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Psicanálise com Crianças - Teresinha Costa - Psicanálise Passo a Passo (Resenha do Livro)

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Aluno: João Guilherme Andes Rodrigues 201808375033
Resenha livro
Psicanálise com Crianças – Teresinha Costa
	Para começar a falar sobre psicanálise com crianças é necessário entender a contexto histórico e cultural ocidental sobre as crianças, pois, basicamente antigamente as crianças eram vistas como como mini adultos. Philipe Ariès inicia os estudos passando a demonstrar que a definição de criança se modificou entre a idade Média e o século XX. Conforme analisa pinturas, diários, esculturas e vitrais produzidos na Europa “forja” a expressão sentimento de infância para designar “a consciência da particularidade da infantil, essa particularidade que distingue essencialmente a criança do adulto”. Esse sentimento que aparece a partir do século XVII e mostra que não existia uma consciência crítica sobre as particularidades intelectuais no desenvolvimento comportamental, emocional ou até mesmo natural de crianças. Na idade Média a partir do momento em que se desenvolvia autonomia básica, as crianças passavam a ter vida de adulto. Muitas vezes não existia apego emocional pelo fato de muitas crianças não sobreviverem e por esse motivo não havia o sentimento de perda irreparável. Desenvolvia-se muito com a comunidade e pouco com os próprios pais. Sobre a sexualidade até o século XVI era absolutamente natural adultos fazendo brincadeiras, alusões sexuais na presença de crianças. Para Ariés único momento onde existia uma “paparicação” era quando a criança ainda era um bebe engraçadinho recebendo um tratamento superficial.
	A partir da Renascença, ocorre a privatização do espaço doméstico e essa divisão entre a particularidade e o espaço público estabelece um grupo coeso “familiar”, criando novos padrões e divisões dentro das famílias, preparando as crianças para o futuro, passa-se a pensar além da distração e brincadeiras, mas também pelo interesse psicológico e preocupação moral. Do século XVII até o século XVIII, a inocência infantil precisa ser preservada e a educação também se torna preocupação das famílias. Foi um longo processo para se desenvolver essas novas definições. Em “um amor conquistado: o mito do amor materno”, de Elisabeth Badinter ainda demonstra como a criança poderia ser um estorvo para os pais, tendo início no pensamento de Santo Agostinho, onde a infância pode ser um indicio da corrupção dos pais. Nesse sentido caberia aos pais terem uma atitude rigorosa com os filhos, esse pensamento perdurou por muitos anos trazendo uma atmosfera de frieza nas famílias. Gradativamente esse pensamento vem sendo modificado. Jean-Jacques Rousseau ao contrário de santo Agostinho, a criança pode ser educada e não simplesmente instruída, que a naturea humana é maleável e mutante. Rousseau elabora manuais para educadores traçando linhas gerais que deveriam ser seguidos para que fossem formados bons adultos. Os pensamentos de Rousseau eram amplamente aceitos pelos grandes pedagogos da Europa. É importante ressaltar que no século XVII, a igreja já se preocupava em afastar as crianças de assuntos ligados a sexo. Ariès afirma que o sentido da inocência resultava em uma dupla atitude moral em relação a infância. 
	Com a ascensão do capitalismo, os valores individuais ganham mais importância e a criança passa a ser vista como um investimento, força de produção a longo prazo, adotando um modelo pedagógico para educa-la com o objetivo de assegurar o futuro da civilização. Esse sentimento de responsabilidade para pela formação da criança também passa para a vida familiar, incluindo elementos como preocupação com a higiene e a saúde física, criança assume um lugar central dentro da família. Já nos séculos XIX/XX, há uma preocupação mais ampla e sistemática sobre uma educação mais formal. Psicologia e Pediatria se desenvolvem rapidamente, cada vez mais se ancora em estudos para se produzir praticas educativas e saneadoras. Passando a pesar o desenvolvimento principalmente por ser suscetível às influências externas. Estudos mais amplos resultaram na desqualificação da família, tornando os pais submissos a ciência, que a partir disso pode ser capaz de instruí-los quanto a forma correta de conduzir a educação das crianças. Na perspectiva histórica podemos observar que passamos de um total desconhecimento da criança, à um discurso ideológico sobre a infância. 
	Os primórdios da psicanálise com crianças: A partir dos momentos históricos passados surgem os estudos de Freud, partindo da escuta de suas pacientes histéricas, desenvolve primordialmente a teoria da sedução., encontrando a etiologia das neuroses dos adultos em experiências sexuais traumáticas na infância. No entanto fracassos clínicos levam a abandonar essa teoria. Reconhece que algumas cenas de sedução não teriam necessariamente ocorrido, podendo os sintomas histéricos serem fantasias impregnadas de desejo, a realidade psíquica era a determinante, e não realidade factual. Esse momento histórico relevante mostra que não são mais os fatos da infância, mas a realidade psíquica. Ocorre uma modificação no conceito de infância e passa a ser vista a partir de um registro genético e cronológico. O efeito traumático é passivelmente confrontado com a sexualidade do adulto, Através dos cuidados e do desejo materno, a criança é introduzida no campo da sexualidade. Os conceitos sobre essa sexualidade infantil são introduzidos a partir da teoria do complexo de édipo, quando Freud apresenta para o mundo uma nova criança, em três ensaios sobre a teoria da sexualidade, onde se ressaltam as características da sexualidade infantil. Criança perverso-polimorfo com pulsões parciais e zonas erógenas, ou seja, a sexualidade infantil é pré-genital-ora e anal e as pulsões tendem a ser isoladamente auto erótica, uso do próprio corpo como objeto de satisfação. Com conceito de pulsão Freud começa a apresentar como as funções se manifestam nesse desenvolvimento. 
	A supervisão feita por Freud no caso do pequeno Hans deu início aos estudos com crianças, pretendendo comprovar seus descobrimentos sobre a sexualidade infantil. Articulando as teorias sexuais infantis ao complexo de Édipo, demonstrando a realidade psíquica das crianças que pode se assemelhar aos adultos em suas angústias, fantasias e desejos. O caso proporciona as primeiras confirmações sobre as crianças e as interpretações do pai ilustram as potencialidades do tratamento psicanalítico com crianças. Estabelecendo três parâmetros indispensáveis, a demanda, a transferência e a interpretação. Demanda: normalmente formulada pelos pais; a transferência: no caso das crianças, a junção da autoridade paterna com a autoridade médica. No entanto, seguindo os estudos, filha de Freud, Anna, reúne a autoridade do analista e do pai em uma só pessoa. Ocorre uma ascendência familiar e a transmissão psicanalítica confundem-se e mesclam-se quando Anna passa a acompanhar o pai, por fim sendo a guardiã do conhecimento, pois, ambos dividiam a mesma sala de espera de seu trabalho clinico. Por fim a interpretação, que foi demonstrada por Freud com a interpretação das fobias, medos e desejos possibilitando a cura da neurose. A descoberta por Freud sobre o brinquedo como recurso foi apresentada no artigo “ o poeta e o fantasiar” introduzindo a ideia do brincar. A criança tem características que não podem cumprir a regra fundamental da análise, a regra da associação livre. Não podemos esperar a criança ficar adulta para falar sobre suas dificuldades e também não podemos deixar ela livre senão ela brinca com o que encontra pela frente. 
	Após essas constatações entre 1920 e 1940, ocorre a verdadeiro nascimento da psicanalise com crianças por seus primeiros analistas: Hermine von Hug-Hellmuth, Anna Freud e Melane Klein. Cada uma dessas teorias proporcionam um modelo de trabalho decorrente do entendimento desses teóricos. 
	Hermine Von Hug-Hellmuth: Inicia professora primaria, e aos 36 anos inicia a analise com Isidor Sadger, em 1913, torna-se membro da sociedade Psicologica das Quartas-Feiras, tendo um lugar de destaque. Sendo umas das pioneiras, até suamorte dirigiu o serviço psicanalítico de ajuda e educação em Viena. Visitava crianças em seus lares para observar enquanto participavam de atividades lúdicas, nas suas analises utilizava jogos e desenhos. Suas primeiras publicações foram muito valiosas, pois, confirmavam os conceitos de Freud sobre a primeira infância, desaprovava analisar crianças muito pequenas pois poderia prejudicar, ao invés de ajudar em seu desenvolvimento fortalecendo as tendências impulsivas da criança. Sobre alguns pontos podemos perceber que Anna Freud e Melane Klein se utilizam no futuro de algumas de suas afirmações. Quando Hermine iniciava seus estudos com crianças também começavam a realizar esses tipos de estudo e tratamentos em outros lugares da Europa; Anna Freud, lutou para ser reconhecida pelo pai, sendo impossibilitada de entrar na faculdade de medicina, ingressa no ensino primário, desde cedo se interessa pela psicanálise, na época não existiam escolas de formação, assistiu às conferencias de “introdução a Psicanálise”, ministradas por Freud no Hospital Psiquiátrico de Viena, tendo contato com vários jovens psiquiatras, que também começavam a se interessar pela psicanálise, torna-se analista de Freud. E no campo da psicanalise tem seus primeiros trabalhos reconhecidos “ o tratamento psicanalítico das crianças”, com influência de Hermine Von Hug-Hellmuth expõe os princípios da analise infantil, estudando e observando o comportamento, desenvolvendo novas observações, forneceu uma orientação prática aos professores. Quanto ao tratamento diferencia a análise de crianças e adultos, estabelecendo uma forma de entender os sintomas e a necessidade de tratamento, propondo uma separação, de entrevistas preliminares para produzir artificialmente uma demanda de analise, ou seja, conscientizar a criança de seu sofrimento e a necessidade de ser ajudada a se livrar de seus sintomas, tentando mostra seus pontos principais. Apontando pontos sobre a associação das crianças com os adultos, e defendendo a tese que se refere ao destino das análises. A importância dos seus trabalhos propõe uma análise pedagógica; Melane Klein, nasce em Viena 1882, tem a vida marcada por perdas, após casamento em 1910 muda-se para Budapeste, tem três filhos que são analisados por ela. Vem a se torna psicanalista e membro da sociedade de psicanalise. Começa seu interesse pela Psicanálise com o texto de Freud “sobre os sonhos” em 1914 quando tem seu terceiro filho. Apresenta o desenvolvimento das fobias com um caso conhecido do pequeno homem-galo, atribuindo o desenvolvimento da fobia o menino projetas nesses animais o medo, que sentia do pai, tal como no caso Hans. Sua intenção era proporcionar ao filho uma educação coercitiva, promovendo esclarecimento sexual da criança com o objetivo de possibilitar um desenvolvimento intelectual do menino. Partia do princípio anteriormente estabelecido por Freud de que a curiosidade sexual impulsiona o desejo do saber. Fundou a técnica de análise pela atividade lúdica com crianças. Brincar foi considerado por ela uma expressão da fantasia inconsciente. Em 1924, no VIII congresso da Associação Psicanalítica Internacional (IPA) em Salzburgo, apresenta uma comunicação sobre psicanálise com crianças, questionando certos aspectos do complexo de édipo. Haviam duas razões pela abordagem não ser bem aceita, em primeiro lugar, ela considerava que o brincar correspondia a associação livre, na análise dos adultos. A segunda razão era que ela interpretava a transferência negativa sem o habitual cultivo dos afetos positivos do paciente. Inicia seu trabalho clinico com crianças partindo do pressuposto de que a teoria psicanalítica poderia ser aplicada a crianças. Em sua prática clínica, seu principal instrumento é a interpretação, ou seja as interpretações da ação da criança são dadas diretamente a ela, mesmo na primeira entrevista, emprega uma abordagem interpretativa menos cautelosa do que Anna Freud, nomeando as angustias das crianças. Devemos a Melane Klein o lugar da criança no discurso analítico. 
As grandes controvérsias: entre os anos de 1933 e 1939, após a destruição das sociedades psicanalíticas europeias pelo nazismo a sociedade Britânica psicanalítica acolheu diversos psicanalistas que imigraram de outras partes da Europa, inclusive a família de Freud e Melane Klein. Conforme os psicanalistas começam a divulgar seus trabalhos aparecem as primeiras divergências entre os estudos e análises. Logo desencadeando uma serie de discursões cientificas que ocorrem entre o ano de 1941-1941, as grandes controvérsias, foi o rumo que estavam tomando a formação dos analistas e os desenvolvimentos teóricos. Houve uma divisão de pensamentos entre os Freudianos e os Kleinianos. Além desses grupos começaram a se formar. Inicialmente havia uma hostilidade entre os grupos, que se referiam as diferenças teóricas e técnicas relativas a psicanalise com crianças, no entanto logo as questões se tornariam políticas e diriam respeito a formação dos analistas. Esses discursões permitiram maior formulação teórica instituindo três grupos que iriam se responsabilizar pela formação dos analistas: os annafreudianos, os Kleinianos e os independentes ou grupo do meio. Nesse grupo intermediário se destaca outro psicanalista que estava dedicado ao trabalho com crianças; Donald Woods Winnicott. 
Donald Woods Winnicott: Baseando-se num extenso trabalho clinico com bebes e criaças, foi um grande teórico da psicanalise que muito contribuiu para maior compreensão da constituição subjetiva. Medico, dedicado a pediatria, nos primeiros tempos medico e pediatra constitui dois campos práticos totalmente distintos. Passou por um período de trabalho conjunto, inaugurou uma complexa relação de respeito mutuo com a Melane Klein. Tornando-se uma pessoa muito conhecida. Proferiu conferencias dirigidas aos pais, professores e médicos e a todos que precisavam compreender as dificuldades das crianças ou ao grande público. Esse período é posterior a segunda guerra, a atenção dos psicanalistas estava focada nas mães. Winnicott destacava a influência do meio ambiente no desenvolvimento psíquico, a concepção sobre a constituição subjetiva que tem efeitos sobre as práticas clinicas. 
Françoise Dolto: Colaboradora e amiga de Lacan, tornou-se, na França, uma psicanalista inovadora. Concentrou sua escuta no inconsciente e traumas genealógicos. Propondo inserir a criança na estrutura desejante da família. Para ela a criança é fruto de três desejos: o do pai, o da mãe e o do próprio sujeito. A partir dessa posição teórica, redefine o sintoma da criança como sendo também o sintoma da estrutura familiar. Afirmando que a relação com o outro é o que humaniza. Desde os primeiros dias o bebê está ligado à mãe pelo olfato e pela voz. É na relação com a falta da mãe que o sedimenta seu desejo de sobrevivência, é pelo outro que se reconhece e da sentindo as ao que é experimentado e percebido. Uma noção central em sua obra é a de imagem inconsciente do corpo, lugar de emissão e recepção de emoções. Afirma que uma das diferenças entre psicanalise com crianças e com adultos reside no faro de que essas crianças ainda não atingiram o Édipo, nem sequer atravessarem os componentes pulsionais orais e anais que o precedem. Segundo Dolto, não existe idade mínima para se iniciar uma análise. Atendia crianças pequenas e também bebês, escutava a mãe contar a história dirigia a palavra reconhecendo-o como sujeito, como um ser em devir. A cada fala significante da mãe se dirigia ao bebê, religando seus sintomas a linguagem da mãe.

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