Prévia do material em texto
FORMAÇÃO DE PREÇO E CUSTOS NO COMÉRCIO EXTERIOR E-book 1 Letícia Salazar Neste E-Book: INTRODUÇÃO ���������������������������������������������� 3 CONCEITOS SOBRE EXPORTAÇÃO E MERCADO EXTERNO ����������������������������� 5 VARIÁVEIS QUE PODEM INFLUENCIAR NOS PREÇOS ������������������� 9 Embalagens ����������������������������������������������������������� 10 Transporte ������������������������������������������������������������� 12 FLUXO DE EXPORTAÇÃO ������������������������15 ESTRUTURA NA FORMAÇÃO DE CUSTOS DO COMÉRCIO EXTERIOR ����20 CONQUISTA DO MERCADO INTERNACIONAL, EXPOSIÇÕES E FEIRAS INTERNACIONAIS ��������������������28 INCENTIVOS ÀS EXPORTAÇÕES BRASILEIRAS ����������������������������������������������31 CONSIDERAÇÕES FINAIS ����������������������34 SÍNTESE ������������������������������������������������������� 35 2 INTRODUÇÃO Olá, estudante� Com a evolução da tecnologia, a distância entre os países está cada vez menor, e, consequentemen- te entre produtores e consumidores� Há diversas oportunidades de negócios no mercado externo que contribuirão para expandir o mercado consumidor para os produtos brasileiros� O Brasil precisa urgentemente explorar as oportunida- des globais� Infelizmente o país ainda tem uma par- ticipação muito pequena no mercado internacional, somente 1,3% das vendas globais, porém espera-se que as relações exteriores sejam mais ativas e que o país busque mais oportunidades em suas relações comerciais, tanto no âmbito do Mercosul, como em outros continentes, por meio de acordos comerciais� Apesar de percentualmente estar abaixo de seu po- tencial, o Brasil está classificado entre as dez maio- res economias do mundo, tem um grande potencial e de forma alguma poderá ser desconsiderado no contexto internacional� Em geral, as exportações são estimuladas pelo governo brasileiro por meio de incentivos e ações internacionais� Para moderni- zar as atividades administrativas do comércio exte- rior, recentemente, houve alteração do SISCOMEX, Sistema Integrado de Comércio Exterior, que agora funciona como um Portal Único do Comércio Exterior, 3 tendo como objetivo reduzir os prazos e facilitar as operações� Em 2018, por exemplo, o Brasil ficou no 27º lugar no ranking dos exportadores, atrás de países como Índia, México e Vietnã, então você pode concluir que há muito a fazer para que o país conquiste o merecido lugar como um país continental e rico, como o Brasil� A formação dos preços para exportação é um dos aspectos mais importantes para a participação e competitividade das empresas brasileiras no exterior� A determinação do preço de exportação depende de uma análise detalhada dos custos e das variáveis de mercado a ser alcançado para que a empresa possa competir internacionalmente de maneira viável ao seu negócio� Você aprenderá: ● Conceitos sobre exportação e mercado externo ● Variáveis que podem influenciar nos preços ● Fluxo de exportação ● Estrutura na formação de custos do comércio exterior ● Conquista do mercado internacional, exposições e feiras internacionais ● Incentivos às exportações brasileiras Espero que você goste deste módulo e aproveite para refletir e ampliar seus conhecimentos. 4 CONCEITOS SOBRE EXPORTAÇÃO E MERCADO EXTERNO Você já se perguntou como seria se não houvesse comércio entre os países? Será que um país pode ser autossuficiente em tudo aquilo que precisa? Vamos voltar um pouco na história para refletirmos sobre isso� Os povos, desde a antiguidade, contavam com pes- soas dedicadas a se aventurar em mares e territórios distantes para comercializar mercadorias que seriam úteis para a sociedade ou que conferiam status e diferenciação para os governantes e a camada social dominante� O comércio internacional sempre teve grande influ- ência no desenvolvimento dos países, já que a troca comercial implica, necessariamente, uma reciproci- dade nas atividades de compra e venda, não só de produtos como também de serviços� Essa atividade, que é inerente às sociedades orga- nizadas, envolve o cumprimento de obrigações com relação ao aspecto econômico da relação comercial, representada pelo pagamento do valor dos produtos ou serviços que foram adquiridos� 5 As atividades que compõem a troca comercial são realizadas por entidades físicas ou jurídicas e podem ocorrer internamente, no país, ou externamente, quan- do envolvem pessoas física ou jurídicas de nações diferentes� Assim, o intercâmbio no comércio inter- nacional é caracterizado não só por mercadorias e serviços como também pelas transações de capital entre países� O desenvolvimento dos países está estreitamente relacionado ao nível de trocas internacionais que fa- zem entre si e do nível de abertura de sua economia, sendo o principal motivador, as vantagens compara- tivas� As empresas buscam aumentar seu mercado consumidor e seus lucros por meio da conquista do mercado externo� Ao longo da história, as nações passaram por perío- dos de intenso comércio e fases protecionistas� Na época dos feudos, a Europa passou por um processo mais restrito das trocas comerciais, já que eram au- tossuficientes. Esse cenário mudou entre os séculos 13 e 16, em que teve início a transição do sistema de feudos para o Mercantilismo, assim o comércio entre nações foi retomado� SAIBA MAIS Neste vídeo você poderá relembrar o Mercantilis- mo� https://youtu.be/-j14ZfyMiVc O comércio internacional passou por vários perío- dos favoráveis e desfavoráveis, principalmente nas 6 https://youtu.be/-j14ZfyMiVc ocasiões das guerras mundiais e crises econômicas� Após a Segunda Guerra Mundial, surgiram organis- mos internacionais para estimular e facilitar o desen- volvimento comercial, como a OMC – Organização Mundial do Comércio� Apesar dos acontecimentos no âmbito internacional, o comércio é uma constante, já que nenhuma na- ção é autossuficiente em tudo o que sua população necessita� O mecanismo do comércio internacional pressupõe a exportação do excedente de produção e a importação do que é necessário para atender o consumo e a produção� Devido às trocas comerciais, os países podem au- mentar a produtividade de sua indústria e a qualidade das mercadorias produzidas, o que leva ao cresci- mento da economia� Além disso, há também a trans- ferência de tecnologia e o investimento externo� Dentro do comércio exterior de um país, a exportação é contextualizada como o envio de mercadorias para mercados externos, conquistados com o investimen- to em feiras, pessoal especializado e, principalmente, com produtos que atendam ao mercado internacional com todas as suas especificidades. Ao exportar, o país aumenta suas divisas e suas em- presas alcançam o nível de aprimoramento e flexibili- dade necessário aos atuantes em mercados globais� No entanto, essa não é uma tarefa simples� Para con- quistar o mercado internacional, há necessidade de planejamento e de ações que considerem a diversi- 7 dade cultural, econômica, política e de infraestrutura internacional� O Brasil possui vários instrumentos de estímulo às exportações e, de fato, há empresas brasileiras muito bem estruturadas para atender o mercado externo, inclusive com status internacional, com filiais em outros países� REFLITA Quais são os principais cuidados ao formar um preço de exportação? 8 VARIÁVEIS QUE PODEM INFLUENCIAR NOS PREÇOS O exportador brasileiro costuma ter suporte de várias entidades empresariais ou órgãos do governo, como o Sebrae, as Federações das Indústrias de cada es- tado, bem como o SECEX (Secretaria do Comércio Exterior) e Banco do Brasil� Uma dúvida muito comum para a empresa que inicia a participação no mercado externo é o preço� Como definir o preço do produto? Para calcular o preço de exportação, além de co- nhecer o mercado em que vai atuar, é fundamental que a empresa faça o cálculo dos custos logísticos� Os custos logísticos incidentes na exportação en- volvem embalagens;frete interno e internacional; taxas cobradas nos portos ou aeroportos; seguro internacional (se for o caso); serviços especializados, como de despachante aduaneiro e/ou provedores lo- gísticos, empresas que dão assessoria em questões de comércio exterior� Vamos saber um pouco mais sobre cada um desses itens? 9 Embalagens As embalagens são importantes na comercialização dos produtos� Suas funções vão além da proteção do conteúdo, sendo também um instrumento de comu- nicação com o cliente e uma variável fundamental na logística� Na função de proteção, é importante que a embala- gem proteja o produto, e o designer de embalagem deve levar em conta que o produto será consumido no mercado externo, ou seja, deverá passar por várias movimentações até chegar ao destino final. Segundo os autores Hellström e Saghir (2006), as embalagens são classificadas em primárias, secun- dárias e terciárias� As embalagens que entram em contato direto com o produto, aquela que chega até o consumidor final, é chamada de embalagem primária� Seu material pode ser vidro, plástico ou papel� As embalagens secun- dárias são aquelas utilizadas para o transporte, que servem para a proteção das embalagens primárias e para facilitar a distribuição, o estoque e o manuseio, e geralmente são feitas de papelão, com tamanho su- ficiente para caberem várias embalagens primárias. É comum que contenham informações importantes como fragilidade do produto, informações sobre ma- nuseio, armazenagem e empilhamento máximo� Já os pallets e os containers são classificados pelos autores como embalagens terciárias� Em outras pala- vras, essas embalagens são o agrupamento de várias 10 embalagens secundárias e servem para facilitar o transporte e o estoque� Neste caso, o transporte pode ser de curta ou longa distância� São muito utilizadas no transporte internacional� Você lembra de já ter visto um container ou pallet? SAIBA MAIS Veja exemplos de embalagens terciárias, usadas para facilitar a movimentação e embarque: No vídeo abaixo você terá mais informações so- bre containers: h t t p s : / / w w w . y o u t u b e . c o m / watch?v=Wn3MlQB45I0 No vídeo abaixo você encontrará informações importantes sobre pallets: h t t p s : / / w w w . y o u t u b e . c o m / watch?v=m_58h6eNeNg Quando a empresa brasileira se propõe a ganhar o mercado externo, é importante que ela verifique as exigências de seu cliente, assim como do país para onde a mercadorias será exportada� Alterações de embalagem podem representar custos ao exportador que devem ser considerados na formação do preço de exportação� 11 https://www.youtube.com/watch?v=Wn3MlQB45I0 https://www.youtube.com/watch?v=Wn3MlQB45I0 https://www.youtube.com/watch?v=m_58h6eNeNg https://www.youtube.com/watch?v=m_58h6eNeNg Transporte Atualmente, o container tem sido a melhor opção para a maioria dos produtos por oferecer facilidade de movimentação, proteção no manuseio e trans- porte e representar um valor de frete competitivo� Se você optar pelo transporte em containers, deverá calcular a quantidade de embalagens secundárias dentro do container para que o espaço seja otimi- zado� Quanto mais você aproveitar o espaço para embarcar uma quantidade maior de produtos, mais vantajoso será o frete marítimo� O valor do frete e as taxas portuárias farão parte do cálculo de preço para a exportação e, caso você não tenha ainda todas as informações para o cálculo, poderá contar com a ajuda de seu despachante aduaneiro, as companhias de navegação ou empresas de assessoria em co- mércio exterior, para quem esse assunto é rotineiro� Caso o transporte seja por via aérea, você poderá adicionar ao preço de exportação o custo do frete e as despesas aeroportuárias� Nesse caso, é mais comum que seu agente de carga (freight forwarder) forneça todos as informações sobre o frete e suas taxas� O importante é ter em mente que, independente- mente do transporte escolhido, você deverá buscar informações sobre todos os custos que farão parte do preço de exportação� Geralmente os provedores logísticos oferecem simulação de custos para que 12 você tenha o máximo de informação possível dentro da realidade� Na cotação do frete interno, com origem no local de fabricação do produto até o porto ou aeroporto, o exportador poderá cotar com sua transportadora usual ou fazer uma nova cotação com as diversas opções de transportadoras disponíveis no mercado brasileiro� ● Seguro internacional Caso o exportador seja também responsável pelo seguro da mercadoria, ele deverá compor o preço de exportação já considerando este custo� Para con- tratar o seguro de exportação, ele deverá contatar sua seguradora ou, se não tiver, pesquisar uma se- guradora de confiança para contratar o seguro por meio de uma apólice� Não há necessidade de fazer uma apólice sempre que houver uma exportação� As seguradoras emitem uma apólice de cobertura para exportação, segundo os termos acordados sobre a cobertura e, sempre que houver um embarque de ex- portação, a empresa exportadora enviará a fatura e o conhecimento de embarque para a seguradora fazer a homologação daquele embarque com cobertura da apólice já existente� ● Serviços especializados São aqueles prestados nas atividades de exportação, como despachantes aduaneiros, provedores de ser- viços logísticos, consultores e outros� É importante 13 o levantamento correto do custo para que o expor- tador componha corretamente o preço do valor de exportação� No custo de exportação, é fundamental que a em- presa esteja atenta ao seu mercado consumidor� Algumas mudanças, principalmente, de ordem eco- nômica, podem influenciar nos custos e ele deverá adaptar seu produto e preço à realidade� Assim, o exportador precisa acompanhar as ope- rações logísticas, verificar o custo/benefício da venda de exportação e monitorar constantemente o mercado� Esse cuidado lhe dará informações im- portantes para a previsão de custos de exportação de forma mais concreta� Além disso, deve-se consi- derar eventuais custos extras se a empresa envolver a participação de um intermediário, o que chamamos de exportação indireta� Você verá mais detalhes no item que trata da formação dos preços, mais adiante, nesta unidade� 14 FLUXO DE EXPORTAÇÃO A empresa que decide exportar deve considerar que o mercado externo não é uma opção a alguma cri- se do mercado interno e sim uma estratégia para o crescimento da empresa� Parte da produção deve ser planejada para o mercado externo, assim as exporta- ções serão constantes e a empresa poderá adquirir conhecimento e maturidade no comércio exterior� Podcast 1 É importante que a empresa possa contar com pro- fissionais preparados e com experiência nas regras e procedimentos de exportação a fim de se evitar multas e ações que podem levar a uma atuação que desperdice recursos� Para que você tenha uma visão geral de todos os passos para exportar, veja no fluxograma abaixo to- das as ações que deverão ser tomadas para que a mercadoria siga o fluxo de exportação de maneira eficiente. 15 EXPORTADOR Declaração de despacho de exportação Recepção dos documentos na alfândega de despacho Envio dos documentos da exportação ao despachante Análise e conferência do pedido recebidos Solicitação das correções que sejam necessárias Emite documentos (NF, fatura comercial, packing list etc.) e prepara a carga Pedido OK? Recebe PO do importador no exterior S N Despachante realiza Registro da Exportação (RE) no Siscomex Recepção da mercadoria no armazém alfandegado Parametrização do despacho de exportação Conferência dos documentos OU mercadoria (conforme seleção paramétrica) Embarque da mercadoria Término da declaração de despacho (DDE) Empresa de transporte entrega o “conhecimento” de transporte” (B/L -AWB-TIF-CRT) dependendo do modal utilizado O nº do conhecimento de transporte é registrado no Siscomex Receber prestação de contasdo despachante aduaneiro Elaborar planilha de fechamento dos custos da exportação Em caso de fechamento de câmbio a prazo, registrar para controle interno/copiar ao Depto. Financeiro Enviar dados para a contabilidade Atualizar a planilha interna de controle das operações realizadas e de Seguros Arquivo interno do processo FIM Figura 1: Fluxograma de uma exportação. Fonte: SEGRE, German (org), em Manual Prático de Comércio Exterior. 16 No momento em que a empresa recebe um pedido e se prepara para atendê-lo, são iniciados os pro- cessos necessários para que a empresa conclua a exportação com êxito� Os trâmites para a exportação são iniciados, geral- mente, após o final da produção do produto, já que nesse momento estarão disponíveis os pesos bruto e líquido da mercadoria, a quantidade total, quantidade de embalagens, etc� Nesse momento é possível elaborar os documentos de exportação, que serão necessários para os pro- cedimentos administrativos na alfândega, envio de informações para o transportador e, mais tarde, para o fechamento de câmbio� Após a contratação do frete interno e internacional, o exportador saberá para qual terminal enviar a merca- doria que será exportada� Enquanto a mercadoria é transportada para o terminal, o despachante aduanei- ro prepara o desembaraço da mercadoria com base nas informações e documentos enviados pelo expor- tador� O despachante fará os procedimentos utilizan- do o portal único do SISCOMEX (Sistema Integrado de Comércio Exterior)� Esse sistema registra todas as informações de importações e exportações que são verificadas de forma online pelos órgãos inter- venientes no comércio exterior� São eles: a SECEX (Secretaria de Comércio Exterior), a SRF (Secretaria da Receita Federal) e o BACEN (Banco Central do Brasil), que atuam como gestores; há também os órgãos anuentes, que atuam em operações espe- 17 cíficas, dependendo do tipo de mercadoria, como Ministério do Exército, Ministério da Saúde, Conselho Nacional de Energia Nuclear (CNEN), Departamento de Operações de Comércio Exterior (DECEX) e outros� Após a liberação da mercadoria pelo SISCOMEX, ocorre o embarque e a liberação do Conhecimento de Embarque pela companhia transportadora� Com todos os documentos originais em mãos, o expor- tador os enviará ao importador para que ele faça a liberação na alfândega de seu país� Internamente, o exportador terá vários registros a fazer com relação aos custos, pagamentos dos for- necedores e despachante, envio de informações para o departamento financeiro, etc. É fundamental que o exportador faça muito bem o chamado pós-venda, dando todo o suporte ao seu cliente após o embarque� Imagine se seu cliente souber do embarque somente quando a mercado- ria chegar em seu país? Quantos procedimentos ele deveria ter preparado internamente enquanto a mer- cadoria está em curso, e não o fez devido à falta de informação? Por isso, é extremamente necessário que o clien- te seja bem informado não só do embarque como também de possíveis transbordos da mercadoria e possíveis atrasos ou antecipação na chegada ao destino� 18 Lembre-se de que sua empresa será mais compe- titiva e lucrativa com uma atuação internacional de longo prazo� SAIBA MAIS “O Projeto de Negociação Harvard (Harvard Ne- gotiation Project) teve como objetivo entender o conceito de onipresente (presente em todos os lugares) na negociação e os processos e siste- mas nele envolvidos� A experiência passou a ser, desde então, um elemento-chave nas negocia- ções� Neste projeto, o processo de negociação se organiza em sete elementos: interesse das partes, opções, legitimidade, alternativas, relação existente entre as partes e seus negociadores, compromisso e comunicação�” Para saber mais, consulte o livro Como preparar uma empresa para o comércio exterior, de Nel- son Ludovico� 19 ESTRUTURA NA FORMAÇÃO DE CUSTOS DO COMÉRCIO EXTERIOR Quando a empresa está na fase de conquista do mer- cado externo, é preciso que ela faça, previamente, a avaliação do mercado e das operações logísticas para que possa garantir a entrega da mercadoria, com o mínimo de custo possível e de forma eficiente. As condições de venda devem ser estudadas com relação aos INCOTERMS (você conhecerá os termos internacionais na próxima unidade) e deverá ser esta- belecida a estratégia de marketing, qual será o públi- co-alvo, pode-se utilizar de pesquisas de inteligência comercial, empresas representantes e participação em feiras e eventos de promoção de negócios para identificar potenciais clientes. Na fase da cotação, uma vez já feito o contato com potenciais clientes, a empresa já deverá ter um plane- jamento de exportação em que foi feito algum estudo prévio de custos, como embalagem para exportação, modalidade de venda mais conveniente para a em- presa, prazos de entrega e de pagamento, estrutura de transportes e logística, quantidades mínimas, etc� Você pode ver que são muitos os detalhes a serem atendidos para quem quer exportar� Agora vamos ver mais detalhadamente como formar o preço do produto a ser exportado� 20 Para calcular o preço de exportação, deve-se decom- por os custos de venda no mercado interno e, logo depois, incluir todos os custos e despesas específi- cas para que o produto seja exportado� Vamos analisá-los por partes: ● Custos e despesas de venda no mercado interno Para um cálculo consistente, a empresa deve ter uma estrutura de custos estruturada e organizada sobre as vendas ao mercado interno� As despesas e custos referentes ao mercado interno são: ○ Tributos que incidem no mercado interno, como ICMS, IPI (se houver), PIS e COFINS; ○ Despesas de vendas, como comissões; ○ Despesas de embalagem no mercado interno; ○ Despesas de propaganda e marketing; ○ Despesas com assistência técnica; ○ Despesas administrativas, se houver; ○ Margem de lucro para a venda no mercado interno� Você chegará ao custo de produção� Outra possibi- lidade seria considerar a composição dos custos de produção da mercadoria� De qualquer forma, deve-se fazer um estudo meticuloso para o levantamento de todos os custos, tanto em um método quanto em outro� 21 Figura 2: Fonte: Pexels. ● Custos e despesas adicionais para exportação Após chegar ao custo do produto sem os custos e despesas internas, devem ser adicionados os custos e despesas existentes para a exportação, da fábrica até o destino, em que o exportador é responsável, ou seja, desde a embalagem para a exportação até as despesas de transporte, dependendo do local de en- trega acordado entre as partes na negociação� Assim, deverão ser adicionados os valores referentes a: ○ Embalagem de exportação; ○ Transporte interno da fábrica ou armazém até o local de embarque (porto, aeroporto); ○ Despesas de desembaraço (serviços do despachante); ○ Taxas no porto/aeroporto; 22 https://www.pexels.com/photo/white-and-black-desk-calculator-on- white-graphing-paper-159804/ ○ Frete internacional e taxas, dependendo do modal, caso seja responsabilidade do exportador; ○ Seguro internacional, caso o exportador seja o responsável pela contratação; ○ Despesas de consultoria e representação no exterior; ○ Se houver benefícios fiscais e incentivos oferecidos pelo governo, deve ser calculado o valor para que o preço seja próximo ao valor real; ○ Por último, deve ser adicionada a margem de lu- cro para exportação, de acordo com a estratégia de vendas e participação no mercado, definida pela empresa� Podcast 2 Para você poder visualizar melhor o que foi dito aci- ma, vamos construir um esquema: Preço do produto no mercado interno sem o lucro: _____________ Decomposição (subtrai-se): (–) ICMS (–) IPI (se houver) (–) PIS/Cofins (–) Comissões (–) Embalagens 23 (–) Marketing (–) Assistência técnica (–) Administração (–) Outras despesas Total _____________ Despesas de exportação (soma-se ao valor total en- contrado acima) (+)Embalagem para exportação __________ (+) Transporte Interno _____________ (+) Serviços de despachantes __________ (+) Despesas aeroportuárias __________ (+) Frete internacional e taxas de transporte ____________ (não será somado ao preço se o im- portador for responsável pelo pagamento) (+) Seguro internacional (não será somado ao preço se o importador for responsável pelo pagamento) (+) Comissões do representante __________ (+) Outras despesas __________ Total – preço para exportação ____________ Taxa Câmbio ____________ O valor encontrado para exportação, em reais, deve- rá ser convertido pela taxa de câmbio do dólar dos Estados Unidos, moeda em que geralmente são feitos os contratos internacionais� 24 Em exportações indiretas, haverá uma despesa para o uso da estrutura das empresas que intermediam a operação� As exportações indiretas podem ser re- alizadas por: ● Empresa comercial cuja atividade é, exclusivamen- te, exportadora� ● Empresa comercial de atividade mista, que pode operar no mercado doméstico e em operações de importação e exportação� ● Consórcios e cooperativas de fabricantes ou exportadores� ● Indústria que exporta produtos que parte é fabri- cada por terceiros� ● Trading companies, que são empresas que não produzem e somente atuam na comercialização de produtos, comprando em um mercado e vendendo em outro� A diferença entre a empresa comercial exportadora e a trading company, é que a primeira tem como objetivo básico a exportação indireta de produtos, não estando obrigada à composição de capital, registro ou movimentação mínima de va- lores; enquanto que a trading company precisa ter um registro especial, ter capital mínimo realizado e constituir-se como uma sociedade por ações� Após o envio da cotação, com todos os detalhes possíveis para atender ao futuro pedido, havendo aceitação do cliente, é importante emitir uma fatu- ra proforma� Esse é um documento inicial em que constam todos os detalhes da mercadoria, como 25 especificação, origem e destino, data da cotação, tipo de transporte, quantidade, preço unitário e, se possível, preço total, prazo previsto para embarque, condição de venda e modalidade de pagamento� Com esses dados, o importador poderá providenciar uma licença de importação, se em seu país houver essa exigência e ações iniciais para a nacionalização da mercadoria. A fatura comercial é uma confirmação e oficialização do negócio. Como o exportador poderá saber a variação do pre- ço final de venda do produto para a exportação? Há alguma flexibilidade? Além do cálculo que você acompanhou acima, em que foram considerados somente os valores de cus- tos e despesas para compor o preço de exportação, você deve estar ciente de que o preço final de venda do produto pode variar de acordo com os mercados em que a empresa pretende atuar� Assim, as práticas em cada mercado, devem considerar os investimen- tos em promoção comercial, otimização de envios da mercadoria com relação ao transporte escolhido (otimização de espaço), realização de contratos de longo prazo, vendas exclusivas, suporte no país de destino e outros� 26 FIQUE ATENTO Quando a empresa se prepara para expor e ven- der seus produtos no mercado externo, muitas dúvidas e inseguranças podem surgir na realiza- ção desse objetivo� É importante que a empresa pesquise fontes con- fiáveis para obter informações e, assim, construir um consistente planejamento de exportação, com base sólida e confiável. 27 CONQUISTA DO MERCADO INTERNACIONAL, EXPOSIÇÕES E FEIRAS INTERNACIONAIS Para conquistar o mercado interno ou externo, a re- gra é ter competitividade� Atualmente o mercado é bastante competitivo e as empresas buscam, cada vez mais, reduzir seus custos e oferecer preços com- petitivos aos seus clientes� Porém��� você já notou que, muitas vezes, o cliente paga mais caro para ter determinadas vantagens ou para adquirir o produto da marca que deseja? As empresas mais competitivas procuram oferecer diferenciais de mercado para que seus clientes reco- nheçam um valor agregado maior em seus produtos e estejam dispostos a pagar a mais por ele� Muitas vezes, esse valor agregado está ligado à marca, que confere status ou uma diferenciação para quem a usa� Se o exportador está oferecendo seus produtos para outras empresas (B2B), o diferencial pode ser a qua- lidade aliada ao melhor preço� No caso de empresas “entrantes” em novos mercados, a conquista dos clientes deve ser feita por meio de eventos comer- ciais para a promoção de produtos brasileiros no 28 exterior� Geralmente isso é feito nas feiras comer- ciais, que são canais eficientes para a divulgação dos produtos, estabelecer contatos com potenciais clientes e conhecer o mercado que se quer atingir� Para participar de feiras no exterior, é interessante considerar alguns fatores: ● Pesquisar como foram as edições de anos an- teriores da feira, se o público é realmente aquele que a empresa quer atingir, empresas participantes (concorrentes) e o número de visitantes, ou seja, se a feira realmente valerá o investimento� ● É muito importante, também, conhecer a situação econômica e política do país em que ocorre a feira� ● Conhecer os detalhes que o mercado externo exige, como preço corrente, qualidade e especificações técnicas exigidas naquele mercado, hábitos de con- sumo e cultura local� ● Conhecer sua capacidade produtiva, já que a feira permite diversos contatos, e cumprir prazos é fun- damental para conquistar o cliente� ● Custos da participação� ● Regras do país ao receber amostras dos produtos para expor na feira ou, futuramente, para um poten- cial cliente� ● Estrutura da feira e atendimento aos visitantes� ● Material promocional� O ideal é que a empresa participe como visitante antes de ser um dos expositores� Assim, poderá anali- 29 sar o potencial da feira e se o investimento realmente valerá a pena� Quais são as vantagens da participação em feiras? Após conhecer a feira como visitante, a empresa pode decidir que vale a pena fazer um investimento mais significativo para participar como expositor. Desde que bem analisada e planejada, a participação pode resultar em muitas vantagens: ● Publicidade ● Contato direto com potenciais clientes ● Verificação da reação do público aos produtos da empresa� Esta vantagem é especialmente interes- sante porque será possível identificar futuras alte- rações no produto para torná-lo mais adequado às exigências dos clientes� ● Ampliação dos contatos/cadastros de potenciais clientes e aqueles com os quais a empresa já tem relação comercial� ● Concretizar o principal objetivo, que são as vendas; muitas acontecem no ambiente da feira em que são possíveis reuniões e maior exposição dos produtos do que em visitas comerciais comuns� 30 INCENTIVOS ÀS EXPORTAÇÕES BRASILEIRAS O Brasil foi tradicionalmente um país exportador até fins do século passado. O mercado brasileiro era bas- tante restrito aos produtos importados e o estímulo era para que as empresas exportassem� Atualmente, as importações dependem da economia interna e da viabilidade dos produtos importados dentro do mercado doméstico, porém as exportações recebem ainda alguns benefícios, o que é importante para que o país mantenha sua balança comercial relativamen- te equilibrada� Vamos ver, a seguir, alguns benefícios e incentivos concedidos às exportações brasileiras: ● Adiantamentos bancários O Banco Central do Brasil permite o adiantamento dos valores de exportação em reais, aos quais o ex- portador tem direito, conforme os valores da expor- tação� Independente do prazo dado para pagamento ao cliente internacional, o exportador pode contratar o valor da exportação e recebê-lo antecipadamente� Funciona como um financiamento relacionado às exportações brasileiras com cobertura cambial, cujo contrato pode ser celebrado antes do embarque da mercadoria� 31 Existem duas modalidades:Adiantamento sobre Contrato de Câmbio (ACC), em que o exportador contrata o valor da exportação e recebe o valor cor- respondente em reais antes do embarque e antes de receber o pagamento de seu cliente� A segun- da modalidade é o Adiantamento sobre Cambiais Entregues (ACE): é a antecipação do valor em reais, correspondentes às exportações já embarcadas e vendidas a prazo� ● Drawback O Drawback é um regime aduaneiro especial e um instrumento de incentivo às exportações� Funciona da seguinte maneira: o exportador pode utilizar maté- ria prima ou produtos importados na composição de produtos a serem exportados no futuro, o que permite às empresas brasileiras a atualização com o mercado externo e o aperfeiçoamento na produção de seus produtos� Esse incentivo permite a suspensão ou isenção de taxas e impostos que incidem sobre a importação de mercadorias que forem utilizadas na industrialização ou acondicionamento de produtos a serem exportados� ● Dedução de Importo de Renda As remessas de valores para o exterior, com destino exclusivo ao pagamento de despesas com promoção e propaganda de seus produtos, participação em feiras e manutenção de filiais, podem ser deduzidas de imposto de renda� 32 Para finalizar este módulo, é importante que você tenha em mente que trabalhar com o mercado exter- no exige planejamento, análise de toda a operação e acompanhamento de cada etapa a fim de evitar erros e consequentes custos não previstos na exportação� 33 CONSIDERAÇÕES FINAIS Como você pode perceber, o comércio exterior e o mercado internacional demandam precisão e qualida- de nas ações para que a empresa não tenha prejuízo ao exportar seus produtos� Apesar das exigências do mercado externo, é possí- vel fazer um bom trabalho de promoção dos produtos e operacionalizar a exportação com o profissiona- lismo necessário, desde que haja planejamento e análise das operações� Neste módulo, falamos sobre a formação de preços de exportação e outros aspectos que envolvem esse tema� É fundamental que você conheça e se espe- cialize nos temas referentes à logística e comércio exterior� Quanto mais você souber, mais facilidade terá em planejar e agir de maneira preventiva nas operações a fim de evitar prejuízos e custos desne- cessários nas exportações� 34 SÍNTESE Referências Bibliográficas & Consultadas BERNARDI, L� A� Formação de preços: estratégias, custos e resultados� 5. ed. São Paulo: Atlas, 2017. [Minha Biblioteca]. BORTOTO, A� C� et al� Comércio exterior: teoria e gestão� 3� ed� São Paulo: Atlas, 2012� [Minha Biblioteca]� BRUNI, A� L; FAMÁ, R� Gestão de custos e forma- ção de preços: com aplicações na calculadora HP 12C e Excel� 6� ed� São Paulo: Atlas, 2012� [Minha Biblioteca]� CRUZ, J� A� W� et al� Formação de preços: mercado e estrutura de custos� Curitiba: InterSaberes, 2012� [Biblioteca Virtual]� DAVID, P. A. Logística internacional. São Paulo: Cengage Learning, 2016. [Minha Biblioteca]. DUTRA, R. G. Custos: uma abordagem prática / René Gomes Dutra. 8. ed. São Paulo: Atlas, 2017. [Minha Biblioteca]. EIDELCHTEIN, C� et al� Manual prático de comér- cio exterior� 5� ed� São Paulo: Atlas, 2018� [Minha Biblioteca]. HELLSTROM, D.; SAGHIR, M. Packaging and logis- tics interactions in retail supply chains. Packaging Technology and Science, Suécia, v. 20, p.197-216, 2006� LUDOVICO, N� Como preparar uma empresa para o Comércio Exterior� 2� ed� São Paulo: Saraiva, 2018 LUDOVICO, N. Como preparar uma empresa para o comércio exterior. 2.ed. - São Paulo: Ed. Saraiva, 2018. [Minha Biblioteca]. MEIRA, L� A� Tributos sobre o comércio exterior� São Paulo: Saraiva, 2012� NAGLE, T� T� Estratégia e táticas de preço: um guia para crescer com lucratividade� 4� ed� São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2007. [Biblioteca Virtual]� PADOVEZE, C� L�; JUNIOR, F� K� T� Custo e preços de serviços: logística, hospitais, transporte, hotelaria, mão de obra, serviços em geral� São Paulo: Atlas, 2013� [Minha Biblioteca]� PIRES, S. R. I. Gestão da cadeia de suprimentos - (Supply chain management): conceitos, estratégias, práticas e casos. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2016. [Minha Biblioteca]. SEGRE, G� (Org�)� Manual Prático de Comércio Exterior� 4. ed. São Paulo: Atlas, 2012. WERNKE, R� Análise de custos e preços de venda: ênfase em aplicações e casos nacionais� São Paulo: Saraiva, 2005� [Minha Biblioteca]� YANASE, J� Custos e formação de preços: impor- tante ferramenta para a tomada de decisão� São Paulo: Trevisan Editora, 2018� [Minha Biblioteca]� Introdução Conceitos sobre exportação e mercado externo Variáveis que podem influenciar nos preços Embalagens Transporte Fluxo de exportação Estrutura na formação de custos do comércio exterior Conquista do mercado internacional, exposições e feiras internacionais Incentivos às exportações brasileiras Considerações finais Síntese