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FISIOLOGIA DO SISTEMA MUSCULAR Possui células altamente especializadas em converter energia química em mecânica. Tais células utilizam a energia do ATP para realizar trabalho (locomoção, contração, etc). Como sabemos existem três tipos de músculos: esquelético, cardíaco e o liso. - Músculo esquelético: age sobre o esqueleto. Está sob controle voluntário e exerce papel importante na manutenção da postura, locomoção, fala e respiração. - Músculo cardíaco: está sob controle involuntário. O coração possui esse tipo de músculo. - Músculo liso: está sob controle involuntário. Encontrado principalmente na parede de órgãos ocos, como o intestino e os vasos sanguíneos. Em todos os três tipos de músculos, a força é gerada pela interação das moléculas de actina e miosina, processo que requer aumento transitório da [Ca++] intracelular. ORGANIZAÇÃO DO MÚSCULO ESQUELÉTICO Os músculos são fixados ao osso em um dos lados da articulação. O ponto de fixação mais próximo do processo espinhoso é chamado de origem, enquanto o ponto de fixação na região distal é chamado de inserção. Esses pontos de fixação são estabelecidos pelos tendões na extremidade do músculo. Cada músculo é composto por numerosas células chamadas de fibras musculares. A camada de tecido conjuntivo, denominada endomísio, envolve cada uma dessas fibras. As fibras musculares individuais são agrupadas em fascículos que são envolvidos por outra camada de tecido conjuntivo, chamada perimísio. No perimísio estão os vasos sanguíneos e os nervos que suprem as fibras musculares individuais. Finalmente, os fascículos são agrupados para formar o músculo. A bainha de tecido conjuntivo que circunda o músculo é chamada de epimísio. As células musculares esqueléticas individuais são delgadas, mas podem ser extremamente longas (até 25 cm de comprimento). Cada fibra muscular esquelética contém feixes de filamentos, chamados miofibrilas, que cursam ao longo do eixo da célula. A miofibrila pode ser dividida, longitudinalmente, em sarcômeros. O sarcômero é delimitado por duas linhas escuras, chamadas de linhas Z, e representa a unidade contrátil que se repete no músculo esquelético. Em cada lado da linha Z existe uma faixa clara (banda I) que contém os filamentos finos, compostos, principalmente, pela proteína actina. A área entre duas bandas I no sarcômero é a banda A, que contém os filamentos grossos, compostos, principalmente, pela proteína miosina. A área escura na extremidade da banda A representa a região de sobreposição entre os filamentos finos e grossos. A área clara, presente no centro do sarcômero, é chamada de banda H. Esta área representa a porção da banda A que contém os filamentos grossos de miosina, mas nenhum filamento fino de actina. Portanto, os filamentos finos de actina se estendem da linha Z até a margem da banda H e se sobrepõem sobre parte do filamento grosso na banda A. Uma linha escura, chamada de linha M, é evidente no centro do sarcômero e inclui proteínas que parecem ser críticas para a organização e o alinhamento dos filamentos grossos no sarcômero. Cada miofibrila é circundada pelo retículo sarcoplasmático (RS). O RS é a rede intracelular de membranas que exerce papel na regulação do Ca + + intracelular. Invaginações do sarcolema, chamadas de túbulos T, se estendem para o interior da fibra muscular, próximo às bordas da banda A. O RS é uma rede intracelular, enquanto os túbulos T estão em contato com o espaço extracelular. A porção do RS mais próxima aos túbulos T é chamada de cisterna terminal e é o local de liberação do Ca + + , que é fundamental para a contração do músculo esquelético. A porção do RS longitudinal contínua às cisternas terminais contém alta densidade de proteína da bomba de Ca + +, fundamental para o relaxamento do músculo. Os filamentos grossos de miosina são ancorados às linhas Z pela proteína do citoesqueleto, chamada titina. A titina é uma proteína elástica muito grande, que se estende da linha Z ao centro do sarcômero e parece ser importante para a organização e o alinhamento dos filamentos grossos, no sarcômero. A titina pode, também, funcionar como um sensor mecânico e influenciar a expressão gênica e a degradação proteica de modo mecânico, dependente da atividade. Filamento fino: formado pela agregação de moléculas de actina (denominadas actina globular ou actina G), formando um filamento de dois cordões, torcidos em hélice, chamado de actina F ou actina filamentosa. A proteína alongada do citoesqueleto, nebulina, se estende ao longo do comprimento do filamento fino e participa da regulação do comprimento desse mesmo filamento. Proteínas adicionais, associadas ao filamento fino, incluem a tropomodulina (localizada na extremidade, em direção ao centro do sarcômero, e participa na determinação do comprimento do filamento fino), alfa-actinina e proteína capZ (ambas servem para ancorar o filamento fino à linha Z). Dímeros da proteína tropomiosina ocorrem ao longo de todo o filamento de actina e cobrem os sítios de ligação da miosina, nas moléculas de actina. Cada dímero de tropomiosina recobre sete moléculas de actina, com as sequências de dímeros de tropomiosina dispostas em configuração cabeça-cauda. O complexo de troponina, que consiste em três subunidades - troponina T (se liga à tropomiosina), troponina I (facilita a inibição da ligação da miosina à actina pela tropomiosina) e troponina C (se liga ao Ca++) -, está presente em cada dímero de tropomiosina. A ligação do Ca++ à troponina C promove o movimento da tropomiosina, sobre o filamento de actina, expondo os sítios de ligação da miosina e facilitando a interação dos filamentos de actina e miosina e a contração do sarcômero. Filamento grosso: Os filamentos de miosina se formam pela associação cauda a cauda de moléculas de miosina, resultando, desse modo, em uma disposição bipolar do filamento grosso. O filamento grosso, então, se estende de cada lado da zona nua central, por meio de associação cauda-cabeça de moléculas de miosina, mantendo, assim, a organização bipolar do filamento grosso central na linha M. Tal arranjo bipolar é crítico para aproximar as linhas Z durante a contração. CONTRAÇÃO E RELAXAMENTO MUSCULAR A contração muscular é um processo extraordinário que permite a geração de força para mover ou resistir a uma carga. Em fisiologia muscular, a força produzida pela contração muscular é chamada de tensão muscular. A carga é o peso ou a força que se opõe à contração. A contração, a geração de tensão pelo músculo, é um processo ativo que necessita de energia fornecida pelo ATP. O relaxamento é a liberação da tensão que foi produzida durante a contração. - Junção neuromuscular: conversão de um sinal químico (a acetilcolina liberada pelo neurônio motor somático) em um sinal elétrico na fibra muscular. - Acoplamento excitação - contração: é o processo pelo qual os potenciais de ação musculares produzem um sinal de cálcio, o qual, por sua vez, ativa o ciclo de contração-relaxamento. - Contração - relaxamento: explicado pela teoria dos filamentos deslizantes da contração muscular. Nos músculos intactos, um único ciclo de contração-relaxamento é chamado de abalo muscular. A actina e a miosina deslizam uma sobre a outra durante a contração Teoria dos filamentos deslizantes da contração muscular: os filamentos sobrepostos de actina e de miosina, de comprimento fixo, deslizam uns sobre os outros em um processo que requer energia e que produz a contração muscular. Quando o músculo contrai, os filamentos grossos e finos deslizam uns sobre os outros. Os discos Z aproximam-se à medida que o sarcômero encurta. A banda I e a zona H – regiões onde não há sobreposição de actina e de miosina no estado de repouso – praticamente desaparecem. As ligações cruzadas da miosina movem os filamentos de actina O movimento das ligações cruzadas da miosina fornece a força que move o filamento de actina durante uma contração. No músculo, as cabeças de miosina ligam-se às moléculas de actina. Um sinal de cálcio inicia o movimento de força, produzido quandoas ligações cruzadas da miosina mudam de conformação, movendo-se para a frente e empurrando os filamentos de actina em direção ao centro do sarcômero. Ao final do movimento de força, cada cabeça de miosina solta-se da actina, inclina-se para trás e liga-se a uma nova molécula de actina, ficando pronta para dar início a um novo ciclo. Durante a contração, nem todas as cabeças de miosina se soltam ao mesmo tempo – se isso ocorresse, as proteínas deslizariam de volta para a posição inicial. Miosina-ATPase De onde é obtida a energia necessária para a geração do movimento de força? A resposta está no ATP. A miosina converte a energia da ligação química do ATP na energia mecânica necessária para o movimento das ligações cruzadas. A miosina é uma ATPase (miosina-ATPase) que hidrolisa o ATP, formando ADP e fosfato inorgânico (Pi ). A energia liberada nesse processo é capturada pela miosina e armazenada como energia potencial no ângulo formado entre a cabeça da miosina e seu eixo longitudinal. A energia potencial armazenada nas cabeças engatilhadas transforma-se na energia cinética do movimento de força que desloca a actina. O cálcio inicia a contração Como o íon cálcio “liga” e “desliga” a contração muscular? A resposta está na troponina (TN), um complexo ligante de cálcio constituído por três proteínas. A troponina controla o posicionamento de um polímero proteico alongado, a tropomiosina. Em um músculo esquelético no estado de repouso, a tropomiosina enrola-se ao redor dos filamentos de actina e cobre de forma parcial todos os sítios que permitiriam a ligação da miosina na actina. A mudança entre os estados “ligado” e “desligado” da tropomiosina é regulada pela troponina. Quando a contração é iniciada em resposta ao cálcio, uma das proteínas do complexo – a troponina C – liga-se reversivelmente ao Ca ++ . O complexo cálcio-troponina C desloca a tropomiosina, afastando-a completamente dos sítios de ligação à miosina na actina. Essa posição “ligada” permite que as cabeças da miosina formem ligações cruzadas fortes, de alta energia, e executem o movimento de força, puxando o filamento de actina. Esses ciclos de contração ficam se repetindo enquanto os sítios de ligação estiverem expostos. Relaxamento Para que o relaxamento muscular possa ocorrer, as concentrações citoplasmáticas de Ca++ precisam diminuir. O Ca++ desliga-se da troponina quando há uma redução do cálcio citosólico. Na ausência de Ca++ , a troponina permite que a tropomiosina retorne para o estado “desligado”, recobrindo os sítios de ligação à miosina presentes nas moléculas de actina. Durante um breve período da fase de relaxamento, no qual a actina e a miosina não estão ligadas, os filamentos do sarcômero deslizam de volta às posições originais. Esse processo conta com a ajuda da titina e de outros componentes elásticos do músculo. As cabeças da miosina caminham ao longo dos filamentos de actina No estado de rigor, ou rigidez, no qual as cabeças da miosina estão fortemente ligadas às moléculas de actina G, nenhum ADP ou ATP está ligado à miosina. No músculo vivo, o estado de rigidez ocorre apenas por um curto período de tempo: (1) Uma molécula de ATP liga-se à miosina, diminuindo a afinidade dela pela actina, fazendo com que a miosina se solte da actina. (2) A hidrólise do ATP fornece a energia necessária para a cabeça da miosina se inclinar e se ligar novamente à actina. Nesta posição engatilhada, a miosina liga-se a uma nova actina, que está 1 a 3 moléculas distante da sua posição inicial. (3) O movimento de força (o movimento de inclinação das ligações cruzadas) inicia após o cálcio se ligar à troponina e permite a liberação total do sítio de ligação à miosina. As ligações cruzadas, então, transformam-se em ligações fortes, à medida que a miosina libera o Pi, fazendo com que a cabeça da miosina se desloque. (4) Ao final do movimento de força, a miosina libera ADP. A cabeça da miosina liga-se fortemente à actina novamente, retornando ao estado de rigidez. A acetilcolina inicia o processo de acoplamento excitação-contração Envolve quatro eventos principais: 1. A acetilcolina (ACh) é liberada pelo neurônio motor somático. 2. A acetilcolina causa a geração de um potencial de ação na fibra muscular. 3. Esse potencial de ação desencadeia a liberação de cálcio pelo RS. 4. O cálcio liga-se à troponina, dando início ao processo de contração. Em detalhes como ocorre a contração - relaxamento: A acetilcolina liberada na fenda sináptica da junção neuromuscular liga-se aos seus receptores ionotrópicos da placa motora no terminal da fibra muscular. Quando esses canais dependentes de acetilcolina se abrem, ocorre o fluxo de Na + e K + na membrana plasmática (3Na + para 2K + - sódio entra, potássio sai). A força motriz do gradiente eletroquímico é maior para o Na +, com isso ocorre a despolarização da membrana da fibra muscular, pois internamente fica mais positivo gerando um potencial da placa motora (PPM). O potencial de ação desloca-se pela superfície da fibra muscular, e para o interior dos túbulos T, devido à abertura sequencial de canais de Na + dependentes de voltagem. Quando o potencial de ação penetra nos túbulos T, ocorre a liberação de Ca ++ a partir do retículo sarcoplasmático. Em um músculo em repouso, os níveis citosólicos de Ca ++ normalmente são muito baixos. quando os níveis citosólicos de Ca ++ estão altos, o Ca ++ liga-se à troponina, e a tropomiosina move-se para a posição “ligada” e a contração ocorre. No nível molecular, a transdução do sinal elétrico em um sinal de cálcio necessita de duas proteínas de membrana. A membrana do túbulo T contém uma proteína sensível à voltagem, um canal de cálcio do tipo L, chamado de receptor de di-hidropiridina (DHP). No músculo esquelético, exclusivamente, esses receptores de DHP estão acoplados mecanicamente aos canais de Ca ++ do retículo sarcoplasmático adjacente. Estes canais de liberação de Ca ++ do RS são conhecidos como receptores de rianodina (RyR). Quando a despolarização produzida por um potencial de ação alcança um receptor de DHP, o receptor sofre uma alteração conformacional. Essa alteração conformacional causa a abertura dos canais RyR para a liberação de Ca ++ do retículo sarcoplasmático. O Ca ++ armazenado flui para o citosol, a favor do seu gradiente eletroquímico, iniciando o processo de contração. Para finalizar uma contração, o cálcio deve ser removido do citosol. O retículo sarcoplasmático bombeia o Ca ++ de volta para o seu lúmen utilizando uma Ca ++ - ATPase. À medida que a concentração citosólica de Ca++ livre diminui, o equilíbrio entre o cálcio ligado e o não ligado é alterado, e o cálcio desliga-se da troponina. A remoção do Ca ++ permite que a tropomiosina volte à sua posição inicial e bloqueie o sítio de ligação à miosina presente na molécula de actina. Com a liberação das ligações cruzadas, a fibra muscular relaxa, com a ajuda de componentes elásticos do sarcômero e do tecido conectivo do músculo. Sincronização do acoplamento Excitação-Contração Após o potencial de ação do neurônio motor somático, ocorre um potencial de ação muscular, seguido da contração muscular. Um único ciclo de contração-relaxamento de uma fibra muscular esquelética é denominado abalo muscular. Observe que há um pequeno retardo – o período de latência – entre o potencial de ação muscular e o início da geração de tensão muscular. Esse retardo representa o tempo necessário para a liberação do cálcio e sua ligação à troponina. Uma vez iniciada a contração, a tensão muscular aumenta continuamente até um valor máximo, à medida que as interações entre as ligações cruzadas também aumentam. A tensão diminui na fase de relaxamento do abalo. Durante o relaxamento, os elementos elásticos do músculo fazem o sarcômero retornar ao seu comprimento de repouso. Um único potencial de ação em uma fibra muscular provoca um único abalo. Entretanto, os abalos musculares variam de fibra para fibra em relação à velocidade com que a tensão é desenvolvida, à tensão máxima atingida e à duração dacontração. A contração do músculo requer um suprimento contínuo de ATP De onde é obtido todo o ATP necessário para a atividade muscular? A quantidade de ATP estocado em uma fibra muscular a qualquer tempo é suficiente para apenas cerca de oito contrações. À medida que o ATP é convertido em ADP e Pi durante a contração, o estoque de ATP precisa ser restabelecido pela transferência de energia a partir de outras ligações fosfato de alta energia ou pela síntese de ATP utilizando processos mais lentos, como as vias metabólicas da glicólise e da fosforilação oxidativa. A reserva energética de segurança dos músculos é a fosfocreatina (ou creatina-fosfato, ou ainda, fosfato de creatina). A fosfocreatina é uma molécula cujas ligações fosfato de alta energia são geradas entre a creatina e o ATP quando os músculos estão em repouso. Quando os músculos entram em atividade, como durante o exercício, os grupamentos fosfato de alta energia da fosfocreatina são transferidos para o ADP, gerando mais ATP para abastecer os músculos. A enzima que transfere o grupamento fosfato da fosfocreatina para o ADP é a creatina-cinase, também conhecida como creatina-fosfocinase. As células musculares contêm grandes quantidades dessa enzima. Como consequência, níveis elevados de creatina-cinase no sangue normalmente são um indicador de dano muscular esquelético ou cardíaco. A energia armazenada nas ligações fosfato de alta energia é muito limitada. Assim, as fibras musculares precisam utilizar o metabolismo de biomoléculas para transferir energia das ligações covalentes para o ATP. Os carboidratos, particularmente a glicose, são a fonte de energia mais rápida e eficiente para a produção de ATP. Os músculos esqueléticos são classificados de acordo com a velocidade de contração e a resistência à fadiga As fibras musculares esqueléticas têm sido tradicionalmente classificadas com base na velocidade de contração e na resistência à fadiga decorrente da estimulação repetida e depende da isoforma de miosina expressa na fibra. A classificação atualmente aceita para os tipos de fibras musculares em seres humanos inclui as fibras oxidativas de contração lenta (também chamadas de ST ou tipo 1), as fibras oxidativas-glicolíticas de contração rápida (FOG ou tipo 2A) e as fibras glicolíticas de contração rápida (FG ou tipo 2X). As fibras musculares de contração rápida (tipo 2) produzem tensão duas a três vezes mais rápido do que as fibras de contração lenta (tipo 1). As fibras rápidas bombeiam Ca ++ para dentro do retículo sarcoplasmático de forma mais rápida do que as fibras lentas e, por isso, produzem contrações mais rápidas. A contração das fibras de contração lenta pode durar dez vezes mais. - Fibras oxidativas: As fibras oxidativas dependem principalmente da fosforilação oxidativa para a produção de ATP – daí o nome que recebem. Essas fibras, que incluem as fibras lentas do tipo 1 e as de contração rápida tipo 2A (oxidativas-glicolíticas), possuem mais mitocôndrias do que as fibras glicolíticas. Elas também possuem mais vasos sanguíneos no tecido conectivo adjacente, disponibilizando mais oxigênio para as células . Como as fibras oxidativas contêm mais mioglobina, a difusão do oxigênio é mais rápida do que nas fibras glicolíticas. As fibras oxidativas também possuem um diâmetro menor, o que reduz a distância pela qual o oxigênio deve se difundir até as mitocôndrias. - Fibras oxidativas-glicolíticas de contração rápida (2A): Exibem propriedades de fibras oxidativas e de fibras glicolíticas. Elas são menores do que as fibras glicolíticas de contração rápida e utilizam uma combinação de metabolismo oxidativo e glicolítico para produzir ATP. Devido ao seu tamanho intermediário e ao uso da fosforilação oxidativa para a síntese de ATP, as fibras do tipo 2A são mais resistentes à fadiga do que as suas primas glicolíticas rápidas (tipo 2X). As fibras do tipo 2A, assim como as lentas do tipo 1, são classificadas como músculo vermelho, devido ao seu conteúdo de mioglobina. - Fibras glicolíticas de contração rápida (2X): São descritas como um músculo branco, devido ao seu baixo conteúdo de mioglobina. Essas fibras musculares também possuem um diâmetro maior do que as fibras lentas (tipo 1). As fibras glicolíticas dependem principalmente da glicólise anaeróbia para a síntese de ATP e, assim, entram mais rapidamente em fadiga. As fibras glicolíticas (contração rápida, tipo 2X) dependem principalmente da glicólise anaeróbia para a produção de ATP. Entretanto, o acúmulo de H+ proveniente da clivagem do ATP contribui para a acidose, uma condição associada ao desenvolvimento de fadiga. Como consequência as fibras glicolíticas entram em fadiga mais facilmente do que as fibras oxidativas, que não dependem do metabolismo anaeróbio. MÚSCULO LISO Existem diversas maneiras de se categorizar os diferentes tipos de músculos lisos: - Pela localização: o músculo liso pode ser dividido em seis grupos principais: vascular, gastrointestinal, urinário, respiratório, reprodutivo e ocular. - Pelo padrão de contração: se o músculo alterna entre estados de contração e relaxamento ou se ele se mantém continuamente contraído. Os músculos que sofrem ciclos periódicos de contração e relaxamento constituem os chamados músculos lisos fásicos (ex.: parede do esôfago inferior). Os músculos que permanecem contraídos de forma contínua são chamados de músculos lisos tônicos, uma vez que estão sempre mantendo algum nível de tônus muscular (ex.: esfíncter da bexiga). - Pelo modo de comunicação entre as células vizinhas: em alguns músculos lisos, as células estão conectadas eletricamente por junções comunicantes e contraem como uma unidade coordenada. Esses músculos constituem o chamado músculo liso unitário. No músculo liso multiunitário, as células não estão ligadas eletricamente, e cada célula muscular funciona de modo independente. A maior parte da musculatura lisa é do tipo unitário. O músculo liso unitário também é chamado de músculo liso visceral, pois compõe as paredes dos órgãos internos (vísceras), como o trato gastrintestinal. As fibras do músculo liso unitário estão conectadas umas às outras por junções comunicantes. Um sinal elétrico em uma célula se espalha rapidamente por toda a camada de tecido muscular, produzindo uma contração coordenada. No músculo liso multiunitário, as células não estão conectadas eletricamente e precisam ser estimuladas independentemente para contrair. De modo surpreendente, o músculo liso multiunitário presente no útero se transforma em músculo liso unitário durante os estágios finais da gestação. A fosforilação da miosina controla a contração No músculo liso: - Uma elevação citosólica do Ca ++ inicia a contração. Esse Ca ++ é liberado do RS, mas também penetra na célula a partir do líquido extracelular. - O Ca ++ liga-se à calmodulina, uma proteína ligadora de cálcio encontrada no citosol. - Esta ligação é o primeiro passo de uma cascata que termina com a fosforilação das cadeias leves da miosina. - A fosforilação das cadeias leves da miosina intensifica a atividade da miosina-ATPase e provoca a contração. Assim, a contração do músculo liso é controlada por processos reguladores associados à miosina, e não pela tropomiosina. A contração começa quando as concentrações citosólicas de Ca ++ aumentam, logo após a entrada deste íon a partir do líquido extracelular e da sua liberação pelo retículo sarcoplasmático . Os íons Ca ++ ligam-se à calmodulina (CaM). Então, o complexo Ca ++ - calmodulina ativa uma enzima, chamada de cinase da cadeia leve da miosina (MLCK). Na base da cabeça da miosina, encontra-se uma pequena cadeia proteica reguladora, chamada de cadeia leve da miosina. Os processos de fosforilação e desfosforilação da cadeia leve da miosina controlam a contração e o relaxamento do músculo liso. Quando o complexo Ca ++ - calmodulina ativa a MLCK, a enzima ativa as cadeias proteicas leves da miosina. A fosforilação da miosina intensifica a atividade da miosina-ATPase. Quando a atividade da miosina-ATPase é alta, aligação à actina e os ciclos das ligações cruzadas aumentam a tensão muscular. A isoforma da miosina-ATPase do músculo liso é muito mais lenta do que a do músculo esquelético, o que reduz a frequência de ciclos das ligações cruzadas. A desfosforilação da cadeia leve da miosina pela enzima fosfatase da cadeia leve da miosina (MLCP) diminui a atividade da miosina-ATPase. A miosina desfosforilada pode permanecer em um estado de contração isométrica, chamado de estado de tranca. Essa condição mantém a tensão muscular com um consumo mínimo de ATP. Esse é um fator importante na capacidade do músculo liso de sustentar a contração sem entrar em fadiga. Relaxamento É a razão entre a atividade da MLCK pela MLCP que determina o estado de contração do músculo liso. A MLCP do músculo liso está sempre ativa em algum grau. Assim como no músculo esquelético, o Ca ++ livre é removido do citosol quando a Ca ++ -ATPase o bombeia de volta para dentro do retículo sarcoplasmático. Além disso, parte do Ca ++ é bombeada para fora da célula, com o auxílio da Ca ++-ATPase e do trocador Na-Ca ++. Pela lei de ação das massas, uma diminuição do Ca ++ citosólico livre faz o Ca ++ se desligar da calmodulina. Na ausência do complexo Ca ++-calmodulina, a cinase da cadeia leve da miosina torna-se inativa. À medida que a MLCK se torna menos ativa, a fosfatase da cadeia leve da miosina desfosforila a miosina. A atividade da miosina-ATPase diminui, e o músculo relaxa. O cálcio inicia o processo de contração do músculo liso A contração pode ser iniciada por sinais elétricos – mudanças no potencial de membrana – ou por sinais químicos. A contração produzida por sinalização elétrica é chamada de acoplamento eletromecânico. As contrações iniciadas por sinais químicos, sem uma alteração significativa do potencial de membrana, são chamadas de acoplamento farmacomecânico. Sinais químicos também podem diminuir a tensão muscular sem mudar o potencial de membrana. O Ca ++ que inicia a contração vem de duas fontes: o retículo sarcoplasmático e o líquido extracelular. Liberação de Ca ++ do retículo sarcoplasmático O estoque intracelular de Ca + + do músculo liso está no retículo sarcoplasmático (RS). A liberação de Ca + + pelo RS é mediada por um receptor de rianodina (RyR), que é um canal de liberação de cálcio, e por um canal receptor de IP3. O canal RyR abre-se em resposta ao Ca + + que entra na célula, um processo conhecido como liberação de cálcio induzida por cálcio (LCIC). Os canais dependentes de IP3 abrem quando receptores acoplados à proteína G ativam as vias de transdução de sinal da fosfolipase C. O trifosfato de inositol (IP3) é um segundo mensageiro produzido nessa via. Quando o IP3 se liga ao canal receptor de IP3 do RS, o canal abre, e o Ca + + flui do RS para o citosol. Quando os estoques de Ca ++ do RS diminuem, uma proteína-sensor (STIM1) presente na membrana do RS interage com os canais de Ca ++ operados por estoque presentes na membrana plasmática. Esses canais de Ca ++, formados pela proteína Orai-1, então, abrem-se para permitir a entrada de mais Ca ++ na célula. As bombas Ca ++ -ATPase transportam o Ca ++ citosólico para dentro do RS, restabelecendo seu estoque. Entrada de Ca ++ pela membrana plasmática A entrada de Ca ++ na célula a partir do líquido extracelular, independentemente dos estoques, ocorre com a ajuda de canais da membrana que são dependentes de voltagem, dependentes de ligante ou mecanossensíveis. (1) Os canais de Ca ++ dependentes de voltagem abrem-se em resposta a um estímulo despolarizante. Potenciais graduados subliminares podem causar a abertura de alguns canais de Ca ++, permitindo que pequenas quantidades de Ca ++ entrem na célula. A entrada desse cátion despolariza a célula, provocando a abertura adicional de canais de Ca ++ dependentes de voltagem. (2) Os canais de Ca ++ dependentes de ligante também são conhecidos como canais de cálcio operados por receptor. Esses canais se abrem em resposta à ligação de um ligante e permitem a entrada de quantidades suficientes de Ca ++ na célula para induzir a liberação de cálcio pelo RS. (3) Canais ativados por estiramento: algumas células musculares lisas, como aquelas dos vasos sanguíneos, contêm canais de Ca ++ ativados pelo estiramento que se abrem quando uma pressão ou outra força deforma a membrana plasmática. Como a contração neste caso é originada de uma propriedade da própria fibra muscular, ela é conhecida como contração miogênica. MÚSCULO CARDÍACO O coração pode se contrair sem uma conexão com outras partes do corpo, pois o sinal para a contração é miogênico, ou seja, é originado dentro do próprio músculo cardíaco. O sinal para a contração miocárdica não é proveniente do sistema nervoso central, mas de células miocárdicas especializadas, denominadas células autoexcitáveis. As células autoexcitáveis são também denominadas células marca-passo. As células musculares cardíacas individuais ramificam-se e juntam-se com as células vizinhas, criando uma rede complexa. As junções celulares, conhecidas como discos intercalares, consistem em membranas interligadas. Os discos intercalares têm dois componentes: os desmossomos e as junções comunicantes. Os desmossomos são conexões fortes que mantêm as células vizinhas unidas, permitindo que a força criada em uma célula seja transferida para a célula vizinha. As junções comunicantes nos discos intercalares conectam eletricamente as células musculares cardíacas umas às outras. Elas permitem que as ondas de despolarização se espalhem rapidamente de célula a célula, de modo que todas as células do músculo cardíaco se contraem quase simultaneamente. Neste aspecto, o músculo cardíaco assemelha-se ao músculo liso unitário. A entrada do cálcio é uma característica do acoplamento excitação-contração cardíaco No músculo cardíaco, um potencial de ação também inicia o acoplamento EC, contudo, o potencial de ação origina-se espontaneamente nas células marca-passo do coração e se propaga para as células contráteis através das junções comunicantes. Um potencial de ação que entra em uma célula contrátil se move pelo sarcolema e entra nos túbulos T, onde abre os canais de Ca ++ dependentes de voltagem tipo L na membrana das células. O Ca ++ entra nas células através desses canais, movendo-se a favor do seu gradiente eletroquímico. A entrada de cálcio abre os canais liberadores de cálcio do tipo rianodínico (RyR) no retículo sarcoplasmático. Esse processo do acoplamento EC no músculo cardíaco é também chamado de liberação de Ca ++-induzida pelo Ca ++ (LCIC). Quando os canais RyR se abrem, o cálcio estocado flui para fora do retículo sarcoplasmático e entra no citosol.. A abertura múltipla de diferentes canais RyR se somam para criar o sinal de Ca ++. A liberação de cálcio do retículo sarcoplasmático fornece, aproximadamente, 90% do Ca ++ necessário à contração muscular, sendo que os 10% restantes entram na célula a partir do líquido extracelular. O cálcio difunde-se pelo citosol para os elementos contráteis, onde se liga à troponina e inicia o ciclo de formação de pontes cruzadas e o movimento. O relaxamento no músculo cardíaco geralmente é similar ao do músculo esquelético. Com a diminuição das concentrações citoplasmáticas de Ca ++ , ele desliga-se da troponina, liberando a actina da miosina, e os filamentos contráteis deslizam de volta para sua posição relaxada. Como no músculo esquelético, o Ca ++ é transportado de volta para o retículo sarcoplasmático com a ajuda da Ca ++-ATPase. Entretanto, no músculo cardíaco, o Ca ++ também é removido de dentro da célula pelo trocador Na-Ca ++ (NCX). Um Ca ++ é movido para fora da célula contra o seu gradiente eletroquímico em troca de 3Na+ para dentro da célula a favor do seu gradiente eletroquímico. O sódio que entra na célula durante essa troca é removido pela Na+ -K+ -ATPase. REFERÊNCIA: SILVERTHORN, D.U. Fisiologia humana: uma abordagem integrada. 7 ed.
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