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INTERVENÇÕES FISIOTERAPÊUTICAS NA GRAVIDEZ - UMA REVISÃO DA LITERATURA

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INTERVENÇÕES FISIOTERAPÊUTICAS NA GRAVIDEZ: UMA REVISÃO DA 
LITERATURA 
Physical therapy interventions in pregnancy: A literature review 
 
Cleverton Pedro da Silva¹; Marília Emanuelle da Silva Costa¹; Vaneska da Graça 
Cruz Martinelli Lourenzi². 
 
Graduandos de Fisioterapia do Centro Universitário Tiradentes – UNIT- AL¹. 
Fisioterapeuta, Dra. em Ciências da Saúde Aplicadas à Reumatologia pela 
Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP) e Profª do Curso de Fisioterapia do 
Centro Universitário Tiradentes². 
 
RESUMO: 
Introdução: A gravidez é um processo fisiológico onde ocorrem várias 
transformações no corpo da mulher, incluindo alterações hormonais, psicológicas, 
físicas e posturais. A fisioterapia tem papel fundamental na promoção de práticas 
saudáveis e na redução dos efeitos negativos causados pelas alterações físicas. 
Objetivos: Identificar, através de uma revisão de literatura, intervenções 
fisioterapêuticas mais utilizadas no período gestacional. Metodologia: Foi realizado 
um levantamento bibliográfico, nas bases de dados PubMed, SciELO e PEDro, 
incluindo artigos científicos do tipo ensaio clínico ou antes e depois, que 
apresentassem score mínimo de 5 pontos na Escala PEDro, publicados nos últimos 
10 anos. Foram excluídos os estudos que estavam duplicados, fora do tema 
proposto, que não especificaram o tipo de intervenção fisioterapêutica utilizada e 
artigos pelos quais não foi possível ter acesso ao texto completo. Resultados: 
Foram identificados 24 estudos através da busca nas bases de dados, em seguida 
aplicou-se os critérios de exclusão, analisando-se um total de 13 artigos científicos, 
com mediana de 7 da escala PEDro. Conclusão: São diversos os tipos de 
intervenção, protocolos de exercícios, técnicas e utilização de instrumentos que a 
fisioterapia dispõe para minimizar e prevenir os desconfortos decorrentes do período 
gestacional, sendo importante na qualidade de vida das gestantes. 
 
PALAVRAS CHAVE: Fisioterapia, Gravidez, Exercício físico. 
 
ABSTRACT: 
Introduction: Pregnancy is a physiological process where there are several changes 
in the woman's body, including hormonal, psychological, physical and postural 
changes. The physiotherapy has a fundamental role in promoting dietary practices 
and reducing the effects caused by physical changes. Objective: To identify, 
through a literature review, physical therapy interventions most used in pregnancy. 
Methods: A bibliographic survey was carried out between March and April 2020, in 
the PUBMED, Scielo and PEDro databases, including scientific articles of the clinical 
trial type or before and after, with a minimum score of 5 points on the PEDro Scale, 
published in the last 10 years and in Portuguese and English. Duplicate 
studies, outside the proposed theme, which did not specify the type of physical 
therapy intervention used and that it was not possible to access their full text were 
excluded. Outcome: 24 studies were identified by searching the databases, then the 
2 
 
exclusion criteria were applied, analyzing a total of 13 scientific articles, with a 
median of 7 on the PEDro scale. Conclusion: There are several types of 
intervention, exercise protocols, techniques and use of instruments that 
physiotherapy has to minimize and prevent discomfort resulting from the gestational 
period, being important in the quality of life of pregnant women. 
 
KEYWORDS: Physiotherapy, Pregnancy, Physical Exercise. 
 
1 INTRODUÇÃO 
A gravidez consiste em um processo fisiológico natural onde ocorrem diversas 
alterações no corpo da mulher após a fertilização e essas modificações no 
organismo feminino são mecanismos adaptativos relacionados ao desenvolvimento 
e crescimento do feto, sendo tanto fisiológicas como funcionais (MANTLE; POLDEN, 
2002; CONTE; BERTI, 2009). 
O período gestacional gera muitas alterações no organismo materno, sendo 
imprescindível uma adaptação da mulher às novas condições físicas. À medida que 
o bebê se desenvolve, ele cresce e aumenta de peso. Além disso, há uma alteração 
hormonal importante que, em associação com o crescimento das mamas, é capaz 
de causar uma série de modificações posturais, dentre elas, hiperextensão de 
joelhos, aumento das curvaturas da coluna lombar, dorsal e cervical, acompanhada 
de uma projeção dos ombros (O’CONNOR; STEPHENSON, 2004). As alterações 
posturais citadas acontecem no esforço de suprir o atual centro de gravidade 
manifestado pelo corpo (POLDEN; MANTLE, 2002). 
A lombalgia é uma queixa comum entre as gestantes. Cerca de 50% a 80% 
delas relatam dor na coluna vertebral em algum período da gravidez, sendo os locais 
mais referidos as regiões lombar e/ou sacroilíacas (NORÉN et. al, 2002). E, apesar 
de comum, a lombalgia deve ser tratada e não encarada como consequência normal 
da gestação, pois é um problema que gera uma grande repercussão à saúde da 
mulher no período gravídico-puerperal (AGUIAR; PEREIRA; SILVA, 2007). 
A fisioterapia no pré-natal não somente tem o objetivo de minimizar o estresse 
causado pelas mudanças posturais no corpo da mulher desde o começo até o final 
da gestação, como também tem papel importante na promoção de práticas 
saudáveis, na redução da ansiedade excessiva e desconfortos durante a gravidez. 
Diante disso, é necessário que todas as alterações sejam diagnosticadas através da 
avaliação das condições gerais das gestantes, realizando a anamnese, coletando 
3 
 
dados e o exame físico das mesmas (OLIVEIRA;BARROS; ARAÚJO, 2010; 
GAGNON; SANDALL, 2011). 
Desta forma, a partir de uma boa avaliação, o fisioterapeuta dispõe de vários 
recursos terapêuticos e técnicas realizando exercícios respiratórios, alongamentos, 
relaxamentos, correção postural, exercícios de preparação para o parto, também 
trabalhando no fortalecimento das musculaturas dos membros superiores, inferiores, 
lombar e abdome, inclusive sobre a musculatura do assoalho pélvico, com intuito de 
prevenir e diminuir os casos de incontinência urinária e/ou fecal. Também é papel do 
fisioterapeuta, orientar e tratar quanto às atividades de vida diária das gestantes, 
através do aconselhamento ergonômico (CASTRO; CASTRO;MENDONÇA, 2012; 
KOKIC et al., 2017). 
O exercício físico durante a gravidez faz parte das recomendações do Colégio 
Americano de Obstetras e Ginecologistas (ACOG) desde meados dos anos 90. É 
reconhecido como uma prática segura, indicada para mulheres grávidas saudáveis, 
desde que a intensidade, duração e frequência do exercício sejam adaptadas às 
exigências de cada mulher. O exercício leve a moderado é recomendado para todas 
as mulheres, mesmo aquelas com estilo de vida sedentário, mas que desejam 
praticar algum tipo de atividade física durante a gravidez (NASCIMENTO et al., 
2011). 
Tendo por base a recomendação da ACOG, se faz necessário e primordial o 
acompanhamento de um fisioterapeuta para que os exercícios sejam prescritos de 
forma e intensidade adequada para preservar a saúde da gestante e de seu feto, 
observando os limites metabólicos e cardiorrespiratórios. Estes exercícios 
supervisionados, aumentam a possibilidade de um parto vaginal, diminuem o risco 
de partos prematuros, aumenta o índice de líquido amniótico, contribuem na redução 
de edemas e menor ganho de peso, entre outros benefícios (O’CONNOR; 
STEPHENSON, 2004; SILVEIRA;SEGRE, 2012). 
Diante o exposto, a busca literária teve como finalidade responder ao 
questionamento: quais são as principais intervenções fisioterapêuticas utilizadas 
durante o período gestacional? Deste modo, o principal objetivo do presente estudo 
é identificar as medidas terapêuticas mais utilizadas em gestantes, partindo da 
hipótese de que a atuação da fisioterapia é de fundamental importância no alívio e 
prevenção de desconfortos decorrentes desse período. 
4 
 
2 METODOLOGIA 
 
Para esta revisão, foi realizada uma busca nas bases eletrônicas de dados 
PubMed (via National Library of Medicine), SciELO(Scientific Electronic Library 
Online) e PEDro (Physiotherapy Evidence Database), entre os meses de março a 
abril de 2020. Para o levantamento bibliográfico, foram utilizados os Descritores em 
Ciências da Saúde (DeCS): Fisioterapia, Gravidez, Exercício Físico, bem como seus 
respectivos em língua inglesa: “Physical Therapy Modalities”, “Pregnancy”, ‘‘Physical 
Exercise”. Após definição dos descritores, foram adotadas combinações (“Physical 
Therapy Modalities” AND “Pregnancy” AND ‘‘Physical Exercise”; “Physical Therapy 
Modalities” AND “Pregnancy” ) para busca nas bases eletrônicas PubMed e PEDro, 
e (“Gravidez” E “Fisioterapia”; “Gravidez” E “Exercício”) para busca na SciELO. 
Nessa revisão, foram incluídos artigos do tipo ensaio clínico ou do tipo antes e 
depois, publicados em língua inglesa e/ou portuguesa entre janeiro de 2010 a março 
de 2020, e com score mínimo na Escala PEDro de 5 pontos. Foram excluídos os 
estudos que estavam duplicados, fora do tema proposto, que não especificaram o 
tipo de intervenção fisioterapêutica utilizada e artigos pelos quais não foi possível ter 
acesso ao texto completo. 
Para verificar a qualidade metodológica dos ensaios clínicos selecionados, foi 
aplicada a Escala PEDro que, de acordo com SHIWA (2011), consiste em onze 
questões sobre o estudo, das quais dez são pontuadas. Cada critério é pontuado 
segundo a sua presença ou ausência no estudo avaliado. Os itens não descritos nos 
estudos são classificados como “não descritos” e não recebem pontuação. A 
pontuação final é obtida pela soma de todas as respostas positivas e varia de zero a 
dez. Estudos com escores iguais ou maiores que cinco foram considerados de alta 
qualidade metodológica. 
 
3 RESULTADOS 
 
Após levantamento bibliográfico inicial, foram encontrados um total de 24 
artigos indexados nas bases de dados selecionadas, sendo dezesseis deles 
encontrados no Pubmed, cinco na SciELO e três na PEDro, dos quais onze foram 
excluídos e apenas treze foram incluídos na análise. A metodologia de busca e 
identificação dos artigos utilizada nessa revisão, está apresentada na figura 1. 
5 
 
Figura 1. Metodologia de busca e identificação dos artigos selecionados para 
análise. 
 
 Quanto à classificação de nível de evidência segundo a escala PEDro, a maioria dos 
estudos apresentavam nota seis (38%) e oito (31%), sendo sete o valor da mediana obtida 
na classificação dos treze artigos analisados. A distribuição da amostra quanto ao nível de 
evidência está descrito na tabela 1. 
 
Tabela 1. Classificação dos estudos segundo a escala PEDro (n=13). 
 
Classificação do nível 
de evidência segundo 
a escala PEDro 
Frequência 
absoluta 
Frequência 
relativa 
(%) 
5 1 8% 
6 5 38% 
7 3 23% 
8 4 31% 
 
 
Houve grande variabilidade quanto às intervenções utilizadas nos estudos, 
sendo encontrados nove tipos diferentes de condutas fisioterapêuticas, sendo elas: 
Reeducação Postural Global (RPG), manipulação osteopática, exercícios aquáticos, 
uso de fita Kinesio, utilização de Estimulação Elétrica Nervosa 
Transcutânea(TENS), programas de exercícios aeróbicos e resistidos (calistênicos e 
para assoalho pélvico), terapia craniossacral, treino de equilíbrio utilizando Nintendo 
Wii, exercícios de estabilização lombar e alongamentos. Estas intervenções foram 
aplicadas em gestantes de baixo risco, onde houve prevalência de medidas 
terapêuticas para prevenção e tratamento de dores lombares. 
O quadro 1 mostra as características gerais dos estudos incluídos quanto a 
amostra e intervenções fisioterapêuticas aplicadas. 
Valores obtidos através de cálculos de frequências 
absoluta e relativa (%). 
6 
 
Autor Score 
PEDro 
Ano Amostra Desfechos Avaliados Intervenção Efeitos observados 
Licciardone 
et al. 
7 2010 144 Gestantes. 
 
- Grupo 1: manipulação 
osteopática (n= 48). 
 
- Grupo 2: ultrassom placebo 
(n= 47). 
 
- Grupo 3: controle (n= 49). 
- Dor Lombar; 
 
- Função Lombar 
específica. 
- Grupo 1: Cuidados obstétricos usuais e 
tratamento manipulativo osteopático. 
 
- Grupo 2: Cuidados obstétricos usuais e 
tratamento de ultrassom placebo. 
 
- Grupo 3: Cuidados obstétricos usuais. 
 
Tempo de tratamento: 7 sessões. 
- Quanto à intensidade da dor, a mesma 
mostrou-se inalterada no grupo 2, houve 
redução no grupo 1 e aumentou no grupo 3. 
 
- O tratamento osteopático retarda ou 
interrompe os déficits funcionais. 
Gil, Osis e 
Faúndes 
8 2011 34 gestantes 
 
- Grupo 1: controle (n= 17). 
 
- Grupo 2: intervenção (n=17). 
- Dor lombar; 
 
- ADM lombar. 
- Grupo 1: pré-natal de rotina. 
 
- Grupo 2: RPG (alongamento dos músculos 
da cadeia posterior e exercícios de posturas) 
+ pré-natal de rotina. 
 
Tempo de tratamento: 8 sessões; 2 meses. 
- Decréscimo na intensidade da dor lombar e 
menores limitações funcionais no grupo 2. 
Vallim et al. 6 2011 66 Gestantes. 
 
- Grupo 1: pré-natal rotina (n= 
35). 
 
- Grupo 2: pré-natal rotina + 
fisioterapia aquática (n= 31). 
- Dor lombar. 
 
- Qualidade de vida; 
- Grupo 1: pré-natal de rotina. 
 
- Grupo 2: exercícios aquáticos, com 
aquecimento (fase inicial); exercícios de 
alongamento e localizados em MMII (fase 
intermediária); relaxamento (fase final). 
 
Tempo de tratamento: 10 sessões. 
- A fisioterapia aquática mostrou-se eficaz na 
redução do quadro álgico lombar e na 
melhora da qualidade de vida em gestantes. 
Keskin et al. 8 2012 - Grupo 1: controle (n= 21). 
 
- Grupo 2: exercício (n= 19). 
 
- Grupo 3: acetaminofeno (n= 
19). 
 
- Grupo 4: TENS (n= 20). 
- Dor lombar gestacional; 
 
- Impacto nas AVD’s. 
- Grupo 1: controle. 
 
- Grupo 2: exercícios de postura, inclinação 
pélvica, alongamento dos músculos da 
extremidade posterior e contrações 
abdominais leves. 
 
- Grupo 3: 500mg de paracetamol. 
 
- Grupo 4: TENS (120Hz;100Us). 
 
Tempo de tratamento: 6 sessões. 
- Aumento da dor no grupo 1, enquanto nos 
demais houve redução de 95%. 
 
- Dentre as intervenções realizadas, a 
utilização da TENS mostrou-se melhor na 
redução do quadro álgico. 
 
 
 
Quadro 1. Características gerais dos estudos analisados. 
ADM: amplitude de movimento; RPG: Reeducação Postural Global; TENS: Estimulação Elétrica Transcutânea; AVD: atividade de vida diária; MMII: membros inferiores; MAP: músculos do 
assoalho pélvico. Fonte: os autores. 
7 
 
 
Autor 
 
Score 
PEDro 
 
Ano 
 
Amostra 
 
Desfechos Avaliados 
 
Intervenção 
 
Efeitos observados 
Stafne et al. 5 2012 875 Gestantes. 
 
- Grupo 1: Controle (n=365). 
 
- Grupo 2: Intervenção(n=397). 
- Incidência da 
incontinência urinária e 
fecal. 
- Grupo 1: Pré-natal de rotina. 
 
- Grupo 2: exercícios aeróbicos de baixo 
impacto; exercícios de força calistênicos e 
de assoalho pélvico; alongamentos leves, 
exercícios proprioceptivos, respiratórios e de 
relaxamento; Protocolo de exercícios para 
fazer em casa. 
 
Tempo de tratamento: 3 meses 
- Menos mulheres do grupo 2 apresentaram 
incontinência urinária em comparação as do 
grupo 1. 
 
- Quanto à incontinência fecal não houve 
diferença estatística significante. 
Elden et al. 8 2013 123 Gestantes 
 
- Grupo 1: controle (n= 60). 
 
- Grupo 2: intervenção (n= 63).
 
- Funcionalidade; 
 
- Qualidade de vida. 
 
- Dor pélvica; 
- Grupo 1: tratamento convencional. 
 
- Grupo 2: tratamento convencional + terapia 
craniossacral. 
 
Tempo de tratamento: 8 semanas. 
- Ao comparar os dois grupos, houve maior 
redução da dor pela manhã e melhor 
funcionalidade nas integrantes do grupo 2. 
 
- Não houve diferença estatística quanto à 
dor noturna, uso de atestado e qualidade de 
vida. 
Miquelutti, 
Cecati e 
Makuch 
6 2013 197 Gestantes. 
 
- Grupo 1: programa de 
exercícios pré-natais (n= 97). 
 
- Grupo 2: Controle (n= 100). 
- Segurança e eficácia do 
protocolo de exercícios; 
 
- Incontinência urinária; 
 
- Nível de atividade 
física; 
 
- Dor lombopélvica; 
 
- Ansiedade; 
 
- Resultados perinatais. 
- Grupo 1: Exercícios aeróbicos, 
fortalecimentodos MAP, técnicas de 
relaxamento, alongamentos e orientações 
para exercícios em casa, pré-natal de rotina. 
 
- Grupo 2: Pré-natal de rotina. 
 
Tempo de tratamento: mediana de 5 [2 - 10] 
encontros. 
- O programa foi eficaz no controle da 
incontinência urinária e mostrou-se seguro e 
aplicável em gestantes. 
Bisson et al. 6 2015 50 Gestantes. 
 
- Grupo 1: Exercício (n=25). 
 
- Grupo 2: Controle (n=25). 
- Promoção de estilo de 
vida ativo. 
- Grupo 1: exercícios aeróbicos e resistidos 
dinâmicos utilizando peso corporal. 
 
- Grupo 2: manutenção das atividades 
habituais, sem impedir a prática de atividade 
física. 
 
Tempo de tratamento: 12 semanas. 
- Maior nível de atividade física, aumento do 
condicionamento cardiorrespiratório e menor 
ganho de peso por semana nas gestantes 
do grupo intervenção. 
Kaplan et al. 7 2016 65 Gestantes. 
 
- Grupo 1: Fita Kinesio (n= 33). 
 
- Grupo 2: controle (n= 32). 
- Efeitos da fita kinesio a 
curto prazo. 
- Grupo 1: A fita Kinesio em flexão lombar e 
associada ao uso de paracetamol. 
 
- Grupo 2: paracetamol. 
 
Tempo de tratamento: 5 dias. 
- Apenas no último dia de intervenção, 
observou-se diferença significativa nas 
integrantes do grupo 1 em relação a 
intensidade da dor e incapacidade. 
Quadro 1. Características gerais dos estudos analisados (continuação). 
ADM: amplitude de movimento; RPG: Reeducação Postural Global; TENS: Estimulação Elétrica Transcutânea; AVD: atividade de vida diária; MMII: membros inferiores; MAP: músculos do 
assoalho pélvico. Fonte: os autores. 
 
8 
 
 
Autor Score 
PEDro 
Ano Amostra Desfechos Avaliados Intervenção Efeitos observados 
Ribeiro, 
Souza e 
Viana 
6 2017 32 Gestantes 
 
- Grupo 1: Controle (n=17). 
 
- Grupo 2: Intervenção (n=15). 
- Postura e equilíbrio; 
 
- Qualidade de vida. 
- Grupo 1: manutenção da rotina. 
 
- Grupo 2: exercícios de posturais e de 
equilíbrio utilizando Nitendo Wii. 
 
Tempo de tratamento: 12 sessões. 
 
 
- O uso de jogos do Nitendo Wii Fit Plus 
melhorou o equilíbrio postural. 
Coll et al. 8 2019 639 Gestantes. 
- Grupo 1: Controle (n= 426) 
 
- Grupo 2: Intervenção (n= 213) 
- Benefício do exercício 
físico para prevenção de 
depressão pós-parto. 
- Grupo 1: Não realizaram exercícios durante 
a gestação. 
 
- Grupo 2: A intervenção iniciou-se na 16ª 
com intensidade moderada. As sessões 
foram compostas de aquecimento, exercício 
de resistência e alongamento passivo e 
ativo. 
 
Tempo de tratamento: 2 meses. 
- O exercício de intensidade moderada 
durante a gravidez não levou a reduções 
significativas na depressão pós-parto. 
 
- No entanto, a não adesão ao protocolo de 
intervenção foi substancial e pode ter levado 
a subestimação dos possíveis benefícios do 
exercício. 
Carvalho 
 et al. 
7 2020 20 Gestantes 
 
- Grupo 1: Protocolo de 
exercício de estabilização 
lombar (n=10). 
 
- Grupo 2: Protocolo de 
exercício de alongamento 
(n=10). 
- Dor e incapacidade 
lombar; 
 
- Controle postural; 
 
- Ativação muscular. 
- Grupo 1: aquecimento com caminhada; 
conscientização e contração de períneo; 
mobilização de tronco, cintura escapular e 
pélvica; treino de equilíbrio. 
 
- Grupo 2: alongamento dos músculos tibial 
anterior, glúteo máximo, piriforme, 
paravertebrais, quadrado lombar, latíssimo 
do dorso, escalenos e trapézio superior 
bilateralmente. 
 
Tempo de tratamento: 6 semanas. 
- Redução significativa da dor em ambos os 
grupos, bem como melhora no equilíbrio e 
controle postural; 
 
- Não houve alteração no score de 
incapacidade; 
 
- Aumento da ativação do músculo oblíquo 
abdominal externo. 
Szumiwicz 
et al. 
6 2020 260 Gestantes. 
 
- Grupo 1: exercícios durante a 
gestação (n=133). 
 
- Grupo 2: exercícios pós-natal 
(n=127). 
- Qualidade de vida de 
mulheres com 
incontinência urinária. 
-Grupo 1: exercícios aeróbicos, de 
resistência, alongamento e relaxamento e 
treinamento dos MAP, com acréscimo de 
exercícios para fazer em casa, a partir do 2º 
trimestre gestacional. 
 
-Grupo 2:. : exercícios aeróbicos, de 
resistência, alongamento e relaxamento e 
treinamento dos MAP, no período pós-natal. 
 
 
Tempo de tratamento: 6 meses. 
- Melhora significativa de 40% na qualidade 
de vida, além disso houve redução 
significativa do risco de desenvolver 
incontinência urinária no grupo 1; enquanto 
no grupo 2 houve melhora de 20%. 
Quadro 1. Características gerais dos estudos analisados (continuação). 
 
ADM: amplitude de movimento; RPG: Reeducação Postural Global; TENS: Estimulação Elétrica Transcutânea; AVD: atividade de vida diária; MMII: membros inferiores; MAP: músculos do 
assoalho pélvico. Fonte: os autores. 
9 
 
Licciardone et al., no ano de 2010, realizaram um estudo com o objetivo de 
investigar o tratamento de dores na coluna e sintomas relacionados com a utilização 
da manipulação osteopática. Recrutaram 144 gestantes, que foram divididas em 3 
grupos, no grupo 1, o protocolo incluiu a manipulação osteopática, no grupo 2, 
utilizou-se o ultrassom placebo e o grupo 3 recebeu apenas os cuidados obstétricos 
convencionais. Os resultados mostraram que, nas gestantes do grupo 1, houve uma 
melhora ou manutenção da funcionalidade relacionada à região das costas, no 
grupo placebo do ultrassom os sintomas permaneceram inalterados e no grupo 3 
houve aumento da dor. 
No ano de 2011, Gil, Osis e Faúndes realizaram um estudo com o objetivo de 
avaliar os efeitos da Reeducação Postural Global (RPG) quanto a intensidade da dor 
lombar e suas limitações funcionais em gestantes. Foram submetidas ao estudo 34 
gestantes e de idade gestacional entre 20 e 25 semanas. As sessões de RPG 
duravam cerca de 40 minutos e as gestantes eram submetidas ao alongamento dos 
músculos da cadeia posterior. A intensidade da dor no grupo de RPG sofreu um 
decréscimo estatisticamente significativo em cada sessão e ao longo do estudo em 
comparação ao grupo controle. 
Vallim et al., no ano de 2011, realizaram um estudo que tinha como objetivo 
verificar os efeitos do tratamento hidroterapêutico na dor lombar em gestantes. O 
estudo foi composto de 66 gestantes divididas em 2 grupos. Os exercícios aquáticos 
foram divididos em 3 fases: exercícios de aquecimento com marcha frontal, marcha 
lateral, circundação e flexão de quadril (fase inicial); exercícios de alongamentos e 
exercícios localizados dos membros inferiores (fase intermediária); exercícios de 
relaxamento (fase final). Ao comparar os dois grupos, a fisioterapia aquática 
mostrou-se altamente eficaz na redução do quadro álgico lombar, minimizando os 
desconfortos musculoesqueléticos e melhorando a qualidade de vida. 
Keskin et al. (2012), compararam a eficácia da estimulação elétrica nervosa 
transcutânea (TENS) com a do exercício físico e o uso de acetaminofeno no 
tratamento de dor lombar. 79 gestantes foram divididas aleatoriamente em um grupo 
controle (n= 21), exercício (n= 19), que recebeu um programa com exercícios de 
inclinação pélvica, alongamento, postural e contrações abdominais isométricas 
leves, grupo acetaminofeno (n= 19), que recebeu um comprimido de 500 mg de 
paracetamol e o grupo TENS (n= 20), que utilizou frequência de 120 Hz e duração 
10 
 
de 100 µs, Durante o estudo, a dor aumentou em 57% no grupo controle, e diminuiu 
cerca de 95% nos demais grupos. Os escores de EVA indicaram significativa 
melhora na redução do quadro álgico no grupo TENS. 
No mesmo ano, Stafne et al., buscaram verificar se a inclusão do treinamento 
dos músculos do assoalho pélvico (MAP) a exercícios regulares previnem a 
incontinência urinária e fecal durante a gravidez. Para isso, incluíram 875 mulheres, 
de forma que 365 delas receberam o acompanhamento pré-natal convencional 
(grupo 1), e 397 fizeram parte do grupo que recebeu o programa de exercícios 
(grupo 2). Os resultados mostraram que ao comparar a incidência de incontinência 
urinária entre os grupos, menos mulheres apresentaram essa condição no grupo 2(11% versus 19%), já em relação a incontinência fecal não houve diferença 
estatística. 
Elden et al. (2013), estudaram o tratamento convencional para dor pélvica em 
gestantes com e sem associação da terapia craniossacral. O grupo controle (n= 60) 
recebeu o tratamento convencional realizado em outros estudos, já o grupo 
intervenção (n= 63) recebeu o mesmo tratamento mais a terapia craniossacral 
realizada por um fisioterapeuta. Ao comparar os dois grupos, observaram que as 
gestantes do grupo 2 tiveram maior redução da dor pela manhã e melhora da 
funcionalidade do que as do grupo 1, porém não houve diferença significativa quanto 
a intensidade da dor noturna, uso de atestado médico e nos escores de qualidade 
de vida. 
No estudo de Miquelutti, Cecatti e Makuch, no ano de 2013, foram avaliadas a 
eficácia e segurança de um programa de exercícios pré-natais em relação a dor 
lombopélvica, incontinência urinária, ansiedade, atividade física e efeitos sobre os 
resultados perinatais. O programa foi aplicado em 197 nulíparas de baixo risco, elas 
foram divididas em grupos, intervenção (n= 97), que recebeu acompanhamento pré-
natal de rotina associado ao programa, composto de exercícios aeróbicos e 
metabólicos, alongamentos e técnicas de relaxamento, conscientização e 
fortalecimento dos MAP, e controle (n= 100). Em seus resultados, verificou-se 
diferença estatística significativa apenas quanto à redução da incontinência urinária 
em 68% da amostra, sem apresentar efeitos adversos. 
No estudo realizado em 2015, Bisson et al. aplicaram um programa de 
exercícios de 12 semanas com o objetivo de promover um estilo de vida mais 
11 
 
saudável em gestantes com obesidade. No grupo 1 (n=25), realizou-se exercícios do 
tipo aeróbicos e resistidos calistênicos, com duração de uma hora, três vezes por 
semana. Já no grupo 2 (n=25), as participantes foram orientadas a manter suas 
atividades habituais. Observaram que as voluntárias do grupo 1 foram mais ativas 
que as do grupo 2, bem como obtiveram melhor condicionamento cardiorrespiratório 
e menor ganho de peso por semana. 
Kaplan et al. realizaram, em 2016, um estudo para investigar os efeitos a 
curto prazo do uso da fita Kinesio na região lombar quanto a intensidade e 
incapacidade em gestantes com lombalgia. As 65 participantes foram distribuídas 
em dois grupos e durante o período de cinco dias, o grupo 1 recebeu a fita Kinesio 
na região lombar em flexão associada ao uso de paracetamol, enquanto o grupo 2 
fez uso apenas do paracetamol. Observou-se que, apenas no quinto dia de 
intervenção, houve maior redução da intensidade da dor, tanto em repouso quanto 
em movimento, bem como diminuição significativa da incapacidade no grupo 1. 
Ribeiro, Sousa e Viana, no ano de 2017, avaliaram a influência do Nintendo 
Wii Fit Plus na postura, equilíbrio e qualidade de vida em gestantes. A amostra foi 
composta de 32 mulheres entre 27 e 37 semanas de gestação, sendo divididas em 
dois grupos: controle (n= 17) e o grupo experimental (n= 15), que realizou exercícios 
de postura e equilíbrio através dos jogos oferecidos. Após a reavaliação, 46,9% das 
mulheres afirmaram ter notado uma mudança no equilíbrio. 
Coll et al. (2019), realizaram um estudo com o objetivo de avaliar eficácia do 
exercício físico regular durante a gravidez na prevenção da depressão pós-parto. O 
grupo controle (n= 426) e o grupo intervenção (n= 213), que seguiu um protocolo 
estruturado de exercício supervisionado de intensidade moderada por 60 minutos. 
Não houve diferença significativa nos escores médios para depressão pós-parto 
entre os grupos. Concluíram que o exercício de intensidade moderada durante a 
gravidez não levou a reduções significativas na depressão pós-parto. 
Em um estudo recente, Carvalho et al. (2020), avaliaram os efeitos dos 
protocolos de estabilização lombar e de alongamento muscular em gestantes com 
lombalgia. O protocolo de estabilização lombar incluía exercícios: aquecimento com 
caminhada; conscientização e contração de períneo; mobilização ativa de tronco, 
escápulas e quadril; treino de equilíbrio. Já no protocolo de alongamento, foram 
alongados bilateralmente os músculos tibial anterior, glúteo máximo, piriforme, 
12 
 
paravertebrais, quadrado lombar, latíssimo do dorso, escalenos e trapézio superior. 
Houve redução significativa da dor em ambos os grupos, bem como melhora no 
equilíbrio e controle postural, no entanto não houve diferença quanto à 
incapacidade. Em relação à ativação muscular, em ambos os grupos, houve 
aumento no músculo oblíquo externo do abdome. 
Ainda no mesmo ano, Szmulewicz et al., avaliaram um programa de 
treinamento que tinha como objetivo diminuir o impacto causado pela incontinência 
urinária. Selecionaram 260 mulheres, dividindo-as em dois grupos: intervenção (n= 
133) e controle (n= 127). As sessões foram realizadas 3 vezes por semana, onde os 
exercícios eram de baixo impacto com treinamento aeróbico, resistência, 
alongamento e relaxamento. Elas também receberam um programa de treinamento 
dos MAP para realizarem em casa no pós-parto. Os resultados demonstraram que 
houve uma melhora significativa de 40% na qualidade de vida, além da redução do 
risco de desenvolver incontinência urinária no grupo intervenção. Já no grupo 
controle, obtiveram uma melhora de 20%. 
 
4 DISCUSSÃO 
Durante o período gestacional o corpo da mulher sofre diversas alterações de 
forma rápida e em um curto período de tempo, gerando mudanças e transformações 
nos sistemas endócrino, musculoesquelético, cardiorrespiratório, tegumentar, 
gastrointestinal, além das alterações psicológicas e sociais. Sendo assim, a atuação 
fisioterapêutica se faz importante não somente para prevenir e tratar distúrbios 
musculoesqueléticos, mas por possuir o papel importante na promoção de saúde e 
bem-estar das gestantes. (MEIRELES et al., 2015; COLLA; PAIVA; THOMAZ, 
2017). 
As alterações mecânicas como ganho de peso, frouxidão ligamentar, 
formação de edemas, ajustes posturais, mudança no centro de gravidade, entre 
outros, podem acarretar problemas osteomusculares, sendo a dor lombar o distúrbio 
musculoesquelético que mais acomete as gestantes, principalmente nas que estão 
no terceiro trimestre (PERUZZI; BATISTA, 2018; MARTINS et al., 2019). Diante 
desses fatos, justifica-se na presente revisão de literatura, a prevalência de estudos 
com intervenções para tratamento e prevenção de dores lombares. 
13 
 
Segundo Hensel et al. (2015), que conduziram um estudo com o objetivo de 
investigar se a técnica osteopática associada aos cuidados obstétricos 
convencionais reduziam a dor lombar, utilizaram uma amostra de 400 gestantes, que 
foram divididas em três grupos: cuidados obstétricos (grupo 1), tratamento 
osteopático com cuidados obstétricos (grupo 2), ultrassom placebo (grupo 3). Em 
seus resultados, observaram que não houve diferença significativa entre os grupos 1 
e 2, mas em ambos houve a redução da dor quando comparados com o grupo 3. Já 
no estudo anterior de Licciardone et al. (2010), com objetivo e metodologia 
semelhantes, não houve diferença estatística entre os grupos quanto à intensidade 
da dor, porém no grupo manipulação osteopática observou-se a melhora ou 
manutenção da funcionalidade lombar. Estas diferenças podem ser justificadas pela 
diferença do número entre as amostras estudadas e pelo tempo de intervenção. 
Abreu, Santos e Ventura (2011), realizaram um estudo comparando os efeitos 
da utilização da TENS e da crioterapia separadamente e em conjunto em 6 
indivíduos com dor lombar crônica, onde o grupo que recebeu apenas a terapia com 
TENS referiram 100% no alívio da dor, enquanto nos demais grupos houve melhora 
de apenas 50%. Corroborando com os resultados de Keskin et al. (2012), que ao 
comparar os efeitos da TENS com exercício físico e uso de paracetamol em 79 
gestantes com lombalgia durante o terceiro trimestre degravidez, observaram 
grande redução do quadro álgico no grupo TENS. 
Kalinowski e Krawulska (2017), compararam o uso de KT com um grupo 
placebo em 106 gestantes com lombalgia, durante 4 semanas. Eles observaram que 
houve redução significativa da dor nas gestantes durante o 2º e 7º dia de uso da KT 
quando comparado com o grupo placebo, entretanto não houve diferença entre os 
grupos quanto a pontuação de incapacidade. 
Discordando do estudo de Kaplan et al., realizado em 2016, que investigaram 
os efeitos da KT em gestantes com lombalgia adquirida durante a gestação, onde 
avaliaram a intensidade da dor e incapacidade em curto prazo. Separaram as 
voluntárias nos grupos KT, que recebeu tanto a aplicação da bandagem quanto fez 
uso de paracetamol, e grupo paracetamol, que fez uso apenas do fármaco. 
Verificaram redução da dor e melhora na pontuação de incapacidade no grupo KT 
associado ao paracetamol, principalmente no 5º dia (último dia) de intervenção. 
14 
 
Os exercícios realizados em ambiente aquático possuem benefícios 
importantes para gestantes, destacando-se a possibilidade do controle de edemas, 
incremento da diurese, bem como a prevenção e melhora de desconfortos 
musculoesqueléticos (PREVEDEL et al., 2003). No estudo de Vallin et al. (2011), 
verificaram os efeitos do tratamento hidroterapêutico na dor lombar em gestantes, a 
fisioterapia aquática mostrou-se altamente eficaz na redução do quadro álgico 
lombar e na melhora da qualidade de vida. 
Já no estudo de Cipriano e Oliveira, no ano de 2017, investigaram a influência 
da bandagem elástica e da hidroterapia na dor pélvica posterior na funcionalidade 
nas atividades de vida diária em gestantes. Recrutaram 20 gestantes, divididas em 2 
grupos, grupos estudo (bandagem elástica com fisioterapia aquática) e comparativo 
(fisioterapia aquática). Os resultados mostraram que ambos os tipos de tratamento 
são eficazes na dor e na melhora da funcionalidade, entretanto houve índices 
melhores no grupo de terapia aquática associada a aplicação da KT. 
Algumas técnicas como a terapia craniossacral e Reeducação Postural Global 
(RPG) também são utilizadas na redução do quadro álgico de dores lombares e 
pélvicas. A terapia craniossacral é baseada na teoria de que restrições de 
movimento nas suturas cranianas agem negativamente nos impulsos nervosos que 
fluem pela medula espinhal do crânio até o sacro, já o RPG possui princípios de que 
as cadeias musculares são formadas por músculos gravitacionais que trabalham de 
forma sinérgica dentro da mesma cadeia (GIL;OSIS; FAÚNDES, 2011; CASTRO-
SÁNCHEZ et al., 2016). 
Sabendo disso, Castro-Sánchez et al., no ano de 2016, aplicaram a terapia 
craniossacral em 20 indivíduos com lombalgia crônica, separando-os em grupo 
experimental (terapia craniossacral) e grupo controle (massagem clássica), 
observando melhores resultados no grupo experimental quanto à intensidade de dor. 
Concordando com o estudo de Elden et al. (2013), que avaliaram o uso dessa 
terapia em gestantes com dor pélvica em relação a dor e a funcionalidade, onde foi 
possível observar melhora da dor e manutenção da funcionalidade. 
Oliveira, Maggi e Iop (2009), realizaram um estudo de caso aplicando os 
princípios do RPG em gestante com lombalgia, observando diminuição do quadro 
álgico, melhora da funcionalidade e aumento de amplitude de movimento lombar. 
Concordando com Gil, Osis e Faúndes (2011), que avaliaram os efeitos da 
15 
 
Reeducação Postural Global (RPG) quanto a intensidade da dor lombar e suas 
limitações funcionais. As gestante submetidas a RPG apresentaram significativo 
decréscimo na intensidade da dor lombar ao longo do estudo em comparação com 
as gestantes que seguiram apenas as recomendações de rotina no pré-natal. 
Em um estudo prospectivo e controlado, aplicaram um protocolo de exercícios 
de alongamento e relaxamento em 145 gestantes. Todas as participantes foram 
informadas sobre cuidados com a coluna, receberam paracetamol e no grupo 
intervenção foi aplicado o programa de exercícios. Ao final de seis semanas, as 
gestantes do grupo intervenção apresentaram redução do quadro álgico e aumento 
da funcionalidade (ABU et al., 2017). 
Corroborando com o estudo de Carvalho et al. (2020), que além de utilizarem 
um protocolo de alongamento, também aplicaram um protocolo de estabilização 
lombar. Avaliaram 20 gestantes com lombalgia e observaram que houve melhora na 
redução do quadro álgico, equilíbrio, controle postural e funcionalidade em ambos os 
grupos. 
Além da dor lombar, podem surgir outras alterações no corpo da mulher, 
como as disfunções no assoalho pélvico, que podem gerar incontinência urinária 
e/ou fecal. Cerca de 19 a 60% das gestantes cursam com incontinência urinária (IU), 
devido aos processos fisiológicos que diminuem a função muscular do assoalho 
pélvico (COSTA; ASSIS, 2010). 
Em um estudo experimental piloto, aplicaram exercícios de fortalecimento dos 
músculos do assoalho pélvico (MAP), em 20 mulheres, durante oito semanas. 
Demonstrou-se que, ao final da intervenção, houve aumento da força dos MAP, 
reduzindo então o risco do desenvolvimento de IU (COHEN-QUINTANA et al., 2017). 
Corroborando com os estudos de Stafne et al. (2012), Miquelutti, Cecatti e Makuch 
(2013) e Szmulewicz et al. (2020), que incluíram em seus programas de exercícios o 
treinamento e conscientização dos MAP e obtiveram resultados positivos quanto à 
redução da incontinência urinária em gestantes. 
Coll et. al. (2019), aplicaram um protocolo de exercícios de aquecimento, 
resistência e alongamento ativo e passivo, onde após 2 meses de sessões, não 
obtiveram resultados significativos de diminuição de depressão pós parto, porém, as 
gestantes que aderiram ao protocolo tiveram resultados benéficos com o exercício 
físico. Concordando com o estudo, Tendais et al. (2011), que sugerem que 
16 
 
gestantes pratiquem ao mínimo 30 minutos de atividade física, chegando a 
conclusão que a depressão ocorre pelas alterações hormonais no decorrer da 
gestação e não somente pela falta de exercício físico. 
Os distúrbios de equilíbrio podem ocorrer durante o período gestacional 
e cerca de uma a cada quatro mulheres sofrem quedas, taxa que pode ser 
comparada com pessoas idosas acima de 65 anos (MANN et al., 2011). No estudo 
de Ribeiro, Sousa e Viana (2017), utilizaram o Nintendo Wii Fit Plus em relação à 
postura, equilíbrio e qualidade de vida em gestantes, observando melhora 
principalmente quanto ao equilíbrio. Concordando com o estudo de Andrade et al. 
(2013), que utilizaram o mesmo equipamento em idosos institucionalizados e que 
obtiveram resultados positivos em relação ao equilíbrio dos mesmos. 
5 CONCLUSÃO 
 Diante de tudo que foi exposto nesta revisão e com os resultados encontrados, foi 
possível observar que são diversos os tipos de intervenção, protocolos de exercícios, 
técnicas e utilização de instrumentos não invasivos e não farmacológicos que a fisioterapia 
dispõe para minimizar e prevenir os desconfortos decorrentes do período gestacional, sendo 
encontrados: RPG, manipulação osteopática, exercícios aquáticos, uso de fita Kinesio, 
utilização de TENS, programas de exercícios aeróbicos, resistidos, terapia craniossacral, 
treino de equilíbrio utilizando Nintendo Wii, exercícios de estabilização lombar e 
alongamentos. Vale ressaltar que a maioria das intervenções fisioterapêuticas em gestantes 
são para o tratamento de dor lombar, entretanto também foram identificadas intervenções 
para tratamento e prevenção de incontinência urinária e/ou fecal, equilíbrio e estímulo à 
atividade física. 
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