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O processo saúde-doença- Evolução Histórica

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O process� saúd�-doenç�: Evoluçã� Históric�
● Nos primórdios da civilização, a saúde era vista como algo natural e, portanto,
não havia a necessidade de explicá-la, ela simplesmente acontecia.
● Já a doença, ou outros agravos de saúde, podia ser elucidada de duas formas:
ou era provocada por situações "palpáveis': como quedas e ataques de
animais, ou com base no sobrenatural, caso das doenças transmissíveis ou
outras disfunções orgânicas, como doenças provocadas por deficiências
nutricionais.
● O sobrenatural explicava tudo o que os humanos não podiam compreender
em razão das limitações de seus recursos tecnológicos.
● As doenças eram vistas como castigos dos deuses sobre as pessoas e as
populações que haviam falhado em cumprir suas obrigações morais e
religiosas perante eles e sua comunidade.
● A visão mágica atendeu à necessidade de explicação sobre as causas das
doenças durante um longo período e em diversas civilizações, com variações
de acordo com a cultura e os costumes locais.
Hipócrate�, � pa� d� Medicin�
● Na civilização grega, que alcançou seu apogeu no século V a.C., a saúde e a
doença foram explicadas a partir das conclusões advindas da observação
atenta do homem, de seus costumes e suas relações com a natureza.
● Hipócrates, médico e filósofo nascido entre os séculos IV e V a.C.
● Em seu livro Ares, águas e lugares, ele descreveu a relação entre os homens e
seu modo de vida e entre aqueles e a natureza, apresentando a doença como
resultado dessas relações, e além de orientar, de modo prático, como os
homens deveriam viver, a fim de evitar o adoecimento: com moderação.
● Hipócrates defendia que a saúde era resultado do equilíbrio entre o homem e
seu meio.
● No Oriente, o desenvolvimento científico, e consequentemente da Medicina,
não foi perdido graças à resistência às invasões bárbaras, responsáveis por
destruir e atrasar o progresso científico no Ocidente.
● Na Pérsia, atual Irã, existiam hospitais onde as doenças eram separadas pelos
sintomas apresentados, a higiene e a alimentação eram fatores importantes no
tratamento dos doentes e as pessoas que lá trabalhavam eram treinadas para
as suas funções.
Idad� médi�
● Esse período foi marcado pela presença onipotente da Igreja, que dominou e
enclausurou o conhecimento científico desenvolvido até então. Toda e
qualquer teoria que explicasse a vida sem se referir a Deus era considerada
blasfêmia.
● As cidades já não possuíam mais os mecanismos para garantir o mínimo de
higiene, gerando assim um ambiente ideal para a proliferação de doenças
transmissíveis e possibilitando a expansão de doenças epidêmicas de grandes
proporções, como a peste bubônica, o tifo e a varíola.
● Com a forte influência da Igreja na vida social, a doença passou a ser o foco
das atenções: era considerada castigo divino, resultado da desobediência às
normas da Igreja ou da impureza da alma, e só podia ser curada se houvesse
vontade divina para tal.
● Como exemplo disso, pode-se citar o tratamento dado aos doentes mentais:
considerados possuídos pelo demônio, eram queimados em praça pública,
como parte do processo de «purificação" de suas almas.
● Durante quase dez séculos, as cidades ficaram à deriva no que diz respeito às
regras sanitárias.
● Somente próximo ao fim da Idade Média, algumas medidas sanitárias foram
tomadas a fim de melhorar a saúde da população, como a proibição de jogar
animais mortos e restos de alimentos nas vias públicas.
● Nesse momento também começou a tomar forma a Teoria dos Miasmas, que
relacionava a transmissão de doenças aos maus ares ou ares pútridos.
Acreditava-se que o ar das casas e cidades era infectado e era capaz de
transmitir doenças.
Renasciment�
● A partir do século XV, houve uma ruptura entre Igreja e poder político, com
mudanças importantes para a sociedade ocidental.
● Os estudos biológicos passaram a crescer com maior rapidez, com o
desenvolvimento de teorias e equipamentos que auxiliam na pesquisa de
fenômenos naturais, entre eles o funcionamento do corpo humano.
● Pela primeira vez, a dissecção do corpo humano não foi considerada pecado e
vários estudos gregos e islâmicos foram resgatados, possibilitando aos
cientistas europeus o conhecimento do homem em seu interior e a
compreensão das relações entre os órgãos, ainda que de forma incipiente.
● Início da ideia de que a doença é um "defeito" da máquina humana, sem
relação com o meio externo.
O Iluminism�
● A partir da Revolução Industrial ( segunda metade do séc. XVIII) na
Inglaterra, nasceu uma nova forma de produção de bens de consumo, baseada
na produção em larga escala, no uso de tecnologia e no emprego de grande
quantidade de trabalhadores, o que deslocou a força de trabalho das zonas
rurais para as cidades.
● Nesse cenário, desenvolveu-se a Medicina social, responsável por discutir o
processo de adoecimento a partir das condições de vida das pessoas e propor
formas de atuação para o controle das doenças e da mortalidade, formas que
extrapolavam a prática médica, como intervenções sobre a moradia dos
trabalhadores e garantia de melhor alimentação para eles. Essa visão do
processo não teve grande impacto na saúde da população, por questionar
abertamente a configuração econômica da sociedade.
● A Medicina social nasceu com a Revolução Industrial e não conseguiu o apoio
necessário para se tornar um modelo direcionador das ações ligadas à saúde,
em razão das circunstâncias sociais e políticas da época: a população era
extremamente empobrecida e analfabeta, e os proprietários dos meios de
produção e os políticos tinham seus interesses econômicos a defender e não
podiam apoiar uma visão questionadora do processo saúde-doença que
impactasse de forma negativa nas questões econômicas.
A er� bacteriológic�
● Os germes já eram conhecidos dos cientistas antes do século XIX, mas, apenas
nessa época, foram apresentadas as primeiras provas de que eles estavam
relacionados a algumas doenças.
● Nova explicação sobre o processo saúde-doença nasceu a Teoria
Bacteriológica, de acordo com a qual a doença tem uma causa única, a
infecção. Essa visão foi importante para a identificação de vários agentes
patogênicos e o controle deles, mas reduziu o olhar sobre o processo de
adoecimento ao desconsiderar a influência dos fatores psicossociais ( aqueles
ligados ao funcionamento social e mental das pessoas, com forte influência no
processo saúde-doença).
O model� multicausa�
● Como a Teoria Bacteriológica não foi capaz de explicar a complexidade do
adoecimento, em meados do século XX, outras teorias foram criadas, as quais
consideravam a multicausalidade do processo de adoecimento.
● A mais conhecida de todas e utilizada até a atualidade é a História Natural da
Doença, proposta pelos pesquisadores americanos Leavell e Clark, em 1965.
● Esse modelo explicativo do processo saúde-doença divide o adoecimento em
duas fases: a pré-patogênese, período anterior ao adoecimento, e a
patogênese, que é o momento a partir do qual a doença já está instalada no ser
vivo.
● A História Natural considera a interação entre agentes, fatores do ambiente e
do indivíduo como partes integrantes do processo de adoecimento.
● O modelo também prevê diferentes estratégias para a prevenção das doenças.
O conceit� ampliad� d� saúd�
● Alguns modelos explicativos reforçaram a ideia de que o homem funciona
como uma máquina e de que toda doença é desarranjo desta ou das partes que
a compõem.
● Isso fez toda a assistência à saúde se moldar com base nessa lógica, chamada
de modelo biomédico.
● Esse modelo desconsidera a complexidade do processo saúde-doença e foca a
atuação sobre um profissional - o médico-detentor das "ferramentas" para a
cura e usuário de tecnologias cada vez mais avançadas, deixando em segundo
plano o cuidado ampliado, ligado aos DSS.
● Organização Mundial da Saúde (OMS), cunhou a seguinte definição: "saúde é
o completo estado de bem-estar físico, mental e social, e não simplesmente a
ausência de enfermidade.
● O movimentode saúde teve uma participação crucial nessas discussões e, em
1986, aconteceu a VIII Conferência Nacional de Saúde, com participação ativa
da população, de pesquisadores e profissionais da área.
● Nessa conferência, a definição de saúde cunhada foi:
● Em sentido amplo, a saúde é a resultante das condições de alimentação,
habitação, educação, renda, meio ambiente, trabalho, transporte, emprego,
lazer, liberdade, acesso e posse da terra e acesso aos serviços de saúde. Sendo
assim, é principalmente resultado das formas de organização social, de
produção, as quais podem gerar grandes desigualdades nos níveis de vida.
(BRASIL, 1986)
● Esse direito foi garantido na Constituição de 1988, na seção II, art. 196,
capítulo 1:
● A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas
sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros
agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua
promoção, proteção e recuperação. (BRASIL, 1988).
● Essas definições vão ao encontro do que se denomina "conceito ampliado de
saúde': que considera o processo a partir da avaliação de determinantes e
condicionantes diversos, e segundo o qual, para se alcançar saúde, é
necessário que haja integração entre os diferentes setores da sociedade:
política, educação, economia, trabalho, segurança, lazer e todos os demais, a
fim de que sejam articuladas políticas abrangentes, que não se limitem apenas
aos serviços de saúde, como hospitais e unidades básicas, por exemplo.

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