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1 DIABETES MELLITUS GESTACIONAL (DMG) Gizelle Felinto INTRODUÇÃO ➢ O Diabetes Mellitus Gestacional é o principal fator de risco para o desenvolvimento de Diabetes Mellitus tipo 2 (DM2) e Síndrome Metabólica ➢ O DMG é a segunda comorbidade mais comum em gestantes, ficando apenas atrás da Hipertensão ➢ O diagnóstico de DMG deve ser considerado uma prioridade mundial na saúde, objetivando diminuir a prevalência desses distúrbios metabólicos ➢ O DMG é um relevante problema da atualidade, levando a maior risco de desfechos perinatais desfavoráveis, desenvolvimento de doenças futuras e aumento do número de obesos ➢ Insulina (criada em 1922) → é o melhor tratamento para o Diabetes • Após o advento da insulina, houve uma melhora do prognóstico do DMG e uma redução das taxas de mortalidade materna EPIDEMIOLOGIA ➢ O DMG é um dos problemas mais comuns na gestação ➢ Prevalência do DMG → 3 a 25% ➢ 58% dos casos de Diabetes Mellitus prévio no Brasil ocorrem devido à má alimentação e aos modos de comer e viver da atualidade (obesidade) ➢ Má alimentação e hábitos de vida incorretos: • 8 a 10% das pacientes com esses hábitos desenvolvem Diabetes Mellitus Gestacional: ▪ Prevalência no mundo → 1 a 37,7% ▪ Prevalência no Brasil → 18% ➢ Filhos de pacientes com DMG → apresentam um risco maior de desenvolver obesidade, síndrome metabólica e diabetes na vida futura ➢ O Diabetes Mellitus Gestacional é responsável por índices elevados de mortalidade perinatal: • Natimortalidade → bebê nasce morto • Ou o bebê pode nascer vivo e depois, devido aos descontroles metabólicos, acabar indo ao óbito ➢ 1 em cada 6 nascimentos ocorrem em mulheres com alguma forma de hiperglicemia durante a gestação → desse valor, cerca de 84% ocorrem em mulheres com DMG DEFINIÇÕES ➢ DIABETES MELLITUS (DM): • É o conjunto de distúrbios endócrinos caracterizados por hiperglicemia consequente à deficiência insulínica → tem como causa um ou mais dos seguintes fatores: ▪ Produção pancreática reduzida de insulina ▪ Liberação inadequada da insulina ▪ Resistência periférica à insulina ➢ DIABETES MELLITUS GESTACIONAL (DMG): • Tem-se dois conceitos: ▪ Segundo o Ministério da Saúde (MS) → o DMG corresponde a uma mulher com hiperglicemia detectada pela primeira vez durante a gravidez, com níveis glicêmicos sanguíneos que não atingem os critérios diagnósticos para Diabetes Mellitus (DM) ▪ Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) → o DMG corresponde à intolerância dos carboidratos diagnosticada pela primeira vez durante a gestação e que pode ou não persistir após o parto ➢ DIABETES MELLITUS DIAGNOSTICADO NA GESTAÇÃO (OVERT DIABETES): • Mulher sem diagnóstico prévio de DM, com hiperglicemia detectada na gravidez e com níveis glicêmicos sanguíneos que tingem os critérios da OMS para o DM na ausência de gestação • Ou seja, é quando a mulher é diagnosticada com um DM prévio durante a gestação CLASSIFICAÇÃO ETIOLÓGICA DO DIABETES MELLITUS (2016) ➢ DIABETES MELLITUS TIPO 1 (DM1): • Decorre da destruição das células Beta, que, usualmente, leva à deficiência completa de insulina • Divide-se em: ▪ DM1 Autoimune ▪ DM1 Idiopático ➢ DIABETES MELLITUS TIPO 2 (DM2): • Tem como causa graus variados de diminuição de secreção e resistência à insulina ➢ DIABETES MELLITUS GESTACIONAL (DMG) ➢ OUTROS TIPOS ESPECÍFICOS: • Defeitos genéticos da função da célula beta • Defeitos genéticos da ação da insulina • Endocrinopatias • Indução por drogas ou produtos químicos • Infecções • Formas incomuns de diabetes imunomediado FATORES DE RISCO PARA O DIABETES GESTACIONAL ➢ Antecedentes pessoais de alterações metabólicas: • Hemoglobina Glicada (HbA1c) ≥ 5,7% • Síndrome dos Ovários Policísticos (SOP) • Hipertrigliceridemia • Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) Crônica • Acantose Nigricans • Doença Cardiovascular Aterosclerótica • Uso de medicamentos hiperglicemiantes → principalmente o Corticoide ➢ Idade ≥ 35 anos: • Há um aumento progressivo do risco com o avançar da idade ➢ Sobrepeso/Obesidade (IMC ≥ 25 Kg/m2) ou ganho excessivo de peso na gestação atual ➢ Deposição central excessiva de gordura corporal ➢ História familiar de diabetes (em parentes de primeiro grau) ➢ Polidrâmnio → geralmente, quando a mãe tem polidrâmnio é porque ela apresenta um provável diabetes gestacional descompensado ou alguma malformação 2 DIABETES MELLITUS GESTACIONAL (DMG) Gizelle Felinto • Assim, quando se está diante de uma gestante com Polidrâmnio deve-se sempre investigar Diabetes gestacional ➢ Crescimento fetal excessivo → Ex: bebê que cresce muito no intervalo entre uma consulta e outra ➢ Hipertensão ou Pré-Eclâmpsia na gravidez atual ➢ Antecedentes Obstétricos de: • Abortamento de repetição (≥ 2 perdas) • Malformações • Morte fetal ou neonatal sem causa determinada • Macrossomia fetal (bebês grandes) • Diabetes Mellitus Gestacional FISIOPATOLOGIA ➢ Em uma gestação normal (sem risco de DMG): • Normalmente, a gestante apresenta um aumento da resistência à insulina, devido ao fato de que a placenta produz e secreta hormônios diabetogênicos, como: ▪ Hormônio Lactogênico Placentário (hPL) → é o principal hormônio envolvido com o surgimento do Diabetes ✓ É produzido pela placenta de forma crescente durante toda a gestação, exercendo forte antagonismo à ação da insulina (compete com a insulina endógena) ✓ Porém, quando chega no final da gestação (final do terceiro trimestre), que é quando a placenta começa a diminuir seu papel, há uma diminuição da produção do hormônio lactogênico placentário ▪ São produzidos pela placenta, sendo sintetizados em quantidades ascendentes, apresentando ação hiperglicemiante: ▪ Estrogênio ▪ Progesterona ▪ Prolactina ▪ Cortisol ▪ Hormônio do crescimento ➢ Até 12 semanas de gestação: • Quando a placenta vai produzindo os hormônios diabetogênicos e a gestante já apresenta diabetes prévio → ocorre uma hiperglicemia materna que exerce ação teratogênica sobre o feto, sendo fundamental o controle metabólico materno para que não ocorram malformações congênitas • As malformações decorrentes do diabetes ocorrem principalmente nas gestantes que têm diabetes prévio ➢ Após 20 semanas de gestação: • É o período em que o bebê já está todo formado, sendo a partir desse período que ele vai apresentar o ganho de peso e o crescimento somático • Nesse período, ocorre uma aceleração do crescimento somático fetal. Assim, se há hiperglicemia materna, há hiperglicemia fetal ➢ Quando já se tem uma hiperglicemia, ocorrerá uma hiperplasia das células beta do pâncreas fetal, levando a uma hiperinsulinemia. Assim, tanto o bebê recebe glicose (que passa para o bebê por difusão facilitada) quanto produz muita insulina. Dessa forma, isso leva a um aumento no anabolismo e, devido a isso, o pâncreas fetal, mesmo produzindo alta carga de insulina, não consegue suprir a quantidade de glicose que chega para o bebê, fazendo com que: • O bebê cresça muito (macrossomia) • Urine muito → por isso que ocorre o Polidrâmnio • A gestante tenha um diabetes descompensado ➢ COMPORTAMENTO DO DIABETES NA GESTAÇÃO: • Primeiro Trimestre: ▪ Mesmo a gestante tendo uma alta carga de glicose, devido à hiperplasia das células beta do pâncreas e à produção dos hormônios placentários essa gestante pode apresentar Hipoglicemia. Assim, há uma diminuição da necessidade de insulina ▪ Devido ao fato de no primeiro trimestre da gestação ocorrer essa hipoglicemia, muitas vezes, o diagnóstico de Diabetes Mellitus Gestacional não ocorre no primeiro trimestre, só se essa gestante já for diabética prévia • Segundo Trimestre: ▪ Devido ao fato de os hormônios placentários (diabetogênicos) levarem a um estado hiperglicêmico, ocorre umarápida elevação das necessidades de insulina que, se não for compensada, haverá uma tendência à Cetose e à Cetoacidose • Terceiro Trimestre: ▪ No terceiro trimestre a placenta começa a envelhecer ▪ No início do 3º trimestre → há o aumento nas necessidades de insulina e uma maior prevalência de cetose e cetoacidose ▪ Próximo ao termo (ao parto) → os hormônios diabetogênicos diminuem sua produção. Assim, tem-se uma tendência à estabilização do diabetes e até mesmo à hipoglicemia, devido a esse envelhecimento da placenta • Puerpério: ▪ Ocorre uma queda brusca das necessidades de insulina, pois há a retirada da placenta, deixando-se de produzir os hormônios diabetogênicos, fazendo com que o pâncreas se estabilize e haja uma necessidade menor da produção de insulina • Resumindo → toda essa fisiopatologia do Diabetes Mellitus Gestacional ocorre devido à placenta. Assim, a placenta começa a crescer e a produzir os hormônios diabetogênicos e o pâncreas, por sua vez, começa a produzir insulina. Porém, muitas vezes, um desequilíbrio ocorre devido ao fato de que a quantidade de hormônios produzidos pela placenta é maior do que a quantidade de insulina produzida pelo pâncreas, fazendo com que haja a necessidade de haver a produção ou o fornecimento de insulina exógeno para tentar equilibrar esse quadro. Caso não se tente equilibrar essas alterações, a glicose produzida em decorrência dos hormônios diabetogênicos da placenta junto à glicose 3 DIABETES MELLITUS GESTACIONAL (DMG) Gizelle Felinto produzida pela mãe passam, por difusão facilitada, para o feto, que não tem pâncreas suficiente para produzir insulina. Assim, o bebê pode crescer bastante e aumentar sua diurese, tendo como consequências, respectivamente, a macrossomia e o polidrâmnio COMPLICAÇÕES DO DIABETES GESTACIONAL ➢ Macrossomia Fetal: • O bebê é grande e apresenta ombros largos • Assim, caso nasça de parto normal, esses bebês podem ter distocia de ombro (quando sai a cabeça pelo canal e o ombro fica), sendo necessário fazer algumas manobras para que esse ombro passe pelo canal • Muitas vezes, esses bebês nascem com sequelas, principalmente hipóxia ➢ Morte fetal de causa desconhecida: • Exemplo: quando o bebê estava bem, mas, de um dia para o outro, a gestante chega afirmando que o bebê não está se mexendo. Assim, quando o médico verifica, realmente ocorreu o óbito fetal • Isso ocorre porque há uma cetoacidose e, consequentemente, uma hipoglicemia e deixa-se de passar oxigênio para o feto, causando essa morte fetal ➢ Parto prematuro: • Ocorre principalmente devido à Sobredistensão Uterina (que é o Polidrâmnio) e também pela macrossomia fetal, pois, muitas vezes, o útero não suporta mais essa carga, não havendo espaço para que ele distenda, fazendo com que essa gestante entre em trabalho de parto e o bebê nasça prematuro • Esse polidrâmnio ocorre devido à hipoglicemia e, consequentemente, uma das queixas do diabetes descompensado é a poliuria e a polidipsia ➢ Hipoglicemia neonatal: • Quando o bebê nasce, não há mais a placenta para lhe dar suporte. Assim, quando se corta o cordão umbilical, o bebê tem altas taxas de insulina (hiperinsulinemia), pois o seu pâncreas já está acostumado com essa grande produção, e a glicose que ele recebia da mãe não será mais recebida. Devido a isso, esse bebê apresentará hipoglicemia ➢ Síndrome da Angústia Respiratória (SAR): • Ocorre devido ao fato de os bebês de mães diabéticas terem uma diminuição da produção de Sulfactante no 3º trimestre, fazendo com que eles tenham a Síndrome da Angústia Respiratória ➢ Hipocalcemia ➢ Hipomagnesemia ➢ Hiperbilirrubinemia ➢ Obesidade e Diabetes tipo 2 para crianças a médio e longo prazo: • Além disso, as mães com diabetes gestacional também podem desenvolver Diabetes Mellitus tipo 2 ➢ Malformação fetal (cardíaca, anencefalia, espinha bífida, agenesia sacral, artrogripose): • Principalmente em gestantes com diabetes prévio • Malformações Cardíacas → Ex: Comunicação Interatrial (CIA), Comunicação Interventricular (CIV), Coarctação de Aorta... • Anencefalia → pode ocorrer devido ao diabetes ou à deficiência de ácido fólico • Agenesia Sacral → também chamada de Síndrome de Regressão do Tubo Caudal (esses bebês não têm os membros inferiores) DIAGNÓSTICO ➢ CONSIDERAÇÕES GERAIS: • “A investigação de DMG deve ser realizada em todas as gestantes sem diagnóstico prévio de Diabetes Mellitus” • “A utilização de fatores de risco como forma de rastreamento apresenta baixa sensibilidade” • Muitas vezes, as gestantes diabéticas não querem fazer o tratamento, pois um dos princípios do tratamento é a mudança alimentar (menor ingestão de açúcares), e as gestantes acreditam que fazer dieta e diminuir essa ingesta de açúcar faz com que os bebês nasçam desnutridos, por exemplo • Antigamente, cada Estado tinha um protocolo diferente em relação ao diagnóstico do DMG, fazendo com que, muitas vezes, uma gestante de um Estado fosse diagnosticada com diabetes, mas, quando utilizado o protocolo de outro Estado, ela não apresentava diabetes gestacional. Devido a essas disparidades, viu-se a necessidade de realizar um protocolo para todo o país, que tivesse testes com melhor sensibilidade e especificidade, além de uma boa viabilidade financeira e disponibilidade técnica • Assim, foi criando um protocolo para todo o Brasil em 2017 → Protocolo Febrasgo, Ministério da Saúde, Organização Pan-Americana da Saúde e Sociedade Brasileira de Diabetes ➢ PROTOCOLO 2017: • Glicemia de Jejum (GJ): ▪ Toda gestante até 20 semanas de gestação deve realizar. Assim, a glicemia de jejum deve ser solicitada já na primeira consulta pré-natal ▪ GJ < 92 mg/dL → realizar Teste Oral de Tolerância à Glicose (TOTG) com 75g de glicose anidra (o ideal é que seja feito entre a 24ª e a 28ª semana de gestação) Macrossomia Fetal Anencefalia Artrogripose Regressão do tubo caudal 4 DIABETES MELLITUS GESTACIONAL (DMG) Gizelle Felinto ▪ GJ ≥ 92 mg/dL e < 126 mg/dL → Diabetes Mellitus Gestacional (DMG) ▪ GJ ≥ 126 mg/dL → Diabetes Mellitus prévio • Teste Oral de Tolerância à Glicose (TOTG): ▪ Com Glicose Anidra ou Dextrosol: ✓ É preferível o uso da glicose anidra, pois tem melhor absorção e a gestante vomita menos ▪ Deve-se solicitar quando a Glicemia de jejum for menor que 92 mg/dL ▪ O ideal é que seja solicitado entre a 24ª e a 28ª semana de gestação ✓ Porém, isso não significa dizer que o TOTG não pode ser solicitado após a 28ª semana, por exemplo ✓ Pode-se solicitar em qualquer momento, mas o ideal é entre 24 e 28 semanas ▪ Se o início do pré-natal for tardio (acima de 20 semanas) e a gestante não fez Glicemia de Jejum → aguarda-se até que ela chegue às 24 semanas para que se realize o TOTG ▪ Como é feito → colhe-se a glicemia da paciente 3 vezes 1. Em jejum → o valor para o diagnóstico de DMG é entre 92 e 126 mg/dL 2. 1 hora após a glicose anidra → o valor para o diagnóstico de DMG é ≥ 180 mg/dL 3. 2 horas após a glicose anidra → o valor para o diagnóstico de DMG deve ser ≥ 153 e ≤ 199 mg/dL ▪ Para o diagnóstico: ✓ 1 valor de glicemia alterado → Diabetes Mellitus Gestacional ✓ Glicemia de Jejum ≥ 126 mg/dL ou 2ª hora com valor de glicemia alterado (≥ 200 mg/dL) → Diabetes Mellitus prévio SEGUIMENTO APÓS O DIAGNÓSTICO DE DIABETES ➢ ASSISTÊNCIA PRÉ-NATAL: • Encaminhar para o: ▪ Serviço de referência ▪ Nutricionista → orientar a dieta ▪ Endocrinologista → acompanhamento do Diabetes • Antes de encaminhar para os serviços de referência, o médico da UBS já pode fazer algumas orientações para a paciente: ▪ Diminuição do consumo de carboidratos e açúcares • Orientar, até 12 semanas de gestação, o uso de: ÁCIDO FÓLICO → pois algumas malformaçõesque ocorrem pela deficiência de ácido fólico também ocorrem em decorrência do diabetes descompensado • O pré-natal deve ser compartilhado → tanto no de alto risco quanto no de risco habitual • Número de consultas: ▪ Consultas quinzenais → até a 32ª semana ▪ Consultas semanais → da 32ª semana até o parto • Primeiro Trimestre → solicitar: ▪ Ultrassonografia (com 12 semanas de gestação): ✓ Avalia a Transluscência Nucal (TN) e as malformações fetais • Segundo Trimestre → solicitar: ▪ Ultrassonografia Morfológica (entre 20 e 24 semanas) ▪ Doppler Fetal (na 26ª semana): ✓ Pois se a paciente for Diabética prévia, ela pode ter vasculopatias. Por isso que também se solicita o doppler fetal ▪ Ecocardiograma fetal (entre a 24ª e a 28ª semana): ✓ Não se esquecer de solicitar o ECO fetal, principalmente se a paciente for diabética prévia ✓ Avalia se existe ou não uma malformação cardíaca ✓ Não é disponibilizado para todas as gestantes diabéticas pelo SUS! → assim, solicita-se apenas para a gestantes que são diabéticas prévias. E, mesmo assim, é necessário internar essas pacientes para que se possa realizar esse ECO fetal, pois ambulatorialmente o SUS não cobre • Terceiro Trimestre → solicitar: ▪ Ultrassonografia: ✓ Deve ser realizada mensalmente até o parto ✓ Principalmente para avaliar a quantidade de líquido amniótico e o peso fetal ▪ Mobilograma (a partir de 28 semanas) → registra os movimentos fetais • MONITORIZAÇÃO GLICÊMICA (padrão-ouro): ▪ É o método padrão-ouro para o seguimento da gestante diabética ▪ Essa monitorização é feita por meio da Glicemia Capilar (HGT), fazendo-se o Mapa Glicêmico ▪ Faz-se uma solicitação para que a gestante consiga pegar o glicosimetro pelo SUS. Porém, a depender da cidade, ela tem que comprar as agulhas e fitas (esse é o grande problema, pois as fitas são caras) ▪ Glicemia Capilar (HGT) → Mapa Glicêmico ✓ Deve ser feita 30 minutos antes do café/almoço/jantar e 1 hora ou 2 horas após o café/almoço/jantar o Porém, se a gestante não tiver condições de medir essas 6 vezes → pede-se para que ela faça a medição 2 vezes (uma em jejum e uma 1 horas após a refeição) ✓ Valores esperados para o controle glicêmico: o Antes das refeições → até 95 mg/dL o 1 hora após as refeições → até 140 mg/dL o 2 horas após as refeições → até 120 mg/dL • UROCULTURA → Deve ser realizada nos três trimestres da gestação (no 1º, 2º e 3º trimestre) ➢ INTERNAÇÃO HOSPITALAR: • Indicação → quando não houver controle glicêmico adequado (mapa glicêmico com mais de 30% dos valores alterados) 5 DIABETES MELLITUS GESTACIONAL (DMG) Gizelle Felinto • Deve ser internada na enfermaria, para que seja feito esse controle glicêmico TRATAMENTO ➢ O tratamento baseia-se no seguinte: 1. Dieta + Exercícios Físicos + Mapa Glicêmico → após 2 semanas, deve-se a avaliar se houve controle glicêmico 2. Tratamento Medicamentoso → deve ser iniciado quando, após 2 semanas de dieta e exercícios físicos, não houver controle da glicemia ➢ DIETA: • A gestante deve ingerir apenas: ▪ 40 a 45% de carboidratos ▪ 15 a 20% de proteínas ▪ 30 a 40% de gorduras • Ganho de peso adequado → 300 a 400 g/semana • Deve haver um bom controle metabólico • Índice de Massa Corpórea (IMC) da gestante e o ideal de peso que ela deve ganhar durante a gestação: ▪ IMC entre 18,5 e 24,9 kg/m2 → 11,5 a 16 kg ▪ IMC ≥ 30 kg/m2 → 5 a 9kg • Adoçantes artificiais → é preferível que não faça uso, mas em gestantes que insistem no uso do açúcar, pode-se substituí-lo por adoçantes como: ▪ Aspartame, Acessulfame-K ou Sucralose (Classe B) ▪ Sacarina ou Ciclamato (Classe C) → são mais baratos, mas é melhor que ela faça uso dos classe B ➢ EXERCÍCIOS FÍSICOS: • Deve-se estimular a prática de exercícios físicos • O ideal é que sejam feitos durante 30 minutos diários (ou 3 vezes por semana), após as refeições principais • Porém, deve-se respeitar as contraindicações obstétricas: ▪ Exemplo: paciente diabética com gestação gemelar que deseja andar de bicicleta → ela não pode realizar esse tipo de exercício ▪ Exemplo: gestante diabética com insuficiência istmocervical → ela não pode fazer exercícios físicos, pois o esforço pode fazer com que ela entre em trabalho de parto prematuro ▪ Exemplo: gestante que fazia crossfit → ela pode continuar fazendo, desde que não sejam exercícios de forte impacto. Assim, deve-se substituir esses exercícios mais pesados por alguns mais leves ➢ MONITORAMENTO DA GLICEMIA CAPILAR: • O ideal é que seja feito 4 a 7 vezes ao dia pré e pós prandiais, principalmente nas gestantes que usam insulina • Se, após 2 semanas de dieta e exercícios físicos, não houver bom controle glicêmico (mapa glicêmico mais de 30% dos valores alterados) → iniciar o tratamento farmacológico ➢ TRATAMENTO FARMACOLÓGICO: INSULINA: ▪ É a principal droga de escolha ▪ Dose inicial: ✓ 0,3 a 0,5 UI/Kg/dia ▪ Tipos que podem ser utilizados: ✓ Insulina NPH: o É a principal a ser utilizada ✓ Insulina de ação Rápida (NovoRapid®): o Pode ser utilizada como alternativa à insulina NPH ✓ Análogos da insulina: o Asparte o Lispro o Detemir ✓ Insulina Regular → seu uso é reservado para os picos hiperglicêmicos METFORMINA: ▪ Não é a droga de primeira escolha, mas pode sim ser utilizada ▪ Estudos não mostram que a metformina tem efeitos deletérios ▪ Indicações: ✓ Quando a gestante é diabética prévia e já faz uso de Metformina ✓ Quando a gestante não deseja usar a insulina ✓ Quando a gestante não sabe aplicar e não tem quem aplique a insulina ✓ Nos casos em que a gestante não tem acesso à insulina GLIBENCLAMIDA: ▪ Seu uso ainda não foi autorizado pelo Ministério da Saúde ▪ Pode causar: ✓ Hipoglicemia neonatal ✓ Maior ganho de peso materno ✓ Maior ganho de peso neonatal ✓ Macrossomia PARTO ➢ CARACTERÍSTICAS GERAIS: • 80 a 90% dos casos de Diabetes Mellitus Gestacional podem ser tratados apenas com a dieta, conseguindo-se chegar até o termo com essa gestação • Quando se tem uma gestante diabética em tratamento, não se deve esperar que ela entre em trabalho de parto espontaneamente. Assim, não é possível levar essa gestação até 41 a 42 semanas, por exemplo, pois, com o envelhecimento da placenta, ocorre uma diminuição dos hormônios diabetogênicos (principalmente do hormônio lactogênico placentário), havendo, assim, uma probabilidade de ocorrer uma diminuição da produção da glicose. Porém, o organismo está acostumado a uma grande produção de insulina (hiperinsulinemia). Dessa forma, nessas últimas semanas do terceiro trimestre o bebê começa a apresentar hipoglicemia e, consequentemente, pode vir a óbito. É por isso tudo que existe uma idade gestacional determinada para que a mulher venha a ter o seu bebê ➢ Atenção → NÃO se indica cesariana para toda Gestante Diabética. A via de parto é uma decisão obstétrica! 6 DIABETES MELLITUS GESTACIONAL (DMG) Gizelle Felinto ➢ IDADE GESTACIONAL DETERMINADA PARA O PARTO DE ACORDO COM O QUADRO CLÍNICO DE CADA GESTANTE: • 37 semanas de gestação: ▪ Diabetes Mellitus Prévio Descompensado (Ex: com polidrâmnio e macrossomia) ▪ Diabetes Mellitus Gestacional (DMG) descompensado (Ex: com polidrâmnio e macrossomia) • 38 semanas: ▪ Diabetes Mellitus Prévio ▪ Diabetes Mellitus Gestacional em uso de Insulina • 39 a 40 semanas: ▪ Diabetes Mellitus apenas com dieta ➢ PARTO DE INÍCIO ESPONTÂNEO → quando a gestante diabética chega ao hospital com trabalho de parto espontâneo, deve-se realizar as seguintes condutas: • Manter acesso venoso com infusão contínua de glicose • Monitorar a glicemia a cada hora: ▪ Os níveis devem permanecer entre 70 e 140 mg/dL ➢ CESARIANA: • Indicações de cesariana em mães diabéticas: ▪ Bebê macrossômico (devidoao risco de distocia de ombro) ▪ Diabetes descompensado ao ponto de causar uma macrossomia ou um parto pélvico, por exemplo ▪ Gestante diabética que apresenta outra comorbidade que necessita da realização de uma cesárea • Cesárea programada: ▪ Deve-se suspender a insulina NPH ▪ Deixar a paciente em jejum ▪ Infundir solução de Glicose a 5 ou 10% endovenosa ▪ Monitorar a glicemia capilar a cada hora → deve ficar entre 70 e 140 mg/dL PÓS-PARTO ➢ Características gerais: • Mesmo após o parto ainda se deve ter cuidados com essa paciente, principalmente se ela for diabética prévia ➢ DIABETES MELLITUS GESTACIONAL → em gestantes que tiveram apenas a diabetes gestacional (não eram diabéticas prévias), pode-se: • Liberar a dieta para diabético já no primeiro dia pós-parto. Porém, essa dieta tem que ser saudável ✓ Iniciar primeiramente o consumo de alimentos mais leves (Ex: não se alimentar logo no primeiro dia com um pote de doce de leite) ✓ Introduzir o açúcar aos poucos • Monitorizar a Glicemia Capilar ainda nas primeiras 24h do pós-parto • Estimular o aleitamento materno por mais de 3 meses • Realizar Teste Oral de Tolerância à Glicose (TOTG) 6 semanas após o parto: ▪ TOTG alterado → tratar paciente como diabética prévia ▪ TOTG normal → realizar Glicemia de Jejum anualmente • Orientar as pacientes com DMG de que elas podem desenvolver Diabetes Mellitus tipo 2 (DM2) futuramente ▪ 15 a 50% das mulheres com Diabetes Mellitus Gestacional desenvolvem diabetes ou intolerância à glicose após a gestação ▪ Assim, para evitar o DM2, mulheres com DMG devem ser orientadas a: ✓ Reduzir o peso corporal ✓ Manter atividades físicas regulares ✓ Evitar contraceptivos a base de progesterona • Em pacientes que continuarem apresentando intolerância à glicose está indicado o uso de METFORMINA
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