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Práticas Educativas II Os sete buracos negros da educação citados no texto fazem referência aos sete principais problemas presentes na educação segundo o autor, para Edgar esses contratempos não somente apresentam-se de maneira geral ou específica em determinados níveis educacionais, como o programa educativo escolar, universitário ou até mesmo secundário, sendo decorrentes de necessidades tanto gerais quanto específicas em cada particularidade ou semelhança. A partir disso, o autor teoriza sobre os sete saberes necessários à educação no futuro, onde diz que esses saberes são, de certa forma, ignorados ou negligenciados por parte de alguns programas educativos, tornando então a carência de uma análise sobre como essas atitudes por parte de instituições educativas provocam falhas nos jovens estudantes, tendo em vista que eles participam ativamente no desenvolvimento de seus estudantes, que em um futuro próximo, também se tornarão cidadãos ativos que pertencem a uma sociedade, desempenhando diferentes funções. O primeiro buraco negro se relaciona ao conhecimento, sendo ele o objeto principal de estudo, mas que muitas vezes é abordado de maneira que aprendemos determinados assuntos, mas não entendemos a real definição de conhecimento, visto que nos é geralmente fornecido conhecimentos, mas nunca o que, realmente, significa o conhecimento em sua complexidade. Tendo em vista que a chave do conhecimento é o erro e a ilusão, cabe identificar que no decorrer do tempo houveram diferentes traduções da realidade, isso se dá pelo simples fato de que quando analisamos conceitos antigos que naquela época pareciam corretos e com o tempo descobrimos a ausência de veracidade, logo, pode-se concluir que o conhecimento não é uma leitura única e concreta da realidade, mas sim uma tradução dela, que pode ser ou não verídica e pode divergir entre pessoas da mesma época que possuem visões e leituras diferentes do mundo. Logo, pelo fato de essas traduções serem percepções de mundo, elas comportam certa probabilidade de erro, o que faz com que seja ainda mais complicado concretizar e validar ideias baseadas em leituras e reconstruções da realidade, além disso, como abordado pelo autor, é complicado distinguir alucinação de percepção, dado que dependemos de outras pessoas para validar a realidade, visto que as ideias podem nos enganar e distorcer a realidade. O segundo buraco negro diz respeito ao fato de não ensinarmos as condições para um conhecimento pertinente, ou seja, um conhecimento que não fragmenta o objeto. É evidente a importância e necessidade de ensinar as disciplinas que nos auxiliam a desenvolver e transformar o mundo ao nosso redor, porém, o que acontece é que a separação dessas disciplinas causam um sentimento de independência entre elas, tornando suas conexões invisíveis. Nesse caso, a capacidade de obter um conhecimento pertinente não está relacionado à somente conhecer fórmulas matemáticas ou o que foi a Primeira Guerra Mundial e sim, entender cada situação e conseguir colocá-las em contexto. Com o ensino fragmentado das disciplinas, os alunos criam uma dificuldade maior de raciocinar e relacionar aspectos que para eles não possuem relação alguma, como, por exemplo, quando as ações da bolsa despencam, claramente existem diversos fatores voltados para a economia, como o que causou a queda ou quais as alternativas para reverter a situação, mas, além disso, é possível analisar fatores sociais voltados aos trabalhadores que, como seres humanos possuidores de sentimentos e emoções, sentirão medo e pânico. O terceiro buraco negro é sobre a identidade humana, esta que diz respeito a quem somos, de onde viemos, para onde almejamos ir e para onde provavelmente iremos. No entanto, pouco é discutido sobre a identidade humana, na biologia é abordado aspectos biológicos, na psicologia é debatido assuntos psicológicos, porém, a identidade humana ainda é um enigma, dado que há uma enorme dependência entre a sociedade, os indivíduos e a espécie. Algumas questões importantes ainda são deixadas de lado, como que por mais únicos e singulares que aparentemos ser, continuamos fazendo parte de uma pequena parcela de um gigante cosmos repleto de pontos de interrogações, corroborando que, dessa vez, não estamos mais visando conquistar o mundo, como acreditava Descartes, Bacon e Marx, mas sim, civilizar o pequeno planeta em que vivemos. Portanto, é importante entendermos nossa dependência e unicidade, já que somos indivíduos, cada um com um papel para desenvolver na sociedade, o que nos torna importantes e necessários, dado que não existe sociedade sem os indivíduos, além disso, não devemos somente visualizar os indivíduos como homogeneidade, mas sim também entender que a diversidade é um fator que nos diferencia ou nos torna similares, logo, a análise da identidade humana deve ser feita em base desses dois fatores, considerando a unicidade e diversidade presentes em uma sociedade. O quarto buraco negro se baseia na compreensão humana, que nunca é abordada de maneira efetiva, pelo fato de que não somos ensinados a compreender as pessoas ao nosso redor. A palavra compreender se relaciona a capacidade de analisar e juntar todos os elementos da explicação, o que não está incerto, mas quando se diz respeito a compreender pessoas, há uma verificação mais profunda, visto que sentimentos são um dos fatores a serem analisados e compreendidos, como, por exemplo, diferenciar se uma pessoa está chorando de tristeza ou felicidade, o que necessita de empatia e uma sensibilidade maior para que o entendimento ocorra. Logo, a compreensão é algo bem mais difícil de se obter, não só para o entendimento do próximo, mas também o auto conhecimento, para que sentimentos individualistas e propriamente excludentes não aumentem. O quinto buraco negro está relacionado com a incerteza, por mais que somente sejam ensinados as certezas, como a teoria já comprovada de Albert Einstein, que diz respeito a gravitação. É importante entendermos que fazemos parte de um processo de ramificação da evolução, e que nós não somos o resultado dessa evolução, mas que apenas conseguimos desenvolver habilidades e capacidades que nos tornam, de alguma forma, mais propensos ao desenvolvimento e entendimento pessoal e coletivo. No entanto, esse processo de evolução, não só dos seres humanos, mas de todas as espécies geralmente, é marcado por diversas catástrofes, como o asteroide que atingiu à terra dizimando centenas de seres vivos e consequentemente extinguindo os dinossauros, além disso, é possível identificar acontecimentos parecidos na história da evolução humana, onde muitas vezes, escolhas feitas pela própria sociedade ou um grupo pertencente dela causaram resultados catastróficos para sua própria história, o que evidencia a incerteza que está presente em tudo que decidimos e executamos, pois, enquanto algumas podem causar o desenvolvimento, outras corroboram apenas a autodestruição. O sexto buraco negro se relaciona à condição planetária, que se baseia em um aspecto revisitado graças ao processo de globalização, que faz com que tudo esteja interligado direta ou indiretamente, porém, tal aspecto ainda não é efetivamente empregado no ensino, o que deixa a situação mundial um tanto quanto alarmante, dado que caminhamos em conjunto para acontecimentos letais a vida na terra, como a ameaça nuclear, ecológica e a degradação da vida planetária. Por mais que existam grupos que se preocupam com a situação mundial, ainda é mínimo em consideração ao conjunto, o que torna evidente a indiferença para com assuntos que possuem elevada carga de importância, mas que de alguma forma são negligenciados. Logo, é necessário o debate sobre o futuro da humanidade e os problemas que assolam o nosso planeta, não somente em uma escala minimizada observando aquilo que é mais recorrenteou aparentemente mais letal, mas sim uma análise completa, visando interligar os problemas e encontrar soluções efetivas ou que apresentem probabilidades satisfatórias de sucesso, dado que nós, como parte da sociedade que vive em um planeta assolado por problemáticas sejam elas sociais ou naturais, temos o dever de corrigi-las e garantir que não venham a acontecer novamente, pelo menos não devido à negligência humana. O sétimo e último buraco negro está associado a problemas de moral e ética diferentes entre culturas e na sociedade humana, o que pode ser denominado por Antropo-ético. Aspecto interligado a capacidade do ser humano de reconhecer seu papel individual e coletivo na sociedade que faz parte, não somente em um âmbito onde o indivíduo reconhece seu coletivo como sendo apenas aqueles que compartilham dos mesmos pensamentos e ideologias parecidas, mas enxergando o conjunto mundial, assim, reconhecendo todo o planeta como uma sociedade, que por mais que possua características diferentes, caminham para um mesmo propósito mundial, já que compartilham o mesmo lugar, o planeta terra. Ou seja, temos que nos conscientizar e entender que todas as causas são importantes, pois fazemos parte de um conjunto que no fim, terão as mesmas consequências se algum colapso mundial acontecer. Logo, tendo como base esses sete buracos negros no ensino, o autor espera que ocorra a busca por uma educação que ao invés de fragmentar disciplinas, tornando diversos aspectos presentes nas entrelinhas invisíveis, seja objetivado a busca pela unicidade e dependência que diversas matérias possuem e que com essa junção, o mundo possa ser observado e analisado de uma maneira mais ampla, que englobe cada particularidade e diferença, para que assim possamos caminhar para o desenvolvimento coletivo que por mais que pareça distante, é um simples fruto do trabalho coletivo que busca no fim, a civilização mundial.