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1 INTERVENÇÕES FISIOTERAPÊUTICAS NA GRAVIDEZ: UMA REVISÃO DA LITERATURA Physical therapy interventions in pregnancy: A literature review Cleverton Pedro da Silva¹; Marília Emanuelle da Silva Costa¹; Vaneska da Graça Cruz Martinelli Lourenzi². Graduandos de Fisioterapia do Centro Universitário Tiradentes – UNIT- AL¹. Fisioterapeuta, Dra. em Ciências da Saúde Aplicadas à Reumatologia pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP) e Profª do Curso de Fisioterapia do Centro Universitário Tiradentes². RESUMO: Introdução: A gravidez é um processo fisiológico onde ocorrem várias transformações no corpo da mulher, incluindo alterações hormonais, psicológicas, físicas e posturais. A fisioterapia tem papel fundamental na promoção de práticas saudáveis e na redução dos efeitos negativos causados pelas alterações físicas. Objetivos: Identificar, através de uma revisão de literatura, intervenções fisioterapêuticas mais utilizadas no período gestacional. Metodologia: Foi realizado um levantamento bibliográfico, nas bases de dados PubMed, SciELO e PEDro, incluindo artigos científicos do tipo ensaio clínico ou antes e depois, que apresentassem score mínimo de 5 pontos na Escala PEDro, publicados nos últimos 10 anos. Foram excluídos os estudos que estavam duplicados, fora do tema proposto, que não especificaram o tipo de intervenção fisioterapêutica utilizada e artigos pelos quais não foi possível ter acesso ao texto completo. Resultados: Foram identificados 24 estudos através da busca nas bases de dados, em seguida aplicou-se os critérios de exclusão, analisando-se um total de 13 artigos científicos, com mediana de 7 da escala PEDro. Conclusão: São diversos os tipos de intervenção, protocolos de exercícios, técnicas e utilização de instrumentos que a fisioterapia dispõe para minimizar e prevenir os desconfortos decorrentes do período gestacional, sendo importante na qualidade de vida das gestantes. PALAVRAS CHAVE: Fisioterapia, Gravidez, Exercício físico. ABSTRACT: Introduction: Pregnancy is a physiological process where there are several changes in the woman's body, including hormonal, psychological, physical and postural changes. The physiotherapy has a fundamental role in promoting dietary practices and reducing the effects caused by physical changes. Objective: To identify, through a literature review, physical therapy interventions most used in pregnancy. Methods: A bibliographic survey was carried out between March and April 2020, in the PUBMED, Scielo and PEDro databases, including scientific articles of the clinical trial type or before and after, with a minimum score of 5 points on the PEDro Scale, published in the last 10 years and in Portuguese and English. Duplicate studies, outside the proposed theme, which did not specify the type of physical therapy intervention used and that it was not possible to access their full text were excluded. Outcome: 24 studies were identified by searching the databases, then the 2 exclusion criteria were applied, analyzing a total of 13 scientific articles, with a median of 7 on the PEDro scale. Conclusion: There are several types of intervention, exercise protocols, techniques and use of instruments that physiotherapy has to minimize and prevent discomfort resulting from the gestational period, being important in the quality of life of pregnant women. KEYWORDS: Physiotherapy, Pregnancy, Physical Exercise. 1 INTRODUÇÃO A gravidez consiste em um processo fisiológico natural onde ocorrem diversas alterações no corpo da mulher após a fertilização e essas modificações no organismo feminino são mecanismos adaptativos relacionados ao desenvolvimento e crescimento do feto, sendo tanto fisiológicas como funcionais (MANTLE; POLDEN, 2002; CONTE; BERTI, 2009). O período gestacional gera muitas alterações no organismo materno, sendo imprescindível uma adaptação da mulher às novas condições físicas. À medida que o bebê se desenvolve, ele cresce e aumenta de peso. Além disso, há uma alteração hormonal importante que, em associação com o crescimento das mamas, é capaz de causar uma série de modificações posturais, dentre elas, hiperextensão de joelhos, aumento das curvaturas da coluna lombar, dorsal e cervical, acompanhada de uma projeção dos ombros (O’CONNOR; STEPHENSON, 2004). As alterações posturais citadas acontecem no esforço de suprir o atual centro de gravidade manifestado pelo corpo (POLDEN; MANTLE, 2002). A lombalgia é uma queixa comum entre as gestantes. Cerca de 50% a 80% delas relatam dor na coluna vertebral em algum período da gravidez, sendo os locais mais referidos as regiões lombar e/ou sacroilíacas (NORÉN et. al, 2002). E, apesar de comum, a lombalgia deve ser tratada e não encarada como consequência normal da gestação, pois é um problema que gera uma grande repercussão à saúde da mulher no período gravídico-puerperal (AGUIAR; PEREIRA; SILVA, 2007). A fisioterapia no pré-natal não somente tem o objetivo de minimizar o estresse causado pelas mudanças posturais no corpo da mulher desde o começo até o final da gestação, como também tem papel importante na promoção de práticas saudáveis, na redução da ansiedade excessiva e desconfortos durante a gravidez. Diante disso, é necessário que todas as alterações sejam diagnosticadas através da avaliação das condições gerais das gestantes, realizando a anamnese, coletando 3 dados e o exame físico das mesmas (OLIVEIRA;BARROS; ARAÚJO, 2010; GAGNON; SANDALL, 2011). Desta forma, a partir de uma boa avaliação, o fisioterapeuta dispõe de vários recursos terapêuticos e técnicas realizando exercícios respiratórios, alongamentos, relaxamentos, correção postural, exercícios de preparação para o parto, também trabalhando no fortalecimento das musculaturas dos membros superiores, inferiores, lombar e abdome, inclusive sobre a musculatura do assoalho pélvico, com intuito de prevenir e diminuir os casos de incontinência urinária e/ou fecal. Também é papel do fisioterapeuta, orientar e tratar quanto às atividades de vida diária das gestantes, através do aconselhamento ergonômico (CASTRO; CASTRO;MENDONÇA, 2012; KOKIC et al., 2017). O exercício físico durante a gravidez faz parte das recomendações do Colégio Americano de Obstetras e Ginecologistas (ACOG) desde meados dos anos 90. É reconhecido como uma prática segura, indicada para mulheres grávidas saudáveis, desde que a intensidade, duração e frequência do exercício sejam adaptadas às exigências de cada mulher. O exercício leve a moderado é recomendado para todas as mulheres, mesmo aquelas com estilo de vida sedentário, mas que desejam praticar algum tipo de atividade física durante a gravidez (NASCIMENTO et al., 2011). Tendo por base a recomendação da ACOG, se faz necessário e primordial o acompanhamento de um fisioterapeuta para que os exercícios sejam prescritos de forma e intensidade adequada para preservar a saúde da gestante e de seu feto, observando os limites metabólicos e cardiorrespiratórios. Estes exercícios supervisionados, aumentam a possibilidade de um parto vaginal, diminuem o risco de partos prematuros, aumenta o índice de líquido amniótico, contribuem na redução de edemas e menor ganho de peso, entre outros benefícios (O’CONNOR; STEPHENSON, 2004; SILVEIRA;SEGRE, 2012). Diante o exposto, a busca literária teve como finalidade responder ao questionamento: quais são as principais intervenções fisioterapêuticas utilizadas durante o período gestacional? Deste modo, o principal objetivo do presente estudo é identificar as medidas terapêuticas mais utilizadas em gestantes, partindo da hipótese de que a atuação da fisioterapia é de fundamental importância no alívio e prevenção de desconfortos decorrentes desse período. 4 2 METODOLOGIA Para esta revisão, foi realizada uma busca nas bases eletrônicas de dados PubMed (via National Library of Medicine), SciELO(Scientific Electronic Library Online) e PEDro (Physiotherapy Evidence Database), entre os meses de março a abril de 2020. Para o levantamento bibliográfico, foram utilizados os Descritores em Ciências da Saúde (DeCS): Fisioterapia, Gravidez, Exercício Físico, bem como seus respectivos em língua inglesa: “Physical Therapy Modalities”, “Pregnancy”, ‘‘Physical Exercise”. Após definição dos descritores, foram adotadas combinações (“Physical Therapy Modalities” AND “Pregnancy” AND ‘‘Physical Exercise”; “Physical Therapy Modalities” AND “Pregnancy” ) para busca nas bases eletrônicas PubMed e PEDro, e (“Gravidez” E “Fisioterapia”; “Gravidez” E “Exercício”) para busca na SciELO. Nessa revisão, foram incluídos artigos do tipo ensaio clínico ou do tipo antes e depois, publicados em língua inglesa e/ou portuguesa entre janeiro de 2010 a março de 2020, e com score mínimo na Escala PEDro de 5 pontos. Foram excluídos os estudos que estavam duplicados, fora do tema proposto, que não especificaram o tipo de intervenção fisioterapêutica utilizada e artigos pelos quais não foi possível ter acesso ao texto completo. Para verificar a qualidade metodológica dos ensaios clínicos selecionados, foi aplicada a Escala PEDro que, de acordo com SHIWA (2011), consiste em onze questões sobre o estudo, das quais dez são pontuadas. Cada critério é pontuado segundo a sua presença ou ausência no estudo avaliado. Os itens não descritos nos estudos são classificados como “não descritos” e não recebem pontuação. A pontuação final é obtida pela soma de todas as respostas positivas e varia de zero a dez. Estudos com escores iguais ou maiores que cinco foram considerados de alta qualidade metodológica. 3 RESULTADOS Após levantamento bibliográfico inicial, foram encontrados um total de 24 artigos indexados nas bases de dados selecionadas, sendo dezesseis deles encontrados no Pubmed, cinco na SciELO e três na PEDro, dos quais onze foram excluídos e apenas treze foram incluídos na análise. A metodologia de busca e identificação dos artigos utilizada nessa revisão, está apresentada na figura 1. 5 Figura 1. Metodologia de busca e identificação dos artigos selecionados para análise. Quanto à classificação de nível de evidência segundo a escala PEDro, a maioria dos estudos apresentavam nota seis (38%) e oito (31%), sendo sete o valor da mediana obtida na classificação dos treze artigos analisados. A distribuição da amostra quanto ao nível de evidência está descrito na tabela 1. Tabela 1. Classificação dos estudos segundo a escala PEDro (n=13). Classificação do nível de evidência segundo a escala PEDro Frequência absoluta Frequência relativa (%) 5 1 8% 6 5 38% 7 3 23% 8 4 31% Houve grande variabilidade quanto às intervenções utilizadas nos estudos, sendo encontrados nove tipos diferentes de condutas fisioterapêuticas, sendo elas: Reeducação Postural Global (RPG), manipulação osteopática, exercícios aquáticos, uso de fita Kinesio, utilização de Estimulação Elétrica Nervosa Transcutânea(TENS), programas de exercícios aeróbicos e resistidos (calistênicos e para assoalho pélvico), terapia craniossacral, treino de equilíbrio utilizando Nintendo Wii, exercícios de estabilização lombar e alongamentos. Estas intervenções foram aplicadas em gestantes de baixo risco, onde houve prevalência de medidas terapêuticas para prevenção e tratamento de dores lombares. O quadro 1 mostra as características gerais dos estudos incluídos quanto a amostra e intervenções fisioterapêuticas aplicadas. Valores obtidos através de cálculos de frequências absoluta e relativa (%). 6 Autor Score PEDro Ano Amostra Desfechos Avaliados Intervenção Efeitos observados Licciardone et al. 7 2010 144 Gestantes. - Grupo 1: manipulação osteopática (n= 48). - Grupo 2: ultrassom placebo (n= 47). - Grupo 3: controle (n= 49). - Dor Lombar; - Função Lombar específica. - Grupo 1: Cuidados obstétricos usuais e tratamento manipulativo osteopático. - Grupo 2: Cuidados obstétricos usuais e tratamento de ultrassom placebo. - Grupo 3: Cuidados obstétricos usuais. Tempo de tratamento: 7 sessões. - Quanto à intensidade da dor, a mesma mostrou-se inalterada no grupo 2, houve redução no grupo 1 e aumentou no grupo 3. - O tratamento osteopático retarda ou interrompe os déficits funcionais. Gil, Osis e Faúndes 8 2011 34 gestantes - Grupo 1: controle (n= 17). - Grupo 2: intervenção (n=17). - Dor lombar; - ADM lombar. - Grupo 1: pré-natal de rotina. - Grupo 2: RPG (alongamento dos músculos da cadeia posterior e exercícios de posturas) + pré-natal de rotina. Tempo de tratamento: 8 sessões; 2 meses. - Decréscimo na intensidade da dor lombar e menores limitações funcionais no grupo 2. Vallim et al. 6 2011 66 Gestantes. - Grupo 1: pré-natal rotina (n= 35). - Grupo 2: pré-natal rotina + fisioterapia aquática (n= 31). - Dor lombar. - Qualidade de vida; - Grupo 1: pré-natal de rotina. - Grupo 2: exercícios aquáticos, com aquecimento (fase inicial); exercícios de alongamento e localizados em MMII (fase intermediária); relaxamento (fase final). Tempo de tratamento: 10 sessões. - A fisioterapia aquática mostrou-se eficaz na redução do quadro álgico lombar e na melhora da qualidade de vida em gestantes. Keskin et al. 8 2012 - Grupo 1: controle (n= 21). - Grupo 2: exercício (n= 19). - Grupo 3: acetaminofeno (n= 19). - Grupo 4: TENS (n= 20). - Dor lombar gestacional; - Impacto nas AVD’s. - Grupo 1: controle. - Grupo 2: exercícios de postura, inclinação pélvica, alongamento dos músculos da extremidade posterior e contrações abdominais leves. - Grupo 3: 500mg de paracetamol. - Grupo 4: TENS (120Hz;100Us). Tempo de tratamento: 6 sessões. - Aumento da dor no grupo 1, enquanto nos demais houve redução de 95%. - Dentre as intervenções realizadas, a utilização da TENS mostrou-se melhor na redução do quadro álgico. Quadro 1. Características gerais dos estudos analisados. ADM: amplitude de movimento; RPG: Reeducação Postural Global; TENS: Estimulação Elétrica Transcutânea; AVD: atividade de vida diária; MMII: membros inferiores; MAP: músculos do assoalho pélvico. Fonte: os autores. 7 Autor Score PEDro Ano Amostra Desfechos Avaliados Intervenção Efeitos observados Stafne et al. 5 2012 875 Gestantes. - Grupo 1: Controle (n=365). - Grupo 2: Intervenção(n=397). - Incidência da incontinência urinária e fecal. - Grupo 1: Pré-natal de rotina. - Grupo 2: exercícios aeróbicos de baixo impacto; exercícios de força calistênicos e de assoalho pélvico; alongamentos leves, exercícios proprioceptivos, respiratórios e de relaxamento; Protocolo de exercícios para fazer em casa. Tempo de tratamento: 3 meses - Menos mulheres do grupo 2 apresentaram incontinência urinária em comparação as do grupo 1. - Quanto à incontinência fecal não houve diferença estatística significante. Elden et al. 8 2013 123 Gestantes - Grupo 1: controle (n= 60). - Grupo 2: intervenção (n= 63). - Funcionalidade; - Qualidade de vida. - Dor pélvica; - Grupo 1: tratamento convencional. - Grupo 2: tratamento convencional + terapia craniossacral. Tempo de tratamento: 8 semanas. - Ao comparar os dois grupos, houve maior redução da dor pela manhã e melhor funcionalidade nas integrantes do grupo 2. - Não houve diferença estatística quanto à dor noturna, uso de atestado e qualidade de vida. Miquelutti, Cecati e Makuch 6 2013 197 Gestantes. - Grupo 1: programa de exercícios pré-natais (n= 97). - Grupo 2: Controle (n= 100). - Segurança e eficácia do protocolo de exercícios; - Incontinência urinária; - Nível de atividade física; - Dor lombopélvica; - Ansiedade; - Resultados perinatais. - Grupo 1: Exercícios aeróbicos, fortalecimentodos MAP, técnicas de relaxamento, alongamentos e orientações para exercícios em casa, pré-natal de rotina. - Grupo 2: Pré-natal de rotina. Tempo de tratamento: mediana de 5 [2 - 10] encontros. - O programa foi eficaz no controle da incontinência urinária e mostrou-se seguro e aplicável em gestantes. Bisson et al. 6 2015 50 Gestantes. - Grupo 1: Exercício (n=25). - Grupo 2: Controle (n=25). - Promoção de estilo de vida ativo. - Grupo 1: exercícios aeróbicos e resistidos dinâmicos utilizando peso corporal. - Grupo 2: manutenção das atividades habituais, sem impedir a prática de atividade física. Tempo de tratamento: 12 semanas. - Maior nível de atividade física, aumento do condicionamento cardiorrespiratório e menor ganho de peso por semana nas gestantes do grupo intervenção. Kaplan et al. 7 2016 65 Gestantes. - Grupo 1: Fita Kinesio (n= 33). - Grupo 2: controle (n= 32). - Efeitos da fita kinesio a curto prazo. - Grupo 1: A fita Kinesio em flexão lombar e associada ao uso de paracetamol. - Grupo 2: paracetamol. Tempo de tratamento: 5 dias. - Apenas no último dia de intervenção, observou-se diferença significativa nas integrantes do grupo 1 em relação a intensidade da dor e incapacidade. Quadro 1. Características gerais dos estudos analisados (continuação). ADM: amplitude de movimento; RPG: Reeducação Postural Global; TENS: Estimulação Elétrica Transcutânea; AVD: atividade de vida diária; MMII: membros inferiores; MAP: músculos do assoalho pélvico. Fonte: os autores. 8 Autor Score PEDro Ano Amostra Desfechos Avaliados Intervenção Efeitos observados Ribeiro, Souza e Viana 6 2017 32 Gestantes - Grupo 1: Controle (n=17). - Grupo 2: Intervenção (n=15). - Postura e equilíbrio; - Qualidade de vida. - Grupo 1: manutenção da rotina. - Grupo 2: exercícios de posturais e de equilíbrio utilizando Nitendo Wii. Tempo de tratamento: 12 sessões. - O uso de jogos do Nitendo Wii Fit Plus melhorou o equilíbrio postural. Coll et al. 8 2019 639 Gestantes. - Grupo 1: Controle (n= 426) - Grupo 2: Intervenção (n= 213) - Benefício do exercício físico para prevenção de depressão pós-parto. - Grupo 1: Não realizaram exercícios durante a gestação. - Grupo 2: A intervenção iniciou-se na 16ª com intensidade moderada. As sessões foram compostas de aquecimento, exercício de resistência e alongamento passivo e ativo. Tempo de tratamento: 2 meses. - O exercício de intensidade moderada durante a gravidez não levou a reduções significativas na depressão pós-parto. - No entanto, a não adesão ao protocolo de intervenção foi substancial e pode ter levado a subestimação dos possíveis benefícios do exercício. Carvalho et al. 7 2020 20 Gestantes - Grupo 1: Protocolo de exercício de estabilização lombar (n=10). - Grupo 2: Protocolo de exercício de alongamento (n=10). - Dor e incapacidade lombar; - Controle postural; - Ativação muscular. - Grupo 1: aquecimento com caminhada; conscientização e contração de períneo; mobilização de tronco, cintura escapular e pélvica; treino de equilíbrio. - Grupo 2: alongamento dos músculos tibial anterior, glúteo máximo, piriforme, paravertebrais, quadrado lombar, latíssimo do dorso, escalenos e trapézio superior bilateralmente. Tempo de tratamento: 6 semanas. - Redução significativa da dor em ambos os grupos, bem como melhora no equilíbrio e controle postural; - Não houve alteração no score de incapacidade; - Aumento da ativação do músculo oblíquo abdominal externo. Szumiwicz et al. 6 2020 260 Gestantes. - Grupo 1: exercícios durante a gestação (n=133). - Grupo 2: exercícios pós-natal (n=127). - Qualidade de vida de mulheres com incontinência urinária. -Grupo 1: exercícios aeróbicos, de resistência, alongamento e relaxamento e treinamento dos MAP, com acréscimo de exercícios para fazer em casa, a partir do 2º trimestre gestacional. -Grupo 2:. : exercícios aeróbicos, de resistência, alongamento e relaxamento e treinamento dos MAP, no período pós-natal. Tempo de tratamento: 6 meses. - Melhora significativa de 40% na qualidade de vida, além disso houve redução significativa do risco de desenvolver incontinência urinária no grupo 1; enquanto no grupo 2 houve melhora de 20%. Quadro 1. Características gerais dos estudos analisados (continuação). ADM: amplitude de movimento; RPG: Reeducação Postural Global; TENS: Estimulação Elétrica Transcutânea; AVD: atividade de vida diária; MMII: membros inferiores; MAP: músculos do assoalho pélvico. Fonte: os autores. 9 Licciardone et al., no ano de 2010, realizaram um estudo com o objetivo de investigar o tratamento de dores na coluna e sintomas relacionados com a utilização da manipulação osteopática. Recrutaram 144 gestantes, que foram divididas em 3 grupos, no grupo 1, o protocolo incluiu a manipulação osteopática, no grupo 2, utilizou-se o ultrassom placebo e o grupo 3 recebeu apenas os cuidados obstétricos convencionais. Os resultados mostraram que, nas gestantes do grupo 1, houve uma melhora ou manutenção da funcionalidade relacionada à região das costas, no grupo placebo do ultrassom os sintomas permaneceram inalterados e no grupo 3 houve aumento da dor. No ano de 2011, Gil, Osis e Faúndes realizaram um estudo com o objetivo de avaliar os efeitos da Reeducação Postural Global (RPG) quanto a intensidade da dor lombar e suas limitações funcionais em gestantes. Foram submetidas ao estudo 34 gestantes e de idade gestacional entre 20 e 25 semanas. As sessões de RPG duravam cerca de 40 minutos e as gestantes eram submetidas ao alongamento dos músculos da cadeia posterior. A intensidade da dor no grupo de RPG sofreu um decréscimo estatisticamente significativo em cada sessão e ao longo do estudo em comparação ao grupo controle. Vallim et al., no ano de 2011, realizaram um estudo que tinha como objetivo verificar os efeitos do tratamento hidroterapêutico na dor lombar em gestantes. O estudo foi composto de 66 gestantes divididas em 2 grupos. Os exercícios aquáticos foram divididos em 3 fases: exercícios de aquecimento com marcha frontal, marcha lateral, circundação e flexão de quadril (fase inicial); exercícios de alongamentos e exercícios localizados dos membros inferiores (fase intermediária); exercícios de relaxamento (fase final). Ao comparar os dois grupos, a fisioterapia aquática mostrou-se altamente eficaz na redução do quadro álgico lombar, minimizando os desconfortos musculoesqueléticos e melhorando a qualidade de vida. Keskin et al. (2012), compararam a eficácia da estimulação elétrica nervosa transcutânea (TENS) com a do exercício físico e o uso de acetaminofeno no tratamento de dor lombar. 79 gestantes foram divididas aleatoriamente em um grupo controle (n= 21), exercício (n= 19), que recebeu um programa com exercícios de inclinação pélvica, alongamento, postural e contrações abdominais isométricas leves, grupo acetaminofeno (n= 19), que recebeu um comprimido de 500 mg de paracetamol e o grupo TENS (n= 20), que utilizou frequência de 120 Hz e duração 10 de 100 µs, Durante o estudo, a dor aumentou em 57% no grupo controle, e diminuiu cerca de 95% nos demais grupos. Os escores de EVA indicaram significativa melhora na redução do quadro álgico no grupo TENS. No mesmo ano, Stafne et al., buscaram verificar se a inclusão do treinamento dos músculos do assoalho pélvico (MAP) a exercícios regulares previnem a incontinência urinária e fecal durante a gravidez. Para isso, incluíram 875 mulheres, de forma que 365 delas receberam o acompanhamento pré-natal convencional (grupo 1), e 397 fizeram parte do grupo que recebeu o programa de exercícios (grupo 2). Os resultados mostraram que ao comparar a incidência de incontinência urinária entre os grupos, menos mulheres apresentaram essa condição no grupo 2(11% versus 19%), já em relação a incontinência fecal não houve diferença estatística. Elden et al. (2013), estudaram o tratamento convencional para dor pélvica em gestantes com e sem associação da terapia craniossacral. O grupo controle (n= 60) recebeu o tratamento convencional realizado em outros estudos, já o grupo intervenção (n= 63) recebeu o mesmo tratamento mais a terapia craniossacral realizada por um fisioterapeuta. Ao comparar os dois grupos, observaram que as gestantes do grupo 2 tiveram maior redução da dor pela manhã e melhora da funcionalidade do que as do grupo 1, porém não houve diferença significativa quanto a intensidade da dor noturna, uso de atestado médico e nos escores de qualidade de vida. No estudo de Miquelutti, Cecatti e Makuch, no ano de 2013, foram avaliadas a eficácia e segurança de um programa de exercícios pré-natais em relação a dor lombopélvica, incontinência urinária, ansiedade, atividade física e efeitos sobre os resultados perinatais. O programa foi aplicado em 197 nulíparas de baixo risco, elas foram divididas em grupos, intervenção (n= 97), que recebeu acompanhamento pré- natal de rotina associado ao programa, composto de exercícios aeróbicos e metabólicos, alongamentos e técnicas de relaxamento, conscientização e fortalecimento dos MAP, e controle (n= 100). Em seus resultados, verificou-se diferença estatística significativa apenas quanto à redução da incontinência urinária em 68% da amostra, sem apresentar efeitos adversos. No estudo realizado em 2015, Bisson et al. aplicaram um programa de exercícios de 12 semanas com o objetivo de promover um estilo de vida mais 11 saudável em gestantes com obesidade. No grupo 1 (n=25), realizou-se exercícios do tipo aeróbicos e resistidos calistênicos, com duração de uma hora, três vezes por semana. Já no grupo 2 (n=25), as participantes foram orientadas a manter suas atividades habituais. Observaram que as voluntárias do grupo 1 foram mais ativas que as do grupo 2, bem como obtiveram melhor condicionamento cardiorrespiratório e menor ganho de peso por semana. Kaplan et al. realizaram, em 2016, um estudo para investigar os efeitos a curto prazo do uso da fita Kinesio na região lombar quanto a intensidade e incapacidade em gestantes com lombalgia. As 65 participantes foram distribuídas em dois grupos e durante o período de cinco dias, o grupo 1 recebeu a fita Kinesio na região lombar em flexão associada ao uso de paracetamol, enquanto o grupo 2 fez uso apenas do paracetamol. Observou-se que, apenas no quinto dia de intervenção, houve maior redução da intensidade da dor, tanto em repouso quanto em movimento, bem como diminuição significativa da incapacidade no grupo 1. Ribeiro, Sousa e Viana, no ano de 2017, avaliaram a influência do Nintendo Wii Fit Plus na postura, equilíbrio e qualidade de vida em gestantes. A amostra foi composta de 32 mulheres entre 27 e 37 semanas de gestação, sendo divididas em dois grupos: controle (n= 17) e o grupo experimental (n= 15), que realizou exercícios de postura e equilíbrio através dos jogos oferecidos. Após a reavaliação, 46,9% das mulheres afirmaram ter notado uma mudança no equilíbrio. Coll et al. (2019), realizaram um estudo com o objetivo de avaliar eficácia do exercício físico regular durante a gravidez na prevenção da depressão pós-parto. O grupo controle (n= 426) e o grupo intervenção (n= 213), que seguiu um protocolo estruturado de exercício supervisionado de intensidade moderada por 60 minutos. Não houve diferença significativa nos escores médios para depressão pós-parto entre os grupos. Concluíram que o exercício de intensidade moderada durante a gravidez não levou a reduções significativas na depressão pós-parto. Em um estudo recente, Carvalho et al. (2020), avaliaram os efeitos dos protocolos de estabilização lombar e de alongamento muscular em gestantes com lombalgia. O protocolo de estabilização lombar incluía exercícios: aquecimento com caminhada; conscientização e contração de períneo; mobilização ativa de tronco, escápulas e quadril; treino de equilíbrio. Já no protocolo de alongamento, foram alongados bilateralmente os músculos tibial anterior, glúteo máximo, piriforme, 12 paravertebrais, quadrado lombar, latíssimo do dorso, escalenos e trapézio superior. Houve redução significativa da dor em ambos os grupos, bem como melhora no equilíbrio e controle postural, no entanto não houve diferença quanto à incapacidade. Em relação à ativação muscular, em ambos os grupos, houve aumento no músculo oblíquo externo do abdome. Ainda no mesmo ano, Szmulewicz et al., avaliaram um programa de treinamento que tinha como objetivo diminuir o impacto causado pela incontinência urinária. Selecionaram 260 mulheres, dividindo-as em dois grupos: intervenção (n= 133) e controle (n= 127). As sessões foram realizadas 3 vezes por semana, onde os exercícios eram de baixo impacto com treinamento aeróbico, resistência, alongamento e relaxamento. Elas também receberam um programa de treinamento dos MAP para realizarem em casa no pós-parto. Os resultados demonstraram que houve uma melhora significativa de 40% na qualidade de vida, além da redução do risco de desenvolver incontinência urinária no grupo intervenção. Já no grupo controle, obtiveram uma melhora de 20%. 4 DISCUSSÃO Durante o período gestacional o corpo da mulher sofre diversas alterações de forma rápida e em um curto período de tempo, gerando mudanças e transformações nos sistemas endócrino, musculoesquelético, cardiorrespiratório, tegumentar, gastrointestinal, além das alterações psicológicas e sociais. Sendo assim, a atuação fisioterapêutica se faz importante não somente para prevenir e tratar distúrbios musculoesqueléticos, mas por possuir o papel importante na promoção de saúde e bem-estar das gestantes. (MEIRELES et al., 2015; COLLA; PAIVA; THOMAZ, 2017). As alterações mecânicas como ganho de peso, frouxidão ligamentar, formação de edemas, ajustes posturais, mudança no centro de gravidade, entre outros, podem acarretar problemas osteomusculares, sendo a dor lombar o distúrbio musculoesquelético que mais acomete as gestantes, principalmente nas que estão no terceiro trimestre (PERUZZI; BATISTA, 2018; MARTINS et al., 2019). Diante desses fatos, justifica-se na presente revisão de literatura, a prevalência de estudos com intervenções para tratamento e prevenção de dores lombares. 13 Segundo Hensel et al. (2015), que conduziram um estudo com o objetivo de investigar se a técnica osteopática associada aos cuidados obstétricos convencionais reduziam a dor lombar, utilizaram uma amostra de 400 gestantes, que foram divididas em três grupos: cuidados obstétricos (grupo 1), tratamento osteopático com cuidados obstétricos (grupo 2), ultrassom placebo (grupo 3). Em seus resultados, observaram que não houve diferença significativa entre os grupos 1 e 2, mas em ambos houve a redução da dor quando comparados com o grupo 3. Já no estudo anterior de Licciardone et al. (2010), com objetivo e metodologia semelhantes, não houve diferença estatística entre os grupos quanto à intensidade da dor, porém no grupo manipulação osteopática observou-se a melhora ou manutenção da funcionalidade lombar. Estas diferenças podem ser justificadas pela diferença do número entre as amostras estudadas e pelo tempo de intervenção. Abreu, Santos e Ventura (2011), realizaram um estudo comparando os efeitos da utilização da TENS e da crioterapia separadamente e em conjunto em 6 indivíduos com dor lombar crônica, onde o grupo que recebeu apenas a terapia com TENS referiram 100% no alívio da dor, enquanto nos demais grupos houve melhora de apenas 50%. Corroborando com os resultados de Keskin et al. (2012), que ao comparar os efeitos da TENS com exercício físico e uso de paracetamol em 79 gestantes com lombalgia durante o terceiro trimestre degravidez, observaram grande redução do quadro álgico no grupo TENS. Kalinowski e Krawulska (2017), compararam o uso de KT com um grupo placebo em 106 gestantes com lombalgia, durante 4 semanas. Eles observaram que houve redução significativa da dor nas gestantes durante o 2º e 7º dia de uso da KT quando comparado com o grupo placebo, entretanto não houve diferença entre os grupos quanto a pontuação de incapacidade. Discordando do estudo de Kaplan et al., realizado em 2016, que investigaram os efeitos da KT em gestantes com lombalgia adquirida durante a gestação, onde avaliaram a intensidade da dor e incapacidade em curto prazo. Separaram as voluntárias nos grupos KT, que recebeu tanto a aplicação da bandagem quanto fez uso de paracetamol, e grupo paracetamol, que fez uso apenas do fármaco. Verificaram redução da dor e melhora na pontuação de incapacidade no grupo KT associado ao paracetamol, principalmente no 5º dia (último dia) de intervenção. 14 Os exercícios realizados em ambiente aquático possuem benefícios importantes para gestantes, destacando-se a possibilidade do controle de edemas, incremento da diurese, bem como a prevenção e melhora de desconfortos musculoesqueléticos (PREVEDEL et al., 2003). No estudo de Vallin et al. (2011), verificaram os efeitos do tratamento hidroterapêutico na dor lombar em gestantes, a fisioterapia aquática mostrou-se altamente eficaz na redução do quadro álgico lombar e na melhora da qualidade de vida. Já no estudo de Cipriano e Oliveira, no ano de 2017, investigaram a influência da bandagem elástica e da hidroterapia na dor pélvica posterior na funcionalidade nas atividades de vida diária em gestantes. Recrutaram 20 gestantes, divididas em 2 grupos, grupos estudo (bandagem elástica com fisioterapia aquática) e comparativo (fisioterapia aquática). Os resultados mostraram que ambos os tipos de tratamento são eficazes na dor e na melhora da funcionalidade, entretanto houve índices melhores no grupo de terapia aquática associada a aplicação da KT. Algumas técnicas como a terapia craniossacral e Reeducação Postural Global (RPG) também são utilizadas na redução do quadro álgico de dores lombares e pélvicas. A terapia craniossacral é baseada na teoria de que restrições de movimento nas suturas cranianas agem negativamente nos impulsos nervosos que fluem pela medula espinhal do crânio até o sacro, já o RPG possui princípios de que as cadeias musculares são formadas por músculos gravitacionais que trabalham de forma sinérgica dentro da mesma cadeia (GIL;OSIS; FAÚNDES, 2011; CASTRO- SÁNCHEZ et al., 2016). Sabendo disso, Castro-Sánchez et al., no ano de 2016, aplicaram a terapia craniossacral em 20 indivíduos com lombalgia crônica, separando-os em grupo experimental (terapia craniossacral) e grupo controle (massagem clássica), observando melhores resultados no grupo experimental quanto à intensidade de dor. Concordando com o estudo de Elden et al. (2013), que avaliaram o uso dessa terapia em gestantes com dor pélvica em relação a dor e a funcionalidade, onde foi possível observar melhora da dor e manutenção da funcionalidade. Oliveira, Maggi e Iop (2009), realizaram um estudo de caso aplicando os princípios do RPG em gestante com lombalgia, observando diminuição do quadro álgico, melhora da funcionalidade e aumento de amplitude de movimento lombar. Concordando com Gil, Osis e Faúndes (2011), que avaliaram os efeitos da 15 Reeducação Postural Global (RPG) quanto a intensidade da dor lombar e suas limitações funcionais. As gestante submetidas a RPG apresentaram significativo decréscimo na intensidade da dor lombar ao longo do estudo em comparação com as gestantes que seguiram apenas as recomendações de rotina no pré-natal. Em um estudo prospectivo e controlado, aplicaram um protocolo de exercícios de alongamento e relaxamento em 145 gestantes. Todas as participantes foram informadas sobre cuidados com a coluna, receberam paracetamol e no grupo intervenção foi aplicado o programa de exercícios. Ao final de seis semanas, as gestantes do grupo intervenção apresentaram redução do quadro álgico e aumento da funcionalidade (ABU et al., 2017). Corroborando com o estudo de Carvalho et al. (2020), que além de utilizarem um protocolo de alongamento, também aplicaram um protocolo de estabilização lombar. Avaliaram 20 gestantes com lombalgia e observaram que houve melhora na redução do quadro álgico, equilíbrio, controle postural e funcionalidade em ambos os grupos. Além da dor lombar, podem surgir outras alterações no corpo da mulher, como as disfunções no assoalho pélvico, que podem gerar incontinência urinária e/ou fecal. Cerca de 19 a 60% das gestantes cursam com incontinência urinária (IU), devido aos processos fisiológicos que diminuem a função muscular do assoalho pélvico (COSTA; ASSIS, 2010). Em um estudo experimental piloto, aplicaram exercícios de fortalecimento dos músculos do assoalho pélvico (MAP), em 20 mulheres, durante oito semanas. Demonstrou-se que, ao final da intervenção, houve aumento da força dos MAP, reduzindo então o risco do desenvolvimento de IU (COHEN-QUINTANA et al., 2017). Corroborando com os estudos de Stafne et al. (2012), Miquelutti, Cecatti e Makuch (2013) e Szmulewicz et al. (2020), que incluíram em seus programas de exercícios o treinamento e conscientização dos MAP e obtiveram resultados positivos quanto à redução da incontinência urinária em gestantes. Coll et. al. (2019), aplicaram um protocolo de exercícios de aquecimento, resistência e alongamento ativo e passivo, onde após 2 meses de sessões, não obtiveram resultados significativos de diminuição de depressão pós parto, porém, as gestantes que aderiram ao protocolo tiveram resultados benéficos com o exercício físico. Concordando com o estudo, Tendais et al. (2011), que sugerem que 16 gestantes pratiquem ao mínimo 30 minutos de atividade física, chegando a conclusão que a depressão ocorre pelas alterações hormonais no decorrer da gestação e não somente pela falta de exercício físico. Os distúrbios de equilíbrio podem ocorrer durante o período gestacional e cerca de uma a cada quatro mulheres sofrem quedas, taxa que pode ser comparada com pessoas idosas acima de 65 anos (MANN et al., 2011). No estudo de Ribeiro, Sousa e Viana (2017), utilizaram o Nintendo Wii Fit Plus em relação à postura, equilíbrio e qualidade de vida em gestantes, observando melhora principalmente quanto ao equilíbrio. Concordando com o estudo de Andrade et al. (2013), que utilizaram o mesmo equipamento em idosos institucionalizados e que obtiveram resultados positivos em relação ao equilíbrio dos mesmos. 5 CONCLUSÃO Diante de tudo que foi exposto nesta revisão e com os resultados encontrados, foi possível observar que são diversos os tipos de intervenção, protocolos de exercícios, técnicas e utilização de instrumentos não invasivos e não farmacológicos que a fisioterapia dispõe para minimizar e prevenir os desconfortos decorrentes do período gestacional, sendo encontrados: RPG, manipulação osteopática, exercícios aquáticos, uso de fita Kinesio, utilização de TENS, programas de exercícios aeróbicos, resistidos, terapia craniossacral, treino de equilíbrio utilizando Nintendo Wii, exercícios de estabilização lombar e alongamentos. Vale ressaltar que a maioria das intervenções fisioterapêuticas em gestantes são para o tratamento de dor lombar, entretanto também foram identificadas intervenções para tratamento e prevenção de incontinência urinária e/ou fecal, equilíbrio e estímulo à atividade física. REFERÊNCIAS ABREU, E. A. de; SANTOS, J. D. M. dos; VENTURA, P. L. Analgesic effectiveness of the association of transcutaneous electrical nerve stimulation and cryotherapy for chronic low back pain. Revista Dor, [S. l.], v. 12, n. 1, p. 23–28, 2011. ABU, M. A. et al. Do exercises improve back pain inpregnancy? Hormone Molecular Biology and Clinical Investigation, [S. l.], v. 32, n. 3, p. 1–7, 2017. Disponível em: https://doi.org/10.1515/hmbci-2017-0012 AGUIAR, E. de O. G.; PEREIRA, J. S. P.; SILVA, M. A. G. Frequência de dor lombar em grávidas e relação com a idade gestacional. Fisioterapia Brasil, [S. l.], v. 8, n. 1, p. 31–35, 2007. 17 ANDRADE, E.C.S. et al. 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