Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
SAI IV – Hematologia Aula 1 Cecilia Antonieta 82 A 1 ANEMIAS Baixa hemoglobina no sangue. Valores limiares mínimos de hemoglobina < 2 meses 9 g/dl 2-5 meses 9,5 g/dl 6 meses-6 anos 11 g/dl Homem adulto 13 g/dl Mulher adulta 12 g/dl Mulher grávida 11 g/dl Idosos 12 g/dl Níveis de hemoglobina variam de acordo com: fase de desenvolvimento, estimulação hormonal, tensão de O2 no ambiente, idade e sexo. HEMATOPOIESE Célula-tronco – célula mieloide e linfoide (linfócitos). Célula mieloide – eritroide megacariócita (hemácias e plaquetas) e granulocítica-monocítica (granulócitos e monócitos). FORMAÇÃO DO ERITRÓCITO leva de 5-7 dias. Pró-eri- troblasto recebe ferro da transferrina (→ apotransferri- na), o núcleo sintetiza Hb, libera no citoplasma e a célula vai mudando de cor. O pró-eritroblasto evolui para eri- troblasto basófilo e em seguida para policromatófilo. À proporção que o núcleo libera hemoglobina, diminui de tamanho e a célula vai tomando forma, o núcleo é des- cartado, permanecendo resíduo de RNA e ribossomo, caracterizando o reticulócito. Esse passa no baço e o sis- tema reticuloendotelial retira os resíduos, formando a hemácia. RETICULÓCITO célula mais precoce depois do eritróci- to. Em um indivíduo normal, em cada mm3 de sangue há 100.000 reticulócitos e com a formação desses, há a morte de 100.000 hemácias. HEMOGLOBINA formada por 4 heme – protoporfirina + ferro, ligados a 4 globinas. HbA 2 cadeias alfa + 2 cadeias beta, 97% da Hb total. HbA2 2 cadeias alfa + 2 cadeias delta. HbFETAL 2 cadeias alfa + 2 cadeias gama. CICLO VITAL DAS HEMÁCIAS ERITROPOIESE medula óssea – formação do eritrócito. SANGUE 120 dias. DESTRUIÇÃO célula senescente passa pelo sistema mo- nócito-macrófago e é desconstruída para que elemen- tos fundamentais sejam reaproveitados. Divisão em membrana (lipoproteica) e hemoglobina. Hemoglobina – globina (proteína) e heme. Heme – ferro + protoporfirina. Protoporfirina – biliverdina – bilirrubina indireta – fígado– conjugada – reabsorvida ou excretada nas fezes (urobilinogênio). PREVALÊNCIA CRIANÇAS até 16 anos (cerca de 10%). MULHERES 17-49 anos (cerca de 12%). ADULTOS A PARTIR DE 65 ANOS cerca de 10%. IMPACTOS GRÁVIDA aumenta o risco de baixo peso e prematurida- de, aumenta o risco de mortalidade peri e neonatal e o inadequado estoque de ferro aumenta o risco de maior morbidade e mortalidade materna e neonatal. IDOSO aumenta mortalidade, número de hospitaliza- ções, diminui capacidade física, aumenta a incidência e gravidade das DCV, prejuízo cognitivo e aumento de demência, aumento do risco de quedas e fraturas, diminuição da qualidade de vida. HISTÓRIA CLÍNICA Profissão e ambiente de trabalho, alcoolismo, alimenta- ção, uso de medicamentos, contato com substâncias tóxicas, fluxo menstrual, doenças associadas. CONDIÇÕES QUE FAVORECEM A ANEMIA gravidez, atle- ta, deficiência nutricional, neoplasia, insuficiência renal, doença infecciosa ou inflamatória, hipotireoidismo. ANTECEDENTES PESSOAIS E FAMILIARES consanguini- dade dos pais, anemia na família, origem racial, retardo no desenvolvimento. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS decorrem da redução da ca- pacidade de transporte de oxigênio do sangue – menor oxigenação dos tecidos – mecanismos compensatórios. Critérios para diagnóstico Clínico lista de problemas – síndromes. Laboratorial lista de problemas – classificar anemia. SAI IV – Hematologia Aula 1 Cecilia Antonieta 82 A 2 SECUNDÁRIAS À HIPÓXIA fraqueza muscular, clau- dicação intermitente, tonturas, zumbidos, hipodesen- volvimento. COMPENSATÓRIOS aparelho cardiovascular e respira- tório. A intensidade depende do: grau da anemia, idade do paciente, atividade física e velocidade de instalação da anemia. Aumento do volume-minuto aumento da velocidade, taquicardia, palpitações. Redução da resistência vascular redução da viscosidade, redução da pressão diastólica, pulso periférico amplo, sopros. Redistribuição do fluxo sanguíneo vaso-constrição peri- férica, palidez e aumento da eritropoetina. IC de alto débito Diminuição da afinidade da Hb pelo oxigênio – aumento de 2,3-DPG, aumenta 25% oferta aos tecidos. SINAIS E SINTOMAS ADICIONAIS dependem da etiologia. Manifestações hemorrágicas, esplenomegalia, adeno- megalia, icterícia, dores ósseas, dores articulares, febre infecções, diarreia, manifestações neurológicas. CLASSIFICAÇÃO FISIOLÓGICA DEFICIÊNCIA DE PRODUÇÃO DE ERITRÓCITOS FALTA DE TECIDO ERITROPOIETICO destruição, esti- mulantes (EPO) diminuídos, congênita. INVASÃO DA MEDULA OSSEA POR ELEMENTOS MALIGNOS DIMINUIÇÃO DOS ELEMENTOS ESSENCIAIS À ERI- TROPOIESE ferro, folato, vitaminas B12, B6 e C. EXCESSO DE DESTRUIÇÃO (HEMÓLISE) hereditária ou adquirida. AGRESSÃO AO ERITRÓCITO toxinas, parasitas, imu- nológica. DEFEITO DO ERITRÓCITO arquitetura da membrana, enzimático, hemoglobina anormal. HIPERESPLENISMO PERDAS HEMORRÁGICAS AGUDAS traumas, cirurgias, hemorragias nos tratos gastrointestinal e genital. CRÔNICAS úlceras, tumores intestinais, parasitas intestinais e menstruações abundantes. MECANISMO DE BASE Reticulócitos jovens – anucleados. 1% dos eritrócitos. CONTAGEM DE RETICULÓCITOS até 3% e 100.000 valor absoluto. REGENERATIVA/HIPERPROLIFERATIVA reticulócitos > 100.000/mm3. CAUSA – PERIFÉRICA Hemorragias traumas, cirurgias, hemorragias no TGI. Hiperhemólise Crônicas menstruações abundantes, úlceras, tumores intestinais, parasitas intestinas e intracelulares. ARREGENERATIVA/HIPOPROLIFERATIVA reticulócitos < 100.000/mm3. CAUSA – CENTRAL medula óssea. Eritropoese ineficaz insuficiência da medula (aplasia ou neoplasia). Anemias carenciais deficiência de vitamina B12 ou B6, ácido fólico ou ferro. MORFOLÓGICA VCM (Volume Corpuscular Médio). Normal 80-100 fL. MICROCÍTICA VCM < 80 fL. NORMOCÍTICA VCM = 80-100 fL. MACROCÍTICA VCM > 100 fL. HIPOCRÔMICA HCM < 27 pg, CHCM < 32 g/dl. ALTERAÇÕES DOS ERITRÓCITOS TAMANHO – ANISOCITOSE MICROCITOSE tamanho menor do que o normal. Anemias ferropênica, talassemias e anemias sideroblásticas. Correção do percentual reticulocitário para o grau de anemia Índice de Reticulócitos Corrigido (IRC) Ht/40 x %retic ou Hb/15 x %retic. Número absoluto de reticulócitos na periferia. Índice de Produção Reticulocitária (IPR) Ht/40 x %retic ÷ 2 ou Hb/15 x %retic ÷ 2. SAI IV – Hematologia Aula 1 Cecilia Antonieta 82 A 3 *As anemias das doenças crônicas, quando severas, também poder ser discretamente microcíticas. MACROCITOSE eritrócitos de tamanho acima dos limites normais. Reticulocitose, doenças endócrinas (principalmente hi- potireoidismo), doenças hepáticas, distúrbios da medu- la óssea (especialmente as insuficiências medulares). COLORAÇÃO HIPOCROMIA coloração mais pálida que o normal, quando há redução do conteúdo de hemoglobina a aérea de palidez aumenta. Talassemias, anemias ferropênica e sideroblásticas. Anemias associadas à inflamação podem ser discretamente hipocrômicas e microcíticas. POLICROMASIA coloração róseo- azulada dos eritrócitos imaturos, particularmente reticulócitos jovens. FORMA – POIQUILOCITOSE ESFERÓCITOS eritrócitos de forma esférica porque per- deram porções de membrana. Como conservam o mês- mo conteúdo com continente menor, perdem a caracte- rística palidez central, e no esfregaço parecem ser célu- las de menor diâmetro e mais intensamente coradas. Esferocitose hereditária e anemias imuno-hemolíticas (porções de membrana com anticorpos ou complemen- to ligados a elas são removidas pelos macrófagos ou devido à ação de toxinas bacterianas. ESTOMATÓCITOS apresentam uma fenda semelhante a uma boca na região central da célula. Podem ocorrer de forma esporádica em indivíduos normais, e em numerosas situações clínicas, sendo as mais comuns o abusode álcool e a hepatopatia alcoólica. DACRIÓCITOS eritrócitos em lágrima, aparecem em algumas anemias hemolíticas e nas anemias megaloblásticas. ERITRÓCITOS EM ALVO distribuição anormal de hemo- globina pode resultar na formação de uma célula com uma mancha central de hemoglobina rodeada por uma área de palidez. Forma- dos devido ao excesso de mem- brana em relação ao volume do citoplasma que ocorre quando existe excesso de lípides na membrana, como na icterícia obstrutiva e nas hepa- topatias graves, ou quando existe redução do conteúdo citoplasmático sem redução da membrana. Talassemias, deficiência de ferro, hemoglobinopatias. DREPANÓCITOS aparecem nas doenças falciforme falci- formes (SS, SC, Sβ-talassemia). A desoxi-hemoglobina S tende a formar polímeros que se alinham em fibras paralelas, que tracionam a membrana do eritrócito que adquire a forma de foice ou crescente. ESQUIZÓCITOS hemácias frag- mentadas após passagem por endotélio vascular lesado – com deposição de fibrina associada e agregação plaquetária. Púrpura trombocitopênica trombótica, síndrome hemo- lítico-urêmica, coagulação intravascular disseminada, anemia megaloblástica, coagulação intravascular disse- minada, carcinomas dissemiandos, pré-eclâmpsia, e- clâmpsia, próteses valvares cardíacas, hipertensão ma- ligna, queimaduras graves e crise renal esclerodérmica. INCLUSÕES ERITROCITÁRIAS CORPÚSCULOS DE HOWELL-JOLY remanescentes de material nuclear presentes no interior dos eritrócitos que normalmente são removidos pelo baço. Aparecem no sangue periférico após esplenectomia ou em situações de hipoesplenis- mo e asplenia funcional. Doenças falciformes. PONTILHADO BASÓFILO pequenas e numerosas inclu- sões e contendo RNA, dispersas no citoplasma dos eri- trócitos. Podem aparecer como pontilhado fino em dife- rentes condições clínicas. Anemias hemolíticas, megaloblásticas e diseritropoiéti- cas, mielofibrose idiopática, hepatopatias, talassemias, hemoglobinas instáveis, deficiência de pirimidina 5’ nucleotidase, e intoxicação por chumbo e outros metais pesados. COPÚSCULOS DE PAPPENHEIMER inclusões basófilas pequenas, compostas de hemossiderina, presentes na periferia da célula que correspondem aos grânulos sideróticos dos siderócitos. SAI IV – Hematologia Aula 1 Cecilia Antonieta 82 A 4 Sobrecarga de ferro e hipoesplenismo. ANÉIS DE CABOT restos nucleares semelhantes a anéis azulados. Anemias megaloblásticas, hemolíticas e após esplenec- tomia. MICRORGANISMO protozoários parasitas e outros mi- crorganismos. CASO CLÍNICO Maria, mulher, 75 anos, aposentada, viúva, cor branca, natural e procedente de Atalaia-AL. QP fraqueza. HDA refere palidez e fraqueza que tiveram início há mais ou menos 3 meses e no último mês não consegue realizar as atividades domésticas de rotina. Durante a história relata uso limitado de carne vermelha. Refere episódios de diarreia aos quais não deposita muita importância. Refere uso de remédios para indigestão quando necessário e, anti-inflamatório não hormonal para artrite há 5 anos. Nega perda sanguínea, nega perda de peso, nega icterícia. Refere perda de 3 kg nos últimos 3 meses. HPP E F realizou colecistectomia aos 60 anos. Nega antecedentes pessoais e familiares de anemia. Refere tratamento de gastrite há 5 anos. Nega etilismo e fumo. EXAME FÍSICO Regular estado geral (OS = 70%), orientada, eupneia, palidez 3+/4+, anictérica e afebril. Língua normal. FÂNEROS cabelos sem brilhos, unhas quebradiças. ABDOME sem visceromegalias. MEMBROS sem alterações. SNC sinal de Romberg negativo, sensibilidade preservada, pares cranianos sem alterações. LISTA DE PROBLEMAS Cansaço progressivo, diarreia, emagrecimento, palidez, sopro sistólico (SS), cabelos sem brilho, unhas quebradiças. DIAGNÓSTICOS SINDRÔMICOS PENSADOS síndrome anêmica, síndrome gastrointestinal. EXAMES COMPLEMENTARES HEMOGRAMA Hm 4.100.000/mm3; Hb 9 g/dl; Hto 30%; VCM 73 fl; HCM 22 pg; CHCM 30 g/dl; RDW 18,5%. Microcitose, hipocromia e anisocitose. Leuco 5.500/mm3 (PN 65%; linfo 25%, mono 10%). Plaq 550.000/mm3. ECG RS com FC 80 bpm: alterações inespecíficas da repolarização. REFERÊNCIAS NAOUM, Paulo Cesar. Anemias: classificação e diagnóstico diferencial. São Paulo: Universidade Estadual Paulista, 2015. Hoffbrand, P.A.H.; Moss,J.E. Pettit – Fundamentos em Hematologia,6ª. Ed – Artmed 2013. ▪ Capítulo 2 – Eritropoiese e aspectos gerais da anemia ZAGO, MA; FALCÃO, RP; PASQUINI, R. Tratado de Hematologia. 1ª edição. Rio de Janeiro: Atheneu, 2013. ▪ Capítulo 84 – Análise do Exame hematológico. Alterações dos Eritrócitos
Compartilhar