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RETA FINAL | DPE/CE 
 
 
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CURSO RDP 
DIREITO PENAL 
APOSTILA 01 | RETA FINAL - DPE/CE 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
DIREITO PENAL 
APOSTILA 01 
 
RETA FINAL | DPE/CE 
 
 
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CURSO RDP 
DIREITO PENAL 
APOSTILA 01 | RETA FINAL - DPE/CE 
DIREITO PENAL 
 
 Faaaaaaala, galera. Iniciamos hoje os resumos de Direito Penal. Como estão os estudos de vocês? Espero 
que estejam indo bem! :D 
 
 Espero que todos vocês estejam bem! Começamos hoje nossa mais uma daquelas metas que com certeza 
farão a diferença na sua prova! Direito Penal é uma matéria muito importante para sua prova, por isso teremos 9 
apostilas. Umas com 50 páginas outras com 20. Não desanimem. O candidato que consegue atingir uma boa 
pontuação em primeiras fases não domina tudo do edital, mas com certeza teve estratégia para estudar aquilo que 
geralmente é cobrado. E isso é o que buscamos aqui. 
 
 Começaremos com pontos mais teóricos, e vamos avançando até chegarmos na parte especial do Código 
Penal, com detalhes para algumas novidades legislativas de 2021/2022, e depois entraremos nas legislações 
especiais, para só então vermos a disciplina de Criminologia, que está expressa em seu edital dentro de Direito 
Penal. 
 
 Um abraço e bons estudos. 
 
 Coordenação. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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CURSO RDP 
DIREITO PENAL 
APOSTILA 01 | RETA FINAL - DPE/CE 
1. Direito Penal: conceito, evolução histórica, fontes, objetivos. As escolas penais. O Direito Penal e o Estado 
Democrático de Direito. 
 
1. Positivismo Jurídico 
 
Olá, pessoal. Cuidaremos inicialmente desse ponto sobre a evolução histórica do Direito Penal. Sobre o 
processo de criminalização no Brasil, estudamos em Criminologia. 
 
Pois bem. O positivismo jurídico em seu nascimento na Alemanha a partir dos estudos de um autor 
chamado Binding. O que vocês precisam saber é que o positivismo jurídico tinha preferência pela cientificidade, de 
forma que excluía juízos de valor, razão pela qual o objetivo era limitado ao direito positivo. 
 
O conceito clássico de delito, segundo a doutrina, deve-se a doutrina do positivismo jurídico. Cleber 
Masson, em sua obra sobre Direito Penal (2020, p. 81), bem lembra que o positivismo jurídico conferiu tratamento 
exageradamente formal ao comportamento humano definido como delituoso: 
 
Para o autor, 
 
“Deve-se a esta doutrina (positivismo jurídico), que não se confunde com a Escola 
Positiva, o conceito clássico de delito, afastado de qualquer contribuição filosófica, 
psicológica ou sociológica. Conferiu tratamento exageradamente formal ao 
comportamento humano definido como delituoso, de forma que a conduta seria um 
mero movimento corporal que produz uma modificação no mundo exterior. A conduta, 
portanto, era meramente objetiva, vinculada ao resultado pela relação de causalidade”. 
 
Tratava-se de uma posição extremamente normativista e formal. Para seus adeptos, isso se dava pelo 
rigoroso respeito ao princípio da legalidade e a segurança jurídica. 
 
2. Neokantismo penal 
 
 O neokantismo penal também tem suas bases semelhantes ao positivismo. Seus principais teóricos foram 
Rudolf Stammler e Gustav Radbruch. Contudo, uma distinção importante entre o positivismo jurídico e o 
neokantismo pode ser observada no seguinte quadro: 
 
Positivistas Neokantistas 
Os positivistas atribuíam prioridade ao ser do 
direito. 
Os neokantistas propunham um conceito que supervaloriza 
o dever ser, mediante a introdução de considerações 
axiológicas e materiais. 
 
 Desta forma, pode-se dizer que o “neokantismo substitui o método puramente jurídico-formal do 
positivismo, acolhendo como objetivo fundamental a compreensão do conteúdo dos fenômenos e categorias 
jurídicas, muito além de sua simples definição formal ou explicação causal”. (MASSON, 2020, p. 82). 
 
 Assim, com o neokantismo, a conduta ganha um significado social, deixando de ser considerada apenas 
como um movimento corporal. 
 
 Também foram introduzidos elementos normativos e subjetivos nos tipos penais. Além disso, a ilicitude 
(substrato do crime) ganha uma concepção material, nas palavras da doutrina, “sendo aceita como lesividade social, 
com o auxílio do conceito de bem jurídico. Por sua vez, adotou-se a teoria psicológico-normativa, revestindo a 
culpabilidade com o juízo de reprovabilidade”. (MASSON, 2020, p. 82). 
 
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DIREITO PENAL 
APOSTILA 01 | RETA FINAL - DPE/CE 
3. Garantismo penal 
 
 A doutrina do garantismo penal deve ser de conhecimento obrigatório para quem estuda para Defensoria 
Pública. A principal obra sobre o tema é intitulada “Direito e Razão”, do professor Luigi Ferrajoli, considerada uma 
“Bíblia” do garantismo penal. 
 
 Essa teoria busca contribuir com a moderna crise que assola o sistema penal, desde o nascedouro até o 
final do cumprimento da sanção penal (Masson, 2020), de forma que para o autor, o garantismo penal engloba 
diversas fases: 
 
• Criação da lei penal, com eleição dos bens jurídicos tutelados, 
• Validade das normas e princípios do direito e do processo penal, 
• Respeito pelas regras e garantias inerentes à atividade jurisdicional, 
• A regular função dos sujeitos processuais, 
• As peculiaridades da execução penal 
 
Foi pensando nisso que o próprio Ferrajoli desenvolveu os chamados 10 axiomas (ou 10 princípios 
axiológicos fundamentais): 
 
1) Nulla poena sine crimine: princípio da retributividade ou da consequencialidade da 
pena em relação ao delito; 
2) Nullum crimen sine lege: princípio da reserva legal; 
3) Nulla lex (poenalis) sine necessitate: princípio da necessidade ou da economia do 
direito penal; 
4) Nulla necessitas sine injuria: princípio da lesividade ou da ofensividade do resultado; 
5) Nulla injuria sine actione: princípio da materialidade ou da exterioridade da ação; 
6) Nulla actio sine culpa: princípio da culpabilidade ou da responsabilidade pessoal; 
7) Nulla culpa sine judicio: princípio da jurisdicionalidade; 
8) Nullum judicium sine accusatione: princípio acusatório ou da separação entre juiz e 
acusação; 
9) Nulla accusatío sine probatione: princípio do ônus da prova ou da verificação; e 
10) Nulla probatio sine defensione: princípio do contraditório ou da defesa, ou da 
falseabilidade. 
 
Ademais, no estudo do garantismo penal, você precisa lembrar que a doutrina moderna costuma dividi-lo 
em garantismo penal monocular e binocular (ou integral). 
 
Garantismo monocular Garantismo binocular ou integral 
Preocupa-se unicamente com os interesses do 
acusado. 
Volta sua atenção igualmente às pretensões do acusado 
e da sociedade. 
 
4. Funcionalismo Penal 
 
O funcionalismo penal é um tema com alta incidência nas provas para Defensoria Pública, desde a fase 
objetiva até as mais avançadas, razão pela qual precisamos percorrer sobre a temática. 
 
Com o funcionalismo, segundo a doutrina, “se questiona a validade do conceito de conduta desenvolvido 
pelos sistemas clássico e finalista. E, ao conceber o Direito como regulador da sociedade, delimita o âmbito das 
expectativas normativas de conduta, vinculando-se à teoria da imputação objetiva. Busca-se o desempenho pelo 
Direito Penal de sua tarefa primordial, qual seja, possibilitar o adequado funcionamento da sociedade. Isso é mais 
importante do que seguir à risca a letra fria da lei, sem desconsiderá-la totalmente, sob pena de autorizar o arbítrio 
da atuação jurisdicional”. (MASSON, 2020, p. 84). 
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APOSTILA 01 | RETA FINAL - DPE/CE 
 
Hoje, o que mais importa para sua prova, é saber que há duas concepções sobre o funcionalismo que caem 
em nossas provas: 
 
1) funcionalismo moderado, dualista, teleológico, política criminal, capitaneado por Claus 
Roxin (Escola de Munique); e 
 
2) funcionalismo radical, monista ou sistêmico, liderado por Günther Jakobs(Escola de 
Bonn). 
 
Como isso cai bastante, vamos buscar entender com mais calma. 
 
O funcionalismo na concepção de Roxin preocupa-se com os fins do direito penal (proteção de bens 
jurídicos). Para Günther Jakobs, o funcionalismo se satisfaz com os fins da pena. 
 
Para Cleber Masson, isso pode se resumido da seguinte maneira: 
 
Funcionalismo para Roxin Funcionalismo para Günther Jakobs 
Norteia-se por finalidades político-criminais, 
priorizando valores e princípios garantistas. 
 
A proteção de bens jurídicos indispensáveis ao 
desenvolvimento do indivíduo e da sociedade, 
respeitando os limites impostos pelo ordenamento 
jurídico (Claus Roxin) 
Leva em consideração apenas necessidades sistêmicas, e o 
Direito Penal é que deve se ajustar a elas. 
 
Reafirmação da autoridade do Direito, que não encontra 
limites externos, mas somente internos (Günther Jakobs). 
Ideias relacionadas ao que se chamou de “direito penal do 
inimigo”. 
 
5. Direito penal e enfrentamento da criminalidade moderna 
 
O direito penal sofreu significativas alterações, ocasionadas principalmente pela globalização, a 
massificação dos problemas e, também, pela configuração de uma sociedade de risco. Isso fez surgir o chamado 
“direito penal do risco”. 
 
Luís Gracia Martin, ao dissertar sobre o tema, esclarece: 
 
O direito penal moderno é próprio e característico da “sociedade de risco”. O controle, a 
prevenção e a gestão de riscos gerais são tarefas que o Estado deve assumir, e assume 
efetivamente de modo relevante. Para a realização de tais objetivos o legislador recorre 
ao tipo penal de perigo abstrato como instrumento técnico adequado por excelência. Por 
ele, o direito penal moderno, ou ao menos uma parte considerável dele, se denomina 
como “direito penal do risco”1. 
 
5.1 Direito penal de emergência, promocional e simbólico 
 
 Relacionado a esse tema, vamos entender o direito penal de emergência, promocional e simbólico. 
 
Para Rogério Sanches, “movido pela sensação de insegurança presente na sociedade, o Direito Penal de 
Emergência, atendendo demandas de criminalização, cria normas de repressão, afastando-se, não raras vezes, de 
 
1 Apud Masson, 2020, Parte Geral. GRACIA MARTÍN, Luis. Modernization del derecho penal y derecho pena! dei enemigo. Lima: iDEMSA, 
2007. p. 45. 
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seu importante caráter subsidiário e fragmentário, assumindo feição nitidamente punitivista, ignorando as 
garantias do cidadão”. (SANCHES, 2020, p. 39)2. 
 
Para o mesmo autor, “criticado pela doutrina, o Direito Penal Promocional (político ou demagogo) surge 
quando o Estado, visando concretizar seus objetivos políticos, emprega as leis penais como instrumento, 
promovendo seus interesses, estratégia que se afasta do mandamento da intervenção mínima, podendo (e 
devendo) valer-se, para tanto, dos outros ramos do Direito. É equivocada a utilização do Direito Penal como 
ferramenta de transformação social. Até 2009, a mendicância era infração penal!” (2020, p. 40). 
 
Por fim, quanto ao direito penal simbólico, “Andreas Eisele ensina que abrange um âmbito de ambiguidade 
no qual se incluem sentidos relativamente contraditórios. Em uma perspectiva de conotação positiva, designa um 
efeito de assimilação cultural, mediante o qual alguns destinatários das normas aderem voluntariamente a seu 
conteúdo e as adotam como pauta ética, em decorrência do que se abstêm de praticar as condutas proibidas ou 
realizam as condutas obrigatórias”.3 
 
5.2 Direito intervencionista ou de intervenção 
 
O maior expoente do Direito de Intervenção é Winfried Hassemer (anote esse nome para uma eventual 
segunda fase). A teoria parte da premissa de que o direito penal não deve ser alargado (ampliado), mas apenas 
utilizado na proteção de bens jurídicos individuais, como a integridade física, a vida, a propriedade, entre outros 
bens jurídicos, além daqueles que causem perigos concretos. 
 
Desta forma, os atos de caráter difuso (ou coletivo) que causassem perigos abstratos, deveriam ser 
tutelados pela administração pública (direito administrativo), de forma que haveria, neste caso, um sistema jurídico 
de garantias (materiais e processuais) mais flexível, sem a necessidade de privar a liberdade do autor do fato. 
Perceba, então, que o Direito de intervenção está situado entre o direito penal e o direito administrativo. 
 
Para Hassemer, essa seria, de fato, a melhor maneira de combater a criminalidade moderna. Rogério 
Sanches lembra “que essa “administrativização” do direito penal evitaria a impunidade e a sua transformação em 
um direito penal simbólico” (2020, p. 40). 
 
5.3 Neopunitivismo: a quarta velocidade do Direito Penal 
 
O direito penal, segundo parte da doutrina, pode ser dividido em pelo menos quatro velocidades. Vamos 
revisar rapidamente. 
 
1º Velocidade -> Direito penal da prisão (Jesús-María Silva Sanchez) 
2º Velocidade -> Direito penal sem prisão (Jesús-María Silva Sanchez) 
3º Velocidade -> Direito Penal do inimigo (Günther Jakobs) 
4º. Velocidade -> Neopunitivismo (Daniel Pastor) 
 
Segundo Cleber Masson (2020, p. 96), o neopunitivismo relaciona-se ao Direito Penal Internacional, 
caracterizado pelo alto nível de incidência política e pela seletividade (escolha dos criminosos e do tratamento 
dispensado), com elevado desrespeito às regras básicas do poder punitivo, a exemplo dos princípios da reserva 
legal, do juiz natural e da irretroatividade da lei penal. No conflito entre países, os vencedores são os julgadores 
dos Estados derrotados, como aconteceu nos tribunais internacionais ad hoc para Ruanda e para a antiga 
Iugoslávia. Nessa linha de raciocínio, o neopunitivismo se destaca como um movimento do panpenalismo, que 
 
2 Cunha, Rogério Sanches. Manual de direito penal: parte geral (arts. 1° ao 120) /Rogério Sanches Cunha. - 8. ed. rev., ampl. e atual. - Salvador: 
JusPODIVM, 2020. 
3 Citado por Sanches Cunha in: Cunha, Rogério Sanches. Manual de direito penal: parte geral (arts. 1º ao 120) /Rogério Sanches Cunha. - 8. 
ed. rev., ampl. e atual. - Salvador: JusPODIVM, 2020. 
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busca a todo custo o aumento do arsenal punitivo do Estado, inclusive de forma mais arbitrária e abusiva do que o 
Direito Penal do Inimigo. Cria-se, em outras palavras, um direito penal absoluto”. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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4. Teoria do delito: evolução histórica, elementos do crime. Bem jurídico-penal. 
 
Nesse ponto, estudaremos a teoria do crime e todas as nuances. Porém, antes disso, é preciso entender 
sobre bem jurídico. 
 
1. BEM JURÍDICO PENAL 
 
Bem jurídico penal é todo aquele bem que possui relevância, a fim de que seja acobertado pelo direito 
penal, considerando os princípios da ultima ratio (intervenção mínima, fragmentariedade e subsidiariedade). 
 
Atenção à diferença entre o princípio da fragmentariedade e o da subsidiariedade! 
 
Enquanto aquele determina que somente os bens jurídicos mais relevantes devem ser tutelados pelo Direito 
Penal (como a vida e a integridade física), o princípio da subsidiariedade dispõe que, mesmo diante de um ato 
violador de bem jurídico relevante ao direito penal, este ramo somente atuará no caso concreto se os outros 
ramos do direito (como civil e administrativo) não forem capazes de tutelá-lo. 
 
Um exemplo é a extinção da punibilidade em crime tributário caso haja o pagamento do débito apurado; o bem 
jurídico (a higidez do sistema tributário) foi tutelado com o pagamento, resolvendo-se a situação e afastando a 
necessidade de atuação do direito penal no caso. 
 
O funcionalismo, lembra Rogério Sanches4, é um movimento da atualidade, uma corrente doutrinária que 
visa analisar a real função do DireitoPenal. Muito embora não haja pleno consenso acerca da sua teorização, 
sobressaem-se dois segmentos importantes: o funcionalismo teleológico e o funcionalismo sistêmico. 
 
2. FUNCIONALISMO TELEOLÓGICO (ROXIN) E SISTÊMICO (JAKOBS) 
 
TEORIAS SOBRE O FUNCIONALISMO 
FUNCIONALISMO TELEOLÓGICO/MODERADO FUNCIONALISMO SISTÊMICO/RADICAL 
Principal autor é o Claus Roxin 
 
Para o funcionalismo teleológico, o direito penal surge 
para proteger bens juridicamente relevantes. Assim, a 
norma incide não para mostrar que o direito penal 
deve “apenas” manter a ordem, mas porque este é 
necessário para proteger aqueles bens jurídicos mais 
relevantes na sociedade. 
Principal autor é o Günther Jakobs 
 
O Direito Penal é um sistema autopoiético. Assim, para 
os adeptos do funcionalismo sistêmico, o direito penal 
atua para manter a ordem, mostrando que quem 
cometeu o crime violou a disfunção social e quebrou a 
confiança. 
Em outras palavras, a função do Direito Penal é manter 
a integridade do próprio sistema. 
 
Lembra ainda Rogério Sanches5 que para o funcionalismo teleológico (ou moderado), que tem como maior 
expoente Claus Roxin, a função do Direito Penal é assegurar bens jurídicos, assim considerados aqueles valores 
indispensáveis à convivência harmônica em sociedade, valendo-se de medidas de política criminal. Já de acordo 
com o funcionalismo sistêmico (ou radical), defendido por Günther Jakobs, a função do Direito Penal é a de 
assegurar o império da norma, ou seja, resguardar o sistema, mostrando que o direito posto existe e não pode ser 
violado. Quando o Direito Penal é chamado a atuar, o bem jurídico protegido já foi violado, de modo que sua função 
primordial não pode ser a segurança de bens jurídicos, mas sim a garantia de validade do sistema. 
 
 
4 Cunha, Rogério Sanches. Manual de direito penal: parte geral (arts. 1º ao 120)/Rogério Sanches Cunha - 4. ed. rev., ampl. e atual.- Salvador: 
JusPODIVM, 2016, p. 34. 
5 Idem, p. 34. 
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 Claus Roxin6, em sua obra “A proteção de bens jurídicos como função do Direito Penal”, sustenta que as 
fronteiras da autorização de intervenção jurídico-penal devem resultar de uma função social do direito penal. O 
que está além desta função não deve ser logicamente objeto do direito penal. Assim, pontua o autor: 
 
(...) A função do direito penal consiste em garantira seus cidadãos uma existência 
pacífica, livre e socialmente segura, sempre e quando estas metas não possam ser 
alcançadas com outras medidas político-sociais que afetem, em menor medida, a 
liberdade dos cidadãos. Esta descrição de funções corresponde, segundo minha 
opinião, com o entendimento mesmo de todos as democracias parlamentares atuais, 
por isso não necessita, então, de uma fundamentação teórica mais ampla. (GRIFOS 
NOSSOS). 
 
 Entretanto, para Günther Jakobs, a função do Direito Penal não é a proteção de bens jurídicos, mas a de 
evitar uma diminuição da vigência da norma. Claus Roxin lembra que Jakobs pensa que o conceito de bem jurídico 
não tem um conteúdo genuinamente liberal. Assim, por exemplo, a punibilidade da homossexualidade em uma 
sociedade configurada pela hierarquia de homens, como o exército prussiano, buscava proteger bens jurídicos, já 
que as relações sexuais que em princípio tem caráter de quebrar as hierarquias havia surtido efeitos sociais 
danosos.7 
 
Além disso, é preciso lembrar que o funcionalismo sistêmico (segundo as ideias de Jakobs) está associado 
ao que se chama de “direito penal do inimigo”. 
 
Sobre o Direito Penal do Inimigo, sustenta Masson8: 
 
(...) A teoria do Direito Penal do inimigo foi desenvolvida por Günther Jakobs, professor 
catedrático de Direito Penal e Filosofia do Direito na Universidade de Bonn, Alemanha, 
reconhecido mundialmente como um dos maiores criminalistas da atualidade. A ele é 
também atribuída a criação de uma nova teoria da ação jurídico-penal, o funcionalismo 
radical, monista ou sistêmico, ou seja, o pensamento que reserva elevado valor à norma 
jurídica como fator de proteção social. Para ele, apenas a aplicação constante da norma 
penal é que imprime à sociedade as condutas aceitas e os comportamentos indesejados. 
Na década de 1980, Jakobs traçou os primeiros lineamentos da teoria em análise, 
voltando ao seu estudo no final dos anos 1990, mas, em 2003, de maneira corajosa, 
assumiu postura inequívoca na defesa da adoção do Direito Penal do inimigo, justificando 
com toda uma obra doutrinária a necessidade de revolucionar conceitos clássicos 
arraigados na mente dos doutrinadores. Seu pensamento coloca em discussão a real 
efetividade do Direito Penal existente, pugnando pela flexibilização ou mesmo supressão 
de diversas garantias materiais e processuais até então reputadas em uníssono como 
absolutas e intocáveis. (GRIFOS NOSSOS). 
 
Lembra Masson9 que para o “inimigo”: 
 
“É possível, assim, a eliminação de direitos e garantias individuais, uma vez que não paira 
necessidade de obediência ao devido processo legal, mas a um procedimento de guerra, 
de intolerância e repúdio ao inimigo. A propósito, é cabível inclusive a utilização da 
tortura como meio de prova, e também para desbaratar as atividades ilícitas do criminoso 
 
6 Roxin, Claus. A proteção de bens jurídicos como função do Direito Penal”. Org. e Traduzido por André Luís Callegari Nereu José Giagomolli. 
2 ª Edição. Porto Alegre. Livraria do Advogado Editora, 2018, p. 
7 Idem, p. 35. 
8 Masson, Cleber. Direito penal esquematizado – Parte geral – vol. 1/Cleber Masson. – 8.ª ed. rev., atual. e ampl. – Rio de Janeiro: Forense; 
São Paulo: MÉTODO, 2014, p. 162. 
9 Idem, p. 164. 
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e dos seus comparsas. O inimigo arrependido, disposto a auxiliar o Estado no combate 
de seus antigos companheiros, contudo, deve receber benefícios, desde que os delate, 
permitindo o desmantelamento de quadrilhas, prisões em massa e recuperação dos 
produtos e proveitos dos crimes. Nitidamente, enxerga-se na concepção de Jakobs a 
convivência de dois direitos em um mesmo ordenamento jurídico. Em primeiro lugar, um 
direito penal do cidadão, amplo e dotado de todas as garantias constitucionais, 
processuais e penais, típico de um Estado Democrático de Direito. Sem prejuízo, em 
parcela menor e restrita a grupos determinados, com ele coexiste o Direito Penal do 
inimigo, no qual o seu sujeito deve ser enfrentado como fonte de perigo e, portanto, a 
sua eliminação da sociedade é o fim último do Estado”. (GRIFOS NOSSOS). 
 
CAIU NA DPE-MS-VUNESP-2014: Idealizado por Günter Jakobs, o direito penal do inimigo é considerado um direito 
penal de terceira velocidade, por utilizar a pena privativa de liberdade, mas, também, permitir a flexibilização de 
garantias materiais e processuais de todos integrantes da sociedade, podendo, inclusive, ser observado no direito 
brasileiro alguns institutos da lei que trata dos crimes hediondos.10 
 
Assim, temos, em resumo, a seguinte previsão segundo Jakobs: 
 
DESDOBRAMENTOS DO DIREITO PENAL DO INIMIGO (Günther Jakobs) 
DIREITO PENAL DO CIDADÃO 
(Bürgerstrafrecht) 
DIREITO PENAL DO INIMIGO 
(Feindstrafrecht) 
Caracterizado pela manutenção da vigência da 
norma. 
Orientado para o combate aos perigos e que permite 
que qualquer meio disponível seja utilizado para punir 
esses inimigos, ainda viole direitos previstos. 
 
Nas palavras dos professores Estefam e Rios (2020, p. 243), o direito penal do inimigo (isto é, indivíduos 
que reincidem constantemente na prática de delitos ou praticam fatos de extrema gravidade, como ações 
terroristas) teria como finalidade combater perigos. Neste, o infrator não é tratado como sujeito de direitos, mas 
como inimigo a ser eliminado e privado do convívio social. Abaixo, o autor traz as principais características do direito 
penal do inimigo: 
 
■ Tem como finalidade a eliminação de perigos; 
■ Baseia-sena periculosidade do agente, considerado inimigo e, portanto, como alguém 
que não pode ser tratado como sujeito de direitos (“não pessoa”); 
■ Efetua uma ampla antecipação da punibilidade, visando coibir ações perigosas antes 
que estas se concretizem (punição de atos preparatórios); 
■ As penas são severas, ainda quando aplicadas em casos de antecipação da tutela penal; 
■ Aplica-se uma legislação diferenciada, com enfoque combativo (“combate ao inimigo”); 
■ Utiliza-se principalmente de medidas de segurança; 
■ Garantias processuais penais são suprimidas. 
 
Em relação à teoria de Jakobs, fica muito clara a necessidade de uma visão crítica da Defensoria Pública em 
relação a quem seria esse “inimigo” que pode ter suas garantias processual-penais violadas. Isso porque basta 
lembrarmos das teorias da Criminologia do Conflito (como a Criminologia Crítica), vistas na meta passada, para 
verificarmos que os valores mais relevantes e a figura do “inimigo” não são pautados por decisões consensuais da 
sociedade, mas sim pelas classes detentoras do poder político para tanto. 
 
 
10 ERRADO. A questão está basicamente toda certa, exceto quando afirma: “mas, também, permitir a flexibilização de garantias materiais e 
processuais de todos integrantes da sociedade”. Isso porque apenas ao “inimigo” é “possível, assim, a eliminação de direitos e garantias 
individuais, uma vez que não paira necessidade de obediência ao devido processo legal, mas a um procedimento de guerra, de intolerância 
e repúdio ao inimigo. Isso porque, segundo Jakobs, “quem em princípio se conduz de modo desviado, não oferece garantia de um 
comportamento pessoal. Por isso, não pode ser tratado como cidadão, mas deve ser combatido como inimigo”. 
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Essa ideia é reforçada com o fato de que nosso sistema penal é composto basicamente por pessoas pobres, 
negras e moradoras de regiões carentes das cidades (fora aquelas em situação de rua), além do rígido tratamento 
dado pelo nosso CP aos crimes contra o patrimônio (basta lembrar que a pena do furto qualificado pela subtração 
de semovente domesticável de produção é muito mais alta do que a pena do homicídio culposo, p. ex.). 
 
Nesse contexto, pergunto a vocês, querid@s alun@s: quem é o inimigo da nossa sociedade, que é tido 
como aquele que deve ser reprimido com todas as forças estatais? Com o uso desmensurado de violência policial? 
Com a “flexibilização” das garantias processual-penais? Imagino que vocês saibam a resposta. Assim, em provas e 
também no dia a dia forense, mantenham a postura crítica diante das situações que ensejam a personificação da 
teoria de Jakobs. 
 
3. DIREITO PENAL DO AMIGO 
 
Há ainda uma teoria nova chamada de “direito penal do amigo”, bem trabalhada por Diego Castor de 
Matos, Procurador da República. Em uma obra com o título “Direito Penal do Amigo”, este autor ensina que o 
objetivo do livro “é analisar a impunidade dos crimes do colarinho branco na atuação prática da persecução penal, 
abordando as dificuldades do processo penal no país que superprotege ricos e poderosos, tratando dos entraves 
operacionais vivenciados no cotidiano forense pelos que enfrentam a criminalidade econômica no Brasil. Utiliza-se 
de uma crítica ao atual modelo de sistema processual penal brasileiro, complexo e moroso, com inesgotáveis fontes 
de recursos para aqueles que podem custear caros advogados, o que acaba sendo decisivo para facilitar a 
impunidade dos crimes cometidos pelas pessoas do último andar da pirâmide social." 
 
 Sobre o direito penal do amigo, propõe o Christiano Gonzaga11: 
 
[...] Atualmente, a sociedade está sentindo mais sensivelmente os efeitos desse 
famigerado Direito Penal do Amigo, pois várias leis estão sendo feitas para beneficiar esse 
tipo de criminalidade. Para citarmos duas, já vistas anteriormente, tem-se a Lei nº 
10.684/2003, que em seu art. 9º permite a extinção da punibilidade dos crimes de 
sonegação fiscal quando a agente pagar o tributo devido. Tal ocorrência não é aceita para 
um simples crime de furto, em que o agente pode ser beneficiado, quando muito, pelo 
arrependimento posterior previsto no art. 16 do CP, como simples causa de diminuição 
de pena. Na mesma linha de pensamento, surge a Lei nº 13.254/2016, que em seu art. 
5º prevê a extinção da punibilidade de vários crimes, na maioria espécies de crimes de 
colarinho-branco, para quem pagar o imposto devido e repatriar o valor depositado no 
estrangeiro de forma ilícita. São simples demonstrações de que o Direito Penal para as 
pessoas da elite é mais benevolente. [...] Não é somente na seara legislativa que há 
benefício penal para os mais abastados. Nos julgamentos feitos pelo Poder Judiciário 
pode ser constatado claramente que há uma tendência a beneficiar criminosos de 
colarinho-branco em detrimento de pessoas mais humildes. Em recente julgamento, o 
Supremo Tribunal Federal determinou a soltura de empresário acusado de ter cometido 
inúmeros crimes de colarinho, uma vez que ele não era considerado uma ameaça social. 
Todavia, deve ser lembrado que um dos crimes imputados a ele era o de corrupção ativa, 
de gravidade enorme, apesar de imediatamente não ser tão lesiva a sua prática. Daí ter 
sido solto porque não havia necessidade de garantir a ordem pública. (GRIFOS NOSSOS). 
 
4. ESPIRITUALIZAÇÃO DO DIREITO PENAL 
 
Tem surgido algumas críticas no sentido de que o Direito Penal está protegendo bens jurídicos cada vez 
mais difusos, como meio ambiente, saúde pública, segurança pública, etc. 
 
 
11 (GONZAGA, Christiano Manual de criminologia. Christiano Gonzaga. – São Paulo: Saraiva Educação, 2018. P. 109 e seguintes.) 
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 Para parte da doutrina, o bem jurídico protegido deve ser certo e materializado (vida, patrimônio, 
liberdade, etc.). 
 
 Assim, com a proteção a bem jurídicos desmaterializados, a doutrina aponta que está ocorrendo uma 
“espiritualização do direito penal”, também chamada de liquefação ou desmaterialização. 
 
5. O DIREITO PENAL EM VELOCIDADES 
 
O DIREITO PENAL EM VELOCIDADES 
 
5.1 1ª VELOCIDADE - JESÚS – 
MARÍA SÁNCHEZ 
Aplicação de penas privativas de liberdades. 
 
Procedimento mais lento, havendo o respeito às garantias constitucionais. 
 
5.2 2ª VELOCIDADE - JESÚS – 
MARÍA SÁNCHEZ 
Penas alternativas à prisão. 
 
Flexibilização de algumas garantias, assim, o processo acaba sendo mais rápido 
do que o normal. 
 
Ex.: Lei do Juizado Especial Criminal (transação penal, suspensão condicional 
do processo, etc.). 
5.3 3ª VELOCIDADE - 
GÜNTHER JAKOBS 
É a soma da primeira e a segunda velocidade, isto é, aplicação de penas 
privativas de liberdade e garantias constitucionais flexibilizadas. Ex.: Lei de 
Crimes Hediondos. 
 
Está associada ao Direito penal do inimigo de Jakobs. 
 
5.4 4ª VELOCIDADE – DANIEL 
PASTOR 
Associada ao neopunitivismo. Está ligada à proteção penal internacional, 
associada aos chefes de Estado no cometimento de crimes contra a 
humanidades, a serem julgados pelo TPI. 
 
O Estatuto de Roma define os crimes de competência do TPI: genocídio, crimes 
contra a humanidade, crimes de guerra e crimes de agressão (mnemônico: 
GHUGA – vocês nunca mais vão esquecer esse rol de crimes com esse 
mnemônico). 
 
Importante lembrar que a quarta velocidade do Direito Penal foi batizado por 
Daniel Pastor como “neopunitivismo” em La deriva neopunitivista de 
organismos y activistas como causa del desprestigio actual de los derechos 
humanos, in Nueva Doctrina Penal. Buenos Aires: 2005/A, pp. 73-114). 
 
Sobre o tema, lembra Cleber Masson12 que “Nessa linha de raciocínio, o 
neopunitivismo se destaca como um movimento do panpenalismo, que busca 
a todo custo o aumento do arsenal punitivo do Estado, inclusive de forma mais 
arbitrária e abusiva do que o Direito Penal do Inimigo. Cria-se, em outras 
palavras, um direito penalabsoluto. De fato, o panpenalismo promove a 
diminuição (ou eliminação) de garantias penais e processuais, o aumento 
desordenado das forças policiais e a inflação legislativa mediante o aumento 
das penas, com finalidades altamente retributivas e intimidatórias. Para quem 
se filia a esta concepção doutrinária, a defesa social legitima o Direito Penal, 
visualizando o delito como uma problemática vinculada exclusivamente ao 
Direito Penal”. 
 
 
12 Idem, p. 166. 
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 Para ilustrar melhor, colaciono uma imagem da obra de Cleber Masson: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Por fim, é preciso ressaltar que o direito penal deve punir o criminoso pelo FATO praticado, e não por quem 
ele é. 
 
 Nesse sentido surgem duas teorias. 
 
6. DIREITO PENAL DO FATO E DIREITO PENAL DO AUTOR 
 
DIREITO PENAL DO FATO DIREITO PENAL DO AUTOR 
O direito penal deve punir alguém em razão do fato 
praticado (e não pelo que o autor é). 
 
O nosso direito penal Brasileiro pode ser entendido 
como do fato. 
Por outro lado, o direito penal do autor pune pessoas pelo 
que elas são. O maior exemplo que podemos dar é o da 
Alemanha nazista, em que milhares de pessoas foram 
mortas, perseguidas e torturadas por serem judeus, 
homoafetivas, ou contrários às ideias pregadas pelo 
Nazismo. 
IMPORTANTE: na prova oral para o cargo de Defensor Público do Estado do Amapá, o examinador indagou sobre 
as circunstâncias judiciais do art.59 do Código Penal. A resposta esperada, em minha opinião, era justamente 
críticas a estas circunstâncias, já que o Juiz, em vez de considerar apenas o FATO praticado, estaria utilizando 
circunstâncias PESSOAIS do indivíduo, tais como personalidade, maus antecedentes, motivos, consequências do 
crime, personalidade, conduta social, etc. Portanto, fiquem atentos às críticas à primeira fase da aplicação da 
pena. 
 
ATENÇÃO! 
 
Amig@s, a reincidência (agravante) é constitucional? 
 
A questão já foi decidida pelo STF quando do julgamento do RE 453000 e a resposta da Corte à época foi 
afirmativa. No entanto, observemos sempre a postura crítica necessária para um(a) Defensor(a). 
 
A reincidência é tratada pelo CP em seu art. 61, I, como sendo uma agravante; ocorre que o sujeito 
considerado reincidente já foi punido anteriormente em decorrência do crime praticado. Agora, em um processo 
totalmente distinto, ele vê sua pena agravada justamente por causa dessa conduta pretérita. Veja que é uma 
verdadeira caracterização do Direito Penal do Autor, por sancionar o agente, dada a sua condição pessoal, o que é 
inadmissível. Por isso, não obstante a reincidência hoje ser considerada constitucional, mantenhamos a visão crítica 
e, quem sabe no futuro, o STF tenha que se posicionar novamente sobre esse ponto. 
Cleber Masson, Direito penal esquematizado – Parte geral – vol. 1 p. 166. 
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7. CONCEITOS DE DELITO 
 
 Vamos começar com o conceito de crime em cada uma das teorias adotadas. 
 
7.1 CONCEITO CLÁSSICO DE DELITO 
 
CONCEITO CLÁSSICO DO DELITO 
FATO TÍPICO ILÍCITO CULPÁVEL 
CONDUTA 
(apenas movimentos voluntários) 
Contrariedade entre a conduta e o 
direito. 
IMPUTABILIDADE 
Resultado 
DOLO/CULPA NORMATIVO 
(percebam que o dolo não está na 
conduta, mas na culpabilidade) 
Nexo causal 
Tipicidade 
 
Teoria Psicológica da Culpabilidade: A culpabilidade é o nexo psíquico entre o agente e o fato criminoso 
(Franz von Liszt e Ernst von Beling). 
 
Teoria do dolo normativo: O dolo carregava em si a REAL CONSCIÊNCIA DA ILICITUDE. 
 
7.2 CONCEITO NEOCLÁSSICO – TEORIA NEOKANTISTA 
 
CONCEITO NEOCLÁSSICO (TEORIA NEOKANTISTA) 
FATO TÍPICO ILÍCITO CULPÁVEL 
Conduta 
Contrariedade entre a conduta e o 
direito 
Imputabilidade 
Resultado 
DOLO E CULPA (ainda estão na 
culpabilidade) 
Nexo causal Exigibilidade de conduta diversa 
(novidade) Tipicidade 
 
Teoria Psicológica-Normativa da Culpabilidade: Reinhard Frank e James Goldschmidt introduziram um 
elemento normativo, a exigibilidade de conduta diversa. 
 
7.3 CONCEITO FINALISTA - (HANS WELZEL) 
 
CONCEITO FINALISTA (HANS WELZEL) 
FATO TÍPICO ILÍCITO CULPÁVEL 
Conduta (dolo e culpa) 
 
Obs.: dolo e culpa passam a 
integrar o fato típico (saem da 
culpabilidade). 
Contrariedade entre a conduta e o 
direito 
Imputabilidade 
Resultado 
Potencial consciência da ilicitude 
do fato 
Nexo causal Exigibilidade de conduta diversa 
Tipicidade 
 
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Teoria Normativa Pura da Culpabilidade: O elemento subjetivo (dolo/culpa) migra para o fato típico, 
permanecendo na culpabilidade apenas elementos normativos. 
 
Teoria do Dolo Natural: Elemento puramente psicológico, sem qualquer juízo de valor. Apenas vontade e 
consciência, sem a (potencial) consciência da ilicitude, analisada na culpabilidade. 
 
 Agora precisamos saber sobre o primeiro substrato do crime, o fato típico. 
 
Prova oral da DPE-BA: tipo é a mesma coisa de tipicidade? A resposta é negativa. Não se deve confundir o tipo com 
a tipicidade. O tipo é a fórmula que pertence à lei, enquanto a tipicidade pertence à conduta. Um fato típico é uma 
conduta humana, por isso prevista na norma penal. Tipicidade é a qualidade que se dá a esse fato. Assim, tipo penal 
é o próprio artigo da lei. Fato típico é inerente a norma penal. Típica é a conduta que apresenta característica 
específica de tipicidade (atípica a que não apresenta); tipicidade é a adequação da conduta a um tipo; tipo é a 
fórmula legal que permite averiguar a tipicidade da conduta. O juiz comprova a tipicidade comparando a conduta 
particular e concreta com a individualização típica, para ver se adéqua ou não a ela. Este processo mental é o juízo 
de tipicidade que o juiz deve realizar13. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
13 Disponível em: http://conteudojuridico.com.br/artigo,tipicidade-conceito-e-classificacao,22427.html. Acesso em: 06/06/2021. 
http://conteudojuridico.com.br/artigo,tipicidade-conceito-e-classificacao,22427.html
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5. Tipicidade: tipo penal, conduta (ação e omissão), nexo de causalidade, resultado. Iter criminis. Desistência 
voluntária e arrependimento eficaz. Dolo. Culpa. Imputação objetiva. 
 
 Vamos iniciar com o fato típico, depois entraremos em ilicitude, e só depois na culpabilidade. Todo esse 
ponto 4 está ligado ao fato típico. 
 
8. O FATO TÍPICO 
 
ELEMENTOS QUE INTEGRAM O FATO TÍPICO 
1. Conduta (dolosa ou culposa) 
2. Nexo de causalidade 
3. Resultado 
4. Tipicidade 
 
8.1 A EVOLUÇÃO DO TIPO 
 
 Antes de falarmos sobre cada elemento integrante do fato típico, vamos entender a evolução do tipo. 
 
DESENVOLVIDA POR BELING 
(ABSOLUTA INDEPENDÊNCIA) 
DESENVOLVIDA POR MAYER 
(RATIO COGNOSCENDI) 
DESENVOLVIDA POR MEZGER 
(RATIO ESSENDI) 
O tipo penal existe, mas sem 
conteúdo valorativo. 
 
Ele NÃO depende dos outros 
elementos, como ilicitude e 
culpabilidade. 
 
Teoria da absoluta independência. 
A tipicidade presume que o fato 
também é ilícito. 
 
Assim, até que não se comprove 
que o agente atuou, por exemplo, 
acobertado por legítima defesa, o 
fato será presumidamente ilícito. 
 
Teoria da ratio cognoscendi. 
Adotada no Brasil. 
Para Mezger, todo fato típico será 
ilícito. 
 
Assim, se o fato é típico, ele 
também será ilícito. O que às vezes 
é falho, já que é possível que o fato 
seja típico, mas o autor haja em 
legítima defesa (o fato será típico, 
mas não será ilícito, não 
preenchendo os requisitos do 
crime). 
Teoria da ratio essendi. 
 
8.2 TEORIA DOS ELEMENTOS NEGATIVOS DO TIPO 
 
Em provas da Defensoria Pública e em outros certames de carreiras jurídicas, têm-se questionado sobre a 
“teoria dos elementos negativos do tipo”, então vamos entender.TEORIA DOS ELEMENTOS NEGATIVOS DO TIPO 
Segundo Cleber Masson (2014, p. 328), a teoria dos elementos negativos do tipo foi preconizada pelo alemão 
Hellmuth Von Weber, e propõe o tipo total de injusto, por meio do qual os pressupostos das causas de exclusão 
da ilicitude compõem o tipo penal como seus elementos negativos. Tipicidade e ilicitude integram o tipo penal 
(tipo total). Consequentemente, se presente a tipicidade, automaticamente também estará delineada a ilicitude. 
Ao reverso, ausente a ilicitude, o fato será atípico. Não há distinção entre os juízos da tipicidade e da ilicitude. 
Crime, assim, não é o fato típico e ilícito, mas sim um tipo total de injusto, em uma única análise. 
 
Opera-se um sistema bipartido, com duas fases para aferição do crime: tipo total (tipicidade + ilicitude) e 
culpabilidade. Portanto, identificada a tipicidade, resultará identificada a ilicitude. Por outro lado, afastada a 
tipicidade, restará também afastada a ilicitude. Se fosse adotada a referida teoria, o art. 121, caput, do Código 
Penal ficaria assim redigido: “Matar alguém, salvo em legítima defesa, estado de necessidade, exercício regular 
do direito ou estrito cumprimento de dever legal”. Não foi acolhida pelo nosso sistema penal, que distinguiu 
explicitamente os tipos incriminadores (Parte Especial do Código Penal e legislação especial) dos tipos 
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permissivos ou causas de exclusão da ilicitude (em regra na Parte Geral do Código Penal, mais precisamente em 
seu art. 23). 
 
 Falaremos agora sobre os elementos integrantes do fato típico. 
 
8.3 ELEMENTOS DO FATO TÍPICO 
 
O primeiro é a conduta. 
 
TEORIAS DA CONDUTA 
 
8.3.1 TEORIA CAUSALISTA OU 
CLÁSSICA 
Conduta é mero movimento humano. 
 
8.3.2 TEORIA NEOCLÁSSICA OU 
NEOKANTISTA 
Conduta pode ser ação ou omissão voluntária capaz de gerar modificação 
no mundo exterior. 
 
Cuidado: dolo e culpa ainda estão na culpabilidade. 
 
8.3.3 TEORIA FINALISTA 
Welzel inova, entendendo que conduta é comportamento humano 
voluntário com uma finalidade específica. 
 
Assim, conduta (dolosa ou culposa) está no fato típico e não na 
culpabilidade (subvertendo a teoria clássica e neokantista). 
 
8.3.4 TEORIA SOCIAL DA AÇÃO 
Conduta é comportamento humano dirigido a um fim SOCIALMENTE 
reprovável. Hans-Heinrich Jescheck, partidário dessa teoria, define a 
conduta como o comportamento humano com transcendência social. 14 
 
8.3.5 TEORIA CIBERNÉTICA DA 
AÇÃO 
Também conhecida como “ação biociberneticamente antecipada”, leva 
em conta o controle da vontade, presente tanto nos crimes dolosos como 
nos crimes culposos. Para explicar a conduta em crimes culposos, Welzel 
afirma que a vontade reside no resultado e não na conduta. Pelo fato de 
ter sido consagrada no âmbito jurídico, e mostrar-se mais pertinente ao 
estudo do Direito Penal, manteve-se a denominação “finalismo penal”.15 
 
8.4 CAUSAS QUE EXCLUEM A CONDUTA 
 
Pessoal, vocês saberiam responder quais são as causas que excluem a conduta? Essa foi pergunta de prova 
oral, então não podemos dormir no ponto. 
 
CAUSAS QUE EXCLUEM A CONDUTA 
Caso fortuito ou força maior 
Coação física (se for moral exclui a culpabilidade) 
Atos ou movimentos reflexos 
Ato praticados por pessoas em estado de sonambulismo 
 
CUIDADO: Segundo Cleber Masson (2014, p. 303), também não há conduta, por falta de vontade nos 
comportamentos praticados em completo estado de inconsciência, como é o caso da hipnose. No entanto, o tema 
 
14 Direito Penal: parte geral (arts. 1º a 120) – vol. 1/Cleber Masson. – 13. ed. – Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 2019, p. 374. 
15 Masson, Cleber Direito penal esquematizado – Parte geral – vol. 1/Cleber Masson. – 8.ª ed. rev., atual. e ampl. – Rio de Janeiro: Forense; 
São Paulo: MÉTODO, 2019, p.273. 
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não é pacífico. Segundo Juarez Cirino (2012, p. 123)16, “a teoria dominante admite ação porque o hipnotizado não 
pode realizar ações reprovadas pela censura pessoal, mas um segmento respeitável fala em ausência de ação. A 
questão da hipnose pode ser esclarecida por FREUD, iniciado na arte da sugestão hipnótica por JEAN-MARIE 
CHARCOT, que descobriu as causas psicológicas de muitos distúrbios psíquicos, e influenciado por HIPPOLYTE 
BERNHEIM, cujas experiências sobre sugestão pós-hipnótica lhe inspiraram a ideia de um inconsciente, responsável 
pela maioria das ações humanas. Na situação de hipnose, o hipnotizado não tem consciência do mundo exterior, 
apenas ouve e vê o hipnotizador, acredita em suas palavras e obedece a seus comandos, de modo alucinado. Uma 
pessoa saudável pode ser induzida a ver o que não existe (uma cobra), ou a não ver o que existe (uma pessoa), a 
sentir o cheiro de uma rosa imaginária ou a morder uma batata indicada como pera, mas existem limites: (...) um 
cidadão educado não realiza a sugestão de furtar coisas. A explicação é simples: o ego do hipnotizado pode estar 
sob o poder alheio, mas o superego continua ativo no papel de censura sobre as ações do ego, sob a forma de 
resistências psíquicas contra ações censuráveis. (GRIFOS NOSSOS). 
 
A conduta pode ser dolosa ou culposa. Sobre dolo, veja o quadro abaixo. 
 
8.5 ESPÉCIES DE DOLO 
 
Em resumo: 
 
1. DOLO 
DIRETO 
O agente prevê um resultado, dirigindo a sua conduta na busca de realizar esse mesmo 
resultado. 
1.1 DOLO DIRETO 
DE PRIMEIRO GRAU 
É o dolo direto, hipótese em que o agente, com consciência e vontade, persegue 
determinado resultado (fim desejado) (SANCHES, 2016). 
1.2 DOLO DIRETO 
DE SEGUNDO GRAU 
Chamado também de dolo de consequências necessárias. Ex.: para matar uma pessoa 
que está no avião, o agente instala uma bomba. Sabe-se que para matar uma pessoa 
necessariamente matará outras pessoas, por isso o nome dolo de “consequências 
necessárias”, isso porque há uma certeza na obtenção quanto a morte dos demais do 
avião. 
2.DOLO 
INDIRETO 
O agente, com a sua conduta, não busca resultado certo e determinado. Possui duas 
formas: dolo alternativo e dolo eventual (SANCHES, 2016). 
2.1 DOLO 
ALTERNATIVO 
Ocorre quando o agente prevê uma pluralidade de resultados, dirigindo sua conduta para 
perfazer qualquer deles com a mesma intensidade de vontade (Ex.: quero ferir ou matar, 
tanto faz). (SANCHES, 2016). 
2.2 DOLO 
EVENTUAL 
No dolo eventual o agente não está nem aí para o resultado, pois assume o risco. Ex.: 
ultrapassar o sinal vermelho em alta velocidade para sentir uma “adrenalina”. 
DOLO DE 
TERCEIRO GRAU 
Ainda, há quem traga o dolo de terceiro grau, que seria uma inevitável violação de bem 
jurídico em decorrência do resultado colateral produzido a título de dolo de segundo 
grau. Ex.: a bomba no exemplo acima atinge uma mulher grávida, que vem a abortar em 
consequência daquela. O problema dessa teoria é que traz uma responsabilidade penal 
objetiva, pois, abstratamente, não se pode esperar que o agente presuma que haverá 
mulheres que estão gestantes no voo. 
 
8.6 OUTRAS CLASSIFICAÇÕES 
 
Outras classificações para o dolo segundo Rogério Sanches (2016, p. 197/198)17: 
 
DOLO 
CUMULATIVO 
O agente pretende alcançar dois resultados, em sequência (caso de progressão 
criminosa). Trata-se da hipótese em que o agente quer, por exemplo, lesionar e, após a 
lesão, resolve causar a morte da vítima. 
 
16 Direito Penal – Parte Geral/Juarez Cirino dos Santos - 5.ed. - Florianópolis: Conceito Editorial, 2012. 
17 Manual de direito penal: parte geral (arts. 1º ao 120). Rogério Sanches Cunha - 4. ed. rev., ampl. e atual.- Salvador: JusPODIVM, 2016. 
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DOLO DE DANO A vontade do agente é causar efetiva lesão ao bem jurídico tutelado. 
DOLO DE PERIGO 
O agente atua com a intenção de expor a risco o bem jurídico tutelado. É interessante 
notar que o dolo deperigo pode se manifestar em situações que, na prática, confunde-se 
com a inobservância do dever de cuidado, elemento elos crimes culposos. Imaginemos a 
situação em que o agente expõe a perigo direto e iminente a vida ou a saúde de outrem. 
DOLO GENÉRICO 
O agente tem vontade de realizar a conduta descrita no tipo penal, sem um fim específico 
(Ex.: art. 121, CP, “matar alguém”). 
DOLO 
ESPECÍFICO 
O agente tem vontade de realizar a conduta, visando um fim específico que é elementar 
do tipo penal (Ex.: art. 159, CP, “Sequestrar pessoa com o fim de obter, para si ou para 
outrem, qualquer vantagem, como condição ou preço do resgate)” 
DOLO DE 
PROPÓSITO 
A vontade e consciência refletida, pensada, premeditada. 
 
Ainda temos o seguinte: 
 
DOLO NORMATIVO18 DOLO NATURAL 
• Adotada pela teoria clássica/causal e pela 
neokantista 
 
• Integra a culpabilidade. 
 
• Tem três elementos: 
 
a) Consciência 
b) Vontade 
c) Consciência atual da ilicitude (sabe da 
ilicitude do seu comportamento) 
• Adotado pela teoria finalista 
• Integra o fato típico 
• Tem dois elementos: 
 
a) Consciência (sabe o que faz) 
b) Vontade (querer ou aceitar) 
 
OBS.: a consciência da ilicitude esta afeta à 
culpabilidade. 
 
8.7 TEORIAS DO DOLO 
 
Agora veremos as teorias do dolo. 
 
TEORIAS DO DOLO 
 
8.7.1 TEORIA DA VONTADE (ADOTADA NO 
DOLO DIRETO) 
Vontade livre e consciente de praticar o crime. 
 
8.7.2 TEORIA DA REPRESENTAÇÃO 
(ADOTADA NA CULPA CONSCIENTE) 
Só é possível o resultado se o agente consegue prevê-lo antes. 
 
É, na verdade, culpa consciente (veremos abaixo). 
8.7.3 TEORIA DO 
ASSENTIMENTO/CONSENTIMENTO 
(ADOTADA NO DOLO EVENTUAL) 
Também chamada de teoria do consentimento ou da anuência, 
complementa a teoria da vontade, recepcionando sua premissa. 
Para essa teoria, há dolo não somente quando o agente quer o 
resultado, mas também quando realiza a conduta assumindo o 
risco de produzi-lo.19 
 
 
 
18 Manual de direito penal: parte geral (arts. 1º ao 120). Rogério Sanches Cunha - 4. ed. rev., ampl. e atual.- Salvador: JusPODIVM, 2016, p. 
195. 
19 Masson, Cleber Direito Penal: parte geral (arts. 1º a 120) – vol. 1/Cleber Masson. – 13. ed. – Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 
2019, p. 440. 
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8.8 DETALHES SOBRE A TENTATIVA 
 
Sobre a tentativa, precisamos saber alguns pontos importantes. 
 
Segundo o art. 14, II, do CP, a tentativa é quando o agente inicia a execução, mas o crime não se consuma 
por circunstâncias alheias à sua vontade. 
 
O parágrafo único aponta que “salvo dispositivo em contrário, pune-se a tentativa com a pena 
correspondente ao crime consumado, diminuída de um a dois terços.” Em síntese, a tentativa é uma causa de 
diminuição de pena, a ser incidida na terceira fase da dosimetria da pena. 
 
Além disso, bom relembrarmos que a adequação típica pode ser imediata ou mediata. 
 
ADEQUAÇÃO TÍPICA IMEDIATA ADEQUAÇÃO TÍPICA MEDIATA 
É imediata quando o fato se amolda ao tipo legal sem 
a necessidade de qualquer outra norma. O ajuste do 
fato à lei incriminadora se dá de forma direta. Exemplo: 
o artigo 121 do Código Penal pune a conduta matar 
alguém. O fato de X matar Y se ajusta diretamente à lei 
incriminadora do referido dispositivo 
Ocorre a adequação típica mediata quando, para 
adequar o fato ao tipo, utiliza-se de uma norma de 
extensão, sem a qual é absolutamente impossível 
enquadrar a conduta. O ajuste do fato à lei 
incriminadora se dá de forma indireta. 
 
Os artigos 13, §2º (agente garantidor) (causal), 29 
(partícipe) (pessoal), assim como o artigo 14, II 
(tentativa) (temporal), do Código Penal são normas de 
extensão. 
 
Vamos estudar as teorias sobre a tentativa. 
 
TEORIAS DA TENTATIVA 
SUBJETIVA (VULUNTARÍSTICA 
OU MONISTA) 
Nesse caso, inicia-se a possibilidade de punir a partir do momento em que o 
agente ingressa na fase da preparação. Sabemos que se pune a partir da 
execução, exceto quando os atos de preparação constituam crimes autônomos, 
como possuir petrechos destinados especialmente à falsificação de moeda (art. 
291, CP). 
OBJETIVA 
(REALÍSTICA OU DUALISTA) 
Para esta teoria o objetivo da punição da tentativa volta-se ao perigo efetivo que 
o bem jurídico corre. É a adotada pelo Código Penal. Na teoria subjetiva (acima), 
a mera preparação já seria uma tentativa. Por outro lado, na teoria objetiva é 
necessário que o agente tenha iniciado a execução e que a consumação não se 
dê por motivos alheios à sua vontade. 
SINTOMÁTICA 
Ideias herdadas da Escola Positiva (estudada em criminologia). 
Para os adeptos da teoria sintomática, o fundamento de punição da tentativa 
concentra-se na análise da periculosidade do agente. 
Seria possível punir inclusive os atos preparatórios, e pior, sem reduzir a pena. 
SUBJETIVA-OBJETIVA 
Também chamada de teoria da impressão. Para os adeptos da teoria subjetiva-
objetiva, o juiz PODERIA, no caso concreto, diminuir ou não a pena. Portanto a 
tentativa não seria uma causa de diminuição de pena obrigatória. 
 
CAIU NA DPE-PE-2015-CESPE: “Em relação à tentativa, adota-se, no Código Penal, a teoria subjetiva, salvo na 
hipótese de crime de evasão mediante violência contra a pessoa”.20 
 
 
 
20 ERRADO. Como vimos, o Código Penal adota a teoria objetiva. 
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10625629/artigo-121-do-decreto-lei-n-2848-de-07-de-dezembro-de-1940
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1033702/c%C3%B3digo-penal-decreto-lei-2848-40
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10636919/artigo-29-do-decreto-lei-n-2848-de-07-de-dezembro-de-1940
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10638135/artigo-14-do-decreto-lei-n-2848-de-07-de-dezembro-de-1940
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10638075/inciso-ii-do-artigo-14-do-decreto-lei-n-2848-de-07-de-dezembro-de-1940
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1033702/c%C3%B3digo-penal-decreto-lei-2848-40
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CLASSIFICAÇÕES DA TENTATIVA 
TENTATIVA IMPERFEITA OU 
INACABADA 
O agente é impedido de prosseguir, deixando de praticar os atos executórios que 
assim o desejava. 
 
Ex.: agente que está atirando em A, mas é preso em flagrante e não consegue 
consumar o crime. 
TENTATIVA PERFEITA 
(ACABADA OU CRIME 
FALHO) 
O agente faz tudo que está ao seu alcance, praticando todos os atos executórios 
à sua disposição, mas mesmo assim não consegue consumar o crime. 
 
Ex.: agente que dispara 20 tiros em outro, mas as munições acabam. Ele não 
acerta nenhum tiro e a vítima sai correndo. Há tentativa perfeita. 
TENTATIVA BRANCA OU 
INCRUENTA 
O agente não atinge a vítima. Em outras palavras, o bem juridicamente tutelado 
não chega a ser lesionado. 
 
Ex.: tiro que não acerta a vítima. 
TENTATIVA VERMELHA OU 
CRUENTA 
O agente atinge a vítima. Em outras palavras, o bem juridicamente tutelado chega 
a ser lesionado, em que pese o crime não tenha consumado. 
 
A vítima é atingida. 
TENTATIVA IDÔNEA 
O resultado, embora seja possível, não é atingido por circunstâncias alheias à 
vontade do agente. É a tentativa por excelência. 
TENTATIVA INIDÔNEA 
É o crime impossível (absoluta impropriedade do objeto ou absoluta ineficácia do 
meio). 
 
Para o STJ, adotando-se a teoria objetivo-formal, o rompimento de cadeado e destruição de fechadura da 
porta da casa da vítima, com o intuito de, mediante uso de arma de fogo, efetuar subtração patrimonial da 
residência, configuram meros atos preparatórios que impedem a condenação por tentativa de roubo 
circunstanciado. AREsp 974.254-TO, Rel. Min. Ribeiro Dantas, Quinta Turma, por unanimidade, julgado em 
21/09/2021, DJe 27/09/2021. 
 
Segundo o art. 14, II, do Código Penal, o crime é considerado tentado quando, 
iniciada a execução, não se consuma por circunstâncias alheias à vontade do 
agente. Mas o texto legal é muito aberto, não trazendo maior clareza ou precisão 
a respeito de algo que concretamente possaindicar quando a execução de um 
crime é iniciada, talvez por não se tratar de uma missão humanamente simples, 
sendo ela objeto de debates também em outros países. 
 
Diante da abertura legislativa, a solução desta causa é bastante complexa. Como 
mencionam Zaffaroni e Pierangeli, o problema mais crítico e árduo da tentativa é 
a determinação da diferença entre os atos executivos e os atos preparatórios, que 
normalmente não são puníveis. Com razão, eles mencionam que determinar este 
limite é dificílimo, e, ao mesmo tempo, importantíssimo, esclarecendo que existem 
diversos critérios doutrinários que propõe uma solução, explicando seis diferentes, 
mas reconhecendo que nenhum deles é totalmente suficiente. 
 
Apesar das dificuldades, referidos autores adotam o chamado critério objetivo-
individual, sugerido por Welzel, por meio do qual a tentativa começa com a 
atividade do autor que, segundo o seu plano concretamente delitivo, se aproxima 
da realização. Outra não é a posição de Paulo César Busato, para quem o tipo deve 
ser percebido por intermédio da ação realizada, para que se identifique 
concretamente a presença de uma tentativa, dizendo ser esta a orientação 
dominante na academia. Diz ele que o sujeito flagrado de posse de um pé de cabra, 
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mais um saco de estopa e um papel com anotação sobre a combinação do cofre, 
em frente à porta recém-arrombada de uma residência, teria dado início à 
realização do seu plano de furto, malgrado não tenha realizado o núcleo do tipo, 
tampouco a ofensa patrimonial. 
 
Seguindo outra trilha - variante do critério objetivo-individual, embora a 
reconhecendo como doutrinariamente minoritária, Juarez Cirino exige 
comportamento manifestado em execução específica do tipo, segundo o plano do 
autor, numa conexão ou semelhança muito grande com a teoria objetivo-formal, 
que exige o início da realização do núcleo da norma penal incriminadora. Assim, 
seriam condutas meramente preparatórias a de dirigir-se ao local da subtração 
patrimonial, ainda que portando armas, montar mecanismo de arrombamento no 
local, etc. 
 
Não há jurisprudência dominante dos Tribunais Superiores sobre a divergência, no 
entanto, aplica-se o mesmo raciocínio já desenvolvido pela Terceira Seção deste 
Tribunal (CC 56.209/MA), por meio do qual se deduz a adoção da teoria objetivo-
formal para a separação entre atos preparatórios e atos de execução, exigindo-se 
para a configuração da tentativa que haja início da prática do núcleo do tipo penal. 
 
No caso, o rompimento de cadeado e a destruição de fechadura de portas da casa 
da vítima, com o intuito de, mediante uso de arma de fogo, efetuar subtração 
patrimonial da residência, configuram meros atos preparatórios impuníveis, por 
não iniciar o núcleo do verbo subtrair, o que impedem a condenação por tentativa 
de roubo circunstanciado 
 
Pessoal, há alguns crimes que não admitem tentativa. 
 
 Vamos lembrar? 
 
CRIMES QUE NÃO ADMITEM TENTATIVA 
CRIMES 
CULPOSOS 
Os crimes culposos não admitem tentativa, exceto a culpa imprópria, que na verdade 
é um dolo punido a título de culpa, por questão de política criminal. 
CRIMES 
PRETERDOLOSOS 
Os crimes preterdolosos são aqueles em que se pratica uma conduta dolosa, menos 
grave, porém obtém um resultado danoso mais grave do que o pretendido, na forma 
culposa. Eles não admitem tentativa. 
CRIMES OMISSIVOS 
PRÓPRIOS 
O crime se consuma com a própria omissão, independente de resultado. Ex.: omissão 
de socorro. 
CONTRAVENÇÕES 
PENAIS 
O art. 4º da Lei de Contravenções penais aduz que não é punida a tentativa de 
contravenção. Então, embora seja possível a tentativa, esta é impunível. 
CRIMES 
HABITUAIS 
Se consuma com a reiteração dos atos. Não acontecendo a reiteração, o fato é atípico. 
Por isso é impossível a tentativa. 
CRIMES 
UNISSUBSISTENTES 
Consuma-se com um único ato, por isso é incabível a tentativa. 
 
9. CRIME IMPOSSÍVEL 
 
Também precisamos saber sobre crime impossível, estampado no art.17 do Código Penal. 
 
O que é o crime impossível? 
 
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É também chamado de quase crime, crime oco ou tentativa inidônea. Configura-se crime impossível 
quando o agente não consegue realizar o seu intento por ineficácia absoluta do meio, ou impropriedade (absoluta) 
do objeto. 
 
Algumas teorias surgem para explicar o crime impossível; vamos ver? 
 
9.1 TEORIAS SOBRE O CRIME IMPOSSÍVEL 
9.1.1 TEORIA 
SINTOMÁTICA 
Ainda que o crime seja impossível, o agente merece ser punido por mostrar 
periculosidade. Tem viés totalmente positivista! 
 
9.1.2 TEORIA 
SUBJETIVA 
Ainda que o crime seja impossível, deve o agente ser punido com a pena equivalente à 
tentativa (portanto, com causa de diminuição de pena). 
9.1.3 TEORIA 
OBJETIVA 
A teoria objetiva se desdobra em duas: objetiva pura e objetiva temperada. 
OBJETIVA PURA: não há crime mesmo que a ineficácia do meio ou a impropriedade do 
objeto sejam relativas. Não é adotada pelo Código Penal. 
OBJETIVA TEMPERADA: não há tentativa apenas se a ineficácia do meio ou a 
impropriedade do objeto sejam absolutas. 
 
Se for relativa e o crime não se consumar por circunstâncias alheias à vontade do agente, 
o agente responderá por tentativa. É a adotada pelo Código Penal. 
 
Para fechar, reforço que o crime impossível ou quase-crime apresenta-se em três espécies em nosso 
ordenamento: 
 
INEFICÁCIA ABSOLUTA DO 
MEIO 
IMPROPRIEDADE ABSOLUTA DO 
OBJETO MATERIAL 
OBRA DE AGENTE 
PROVOCADOR 
Ex.: tentar matar com arma de 
brinquedo. 
Ex.: mulher que toma remédio para 
abortar, sem estar grávida. 
Ex.: flagrante provocado, conforme 
enunciado 145 da Súmula do STF. 
 
10. CRIMES CULPOSOS 
 
Agora sobrevoaremos os crimes culposos. 
 
 Segundo o Código Penal, o crime culposo pode ser cometido por três hipóteses: imprudência, negligência 
e imperícia, que se consubstanciam na inobservância do dever OBJETIVO de cuidado. 
 
10.1 CONCEITO DE CULPA 
Inobservância de um dever objetivo de cuidado. 
 
 Veremos agora as espécies de culpa. 
 
10.2 ESPÉCIES DE CULPA 
IMPRUDÊNCIA 
(ação) 
Ação que extrapola os limites esperados, agindo sem cautela e zelo. 
Ex.: motorista que anda a 200 km/h e atropela alguém. 
NEGLIGÊNCIA 
(omissão) 
Deixar de fazer algo que deveria ter feito. 
Ex.: acidente de carro ocasionado por falta de cuidado com os freios. 
IMPERÍCIA 
(ação) 
Praticar um ato em que não se tem conhecimento. 
Ex.: médico clínico geral que decide realizar cirurgia plástica e deforma rosto de paciente. 
Cuidado, pois se assumiu o risco, poderá ficar caracterizado o dolo eventual. 
 
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SE LIGA, ALUN@ RDP: existe tese defensorial no sentido de que o §4º do art. 121, CP é inconstitucional no que se 
refere à inobservância de regra técnica de profissão, arte ou ofício. Isso porque se o agente não observa a regra 
técnica necessária no caso concreto, naturalmente ele agiu com culpa (pois se tivesse atuado com dolo responderia 
por homicídio doloso). Dessa forma, não há falar em aumento de 1/3 da pena como previsto no parágrafo, pois 
haveria bis in idem na punição (já que justamente por ter deixado de observar a regra técnica, ocorreu o homicídio 
culposo e, conforme a redação do §4º, o agente ainda por cima veria sua pena aumentada). Confira a redação do 
dispositivo21: 
 
10.3 COAUTORIA EM CRIME CULPOSO 10.4 PARTICIPAÇÃO EM CRIME CULPOSO 
É possível, quando duas ou mais pessoas, 
conjuntamente, agindo por imprudência, negligência 
ou imperícia, violam o dever objetivo de cuidado a 
todos imposto, produzindo um resultado naturalístico. 
Um exemplo segundo Masson (2014, p. 63522) é o 
seguinte: “Imagine-se o exemplo em que dois 
indivíduos, em treinamento, efetuam disparos de arma 
de fogo em uma propriedade rural situada próximaa 
uma estrada de terra pouco movimentada. Atiram 
simultaneamente, atingindo um pedestre que passava 
pela via pública, o qual vem a morrer pelos ferimentos 
provocados pelas diversas munições. Há coautoria em 
um homicídio culposo.” 
Não é possível. 
A unidade de elemento subjetivo exigida para a 
caracterização do concurso de pessoas impede a 
participação dolosa em crime culposo. 
Um exemplo segundo Masson (2014, p. 63623) é o 
seguinte: “Na hipótese em que alguém, dolosamente, 
concorre para que outrem produza um resultado 
naturalístico culposo, há dois crimes: um doloso e outro 
culposo. Exemplo: “A”, com a intenção de matar “B”, 
convence “C” a acelerar seu carro em uma curva, pois 
sabe que naquele instante “B” por ali passará de 
bicicleta. O motorista atinge velocidade excessiva e 
atropela o ciclista, matando-o. “A” responde por 
homicídio doloso (CP, art. 121), e “C” por homicídio 
culposo na direção de veículo automotor (Lei 
9.503/1997 – CTB, art. 302).” 
 
Precisamos saber ainda a diferença entre CULPA CONSCIENTE E CULPA INCONSCIENTE. 
 
 
10.5 CULPA CONSCIENTE 
O agente prevê o resultado, mas acredita que ele não acontecerá. 
 
Cuidado 01: se ele prevê o resultado e também o aceita, temos o dolo eventual. 
 
Cuidado 02: previsão é diferente de previsibilidade. Todos os crimes culposos 
necessitam da previsibilidade, que é a possibilidade do resultado ser previsível 
(já que se não há previsibilidade, não há punição, pois, caso contrário, haveria 
responsabilidade penal objetiva). A previsão, por outro lado, é a visualização 
prévia, pelo agente, do acontecimento de determinado crime, isto é, o agente 
conhece o perigo. 
10.6 CULPA INCONSCIENTE 
Neste caso, o resultado também é previsível, mas o agente, no caso concreto, 
não prevê. 
 
Agora vamos aos elementos do crime culposo (anotem em seus cadernos). 
 
21 Homicídio culposo 
§ 3º Se o homicídio é culposo: (Vide Lei nº 4.611, de 1965) 
Pena - detenção, de um a três anos. 
Aumento de pena 
§ 4º No homicídio culposo, a pena é aumentada de 1/3 (um terço), se o crime resulta de inobservância de regra técnica de profissão, arte ou 
ofício, ou se o agente deixa de prestar imediato socorro à vítima, não procura diminuir as consequências do seu ato, ou foge para evitar prisão 
em flagrante. Sendo doloso o homicídio, a pena é aumentada de 1/3 (um terço) se o crime é praticado contra pessoa menor de 14 (quatorze) 
ou maior de 60 (sessenta) anos. (Redação dada pela Lei nº 10.741, de 2003). 
22 Direito penal esquematizado – Parte geral – vol. 1/Cleber Masson. – 8.ª ed. rev., atual. e ampl. – Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: 
MÉTODO, 2014. 
23 Idem. 
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10.7 ELEMENTOS DO CRIME CULPOSO 
CONDUTA HUMANA 
VOLUTÁRIA 
A voluntariedade está relacionada à ação, e não ao resultado. 
VIOLACÃO A UM DEVER 
OBJETIVO DE CUIDADO 
O agente atua em desacordo com o que é esperado pela lei e pela 
sociedade. 
RESULTADO NATURALÍSTICO Necessidade de um resultado no mundo dos fatos. 
NEXO CAUSAL Elo entre a conduta e o resultado naturalístico. 
PREVISIBILIDADE É a possibilidade de prever o resultado, conhecer o perigo. 
TIPICIDADE 
Salvo os casos expressos em lei, ninguém pode ser punido por fato previsto 
como crime, senão quando o pratica dolosamente. 
 
Agora entraremos no outro elemento do fato típico, qual seja, o nexo de causalidade. 
 
11. NEXO DE CAUSALIDADE 
 
De início, saibam que nexo de causalidade é a ligação entre a conduta praticada e o resultado obtido. Para 
explicar o nexo causal, surgem algumas teorias, que veremos agora. 
 
11.1 TEORIAS SOBRE O NEXO DE CAUSALIDADE 
 
11.1.1 EQUIVALÊNCIA DOS 
ANTECEDENTES CAUSAIS 
11.1.2 CAUSALIDADE 
ADEQUADA/SIMPLES 
11.1.3 TEORIA DA IMPUTAÇÃO 
OBJETIVA 
É a adotada como regra no Código 
Penal. É chamada também de 
CONDITIO SINE QUA NON. 
 
Para ela, causa é todo e qualquer 
acontecimento provocado pelo 
agente, sem o qual o resultado não 
teria ocorrido. 
 
Regra no Código Penal. 
Aqui, causa é todo comportamento 
capaz de produzir o resultado. A 
razoabilidade do antecedente 
como causa do resultado advém 
das regras de experiência. 
 
É adotada com relação às 
concausas relativamente 
independente que, por si só, 
causariam o resultado. 
 
Art. 13 § 1º do CP. 
Talvez, a mais importante para 
nossa prova. 
 
A imputação objetiva busca limitar 
o nexo físico. 
 
Só responde aquele que criou ou 
incrementou um risco 
juridicamente proibido. 
 
Duas vertentes são as mais 
conhecidas, a saber: 
 
a) Claus Roxin e 
b) Günther Jakobs. 
 
CAIU NA DP-DF-2019-CESPE: “A superveniência de causa relativamente independente da conduta do agente 
excluirá a imputação do resultado nos casos em que, por si só, ela tiver produzido o resultado”.24 
 
CAIU NA DPE-PA-2009-FCC: “Para formação do nexo de causalidade, no sistema legal brasileiro, a superveniência 
de causa relativamente independente exclui a imputação quando, por si só, produziu o resultado, imputando-se os 
fatos anteriores a quem os praticou”.25 
 
 
 
 
 
24 CERTO. 
25 CERTO. 
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11.2 CONTRIBUIÇÃO DE CLAUS ROXIN 
 
Segundo a doutrina26, “Claus Roxin visa, com o desenvolvimento da teoria da imputação objetiva, 
determinar um critério de imputação capaz de concretizar a finalidade da norma penal. Para ele, um resultado só 
deve ser imputado como sua obra e preenche o tipo objetivo unicamente quando: 
 
(1) o comportamento do autor cria um risco não permitido para o objeto da ação; 
(2) o risco se realiza no resultado concreto; e 
(3) este resultado se encontra dentro do alcance do tipo” 
 
 No tocante à visão de Roxin sobre a imputação objetiva, Luiz Regis Prado, em seu Curso de Direito Penal 
(2019), arremata: 
 
Imputação objetiva: Procura fixar os critérios normativos que permitem atribuir um 
resultado a determina do comportamento (ação ou omissão). Com vistas a elaborar uma 
teoria geral da imputação para os delitos de resultado (dolosos ou culposos) desvinculada 
do dogma causal, Claus Roxin elaborou uma série de critérios normativos, a saber: 
 
• a diminuição do risco; 
• a criação ou não criação de um risco juridicamente relevante; 
• o incremento ou falta de aumento do risco permitido e o âmbito de proteção da 
norma. 
 
O denominador comum desses critérios encontra-se no princípio do risco, pelo qual o 
decisivo é saber se a conduta do autor criou ou não um risco juridicamente relevante de 
lesão típica de um bem jurídico em relação com determinado resultado. Para que um 
resultado seja objetivamente imputável a um comportamento é preciso que este 
incorpore um risco juridicamente desaprovado consubstancia do em um resultado.”27 
 
 Entraremos agora no método hipotético de Thyrén. 
 
11.3 MÉTODO HIPOTÉTICO DE THYRÉN 
Aplicando a teoria dos antecedentes causais, surge um método para saber se determinado fato é ou não causa. 
Esse método foi cunhado por Thyrén, daí porque o método leva o seu nome. 
 
Para saber se determinado fato é ou não causa, de acordo com a teoria dos antecedentes causais, suprime-se 
mentalmente um determinado fato que está no desenvolvimento linear do crime. Se não ocorrer resultado 
naturalístico em razão dessa supressão, é porque esse fato era causa; de outro lado, se persistir, causa não 
será. 
 
Ex.: “A” efetuou 4 disparos de arma de fogo contra “B”, que veio a óbito. Para saber se este fato é causa, 
suprime-se hipoteticamente a ação e verifica-se se o resultado aconteceria. 
 
Além de Claus Roxin, Günther Jakobs também traz importante contribuição acerca da teoria da 
imputação objetiva, que veremos a seguir. 
 
 
 
 
26 Direito Penal: parte geral (arts. 1º a 120) – vol. 1/Cleber Masson. – 13. ed. – Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 2019, p. 411 
27 Prado, Luiz Regis Curso de Direito Penal Brasileiro. – 17. ed. – Rio de Janeiro: Forense, 2019, p. 339 
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11.4 CONTRIBUIÇÃO DE GÜNTHER JAKOBS PARA A IMPUTAÇÃO OBJETIVA 
RISCO PERMITIDO 
Há riscos que nem sempre são proibidos. Para Jakobs, o risco permitido é 
aquele que a sociedade aceita como válido. 
PRINCÍPIO DA CONFIANÇA 
Se o indivíduo agiu dentro da legalidade, sem qualquer relação com ato 
criminoso, ele confiará que o próximo também o fará. 
 
Exemplo dado por Jakobs: um freguês de um mercado ao pagar o seu pão, por 
exemplo, não deve desconfiar se o dono do mercado irá usar o dinheiro de 
forma lícita ou ilícita. Não faz parte do papel do freguês controlar o que o 
proprietário irá ou não fazer com o dinheiro, seu papel é somente pagar o que 
deve. 
PROIBIÇÃO DO REGRESSO 
Este é o desdobramento lógico do princípio da confiança. No caso do freguês 
dado acima, se ele compra pão, e o dono da padaria utiliza o dinheiro para 
comprar uma arma de fogo a fim de assaltar o banco, o indivíduo que comprou 
o pão nada tem relação com o possível crime. Há, neste caso, uma proibição 
do regresso. 
 
Feitas essas considerações, veremos agora as possibilidades de concausas. 
 
11.5 O QUE É UMA CONCAUSA? 
 
CONCEITO DE CONCAUSA 
“Nada mais é do que o concurso de fatores (preexistentes, concomitantes ou supervenientes) que, 
paralelamente ao comportamento do agente, são capazes de modificar o curso natural do resultado.” 
 
11.5.1 TIPOS DE CONCAUSAS 
CONCAUSA 
DEPENDENTE 
O resultado obtido depende da conduta do indivíduo. O agente responde pelo crime, pois 
o resultado está dentro da cadeia normal do nexo de causalidade. 
CONCAUSA 
INDEPENDENTE 
Capaz de produzir, por si só, o resultado. 
Podem ser: 
a) absolutamente independentes e 
b) relativamente independentes. 
Vamos explicar cada uma em uma tabela distinta, para facilitar a compreensão. 
 
CONCAUSAS ABSOLUTAMENTE INDEPENDENTES 
(RESPONDE PELO CRIME TENTADO) 
PREEXISTENTES 
Acontecem antes da conduta do agente. 
 
Ex.: “A” dispara um tiro em “B”, que morre. Na perícia, constata-se que “B” havia 
tomado veneno antes, sendo esta a causa da morte. Assim, temos uma concausa 
absolutamente independente, respondendo o autor apenas por tentativa. 
CONCOMITANTE 
Acontece ao mesmo tempo, por isso o nome “concomitante”. 
 
Ex.: “A” atira para matar “B”. No entanto, na hora do disparo, este é alvejado por um 
carro, que o atropela e mata. 
 
Neste caso, “A” responderá por homicídio tentado. 
SUPERVENIENTE 
Acontecem após à conduta do agente, daí porque o nome “concausa superveniente”. 
 
“A” administra dose letal de veneno para “B”. Enquanto este último ainda está vivo, 
desprende-se um lustre da casa, que acaba por acertar sua cabeça, sendo esta sua 
causa mortis. 
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DIREITO PENAL 
APOSTILA 01 | RETA FINAL - DPE/CE 
 
Este responderá por homicídio tentado. 
 
CONCAUSAS RELATIVAMENTE INDEPENDENTES 
(RESPONDE PELO CRIME CONSUMADO) 
PREEXISTENTE 
Acontecem ANTES da conduta. 
 
Ex.: “A” atira nas pernas de “B”, apenas para “dar um corretivo”. Acontece que “B” 
era hemofílico e vem a óbito em razão da perda de muito sangue. 
 
Sem entrar na discussão da responsabilidade subjetiva/objetiva, isto é, se “A” sabia 
ou não da hemofilia, o resultado morte poderá ser imputado a “A”. 
CONCOMITANTE 
Acontecem ao mesmo tempo da conduta do agente. 
 
Ex.: “A”, com intenção de matar, atira em “B”, mas não atinge o alvo. A vítima, 
assustada, tem um infarto fulminante e morre. 
 
“A” responderá por homicídio consumado. 
SUPERVENIENTE 
Está prevista no artigo 13, §1º, do Código Penal: “A superveniência de causa 
relativamente independente exclui a imputação quando, por si só, produziu o 
resultado; os fatos anteriores, entretanto, imputam-se a quem os praticou”. 
 
Ex.: “A”, com intenção de matar, atira em “B”; este é socorrido, mas no trajeto para 
o hospital a ambulância sofre um acidente totalmente inesperado e capota, vindo “B” 
a falecer exclusivamente em decorrência do acidente. “A” responderá por homicídio 
tentado. 
 
Situação diversa ocorreria caso “B” falecesse em decorrência da imperícia do médico 
que fez sua cirurgia de emergência; isso porque, nesta segunda hipótese, a cirurgia 
não foi causa absolutamente independente, eis que se “A” não tivesse feito o disparo, 
“B” não precisaria ter se submetido ao procedimento cirúrgico. Assim, “A” responderá 
por homicídio consumado. 
 
12. RESULTADO JURÍDICO E NATURALÍSTICO 
 
 Dentro ainda do fato típico, agora sobre o elemento “resultado”, precisamos entender que há dois 
principais tipos: resultados jurídicos e naturalísticos. 
 
RESULTADO 
JURÍDICO NATURALÍSTICO 
Todo crime tem resultado jurídico. É, em suma, a 
violação ou o perigo/ameaça de lesão ao bem jurídico. 
Nem todos os crimes têm resultado naturalístico, pois 
o resultado naturalístico é a modificação no mundo dos 
fatos. 
 
Ex.: todo crime material terá modificação no mundo 
dos fatos. Se “A” mata “B”, há uma modificação no 
mundo dos fatos, pois “B” deixará de existir. 
 
Já os crimes de mera conduta, por exemplo, não têm 
resultado naturalístico. 
 
Ex.: ameaça. 
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O simples fato de “A” falar que vai matar “B” já 
consuma o crime, sem qualquer necessidade de 
resultado no mundo exterior. 
 
Rogério Sanches (201628) traz três classificações curiosas que podem ser cobradas em provas: 
 
CRIME DE TENDÊNCIA INTERNA TRANSCENDENTE (OU CRIME DE INTENÇÃO): “O sujeito ativo quer um resultado 
dispensável para a consumação do delito. O tipo subjetivo é composto pelo dolo e por elemento subjetivo especial 
(finalidade transcendente). Ex.: na extorsão mediante sequestro - art. 159 do Código Penal- a obtenção da 
vantagem (resgate) é dispensável para a consumação (que se contenta com a privação da liberdade da vítima). 
 
CRIME DE RESULTADO CORTADO: espécie de crime de intenção, o resultado (dispensável para a consumação), não 
depende do agente, não está na sua esfera de decisão. Ex.: na extorsão mediante sequestro, a obtenção da 
vantagem-pagamento do resgate, dispensável para a consumação do crime, não depende do agente, mas de 
terceiros ligados à vítima. 
 
CRIME MUTILADO DE DOIS ATOS: também espécie de crime de intenção, o crime mutilado de dois atos se verifica 
quando o resultado dispensável depende de novo comportamento do agente, está em sua esfera de decisão. Ex.: 
no crime de petrechos para falsificação de moeda, a efetiva falsificação das moedas e sua colocação em circulação, 
ambos resultados dispensáveis para a consumação, dependem de nova decisão do agente.” 
 
13. TIPICIDADE 
 
 Relembre que o fato típico é composto pelos seguintes elementos: conduta (já vimos), nexo de causalidade 
(já vimos), resultado (acabamos de ver) e tipicidade (veremos agora).29 
 
 A tipicidade pode ser meramente formal ou material (conceito dentro de tipicidade conglobante, como 
veremos). 
 
 Em resumo, a tipicidade formal é a mera subsunção do fato à norma. Ex.: matar alguém é crime; se você 
realizou essa conduta, você cometeu um fato típico (e presumidamente ilícito, de acordo com a teoria da 
indiciariedade ou ratio cognoscendi). 
 
 No entanto, a mera tipicidade formal pode levar a inúmeras injustiças. Para isso, a doutrina criou um outro 
conceito de tipicidade, chamada de tipicidade material. 
 
 A tipicidade material é a EFETIVA lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico. Isto é, além da subsunção dos 
fatos à norma, agora deve haver uma tipicidade MATERIAL, ou seja, relevante para o direito. 
 
13.1 TIPICIDADE FORMAL 13.2 TIPICIDADE MATERIAL 
Mera subsunção do fato à norma. 
Necessidade de efetiva lesão ou perigo de lesão a um 
bem jurídico relevante. 
Furtar R$ 2,00 (dois reais) é formalmente típico. 
Furtar R$ 2,00 é formalmente típico, mas não é 
materialmente típico, como regra. 
 
 
28 Manual de direito penal: parte geral (arts. 1º ao 120) /Rogério Sanches Cunha - 4. ed. rev., ampl. e atual.- Salvador: JusPODIVM,

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