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ATIVIDADE PRATICA PENAL

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA VARA CRIMINAL DA COMARCA DE PATROCÍNIO/MG
PROCESSO Nº ****.**.*********
MARIA DOS SANTOS, já devidamente qualificada nos autos em epigrafe, por seu procurador infraassinado, com procuração anexa, vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, apresentar RESPOSTA À ACUSAÇÃO, com base no artigo 396-A, caput, do Código de Processo Penal, pelos fatos e fundamentos jurídicos a seguir expostos;
I) DOS FATOS 
Maria dos Santos, nascida em 25/03/2000, terminou relacionamento amoroso com Tício da Silva, não mais suportando as agressões físicas sofridas, sendo expulsa do imóvel em que residia com o companheiro em um bairro carente da cidade de Patrocínio – MG, juntamente com o filho do casal de apenas três meses. Sem ter familiares na cidade de Patrocínio e nem outros conhecidos, passou a pernoitar com o filho em ruas e praças públicas, alimentando-se do que ganhava de desconhecidos. Nessa época, Maria dos Santos fez amizade com Paula de Souza, outra mulher em situação de rua que frequentava os mesmos espaços que ela. No dia 1º de março de 2021, não mais aguentando a situação de penúria pela qual estava passando e vendo o filho chorar e ficar doente em razão da ausência de alimentação, após não conseguir emprego ou ajuda, Maria dos Santos decidiu ingressar em um hipermercado da cidade, onde subtraiu 01 (um) pacote de pão de forma, 01 (um) queijo e 01 (uma) lata de leite em pó, cujo valor totalizava R$ 50,00 (cinquenta reais), fato que foi flagrado pelo segurança do estabelecimento comercial, o qual acionou imediatamente acionou a Polícia Militar, que prendeu Maria dos Santos em flagrante, na posse dos bens subtraídos, ainda no interior do local dos fatos. Em sede policial, Maria dos Santos confirmou os fatos, permanecendo durante todo o interrogatório algemada, apesar da ausência de indícios de que oferecesse risco, oportunidade em que reiterou a ausência de recursos financeiros e a situação de fome e risco à saúde de seu filho. Juntada a folha de antecedentes criminais sem outras anotações, o laudo pericial de avaliação dos bens subtraídos confirmando o valor, e ouvidos os envolvidos, inclusive o segurança e a proprietária do hipermercado, o auto de prisão em flagrante e o inquérito policial foram encaminhados ao Poder Judiciário. Promovida a abertura de vista ao Ministério Público, o Promotor de Justiça que atua perante a Vara Criminal da Comarca de Patrocínio - MG ofereceu denúncia em face de Maria dos Santos pela prática do delito capitulado no art. 155, caput, c/c art. 14, II, ambos do Código Penal, além de ter opinado pela liberdade da denunciada. O magistrado em atuação perante o juízo competente, no dia 17 de março de 2021, recebeu a denúncia oferecida pelo Ministério Público, determinou fosse realizada a citação da acusada e concedeu liberdade provisória à ré. O alvará de soltura foi cumprido no dia 19 de março de 2021, sexta-feira, data em que a acusada Maria dos Santos foi citada. 
II) DO DIREITO
	De acordo com o narrado nos autos, em sede policial, Maria dos Santos confirmou os fatos, permanecendo durante todo o interrogatório algemada, apesar da ausência de indícios de que oferecesse risco.
	Portanto podemos afirmar que ocorreu evidente abuso de direito por parte dos policiais, em permitir que a acusada Maria permanecesse algemada, mesmo sem oferecer risco ou resistencia, uma vez que, o uso de algemas é excepcional, sendo que a sua utilização depende de motivada decisão judicial. 
	Observa-se ainda que o ato praticado, fere diretamente o texto da sumula vinculante n° 11 do STF, que nos traz, que: “Só é lícito o uso de algemas em casos de resistência e de fundado receio de fuga ou de perigo à integridade física própria ou alheia, por parte do preso ou de terceiros, justificada a excepcionalidade por escrito, sob pena de responsabilidade disciplinar, civil e penal do agente ou da autoridade e de nulidade da prisão ou do ato processual a que se refere, sem prejuízo da responsabilidade civil do Estado.”
	Deste modo, requer a nulidade do interrogatório, conforme art 564, IV do CPP.
Cabe ainda lembrar que a acusada não é voltada para a prática de delitos, sendo primaria e detentora de bons antecedentes.A hipótese em analise diz respeito à imputação de crime em que não há grave ameaça contra a vítima. Assim sendo, as circunstancias descritas remetem a aplicação do princípio da insignificância, com a exclusão da tipicidade, como expresso no artigo 397, III do Código de Processo Penal.
	Além do mais, é possível extrair dos autos que o objetivo do furto em questão tinha valor de apenas R$ 50,00 (cinquenta reais), valor este que representa aproximadamente menos de 5% do salário-mínimo.
	Ademais a vítima do furto, trata-se de um hipermercado, frequentado por várias pessoas na cidade, o que faz presumir, grande lucro e renda, evidenciando grande desigualdade entre os rendimentos e condições da vítima e da acusada.
	Ademais, observando atentamente, o contexto fático apresentado na de única, fica claro e evidente a existência de manifesta causa de exclusão da ilicitude da conduta, em razão da ocorrência de estado de necessidade. Uma vez que ficou demonstrado a existência risco à saúde da acusada e ainda de seu filho, ou seja, justificando que a acusada praticou o furto para salvar de perigo atual, conforme observa-se no art. 24 do CP. 
	Deste modo, requer, a absolvição sumária da ré em razão da existência de manifesta causa de exclusão da ilicitude, nos termos do art. 397, I do CPP.
	Contudo, caso não seja o entendimento de Vossa Excelência aplicação das hipóteses mencionadas de absolvição sumária, requer o reconhecimento da ação da acusada na hipótese de Furto Privilegiado do artigo 115, §2° do Código Penal, uma vez que, a mesma é primaria, de bons antecedentes e a coisa furtada é de pequeno valor, devendo a pena ser diminuída de um a dois terços, ou aplicar apenas a pena de multa.
	Por fim, vale lembrarmos a adequação da atenuante por confissão, prevista no artigo 65, inciso III, alínea “d”, do Código Penal, uma vez que, a acusada faz jus de tal benefício.
III - DOS PEDIDOS
Ante o exposto, requer o acusado: 
A) seja acolhida a tese preliminar, para anular o interrogatório, nos termos do art. 564, IV do CPP; 
B) a absolvição sumária, com base no art. 397, I e III, do CPP;
C) o reconhecimento para furto privilegiado, com finco no artigo 155, §2° do CP;
D) o reconhecimento da atenuante de confissão, com base no artigo 65, inciso III, alínea “d”, do Código Penal
E)a produção de provas, com a designação de audiência de instrução e julgamento e oitiva das testemunhas arroladas. 
Nestes termos, pede deferimento.
Patrocínio/MG, 29 de março de 2021.
****************************
Advogado 
OAB
ROL DE TESTEMUNHAS
1 - Paula de Souza, ****************************
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3 - ****************************

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