorno darão para a organização. Questão 9 - D Justificativa: O autor discorda da concepção da escola voltada para a lógica do capital e acredita em uma formação integral para o sujeito, sendo este, antes de tudo, cidadão. Questão 10 - A Justificativa: Para capacitar empregados, as empresas têm feito programas de educação corporativa e criado suas próprias universidades corporativas por EDUCAÇÃO PROFISSIONAL 28 meio de parcerias com escolas e outras instituições de ensino, realizando projetos em fábricas e incentivando funcionários à educação. EDUCAÇÃO PROFISSIONAL 29 Introdução Nesta aula, teremos a oportunidade de compreender os conceitos do mundo trabalho, entender os modelos/modos de produção taylorista/fordista, seus princípios básicos, as características que apresentam sua origem, seus objetivos e finalidades. Além disso, observaremos os sujeitos envolvidos e analisaremos como se situam frente às mudanças ocorridas na economia e educação ao longo dos anos. Também conheceremos o toyotismo, o processo de acumulação flexível, seus fundamentos, as causas e consequências aparentes em nossa sociedade. O objetivo é nos posicionarmos acerca do ambiente que temos e do contexto que se instaurou. Ademais, ao reconhecermos como isso se deu e considerarmos o processo de mudanças pelo qual passamos e que, consequentemente, estamos envolvidos direta e indiretamente, possamos, criticamente, fazer uma análise do cenário e do ambiente atual. Você verá que o mercado de trabalho que temos hoje, com todas as suas dificuldades e exigências, é fruto de um processo mundial não tão recente, mas com consequências drásticas para o nosso dia a dia. Você perceberá como isso afeta, sim, a realidade atual em que você se insere. Bons estudos! Objetivo: 1. Conceituar trabalho e fordismo; 2. Reconhecer os modos de produção no contexto atual; 3. Conceituar taylorismo, compreendendo e associando-o ao fordismo; 4. Caracterizar o toyotismo e o modo de produção vigente/modelo de acumulação de flexível de capital; EDUCAÇÃO PROFISSIONAL 30 5. Relacionar a crise do fordismo com o surgimento do toyotismo. EDUCAÇÃO PROFISSIONAL 31 Conteúdo Significado de trabalho Para estudar e discutir sobre formação profissional e o mercado de trabalho, é imperativo conceituar e definir uma série de termos fundamentais para o entendimento do tema. Assim, iniciaremos pelo mais relevante: O que é trabalho? Segundo o dicionário, é a aplicação da atividade física ou intelectual; atividade humana aplicada à produção da riqueza; ocupação, emprego, tarefa; lida, luta, fadiga, esforço. Pois bem, em quase todas as línguas, o termo “trabalho” tem mais de um significado. Os gregos tinham uma palavra para exprimir fabricação, e outra para exprimir esforço. No inglês, há uma clara distinção entre labour e work, sendo o primeiro relativo a “esforço e cansaço”, e o segundo relativo à “criação, obra”. Em português, usamos labor e trabalho como sinônimos, oriundos do latim tripalium, que era um instrumento feito de três paus aguçados, algumas vezes munidos de pontas de ferro, no qual os agricultores batiam trigo e/ou espigas de milho. Esse instrumento era usado frequentemente como forma de tortura. O trabalho através do tempo Se tivéssemos que sintetizar o trabalho através do tempo, veríamos que: 1 - Na antiguidade grega, o trabalho na lavoura, com esforço físico, e a vida ao ar livre tinham prestígios semelhantes ao da atividade de guerreiro. 2 - Só depois que passaram a ser vistos como serviços menos nobres, que deviam ser realizados por escravos e não pelos proprietários. EDUCAÇÃO PROFISSIONAL 32 3 - Foi então que esse conceito ganhou outra vertente: passou a ser algo que não era realizado de maneira livre, mas, sim, algo feito sob controle e como forma de sobrevivência. Digamos que eram vistos como trabalhos pouco importantes, destinados aos menos habilitados intelectualmente. "Trabalho" sobre a visão de Marx Marx, pensador do século XIX, filósofo e cientista político, tinha uma visão bastante diferente e peculiar do que seria “trabalho”. Ele considerava que a essência humana estava no trabalho, e que aquilo que os homens produzem é o que eles são; o homem é o que ele faz, e a natureza dos indivíduos depende das condições que determinam a sua atividade produtiva. O trabalho é o que faz a mediação entre o homem e a natureza, e é através do trabalho que o homem se transforma. E é exatamente aí que começamos a falar do fordismo... Mas você deve estar se perguntando: como assim, que relação isso pode ter? Marx dizia que esse tipo de trabalho, da forma como ele conceitua e acredita, não era possível na produção mecanizada em série, na qual o trabalho se tornava alienado, desumanizado. E essa era uma das características do modelo de produção fordista. Na aula 1, vimos a contextualização do histórico político e econômico da nossa sociedade. Na “era de ouro”, entre 1945 e 1970, o modo de produção que vigorava era o fordista, caracterizado pela produção em massa, em série, à esteira de produção. EDUCAÇÃO PROFISSIONAL 33 Fordismo O fordismo é definido com um modelo/modo de produção baseado em inovações técnicas e organizacionais que se articulam tendo em vista a produção e o consumo em massa. É a prática de gestão na qual se observa a radical separação entre concepção e execução, baseado no trabalho fragmentado e simplificado. Fundamenta-se na linha de trabalho acoplada à esteira rolante, que evita deslocamento do trabalhador, mantém um fluxo contínuo de peças e reduz tempos mortos. O trabalho é repetitivo, parcelado e monótono, com ritmo e velocidade estabelecidos pela máquina. A ideia central do fordismo A ideia central do fordismo, que vigorou por quase todo o século XX, era produzir massivamente numa empresa onde tudo é móvel, menos o trabalhador; havia uma intensa exploração deste sujeito. Era uma estratégia mais abrangente de organização da produção, que envolvia extensa mecanização, ferramentas especializadas, linha de montagem e crescente divisão do trabalho. A divisão do trabalho, que, posteriormente, será melhor explicada com o taylorismo, nada mais é do que a separação total das funções, dar a cada um tarefas específicas. “A fabricação de roupa deve ficar mais barata quando uma carda, outro fia, outra tece, outro puxa, outro alinha, outro passa e empacota, do que todas as operações mencionadas sendo canhestramente executadas por uma só mão.” William Petry, famoso economista do século XVII. Apesar de citado por um economista de séculos atrás, isto ainda lhe parece familiar? O trabalho de concepção é altamente qualificado, como desenhos de produtos e programação fora da linha de montagem. EDUCAÇÃO PROFISSIONAL 34 Com o alto desempenho que alcançou, Henry Ford (fundador da Ford, empresa da indústria automobilística, e responsável pela denominação “fordismo”) demonstrou que era possível aumentar a produção, reduzir os preços e elevar o consumo e, consequentemente, o lucro. Ele afirmava que o trabalho a ser executado pelo operário era tãofácil que até os mais estúpidos poderiam aprender a executá-lo em dois dias, o que nos mostra que, nessa época, era mais importante os braços do que o cérebro do trabalhador. As questões de Ford Ford insistiu em duas questões importantes: a mecanização e a defesa de salários mais elevados como recompensa pela disciplina e estabilidade da força de trabalho em uma empresa racionalmente organizada. Além disso, ele formou mercado comprador necessário para a produção em massa. Sua visão era: produção em massa = consumo em massa; uma nova política de controle e gerência do trabalho; um novo tipo de sociedade democrática, racionalizada, modernista e populista. Significava dar aos trabalhadores renda e tempo de lazer suficientes para que consumissem. Era tal a crença no poder corporativo de regulamentação da economia como um todo, que sua empresa aumentou os salários no começo da grande depressão na expectativa de que isso aumentasse a demanda, mas as leis da competição foram mais fortes, e Ford teve que, inclusive, demitir. Então, através da intervenção do Estado, conseguiu-se o que Ford queria fazer sozinho: salvar o capitalismo. O macrocorporativismo O macrocorporativismo (método de resolução de conflitos e solução negociada para crises) foi estabilizado pela formulação da mútua concessão fordista entre gerência e sindicatos sob o Estado. A legislação social foi sistematizada; o estado de bem-estar, ampliado; a negociação coletiva, generalizada. Isso EDUCAÇÃO PROFISSIONAL 35 resultou em 20 anos de expansão da produtividade, do investimento e do poder de compra. Lembram do estado de bem-estar social característico da “era de ouro”? Olha ele sendo explicado aí, com exemplos práticos. Também ainda pode-se observar a presença e a força dos sindicatos naquela época. Nos anos 70, a crise econômica do fordismo teve origem quando seus princípios tornaram-se menos eficazes devido às novas tecnologias de informação e à internacionalização. O fordismo não se confunde com o taylorismo, apesar de serem processos de trabalho que podem se encontrar juntos numa mesma empresa. Veremos logo adiante como isso acontece. Taylorismo Para introduzirmos a temática do taylorismo, vamos recorrer à explicação de Kuenzer (1985): “O trabalho dos economistas clássicos burgueses, que introduzem a racionalização no campo do trabalho, (...) possibilitou o surgimento da teoria geral da administração com as obras de Taylor e Fayol, motivadas pela necessidade de racionalização do processo produtivo, tendo em vista a acumulação ampliada do capital.” Esses autores tratam especificamente da divisão do trabalho através de hierarquias, especializações, autoridades e controle, tendo em vista a produtividade. Pode-se dizer que, apesar de apresentarem semelhanças em suas obras, Taylor preocupa-se com a racionalização do trabalho a nível dos operários; enquanto Fayol, do nível da administração, da cúpula e da parte estrutural. EDUCAÇÃO PROFISSIONAL 36 Assim, o taylorismo caracteriza-se pela intensificação do trabalho através de sua racionalização científica, tendo como objetivo eliminar os movimentos inúteis utilizando instrumentos de trabalho mais adaptados à tarefa. Pode ser aplicado em firmas médias e pequenas, diferentemente do fordismo, que difundiu-se principalmente nas grandes empresas, mas o que não impediu que seus conceitos fossem usados na indústria automobilística. Aliás, foi nela que, segundo Peres (2012), se originou tanto o fordismo quanto os métodos flexíveis de produção, que serão aprofundados mais adiante. Produção em massa No início, de forma artesanal e individualizada, a produção de automóveis precisava massificar. Foi quando Ford aplicou os métodos do taylorismo (chamado de organização científica do trabalho) para atender ao potencial do consumo de massas. Ele precisava produzir mais rápido e mais barato para vender mais. Tempos Modernos, 1936. Assim, ainda segundo Peres (2012), esse trabalho massificado ganhou condições precárias e, ainda, com tarefas parceladas, fazendo com que as ações dos trabalhadores ficassem incompreensíveis para eles próprios: eles não concebiam, só executavam; eles não precisavam pensar somente fazer. O operário era o apêndice da máquina. Os princípios básicos do taylorismo Dentro dessas características, devemos nos remeter ao conceito de trabalho de Marx; mas, se o trabalho é a essência do homem, nessas condições, ele fica resumido a quê? Marx explica que o trabalho no capitalismo aliena, pois o homem não é capaz de reconhecer a si nos seus produtos; o trabalho alienado, além de produzir a mercadoria, produz a força de trabalho como mercadoria. Os princípios básicos do taylorismo são: EDUCAÇÃO PROFISSIONAL 37 1 - 1- A separação da execução da concepção e intensificação da divisão do trabalho; 2 - 1- A separação da execução da concepção e intensificação da divisão do trabalho; 2 - Estímulo ao desempenho individual; 3 - 1- A separação da execução da concepção e intensificação da divisão do trabalho; 2 - Estímulo ao desempenho individual; 3 - Controle de tempos e movimentos para eliminar o período dedicado às tarefas não produtivas; 4 1- A separação da execução da concepção e intensificação da divisão do trabalho; 2 - Estímulo ao desempenho individual; 3 - Controle de tempos e movimentos para eliminar o período dedicado às tarefas não produtivas; 4 - Criação de uma estrutura hierarquizada. Atenção Desde o seu início, esse modelo deparou-se com a resistência operária e recebeu inúmeras críticas de autores humanistas, pois retirou a autonomia do trabalhador, transformando-o em operário-massa, alienado. Mas isso não impediu (e não impede até hoje) que ainda tenhamos relações de trabalho exploratórias e alienantes. Os princípios básicos do taylorismo A crise estrutural ocorrida no final da era fordista fez com que o capitalismo criasse estratégias para que, digamos, continuasse a existir. EDUCAÇÃO PROFISSIONAL 38 “A crise do modelo fordista exigia que o capital viesse a estabelecer mutações em sua estrutura. Por ser incontrolável, o capital elabora sempre uma saída para sua crise. Utilizando-se da experiência do fordismo, cria-se um novo modelo de produção que tem como objetivo solucionar os problemas que teriam levado o modelo anterior a uma crise estrutural. Tem início, então, um processo de reorganização, que teve como principal resultado a emergência do neoliberalismo, com a privatização do Estado, a desregulamentação dos direitos do trabalho e a falência do setor público estatal. Posterior a isso, ocorre um intenso processo de reestruturação da produção e do trabalho, que daria origem ao modelo flexível de produção. Tudo isso no intuito de recuperar o ciclo reprodutivo do capital.” (ANTUNES, 1999 apud Peres, 2002). Da crise do modelo fordista nasce o modelo toyotista, com estratégias diferenciadas e projetos novos para superar as falhas do modelo anterior, principalmente no tocante à atuação das pessoas, que passaram a ter um papel central nessa nova lógica de acumulação, o que fez com que, consequentemente, a questão da escolarização e da qualificação viessem à tona logo depois. Ao contrário do modelo taylorista/fordista, esse “novo modelo de produção” requer a participação não apenas dos braços, mas do cérebro do trabalhador, que passa a ter mais participação em todo o processo de trabalho, de forma integrada, com tarefas diversificadas. Assim, com o avanço dos ideais neoliberais e a adoção de novos modelos econômicos, políticos e sociais (já comentados na aula 1 após o consenso de Washington), novos conceitos também vieram à tona, como competências e competitividade, estabelecendo um vínculo entre a educação e o processo produtivo, fortalecendoo mercado como regulador das relações sociais. EDUCAÇÃO PROFISSIONAL 39 Autoestima do trabalhador O processo de gestão transforma-se da produção fordista para a toyotista, pois, agora, é imprescindível que o executor das tarefas interfira no processo fabril sempre que houver necessidade. Então, na gestão da qualidade total – estratégia de administração voltada para criar qualidade em todos os processos organizacionais –, o primeiro passo para seu sucesso é criar um processo educativo que restaure a autoestima do trabalhador. Em um primeiro momento, busca-se a conscientização para que, depois, se busque o comprometimento e a responsabilidade participativa. Neste momento, já estamos tratando mais sobre a atualidade, e estes termos já são bem conhecidos, não é? Gestão pela qualidade total, 5S, adventos do toyotismo. Mas ainda falaremos mais sobre isso no decorrer da disciplina, ok? Mas, afinal, o que é o toyotismo? Esse termo aparece em função do conjunto de técnicas de organização da produção e do trabalho industrial desenvolvido pelos japoneses, que inclui práticas administrativas, relações de trabalho e princípios de gestão de empresas voltadas para o aumento da produtividade. Esse modelo, também conhecido como “modelo japonês”, surgiu nas fábricas da Toyota após a Segunda Guerra Mundial. O toyotismo revolucionou a fabricação industrial em todo o mundo, partindo do princípio que, atrás das máquinas, havia um homem capaz; assim, a mão de obra passou a ser vista como polivalente e flexível, adaptável. Troca-se um homem fordista, alienado em seu trabalho, por um homem toyotista, que saiba decidir e escolher a melhor maneira de produzir, teoricamente. Mas vejamos o que isso, de fato, representa para o trabalhador. Veja o case a seguir e entenda melhor o toyotismo. EDUCAÇÃO PROFISSIONAL 40 No Japão, eles não tinham necessidade de comprar a capital da cadeia de abastecimento, nem espaço para armazenar seus componentes de riqueza. A Toyota desenvolveu um sistema de produção “apenas a tempo”, com pouco armazenamento. Mas foi necessária muita coordenação com os seus fornecedores. Hoje, tem-se uma linha de produção inspirada no toyotismo a partir da necessidade específica do Japão de produzir pequenas quantidades de modelos variados de produtos. No toyotismo, o trabalho é realizado em pequenas células de produção, e todos conhecem a execução das atividades. É um modelo extremamente competitivo de diversificação. Como precisa se ajustar ao mercado, à demanda e suas variações, a ideia é não acumular estoque para não encalhar; daí o just in time, ou seja, produzir o suficiente, não o excedente, ser uma fábrica “enxuta”. Outra característica importante é a ocultação das hierarquias de poder. Nesse sistema, flexibilidade e qualidade são as palavras mais usadas, assim como os sistemas de ensino. Atividade proposta 1 – Pesquise e conceitue cada um dos termos utilizados no mercado de trabalho e trace um paralelo com o conteúdo da aula 1: produtividade, downsizing, precarização, empregabilidade, competências e competitividade. 2 – Compare as características do fordismo com as dos toyotismo a partir do texto de Ricardo Antunes: Adeus ao trabalho? Ensaio sobre as metamorfoses e a centralidade do mundo do trabalho (pode ser feito um quadro comparativo). 3 – Indique as consequências da globalização para os trabalhadores a partir do texto de O. Ianni: O mundo do trabalho. São Paulo em perspectiva (pode ser feito em tópicos). EDUCAÇÃO PROFISSIONAL 41 Chave de resposta: FORDISMO TOYOTISMO Cronômetro e produção em série Flexibilização da produção, “especialização flexível”. Produção voltada para a demanda Direitos do trabalho conquistados Direitos do trabalho desregulamentados e flexibilizados Despotismo Participação dentro da ordem e do universo da empresa; envolvimento Produção em massa da grande indústria, unidades fabris concentradas e verticalizadas, trabalho parcelar e fragmentado Concepção de trabalho mais flexível, isento de alienação. Processo mais desconcentrado e tecnologicamente desenvolvido para um mercado mais localizado e regional Produção em grande quantidade e pouca variedade Satisfazer pedidos pequenos e variáveis. É o consumidor quem determina o que será produzido. Estoque mínimo Todo o processo se baseia em um homem/uma máquina Melhor aproveitamento do tempo pelo just in time e melhor qualidade com processo produtivo flexível. Um operário trabalha com várias máquinas Caráter de trabalho parcelar Trabalho em equipe Surgimento do sindicalismo do trabalhador Surgimento do sindicalismo patronal Verticalização Horizontalização e expansão dos métodos para os fornecedores. Grande número de trabalhadores Número mínimo de trabalhadores e pagamento de horas extras, EDUCAÇÃO PROFISSIONAL 42 subcontratações, terceirizações Trabalho desqualificado O operário torna-se polivalente Hierarquização Diminuição da hierarquia A transição do planejamento centralizado à economia de mercado tem estabelecido novas formas de organização do processo de trabalho, relações trabalhistas e condições jurídico-políticas de organização do movimento operário. Será cada vez mais difícil chegar-se a princípios e acordos aceitáveis e aplicáveis a todos. A máquina se vigia e se regula a si mesma, o que significa não a fábrica sem homens, mas, sim, o homem exercer funções mais abstratas e intelectuais. A distância entre o operário e o engenheiro tende a diminuir. O trabalho organizado foi solapado pela reconstrução de focos de acumulação flexível, que implica níveis altos de desemprego “estrutural”, rápida destruição e reconstrução de habilidades, ganhos modestos de salários e retrocesso do poder sindical. Diante da volatilidade do mercado e da competitividade, os patrões tiraram proveito do enfraquecimento dos sindicatos para impor regimes e contratos de trabalho mais flexíveis. A revolução da microeletrônica, com novas formas de automação e robótica, com articulação do trabalho intelectual e manual. Busca de níveis mais avançados de racionalização. Progressiva diminuição do mundo agrário e crescente urbanização do mundo. EDUCAÇÃO PROFISSIONAL 43 Mesclam-se culturas, raças e civilizações nos movimentos migratórios que atravessam fronteiras geográficas e políticas, articulando nações e continentes. O trabalhador coletivo é uma categoria universal. Alguns dos aspectos mais evidentes na questão social são: desemprego cíclico e estrutural, crescimento de contingentes situados na condução de subclasse, superexploração da força de trabalho, discriminação racial, sexual, de idade, política e religiosa. Referências ANTUNES, R. Adeus ao Trabalho?: Ensaio sobre as metamorfoses e a centralidade do mundo do trabalho. 2. ed. São Paulo: Cortez; Campinas: Editora da Universidade Estadual de Campinas, 1995. ______. Os sentidos do Trabalho: Ensaio sobre a afirmação e a negação do trabalho. 5. ed. São Paulo: Boitempo Editorial, 1999. CATTANI, A. D. (Org.). Trabalho e Tecnologia: Dicionário crítico. Petrópolis: Vozes, 1997. HARVEY, D. Condição Pós-Moderna: uma pesquisa sobre as origens da mudança cultural. Trad. de Adail Ubirajara Sobral e Maria Stela Gonçalves. São Paulo: Ed. Loyola, 1992. IANNI, O. O mundo do trabalho. São Paulo em perspectiva, 8 (1): 2-12, jan./mar., 1994. KUENZER, A. Pedagogia da Fábrica: As relações de produção e a educação do trabalhador. São Paulo: Cortez: Autores Associados, 1985. OUTHWAITE, W.; BOTTOMORE, T. (Orgs). Dicionário do Pensamento Social do Século XX. Rio de Janeiro: Zahar Ed., 1996. Exercícios de fixação Questão 1 Para Marx, o trabalho: a) Se caracterizava pela venda dos serviços em troca de salário.
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